Por uma Educação Contextualizada com Patrimônio Arqueológico em São Raimundo Nonato - PI: O Caso do Parque Nacional Serra da Capivara

July 12, 2017 | Autor: Jaime Oliveira | Categoria: Arqueologia Pública, Educação Patrimonial
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Descrição do Produto

1 GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI PRÓ-REITÓRTIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROP COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA NO SEMIÁRIDO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

JAIME DE SANTANA OLIVEIRA

POR UMA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA COM PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO EM SÃO RAIMUNDO NONATO - PI: O CASO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA

SÃO JOÃO DO PIAUÍ - PI 2013.

2 GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI PRÓ-REITÓRTIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROP COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA NO SEMIÁRIDO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO

JAIME DE SANTANA OLIVEIRA

POR UMA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA COM PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO EM SÃO RAIMUNDO NONATO - PI: O CASO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA

Monografia apresentada como requisito final à obtenção do titulo Pós- graduado Lato Sensu do Curso de Especialização em Educação Contextualizada no Semiárido na Perspectiva Da Educação Do Campo pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

Orientadora: Ms. Liége de Souza Moura

SÃO JOÃO DO PIAUÍ - PI 2013.

3 POR UMA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA COM PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO EM SÃO RAIMUNDO NONATO - PI: O CASO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA

JAIME DE SANTANA OLIVEIRA

Aprovada em _______ de Agosto de 2013.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Profº. Ms. Liége de Souza Moura - UESPI Orientadora

_________________________________________________ Profª. Esp, Gabriel Frechiani de Oliveira - UESPI. ________________________________________________ Profª. Ms. Waldirene Lopes Alves - UESPI.

4

Dedico este trabalho a Joana Francisca de Santana Oliveira (mãe), (in memória) pela prova de amor dela para com os seus filhos e a Aurélio Batista de Oliveira (pai) por ter acreditado na educação sendo capaz mudar nossas vidas.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar e a todo a minha família pelo apoio dedicado a mim durante o curso; Em especial ao meu pai Aurélio Batista de Oliveira que foi uma pessoa presente demonstrando confiança nos meus estudos e pelo seu amor a mim destinado durante toda a vida, e a minha mãe Joana Francisca de Santana Oliveira (in memória) por ter me concedido a vida maior presente que ela poderia dar-me. Agradeço a Professora Liége de Souza Moura pela orientação, pela amizade, pelo companheirismo, pela cumplicidade na construção deste texto. Aos meus irmãos que muito contribuíram para os primeiros passos dessa caminha e que vem constantemente fornecendo apoio, o meu obrigado a vocês Joedson, Valmir, Eliana, Silene, Edilene, Vânia, Auricelio, Auristela, Auria. A professa Waldirene Alves Lopes pela amizade e confiança depositado ao longo do curso. À professora Lucineide Barros que foi uma educadora que transmitiu coragem e que de certa forma muito contribuiu no desenvolvimento da pesquisa com suas orientações e seu apoio durante o curso. Aos

amigos

e

colegas

de

Universidade

pelas

brincadeiras,

companheirismos, amizades, em especial a Mauricio, Waldeir, Josimar, Ruival e Ricardo. A todos os amigos de sala do curso de especialização A equipe de coordenação de Wanderlan e Adilson pela amizade, compreensão. À Glaubia Santos pelo apoio, amizade e pela paciência de ter que ouvir eu falar desta pesquisa. Os amigos parceiros de guerra Glauber Mota, Marcos Lima, José de Anchieta, José Walter, Marcos Paulo, Fred Paes Landim, Eunicio Nunes e Danilo Santana. Aos demais amigos cujo espaço não permite que todos sejam citados, mas que sabem são especiais.

6

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

Paulo Freire

7

RESUMO

A Educação Patrimonial nos últimos anos tem passa de uma discussão secundária para uma condição de destaque no cenário brasileiro em vista da valoração do patrimônio Cultura da Nação. Em São Raimundo Nonato, município localizado no Sudeste do Piauí temos inicio das pesquisas em volta do tema em detrimento do Parque Nacional Serra da Capivara ser tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como patrimônio mundial da humanidade inscrito em 1991, Traz consigo uma variedade de sítios arqueológicos, com grande concentração de sítios pré-hitóricos em sua maior parte com ocorrência de registro rupestre Esta pesquisa procurou identificar os desafios de uma educação contextualizada que valorize o patrimônio arqueológico de São Raimundo Nonato-PI. Constituem-se objetivos especifico a) Investigar a concepção histórica do conceito de patrimônio b) Apontar como vem sendo discutido o Educação Patrimonial no Brasil, dando ênfase ao patrimônio arqueológico c) discutir os desafios da educação patrimonial nas escolas em São Raimundo Nonato-PI. A pesquisa concentra seus estudos no ensino das escolas públicas, tendo como foco principal as séries do Ensino Fundamental Maior de (6º ao 9º ano). A presente pesquisa tem por justificativa o fato que a Educação Patrimonial, proporciona ao educando conhecer e valorizar a diversidade do patrimônio sociocultural. Como procedimento metodológico decorreu um levantamento bibliográfico, assim como visitas e aplicações de Formulários nas Unidades Escolares.

PALAVRAS CHAVES: Patrimônio; Educação Contextualizada; Educação Patrimonial.

8

ABSTRACT

The Heritage Education in recent years has just a secondary thread to a condition of prominence in the Brazilian scenario given the valuation of heritage Culture of the Nation. In Nonato, a municipality located in the southeast of Piaui we start the research around the theme over the National Park Serra da Capivara be overturned by the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - (UNESCO) as world heritage humanity inscribed in 1991, Taz with a variety of archaeological sites, sites with high concentrations of pre-hitóricos mostly occurring rock record This research sought to identify the challenges of contextual education that values the archaeological heritage of Nonato- PI. Constitute specific objectives a) To investigate the historical conception of the concept of equity b) Aim has been discussed as the Heritage Education in Brazil, emphasizing the archaeological heritage c) discuss the challenges of heritage education in schools Nonato-PI. The research focuses his studies on teaching in public schools, with the main focus of the series of Elementary Education Major (6th to 9th grade). This research is the fact that the justification Heritage Education provides the student know and appreciate the diversity of sociocultural heritage. As methodological procedure took a bibliography, as well as visits and applications forms in School Units.

KEYWORDS:

Heritage,

Education

Contextualized;

Heritage

Education.

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01: Esmeralda encontrada na Bahia................................................

24

Figura 02: Vila de São Raimundo Nonato Praça da Igreja..........................

39

Figura 03: Colégio Dom Inocêncio .............................................................

40

Figura 04: Igreja Matriz São Raimundo Nonato .........................................

41

Figura 05: Parque Nacional Serra da Capivara e Parque Nacional Serra das Confusões ............................................................................................

44

Figura 06: Fauna e Flora presente no Parque Nacional Serra da Capivara....................................................................................................... 45 Figura 07: Pinturas Rupestres Sítio Boqueira da Pedra Furada ................ 46

10

ÍNDICE DE GRÁFICO

Gráfico

01:

percentuais

das

pessoas

de

10

anos

ou

mais,

economicamente ativas, por categorias de rendimento real médio e a situação de domicilio Brasil – 2004 ............................................................

36

Gráfico 02: para a pergunta: A escola em que você trabalha oference condições para de atividades extra sala de aula? Sendo sim, como você avalia as condições oferecidas?..................................................................

50

Gráfico 03: 02: Qual a relevancia do PNSC, para elaboração da aula?.....

54

11

SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................

13

CAPÍTULO I A CONCEPÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE PATRIMÔNIO........................ 1.1

17

PATRIMÔNIO: CONCEITO E TRAJETÓRIA .............................................

17

1.2 A NOÇÃO DE PATRIMÔNIO NO BRASIL......................................................

23

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO BRASIL..........................................................

27

CAPÍTULO II FRONTEIRAS DO DISCURSO DA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA ..............

30

2.1 A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA EMANCIPATÓRIA......................................

31

2.2 REFLEXÃO SOBRE O ENSINO E A REALIDADE..........................................

34

2. 3 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM SÃO RAIMUNDO NONATO.....................

38

CAPÍTULO III POR

UMA

EDUCAÇÃO

PATRIMONIAL

E

CONTEXTUALIZADA

NAS

ESCOLAS EM SÃO RAIMUNDO NONATO...........................................................

43

3.1 ASPECTOS MATERIAIS VOLTADOS A PARA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM SUJEITO.............................................................................

43

3.2 A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO SISTEMA DE ENSINO PÚBLICO EM SÃO RAIMUNDO NONATO-PI .............................................................................

48

3.3 OS DESAFIOS PARA UMA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA COM PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA............................................................................................................. 3.4

OLHARES

CRUZADOS

A

EDUCAÇÃO

A

PARTIR

DE

57

DUAS

PERSPECTIVAS: CAMPO E CIDADE...................................................................

63

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................

68

REFERÊNCIAS......................................................................................................

69

APÊNDICES .......................................................................................................... 72

13

INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos meses trilhamos um caminho na tentativa de analisar como tem se desenvolvido uma educação contextualizada com o patrimônio arqueológico em São Raimundo Nonato – PI, e entender seus principais desafios enfrentados pelas escolas para construção de uma proposta de Educação Patrimonial. A idéia de abordar uma investigação a respeito do tema surgiu ainda durante o curso de graduação em Arqueologia e Preservação Patrimonial, foram várias páginas rabiscadas na tentativa de acertar um melhor jeito para pesquisa, a oportunidade de fazer o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Contextualizada no Semiárido na Perspectiva da Educação do Campo, logo no primeiro momento imaginei que seria aqui onde poderia desenvolver tal pesquisa, expôs meus motivos na carta de intenção para ingresso no curso. Registro que este trabalho é resultado de uma parceria da Universidade Estadual do Piauí com apoio do Ministério das Ciências e Tecnologias – MCT/ CNPq e colaboradores do Movimento do Sem Terra - MST. Esta pesquisa passou a ser realizada por acreditarmos que a Educação Patrimonial é fundamental para preservar a cultura material e imaterial de toda sociedade. Sendo importante na construção da identidade do sujeito agregado a essa idéia constata-se que a educação como forma de ensino sistematizado desencadeia um papel predominante na formação social de todo cidadão. Conforme Morais (2005) a necessidade de trabalha o patrimônio cultural nas escolas, pois fortalece a relação das pessoas com as heranças culturais, estabelece melhor relacionamento delas com seus bens, percebendo sua responsabilidade pela valorização e preservação do patrimônio, fortalecendo a vivencia real com a cidadania, num processo de inclusão social. Tomando conhecimento dos pontos acima acreditamos que se faz necessário o desenvolvimento de estudo para que possamos tomar conhecimento quais as estratégias que tem sido tomada para trabalhar este

14 patrimônio dentro da sala de aula, se realmente as mesmas tem sido eficaz. De forma que obtendo um parecer de tal realidade podemos traçar metas e novos projetos. Portanto a pesquisa de cunho acadêmico tem muito a contribuir ampliando as discussões, criando condições para poder melhorar o debate na busca de novos caminhos e colocar em evidência um tema que às vezes tem passado despercebido no cotidiano escolar. Frente a estas posições tomadas compreendendo que São Raimundo Nonato - PI tem um potencial cultural, havendo possibilidade de ser explorado, o campo cientifico, cultural e o turísticos de forma que impulsione uma economia sustentável, a educação é uma viés na tentativa de tentar alcançar tais metas. Na escolha de nosso objeto de estudo foram selecionadas algumas escolas que apresentam características diferentes, pois são escolas do campo e da zona urbana, no entanto ambas são escolas públicas que concentram grande quantidade de alunos, sendo-os pertencente à classe proletarizada que compõe a base da sociedade setor que se devem intensificar as políticas publicas. Partindo deste ângulo de visão e direcionado os nossos estudos para as escolas públicas começamos nos questionar como essas escolas se encontram para o desenvolvimento de aula de campo. Quais suas estratégias criadas para trabalhar a valorização do patrimônio cultura e sua preservação? Estão estas escolas trabalhando em parceria com outras instituições social a fins de melhores conhecer e preservar este patrimônio que é mundial? Quais seus desafios enfrentados na busca de uma educação contextualizada? Como tem sido pensada a educação do campo neste eixo? A nossa pesquisa ao se deparar com esses vários questionamentos aos quais nos causavam inquietações impulsionou para elaboração de um problema central para fins de estudo: Como tem sido pensada a educação contextualizada com patrimônio arqueológico em São Raimundo Nonato no ensino das escolas públicas? Partindo de uma perspectiva da realidade do campo e da cidade. Compreendendo tal problemática o presente estudo objetivou analisar como tem se desenvolvido uma educação contextualizada com o patrimônio

15 arqueológico em São Raimundo Nonato – PI nas escolas públicas, e entender seus principais desafios enfrentados pelas escolas para construção de uma proposta de Educação Patrimonial. Como objetivo específico delimitou a) Investigar a concepção histórica do conceito de patrimônio b) Apontar como vem sendo discutido o Educação Patrimonial no Brasil, dando ênfase ao patrimônio arqueológico c) discutir os desafios da educação patrimonial nas escolas públicas em São Raimundo Nonato-PI no contexto das escolas do campo e da cidade. Para chegar às respostas dos nossos questionamentos elaboramos um roteiro de estudo para a pesquisa, a qual o procedimento metodológico contemplou

levantamento

bibliográfico

acompanhado

da

leitura

das

publicações de artigos, dissertações e teses publicadas a respeito do tema acompanhado construção de relatórios. Feita a construção do esboço teórico a respeito tema a qual contempla os principais conceitos e fundamentos de nossa pesquisa. Partimos para uma pesquisa de campo a qual tivemos com base de estudo uma perspectiva a partir dos posicionamentos dos docentes inseridos neste contexto escolar. Para coleta de dados foram utilizados formulários com um roteiro de questões abertas previamente elaboradas.

Estes formulários com questões abertas

foram útil, pois possibilitou maior celeridade da coleta de dados, além de conseguir abranger um maior de entrevistados. O estudo divide-se em três partes procederá de um estudo do conceito de patrimônio e como tem-se estruturado este discurso no Brasil, seguido de um estudo do histórico da Educação Patrimonial no Brasil compreendendo seu conceito concepção. Na segunda parte do trabalho é direcionado um estudo para campo da educação contextualizada, de forma que refletimos sobre atuação da educação como prática emancipatória. Em continuidade é feito uma discussão sobre a necessidade da se inserira uma educação que tenha diálogo com o contexto regional. Sendo também feita uma pequena revisão da história da educação em São Raimundo Nonato – PI. Para o terceiro capítulo direcionamos um estudo sobre os aspectos materiais que impulsiona a criação de uma identidade do sujeito com riquezas da região. Acompanhado deste procedeu-se um estudo da Educação

16 Patrimonial no sistema de ensino público, possibilitado visualizar esta como tem construído tal educação a partir da perspectiva do campo e da cidade.

17 CAPÍTULO I A CONCEPÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE PATRIMÔNIO

Precisamos da história, mas não como precisam dela os ociosos que passeiam no jardim da ciência. (Nietzsche, F. (Vantagens e desvantagens da história para a vida)

1.2

PATRIMÔNIO: CONCEITO E TRAJETÓRIA

Passando de uma condição periférica nas ultimas décadas a abordagem sobre a prática educativa voltada para o patrimônio começa a ganhar espaço em sala de aulas. Acreditando ser essa uma discursão que deva ser levantada na academia e nos mais diversos espaços educativos busca-se neste capítulo apresentar na primeira parte como tem se constituído a concepção da noção de patrimônio, seu conceito e trajetória no mundo, em seguida na segunda parte é discutido o patrimônio no Brasil e na terceira parte é feita uma breve exposição sobre a Educação Patrimonial no Brasil. Ao se tratar de território como Brasil onde constitui-se como uma nação resultante da junção de vários grupos étnicos, refletimos neste texto a implicação do que deve preservar em contexto histórico. Entretanto, compreendemos que a história oficial nem sempre conseguiu oferecer subsidio para conhecimento das culturas e valores resultante destes povos. Em contrapontos nos dias atuais advogamos para se possa cada vez mais buscar políticas educativas que contemple o patrimônio dos grupos formadores da nação. E que a educação seja antes de qualquer coisa um desenvolvimento de potencialidade e a apropriação de saber social. Como suporte teórico nessa discursão destacamos as pesquisas de Pedro Paulo Funari e Sandra Cássia Araújo Pelegrini (2006), que em sua obra: Patrimônio Histórico e Cultural tratam o tema em âmbito mundial e nacional. Esta primeira reflexão parte da perspectiva destes dois autores sobre como

18 tem se construído noção de patrimônio. Portanto devido o fato dos mesmos ter sido pioneiros em desenvolver está temática no Brasil e apresentar uma leitura atualizada e fácil entendimento tomamos como referência para este estudo. Quando pensamos em patrimônio duas coisas vem em nossa mente de acordo com Funari & Pelegrini (2006), em primeiro lugar pensamos em bens transmitidos por heranças e que pode ser materiais, bens comerciais, ou de pouco valor comercial, mas de grande valor emocional. Ressalta-se que tudo isso pode ser entendido como patrimônio do individuo. Ao tempo que nos lembramos do patrimônio material pertencente ao individuo, o mesmo pode também contar com patrimônio constituído da cultura imaterial, a qual poderia acrescentar o patrimônio espiritual, maneira de como fazer nhioques que não se resume à receita, os ditados e provérbios constituem-se de acordo com Funari & Pelegrini (2006), um patrimônio imaterial. Segundo Funari & Pelegrini (2006 p. 09) “o patrimônio individual depende de nos, que decidimos o que nos interessa. Já o coletivo é sempre algo mais distante, pois é definido e determinado por outras pessoas, mesmo quando essa coletividade nós é próxima”. Conforme Funari & Pelegrini (2006), a coletividade não uma simples soma de indivíduos, assim como um todo não é uma mera junção das partes como afirma Platão há 2 500 anos. Logo a coletividade é constituinte por grupos diversos, em constante mutação, com interesses distintos e não raros conflitantes. Chegamos ao ponto em que iniciamos a discursão sobre a trajetória do patrimônio em contexto mundial. De acordo com Funari & Pelegrini (2006), patrimônio é uma palavra de origem latim, Patrimonuim que se referia aos antigos romanos, a tudo que pertencia ao pai, pater ou parte da família pai de família. Destaca Funari & Pelegrini (2006), que o conceito de patrimônio surgido no âmbito privado do direito de propriedade, estava intimamente ligado ao ponto de vista aristocrático. Contudo o constamos neste momento a ausência patrimônio público.

19 “(...) Nesse contexto pode compreender que o magistrado romano coleciona esculturas gregas em suas casas. O patrimônio era patriarcal, individual e privado da aristocracia”(FUNARI & PELEGRINI 2006 p. 11). Logo Fraçoise Choay (2001) disserta que os romanos não entendiam as esculturas gregas como monumentos históricos, o desejo de por sua coleção dava-se pelo fato de admiração a cultura grega como algo grandioso, vencedor a ser seguido.

Todos os objetos que encantaram os atálidas, depois os romanos, são de origem gregas. Com exceção de algumas obras do começo do século VI, eles pertencem exclusivamente aos ao períodos clássico e helenístico. Seu valor não se prende á sua relação com uma história à qual conferissem autenticidade ou permitisse datar, nem sua antiguidade: dão a conhecer as realizações e uma civilização superior (CHOAY 2001, p.35).

No entanto superando esta fase da antiguidade, no período da antiguidade tardia (século VI-V) em especial a Idade Média (século VI-XV) com a difusão do cristianismo acrescenta-se ao caráter aristocrático do patrimônio o simbólico e coletivo o religioso Funari & Pelegrini (2006) “(...) O culto aos santos e a valorização das relíquias deram às pessoas comuns um sentido patrimônio próprio e que como veremos de certa forma permanece entre nós: a valorização tanto de lugares como rituais coletivos” (FUNARI & PELEGRINI 2006 p.12). No bojo de uma instituição a qual se tornaria referência por séculos sob o domínio aristocrático as catedrais começam a ganhar importância na constituição do patrimônio coletivo. Para Funari & Pelegrini (2006) o renascimento traria uma nova perspectiva ainda que mantivesse o caráter aristocrático tem-se os homens que buscam valores humanos em substituição ao domínio da religião combatendo-se ai o teocentrismo que prevalece ao logo dos séculos. Logo após o renascimento com a valorização das culturas antigas e a negação dos valores obtidos na Idade Media até então idade das trevas. Procurou-se uma aproximação das culturas antigas por meio de colecionadores e lendo antigas obras, sendo estas multiplicadas com a invenção da imprensa.

20 Esse humanismo que amavam coisas antigas ficou conhecido como antiquários, um período que veria se chamar antiquariado. Disserta Funari & Pelegrini (2006) que estudiosos apontam que o patrimônio moderno deriva de uma maneira ou de outra dos antiquários. Outro ponto discutido por Funari & Pelegrini (2006) é o surgimento dos estados nações, pois nem sempre existiram. Conforme os autores acima até o século XVIII, na Europa, os estados eram religiosos e monárquicos baseado na identificação com a casa real. Funari & Pelegrini (2006) discorre que o patrimônio em tais sociedades, ele não era algo publico e compartilhado, mas privado e aristocrático na forma de coleção da antiguidade. Logo o surgimento dos Estados nações atuará como algo determinante para desencadear uma transformação radical no conceito de patrimônio. Esclarece Funari & Pelegrini (2006, p.15):

O melhor exemplo da criação do Estado Nação talvez seja a França, a partir da revolução de 1789. Não por acaso, como veremos, foi lá que se desenvolveu o moderno conceito de patrimônio. (...) O estado nacional surge, portanto, a partir de um conjunto de cidadãos que deveriam compartilhar uma língua e uma cultura, uma origem e um território. Para isso foram necessárias políticas educacionais que defendesse, já entre as crianças, a ideia de pertencimento a uma nação.

Acrescenta a esta fala os estudos de Fonseca (2005) que disserta: a noção patrimônio é, portanto produzida, assim como a ideia de nação, no final do século XVIII, durante a Revolução Francesa é foi precedida, na civilização ocidental, pela automatização das noções de arte e de história.De acordo Funari & Pelegrini (2006) a formação dos Estados Nações tiveram tarefa, importante para o surgimento do conceito de patrimônio que temos hoje, não mais no âmbito privado ou religioso das tradições antigas e medievais, mas de certo modo de todo um povo com uma única língua e território. Antes de expor uma relação entre nacionalismo e patrimônio acredito ser importante esclarecer alguns pontos sobre patrimônio e suas duas tradições no direito. Destaca Funari & Pelegrini (2006) os modernos estados nacionais

21 surgiram a partir de dois sistemas jurídicos, sendo um proveniente da concepção do direito romano ou civil e o outro do direito consuetudinário, anglo-saxão. Conforme Funari & Pelegrini (2006) essas duas tradições legais diversas definem concepções diferentes do logica do patrimônio, a tradição procedida do direito consuetudinário dos Anglo-saxões é mais voltada para o direito privado, já a vinda dos direitos romanos é mais atenta aos direitos dos estados nacionais. Segue um exemplo deste caso que em plena a revolução francesa, em meio a revoluções civis, criava-se uma comissão encarregada da preservação dos monumentos nacionais. Objetos eram protegidos os monumentos que representavam a nação francesa e sua cultura (FUNARI & PELEGRINI 2006). Já em países consuetudinários a proteção do patrimônio deu-se em contexto limitado das propriedades públicas. Nós Estados Unidos tem a primeira lei patrimonial, o Antiquities Act de 1906(FUNARI & PELEGRINI 2006). Funari & Pelegrini (2006) destaca que ambas as tradições há traços comuns: ressalta-se em ambas as tradições o patrimônio é entendido como um bem material concreto um monumento um edifício assim como objeto de alto valor material. Logo compreende-se que aquilo que determina patrimônio excepcional, o belo, sendo uma terceira características e a criação de instituições patrimoniais a serviço de preservação do patrimônio, como por exemplo,

museus formando

administração

patrimonial, além de

uma

administração especifica. Disserta Funari & Pelegrini (2006, p.20):

A ênfase no patrimônio nacional atinge seu ápiceno período que vai de 1914 á 1945, quando duas guerras mundiais eclodem sob o impulso do nacionalismo. Alguns exemplos extremos mostram como mesmo os vestígios mais distantes, no tempo e no espaço, podiam ser todas partes construção da construção da nacionalidade.

A critério de esclarecimento Funari & Pelegrini (2006), menciona que a Alemanha nazista, da mesma maneira, usavam-se vestígios dos germanos, considerados antepassados dos alemães encontrados em território de outro

22 países como Polônia, para justificar reivindicações territoriais e invasões militares. Pode-se ainda analisar a construção de um sentimento de pertencimento de territorialidade. Para Funari & Pelegrini (2006), o nacionalismo associado ao imperialismo seria superado com o fim da segunda guerra mundial e a criação da ONU- Organizações das Nações Unidas e a UNESCO – Organizações das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura em 1945. A primeira convenção referente ao patrimônio mundial, cultural e natural foi adotada pela conferência geral da Unesco em 1972. A partir do reconhecimento da importância da diversidade um patrimônio da humanidade pertencia todos os povos do mundo, Funari & Pelegrini (2006). Segundo essa convenção, subscrita por mais de 150 países, o patrimônio da humanidade compõe-se: - Monumentos e obras arquitetônicas, esculturas, pinturas vestígios arqueológicos, inscrições em cavernas; - Conjuntos de grupos de construções; - Sítios: obras humanas e naturais de valor histórico, estético etnológico ou cientifico; - Monumentos naturais: formações físicas e biológicas; - Formações geológicas ou fisiográficas: habitat de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção (FUNARI & PELEGRINI 2006, p. 25);

A Unesco lançou varias campanhas internacionais para salvaguarda do patrimônio cultural a maioria na Ásia e nos países árabes inclusive no Brasil. No entanto Funari & Pelegrini (2006) ressalta o predomínio da Europa já que mais da metade de sítios listados pelo Unesco está naquele continente somase sessenta por centos deles se localizam na Europa e na América e na América Latina referente a valores introduzido pelos europeu sem contra posição a África não árabe conta apenas com 4%. Na América Latina a preservação deste patrimônio concentra-se na reabilitação

dos centros

históricos,

que

entre

outras metas

procura

potencializar a identidade coletiva, contribuir para o desenvolvimento econômico e social e aperfeiçoar os custos financeiros e ambientais do desenvolvimento urbano. É importante ter em mente que as políticas de preservação do patrimônio cultural nos países da América Latina ainda são muito recentes.

23 Vindo as mesmas surgir a partir que a Unesco reconhece alguns bens culturais na América latina como patrimônio da humanidade, (FUNARI & PELEGRINI 2006). É valido lembrar que de acordo Funari & Pelegrini (2006), logo após a segunda guerra mundial as conferencia e convenções as quais tiveram como resultados a Carta de Veneza, a Declaração de Amsterdã realizado perspectivamente em 1964 e 1975, atuaram de forma significativa para ampliação da concepção de patrimônio, contribuindo para contextualizar as formas estéticas assim como consolidou a discursão sobre o patrimônio edificado. À medida que foi se ampliando estas concepções proporcionou que na década de 1980, os artistas e intelectuais reconhecessem como patrimônio as criações anônimas oriundas da alma popular.

1.2

A NOÇÃO DE PATRIMÔNIO NO BRASIL

Em termos jurídicos a noção de patrimônio histórico nacional passou a ser abordada nas constituições desde os primeiros anos de 1930, a constituição da Republica Federativa do Brasil em 1934, por exemplo, declarou o impedimento a evasão de obras de arte do território nacional (Fonseca, 2005). Neste período vai se introduzir o abrandamento do direito de propriedade nas cidades históricas mineiras, quando esta se reveste de uma função social. Na constituição de 1934. Diz o Artigo 10 das disposições preliminares: Art. 10 compete concorrentemente à união e aos estados: III. Proteger as belezas e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de arte. Tal dispositivo tão logo sancionado na Constituição de 1937 tornou decisivo para proteção do patrimônio brasileiro, por meio do Decreto Lei de Nº. 25/1937 o principal instrumento foi a criação do (SPHAN)- Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional em 1936 pelo ministro responsável Gustavo Campanema, responsável pela Educação Saúde Publica. Um exemplo que atualmente nos ajuda compreender a noção de pertencimento do patrimônio nacional é uma pedra gigantesca e rara, descoberta há 11 anos, a mesma desperta a cobiça de brasileiros e

24 americanos. É a disputa pela esmeralda Bahia, uma peça bruta de quatrocentos quilos. Hoje, a pedra está sob o poder da justiça americana, em Los Angeles. Informa um dos principais jornais do país que: “na tradição do comércio de pedras preciosas, de muitos intermediários e contratos só de boca, ela foi passando de mão em mão. Até ser, discretamente, despachada pra fora do Brasil”.

Figura 01: Esmeralda encontrada na Bahia. Fonte: Fantastico.

Logo, por se tratar de pedra que foi extraída do território brasileiro sem a devida autorização. O governo brasileiro entrou na história e quer a pedra de volta. “[...] - A esmeralda Bahia é parte do patrimônio nacional. Assim que retornar, deve ser colocada à disposição para a realização de estudos científicos, a exposição em museus, em estabelecimentos de ensino”, informou o diretor Advocacia Geral da União, Boni de Moraes Soares (FANTASTICO, 20121). 1

Disponível: fantastico.globo.com/.../0,MUL1681742-15605,00-ESMERALDA BAHIA/ acessado em 20/10/2012.

25 Ao analisar os procedimentos adotados pelo SPHAN para a proteção do patrimônio cultural no Brasil, recordamos o que vem ser inscrito nas convenções sobre a proteção do patrimônio cultural nacional. Logo o IPHAN se encarrega-se

da

identificação,

catalogação,

restauração,

conservação,

preservação, fiscalização e difusão dos bens culturais em todo o território brasileiro (Funari & Pelegrini 2006, p.45). Nota-se que no primeiro momento os arquitetos tiveram papel importante na administração do (IPHAN). Conforme Funari & Pelegrini (2006) em um projeto mais amplo, as principais ações em defesa do patrimônio nacional incluíram a seleção de edifícios do período colonial estilo barroco e palácios governamentais, em sua maioria prédios ecléticos. Essa escolha é devido aos vínculos com a história oficial.

Enquanto a arquitetura foi elevada a condição de marca nacional capaz de promover a solidez do Estado brasileiro os bens os bens não pertencentes ás elites acabaram relegados ao esquecimento. Tal premissa foi alterada mais de 60 anos após a criação do IPHAN, mediante a implementação do Decreto Nº 3.551/2000 que estatuí o registro de bens culturais de natureza imaterial (FUNARI & PELEGRINI 2006, p.46).

Disserta Funari & Pelegrini (2006) que em continuidade a política do patrimônio a constituição de 1946 vem a inaugurar a preocupação com a proteção dos documentos históricos. Logo o período democrático de (19461964), proporciona, assim, que fosse aprovada a única lei de proteção do patrimônio

arqueológico

(3.942/1961) após uma

campanha

humanista

encabeçada pelo intelectual Paulista Paulo Duarte. Juntando-se a esses novos avanços a Carta Constitucional de 1967 criou novas categorias como patrimônio as jazidas e os sítios arqueológicos, anteriormente classificados apenas como de valor histórico. De acordo com Funari & Pelegrini (2006), durante a década de 1970 tem-se poucos avanços nas políticas publicas de preservação do patrimônio alguns pontos serão discutidos como a possibilidade de inclusão de materiais relacionados ao patrimônio nacional nos currículos do ensino fundamental, médio e superior, tem-se nos anos seguintes a criação do Centro Nacional de

26 Referência Cultural-(CNRC), sendo criado em 1979, a Fundação Pró-Memória, com objetivo de captar recursos para realização de projetos na área da cultura. Posteriormente, foi suplantada a preservação de espaços de convívio, assim como recuperação do modo de viver de distintas comunidades manifestadas, por exemplo, na restauração de mercados públicos e de outros espaços populares. Pela Carta Constitucional promulgada em 1988 retomou-se alguns pressupostos preservacionistas sugeridos por Mário de Andrade e Aloísio Magalhães reafirmando que ação em prol do patrimônio deveria se desenvolver através do tombamento e deveria se basear-se na referencialidade dos bens, além disso, as disposições contidas no Artigo 215 reiteraram a proteção as manifestações populares indígenas e afrodescendentes ou de qual quer outra segmentação étnico racial (Funari & Pelegrini 2006). Morais2 (2005) reforça este ponto expondo que: As definições para o Patrimônio Cultural tendem a se tornar mais abrangentes, a partir dos anos 80, assumindo definitivamente uma visão mais holística de cultura. Aloísio Magalhães, diretor do IPHAN que produz um profundo redimensionamento do debate em relação às políticas culturais de preservação. Durante sua administração se consolida um novo olhar a respeito do Patrimônio Cultural. É baseado nesse olhar que se pretende pautar as ações deste trabalho, valorizando a cultura regional e estando abertos para incorporar novos tipos de Patrimônio que possam ser reconhecidos. De acordo com Funari & Pelegrini (2006) a exclusão da população residente e a adaptação dos espaços a novos uso, na maioria das vezes, não resultaram em processo de integrados de reabilitação como propunha a carta patrimonial. A ampliação do conceito de patrimônio observado no Artigo 216 da Constituição Federal Brasileira sem duvida impulsiona a criação de novos instrumentos de preservação no país, voltando a atenção também pra cultura imaterial. Entretanto Fonseca (2005) expõe que uma política de preservação do patrimônio abrange necessariamente um conjunto de atividade de bens vão além do tombamento. 2

Allana Pessanha Morais: Bacharel em Ciência da Educação pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.

27 Acompanhado alguns marcos da politicas de preservação do patrimônio nacional, em 1980, a cidade de Ouro Preto é inscrita na lista do patrimônio da Humanidade da Unesco. Tem-se sequencialmente a inscrição da cidade Olinda em 1982 e no ano seguinte as ruinas de São Miguel das Missões e dois anos após a inscrição do centro histórico de Salvador- BA. Já Plano Piloto de Brasileia é inscrito em é inscrito na lista de patrimônio da Unesco em 1987. Neste contexto tem-se a reconhecimento do Parque Nacional Serra da Capivara em 1991 como patrimônio da humanidade pela Unesco. Este se torna importante no objeto de estudo desta pesquisa e na discursão no campo da educação patrimonial.

1.3

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO BRASIL

A

educação

ao

longo

do

tempo

constitui-se

como

elemento

transformador e a capaz de conduzir o homem para sua emancipação. Em conjunto a esse eixo o ensino associado ao desenvolvimento intelectual e cultural encaminha para entendimento do passado e fortificação do laço de identidade. É buscando alcançar essas qualidades que o tema Educação Patrimonial vem se tornando cada vez mais familiar e presente nos trabalhos dos museus e dos responsáveis para a preservação, identificação e valorização do patrimônio cultural em nosso país (HORTA, 1999). Pensar a educação dentro de uma perspectiva que aposte na educação como principio norteador é algo que vem desde o início dos anos 1980, logo que é criado pela Fundação Pró-Memória, o projeto de interação entre a educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país (Fonseca 1996 apud Silveira 2007). A proposta metodológica para desenvolvimento da educação patrimonial com intuito de apropriação dos bens foi introduzida, em termos conceituais e práticos a partir do 1º Seminário realizado em 1983 no Museu Imperial em Petrópolis- RJ, inspirando em trabalhos pedagógicos desenvolvidos na Inglaterra (HORTA, 1999).

28 A partir dessa experiência inicial a atividade com ação educativa passou a ser desenvolvidas no Brasil de forma que se voltava para a realidade do patrimônio local. O patrimônio cultural pode ser classificado de diversas formas patrimônio cultural material, imaterial, ambiental ou natural ou construído de outras denominações como: patrimônio histórico, arqueológico, bibliográfico, artístico e paleontológico etc. (TEIXEIRA, 2008). Logo, interrogamos, mas o que séria mesmo a atividade de Educação Patrimonial?

Uma autora que se tornou referencia no estudo foi Maria de

Lurdes Pereira Horta que junto com a equipe do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional – IPHAN vem estudando constantemente o tema. De acordo com Horta (1999) a educação patrimonial trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no patrimônio cultural com fonte primaria de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. Entendemos que o espaço restrito a sala de aula composto com carteiras e quadro não são suficiente para que se possa construir saber capaz de despertar atenção. Contudo Horta (1999) disserta que é a partir da experiência e do contato direto com as evidencias e manifestações da cultura, vamos ter um agente ativo na construção de uma consciência crítica, sendo a mesma indispensável no processo de preservação sustentável e fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. De acordo com Horta (1999, p.6) ao definir Educação Patrimonial expõe:

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao individuo fazer a leitura do mundo em que o rodeia, levando-o a compreensão do universo sociocultural e da trajetória temporal em que este inserido. Este processo leva ao esforço da altoestima dos individuo e comunidade e a valorização da cultura brasileira compreendida como múltipla e plural.

Ressalta que a metodologia especifica da educação patrimonial pode ser aplicada manifestação da cultuara. Estando a critério dos agentes poderem explorar qualquer tipo de bens seja histórico arqueológico ou passagens naturais entre outros diversos.

29 Gostaríamos de registrar que a discursão a respeito da Educação Patrimonial hoje esta centrada a alguns patrimônios em especifico as áreas de museus ou locais que há presença de patrimônio arqueológico. Logo, destacase que a crescente pesquisa em arqueologia preventiva ou de contrato tem feito dessa prática um caminho para exercício de nova experiência, porém as ações pode ser aplicadas no intuito de legitimar qual quer patrimônio seja ele material ou imaterial ou pré-histórico, natural etc. Zanettini3 (S/D) vem a corrobora com afirmação que a tem crescido acentuado os programas de educação patrimonial nos últimos anos.

Muito embora, tenhamos sofrido alguns impactos em decorrência da repentina crise econômica mundial (fenômeno ocorrido entre 2008 e 2009), não observamos maiores reflexos na performance apresentada pela curva de crescimento da Arqueologia, em alta constante conforme mencionado. Em 2011, atingimos a marca de 979 portarias, fenômeno que deve se repetir em 2011, sobretudo, se levarmos em conta que apenas 50% das verbas alocadas para o PAC do Governo federal foram efetivamente utilizadas durante o mandato do Presidente Lula.

Atualmente o IPHAN vem concentrando seus esforços na proteção dos bens patrimoniais do País, redigindo uma legislação específica, preparando técnicos e realizando tombamentos e restaurações que asseguraram a permanência da maior parte do acervo arquitetônico e urbanístico brasileiro, bem como do acervo documental, etnográfico, das obras de arte integradas e dos bens móveis. Em sua luta pela proteção do patrimônio cultural, estendeu sua ação à proteção dos acidentes geográficos notáveis e das paisagens agenciadas pelo homem, com essas atividades acentua-se uma crescente nas ações educacionais (Moraes 2005 apud IPHAN, 1999). Conforme Teixeira (2008) existe diversas formas de se trabalhar com o patrimônio em sala de aula, articulando todas as disciplinas do currículo escolar. Podemos. Podemos destacar algumas formas e sugestões: visitar, museus da escola, caso não possua, planejar juntamente com demais um projeto interdisciplinar que se possa, viabilizar a construção de um memorial, ou de um museu que tenha o objetivo de contar a história do estabelecimento escolar e conscientizar os alunos da importância. 3

É Doutor em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAEUSP). É diretor da Zanettini Arqueologia, empresa voltada á gestão de recursos culturais (www.zanettiniarqueologia.com.br)

30 Estando em concordância com (HORTA, 1999), A cultura é um processo eminente dinâmico, transmitido de gerações, que se aprende com encentrais e se cria e recria no cotidiano do presente quanto a cultura brasileira pontuamos que a mesma é rica em diversidade resultado do nosso processo histórico e social e das dimensões territoriais do nosso país. Ressalta-se Fernandes (2005), apesar da influencia marcante da cultura matriz europeia por força da colonização ibérica em nosso país, a cultura tida como dominante não conseguiu, de tudo, apagar a cultura indígena e africana. Ao contrario o colonizador europeu deixou de influenciar pela riqueza da pluralidade de índios e negros. Mesmo tendo um país formado por grupos diferentes Fernandes (2005) faz uma reflexão que o livro didático, sobretudo o de história, ainda estão permeados por uma concepção positivista da historiografia brasileira que primou, pelos relatos dos grandes fatos e feitos dos “heróis nacionais” geralmente brancos, esquecendo assim a participar de outro segmento social no processo histórico do país. Logo, este ponto reforça a importância da Educação patrimonial, pois em uma proposta inovadora ela vem a aproximar a aula com a realidade e a vida social do aluno. Além de possibilitar desconstruir alguns paradigmas da história oficial e mostrar outro lado que seja história dos vencedores.

Currículos e manuais didáticos silenciam e chegam até omitir a condição do sujeito histórico ás populações negras e ameríndias têm contribuído para elevar os índices de evasão e repetência de crianças provenientes dos estratos sociais mais pobres. Grande maioria adentra quadros escolares e sai precocemente sem concluir seus no ensino fundamental por não se identificaram com uma escola moldada ainda nos padrões eurocêntricos, que não valoriza a diversidade étnico-cultural de nossa formação (FERNANDES, 2005 p.381).

Contudo a educação patrimonial ela vem buscando reverter este quadro por meio de metodologia que motiva o aluno a desenvolver habilidade de interpretar, adquirir a aquisição dos conceitos de forma que se possa interessar em conhecer o passado.

31 CAPÍTULO II FRONTEIRAS DO DISCURSO DA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA

Se nada ficar destas páginas, algo pelo menos esperamos que permaneça: nossa confiança no povo. Nossa fé nos homens, na criação de um mundo em que seja menos difícil amar. Paulo Freire

2.1 A EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA EMANCIPATÓRIA

Neste segundo capitulo é discutido a importância de uma educação contextualizada com realidade regional de nossa cidade de São Raimundo Nonato e o Estado do Piauí. Portanto é construída uma narrativa na primeira parte sobre a educação como pratica emancipatória partindo da perspectiva de Freire (2005), na segunda parte discorre-se sobre o ensino e a realidade, tomando como referência o espaço que está inserido a pesquisa, no contexto do semiárido brasileiro, já na terceira parte busca-se apresentar o contexto do processo histórico da educação em São Raimundo NonatoPI. Consideramos que na medida em que tentamos definir o papel da educação, encontramos varias respostas neste caminho, de maneira que uma resposta não anula a outra. Dentre as várias respostas poderia destaca que a educação

tem como

papel

a

equalização

social

de

superação

da

marginalidade. Entendendo que essa se configura como fenômeno acidental que afeta individualmente um numero maior ou menor de seus membros, o que, no entanto, constitui-se um desvio uma distorção que não só pode como deve ser corrigida. No primeiro momento a educação emerge como instrumento

de

correção

desta

distorção.

Constitui-se

uma

força

homogeneizadora que tem por função reforçar os laços sócias, promover a coesão e garantir a integração de todos individuo no corpo social (SAVIANI, 2009).

32 Um segundo campo teórico compreende a educação como um instrumento de discriminação social, logo, um fator da marginalização. Parindo de um pressuposto que a escola constitui-se como parte de um todo da sociedade como poderia a qualnão vem a desvincular do elemento da marginalidade. Podendo também contribuir para exclusão ou até mesmo por uma distorção na medida em que a escola negligência o seu papel com formadora de uma consciência critica (SAVIANI, 2009). Ao discutir do termo educação é importante ligar a mesma a realidade social a qual a tratamos, pois a marginalidade não se configura de uma forma especifica, no entanto, pode adquiri formas diversas, sendo que se faz necessário adequarà educação a particularidade de cada sociedade para que possa atuar de forma eficaz. Logo, não podemos deixar de pensar em uma perspectiva freiniana que a educação constitui-se como afirmação da liberdade. Destacamos que este pensamento vem desde os gregos e encontra-se amplamente incorporado as várias correntes da pedagogia moderna. Contudo Paulo Freire (2009) expõe que discutir a educação como prática de liberdade trata-se de um desafio da história presente. Então pensamos que o desafio seja transformar o currículo de forma que o mesmo transversalmente venha apresentar uma educação que resgate a identidade e conduza o individuo a uma condição libertadora. Em concordância com Moretti & Adams (2011) entende-se que a América Latina é parte de um processo histórico compreendido no encontro de forças antagônicas, onde as quais de um lado encontra-se um colonizador que impõe, pelo uso da força, toda uma cultura e um poder; e de outro, o colonizado. Essa imposição ao longo tempo também se fez presente na construção de um currículo escolar, porém é importante tomar consciência da existência deste processo para que se possa atuar na construção de um currículo que venha a romper o ensino que contribua para legitimação deste sistema.

Compreende-se que a América Latina e Europa constituíram-se unidades em conflito e que a educação e a pesquisa têm sido campos preferenciais de disputas epistemológicas e de lutas políticas, o que envolve diretamente as condições de produção e o

33 desafio da democratização do conhecimento(MORETTI & ADAMS 2011 p.48).

Nesta dinâmica pontuamos que a predominância de uma educação hegemônica vem a manifesta-se no currículo quando nos excetuamos de trazer uma proposta de ensino que contemple a particularidade do educando, entretanto isto se manifesta muitas vezes em nos referenciais de ensino como livro e até mesmo nos meios de comunicação de massa. Outra crítica bem acentuada a qual expõe freire (2005) da se por conta da relação educador e educando, pois o educador em muitas situações fala de uma realidade, mas a descreve como algo parado, estático compartimentando, quando não fala de algo totalmente alheio á experiência existencial do educando. Nesta perspectiva o educador aparece como sujeito cuja tarefa torna se “encher” de conteúdos os educando em suas narrações. Para Paulo Freire (2005 p.66):

Por isso mesmo é que uma das características desta educação dissertadora é a “sonoridade” da palavra não a força da transformação. Quatro vezes quatro, dezesseis; Pará, capital de Belém, que educando fixa, memoriza, repete, sem perceber o que realmente significa quatro vezes quatro. O que verdadeiramente significa capital, na afirmação, Pará, capital Belém. Belém para o Pará e Pará para o Brasil.

Nessa perspectiva de acordo com Freire (2005) a educação transformase um ato de depositar, em que os educandos são depositários e o educador o depositante. Em lugar de comunicar-se o educador faz “comunicados”, sendo os educandos meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Essa é um entendimento a qual Freire (2005) a denomina como “concepção bancaria da educação” em que a única margem de ação em que se oferece aos educandos é a de receberem os depositários, guardarem e arquivá-los.

Na visão “bancaria” da educação, o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda

34 numa das manifestações instrumentais das ideologias da opressão – a absolutização da ignorância, que se constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro (FREIRE 2005 p.67).

Como resultado destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca. De forma que a educação não consegue atuar como ação libertadora, pelo contrario reflete a sociedade opressora, sendo dimensões da “cultura do silencio”, a educação “bancaria” mantém e estimula a contradição (FREIRE 2005). Segundo Freire (2005), não se espera que as elites dominadoras renunciem à sua prática. Seria demasiadamente ingênuo esperá-lo.

No

entanto o objetivo aqui dos verdadeiros humanistas não podem na busca da libertação servir-se de uma concepção bancaria, de forma que venha contradizer suas busca, pois a educação como pratica da dominação, mantendo a ingenuidade dos educandos, o que pretende em seu marco ideológico, (nem sempre percebido por muitos dos que realizam), é indoutrinálo no sentido de sua acomodação no mundo da opressão.

2.2 REFLEXÃO SOBRE O ENSINO E A REALIDADE

Quando mim propôs a escrever esta parte da pesquisa e em desenvolver algumas reflexões sobre o ensino e a realidade, foi acreditando estar adentrando aqui em algumas das particularidades do local de nossa pesquisa que terá implicações diretas nos resultados, acreditamos que pensar o ensino e sua realidade implica diretamente em discutir também o currículo escolar entendendo que currículo significa muito mais do que os conteúdos a ser aprendido – significa toda a vida escolar da criança. Um programa só se transforma em currículo após as experiências que a criança vive em torno do mesmo (LDB, 1996). O inicio do século XXI, traz consigo muitas perplexidades, insertas e desafios. Nesse mundo as novas tecnologias revolucionam a comunicação e

35 difundem a informação tornando o mundo em uma província global. Logo o contrate se agrava com a desigualdade social, que agrega a miséria, degradase o meio ambiente,acentuam-se os problemas demográficos e reacendem o preconceito. Sendo que são muitos os que, diante de tais contrastes, abrigamse na apatia, no individualismo, no conformismo, no consumismo de acordo com (MOREIRA 2005). Partindo deste eixo entendemos que a atuação do educador torna desafiante,na medida em que o mesmo busca trazer o educando para uma realidade micro,da forma que, seja capaz de afirmar uma identidade de vinculo com o lugar de origem, compreendendo neste local sua potencialidade. Destacando como realidade mais próxima a questão referente ao semiárido brasileiro que segundo Silva (2007 p. apud Lima 2011 p.81) “o semiárido brasileiro tem sido histórica e socialmente marcado pela duradoura contradição e injustiças sociais. Os indicadores sociais nas áreas de saúde, educação e renda são os piores em relação á media nacional.”Justificado por problemas decorrentes das irregularidades de chuvas, enquanto estudos apontam que os problemas sociais e econômicos vivenciados decorrem da estrutura excludente que predomina no nordeste baseados na concentração de terras e de água que dificulta o acesso aos recursos necessários (LIMA 2011). Logo, o que a gente poder perceber é que em uma realidade nacional o zona rural sofre um grade impacto com a desigualdade social, sendo esta sentida em todas as esferas, saúde, educação, transporte entre outros o (Gráfico -1), abaixo demostra o cenário da distribuição de renda referentes as famílias que convivem em áreas urbanas e confrontado com famílias que convivem na zona rural.

36

Gráfico 01 – Distribuições percentuais das pessoas de 10 anos ou mais, economicamente ativas, por categorias de rendimento real médio e a situação de domicilio Brasil – 2004. ( fonte INEP).

No que se refere ao capital físico, à desigualdade de oportunidades entre zona urbana e rural fica evidenciada ao se comparar o rendimento real médio mensal da população economicamente ativa de 10 anos ou mais de idade. Destaque para azona rural apenas 6,6% apresentam rendimento médio acima de 3 SM, na zona urbana, nessa mesma faixa de renda, concentram-se 24,2%. Na categoria de “sem rendimento” estão 27% da população residente na zona rural, enquanto na zona urbana esse contingente corresponde a menos da metade desse percentual (Gráfico -1). Para a análise desses valores, é importante considerar que, no meio rural, diferentemente do que ocorre no meio urbano, a subsistência não se encontra tão fortemente vinculada ao rendimento salarial, em função das possibilidades locais (INEP, 2004). De acordo com Lima (2011) em contraposição a uma visão excludente apesar de ser mais conhecido em razão de seu alto índice de pobreza, o semiárido brasileiro tem grande potencialidade, tanto na área turística quanto na área da produção de alimentos.

37 Os principais problemas do semiárido não são decorrentes, somente das questões climáticas e ambientais, mas estão relacionadas também com os processos históricos sociais e políticos vivenciados historicamente. Desde a colonização, essa região vem sofrendo com a degradação do ambiente que passou a ser devastado em razão da intensa criação de gado, provocando o desequilíbrio ambiental (LIMA, 2011 p.83).

Contudo após décadas de um discurso fundamentado na indústria da seca, em que utilizam-se recursos conquistados juntos ao governo federal na condição de oferecer medidas paliativas e imediatas, fizeram com que ao longo do tempo procriasse um vínculo de dependência da população para com os velhos e novos coronéis do Nordeste, como descreve Lima (2011). Logo, atualmente a proposta curricular de nossa escola requer que sejareelabora em um projeto de ensino que vem a contrapor e ideia de região problema e busca a valorização do nosso patrimônio, rompendo com ideologia dominante que impulsiona por um ensino que desconsidera a realidade do educando, motivando o mesmo ao deslocamento para que tenha condição ao trabalho e suprir uma mão de obra nos grandes centros. Em contraponto a esta educação excludente, surgiram na década de 1990 às discursões sobre a proposta de educação contextualizada no semiárido quando um grupo de organização comunitária e movimentos sociais ligado a Igreja Católica, no sertão da Bahia, iniciam um movimento com o proposito de construir um plano estratégico de desenvolvimento sustentável para o semiárido, pautado no principioda convivência com características socioambientais da região que fosse de encontro com ás políticas assistencialistas que viesse sedo desenvolvidas (LIMA 2011). Com objetivo de ampliar o debate sobre a proposta de educação para convivência, em 2000, realizou-se o I Seminário de Educação no Contexto do Semiárido, Juazeiro – BA, em parceria com Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), na Universidade da Bahia (LIMA 2011). De fato consideramos que a escola tem todo um papel social, que tange o campo das línguas, gramáticas ou matemática, história, geografia, essas compreendem regras e conceitos. Entretanto, a preocupação maior do ensino é uma faculdade, um emprego, uma formação técnica, é não encontrar formas de integrar as informações que lhes são apresentadas durante o ensino

38 fundamental ao ensino médio a um conhecimento que motive o aluno a se reconhecer como sujeito dentro de uma sociedade sendo ele importante no processo histórico de sua construção. Contudo a falta da contextualização ou a integração entre as disciplinas bloqueia a relação dela com o mundo fora da sala de aula prejudicado no entendimento de evento social e políticos.

2.3 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM SÃO RAIMUNDO NONATO

São Raimundo Nonato assim como as demais cidades de seu entorno caracteriza-se por ser predominantemente de economia agrária, desde o surgimento de sua vila e consequentemente emancipação por intermédio da Lei nº 669, de 25 de junho de 1912. As bases ruralistas contribuíram para construção de cenário marcado pela produção do campo. O final do século XIX e o limiar do século XX serão marcados por profundas mudanças no setor econômico e social em São Raimundo Nonato, uma vila que nasceu da fazenda de gado. A dificuldade em seu crescimento, acentuado pelas baixas na produção da pecuária que já não tinha tanta força como em seu inicio, faz com que a população de São Raimundo Nonato veja no extrativismo da maniçoba a possibilidade de impulsionar a economia local, algo que acontece de fato e coloca São Raimundo Nonato como uma das cidades referencia a nível estadual (OLIVEIRA, 2011).

39

Figura 02 - Vila de São Raimundo Nonato Praça da Igreja. Fonte: disponível nos arquivos da FUNDHAM

Assim, como veio o desenvolvimento meio que tardio em vários outros setores como saúde, transporte meio de produção, o campo da educação seguiu de forma incipiente andando a passos lentos. A ausência efetiva do poder publico no apoio e implementos de atividades educativas como construções de escolarnas primeiras décadas do século XX, faziam com que boa parte da população crescesse, sem frequentar os ambientes escolares ficando como referencia os ensinamentos da família na construção de valores. Em contraposição a essa sociedade iletrada, algumas famílias sentia-se motivadas a pagarem professores particulares para alfabetizar seus filhos. Logo, os principiais desafios dos professores naquele momento eram ensinar a ler escrever, além disso, restringia-se a trabalhar comconta da matemática. Surgiam nestes espaços os núcleos embrionários da educação pautada em uma organização escolar, pois em alguns casos os professores reuniam um grupo de alunos em uma destinada casa para naquele espaço construir o ambiente de sala de aula. Um dos primeiros colégios tem-se por nota o importante colégio fundado pelo então juiz de direito da Comarca sendo este bem anterior a 1947, como descreve (DIAS, 2001).

40 Neste colégio acrescentou meu avô, fora seu contemporâneo uma das mais polêmicas figuras nascidas ali. Tratava-se de Raimundo Borges da Silva, depois titulado Coronel briosa Guarda Nacional que usava como vaidade antepor ao apelido – Doca Borges - a distinta e cortejada heráldica de coronal, que tantas conquista política somou, inclusive a oportunidade de torna-se, por dois quadriênios, vicegovernador do Piauí (DIAS, apud 2001 p.75apud AMÉLIA M. S. ROSADO).

Relata Dias (2001) que anos depois do colégio do Juiz de Direito, tem o surgimento do Colégio José Leandro Deusdará que funcionou quase que simultâneo o singular colégio do professor João Leal. Na década de 20 e 30 do século XX, São Raimundo Nonato tem uma importante crescente no campo da educação, após o surgimento do Colégio José Leandro Deusdará, tem-se o surgimento da primeira escola particular um colégio orientado pelos padres que terá em sua direção Monsenhor Nestor Dias Lima. O prédio onde foi funcionou este colégio foi construindo por Dom Inocêncio e o padre Francisco Ferreira com ajuda de recurso provindo da Europa (DIAS 2001 p. 76). Com os avanços, nos anos finais da década 1940 foi construído o patronato Dom Inocêncio que oferecia ensino primário apenas ao sexo masculino e tinha como praxe o argumento, nos finais de semana, da disciplina mais hermética do currículo.

Figura 03 – Colégio Dom Inocêncio Fonte: disponível nos arquivos da FUNDHAM.

41 Fundado em 1948, o estabelecimento de ensino de 1º Grau ensino Dom Inocêncio (atual colégio Dom Inocêncio) foi fundado sob orientação de padres brasileirosendo Padre Nestor primeiro diretor. De acordo Milcides Cândido dos Santos (1987) esse ginásio viria a ter uma influência cultural muito significativa para toda região do sudeste e sul do Piauí e parte do noroeste baiano. Descreve Santos (1987 p.147):

O ginásio Dom Inocêncio tinha, portanto, um raio de influencia cultural que corresponde a uma média de 320 quilômetros (cartograma 19). Para ali afluíam alunosaté mesmo da cidade de Corrente, no extremo sul do estado, onde existia um colégio protestante, mas algumas famílias católicas não desejavam que seus filhos estudassem em colégio protestante.

Por intermédio destes dados nos faz constatar que neste período o ginásio Dom Inocêncio era uma escola predominantemente elitista, logo sua proposta de educação amplamente tradicional e rígida, é voltada para escolarizar principalmente os filhos dos coronéis e de pessoas de posses na cidade, não se tornando assim uma escola acessível às camadas populares. No entanto era uma escola no interior do estado em uma cidade que tinha em sua dinâmica econômica e social formação provida do campesinato, se formavam nesta escolar alunos que tinha condições completavam os estudos es Petrolina-PE. Gaspar Dias Ferreira (2011) ex-prefeito da cidade descreve a importância do Ginásio Dom Inocêncio em São Raimundo Nonato.

São Raimundo Nonato teve o colégio Dom Inocêncio, e ai mesmo estudei aqui, no arquivo, lugar que fica o colégio da Nossa Senhora das Mercês, fundaram uma capela aqui, moram uns padres onde tinha um prédio grande, ai era desde 1938 eu estudei ai 38, os padres tiveram grande influência na educação por que eles sempre mantiveram colégios naquela época, e em 1948 eles fundaram o Ginásio Dom Inocêncio, eu estudei ai, mais eu fiz o ginásio em Petrolina, por que só tinha um ginásio em Petrolina aqui perto da gente, mas em eu fui 1946 fazer admissão para o ginásio por que aqui não tinha, e em 1948 eles fundaram o ginásio aqui Ginásio Dom Inocêncio foi de muita importância para região além de servir aqui na

42 redondeza, Bom Jesus, fronteiras de São João, Canto de Buriti, 4 Remanso.

É importante esclarecer que São Raimundo Nonato constitui-se como uma cidade polo na região, logo recebia alunos de regiões do entorno. Contudo devido o respaldo do Ginásio Dom Inocêncio era maior fazendo com que o mesmo ficasse somente para aquelas pessoas que tivesse mais condições financeiras, logo até mesmo os valores culturais da época, inibiam os pais deslocara as filhas mulheres para estudar em outras cidades.

4

Entrevista Gaspar Dias Ferreira, 78 anos concedida em seu domicilio em 2011.

43 CAPITULO III

POR UMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E CONTEXTUALIZADA NAS ESCOLAS EM SÃO RAIMUNDO NONATO

“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.” Paulo Freire

3.1-ASPECTOS MATERIAIS VOLTADOS A PARA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM SUJEITO

A região que compreende o município de São Raimundo Nonato-PI e cidade de seu entorno dispões do Parque Nacional Serra da Capivara, reconhecido pelas Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura - UNESCO (United National, Educational, Scientific and Cultural Organization) como patrimônio mundial da humanidade desde 1991. Visto que se trata de patrimônio de relevância para o mundo, entende-se que se trata de um bem que requer uma atenção especial pelas populações locais para que se possa despertar um sentimento de identidade e construir meio de preservação para que populações futuras possam também conhecê-lo. O Parque Nacional Serra da Capivara se localiza o Nordeste do Brasil na região Sudeste do Estado do Piauí. Sua extensão compreende quatro municípios Coronel José Dias, São Raimundo Nonato-PI, João Costa e Brejo do Piauí. O seu entorno contém uma área arqueológica que freqüentemente, são descobertos novos sítios. A própria existência de um corredor ecológico que liga o Parque Nacional Serra da Capivara ao do Parque Serra das Confusões, contém a existência de vários núcleos populacionais distribuídos

44 em comunidades presentes nos municípios. Que necessita de todo um investimento na política de preservação e de reconhecimento deste patrimônio. De acordo com Guidon & Buco (2010) a criação do parque surge na necessidade de implantação de um sistema intensivo de preservação patrimonial, para a qual os cuidados com meio ambiente e o desenvolvimento de uma política, auto-sustentável, visando o desenvolvimento econômico e social das comunidades presente em suas proximidades. O mapa abaixo nos ajuda a visualizar a relação proximal entre estas duas unidades de preservação, não desconsiderando que ao seu torno exista uma variedade de comunidades que não pode ser desconsiderada a pensar estratégias de ações educativas.

Fig 05: Parque Nacional Serra da Capivara e Parque Nacional Serra das Confusões Imagem de Satélite Fonte: FUMDHAM.

Unidade de preservação de tempo integral sua gestão é realizada em um regime de parceria entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA do Ministério do Meio Ambiente e pela Fundação Museus do Homem Americano - FUMDHAM que é uma organização da sociedade civil, declarada de interesse público e sediada em São Raimundo

45 Nonato – PI que junto com Instituto do Patrimônio Artístico Nacional – IPHAN rege o trabalho de Conservação e defesa dos sítios arqueológicos da região (GUIDON & BUCO). Em conformidade com a (FUMDHAM 1998 apud, Oliveira Filho & Monteiro 2010), os fatores que fundamentaram a criação do Parque Nacional Serra da Capivara expressam de natureza diversas: Ambiental a região é fronteiriça a entre as formações geológicas da depressão da bacia sedimentar Maranhão-Piauí e depressão periférica do rio São Francisco com paisagens variadas, vales, planícies, vegetações da Caatinga, configurando como único Parque Nacional brasileiros em que a área está situada totalmente no domínio morfoclimático da caatinga, sendo importante destacar que o mesmo abriga fauna e flora especifica pouco estudada. As imagens abaixo nos ajuda demonstrar exemplos de riqueza biológica:

Figura 06: Fauna e Flora presente no Parque Nacional Serra da Capivara: Fig 01. Periquito-dacaatinga (Aratinga cactorum); Fig 02. Jibóia (Boa constrictor) Fig. 03. Sagui, soinho (Callithrix jacchus) Fig 04. Sussuarana, onça vermelha (Puma concolor) Fonte: FUMDHAM- Foto: André Pessoa.

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Reforça a necessidade uma educação patrimonial e ambiental, devido o fato de boa parte destas espécies encontrarem em ameaçadas de extinção com caso da Sussuarana, onça vermelha (Puma concolor). Logo, acredita-se uma forma de combater a caça, queimadas, mau uso dos recursos hídricos, e outros meio de preservação encontram-se em uma educação patrimonial e ambiental em que esteja inserido dentro do currículo de ensino nas escolas. Outro fator motivador é ponto central para reconhecimento deste patrimônio como sendo da humanidade. Tange sua esfera cultural de acordo com (GUIDON & BUCO, 2010) área atual do Parque Nacional da Capivara e seu entorno totaliza uma quantidade de 1158 sítios arqueológicos a maioria com registro rupestre. A possibilidade de explorar o potencial turístico com mais de 100 sítios preparados para visitação também contribui para afirmar a relevância deste patrimônio.

Figura 03: Pinturas Rupestres Sítio Boqueira da Pedra Furada. Fonte: FUMDHAM

Na verdade o que vamos encontrar em São Raimundo Nonato são aspectos materiais que começam a serem explorados na construção de uma

47 identidade do sujeito. A significação deste patrimônio da uma relevância para o município em âmbito dimensões nacional, pois existem programas de preservação e divulgação deste patrimônio, seja a mídia de maneira informal até mesmo em esfera mais formais como no sistema de ensino. Bezerra & Caromano (2012, p. 21) aponta a buscas dos arqueólogos em envolver a comunidade no desenvolvimento da pesquisa:

As comunidades moradoras do entorno de sítios arqueológicos têm merecido especial atenção por parte dos pesquisadores. Se conhecimento sobre a história local, incluído o patrimônio arqueológico, é apresentado por meio de suas narrativas – muitas vezes – a partir das visagens sobre os sítios e seus objetos. Suas interpretações sobre o passado podem ser distintas da ciência, mas por isso são menos legítima elas constitui-se outra forma de explicar o passado.

Ao tempo que vamos ter a divulgação deste patrimônio é um desafio para instituições oficias que comanda a gestão patrimonial, criar estratégias com o poder público para que possa programar ações voltadas para uma atividade educativa que criem no seio da sociedade um cidadão que seja capaz de compreender que este é um bem patrimonial de valor inestimável não somente para gerações do presente, mas também para gerações futuras. Desafio este que se torna maior quando trata-se de sítios arqueológicos que remetem a grupos que viveram a milhares de anos atrás, fato que pode provocar um maior desconhecimento. Entende-se por sítio arqueológico de acordo com Bezerra & Caromano (2012, p.14) “sítio arqueológicos são locais onde são encontrados os vestígios de ocupações humanas”. Neste cenário os arqueólogos têm um papel fundamental em possibilitar o engajamento da população nas pesquisas arqueológicas. Sendo importante esclarecer que arqueologia é o campo de conhecimento que estuda o modo de vida de grupos humanos a partir da cultura material que são seus objetos utilizados e suas marcas deixadas na paisagem. Independente da sociedade se é antiga ou contemporânea. Hoje seus estudos abrangem um amplo campo desde estudos de sítios pré-históricos a sítios de período histórico.

48 Portanto na construção de uma memória os estudos arqueológicos podem trabalhar com uma materialidade que foi produzida a milhares de anos como pinturas rupestres ou estudar aspectos matérias que nos remetem a um tempo mais próximo. Toma-se como exemplo as pesquisa realizadas em sítios maniçoubeiros5 na área arqueológica Parque Nacional Serra da Capivara. Entretanto propostas educativas podem ter como objetivo o resgate da memória, assim preservação de um patrimônio de populações históricas e préhistóricas de uma dada sociedade.

3.2 A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO SISTEMA DE ENSINO PÚBLICO EM SÃO RAIMUNDO NONATO-PI

O município de São Raimundo Nonato consta atualmente com uma quantidade de trinta e cinco escolas da rede de ensino público, incluindo as municipais e estaduais sendo que destas quatro são Unidade de Ensino de Nível Médio e dezenove com Ensino Fundamental Menor – (Educação Infantil de 1º ao 5º ano) sendo destas duas creches. Nesta pesquisa concentra-se a investigação no Ensino de Nível Fundamental Maior que compreende as séries do sexto ao nono (6º ao 9º), com uma quantidade total de doze Unidades de Ensino Fundamental Maior, selecionamos

para

nosso

estudo

quatro

escolas,

que

apresentam

características balanceadas duas pertencentes a rede municipal, duas a rede estadual. Além deste paralelismo pontuamos outro ponto que consideramos centrais em nosso estudo que é duas escolas que estão presente em um contexto urbano e outras duas que apresenta estudantes inseridos em uma realidade do campo. A escolha das séries de Nível Fundamental Maior dá-se pelo fato que está é uma etapa essencial na formação de qual quer pessoa sendo obrigatório previsto na Lei nº 9.394/96. Além disso, o Ensino Fundamental assegura uma 5

Maniçoubeiros; foram grupos populacionais que residiam na área do Parque Nacional Serra da Capivara e seu entorno no final do século XIX e durante o século XX, sua atividade econômica predominante era a extração o lates da maniçoba para comercialização e produção de borracha.

49 formação comum indispensável para exercício da cidadania, fornecendo meios para que progrida no trabalho e em estudos posteriores. Visto também que esta etapa da escolarização tem entre seus objetivos promover a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, das artes, da tecnologia e dos valores em que são fundamentais a sociedade. Considerando relevantes as afirmações acima de que está etapa na vida escolar é um momento de consolidação da formação pessoal, credita-se que deva ser um momento importante na construção da identidade do aluno, firmando valores presente na vida social do sujeito de forma respeite a diversidade cultural presente em comunidades atuais e do passado. Para nossa pesquisa procuramos trabalhar com questionários quanto à técnica de coleta dados. Impregnado um roteiro pré-estabelecido com questões abertas procurou-se elaborar uma pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo, sendo os professores sujeitos centrais e foco da pesquisa de campo. A escolha do questionário como técnica deu-se pelo fato do mesmo, apresentar facilidade de conversão dos dados para arquivo de computador, flexibilidade na aplicação, a possibilidade de deixar o tempo em aberto para as pessoas pensarem, além de trabalhar com questões padronizadas garantindo uniformidade, sendo tal pesquisa de baixo custo. Após apresentar os métodos utilizados voltamos ao problema de nosso estudo. Como tem sido pensada a educação contextualizada com patrimônio arqueológico em São Raimundo Nonato no ensino das escolas públicas? Os sujeitos presentes no espaço escolar têm enfrentado desafios constates na construção desta educação contextualizada principalmente por que há necessidade de trabalhar a escola em duas realidades diferente que é a do campo e da cidade. É importante lembrar que escola é uma instituição que os seus fins vão além de ensinar a pessoa a ler e escrever ou prepara para exercício profissional técnico. Conforme Freire (2009) é tempo de romper com essa concepção da educação bancária, e promover uma educação emancipatória em que seja comprometida com a realidade do individuo. Pensar a educação patrimonial também é aprender a aprender. Como expõe Pinheiro (2010) refletir sobre o ensino de história a qual consideramos que não está dissociado da educação patrimonial é criar possibilidade de

50 saber, conhecer, viver juntos e ser mais humano. Uma relação de ensino aprendizagem deve ser construída pensando-se privilegiado para perceber tensões, disputas acima de tudo um campo de possibilidade para discutir e construir saídas de forma inteligente, criativa e planejada. Para poder construir uma proposta educativa que valorize aspectos da cultura local, faz se necessário em muitos casos que ultrapasse as barreiras da sala de aula, que envolva os alunos no contexto social, para isso as aulas extra sala de aula ou aula de campo são meio que nos ajudam contextualizar o ensino. Para esta investigação direcionamos nos questionários uma das primeiras inquietações, era saber se as escolas ofereciam possibilidade de promover visita a sítios, museus, casa antigas, rios e lagos, locais que possibilitasse maior interação com lugar social do estudante. Feito o questionamento obteve o seguinte resultado: Feita o questionamento (A escola em que você trabalha oferece condições para realização de atividades extra sala de aula?). Como resposta 50% dos professores responderam que não, e os outros 50% registraram que sim, dos que responderam que sim, partiram para uma segunda avaliação de maneira eles consideram as condições oferecidas para realização de aula de campo.

Grafico 02: para a pergunta: A escola em que você trabalha oference condições para de atividades extra sala de aula? Sendo sim, como você avalia as condições oferecidas?

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Conforme a análise dos dados apresentados compreendendo o universo de todos os entrevistados e escolas pesquisadas em uma realidade macro de São Raimundo Nonato. Constatamos uma fragilidade das unidades de ensino na oferta de condições para que se possa desenvolver uma educação que seja capaz de transpor as barreiras da sala de aula. Relacionado a esta abordagem direcionamos uma questão em aberto sobre: qual o desempenho de sua escola referente as atividades desenvolvida fora da sala de aula, como visita a museus, a exposições e palestras voltadas para história educação ambiental e patrimonial? Para análise separamos em três categorias Categoria – (A) que tem uma avaliação positiva, categoria - (B) para os que fazem uma avaliação negativa e categoria – (C) para que os apresentam uma avaliação a meio termo – ( Razoável). Relatos da categoria – (A):

Qual o desempenho da sua escola em relação às atividades desenvolvidas fora da sala de aula, como visitas a museus, a exposições e palestra voltada para a história e Educação Ambiental e Educação Patrimonial? - Bom desempenho. No ano de 2012 foram realizadas visitas aos casarões antigos, a Serra da Capivara, Serra do Garimpo, pontos turístico da cidade (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - visita ao museu do homem americano – Á apoio total e é oferecido através da prefeitura o ônibus para transporte dos alunos (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Considero muito ruim, já que todo período letivo do ano de 2012 não houve nenhuma iniciativa por parte da escola em relação ao patrimônio e educação ambiental (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Maria de Castro Ribeiro).

Vistos os resultados a categoria - (A), apresentou uma quantidade menor, de posicionamento positivos referente como é avaliado as aulas extra

52 classe. Os resultados apresentam uma sincronia com os próprios dados apresentados quantificados em porcentagem. Os professores que manifestam opiniões pertencentes á categoria – (B) dissertam expondo o seguinte:

(Qual o desempenho da sua escola em relação às atividades desenvolvidas fora da sala de aula, como visitas a museus, a exposições e palestra voltada para a história e Educação Ambiental e Educação Patrimonial?) - A escola é uma instituição social necessária ao conhecimento sistemático, lugar onde todos desejam obter progressão diante dos conhecimentos construídos com resultados que influenciam a vida dos cidadãos nela inserido. Verifica-se que a escola avançou em vários aspectos, mas com relação a museus, exposições, palestra ainda não (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará). - desconheço qual quer trabalho desenvolvido pela escola como atividade fora da sala de aula, principalmente voltados para educação ambiental (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - a escola tem um péssimo desempenho nesta área, pois praticamente não se faz visita ao museu e não se fala de educação ambienta (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Muito complicado. Pois da secretaria de educação, essa não faz muito para que isso aconteça também à falta de interesse da direção da escola (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira)..

Processado os dados constata-se uma recorrência de relatos de professores que manifesta o descontentamento com os recursos e apoio oferecidos pela escola para elaboração de uma aula de campo como visitas a museus, rios, lugares que remetem a memória de uma sociedade ou organização de uma palestra. O grupo de professores que encaixam dentro da categoria - (C) discorrem que:

Qual o desempenho da sua escola em relação às atividades desenvolvidas fora da sala de aula, como visitas a museus, a

53 exposições e palestra voltada para a história e Educação Ambiental e Educação Patrimonial? -A escola desempenha papel um razoável, visto que ainda encontra dificuldade em relação a transporte, a iniciativa da própria escola (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Razoável, pois precisa de recursos e melhor planejamento (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Às vezes em que isso aconteceu podemos observar que nossos alunos tiveram melhor desempenho em contato com o original e não só com os livros (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Às vezes à visita na Serra da Capivara, Museu (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - a escola tem um desempenho bom (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará).

Nas ultimas falas ainda que a visita a museus seja citada, identifica-se que existe uma resistência a essa proposta educativa, às vezes da a transparecer que entre os obstáculos encontrados pelos professores depara-se na falta de recursos, de uma equipe pedagógica que possa trabalhar e organizar essas aulas de campo. Partindo desta perspectiva avaliamos que as escolas pesquisadas convivem em modelo tradicional em que os alunos, acabam por terem que assimilar os conteúdos, sem que os mesmos venham abordar os problemas que são comuns as suas vivências. O ato de retirar os alunos do meio social, e procurar ensinar os conteúdos fora da sociedade, dentro de uma sala, já é um método tradicional. Para Albuquerque Junior (2010) entre todas as instituições sociais que a modernidade fez emergir em uma perspectiva do controle, entre todas aquelas que a sociedade disciplinar proporcionou a constituição, e escola é uma das mais exemplares tendo em suas características a produção de subjetividade, a produção do sujeito, e construção e vinculação da identidade. Em contraponto essas instituições sociais disciplinares que surgem na modernidade começam a passar por uma crise e propõe sua urgente e necessária reforma.

54 Na contemporaneidade no momento em vivemos o tempo em que muitos consideram “pós-moderno”, atravessada e sitiada por mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais diversas, a escola já não consegue dar respostas para que o sujeito construa uma identidade. Existe uma perca de espaço do próprio professor em uma sociedade da mercadoria, do espetáculo, do status sinalizado por símbolos externos de riqueza, o professor proletarizado vai cada vez mais destoado de sua clientela (ALBUQUERQUE JUNIOR 2010). Em concordância com Albuquerque Junior (2010), a crise na escola dáse pelo fato do projeto disciplinar trazer consigo uma proposta ultrapassada, pensada para quase um século atrás a escola em que não consegue trabalhar o cotidiano, o contexto do aluno não é motivador para que ele tenha uma formação continuada, portanto o que ocorre em muitos casos é o próprio abandono dos estudos. Feito um terceiro questionamento sobre a importante da presença do Parque Nacional Serra da Capivara para elaboração das aulas, não fazendo distinção de disciplina os professores em sua maioria consideram o mesmo como sendo fundamental para que se possa contextualizar melhor o conteúdo ministrado em sala de aula (ver gráfico abaixo).

Grafico 03: Qual a relevancia do PNSC, para elaboração da aula?

55 Os resultados obtidos nos questionários chamam a atenção, pois em sua maior parte os professores consideram relevante trazer estes alunos para estudar o contexto especifico de sua região. Logo, em conformidade com os dados anteriores observa-se uma crescente dificuldade em poder estar tornando as aulas mais dinâmicas, trazendo para a sala aula recursos que facilitem e envolvam esses alunos. Completando esta questão buscamos saber por que os professores acha importante aborda este patrimônio em suas aulas.

Qual a influência do Parque Nacional Serra da Capivara para a elaboração da suas aulas? - Importante. Principalmente na disciplina de arte, quando se fala das pinturas rupestres, para os alunos observaram que já existe arte desde a antiguidade (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Importante. Ás vezes uso como referência quando trabalho textos que trazem com tema meio ambiente (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Importante. Para as aulas de História e Geografia há a importância de estudos das estruturas geológicas formadas pelo tempo e da cultura histórica dos povos antigos que lá habitam. Para minha disciplina – Inglês – Existem as placas e painéis escritos na língua inglesa que é interessante para o vocabulário (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Importante por que é lá que se encontra grande quantidade de fontes históricas dos “primeiros habitas do continente americano” (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Maria de Castro Ribeiro). - Importante. É importante, pois mostramos para nossos alunos a importância da preservação do parque, e quais os benefícios para o turismo local (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Importante. Conforme o contexto estudado, inserimos alguns pontos que achamos relevante para o enriquecimento das nossas aulas. Como textos informativos, pois é importante valorizar o patrimônio de nossa cidade (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Muito importante. Porque ele é um acervo histórico bem próximo do aluno, desta forma e mais fácil para ele fazer a relação com fato histórico (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Muito importante. Por que já iniciaria as aulas mostrando como o povo se comunicava antes (Aplicação de Questionário, São

56 Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Muito importante. Primeiro pela importância de ser um patrimônio cultural da humanidade, depois pela importância ambiental e sustentável (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Muito Importante. O Brasil é um país onde o turismo é mínimo. O turismo nesta região de solo, pobre, seco, sem água na superfície, seria uma maneira de garantir um desenvolvimento auto –sustentável por essa região ser de fundamental importância para o conhecimento dos novos alunos em sala de aula (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará). - Como eu sou professor de Ciências posso me basear na realidade local e a fauna e flora do Parque contribui muito para apropriação das minhas aulas (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará). - Muito importante. Conhecer a importância do turismo em nossa cidade e incentivar a valorização do mesmo(Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira).

A partir da fala dos professores pode-se afirma a relevância de se trabalhar a presença dessa Unidade de Conservação, podendo inserir em um eixo interdisciplinar já que existe a real possibilidade de inserir um estudo em diferentes campos, seja na Geografia na História, Artes ou até mesmo em de Línguas Estrangeiras. De maneira que propomos um trabalho interdisciplinar que o mesmo se de pela intercomunicação entre as disciplinas, de modo que resulte na modificação entre elas, através de dialogo compreensível. Para Alves et al (2004, apud Japiassú, 1976) a interdisciplinaridade dá-se por essa intercomunicação, já a simples troca de informações entre organizações disciplinar não constitui um método interdisciplinar. Norteia está pesquisa, como sendo essencial para uma proposta interdisciplinar quanto ao referindo tema, a perspectiva de Alves (et al 2004 apud, Demo 1998 p.88) que defini interdisciplinaridade “[...] como a arte do aprofundamento com sentido de abrangência, para dar conta, ao mesmo tempo, da particularidade e da complexidade do real. De forma que o mesmo surge da prática da pesquisa em grupo como metodologia pela possibilidade de cooperação entre especialista.

57 Seguindo o modelo acima advogamos que a constante busca por uma interação maior entre os diversos campos de conhecimento, na exploração do estudo de um determinado objeto, conduz-nos a maior aprofundamento e conhecimento do mesmo. Contudo uma proposta de educação contextualizada com o patrimônio arqueológico seria algo para ser contemplado não somente pela disciplina de história, mas há maneiras deferentes de abordar esta temática em diferentes disciplinas.

3.3 OS DESAFIOS PARA UMA EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA COM PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA.

Construir uma educação dentro de uma perspectiva que aposta na cultura como princípio norteador. Este é um pensamento que não é uma novidade no Brasil, porém é um desafio. São Raimundo Nonato apresenta uma realidade que não diferencia das demais regiões. Existe a necessidade da constante reflexão sobre como estamos produzido os sujeitos sócias, que em um futuro muito breve serão responsáveis pela preservação do patrimônio cultural local que também é patrimônio da humanidade. Acreditamos que uma das formas de construir uma sociedade que seja capas de preservar um determinado patrimônio, seja aquela que tome consciência de sua importância. Logo, o processo de tomada de consciência da importância de determinado patrimônio, dá-se pela criação de um vinculo de identidade, da construção de valores, e de um sentimento de pertencimento. Entretanto estes são atributos que advêm de um processo educativo onde tem como ponto central uma educação que valorize o patrimônio cultural. Neste trabalho de investigação procurou-se também identificar quais os desafios encontrados pelos docentes a programar uma prática educativa que dialogasse com o patrimônio arqueológico, presente no Museu do Homem Americano e nos vários sítios, muitos deles abertos a visitação. Os professores nos deram às seguintes respostas:

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Quais os principais desafios para realização de uma atividade educativa voltada para o patrimônio natural e arqueológico préhistórico? - O direcionamento dessa ação para que não fique solta ou apenas como um momento diferente (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Falta de informação, a falta de acesso ao local ser visitado (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Para desenvolver a Educação Patrimonial é necessário um maior investimento por parte dos órgãos governamentais. Isso é importante por que não possui recursos para levar nenhuma das turmas no Parque. Como foi abordada na questão a falta de recursos é o principal obstáculo, já que não temos condições mem para alugar um ônibus e pagar guias para visitar o Parque Nacional Serra da Capivara (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 Unidade Escolas Maria de Castro Ribeiro).

- Conscientizar principalmente os pais dos alunos, para que possa educar os alunos para a preservação do patrimônio escola, natureza e pré-história. Se os pais valorizarem, também os filhos darão os devidos valores (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Falta de informações, pois não temos material de pesquisa (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Em primeiro lugar material, pois os professores não têm para trabalhar esses conteúdos e em segundo fazer com que os alunos se interesse pelo assunto (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - A distancia, os custos, os conteúdos escolares que não são adequados para o tema (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - São questões burocráticas, que às vezes impedem de você cumprir determinado conteúdo que se observado de perto, fazem mais sentidos e tornarem verdadeiro. O acesso ao parque, pois depende de transporte é muitas vezes a prefeitura não disponibiliza (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará). - Os maiores desafio e integrar toda comunidade escolar, no mesmo objetivo e que seja parte integrante do planejamento escolar, ou seja, cada professor faz sua parte colaborando incentivando a pesquisa com fonte de registro de documentos etc. (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Levar eles entender a importância do patrimônio natural e arqueológico pré-histórico, como casarões, arte rupestre, fosseis a reserva natural e mostrar a importância nativas da região (Aplicação

59 de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - o maior desafio é propiciar aos alunos e a comunidade escolar a compreensão do por que e para que e como interagir como o patrimônio natural e arqueológico pré-histórico. O que se percebe é que precisamos repensar a escola de forma que ela seja um lugar, prazeroso, com profissionais preparados, criativos, com a vida e desempenho do aluno (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira).

Frente os presentes relatos pode-se observar que os obstáculos são muitos e de natureza diversificada quanto buscamos uma educação contextualiza, mesmo quando se trata de algo que próximo da gente. Os desafios se estendem além das fronteiras da escola, pois nos deparamos com uma comunidade que muitas vezes desconhece o valor daquele patrimônio, contudo ao tempo que nos sétimos desfiados a levantar esta temática que vem sendo negligenciada pelo estado é necessária afirmar este como algo a ser feito, e não fugir de nosso propósito enquanto educador. Tocamos neste ponto e a categorizamos como negligente por parte da esfera pública que deixa faltar material escolar, que se torna omisso a oferecer condições mínimas para realização de atividades extras salas de aulas, o que não da importância a temática. Outro ponto que é recorrente nos relatos dos docentes é a dificuldade de envolver estes alunos em uma atividade que desperte o interesse dos mesmos. Entendemos que este se constitui um desafio, pois isso decorre da inexistência de um planejamento que seja capaz de estar qualificando e capacitando esses docentes com cursos de extensão, de especialização para inserir no ambiente escolar ferramentas que possam tornar as aulas mais envolventes. Contudo de acordo com Borges (2007 p.194):

As aulas de campo, as exposições, as palestras, a oficinas ou qual quer atividade relacionada à cultura, realizada de forma isolada, desprovida de um objetivo especifico e sem uma problematização não pode ser considerada atividade de Educação Patrimonial, já que não contribuem para que o aluno possa aprimora-se e recriar seu próprio conhecimento.

60 Tomando esse ponto como referência a fala de Borges (2007) lembramos que é fundamental que se tenha uma planejamento das atividades com antecedência, que as estratégias levantadas possam terem como colaboradores, os diferentes sujeitos envolvidos no ambiente escolar, professores, alunos, técnicos, coordenadores não esquecendo as lideranças comunitárias. Não se pode desconsiderar que a implementação de novos métodos, e materiais ocasiona por vez, diretamente uma alteração na própria demanda de recursos para escola, isso não nos passa despercebido. Contudo não acreditamos que a melhor maneira de construir uma educação com qualidade seja a maneira mais econômica, uma educação de qualidade se faz além de tudo com investimento, que compreende o campo de recursos materiais recursos humanos. Ao longo de nossa pesquisa, por meio da observação e relatos presentes nos questionários, é evidente a dificuldade das escolas em fechas o calendário escolar, centrando sua preocupação em passar, a conteúdos presentes no manual didático dos alunos, pois os horários são reduzidos. Portanto uma saída para esse arrocho do calendário escolar tem-se o desenvolvimento de projetos interdisciplinares que trabalham propostas paralelas aos conteúdos programáticos. Neste trabalho não nos distanciamos dos resultados obtidos por Borges (2007) entende que as atividades educativas, tais como oficinas, visitas, palestras, exposições voltadas para o patrimônio arqueológico pré-histórico, promovidas pelas escolas, apresenta-se de forma esporádicas e não consegue ter um acompanhamento que contemple; a) observação, b) registro, c) exploração e d) apropriação. Logo, a atividade fica restrita a observação e a informação não tendo a possibilidade de analisar e reconstruir o seu conhecimento. A revista Nova Escola levanta e problematiza a temática sobre Arqueologia nas Escolas, propondo um plano de aula onde se possa: a) Compreender o que são documentos históricos e vestígios arqueológicos e identificar a sua importância para a construção de explicações históricas, b)

61 Compreender como os arqueólogos pesquisam, c) Notar que o tempo se materializa em camadas no solo6. Publicações deste tipo são motivadoras, pois a gente que advoga por essa causa começa a

observar o

surgimento de possibilidades de inserir

dentro do ambiente escolar esta discussão que achamos que esta na hora de ser levantadas. Logo, para que se possa ter força ao levantar esta voz temos que contar com a comunidade escolar, com a sociedade é fazendo uso dos meios de comunicação rádio, televisão, internet é importante serem utilizado para que acompanhar nosso tempo. Logo, a cooperação de instituições que são responsáveis por preservar e gerir este patrimônio é fundamental para que estabeleça uma relação de parcerias com as escolas. Instituições com Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, Fundação do Museus Americano – FUMDHAM e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA são agentes que podem estar levantando a bandeira que seja abordada e tomado como prioridade esta discussão nas escolas. Nos relatos os professores registram a pouca interação e parceria entre esses órgãos. Em outros é marcada o enfraquecimento da parceira nos últimos tempos.

Como você considera a relação existente entre as sua escola e o IPHAN o Pró-Arte FUMHAM, na construção de ações voltadas para prática da educação patrimonial? Justifique. - Até agora durante o período em que trabalhei nossa escola não teve participação destes órgãos (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Ruim. Nesse Período de 2012 não houve nenhuma interação entre a escola o IPHAN e o Pró- Arte FUMDHAM. (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Maria de Castro Ribeiro). - Não existe parceria deste desta escola e esses órgãos com IPHAN, nem Pró – Arte FUMDHAM (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira).

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http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/arqueologia-escola-Acessado dia 27/05/2011.

62 - Esta é uma contribuição mais positiva e decisiva, pois agrega os sujeito, a partir do caráter intencional de suas ações e interações sociais que implementam entre si e com o meio sociopolítico (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará).

Paralelo a estas falas os docentes, evidência que já até existiu momentos em que essas instituições participaram de ações educativas em conjuntos, ao tempo que hoje os mesmos clamam por maior atenção para construção de uma melhor interação social.

Como você considera a relação existente entre as sua escola e o IPHAN o Pró-Arte FUMHAM, na construção de ações voltadas para prática da educação patrimonial? Justifique. - Há alguns tempos atrás vimos algumas dessas ações compartilhadas com escolas municipais, hoje sabemos que crianças participam de reforço e aprendem sobre o nosso patrimônio (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Boa relação. A escola recebeu acervo bibliográfico, palestrante dessas instituições, facilidade de acesso ao par que nacional e as pessoas que trabalham nesses locais (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - A relação entre a minha escola e esses órgãos são muito fracas, pois deveria trabalhar interligados para mostrar que nos somos e de onde nos viemos, muitas crianças não sabem(Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). - Precisamos de mais recursos e cursos de capacitação para melhor aprendizagem (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). . - Hoje, não vejo tanta relação entre os mesmo. Antigamente, não tão distante, havia grandes parcerias, pois muito dos nossos alunos, eram alunos do Pró – Arte FUMDHAM, hoje pelo meu conhecimento não são mais (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona).

Nesta pesquisa entendemos que processo educativo e social é algo que não restringe somente professor aluno entre quatro paredes, para construção de uma educação patrimonial é fundamental o envolvimento da comunidade e se esse aluno é retirado da mesma e transportado para outra região, sendo

63 esta muitas vezes a cidade dificulta a sua própria interação, a partir daqui entramos em outro ponto que importante em nossa pesquisa que é a relação escola comunidade e o espaço urbano e o espaço rural.

3.4

OLHARES

CRUZADOS

A

EDUCAÇÃO

A

PARTIR

DE

DUAS

PERSPECTIVAS: CAMPO E CIDADE

Deparamos-nos neste tópico para pensar a educação a partir de duas realidades as escolas do campo e da cidade. Ao longo de nossa pesquisa uma série de escolhas determinou os caminhos que seguíamos muitas delas intencional como à opção de investigar somente escola pública, por acreditar que neste eixo estão presentes os filhos da classe trabalhadora que na maioria das vezes suas vozes são silenciadas e falta espaço para manifestar sua insatisfação quanto à precariedade do ensino de qualidade. O espaço a qual se inseri nossa pesquisa compreende escolas da zona rural,

a

qual

as

famílias

são

lavradores

e

têm

sua

economia

predominantemente vinda da atividade do plantio do milho, do feijão, da mandioca, além da criação de caprinos e suínos, que são comercializados nas feiras na cidade. Já o outro espaço pesquisado caracteriza-se por escolas da zona urbanas, que se localizam em bairros mais afastados (periférico), os alunos destas escolas em sua maior parte são alunos destes bairros ou outro caso que bastante recorrentes são alunos que moram na zona rural e são transportados para estudar nestas escolas. Neste cenário as famílias destes alunos acabam que por manter um vinculo com atividade do campo. Arroyo (2006) expõe que o transporte destes alunos do campo para cidade é uma forma mercantil em que equacionamos a educação. Logo, a política de nucleação de escolas e de transporte de crianças e adolescentes para cidade reflete essa visão mercantil, de um economicismo estreito e de uma falta de respeito ás identidades do povo do campo. Em detrimento de acontecimentos como este, os movimentos sociais, ligados ao Movimento do Sem Terras – MST defendem uma educação do campo, e começam a se organizar suas lutas e sua mobilização para buscar

64 redefinir seus valores, saberes, culturas e identidade do povo do campo. Esta proposta trata-se de uma educação dos e não para os sujeitos do campo. Entretanto a realidade que da origem a este movimento é marcado de uma realidade de injustiça, desigualdade, opressão, que exigi transformações estruturais urgentes. Ao referir-se ao campo entendemos que o mesmo tem diferentes sujeitos.

São

pequenos

agricultores,

quilombolas,

povos

indígenas,

pescadores, camponeses assentados, ribeirinho, povos da floresta, caipira, roceiros, sem-terra, agregados, caboclo, meeiros, assalariado rurais entre outros grupos. Para nossa pesquisa trabalhamos principalmente com alunos filhos de lavradores e pequenos agricultores. Para fins de estudo nos perguntamos ao professores por intermédio de questionário como se a escola tem algum trabalho social, que possa estar acompanhando melhor estes alunos. Os professores de alunos que estudam em escolas na zona urbana responderam:

Na sua escola você trabalha com alunos originários da zona rural ou do campo? Sendo sim. Existe um planejamento das aulas em que você direciona para vivencia deles no campo? Justifique. - Sim. Diretamente não, mas quando são abordados temas mais especifico AA zona rural procuro sempre relacioná-lo nos assuntos (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Sim. Não existe planejamento das aulas direcionadas para a vivencia deles, talvez por ser uma comunidade próxima da cidade os alunos são trazidos de ônibus para a cidade (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Sim. Trabalho com alguns alunos da Zona rural, porém não direciono meu planejamento a vivencia deles em sua comunidade (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Sim. Trabalho com alguns alunos, já os conteúdos da disciplina não direciona para a vivência dos alunos no campo (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolar Epitácio Alves Pamplona). - Não, a escola ainda não fez nenhum planejamento para este tipo de realidade é “lamentável” (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade Escolas Prof. José Leandro Deusdará).

65

Por intermédios dos dados acima se pode constatar a existência de alunos do campo que são transportados para cidade, são tirados de sua comunidade para estudar fora, em escolas que não tem uma preocupação com local de origem com sua cultura, com valoração de sua identidade enquanto sendo pertencentes do campo. De acordo com Souza (2006) uma prática pedagógica pautada essencialmente na transmissão de conteúdos emerge de uma matriz teórica que entende o indivíduo como receptor. Uma segunda concepção pautada no diálogo, por exemplo, termos um educador que orienta o processo educativo em uma relação horizontal entre sujeitos do processo ensino aprendizagem. Sendo que o primeiro caso a transmissão de conteúdos, muitas vezes deslocado das características vividas pelo educando e pelos próprios educadores. No segundo caso, temos uma situação de desafio, tanto para educando quanto para educador trata-se do desafio da “construção de conhecimento” pelo sujeito do processo educativo, ainda que em primeiro momento este conhecimento seja realizado por outro sujeito. Nas escolas da cidade estudas observamos, a inexistência de um projeto interdisciplinar que possa contextualizar os conteúdos aplicados em sala de aula. Frente a esta interpretação dos dados fica evidente que quanto mais à escola se distância da realidade dos alunos mais distante ela fica de desenvolver uma Educação Patrimonial que seja capaz de regatar a identidade de sujeito, e despertar para explorar as potencialidades de sua região. De forma que quando estas escolas crêem um sujeito que não si identifica com seu local de origem, não seja capaz de observar as potencialidades, e não ver sentido naquele ensino, ele abandona-o e levado a buscar oportunidade fora do seu estado, resultando uma crescente migração como tem visto para região sudeste do país. Além da ação migratória, citada acima um conteúdos descontextualizado da realidade dos alunos de sua vivência, é desmotivador para o mesmo, fato que pode contribuir para evasão escolar, para uma postura de acreditar em papel secundário da escola e que ela pouco contribuir para atividades do dia a dia.

66 Para Caldart (2011) é necessário olhar para educação do campo, pois este olhar para educação do campo como direito, tem um desdobramento importante: pensar uma política de educação que preocupe também com jeito de educar que é sujeito de direito, de modo a construir uma qualidade de educação que forme as pessoas como sujeitos de direitos. Relatamos que no município São Raimundo Nonato, pouco se tem falado em proposta de educação do campo, e tratado desta temática. Sendo necessário que seja levando essa bandeira que uma educação que pense a vivência nas comunidades rurais seja efetiva, pois é direito do cidadão. Não basta advogar para uma Educação Patrimonial que não seja uma educação que tenha uma relação de dialogo e interação com as origens destes povos. Outra escola do campo pesquisa foi a Unidade Elzair Rodrigues de Oliveira, localizada no Povoado Zabêle, este é um assentamento da reforma agrária que recebeu um grupos populacional que residia na área do Parque Nacional Serra da Capivara, fatores que acreditamos ser significante para desenvolvimento de uma Educação Patrimonial. Questionados os professores relataram:

Na sua escola você trabalha com alunos originários da zona rural ou do campo? Sendo sim. Existe um planejamento das aulas em que você direciona para vivencia deles no campo? Justifique. Sim. Buscamos sempre associar o conhecimento ao contexto social a que eles estão inseridos, bem como valorizar (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira) . Sim. Trabalhamos os costumes, as manifestações (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). Sim. Sempre que preparo minhas aulas procuro valorizar a cultura deles, prepara atividade que desenvolva a criatividade (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). Sim. Nós professores fazemos os planejamentos incluído a “convivência com o semiárido” para ensinar como conviver com os problemas na zona rural (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira). Sim. Procuro sempre usar a interdisciplinaridade para um melhor planejamento e sempre valorizando os conhecimentos prévios

67 (Aplicação de Questionário, São Raimundo Nonato, 2012 - Unidade de Ensino Elzair Rodrigues de Oliveira).

Na apresentação dos relatos acima nota-se uma diferença quando se trabalha com uma escola do campo, onde os alunos não são tirados de suas comunidades. No entanto sétimos que por mais que os professores tenham respondido de forma positiva que preocupam-se com o contexto especifico dos alunos. Fica uma carência em relatos de experiências vivenciadas em que deram certo. Como a gente vem trabalhando com questionamentos anteriores onde os mesmo manifestam sua insatisfação para realização de aula de campo, a falta de interação da escola e outras instituições sócias que dialogam do campo da Educação Patrimonial. Fica-nos mais claro que a escola trabalha a vivência dos sujeitos mais de forma bem superficial. Não é evidenciado um plano de metas anuais a serem alcançados pela escola. Faltam projetos que incentivem os professore e torne motivador para mesmos doar-se mais em horário pedagógicos, desenvolvendo atividades educativas que envolva esses alunos em ações de pesquisa, ensino, organização de palestras, oficinas. Existe uma crescente necessidade da própria capacitação desses professores com cursos de extensão, e do investimento e recursos matérias nas escolas. A escola do campo tem sair de perspectiva economicista para uma condição onde se tenha investimento.

68

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo de nossa pesquisa procuramos mostra a importância da inserção da Educação patrimonial no sistema de ensino público para que a mesma possa atuar na construção de uma consciência que valorize e preserve o patrimônio. Ficou constatado que este é uma temática em crescimento em nossa sociedade e que cada vez mais vem ganhado mais espaço em detrimento a sua relevância. Consideramos que em seu processo histórico São Raimundo Nonato deu passos importante no processo educacional alcançou a meta de expansão do Ensino Fundamental alçando o universo de crianças e jovens que deveria esta na sala de aula. No entanto novos desafios foram surgindo para que se possa oferecer um ensino de melhor qualidade. Quanto um dos desafios estudados em nossa pesquisa que em síntese pontuamos como a capacidade de oferecer uma educação que valorize o contexto regional com todo seu potencial arqueológico. Pode – se inferir que a escolas do sistema de ensino público do município de São Raimundo Nonato – PI, carece de um plano diretor que possa nortear as Unidades de Ensino para um objetivo que contemple metas que seja comum. Avaliamos como a falta de um projeto maior, pois o mesmo iria delimitar uma variedade de passos a ser tomadas para sanar os problemas atuais, a exemplo de pontos que consideramos relevantes a serem inseridos na escola relatamos: a) qualificação dos docentes com cursos de extensão para desenvolvimento

de

uma

educação

contextualizada

com

patrimônio

arqueológico b) incentivo da secretaria de educação a projetos inovadores que trabalhasse a temática c) melhoria gradativa das condições para realizações de aula de campo. Partindo dos dados analisados identificamos que escolas estudadas apresentam dificuldade para efetivar um processo educativo que apresente um dialogo próximo a realidade do aluno. Logo, a desmaterialização dos fatos estudados distancia os estudantes da sua realidade, fazendo que o mesmo nem sempre veja na escola um meio para buscar novas alternativas.

69 Pontuamos que a maioria parte dos docentes considera o Parque Nacional Serra da Capivara importante para suas aulas. Contudo existe uma dificuldade em inserir os conteúdos dos mesmos dentro da sala de aula, pois falta material didático. É burocrático para solucionar o problema de transporte para efetivar uma aula de campo. Outro ponto em destaque é a ação de transportar os alunos do campo para estudar na cidade. Atos como estes nos distancia de uma educação contextualizada, visto que por intermédio dos relatos, as escolas da zona urbana não dispõem de um planejamento que se volte para problematizar a realidade deste aluno do campo. Identificamos como solução para estes problemas existentes uma maior interação das Unidades de Ensino e a atuação das mesmas, em ações colaboradoras com outras instituições sócias presentes no município responsável por a preservação deste patrimônio como Instituto do Patrimônio Artístico Nacional – IPHAN a Fundação do Museu do Homem Americano e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Por fim, consideramos que é um tema no qual as pesquisas são incipientes, entretanto deseja-se que essa temática seja mais explorada nos centros acadêmicos de pesquisa, pois a partir dos estudos pode-se elabora melhores propostas de intervenção. Como possibilidade de uma ampla interação dessas Unidades de Ensino, acreditamos que uma proposta de arqueologia pública vem a enriquecer mais o conhecimento para o tema. A ponto de consideramos esta uma abordagem relevante para futuras pesquisas.

70

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72

APÊNDICES

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI PRÓ – REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROP COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS - GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA NO SEMIÁRIODO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO.

QUESTIONÁRIO APLICADO AS UNIDADES DE ENSINO

Este questionário consiste em um instrumento para a realização de pesquisa de campo necessária para elaboração da Monografia de conclusão do curso de especialização Lato Sensu em Educação Contextualizada no Semiárido na Perspectiva da educação do Campo desenvolvido na Universidade Estadual do Piauí. Todas as informações fornecidas serão utilizadas apenas na pesquisa acadêmica com vista à valoração da Educação Contextualizada e seu patrimônio cultural do Parque Nacional Serra da Capivara na perspectiva de avaliar a atividade Educação Patrimonial. Afirmo que todas as informações coletadas na pesquisa serão utilizadas tão somente na investigação acadêmica. Logo, todas as informações serão sigilosas e anônimas, visto a não identificação.

Dados Institucionais Unidade Escolar:_________________________________________________________ Endereço:_________________________________________Nº____CEP:__ Bairro:___________________________ Fone (89): ___Data___/___/___ Dados pessoais Professor

da

(s)

(s):_______________________________________________

Disciplina

73 Turno

de

Trabalho

nesta

Escola:_____________________________________________ Qual

sua

Formação:

______________________________________________________

1- A escola em que você trabalha oferece condições para realizações de atividades extra sala de aula? A- ( ) sim ou ( ) Não Em caso de ( sim) como você avalia as condições oferecidas? a) ( ) Ótimas

b) ( ) boa c) ( ) Razoável d) ( ) Ruim e) ( ) Péssimas

2- Qual é o desempenho da sua escola em relação às atividades desenvolvidas fora da sala de aula, como visitas a museus, a exposições e palestra voltada para a história e Educação Ambiental e Educação Patrimonial?

3- Qual a influência do Parque Nacional Serra da Capivara para a elaboração da sua aulas? Justificar. ( ) muito importante ( ) importante ( ) pouco importante ( ) não é importante

4- Que aspectos você considera importante para o desenvolvimento de Educação Patrimonial em sua escola?

5- Quais os principais desafios para realização de uma atividade educativa voltada para o patrimônio natural e arqueológico pré-histórico?

6- Você acha importante trabalhar o tema patrimônio arqueológico préhistórico? Sendo (sim). Qual o seu interesse em trabalhar com o tema patrimônio arqueológico pré-histórico do Piauí? 7- Como você considera a relação existente entre as sua escola e o IPHAN o Pró-Arte FUMHAM, na construção de ações voltadas para prática da educação patrimonial?Justifique.

74 8- Você já trabalhou com os seus alunos o tema patrimônio arqueológico pré-histórico do Piauí?

9- Como a iniciativa pública poderia contribuir para a implementação de ações direcionadas educação patrimonial em sua escola?

10-Na sua escola você trabalha com alunos originários da zona rural, do campo? Sendo sim. Existe um planejamento das aulas em que você direciona para vivencia deles no campo? Justifique.

11-Observações:

75

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