Por um circuito da escuta a partir de Saussure

May 25, 2017 | Autor: Aline Stawinski | Categoria: Dialogue, Linguistics, Ferdinand de Saussure, Listening
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Congresso Internacional Linguagem e Interação 3

São Leopoldo, 2015

POR UM “CIRCUITO DA ESCUTA” A PARTIR DE SAUSSURE Aline Vargas Stawinski 1 [email protected]

Larissa Schmitz Hainzenreder 2 [email protected]

Resumo: O circuito da fala proposto por Saussure aponta desde já a impossibilidade de acessarmos o todo da língua à medida que para cada sujeito falante há um “tesouro” linguístico próprio. Contudo, o conjunto da obra saussuriana autoriza-nos a sugerir que as implicações de suas descobertas não se devem encerrar nos limites do sujeito falante. Isso porque, conforme exposto no circuito, a associação entre um significante e um significado estabelecida no eixo associativo do sujeito é própria de seu “tesouro” de modo que não se encontra na realidade externa ao falante nenhuma referência equivalente. Mas, como se dá, então, a comunicação linguística? Nossa hipótese é a de que todo o princípio comunicativo da linguagem reside sobre o outro, isto é, o ouvinte. Ao enunciar-se, o locutor produz uma forma sonora significante de determinado conceito, a qual, fora da relação com o ouvinte, não faz unidade. O recorte da unidade linguística já é o exercício de um sujeito ouvinte sem o qual comunicação alguma seria possível. Faz-se, então, necessário voltar aos fundamentos da linguística saussuriana e perceber aí a implicação da condição de ouvinte como norma para que a língua cumpra o papel social que lhe é inerente. Isso posto, objetivamos propor uma leitura do circuito de Saussure que ceda à figura do sujeito ouvinte o centro da reflexão linguística.

Palavras-chave: língua; falante; ouvinte.

1 Introdução As contribuições de Saussure para os estudos da língua e da linguagem representam, ainda nos dias de hoje, uma fonte inesgotável de conhecimento. A partir de suas reflexões, linguistas e filósofos de diferentes áreas conceberam perspectivas teórico-metodológicas que seguem transformando o modo de fazer linguística. Assim, Saussure é considerado o pai da linguística moderna, a qual encantou um grupo seleto de alunos da Universidade de Genebra onde o mestre ofereceu seu famoso curso de Linguística Geral entre 1906 e 1911; contudo, para a frustração de seus discípulos, Saussure pouco publicou em vida.

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Licenciada em Letras e mestranda CAPES em Estudos da Linguagem pela UFRGS. Bacharela em Letras e mestranda CNPq em Estudos da Linguagem pela UFRGS. 4

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Felizmente, a carência de publicações do linguista pôde ser parcialmente suprida com a descoberta de uma numerosa produção saussuriana, até então privada de leitores, nos aposentos da casa de sua família, em Genebra, nos anos 1960. Desde então, diversos manuscritos originais encontrados e colocados à disposição de pesquisadores têm rendido novos frutos ao estudo da língua, muitos dos quais estão ainda por serem colhidos, quase cem anos após a publicação, controversa para alguns, do póstumo Curso de Linguística Geral, em 1916. Servindo, para muitos, como leitura complementar para a obra póstuma, os manuscritos comprovam o imenso trabalho de Saussure em torno da questão da definição do objeto central da linguística. O fundamento do campo enquanto ciência reclama, ao curso de toda a obra saussuriana, a especificação de um objeto central que se mostra em todo particular: a língua “é um objeto bem definido no conjunto heteróclito dos fatos de linguagem” podendo ser localizada “na porção determinada do circuito [da fala] em que uma imagem auditiva vem associar-se a um conceito” (SAUSSURE, 2006, p. 22). É a partir dessa definição de língua que partiremos ao encontro de nossos objetivos neste artigo. Isso porque ela nos condiciona a pensar, em primeiro lugar, o circuito da fala como o lugar onde a língua se reserva e, em segundo lugar – e por conseguinte – nas condições que o sujeito assume para irradiá-la. O circuito da fala, apesar de ser uma demonstração simplificada, tal como descrito por Saussure, permite-nos considerar desde já a importância, por vezes negligenciada, do sujeito falante para a teoria linguística saussuriana. Saussure afirma que há um tesouro linguístico próprio na consciência de cada falante como base, simultaneamente, dos aspectos social e individual da linguagem – uma vez que a língua só está completa na massa de falantes. Ou seja, ao contrário do que pode se pensar, o sujeito falante é importante para a concepção mesma de língua. De acordo com Saussure, a língua é este “tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade” (Ibidem, p. 21). Se a língua está de tal modo porcionada na massa de falantes, como pode dar-se, então, a comunicação de modo tão eficaz? Para começar a responder a essa questão, lembremos logo o caráter subjetivo da linguagem: “É um homem falando que encontramos no mundo, um homem falando com outro homem [...]” (BENVENISTE, 1995, p. 285). Nossa hipótese é a de que é desse “outro” com quem falamos de que se trata todo o princípio comunicativo da linguagem. Segundo pensamos, é o ouvinte quem significa a língua convertida em discurso.

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Conhecer uma língua significa delimitar suas unidades por um método simples que “consiste ele em colocar-se a pessoa no plano da fala, tomada como documento da língua, e em representá-la por duas cadeias paralelas: a dos conceitos (a) e a das imagens acústicas (b)” (SAUSSURE, 2006, p.121). Com isso, tem-se que, apesar de Saussure claramente sugerir uma separação metodológica entre a língua e a fala, esta desempenha um papel fundamental na formação do sistema linguístico, ou seja, uma teoria da fala pode nos dizer algo também sobre sua contraparte da linguagem, isto é, a língua. Essa relação é mais bem representada pela parte do signo que compete à imagem dita acústica. Logo, para representar a fala por meio de signos linguísticos faz-se necessário assumir ainda uma condição de ouvinte. Sabemos, com Saussure, que a língua não pode ser reduzida ao som; a imagem acústica que se reconhece quando alguém fala não pode ser jamais tomada como puro som, que é apenas físico enquanto que a imagem acústica é também psíquica. Porém, é um equívoco acreditar que o som, enquanto tal, não serve à comunicação linguística. De acordo com Saussure, a fonação serve ao estudo da língua uma vez que é da produção sonora – e isso inclui também a articulação dos sons – que demanda a percepção da imagem acústica que resultará no recorte da unidade, sem o qual sistema linguístico algum seria possível. É justamente no que diz respeito ao recorte da unidade, fundamental para a comunicação linguística, que a condição de ouvinte torna-se capital ao sujeito falante. Uma unidade linguística é, antes de qualquer coisa, uma “porção de sonoridade” a qual “com exclusão do que precede e do que segue na cadeia falada” – isto é, recortada pelo ouvinte – torna-se imediatamente significante, própria de significação (Ibidem, p. 120, grifos no original). Pensar a produção de discurso em relação a sua percepção é pensar na relação entre a porção sonora produzida e a imagem que ela imprime no ouvinte. Nas palavras de Saussure: “Não somente a impressão produzida no ouvido nos é dada tão diretamente quanto a imagem motriz dos órgãos, como também é ela a base de toda teoria” (Ibidem, p. 49). A impressão psíquica do som produzido é finalmente definida por Saussure como a “representação que dele nos dá o testemunho de nossos sentidos” (Ibidem, p. 80). À medida que incide sob a consciência do falante a delimitação da unidade a qual se dá na associação entre um conceito e uma imagem acústica, parece razoável admitir que o sentido marca a condição de ouvinte dos sujeitos na comunicação linguística. Desse modo, um olhar para o circuito da fala que considere primordial a condição de ouvinte dos sujeitos envolvidos pode revelar algo sobre a constituição mesma de língua; com isso, gostaríamos de propor que, além da já comprovada importância do falante para Saussure, 6

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há também um sujeito ouvinte implicado na própria definição de língua saussuriana, de tal modo que acreditamos ser possível indicar na reflexão de Saussure acerca do circuito da fala relação direta com a escuta cujo papel na integração do sentido pode viabilizar também a demarcação de um lugar para a constituição do ouvinte na ciência da língua.

2 O circuito da fala em Saussure: a condição de diálogo e a concepção do signo No Curso de Linguística Geral 3, deparamo-nos com um esquema denominado pelo autor como “circuito da fala” (SAUSSURE, 2006, p.19). Tal circuito, conforme exposto no próprio CLG, deve ser compreendido apenas como uma simplificação do que Saussure toma pelo processo de comunicação linguística. No entanto, uma leitura mais atenta do circuito revela algumas questões que dizem respeito não somente ao aspecto sonoro da língua, mas também à relação intrínseca entre aquele que fala e aquele que escuta no processo de significação da língua – ou melhor, entre a condição de falante e a condição de ouvinte na comunicação linguística. Para melhor compreender as implicações dessas condições para o sistema linguístico, trataremos agora mais detalhadamente da relação entre locutor e interlocutor – representados no circuito por A e B, respectivamente: Figura 1 – Circuito da fala

Fonte: SAUSSURE, 2006, p.19.

De acordo com Saussure, o início do circuito parte do cérebro de uma das pessoas que conversam, “onde os fatos de consciência, a que chamaremos conceitos, se acham associados às representações dos signos linguísticos ou imagens acústicas que servem para exprimi-los” (Ibidem, p.19). Saussure convida a supor que um determinado conceito suscita uma imagem acústica correspondente – relação imprescindível para concepção do signo linguístico. Esse processo de associação entre um conceito e uma imagem acústica, outrora classificado como psíquico, é seguido de um processo fisiológico: “o cérebro transmite aos órgãos da fonação um impulso correlativo da imagem; depois, as ondas sonoras se propagam da boca de A até o ouvido de B: processo puramente físico” de tal modo que a imagem acústica percebida pelo 3

Doravante, o Curso de Linguística Geral poderá ser referido pela sigla CLG. 7

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ouvido de B faz o caminho inverso: “do ouvido ao cérebro, transmissão fisiológica da imagem acústica; no cérebro, associação psíquica dessa imagem com o conceito correspondente” (Ibidem, p.19). Quando B toma a palavra o circuito reinicia, invertendo as posições de A e B. A partir dessa descrição, perguntamo-nos: o que é necessário para que o circuito da fala cumpra sua função? Pelo menos duas condições: uma locução e uma interlocução (ou, como iremos nos referir daqui por diante, uma fala e uma escuta); e, obviamente, o compartilhamento de uma língua comum. No entanto, o fato de ser comum às duas partes do circuito não significa que a língua em questão é compartilhada de modo homogêneo. Atente para a seguinte passagem: “todos reproduzirão – não exatamente, sem dúvida, mas aproximadamente – os mesmos signos 4 unidos aos mesmos conceitos” (Ibidem, p.21, grifos nossos). Ou seja, a fala de A produz um efeito, uma impressão no ouvido de B, a qual, por certo, não produz em B a mesma associação conceito/imagem acústica estabelecida inicialmente por A. Afinal, como dito, o tesouro da língua é particular: “a língua não está completa em nenhum, e só na massa ela existe de modo completo” (Ibidem, p.21). Tocamos, assim, no aspecto individual da língua que, apesar de ser compartilhada em sociedade, é, também, particular a cada sujeito falante. O signo linguístico é composto a partir da junção de um aspecto físico (seu aspecto material – no caso, a produção de sons) e de um aspecto abstrato que é da ordem da representação, do qual fazem parte o significante e o significado. A imagem acústica – ou significante – e o conceito – ou significado – são termos que só existem um relação ao outro e somente juntos formam o que entendemos por signo em linguística. Tem-se, então, que o signo linguístico não é só materialidade e nem só abstração; o circuito da fala deixa claro que os processos mentais e fisiológicos estão intrinsicamente ligados para que a produção de sentido seja possível. O próprio termo significante pressupõe que é significante de algo, e esse algo é o que é significado em conjunção com a materialidade da língua: o signo linguístico só existe a partir dessa junção entre “material” e “psíquico”. E é justamente no diálogo que algo que poderia ser pura reprodução sonora passa a ser considerado signo, e isso não se deve senão pela condição primeira de ouvinte que o sujeito assume de imediato quando da entrada no circuito.

3 Releitura do circuito a partir da escuta: a condição de ouvinte

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“Signo” deve ser entendido aqui como “significante”, contraparte do conceito ou “significado”. 8

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A partir do circuito da fala, tal como exposto no CLG e descrito na sessão anterior deste artigo, será proposta uma discussão sobre o aspecto fônico da língua e seu papel significante de modo a tornar evidente o papel fundamental do ouvinte para o funcionamento do circuito e, por conseguinte, sua contribuição para o próprio sistema linguístico. Para isso, nos deteremos em alguns conceitos da teoria saussuriana que acreditamos alicerçar a condição de ouvinte, a começar pela relação entre língua e fala. No capítulo intitulado “Linguística da língua e Linguística da fala” (SAUSSURE, 2006, p.26), deparamo-nos com a seguinte passagem:

Como se imaginaria associar uma ideia a uma imagem verbal se não se surpreendesse de início esta associação num ato de fala? Por outro lado, é ouvindo os outros que aprendemos a língua materna; ela se deposita em nosso cérebro somente após inúmeras experiências (Ibidem, p.27, grifos nossos).

Como se vê, o aspecto material da língua é imperioso para que nós, tanto na condição de falante como de ouvinte, tenhamos acesso à própria língua; constatação essa fundamental, também, para pensarmos na relação indissociável entre língua e fala, sendo a língua “acessível” apenas a partir da sua realização. É a partir da posição de escuta no diálogo que, desde cedo, somos convidados a significar a massa amorfa de sons que, em seguida, se tornará nossa língua materna: “são as impressões recebidas ao ouvir os outros que modificam nossos hábitos linguísticos” (Ibidem, p.27). No Apêndice intitulado “Princípios de fonologia” (Ibidem, p.49-68) somos convocados a olhar para o aspecto significante da língua para além da sua materialidade, onde a condição de ouvinte aparece fortemente, principalmente em associação à discussão sobre o recorte das unidades linguísticas: O dado acústico existe já inconscientemente quando se abordam as unidades fonológicas; pelo ouvido, sabemos o que é um b, um t etc. [...]; não se sabe onde um som termina e outro se inicia. Como afirmar, sem a impressão acústica, que em fal, por exemplo, existem três unidades, e não duas ou quatro? É na cadeia da fala ouvida que se pode perceber imediatamente se um som permanece ou não igual a si próprio; enquanto se tem a impressão de algo homogêneo, este som é único (Ibidem, p.49-50, grifos nossos).

Note-se que é a impressão do som que determinará o valor do significante no sistema – se este é percebido ou não como distinto de outras unidades da língua. Esse fato é ainda mais evidente se pensarmos na aquisição de uma língua estrangeira: no processo de aprendizagem da L2, a primeira grande dificuldade é fazer o recorte das unidades sonoras, delimitando e identificando o que tem ou não valor dentro do sistema da língua em questão. 9

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Para um falante nativo de português, por exemplo, é normalmente custoso perceber que peau e peu não produzem sons homogêneos, uma vez que o fonema francês [ə] é inexistente na língua portuguesa, ou seja, não faz unidade. A delimitação da unidade é, assim, um tema caro ao linguista, e a condição de ouvinte é fundamental nesse processo. Para compreender melhor, voltemos um pouco no CLG para o esquema de massas amorfas de pensamento e som: Figura 2 – Massas amorfas

Fonte: SAUSSURE, 2006, p. 131.

No capítulo “O valor linguístico” (Ibidem p.130-141) lê-se que “o papel característico da língua frente ao pensamento não é criar um meio fônico material para a expressão das ideias, mas servir de intermédio entre o pensamento e o som” (Ibidem, p.131). Esse intermédio entre massa amorfa de pensamento e massa amorfa de som conduz à delimitação das unidades da língua. Pode-se dizer, então, que a língua está entre essas massas amorfas: a língua é “pensamento-som” (Ibidem, p.131). Como visto, a associação que um sujeito faz entre uma massa amorfa de pensamento e uma massa amorfa de sons revela o encontro singular entre um significado e um significante. Esse encontro é produto da impressão que um ato de fala produz no ouvido de seu interlocutor; dessa impressão surte um efeito, que o próprio falante até então desconhece. No diálogo, é o ouvinte quem recorta as unidades que significam a língua convertida em discurso. Sendo assim, na condição de falante, “estamos obrigados a levar em conta a discordância possível entre o efeito procurado e o efeito produzido; não está sempre ao nosso alcance pronunciar o que desejemos” (Ibidem, p.63) e isso vale tanto para a língua materna quanto para uma língua adicional. Tais considerações permitem-nos pensar que a condição de ouvinte ocupa uma base fundamental nas reflexões saussurianas, sendo responsável pela eficácia da comunicação linguística dada a sua função primordial de promover uma massa amorfa de sons a significantes linguísticos. Nesse sentido, o ouvinte é peça chave da concepção do próprio 10

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sistema da língua, uma vez que reside sobre a condição da escuta a delimitação das unidades que formam o sistema. É importante notar que o estudo do circuito da fala proposto por Saussure supera as considerações meramente fisiológicas e acústicas. O que está sempre em jogo para o linguista é o sistema de valores da língua; este, por sua vez, se acha em dada comunidade de falantes que se colocam incansavelmente na condição de ouvinte, conforme explica Saussure: “No ato fonatório [...] levamos em conta apenas os elementos diferenciais, destacados para o ouvido e capazes de servir para uma delimitação das unidades acústicas na cadeia falada” (Ibidem, p.67, grifos nossos). Sermos capazes, ou melhor, compelidos a operar recortes fonéticos é o que nos torna falantes de uma língua, logo, a condição de ouvinte é inerente à formação dos aspectos social e individual da linguagem, isto é, do sistema e do “tesouro” linguísticos.

4 Considerações finais

Procuramos apresentar, ao menos em linhas gerais, a suma importância do fator escuta para a reflexão saussuriana acerca da língua a fim de poder indicar momentos da teoria que elegem o ouvinte como condição para o estabelecimento do sistema linguístico. Conforme explicitado, a reflexão em torno do circuito da fala possibilita dar evidência aos fatores que apontam para a escuta e o ouvinte como condicionantes da comunicação linguística entre falantes de mesma língua. Da mesma forma, o olhar inquisitivo para as massas amorfas e sua relação com a delimitação das unidades não apresenta outra coisa que não o recorte fonético como determinante dos signos que formam o sistema de uma língua, colocando, mais uma vez, a escuta e a condição de ouvinte no centro da reflexão linguística. Com isso, buscamos mostrar, finalmente, que não é apenas às teorias do discurso que serve o estudo da escuta e seu papel na produção de sentido – é sabido que a Semântica e os estudos interpretativos bebem da condição de ouvinte para análise das formas, entretanto, a reflexão desenvolvida neste trabalho aponta, em última instância, para a serventia do estudo da percepção e impressão do som para a concepção saussuriana de língua como um sistema de valores.

Referências

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BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Tradução de Maria da Glória Novak e Maria Luisa Neri. 4ª ed. Campinas: Pontes, 1995. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 27ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

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