PÓS-1919: IMPÉRIOS MARÍTIMOS CONTRA A EUROPA CENTRAL

September 3, 2017 | Autor: Sylvia Lenz | Categoria: War Studies
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PARTILHA DE IMPÉRIOS PÓS-1920: O AUSTRO-HÚNGARO E O ALEMÃO

Profa. Dra. Sylvia Ewel Lenz*


Resumo:
Parto da antiga tática anglo-saxã de dividir para dominar, readequada presidente dos EUA como uma autodeterminação dos povos. Mas tal significou o fim da dos impérios centrais, justamente o alemão, austro-húngaro e otomano, ou seja, dos perdedores mas não das colônias ultramarinas. Aliás, Londres e Paris promoveram a expansão de seus impérios britânico no Oriente Médio, cuja partilha deixou consequências nefastas que permanecem até hoje. Por outro lado, com a criação de nove Estados desmembrados dos Impérios Russo, Alemão e Austro-Húngaro, os austro-alemães viram-se reduzidos ao território ocidental e sem mar. Seguindo o princípio wilsoniano, durante a Conferência (dita) de Paz, propuseram ser anexados à Alemanha. O presidente francês, Clemenceau, era contrário, pois, apesar das perdas alemãs que somavam um terço de seu território, esta união aumentaria o território de seu arqui-inimigo. Embora o regime de governo na França fosse republicano e no Reino Unido a tradicional monarquia parlamentar, dita liberal, nas colônias a regra era despótica e da submissão. Se compararmos os mapas de pós- 1919 aos da Europa Central após a queda do domínio soviético no leste, percebemos que pouco mudara. Por fim, ressalto que partes da Ucrânia, antes de ser incorporada pela URSS, pertenciam ao Império Russo ou ao Austro-Húngaro o que reflete interesses opostos entre russófilos e rebeldes.

Palavras-chave: Aliados – Império Austro-Húngaro – Alemanha – Oriente Médio


Introdução

... a guerra é a consumação lógica e necessária quando nacionalidades independentes e soberanas vivem numa área muito pequena com armamentos muito poderosos; e se a Grande Guerra não tivesse chegado na forma que chegou, teria chegado em alguma forma similar – assim como ela certamente regressará em vinte ou trina anos, numa escala ainda mais desastrosa, se não houver uma unificação política que a antecipe e previna. (...) O Tratado de Versalhes foi concebido para ser vingativo. Determinou penalidades tremendas para os vencidos; procurou dar compensações aos feridos e sofridos vencedores; impondo dívidas enormes a nações já falidas, e sua tentativa de reconstituir as relações internacionais pela criação de uma Liga das Nações contra a guerra foi algo obviamente insincero e inadequado. H.G WELLS, 1922


No Brasil, em função do centenário da Grande Guerra, obras antigas e inéditas tem sido publicadas, em geral de autores estrangeiros da mídia francesa e inglesa. Muitos ainda mantém a visão tradicional e tendenciosa dos vencedores, ou seja, anglo-saxônica, outras, como a de Christopher Clark tem apresentado o outro lado da moeda. Ou mesmo obras literárias como Queda de Gigantes, o primeiro da trilogia de Kenn Follet, informam em meio à trama, mais dados inéditos do que apresentados por renomados historiadores ditos. Afinal, neste livro tomei conhecimento dos campos de confinamento de civis germânicos na Grã-Bretanha, aprisionados tão logo Londres declarou a guerra contra a Tríplice Aliança.
Isto significou a separação de casais, de pais dos filhos além do confisco de seus negócios. Ou, mesmo, não o afundamento, em 1915, do navio de passageiros Lusitânia, mas sim a decifração do código do Telegrama Zimmermann, em 1917, que levou, finalmente, o governo de Wilson a declarar guerra contra a Alemanha.


Imagem 1 A Europa as vésperas do conflito: Os antigos Estados Atlânticos e suas colônias no norte da África, os Impérios Centrais e os Balcãs e suas jovens nações.
http://pt.slideshare.net/kebrooke/europe-maps-1914 (domínio público)


Nesta época, nota-se a redução do domínio turco-otomano na Europa devido aos Estados Nacionais consolidados no decorrer do o século XIX; no entanto sua extensão territorial ia da Anatólia até as fronteiras da Pérsia. Por outro lado , ao sul do Mar Mediterrâneo, domínios franceses, italianos e britânicos conquistados aos Império islâmico. Embora não conste no mapa, há mais de um século Londres detém bases militares como forme de controle sobre os mares. Até hoje, a contenda da Espanha contra esta presença em seu território, ou seja, em Gibraltar. Ilhas como a de Malta pertencem, e na época do conflito, Chipre, pertencia ao Império Britânico, hoje, British Commonwealth – Comunidade Britânica.
Temos poucas pesquisas afins, apesar da repercussão negativa em sua economia durante o período da guerra, afinal, o comércio exterior com a Alemanha foi paralisado assim que o governo de Londres declarou guerra ao de Berlim. Isto afetou a importação de produtos essenciais, como fármacos e hospitalares além de quebrar o fluxo de exportações de "produtos coloniais". Estas matérias-primas eram importadas por negociantes hanseáticos via Lisboa desde a época do Brasil colônia (LENZ, 2008).
Também realizei um levantamento das tendências e dos autores e suas tendências nos artigos sobre a Primeira Guerra Mundial publicadas em revistas expostas nas bancas durante junho e julho. Em algumas, somente consta um artigo; outras vários, devido ao dossiê temático; algumas tiveram edição exclusiva sobre o conflito. No caso da História Hoje, por exemplo, constatei, junto com alunos da disciplina especial de Mestrado, que todos os autores franceses são historiadores, enquanto que os brasileiros, jornalistas.
Iniciei meu conhecimento sobre a história da Alemanha no doutorado quando pesquisei sobre imigração urbana. Depois, dediquei-me ao pensamento político moderno e, posteriormente, pesquisei sobre imigração britânica no Rio de Janeiro. Convidada por um editor, cujas cláusulas do contrato eram draconianas, dediquei-me aos alemães e sua história. De corpo e alma encarei a sofrida história da Alemanha com vasta pesquisa textual, imagética e documental, muitos de sites idôneos. Não foi editado, mas em 2013, em função do Ano da Alemanha no Brasil, publiquei parte da pesquisa no site Alemanha na conexão Rio-Londrina, http://www.riogermans.com/.
Em 2012, convidaram-me para falar sobre a Áustria, um país de língua alemã, no Instituto Cultural Germânico em sua sede de Niterói e nas filias fluminense e carioca. Östereich que em alemão significa o Reino (Reich) do Leste (Ost). Remontei à sua fundação no medievo com vistas a expandir o Sacro Império Romano Germânico a leste, e apresentei mapas de sua gradual expansão e súbita redução. Também apresentei uma comunicação em evento internacional sobre a partilha do Oriente Médio, decidida por Londres e Paris, em 1917, na tradição do dominador de ide dividir para dominar (LENZ, 2013).
Em maio deste ano, fui convidada pelo colega Dr. Márcio Santana, diretor do Centro de Pesquisa e Documentação Histórica da UEL, a organizar uma exposição fotografias sobre a Grande Guerra de 1914 no segundo semestre. As imagens foram baixadas da internet, separadas por temas nos oito painéis, conforme breves publicações on-line no site http://1914grande-guerra.blogspot.com.br/.
Orientandos meus sugeriram outros itens, dentre eles links com canções guerra e sites do Youtube de jogos eletrônicos instalados no três computadores, com fone de ouvido, além da seleção de diversos documentários curtos, exibidos sem som, na televisão da sala de leitura do CDPH. Por fim, senti necessidade de mandar confeccionar banner com quatro mapas – de antes da guerra, após o Tratado de Versalhes, durante a Guerra Fria e após o fim da União Soviética.
Ao ver estes mapas reunidos, reconheci que daria, no mínimo , uma aula inteira para analisar esta representação geográfica em vários momentos da história europeia. Afinal, a diversas delimitações políticas após as Grandes Guerras e o fim do Império Soviético, afetaram a vida de milhões de pessoas no cotidiano, nas relações sociais, na economia, política e cultura. Tais mudanças ocorridas em vários momentos históricos do século XX implicaram em migrações, desapropriações, expulsões, fugas, perseguições ou mesmo encarceramento e trabalho forçado.


Imagem 2 - A divisão política do multiétnico Império Austro-Húngaro.
- http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/71/Austria-hungary.png


Até a fundação, em 1866, pela Prússia da Confederação do Norte, o Império Austríaco detinha poder exclusivo sobre a Confederação Germânica. Devido à esta perda, os dirigentes de Viena e Budapeste resolveram reunir as coroas e formaram uma monarquia dual fundarem o Império Austro-Húngaro regido por magiares e austro-alemães. Sob seu domínio, diversas etnias, principalmente eslavas – tchecas, poloneses, croatas, eslovenos, mas também italianas e até remanescentes do Império Otomano, administrados pelos respectivos governos.
Lemberg, hoje Lvov, era uma cidade então situada na Ucrânia Ocidental e que da região sete, a de Kustenland, ou seja," terra da costa marítima", eram realizado o comércio pelo porto interligado por ferrovias às nações europeias, fundamental para a riqueza do Império. A Hungria era o celeiro da Áustria, investia na instrução pública, na modernização, no comércio internacional e na marinha mercante e de guerra, uma vez que dispunha de um grande porto no Mar Adriático. Além disso, via Mar Mediterrâneo, o império Habsburgo estava em conexão com os oceanos Atlântico, após a construção do Canal de Suez, entre Egito e a Palestina, o Índico e Pacífico. Ora, retirar estes acesso marítimo destas nações e entregá-los a Itália, uma península repleta de portos, implicou em minar violentamente a economia destas nações.
Como são tantos povos, restrinjo-me ao caso dos austríacos sob a dinastia Habsburgo, detentores de um antigo império multiétnico e cuja história é pouco conhecida. Como discente e docente de História, aprendi sobre o absolutismo europeu, inclusive do Leste pelo viés do marxismo heterodoxo de Perry Anderson. Entretanto, nada há em seu livro clássico sobre o papel do Império Austríaco na defesa contra a invasão gradual do Exército do Império Otomano no sudeste europeu que dominou da Grécia até Hungria, e chegou às muralhas de Viena, no século XVIII. Enquanto que, desde o século XV, os países atlânticos – Portugal, Espanha, Províncias Unidas, França e Reino Unido, consolidavam suas conquistas ultramarinas e enriqueciam seus cofres às custas da pilhagem e do trabalho compulsório de nativos e de escravos africanos.
Também ressalto que o conceito de pátria, no sentido de defesa da terra pater, do pai, é antigo, remonta aos gregos enquanto que o de nação, no sentido contemporâneo, consolidou-se após a Revolução Francesa, em prol da consolidação de Estados Nacionais e não mais dinástico (BOBBIT, 2003). Ora, se até então as guerras europeias tinham cunho de conquista territorial e, portanto, de recursos naturais ou em função de divergências religiosas e confessionais, as dos séculos XIX e XX empunharam bandeira do nacionalismo que levou a sucessivos conflitos e disputas ideológicas.
Recentemente, o historiador australiano Christopher Clark lançou um livro polêmico e interessante sobre as diversas origens da Grande Guerra. É um dos raros historiadores traduzidos no Brasil que enfatiza o front oriental, onde, supostamente o conflito foi desencadeado com o sucessor da coroa austro-húngara. Ora, quando a abordagem também recai na reorganização do mapa da Europa assim como do Oriente Médio, percebe-se, a intenção francesa, de enfraquecer territorialmente os Estados germânicos e a britânica, em destruir a economia dos Estados vencidos. O caso do Império Austro-Húngaro e depois, do leste europeu sob o domínio soviético durante a Guerra Fria, é sintomático.
Segundo Clark, quando nacionalistas defendiam a formação de um Estado, a maioria rebatia tal ideia afirmando que, abrir mão da administração austro-húngara, formando Estados menores, era um risco maior para a nação. Profeticamente, previam o risco maior de passarem para o domínio alemão ou russo, como aconteceu na expansão nazista durante a Segunda Guerra Mundial, em que o Leste europeu passou ao domínio alemão, administrados por Berlim, e por quarenta anos, ao russo-soviético, sob a égide de Moscou.
Tenho recorrido à geografia história como complemento à historiografia de modo que, ao observar mapas, intuía que a organização administrativa do Império Austro-Húngaro, composto por tantas etnias inseridas numa vasta região produtiva, com saída para o mar, precedera o modelo de mercado comum iniciado na Europa Central.
Mas, na época, seguindo a tática do "dividir para dominar", o Presidente dos Estados Unidos, W. Wilson defendia a autodeterminação dos povos na Europa. Questiono porque não aplicou tal ideal em seu país – afinal, desde a Corrida para o Oeste, o indígenas ou foram exterminados ou eslocados e confinados em territórios inóspitos.
Sulista, também não concedeu direitos civis aos afro-americanos mantidos em segregados tal como no sistema de apartheid racial da África do Sul.
Vários tratados retificaram o fim dos Impérios Centrais com a formação de novos Estados, muitos com problemas sociais, econômicos e de infraestrutura para lidar com tamanho desafio artificialmente imposto por um norte-estadunidense. O território austríaco foi drasticamente reduzido devido à fundação dos novos Estados, muitos, inclusive bem maiores do que a Áustria. Afinal, o sul, Viena perdeu o Tirol e da Ístria - onde ficava o porto Pula - para a Itália. Ao norte, territórios com grande população germânica, foram tornados Estados da Tcheco-eslováquia, Polônia e Galícia.
Ao norte, Finlândia e os Estados Bálticos, Galícia e parte da Polônia, desmembraram-se do extinto Império Russo; a Hungria, foi criada às expensas de extensos territórios perdidos para a Romênia (Transilvânia). Croácia e Eslovênia, Bósnia foram entregues à Sérvia que formou um reino e, posteriormente, a Iugoslávia conforme detalhado pelo melhor historiador francês (FERRO, 1969: 277-283).
Para os franceses, esta faixa de Estados menores formava um "Cordão Sanitário" que protegia a Europa "ocidental" do comunismo soviético. Tanto é que, como ao final da Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas Soviéticas ocuparam estes países que, durante a Guerra Fria, passaram a ser regidos conforme os ditames de Moscou, incluindo os países bálticos e a Alemanha Oriental. Então, o primeiro ministro britânico, W. Churchill, batizou esta fronteira que separava o bloco ocidental do comunista, de "Cortina de Ferro".


Nacos do território alemão anexado por alguns aliados. http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12308&revista_caderno=16

A Alemanha perdeu um terço do território, principalmente a leste, com grande parte da Prússia entregue à Polônia, deixando a província oriental isolada entre este país e a Lituânia, a quem também cedeu a Memelgebiet. Em rosa claro, territórios ocupados pelos aliados, em rosa chá, Alsácia e Lorena para França, em rosa salmão, para a Polônia e Tchecoeslováquia. Acima da Prússia, a região do Memel para a Lituânia. Além disso a Renânia seria desmilitarizada e o Sarre anexado, ambos devido às minas de carvão, além da gigantesca Siderúrgica de Völklinger Hütte, a maior da época.
Um detalhe raramente mencionado, é o fato de que, após a Guerra dos Trinta Anos (1618-1638), esta fatídica região da Alsácia e Lorena fora anexada pela França absolutista do Sacro Império Romano Germânico, ratificada no Tratado de Vestfália. Fato raramente mencionado pelos historiadores e que explica que, após a Guerra Franco-Prussiana de 1870, Berlim tenha retomada as províncias para a Alemanha; mesmo aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, também com o Sarre.
Após o fim da União Soviética com perdas na fronteira oriental, gradualmente poloneses, tchecos, eslovacos e húngaros, libertos do domínio de Moscou, voltaram-se para a Europa Ocidental. Entremeios, a Iugoslávia (significa eslavos do sul) desmembrou-se e suas diversas nações tornaram-se independentes do domínio de Belgrado, ou seja, da Sérvia o que logo desencadeou guerras étnicas na Bósnia, ou seja, nos Balcãs, tal como há cem anos atrás...
Mas os antigos países do leste europeu, tornados independentes não só de direito mas também de fato, adequaram-se e aderiram à União Europeia. Multiétnicos, com Estados-nação, foram um mercado econômico, sem fronteiras e muitos já com uso da moeda única – o Euro. Desta forma, entende-se a integração de países díspares, com vários idiomas e dialetos e cuja escrita dominante é latina, mas também grega, somente na Grécia, e cirílico na Bulgária e Sérvia (não integrante da União Europeia. Interessante que, ao compararmos o mapa atual com o pós-1920, a configuração política atual ao de setenta anos antes com a diferença de que estes países foram e tem sido gradualmente integrados à União Europeia.
Ora, há meses acontece a guerra civil na Ucrânia, alguns pela autonomia da parte ocidental, com vistas a ingressarem na União Europeia, outros fiéis à "Mãe" russa. Ora, se analisarmos antigos mapas do Império Otomano, reconhecemos que aquela região do Cáucaso, dos mares Cáspio e Negro, inclusive a península da Criméia, estavam sob o domínio de Constantinopla. Lembro que a expansão russa deu-se, primeiro rumo ao leste, até a costa do Oceano Pacífico e mesmo a costa oeste do continente americano, para então expandir-se para o sudoeste e oeste de seu território, integrado com extensas ferrovias.
No século XVII, o Reino Lituano-Polonês expandiu-se rumo ao sudeste russo rumo ao Mar Negro, importante rota comercial, justamente na atual região ocidental da Ucrânia. E, ao contrapormos os domínios russo e austríaco, percebemos que o Império Austro-Húngaro se estendia de suas antigas fronteiras com Suíça, Alemanha, Itália e Império Otomano até a região que hoje abarca a Ucrânia Ocidental. Na época a região que hoje abarca a Ucrânia Oriental, foram incorporada ao Império Russo. Após o fim a Grande Guerra, a Polônia lutou contra a Rússia para expandir seu território a leste enquanto a Ucrânia, chegou a se tornar um Estado independente que logo foi reincorporado pelo Exército Vermelho.
Após o fim da Guerra Fria com a desintegração parcial do Império Soviético, a Bielo-Rússia, Moldávia, Galícia e Ucrânia foram fundadas independentes da Federação Russa mas, economicamente, integrantes da Comunidade (econômica) dos Estados Independentes – a CEI.
Embora a imprensa destaque a violência dos conflitos na Ucrânia, os jornalistas carecem de conhecimento histórico e geográfico – simplesmente repetem as versões das grandes Agências de Notícias. Entendo que há uma guerra civil entre descendentes de parte da nação que integrava o Império Russo – ortodoxo e asiático, e a outra, voltada para a o ocidente do Império Austro-Húngaro. Por outro lado, a Ucrânia é riquíssima em recursos naturais com um dos solos mais férteis do mundo, excelente para agricultura de grãos. Por ela passam gasodutos que abastecem a Europa e vastos rios a desembocarem no Mar Negro. Do outro lado desde, a região do Cáucaso é riquíssima em termos de reservas petrolíferas.
Portanto, tamanho dilema, cem anos após a deflagração da Grande Guerra, indica permanências de problemas decorrentes da fragmentação e extinção dos Impérios Centrais e também do russo. Afinal, também deve ser lembrado que ao final da Grande Guerra, os ucranianos fundaram um Estado independente retomado com violência durante a Guerra Civil russa entre o Exército Vermelho, comunista e o branco, capitalista.
Esta situação só se resolverá com a partir da divisão do Estado ucraniano conforme sua herança cultural: a leste, o russófilo e a oeste, um ocidental que quer integrar o bloco da União Europeia. A capital Kiev, berço do Principado cristão-ortodoxo, tem uma significação simbólica intensa para os russos. Entretanto está situada na região ocidental que luta pela sua emancipação da influência econômica de Moscou.


Notas:

(*) Doutora em História pelo PPGHIS da UFF e professora de História Moderna e Contemporânea na Universidade Estadual de Londrina – email: [email protected]
Autora dos livros "Francesco Guicciardini: o renascimento da História" e do livro referido acima, além de diversos capítulos de livro, artigos, anais. Em 2013, abriu os sites http://www.riogermans.com/ para o Ano da Alemanha no Brasil. Power points meus e dos melhores seminários apresentados por alunos também estão disponíveis na plataforma do Slide Share: http://pt.slideshare.net/sylvialenz/edit_my_uploads.


Referências Bibliográficas:

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FOLLLET, Ken. Queda de Gigantes. Trad. Fernanda Abreu. 1ª. Ed. São Paulo: Arqueiro, 2010.
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