Por um Renascimento Moçambicano. Sílvio Almirante.2013

July 25, 2017 | Autor: Sílvio Almirante | Categoria: Filosofía Política
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Sílvio Almirante

Por um Renascimento Moçambicano

Universidade Pedagógica Nampula 2013

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Sílvio Almirante

Por um Renascimento Moçambicano

Trabalho de investigação, a ser apresentado nas Jornadas Científicas, 2º Ano do Curso de Licenciatura em Ensino de Filosofia com Habilitações em História, Supervisionado pelo: dr. Jacó Braz

Universidade Pedagógica Nampula 2013

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Índice Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ iv Declaração de Honra ................................................................................................................. v Dedicatória................................................................................................................................ vi Agradecimento......................................................................................................................... vii Resumo ................................................................................................................................... viii Introdução .................................................................................................................................. 8 1. O Renascimento Africano ................................................................................................... 10 1.1. A Problemática do Renascimento Africano ..................................................................... 10 1.2. Apoio ao Renascimento Africano..................................................................................... 12 1.3. Pioneiros da Emancipação Africana ................................................................................. 14 1.3.1. Mondlane na luta pela Libertação e Emancipação da África ........................................ 14 1.3.2. Nelson Mandela ............................................................................................................. 15 1.3.3. Booker Washington e Du Bois ...................................................................................... 16 1.3.4. Martin Luther King........................................................................................................ 17 1.4. Moçambique Deve Renascer ............................................................................................ 18 Conclusão ................................................................................................................................ 21 Bibliografia .............................................................................................................................. 22

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Lista de Abreviaturas FMI- Fundo Monetário Internacional FRELIMO- Frente de Libertação de Moçambique RENAMO- Resistência Nacional Moçambicana ONU- Organização das Nações Unidas UA- União Africana UNESCO- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância UP- Universidade Pedagógica SADC - Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

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Declaração de honra

Declaro que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu Supervisor, o seu conteúdo é original e todas fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, aos 09 de Setembro de 2013 _______________________________________ (Sílvio Almirante)

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Dedicatória

À minha mãe, ao meu tio Basílio, ao meu irmão Eduardo, à minha filha Eclésia e à minha noiva Esmeralda.

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Agradecimento

Vai um enorme agradecimento ao meu tio Basílio da Silva, ele que me apoia nos meus estudos. Expresso um agradecimento imenso à minha mãe Margarida da Silva e, todos aqueles que directa ou indirectamente estão criando esforços com vista a formar-me. Ao meu Supervisor, dr. Jacó Braz que acompanha todo meu processo de formação, além deste trabalho, bem como nas aulas.

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Resumo

África pode ser o continente do futuro. Para isso deve recusar os modelos de desenvolvimento Ocidental, promover a economia popular, reconhecer a sua riqueza étnica e apostar na cultura e na política. A semente do Renascimento Africano, em particular Moçambicano é a gente que conserva dentro de si as convicções do passado e vive os desafios de cada dia através da sua identidade e união.

Os elementos-chave do Renascimento Africano são: o desenvolvimento económico do continente; a afirmação de sistemas políticos democráticos; a ruptura dos laços de dependência económica neocolonialista; a mobilização dos africanos para que se tornem obreiros da sua história e o rápido desenvolvimento de uma economia centrada nas pessoas. As boas intenções do meu lado, ao proclamar o renascimento moçambicano podem ser postas em questão. Contudo, é interessante notar que é a primeira vez que uso esta expressão, dizendo: Enxergamos um novo Moçambique que será democrático, pacífico, próspero, defensor dos direitos humanos e moçambicanos em particular. O renascimento moçambicano começou.

Não podemos pensar num renascimento confinado a um crescimento económico na linha da globalização, seguindo técnicas e sistemas importados, por líderes que seguem os conselhos das Embaixadas Ocidentais. O futuro da África ou é construído pelos africanos ou não existirá. Em torno do Renascimento Moçambicano, Moçambique precisa de renascer para alcançar a unidade nacional, a solidariedade e a paz. No entanto, o que se deve prestar muita atenção neste conteúdo, são os modos como faremos renascer o país, quem devem ser os pioneiros neste contexto. É nesta perspectiva que se deve olhar a preocupação fundamental de resolver os conflitos internos e desafios sociais em prol do bem-estar da sociedade moçambicana.

Palavras-chave: Renascimento Africano, Renascimento Moçambicano, Unidade Nacional, Paz, Solidariedade.

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Introdução O Renascimento Africano surge no próprio continente africano, por protagonistas bastante diversificados: líderes políticos, homens de negócio, intelectuais e a sociedade civil.O termo foram cunhados pelo ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, com o fim de solucionar os muitos problemas que assolam a África em busca da unidade. Este trabalho tem como objectivos:  Gerais: dar a conhecer como surge a problemática do renascimento africano; quais foram os pioneiros da emancipação africana e os objectivos preconizados por eles.  Específicos: mostrar a emergência que o país tem de renascer quanto mais cedo possível como forma de salvaguardar o Estado moçambicano bem como a vida dos cidadãos. Outrossim, mostrar que o renascimento do país é possível mediante uma tomada de consciência dos partidos políticos.

A génese da problemática do Renascimento Africano emerge na tentativa de dar respostas há algumas questões, tais como: Como libertar a própria África dos colonizadores? Como libertar a África do Apartheid? Como enquadrar o continente na inserção do discurso a nível internacional? Actualmente, será que África está unida? Estas e outras perguntas fizeram o aparecimento da problemática do renascimento africano.

Dentro deste tema, aborda-se o dever de Moçambique renascer como forma de evitar a exclusão dos indivíduos na participação activa no alcance dos objectivos preconizados pelo Estado. Ora, os trágicos acontecimentos de Muxungue são um panorama de guerra fria. Portanto, a verdade, a justiça e o amor são os três ecos com os quais caminha a paz. Todavia, paz sem justiça, sem verdade ou sem amor, poderá significar simplesmente ausência de guerra, porém nunca será uma verdadeira paz.

Para tornar mais compreensível este conteúdo, o método empregue para a realização do trabalho, consistiu em consultas bibliográficas e pequenas entrevistas com alguns Estudantes, cujo esforço foi coadjuvado por mim. A estrutura do trabalho obedecerá a seguinte ordem, introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia respectivamente.

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1.

O Renascimento Africano

Renascimento é fazer reviver, fazer renascer. Renascimento será voltar as origens, nascimento de outra civilização, de outra cultura. Este renascimento vai representar um grandioso fenómeno de reviver, mas de forma espiritual. Renascimento seria a síntese do novo espírito com os antigos procedimentos do homem.

Em Setembro de 1999 ocorreu em Joanesburgo a Conferência sobre o Renascimento Africano que acabou por produzir a obra African Renaissance de Mbeki.O Renascimento Africano é um conceito popularizado pelo ex-presidente da África do SulThabo Mbeki onde o povo africano e as nações são chamadas para solucionar os muitos problemas que assolam a África. Ela alcançou seu auge no final da década de 1990 mas continua sendo uma peça chave da agenda intelectual pós Apartheid. Assumindo o risco de incorrer em superficialidade, Renascimento Africano tem a mesma natureza que desenvolvimento africano, embora Renascimento guarde aspectos culturais, históricos e políticos singulares que não serão objecto desse texto. Para evitar dúvidas que surgem em explicações de conceitos políticos e salvaguardar a essência do termo, é perfeitamente possível afirmar que o substrato do Renascimento Africano é a conquista de melhor qualidade de vida aos africanos, a partir de projectos e planeamentos próprios, sem tutela. Uma Nova África está em pauta, no Continente e entre os movimentos sociais negros em toda diáspora (países que receberam africanos através do tráfico transatlântico e forte imigração em razão dos conflitos armados e da fome). 1.1A Problemática do Renascimento Africano A problemática do renascimento África surge em como enquadrar o continente africano na inserção do discurso a nível internacional? Como libertar a própria África do apartheid? Qual é a identidade do africano? Como fazer parar os conflitos entre os africanos? Como aproveitar a riqueza africana? Entre outras pergunta referidas no prefácio deste trabalho. Segundo Cheik Anta Diop, "a problemática do Renascimento Africano é estruturado a partir de uma identidade cultural existente em que o seu sucesso depende da unidade política entre os Estados africanos" (ANTA DIOP apud NGOENHA: 1992: 87).

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Como afirma Cheik Anta Diop (1959: 74), "há convicção das forças internas consequentes e uma crescente solidariedade internacional, além de elementos objectivos que sustentam a tese que atribui ao século XXI o século do Renascimento Africano, seguem": •

Avanço da democracia. Está em curso um processo de alternância de poder com

ascensão de forças democráticas, em razão do envelhecimento dos governantes golpistas, arbitrários e com interesses ligados aos impérios. Depuseram violentamente governos revolucionários que ascenderam ao poder com apoio popular, são co-responsáveis pela maioria dos conflitos que assolaram a África nos últimos trinta anos. Novos tempos e novos ares se avizinham na vida política africana.



Instituição da União Africana (UA) com a tarefa de constituir os Estados Unidos da

África, de modo que o projecto preconiza que os cinquenta países diluirão em apenas um, uma nação forte. Esse processo está em estágio crescente de amadurecimento. Os africanos darão passos decisivos em 2010 na direcção desse desafio. Formalizarão inicialmente entre os países subsaarianos, a chamada África 0egra, visto que o enraizamento da cultura e interesses árabes no norte impede imediata unificação(CABRAL, 1976: 43).



"A Presença de líderes africanos comprometidos com o Renascimento Africano na

direcção de todas as instituições multilaterais (O0U, U0ESCO, U0ICEF), de modo que o fortalecimento do multilateralismo joga água no moinho do Renascimento Africano, pois nesses espaços as lideranças buscam influenciar todas as resoluções importantes para as nações" (NKRUMAH, 1977: 87).



Forte presença do Estado no planeamento, fomento e execução do desenvolvimento.

Trata-se de uma medida para blindar o acúmulo de experiências liberalizantes protagonizadas por interesses estrangeiros, além de não ceder o destino africano a exploração colonial imposta pelas transnacionais.



Formação de um corpo técnico qualificado. Em quinze anos se formará

aproximadamente trinta milhões de africanos espalhados nas melhores universidades do planeta, concentrados maioritariamente em cursos tecnológicos. Há estimativa de um mínimo de 80% de repatriação. Essa experiência corresponde a uma necessidade orgânica da África e foi inspirada na experiência chinesa e indiana na formação de seus quadros.

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Exploração dos recursos naturais e agregação de valores para comercializar. É sabido

que dos quarenta e oito minerais considerados estratégicos para o mundo industrializado, trinta e oito estão concentrado na África (petróleo, diamante, urânio, cobre, cobalto, etc.). Os africanos estão dispostos a aplicar todo conhecimento que tiveram acesso para transformar sua riqueza em melhores condições de vida para população, por isso é possível que questões que assegura exclusividade de uso e comércio de conhecimento seja relativizada por eles.

1.2 Apoio ao Renascimento Africano

Para o efectivo Renascimento Africano urge recuperar o património intelectual africano deixado e sua contribuição no desenvolvimento da história e da economia do mundo. Um povo não se desenvolve quando sua auto-estima está comprometida, por isso é importante enfrentar o desafio de superar o modo de pensar dominante, ou seja, descolonizar o pensamento dos povos dominados, relativizar ou romper com o eurocentrismo e valorizar as construções genuinamente africanas.

Na fase de solidariedade devemos considerar que, além dos elementos objectivos que sustentarão o Renascimento Africano, há outros níveis de necessidades que exigirão solidariedade e cooperação das nações e povos: "A África será próspera e livre se a sociedade civil se fortalecer, criar mecanismos e instituições que promovam a participação popular nos rumos

dos

países,

abolirem

definitivamente

por

meios

próprios"

(Idem:

98).

Devemos nos associar ao Renascimento Africano, somos beneficiários do bem mais precioso subtraído das terras africanas. Temos identidade comum e o tema se constitui em uma causa anti-imperialista. A África livre, próspera e altiva contradiz profundamente os interesses imperialistas. O Renascimento Africano trabalha com a história, a cultura e a consciência como três elementos definidores do africano e inclui em sua pauta novo alcance: compromete-se com a posição da mulher nas sociedades africanas, releva a economia mundial e a globalização como assuntos de interesse e levanta a questão do distanciamento entre Estado e sociedade ao debater o envolvimento dos movimentos sociais com suas lideranças. Mbeki faz referência directa à identidade africana ao colocar como objectivos da Conferência, e por extensão do Renascimento, o convencimento de que o africano compartilha um mesmo destino (MBEKI, 1999: 46).

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Na opinião de Bernard Magubane1, escritor e professor de antropologia na África do Sul e nos Estados Unidos, o Renascimento Africano evoca a esperança de transformação do continente, em que este deve tratar de suas questões e problemas reais, com a finalidade de não cair no idealismo e no utilitarismo ao apropriar-se do Renascimento como ferramenta para enriquecimento individual de líderes não comprometidos com a causa africana.

Sendo assim, ela deve tratar da violência, corrupção, dos resquícios coloniais e imperiais além de alterar a sua posição de exclusão e inferioridade no cenário internacional. Assumindo o pessimismo em sua análise, Magubane defende que a colonização europeia foi solucionada, mas não superada pelos africanos. O imperialismo continua no sentido de que os investimentos estrangeiros são totalmente revertidos ao exterior expropriando a África de suas riquezas.

“A cultura africana e sua identidade também estão comprometidas segundo o autor uma vez que, assim como a história, a cultura tem sua base material nas forças produtivas e nos modos de produção. Enquanto a África ser dependente dos países imperialistas, seja somente no aspecto económico, o Renascimento Africano é um mito” (NKRUMAH: 1977: 91). Prah2 relembra que o renascimento africano não corresponde a um fenómeno novo, mas um movimento impulsionado por todas as gerações africanas. São, portanto, 3 as fases em que o sentimento de ressurgimento africano foi aclamado: na primeira, até a Primeira Guerra Mundial, tratava-se a unidade africana um ideal a ser conquistado com a ajuda e patrocínio ocidental; a segunda fase, já no século XX, consistiu pelo Pan-Africanismo e o contexto da colonização; a terceira fase, inaugurada pelo Renascimento Africano, se dá em momento em que o continente africano está marcado pela violência e guerras constantes, cuja dimensão não se viu anteriormente na história africana (PRAH apud MBEK, 1999: 54).

A ideia doRenascimento Africano é a libertação da África do Sul do regime do apartheide a política exterior sul-africana depois de 1994. Em certa perspectiva, o Renascimento Africano incorpora valores centrais da luta anti-apartheid e da nova África do Sul que se transformaram em orientações da política exterior sul-africana e que a África do Sul exporta como receita para o resto da África. Mbeki "declarou repetidamente que a contribuição sulafricana para o renascimento do continente africano seria a transformação, da própria 1 2

MAGUBANE apud MBEKI, (1999: 76) KWESI PRAH, director do Centro de Estudos Avançados para Sociedade Africana localizada na África do Sul.

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África do Sul, em um “democratic, no racial, no sexist, prosperous and peaceful African country" (MBEK apud BARREL, 2000: 33).

O Renascimento Africano como doutrina da política exterior sul-africana não somente recorre à transição pacífica para a democracia na África do Sul como modelo para o continente, mas também transmite uma mensagem radical da libertação da África.

1.3. Pioneiros da Emancipação Africana 1.3.1.Mondlane na luta pela Libertação e Emancipação da África

Eduardo Chivambo Modlane nasceu na aldeia de Cambane distrito de Manjacaze, província de Gaza. Morre assassinado em Dar-es-Salam (Tanzânia) no dia 3 de Fevereiro de 1969, com um livro armadilhado que nunca foi identificado os autores de crime. Modlane é oriundo de uma família de chefes tradicionais em Moçambique, ele faz pensar um nacionalismo veiculado pelos partidos adstritos ao poder das classes dominantes locas das colónias inglesas, a semelhança doslíderes do Congresso popular de norte de Nigéria. Enquanto intelectual representa a expressão da reacção por parte das elites intelectuais como Nkrumah, Kenyata, Yenrere, também fenómeno do mundo anglo-saxónico. A FRELIMO constitui como um caso único de nacionalismo no contexto das colónias portuguesas, visto que na sua origem ela nada tem do mundo latino. Assim é importante ter em conta se quisermos perceber a natureza e sentido das guerras dentro e fora dela que culminaram com a morte de Eduardo Mondlane. É nesta perspectiva que queremos chamar a atençãopara o facto de ganância, as ambições pessoas, os preconceitos étnicos, raciais e demais vícios de que enferma a raça humana por terem tido, para além das ideologias crenças e tradições intelectuais. Estes são critérios insuficientes para explicar o caso humano, toda via os homens agiram guiados apenas pelas essas ideias. Segundo Modlane apud Imalk (1998: 68) “a exploração económica e a privação dos direitos cívicos era definida em função da raça e da cor da pele ”. O marxismo tentou pôr de lado a questão da raça e contraindo assim a causa africana, que é uma causa de todos efeitos, balizados com as características raciais. Antes de a independência ser branco ou preto era algo muito relevante, pelo que a correcção desse erro, passa, necessariamente por equacionar e não por ignorar o problema.

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Com ascensão de uma liderança mística e branca dentro da FRELIMO, a questão da raça tornou-se incomoda e devia ser combatida, assim como a questão da formação de uma elite africana facilmente na vista como uma ameaça para este grupo de indivíduos que a anos de colonização haviam criado condições favoráveis para que o seu estatuto nunca viesse posto em causa, assim os mestiços brancos na sua maior parte tinham uma instrução do nível secundário e frequentavam nas melhores escolas, universidade do país e do estrangeiro. Ao passo que os combatentes negros ocupavam os piores lugares da sociedade ideia essa que influenciou a incapacidade e inferioridade na mente dos africanos, que acabaria por tornar o colonialismo e neocolonialismo algo natural e uma questão de sobrevivência da raça negra. Com isto, não estamos a defender todos os que defendesse a necessidade da questão das elites locas fossem movidos por um ideal de serviço e fraternidade, mas apenas a reconhecer que uma luta de libertação que não passa-se por uma educação e preparação da população negra em vista a estabelecer o equilíbrio entre os povos. Nesta perspectiva remete-nos duas esferas distintas de Mondlane:uma a que tem a ver com o seu lado fraco e credível; e outra para a sua vocação filosófica.Mondlane é criticável no sentido de que o seu objectivo é centrado na libertação de Moçambique que não se copio de aceitar e incorporar apoios e contribuições que se vieram a se revelar contra producentes."Ao nível filosófico Mondlane defende o pragmatismo que é uma filosofia da tolerância e tão tolerante que acaba por tornar túneisos limites entre o aceitável e o inaceitável, tal como a sociologia e psicologia que tanto justificam os marginame criminosos, inadaptados socialmente que no limite se torna incapazes de reconhecer a necessidade de a sociedade de os responsáveis sociais uní-los e responsablizá-los pelos seus actos" (MONDLANE apud IMALK, 1998: 84). 1.3.2. )elson Mandela Na sua obra intitulada "0ovo Caminho para a Liberdade" fez menção a uma resposta política que não era um apelo judicial mas uma composição política. Mandela contempla a verdade primeira que permite ao homem afirmar aquilo que e certo no meio de todas tribulações. Segundo Mandela apud Imalque “certamente era preciso que as coisas se passassem assim, e eu creio que tudo esta certo: cumpri o meu dever para com o meu povo e para com a África do sulpelo mundo inteiro contra o direito do regime de apartheid condenado universalmente mas que para todos os efeitos visava um fim nobre, a conservação dum povo e duma nação minoritária, ameaçada pela maioria”.

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Mandela apela mais a confiança no diálogo feito com fé na capacidade de o homem atingir a verdade com serenidade e esperança no futuro, confiança esta que permite o homem a rejeitar a tirania da opinião, do politicamente correcto, para usar uma linguagem dos nossos dias.Esta éexpressão de uma alma profundamente optimista, dum homem que chega ao fim da sua carreira com a consciência de dever cumprido que tanto falta, hoje em dia. Da defesa de Mandela uma frase pode também as para tais especulações. Mandela fez uma reminiscência, em épocas primitivas e mais universal conforme foi testemunhadoa justiça e verdade sem fanatismo nem prepotência. 1.3.3. Booker Washington e Du Bois Estes dois pensadores significam para nós dois modos diversos de pensar e encarar a mesma realidade. Em Booker Washington temos o exemplo duma resignação corajosa dos negros americanos, e de auto-submissão desses negros pelo trabalho manual. Em Du Bois, ao invés, temos a reacçãoanti-resignação ou anti-submissão, uma predisposição ao confronto julgado necessário entre o submissor e o submisso, o dominador e o dominado, em vista a harmonização das relações bilaterais. “A emancipação pode significar um progresso fantasmagórico, um autênticoretrocesso, do ponto de vista político dos direitos da cidadania, seja nas relações internas e externas”. (DU BOIS apud IMALK, 1998: 79). Nós podemos concordar com Booker Washington na sua proposta de sermos um só, nas coisas essenciais ao progresso com, porém as certas questões vão sempre permanecer. A modalidade de sermos um som é de sermos globalizados. O padrão de cooperação que nos poderá favorecer um progresso efectivo é um modelo de submissão que provou a indefinidade e concretização dos sonhos dos negros americanos, por outro lado, o quanto de forma de seres humanos (pois, perpetua os complexos de superioridade, nos e noutros). Assim podemos dizer que haverá uma possibilidade material de virmos a ser um só, nas questões inerentes ao progresso comum. Nesta perspectiva somos levados a concordar com Du Bois, em oposição a Booker Washington com seus conselhos de submissão ao feiticeiro dominador. Em primeiro lugar, porque nós somos os sujeitos de necessidades e de nós deve partir a iniciativa de delinear um modelo de libertação e progresso que nos satisfaça na nossa condição de Africanos; em segundo lugar, porque Du Bois apela para a nossa virilidade ou macheza.

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0a sua óptica, nós só poderemos gozar com legitimidade do direito a liberdade e ao progresso efectivo como 0ação, a partir dom momento que assumimos a responsabilidade de reivindicar-nos sem medo, e como verdadeiros homens, a nossa dignidade usurpador longos séculos da nossa história negra, desde o passado ate o presente. É preciso descobrirmos a nós mesmos, primeiro como indivíduos detentores de tradições e cultura própria e, depois como um povo (0ação) rico em diversidades e que aspira a uma civilização mais elevada a um progresso conjunto(DU BOIS apud IMALK, 1998: 86).

Enfim, Booker Washington aconselha-nos para que estejamos abertos totalmente aos outros inclusive aos outros depredadores, ele autorizaria o sacrifício das nossas vidas em troca de um pedaço de pão. Du Bois leva-nos a recusar veementemente o estatuto de inferioridade e de servilismo, apelando à nossa virilidade e aos nossos dotes intelectuais ao mais alto nível, exigindo o reconhecimento do mesmo direito à dignidade e uma relação dialogal mais equilibrada entre nós e outros. 1.3.2 Martin Luther King Apesar da constituição de 1976 afirmarque todos “homens são iguais” os EUA antes da guerra de sucessão já era o maior país esclavagista das Américas, pois os homens não eram considerados cidadãos de direito. Somente com o fim da guerra e que a população negra foi considerada cidadão, nessa altura não havia leis anti-discriminatórias, facto que prescitou que a lei fica só no papel, pois a realidade os negros eram marginalizados, lixados e enforcados. Estes factos levaram ao surgimento da necessidade dos negros se organizarem contra essa violência. A partir de 1954 criou-se uma força política do movimento negro norte-americano. Organizasses como Black Power e os Panteras Negras da década de 60, os sucessores das ideias socialistas de Marcom X, representava um novo nível de mobilização contra o racismo e das ideias da não-violência encabeçadas por Martin Luther King. Esse movimento procurou apresentar a mobilização dos negros pelos seus direitos civis. Ao seguimento do movimento Martin Luther King foi mais incumbido de se tornar uma espécie “messias” puro de todos os negros norte-americanos, sendo um instrumento usado pelo imperialismo para conter o crescente levante do movimento pelos direitos civis, isto é, um movimento verdadeiramenterevolucionário assim, a tomada de consciência dos negros pela sua responsabilidadepelas suas liberdadesdemocráticasadquiriu um carácter cada vez mais revolucionário. Foi neste contexto que no dia 22 de Agosto de 1963 acontecia na capital norte americana a maior manifestação política que o movimento negro realizou sob Washington pelo trabalho e liberdade. O líder da marcha foi Martin Luther King.

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Portanto, a marcha foi o culminar da mobilização dos negros norte-americanos contra a exploração e descriminação racial, um golpe fulminante contra o governo, no ano seguinteaprovou a lei contra a segregação racial. A partir dessa análise, pode-se concluir que desde a marcha sob a liderança por Martin Luther King em 1963 abriram-se várias perspectivas rumo à igualdade do gozo de direitos humanos e, sobre tudo, civis entre negros brancos na América e no mundo (KING apud IMALK, 1998: 89). A cimeira da União Africana realizada a 25 de Maio, em Adis-Abeba na Etiópia por ocasião dos 50 anos da sua fundação, cujos lemas foram: Pan-Africanismo e Renascimento Africano. Segundo Armando Emílio Guebuza3, "caracterizava a África de hoje como um continente Unido, para tal os países africanos devem fortalecer essa união. A África tem propostas de realizar e continuar a trabalhar para esse desafio. Guebuza, acrescentou ainda ao afirmar que a África tem consciência de que existe focos de paz, embora haja pobreza e muitas outras dificuldades, mas não há outro continente conhecido unido além de África desde os 50 anos atrás". É nesta perspectiva que Ngoenha (um filósofo moçambicano),"afirma que a preocupação fundamental actual, no contexto africano deve ser a de resolver os problemas e desafios políticos sociais, económicos que se colocam para África. 0o fundo 0goenha, luta nas suas reflexões em torno do meio ambiente, na discussão geral na busca de caminhos para a África a intervir na política, na ciência, na economia e na cultura mundial" (NGOENHA, 1994: 66).

1.4. Moçambique deve Renascer Depois da assinatura do Acordo Geral da Paz em Roma, no dia 4 de Outubro de 1992, Moçambique ainda não colhe os frutos deste acordo. Conforme Sousa e Augusto apud Chambisse, et al. (2003:171) "afirmavam que a paz se devia estabelecer entre todos os moçambicanos". Para tal, Moçambique precisa de renascer para alcançar a unidade nacional, a solidariedade, a paz, assim como o esforço que os moçambicanos devem fazer para o país se tornar na verdade um Estado democrático, unido, em fim, sem o nepotismo. Para Moçambique renascer, é preciso inserir todo o cidadão nacional como sujeito no cenário global, o governo a partir das particularidades de recursos geoestratégicos de cada província pudessem unir os interesses nacionais na construção de um Moçambique melhor, ou seja, num 3

Armando E. Guebuza- Estadista moçambicano e ex-presidente da SADC.

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Moçambique onde cada província participasse na decisão do destino do Estado moçambicano. Pois, o que se tem verificado segundo alguns cidadãos entrevistados, afirmam que Moçambique é somente Maputo. Para o efectivo renascimento moçambicano, importa salientar a existência de solidariedade e cooperação das províncias e dos indivíduos. A abolição definitiva de uso de forças para a resolução dos conflitos internos (exemplo claros e concreto, são os acontecimentos últimos ocorridos no mês de Abril em Muxungue, província de Sofala perpetrados pelos homens da RENAMO), pois faz mal a população inocente. Todos os tratados que serão feitos devem ser pelos interesses da colectividade e não pelo bem individual. Devemos associar-nos ao renascimento moçambicano, pois somos beneficiários do bem mais precioso a paz. É necessário renascer mentalmente com o fim último da unidade nacional, diálogo, justiça, enfim, gentes de paz. Com o processo de alternância de poder prestes a ocorrer, quero referir-me das eleições autárquicas de 20 de Novembro de 2013 e das gerais em 2014 com ascensão de novos indivíduos independentemente dos seus partidos, devem preconizar os interesses ligados ao bem Estado, assim como à sociedade em geral. Para tal, esses cidadãos devem renascer mentalmente para uma boa governação, não olhando o que outro fazia em plena liderança, mas sim, mostrando criatividade. Moçambique, não recusa o desenvolvimento. Mas deseja uma coisa diferente do crescimento de uma cultura, de uma modernidade alienante que constrói os valores fundamentais e direitos da tradição moçambicana. O Renascimento moçambicano representa um grandioso fenómenode regeneração e de reforma espiritual, onde neste contexto vem significar uma revivescência às origens, renascer aos princípios autênticos a um novo espírito vivificador.

O renascimento moçambicano virá de nós mesmo e não dos políticos, não será um dom caído do céu, mas uma conquista que vem debaixo. Tanto mais se a política continuar a ser vivida como instrumento de conquista do poderem prol do bem comum. Num contexto de ausência de regras éticas e de visão política no sentido mais amplo e nobre do termo, só quem tiver a coragem das suas ideias e das suas acções, quem souber traduzir a utopia da sobrevivência em projecto de vida poderá criar as condições que possibilitem um autêntico renascer moçambicano.

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O renascimento moçambicano, estou certo disso há-de acontecer. O seu parto não será fácil e não será nos luxuosos palácios do poder. Acontecerá mais provavelmente nas miseráveis publicações de obras desta natureza entre outras formas, mas, estou certo, há-de acontecer. Com a greve dos médicos que se verificou no dia 20 de Maio 2013 e, tendo feito três semanas após o seu inicio, são exemplos claros que provam o dever de Moçambiquerenascer o mais rápido possível. Ora, se hoje temos como acontecimentos claros perpetrados pela RENAMO, e ainda verificamos a greve dos médicos. Portanto, se a politica nacional do país não alterar, causas possíveis nesta bela pátria poderá existir um grupo de rebeldes e consequentemente um golpe de Estado.

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Conclusão

O Renascimento Africano, é compreendido pelos seus protagonistas como resposta genuinamente africana são os desafios da globalização, à crescente marginalização económica do continente e ao afro-pessimismo, visão fundamentalmente negativa sobre o potencial tanto da inserção internacional do continente quanto da capacidade interna de reformar e modernizar as sociedades africanas.

Como verificado em diversos autores que contribuíram para a Conferência sobre o Renascimento Africano, se tem como consenso que em primeiro lugar os africanos precisam fortalecer a identidade africana e se redefinirem como africanos para a possibilidade de unidade entre nós. O Renascimento Moçambicano representa um grandioso fenómeno de regeneração e de reforma espiritual, onde neste contexto vem significar uma revivescência às origens, renascer aos princípios autênticos a um novo espírito vivificador. No Renascimento Moçambicano devem ser buscadas as raízes do mundo moderno, ou melhor, o epílogo da Renascença é marcado pela própria revolução mental.

Assim, fica claramente definidas as bases do renascimento, segundo as quais o Renascimento Africano é estruturado a partir de uma identidade cultural existente em que o seu sucesso depende da unidade política entre os Estados africanos, não só, mas também, o continente deve renascer para garantir a solidariedade dos povos africanos.

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Bibliografia

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