Por que estudar os gladiadores romanos?

June 26, 2017 | Autor: Renata Garraffoni | Categoria: Historia Antiga
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Jornal Informativo de História Antiga

Sumário

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Religião & Sociedade

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Entrevista

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Cultura & Sociedade

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História Comparada

Festas na Roma Antiga

Prof. Cristiano Bispo fala sobre África Antiga e o ensino de África nas Escolas

Por que estudar os Gladiadores Romanos?

“Lindo de morrer!” – A cultura do corpo na atualidade e a bela morte em Homero

Conselho Editorial Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa UFRJ

Os gladiadores, enquanto sujeitos históricos, pouco aparecem e quando são analisados, sempre são considerados párias, pessoas sem histórias de vida e destinado a lutarem nas arenas. Pág. 6

Espártaco, por exemplo, antes de o interesse marxista e socialista tê-lo tornado símbolo de uma revolução proletária, foi tomado como um ícone (...)

Prof. Dr. Alexandre Carneiro Cerqueira Lima UFF Profª. Drª. Ana Lívia Bomfim Vieira UEMA Expediente Coordenação e Direção Profª. Drª. Maria Regina Candido Coordenação de Publicações Prof. Ms. José Roberto Paiva Gomes Edição Bacharel Carlos Eduardo Costa Campos Edição Visual Profª Mestranda Tricia Carnevale

Pág. 6 Pelo segundo ano consecutivo, o Núcleo de Estudos da Antiguidade conquista mais uma vaga no Mestrado. Desta vez no Programa de Pós Graduação em História da UERJ através da Professora e Pesquisadora Tricia Magalhães Carnevale. Pág. 8

Denis Foyatier. Spartacus. 1830. Museu do Louvre

Pág. 3

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Profª. Drª Ana Maria da Silva Moura

“...No entanto a atividade política é a vida humana em sua amplitude, cheia de heroísmo e ambigüidade. Compreendê–la é saber quão variada pode ser, em tal época e em tal lugar.” Kenneth Minogue. Os estudos sobre a dimensão política da História já ultrapassaram a percepção clássica de um único centro ou objeto de suas preocupações e análises. O Estado e, a partir dele sua gênese, suas instituições e seus personagens exemplares rigidamente apresentados em um nível de isolamento auto explicativo deu lugar à uma História Política muito mais dinâmica, enriquecida pelos novos estudos que incluem suas articulações e interfaces com outras dimensões da História. Podendo ser entendida através de relações específicas– relações de poder, construídas nas especificidades temporais de cada sociedade estudada, a História Política abre–se aos novos modelos explicativos, fugindo do anacronismo e do ranço teleológico de uma historiografia clássica que utilizando o modelo de Estado/Instituições europeu ocidental moderno, o recuava cada vez mais no tempo à procura de sua “gênese” e de suas “proto manifestações”. A vida política de uma dada sociedade, logo a história dessa vida política, compreende uma multiplicidade de ações e transformações que não devem ser isoladas em instituições políticas stricto sensu, pois atingem o cotidiano real dos povos. As lutas, as reivindicações pela sobrevivência coletiva formam movimentos políticos nas sociedades, com seus intrincados interesses e postulações. As análises e interpretações da organização política das PHILÍA - ISSN 1519-6917

sociedades formam a base do pensamento político que discute a legitimidade desta ou daquela organização, de seus valores de base, da defesa ou ataque ao status quo. As hierarquias sociais, reveladoras também da organização e das relações poder entre grupos da sociedade, explicitam o seu peso em suas representações em seus fóruns específicos. Outras questões mais complexas surgem nas abordagens da História Política: a percepção das características políticas “submersas”, até então negligenciadas, nos discursos, nos cerimoniais, no mundo organizacional do trabalho, nas palavras, nos gestos, nos corpos. Novos ângulos de percepção do político que têm uma trajetória, uma história. Não podemos esquecer as novas abordagens sobre os Estados, suas Instituições e suas formas de representação, não mais isolados, mas permeáveis às variadas correntes que permeiam politicamente toda a sociedade. Enfatizamos, entretanto, que a História Política não objetiva dirigir a História para o “tudo é político” ou para a criação de fatores políticos mono causais, mas detectar a riqueza e a potência do político na história dos indivíduos, grupos e sociedades. Ω

Profª. Drª. Ana Maria da S. Moura Doutora em História Econômica pela USP. Professora de História na USS. Pesquisadora do Laboratório de Estudos de História Política (USS)

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Fábio Duarte Joly Resumo: Este artigo propõe uma breve discussão das interpretações antigas acerca das revoltas escravas que ocorreram na Sicília e Península Itálica, nos séculos II e I a.C., apontando caminhos de pesquisa. Palavras-chaves: guerras servis.

Roma,

escravidão,

As fontes disponíveis para o estudo das revoltas servis na Itália antiga foram compostas num arco de tempo entre o século I a.C. e o século V d.C., incluindo autores de língua grega e latina, a saber, Diodoro da Sicília, Tito Lívio, Salústio, Cícero, Estrabão, Valério Máximo, Floro, Plutarco, Ateneu, Apiano, Santo Agostinho, Paulo Orósio e Júlio Obsequens. Alguns relatos sobre as revoltas servis, na obra desses autores, chegaram-nos na forma de resumos efetuados em épocas muito posteriores. É o caso da narrativa de Diodoro da Sicília, da qual perdemos os livros sobre as revoltas sicilianas, restando resumos bizantinos de autoria de Fócio e Constantino Porfirogeneta, dos séculos IX e X, respectivamente. Ambos os relatos apresentam variações significativas, embora contenham um núcleo comum (Shaw, 2001: 79-80). Igualmente perdemos os escritos de Posidônio sobre os eventos na Sicília, mas cujos relatos foram incorporados por Diodoro e Ateneu (Urbainczyk, 2008: 83; sobre Posidônio em geral, ver Strasburger, 1965). Como se vê, a questão com que se defronta o historiador da escravidão é como compatibilizar as narrativas desses diferentes autores, transformando em unidade um mosaico de versões compostas em diferentes períodos e com um longo caminho de transmissão textual. Um dado que se destaca, nesse sentido, é justamente a preocupação em se manter em circulação uma memória das revoltas servis. A despeito de não se registrarem grandes levantes servis após o encerramento da revolta de Espártaco, a memória da mesma atravessou séculos, indicando que o tema da sublevação de escravos continuou atual. A produção antiquária e historiográfica, na Europa, Estados Unidos e União Soviética, entre os séculos XVI e XX, testemunham a persistência desse fenômeno (Rubinsohn, 1993), para não falar da produção literária e cinematográfica. Espártaco, por exemplo, antes de o interesse marxista e socialista tê-lo tornado símbolo de uma revolução proletária, foi tomado como um ícone para, a partir do século XVIII, personalizar a luta por liberdade política

na Europa do Antigo Regime e para caracterizar movimentos de unificação nacional novecentistas, como no caso italiano (Shaw, 2005). Na recepção e interpretação das revoltas servis do mundo romano, destaco um ponto comum ainda não estudado em todas suas implicações. Refiro-me às divergências – ou mais propriamente precauções – em se rotular esses movimentos como “guerras”. Tratou-se de revoltas ou guerras? Quais as diferenças entre ambos os conceitos? Esse problema já fora constatado na crítica humanista dos textos antigos. Carlo Sigonio, em seus

Fasti consulares ac triumphi acti a Romulo rege usque ad Tiberium Caesarem, publicado em Mântua, em 1550, perguntava-se, mediante a comparação das fontes, se o levante de Espártaco teria sido um tumultus ou um bellum: Cícero, em seu Pro Lege Manilia, chama-o de guerra servil, e o mesmo faz Plutarco; César, no primeiro livro do De Bello Gallico, chama-o de tumulto servil (cf. Rubinsohn, 1993: 13). É significativo que parta de César, um general cidadão romano, a qualificação da revolta de Espártaco como um tumulto e não uma guerra. Em passagem da narrativa sobre a guerra gálica, tal noção está associada à ausência de ordem e comando, reinante entre tropas gálicas (II, 11: strepitu ac

tumultu castris egressi nullo certo ordine neque imperio). Interessava, portanto, estabelecer uma correlação entre status e

a correta prática da guerra. Esta é prerrogativa dos “romanos”, sendo como que vetada, ou assumida indevidamente, por não-romanos, ou por grupos subalternos, como os escravos. Essa abordagem valorativa encontra expressão, de forma mais explícita, nos comentários de Floro sobre Espártaco: “Não sei como apelar a guerra promovida sob a liderança de Espártaco. Pois quando escravos servem como soldados e gladiadores são seus comandantes – os primeiros a mais baixa sorte de homens, os segundos os piores – eles apenas acrescentam irrisão ao seu desastre” (II, 8, 1; apud Shaw, 2001: 154). Antes, ao comentar a seqüência de guerras servis, desde aquela liderada pelo sabino Herdônio, em 460 a.C., Floro salientara: “Mesmo quando lutávamos contra nossos aliados – uma impiedade – ao menos lutávamos contra homens livres e nascidos livres; mas como suportar, sem incômodo, guerras travadas contra escravos (bella servorum) pelo povo que regia todos as gentes?” (II, 7, 1; apud Shaw, 2001: 102). Travar guerra com escravos é assaz indigno, de modo que Floro acrescenta

que Perperna, o general que debelou os escravos no primeiro levante siciliano, contentou-se com uma ovação (ovatio), sequer exigindo um triunfo (II, 7, 8). Essa visão de autores de língua latina contrasta, em alguns pontos, com aquela de autores de língua grega, como Diodoro da Sicília e Plutarco, que mostram os líderes das revoltas sob um olhar inclusive positivo. Diodoro relaciona rebelião e maus-tratos senhoriais, isentando os escravos de uma animosidade natural, decorrentes da condição servil, enquanto Plutarco exalta Espártaco por ser, pela inteligência, “mais grego” (ellenikóteros) do que trácio, ao mesmo tempo em que possuía vigor físico (rhómen; mesma grafia de Roma, em grego) (Urbainczyk, 2008: 70; 86). Podese então aventar como hipótese que os discursos sobre as guerras servis revelam construções de uma identidade, grega ou romana, mediante um jogo de identificações e contra-identificações com os revoltosos, suas motivações e formas de organização. Trata-se de um tema de pesquisa em que se poderia investir, sobretudo tendo em vista o crescente interesse que tem assumido a questão das múltiplas identidades coexistentes no Império Romano e suas formulações por diversos setores das elites de Roma e das províncias. Referências Bibliográficas SHAW, Brent. Spartacus and the slave wars: a brief history with documents. Boston/New York: Bedford/St. Martin’s, 2001. ______. Spartacus before Marx. Princeton/Stanford Working Papers in Classics. November 2005, 50 p. (www.princeton.edu/~pswpc/pdfs/shaw/110 516.pdf) STRASBURGER, H. Poseidonios on problems of the Roman Empire. Journal of Roman Studies, 55, 1965, p. 40-53.

Prof. Dr. Fábio Duarte Joly Doutor em História Econômica pela USP. Professor adjunto de História Antiga no Centro de Artes, Humanidades e Letras, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e membro do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR).

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Ana Thereza Basilio Vieira Resumo: Os antigos romanos possuíam um calendário muito variado com relação a suas festividades anuais, observadas cuidadosamente por cada cidadão. Durante certo período era tão grande a quantidade de festas, que foi preciso dar uma ordenação para ninguém cometer um sacrilégio: um sacerdote-chefe se encarregava de apresentar, então, no início de cada mês quais seriam os dias feriados (feriae) ou propícios às magistraturas e negócios. As principais festividades estavam sempre ligadas à religião, quer fossem elas de caráter laudatório, votivo ou cênico. Neste pequeno artigo são apresentadas algumas das principais festas com suas características mais primordiais, deixando de lado diversas outras festividades romanas. Palavras-chave: religião; jogos; casamentos; funerais.

A Roma Antiga possuía grande quantidade de solenidades, divididas em solenidades públicas e privadas. Festas em honra aos mortos A Lemuria era um festival, realizado nos dias 9, 11 e 13 de maio, para espantar os maus espíritos, a quem o dono da casa jogava grãos de feijão preto para aplacar a sua ira. A Parentalia, por sua vez, eram os dias consagrados aos sacrifícios para as boas almas, entre 13 e 21 de fevereiro. Nesse tempo era vetada a realização de casamentos e os templos eram fechados. Casamentos Os casamentos romanos em geral ocorriam com um ritual bastante rico, em que o homem, em média com 35 a 40 anos, desposava uma moça, entre 12 e 15 anos. Eram variadas as formas de união: coemptio (compra e venda fictícia entre os noivos com a troca de moedas); usus (casamento por coabitação superior a um ano, com consentimento dos pais); nuptiae (as núpcias); a confarreatio (submissão da noiva à família do noivo) e a deductio (forma inicial de casamento, em que a noiva era arrancada à força dos braços da mãe, como alusão ao rapto das Sabinas, e levada em cortejo para a casa do noivo, após o jantar nupcial - cena nupcialis – quando outros jovens cantavam durante o cortejo); desta forma de união só tomavam parte as famílias abastadas. Festividades variadas A Lupercalia, realizada a 15 de fevereiro, era consagrada ao deus Fauno, também chamado de Lupercus, para assegurar a fertilidade dos campos, rebanhos e do próprio povo. Alguns rapazes escolhidos - luperci - corriam em volta do monte Palatino com peles de bode e tiras

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de couro em suas mãos, com as quais açoitavam as mulheres expostas ao longo do trajeto como sinal de purificação e fertilidade. Essas correias eram chamadas de februa e, nos Fastos, Ovídio faz menção a elas - “Era crença robusta em nossos velhos, que não havia crime, horror, desgraça, que nessas purgações não se extinguisse” (Ov., Fast. II, 42-44). Bacanalia era o termo que designava as orgias do deus Baco ou Dioniso, celebradas por toda a Itália e banidas no séc. II a.C. pelo seu excesso. Em honra a Saturno eram celebradas as Saturnalia, em dezembro, com o intuito de festejar as semeaduras. Durante o período dessas festividades, os escravos tinham certa liberdade, havia uma troca de presentes e lâmpadas eram acesas nas casas, o que, provavelmente, influenciou as festas natalícias cristãs. Jogos Realizavam-se ainda, em Roma, vários jogos, os chamados ludi, que estariam ligados à religião, tendo origens diversas, constando desde simples corridas de carros em honra a algum deus até representações teatrais, em geral patrocinados pelo Estado e pelos magistrados. Assim, os ludi eram praticados tanto no período republicano quanto no período imperial. Durante a República, ocorreram os Ludi Romani, celebrados em setembro, e, segundo consta, foi primeiramente celebrado por um general vitorioso em honra a Júpiter, a quem era feita uma grande procissão até o Capitólio, onde se situava o templo de Júpiter. Com o passar dos tempos, esses jogos passaram a ser anuais, entre 4 e 18 de setembro. Os Ludi Scaenici consistiam em representações teatrais, inicialmente duas tragédias e duas comédias, ocorridas anualmente, a partir do século III a.C. Ao longo dos tempos, o número desse tipo de celebrações aumentou, chegando a serem representadas em mais de 50 dias anuais. Eram igualmente representações dramáticas os Ludi Apollinares, realizados no mês de julho em honra a Apolo para afastar os perigos das guerras e de epidemias. Os Ludi Plebeii deveriam ser representações semelhantes aos Ludi Romani, realizados em novembro. Os Ludi Megalenses têm sua origem na chegada a Roma de uma pedra sagrada da deusa Cibele, no mês de abril, quando ocorriam representações dramáticas e jogos circenses. Ainda nesse mês realizavam-se os Ludi Cereales, em honra à deusa Ceres. Para a deusa Flora foram criados os Ludi Florales, realizados entre abril e maio, quando homens e mulheres se enfeitavam com flores e vestes coloridas, com representações teatrais e um dia consagrado à caça de animais (venatio). A promiscuidade reinava durante essa festa.

Casamento Romano. Museu Pio Clementino, Vaticano.

Já no período imperial, passaram a ganhar mais força os Ludi Saeculares, cuja causa remonta, provavelmente, a um perigo iminente de peste ou calamidade pública. O intervalo dos jogos era de cem ou cento e dez anos (saeculum), representados sob o governo de Augusto e cantados pelo poeta Horácio no célebre Carmen saeculare. Foram novamente celebrados por ocasião dos 800 anos de fundação de Roma. Havia, ainda, os Ludi Martiales, em honra a Marte; os Augustales e os Natalicii, para celebrarem, respectivamente, o retorno de Augusto do Oriente e seu aniversário. Muitas dessas festas sobreviveram até os séculos IV ou V d.C., oficializadas num calendário, apresentado aos cidadãos no início de cada mês por um sacerdote, para que todos pudessem observá-las com o devido cuidado. Referências Bibliográficas DURANT, Will. A história da civilização III César e Cristo. Trad. Mamede de Souza Freitas. Rio de Janeiro: Record, 1971. GRIMAL, Pierre. La civilización Barcelona: Editorial Juventud, s.d.

romana.

HARVEY, Paul. Dicionário Oxford de Literatura Clássica Grega e Latina. Trad. de Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987. MARTINS, Isaltina F. e SOARES, João S. Latim. Língua, história literária, cultura. Coimbra: Almedina, 2001.

Profª Drª Ana Thereza Basilio Vieira Doutora em Letras Clássicas pela UFRJ. Mestre em Letras pela UFRJ. Professora Adjunta na UFRJ. Pesquisadora dos GP Linguagem e Discursos da História (FBN) e PROAERA - Programa de Altos Estudos em Representações da Antiguidade (UFRJ).

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Entrevista concedida ao Pesquisador Carlos Eduardo da Costa Campos – NEA/UERJ Philía: Qual a sua temática de pesquisa e o que despertou o seu interesse por tal assunto? Bispo: Nos cursos de Graduação e Mestrado pesquisei as relações étnicas entre gregos e etíopes nos séculos VI e V a. C. Atualmente, junto ao Programa de Pós-Graduação de História da UERJ, venho desenvolvendo o projeto de tese sobre os discursos e representações da África Antiga nas práticas culturais e políticas dos blocos-afro de Salvador nas décadas de 1980 e 1990. O interesse sobre os estudos da África Antiga começou em 1999, durante as aulas de Antiguidade Ocidental na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em uma das aulas, fiz a seguinte indagação a Profª Dra. Maria Regina Cândido: Como viviam os africanos na Antiguidade? Com sabedoria e humildade, respondeu: “não sei, vamos pesquisar!” A partir desse episódio, iniciamos a prazerosa e difícil pesquisa sobre a África na Antiguidade. Philía: Qual a visão do grego na Antiguidade sobre os etíopes? Bispo: A documentação imagética e textual grega reserva-nos informações preciosas sobre as características humanas e geográficas da África que na Antiguidade era conhecida como Líbia. Os discursos gregos, especialmente os produzidos entre os séculos VI e IV a.C., valorizaram as qualidades bélicas e estéticas dos etíopes (termo grego que quer dizer “homens do rosto queimado”) Os etíopes são descritos na documentação helênica em três grupos distintos, a saber: os etíopes macróbios, os etíopes trogloditas e os etíopes indianos. Philía: Conte-nos sobre a procura pelos estudos da África Antiga? Bispo: A promulgação da lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Africanas nos estabelecimentos de Ensinos Fundamental e Médio, das redes públicas e particulares, ampliou a discussão sobre o Ensino da África no

Brasil. Dentro dessa perspectiva, o Núcleo de Estudos da Antiguidade vem oferecendo cursos regulares sobre História da África Antiga, contando com a participação de profissionais de diversas áreas interessados em conhecer documentos, referências bibliográficas e métodos. A procura pelos cursos e eventos tem sido alta e as sugestões para novas temáticas são freqüentes. Philía: O senhor poderia nos relatar sobre como está ocorrendo o processo de adaptação dos currículos escolares para o ensino de História da África? Bispo: Não há nenhuma diretriz oficial de uniformização do ensino da África Antiga nos currículos escolares. O que vem acontecendo são iniciativas pessoais dos profissionais de educação que buscam ampliar seus recursos pedagógicos em livros especializados, cursos de formação e documentos históricos. Como não há muitos recursos pedagógicos sobre a África Antiga, os professores/pesquisadores, em geral, formatam seus próprios materiais didáticos ou ampliam a discussão sobre conteúdos já existentes nos livros didáticos de História do 6ª Ano do Ensino Fundamental. Nesses manuais a África Antiga está presente, todavia, os discursos empregados negligenciam a historicidade do continente que acaba sendo tratado como região de passagem da História, por onde todos passam com rapidez e desatenção.

muitos pesquisadores cariocas, destaco os estudos de vanguarda da Profº Dra. Regina Bustamante que desde meados da década de 1990 contempla-nos com apresentações e publicações belíssimas sobre os afrescos encontrados no Norte da África, em antigas províncias romanas. Philía: Qual seria a relação dos seus estudos atuais sobre a recepção da África Antiga nas letras de blocos de carnaval da Bahia? Bispo: Os blocos-afro baianos em suas práticas culturais e políticas elaboram uma série de produções sobre a África em si e a África em nós. Os blocos, cada qual com seu projeto político-cultural, produzem discursos e representações sobre a África e africanidades da Antiguidade à Contemporaneidade. Dos diversos enredos e letras, optamos por abordar as criações simbólicas sobre a África Antiga propostas pelos blocos-afro Olodum, Muzenza e ilê Aiyê. São obras repletas de intenções que extrapolam os motivos estéticos do carnaval. Um bom exemplo dessa intencionalidade foi o álbum do bloco Olodum de 1996, intitulado: “Roma Negra: gladiadores

da negritude.”

Prof. Cristiano Pinto de Moraes Bispo

Philía: No que tange ao Estado do Rio de Janeiro, qual o espaço de debates sobre a África Antiga e as produções sobre o assunto? Bispo: As discussões sobre a África Antiga no Rio de Janeiro crescem nas mesmas proporções que os estudos das sociedades da Antiguidade. Dezenas de eventos promovidos pelos laboratórios e núcleos da UERJ, UFRJ, UFF e UNIRIO apresentam comunicações coordenadas e mesas redondas com assuntos pertinentes à Antiguidade Africana. Dentre os

Doutorando em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Renata Senna Garraffoni Desde que iniciei as pesquisas de iniciação científica durante a graduação na Unicamp o tema da marginalidade sempre esteve no cerne de minhas reflexões. Se, quando iniciei o trabalho, parti da literatura satírica para entender os ladrões e a pobreza no mundo antigo (Garraffoni 2002), durante o doutorado centrei minhas reflexões no universo da gladiatura romana (Garraffoni 2005). A razão para essa escolha está relacionada a uma inquietação que me acompanhou por muito tempo: por que os romanos de origem humilde, as pessoas comuns, sejam elas mulheres ou homens, sempre apareciam na historiografia como uma massa homogênea, disforme, amante de espetáculos sangrentos e com vida ociosa? Ou então, por que quando estudamos os gladiadores esses sujeitos nunca têm nomes, rostos ou histórias de vida? Foi a partir dessas questões e do desenvolvimento da pesquisa que percebi o tamanho do desafio, pois para além de entender como a historiografia percebe as camadas populares romanas e suas relações com os espetáculos, teria que buscar fontes alternativas aos textos, uma vez que esses, escritos pelos membros da elite romana, não expressavam sentimentos ou visões de mundos das pessoas comuns, mas sim as percepções de cidadãos da aristocracia romana sobre o tema. As duas questões mencionadas constituíram o norte da tese, mas continuam acompanhando minhas preocupações, mesmos nas pesquisas posteriores que tenho feito. O motivo dessa permanência é que, aos poucos, fui percebendo a importância de se pensar teoria e metodologia para repensar modelos interpretativos. Atualmente, o estudo que venho desenvolvendo ainda tem os gladiadores como principais sujeitos, bem como as pessoas próximas a eles, mas cada vez mais acredito que o diálogo com a Arqueologia é imprescindível para que possa me aproximar dessas histórias de vidas que foram, muitas vezes, excluídas das preocupações dos historiadores. Como historiadores se basearam nos textos para entender os espetáculos romanos como um todo e as lutas de gladiadores em particular, destacam, quase sempre, a importância dos jogos na vida política romana. Essa tradição, iniciada no século XIX por Mommsen (1983) e Friedlander (1947), é ainda bastante difundida e inspirou diferentes trabalhos. Mesmo que Veyne (1976) ou Weeber (1974) tenham criticado essa postura invertendo a situação e argumentaram que nos espetáculos o povo encontraria os políticos e exigiriam seus direitos, a base na qual essa nova idéia se fundamenta ainda segue a mesma, isto é, a análise dos espetáculos a partir do viés político permanece. Esses estudos e muitos outros que poderia citar, como por exemplo Barton (1993), Plass (1995), Wistrand (1990, 1992) ou Wiedemann (1995), enfatizam aquilo que Kyle (1997) chamou de estudo sobre a „necessidade‟ que os romanos tinham das lutas de gladiadores para o funcionamento da sociedade. Embora Kyle chame atenção para a importância desses estudos dos anos de 1990, é interessante destacar que praticamente todos os pesquisadores procuram justificar a violência e

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explicar a função política dos espetáculos. Os gladiadores, enquanto sujeitos históricos, pouco aparecem e quando são analisados, sempre são considerados parias, pessoas sem histórias de vida e destinado a lutarem nas arenas. É bem verdade que muitos podem justificar essa perspectiva afirmando que a base das considerações expostas são feitas devido às fontes que são consultadas, pois são os textos das elites romanas, por isso a ênfase nas questões políticas. Muitos argumentam também que, nesses textos, não temos as vozes dos gladiadores. Se por um lado os textos nos remetem ao universo político e as visões das elites sobre os gladiadores, por outro a cultura material nos ajuda a expandir nossas percepções. Se considerarmos as discussões no campo da Arqueologia histórica que defende a cultura material como registro independente dos textos e instrumento importante para pensar aqueles que foram excluídos dos discursos históricos, as lápides funerárias de gladiadores e os grafites das paredes de Pompéia se tornam referências importantes para pensarmos as vidas desses homens e seu cotidiano. As lápides funerárias e os grafites, cada um em seu contexto, permitem acesso ao universo da gladiatura a partir de outros pontos de vista. A base da memória construída diz respeito às imagens que esses homens quiseram construir de si próprios, escrevendo nas paredes ou as lembranças que os amigos e mulheres desejaram registrar nos túmulos de seus entes queridos. Ao ler as lápides ou as paredes de Pompéia, os gladiadores passam a ter cotidiano, são vistos como amantes, pais, filhos, maridos ou amigos, como pessoas com sonhos e desejos. Essas inscrições indicam suas percepções de mundo, suas origens étnicas, amizades, famílias e permitem rever as categorias rígidas de paria a qual foram submetidos pelas interpretações dos historiadores. Assim, ao invés de entendermos esses homens como uma categoria estática conhecida como „gladiador‟, violentos e incansáveis, nos aproximamos de pessoas comuns e suas redes de relações cotidianas. Essas evidências nos apresentam os gladiadores como homens, amantes, como pessoas que conviviam com mulheres e filhos e nos permite repensar a arena como um espaço majoritariamente masculino. Tanto lápides como grafites, cada uma seu modo, nos ajuda a pensar os gladiadores além de sua categoria de arma, ou seja, permite com que sejam inseridos em um contexto social e em constante relação tanto com as mulheres como com crianças e pessoas mais velhas. Nesse sentido, a cultura material ajuda a flexibilizar a visão que temos desses espetáculos e das pessoas que acompanhavam os gladiadores. Para além disso, lápides e grafites inserem os gladiadores, suas amantes e amigos nos discursos acadêmicos e desafiam os estudiosos a pensarem a sociedade de maneira mais complexa. Embora tenha aqui apresentado de maneira bem resumida questões bastante complexas, o que eu gostaria de chamar atenção é para o fato de que pensar as arenas romanas e as pessoas que por ali circularam a partir da Arqueologia pode nos ajudar a rever

como historiadores têm pensado o Império Romano. Assim, a pergunta inicial „por que estudar os gladiadores romanos?‟ tem várias possibilidades de respostas, mas acredito que a razão que me move por esses caminhos é uma busca por criar alternativas a visão tradicional na qual suas vidas se moldavam a partir das políticas das elites. O estudo da cultura material é, portanto, um meio instigante para flexibilizar as abordagens históricas e construir modelos interpretativos da sociedade romana de maneira menos excludente.

Referências Bibliográficas * Barton, C. A. 1993. The sorrows of the Ancient Roman; the gladiator and the monster. New Jersey: Princeton University Press. * Friedländer, L., 1947. “Los espectáculos”, in: La sociedad romana – Historia de las costumbres en Roma, desde Augusto hasta los Antoninos. Madri: Fondo de la Cultura Económica, pp. 497-519 e 546-606. (1ª edição 1887). * Garraffoni, R.S, 2005. Gladiadores na Roma Antiga: dos combates às paixões cotidianas. São Paulo: Editora Annablume/ FAPESP. * Garraffoni, R.S. 2002. Bandidos e Salteadores na Roma Antiga. Editora, São Paulo: Annablume/FAPESP. * Kyle, D.G., 1997. “Rethinking the Roman arena: gladiators, sorrows and games”, in: The Ancient History Bulletin. vol. 11, pp. 94-97. * Mommsen, T., 1983. El mundo de los Cesares. Madri: Fondo de Cultura Econômica. (1ª ed. 1885). * Plass, P., 1995. The game of death in Ancient Rome – Arena sport and political suicide. Wisconsin: The University of Wisconsin Press. * Veyne, P., 1976. Le Pain et le cirque: sociologie historique d’un pluralisme politique. Paris : Seuil. * Weeber, K.-W., 1994. Panem et circenses: Massenunterhaltung als Politik im antiken Rom. Mainz am Rhein: Philipp von Zabern. * Wiedemann, T., 1995. Emperors and Gladiators. Londres: Routledge. * Wistrand, M., 1990. „Violence and entertainment in Seneca the Younger‟, Eranos. 88: 31-46. * Wistrand, M., 1992. Entertainment and violence in ancient Rome – the attitudes of Roman writers of the first century AD. Sweden.

Profª. Drª. Renata Senna Garraffoni Phd em Arqueologia pela University of Birmingham. Doutora em História pela UNICAMP. Professora Adjunta na Universidade Federal do Paraná.

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Alessandra Serra Viegas Interessante como muitas vezes usamos a expressão “lindo de morrer!” quando queremos dizer que alguém ou algo extrapola em beleza aos nossos olhos e gostos. Entretanto, essa e tantas outras expressões que se encontram nos subterrâneos do discurso narrativo da contemporaneidade estão peremptoriamente ligadas a um universo bem distante, que se aproxima de nós exatamente pela força da palavra – a sociedade grega. Neste universo, viajamos muitas vezes até à Grécia cantada por Homero e por Hesíodo e contada por Heródoto. No meio de tantos nomes iniciados por “H”, falemos de quão Humano é o texto do primeiro citado: Homero. Werner Jaeger concorda e diz: um

texto assaz antropológico... Historicamente ninguém sabe se

o homem Homero existiu... História e Literatura se degladiam e se amam em Homero. As teorias se multiplicam a cada dia e se dividem basicamente em três tendências que apontam: 1) ele foi um poeta e escreveu a Ilíada e a Odisseia; 2) ele escreveu uma pequena epopeia e outros poetas inseriram cantos até termos as obras que conhecemos hoje; 3) as obras foram escritas por poetas em tempos distintos e ele é uma figura lendária mas sine qua non no inconsciente coletivo grego no período clássico e em sua Paideia. Sem Homero, não há ensinamento, nem poesia, nem absorção dos mitos, nada... Dentre as tantas pesquisas que ele nos suscita a fazer, há algo muito forte em Homero: seu heroi precisa, necessariamente, ser belo. Um kalós k’agathós. Um homem belo e nobre. Comecemos de trás para frente. A nobreza é algo que se percebe nas atitudes e palavras de um homem, de um heroi, seja ele grego ou não. Em contrapartida, a beleza é a primeira

impressão de quem visualiza o heroiguerreiro homérico através das entrelinhas da épica marcadamente oral. E sabemos que a primeira impressão é a que fica! Assim, os herois “lindos de morrer” de Homero são os que guardamos na memória. Se pensarmos em Aquiles, logo nos vêm à mente os louros cabelos de Brad Pitt, e os meses de academia e dieta alimentar pelos quais o ator passou para ter todos

próprio Vernant para demonstrar a imprescindibilidade do guerreiro homérico morrer belo. O guerreiro precisa morrer em batalha, lutando, avante, sempre. Isto é belo eticamente. Mas, mais ainda, a bela morte necessita de um belo morto, segundo nos diz Nicole Loraux. O morto deve ser e estar “lindo de morrer” – isto é belo esteticamente. Seu corpo jovem, forte e viril caído no campo de batalha merece os louros de uma glória imorredoura e o galardão de se tornar imortal na memória coletiva de seu povo. Esse é o resumo da conversa de Aquiles e de Tétis, sua mãe, no Canto IX da Ilíada: Se ele não fosse a Troia e lá não morresse, mas ficasse velhinho, seus filhos e netos o louvariam por ter lutado. Depois disso, o anonimato. Mas se fosse a Troia, jovem e belo como estava, e lá lutasse e morresse, sua glória ultrapassaria a geração dos filhos e netos... até que chegou à nossa Narcissus. CARAVAGGIO, 1598-99. Galleria Nazionale d'Arte Antica, Roma. mente na pele de Brad Pitt...

os músculos de seu corpo perfeitos e torneados. Em pleno século XXI, vemos na telona ou na telinha a representação imagética de um conceito que atravessou centenas de anos – a cultura à beleza do corpo. Profundamente arraigada ao ser humano e fazendo rios de dinheiro nas empresas de cosméticos, moda, fitness, spas, clínicas de cirurgia plástica. Assim é a cultura do corpo. Todos somos levados a querer ficar “lindos de morrer”! E se não ficamos, vamos para o limbo. Anonimato. Aquiles é a típica descrição da expressão “lindo de morrer” que fazemos questão de deixar na sua mente, leitor, ao correr os olhos por esse texto. É ele que, segundo JeanPierre Vernant, encarna em si o ideal da bela morte, conceito cunhado pelo

Referências Bibliográficas JAEGER, Werner. Paidéia – a formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 2001. LORAUX, Nicole. Invenção de Atenas. Tradução de Lílian Valle. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994. VERNANT, Jean-Pierre. L’individu, la mort, l’amour: Soi-même et l’autre en Grèce ancienne. Paris: Éditions Gallimard, 1989.

Profª. Mestra Alessandra Serra Viegas Mestre em História Comparada pelo PPGHC pela UFRJ. Pesquisadora do NEA/UERJ.

PHILÍA - ISSN 1519-6917

8 - Informativo de História Antiga – Jan, Fev, Mar de 2010 – Núcleo de Estudos da Antiguidade – UERJ

EVENTOS - 2010 1º Semestre

Confirmando sua busca pela excelência no saber acadêmico, o Núcleo de Estudos da Antiguidade recebe como pesquisador o Prof. Dr. Daniel Ogden da University of Exeter, Inglaterra. Dr. Ogden é professor de História Antiga na Academic Associate, UNISA e atua nas áreas de Mitologia; Religião Grega; Dinastias Macedônicas e Helenísticas.

CURSOS DE EXTENSÃO - 2010 1º Semestre

O Núcleo de Estudos da Antiguidade inaugura 2010 com mais uma vitória O NEA já conta com dois Professores Mestres: José Roberto e Cristiano Bispo. E mais uma vitória foi conseguida para este ano de 2010. A

pesquisadora

Magalhães

Tricia

Carnevale

foi aprovada para o Mestrado em História Política na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGH) com a temática da magia e feitiçaria. Assim como para 2009 o NEA contou com a aprovação de Alair Duarte, Flávia Cristina e Renata Maia para o Mestrado em História Comparada na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGHC).

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