Por quê precisamos de uma agenda para discutir algoritmos?

Share Embed


Descrição do Produto

28/10/2016

Por quê precisamos de uma agenda para discutir algoritmos? ­ Direito Digit@l

página inicial

CADASTRE­SE

Direito Digit@l

 

Por quê precisamos de uma agenda para discutir algoritmos?

FALE CONOSCO

Sexta­feira, 28 de outubro de 2016 ISSN 1983­392X

mais migalhas 

quentes

colunas

correspondentes

catálogo de escritórios

apoiadores

fomentadores

Gestante não consegue remarcação de teste físico em concurso público

Direito Digit@l por Coriolano Almeida Camargo e Marcelo Crespo

Por quê precisamos de uma agenda para discutir algoritmos? sexta­feira, 28 de outubro de 2016

Recomendar

0

Tweetar

Compartilhar

0

0

Algoritmos são fórmulas bastante complexas que representam regras, raciocínios ou operações que, aplicados a um certo número de casos, permite resolver problemas semelhantes. Você pode até não saber,  mas  eles  são  onipresentes  em  nossas  vidas  nos  auxiliando  encontrar  rotas  para  chegarmos aos  lugares  onde  queremos,  selecionando  músicas  que  nos  agradam  com  base  no  que  já  ouvimos antes, entre outras funcionalidades. Por  outro  lado,  eles  têm  sido  utilizados  para  informar  decisão  fundamentais  em  nossas  vidas.  Há empresas  que  os  utilizam  para  classificar  currículos  de  candidatos  a  uma  vaga  de  emprego,  outras para ranquear os melhores pagadores e fornecer (ou não) crédito bancário. Até mesmo tribunais já os utilizam, como recentemente se viu em Winsconsin. A Suprema Corte de lá validou uma sentença que havia condenado um homem a uma pena de seis anos de prisão e que, para isso, considerou a análise preditiva do software COMPASS baseada em antecedentes criminais, idade, vida social, nível de  escolaridade,  utilização  de  drogas,  vínculos  sociais,  entre  outros.  Ocorre  que  o  algoritmo  é sigiloso e impediu que os advogados contestassem adequadamente seus resultados. Parece  surpreendente?  Cada  vez  mais  nos  depararemos  com  situações  assim  haja  vista  o surgimento dos carros autônomos, por exemplo. Fato  é  que  discussões  sobre  a  responsabilidade  e  transparência  no  uso  de  algoritmos  ainda  são incipientes no Brasil. Embora fundamentais para a construção da atual sociedade digital, não são comumente auditados e habitam o ordenamento jurídico sem que normas possam reger sua utilização e transparência. Não há, igualmente, diretivas sobre melhores práticas. É, portanto, fundamental haver um diálogo global entre as empresas que se valem deste tipo de tecnologia, consumidores e os reguladores com vistas a garantir que os direitos dos cidadãos sejam devidamente protegidos e que as análises possam ser contestadas. A  conjuntura  tecnológica  tem  rapidamente  sido  alterada  com  o  advento  de  poderosíssimos computadores e algoritmos que caminham para um impressionante desenvolvimento de inteligência artificial. Não nos resta qualquer dúvida de que a inteligência artificial revolucionará a prestação de serviços  e  também  a  indústria.  O  problema  é  que  questões  éticas  precisam  ser  urgentemente pensadas  e  discutidas.  Ou  vamos  simplesmente  admitir  que  máquinas  nos  julguem  em  processos judiciais?  Ou  que  decidam  quem  deve  viver  ou  morrer  em  situações  de  acidentes  que  poderiam sofrer intervenções de algum equipamento tecnológico, como os carros autônomos? A  questão  transcende  e  transcenderá  a  preocupação  com  quais  dados  são  coletados  dos consumidores  para  se  questionar  como  estes  dados  são  utilizados  pelos  algoritmos.  Apesar  da existência de algumas normas protetivas do consumidor, não há mecanismo efetivo disponível a eles http://www.migalhas.com.br/DireitoDigital

1/2

28/10/2016

Por quê precisamos de uma agenda para discutir algoritmos? ­ Direito Digit@l

que lhes digam, por exemplo, se foram discriminados automaticamente tendo negados empréstimos ou empregos. Por outro lado, as empresas obviamente têm grande interesse que eles sejam mantidos sob absoluto sigilo  porque  representam,  sob  outra  ótica,  segredos  comerciais  valiosíssimos  e  essenciais  para  os negócios  digitais.  É  este  abismo  entre  o  desconhecimento  do  consumidor  e  o  sigilo  das  empresas que  precisará  ser  melhor  debatido  para  que  se  garanta  a  transparência  necessária  para  assegurar que  qualquer  processo  de  tomada  de  decisão  que  afeta  significativamente  os  cidadãos  não  seja simplesmente terceirizada para máquinas. Recentemente  alguns  gigantes  da  tecnologia  como  o  Google,  Facebook,  Microsoft,  Amazon  e  IBM lançaram  uma  parceria  para  tratar  de  inteligência  artificial  e  como  ela  poderá  afetar  e  beneficiar  as pessoas e a sociedade. Apesar do esforço das referidas empresas, isso ainda não é o suficiente para que  a  questão  dos  algoritmos,  da  inteligência  artificial  e  da  ética  seja  considerada  resolvida.  A autorregulação  não  é  o  bastante  para  garantir  a  devida  transparência,  o  que  deveria  ser  feito  por alguém absolutamente imparcial. As  ponderações  sobre  o  uso  e  transparência  dos  algoritmos  transitam  por  assuntos  naturalmente polêmicos como a liberdade de expressão, a concorrência desleal, a privacidade, a democracia e a confiança nas sociedades permeadas pela tecnologia. Indiscutível, portanto, a urgência da criação e disseminação  de  uma  agenda  para  a  sua  discussão  com  vistas  a  alcançar  um  equilíbrio  entre  a transparência para os consumidores e a garantia da inovação para as empresas.

Compartilhar

0

Comentar

Tweetar

 

Compartilhar

0

0

Enviar por e­mail

« anterior

voltar para o topo

outras edições

Coriolano Almeida Camargo é doutor em Direito pela Fadisp e Mestre em Direito na  Sociedade  da  informação  pela  FMU.  Conselheiro  Estadual  da  OAB/SP. Presidente  da  Comissão  de  Direito  Eletrônico  e  Crimes  de  Alta  Tecnologia  da OAB/SP. Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas de SP.

Marcelo  Crespo  é  advogado  especialista  em  Direito  Criminal,  Digital  e Compliance.  Doutor  e  mestre  em Direito  Penal  pela USP. Profissional  Certificado em  Compliance  pela  Society  of  Corporate  Compliance  and  Ethics  (CCEP­I). Especialista  em  Direito  Penal  e  em  Segurança  da  Informação  pela  Universidade de  Salamanca.  Professor  Titular  em  Processo  Penal  na  Faculdade  de  Direito  de Sorocaba/SP.  Professor  nos  cursos  de  pós­graduação  em  Direito  e  Processo Penal  da  EPD  ­  Escola  Paulista  de  Direito.  Coordenador  do  curso  de  Pós­ Graduação  em  Direito  Digital  e  Compliance  no  Damásio  Educacional.  Membro Consultor da Comissão de Crimes Digitais e Compliance da OAB/SP. Membro do subgrupo  de  Direito  Digital  da  FIESP.  Autor  de  livros  jurídicos,  dentre  os  quais “Crimes  Digitais”  (Saraiva,  2011)  e  autor  de  diversos  artigos  sobre  direito  penal, digital e compliance.

mais migalhas migalhas amanhecidas apoiadores

migalhas quentes

fomentadores

migalhas de peso

central do migalheiro

colunas

migalhas dos leitores

eventos

mercado de trabalho

dr. Pintassilgo

fachadas

fale conosco

serviços correspondentes

catálogo de escritórios

http://www.migalhas.com.br/DireitoDigital

livraria

2/2

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.