Possibilidades de integração entre televisão e gadgets móveis: a segunda tela

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Possibilidades de integração entre televisão e gadgets móveis: a segunda tela Dra. Rita de Cássia Romeiro Paulino Marina Lisboa Empinotti Natália Porto Até poucos anos atrás, a televisão temia perder público para a internet. Mas esse pensamento foi rapidamente ultrapassado e hoje se acredita no crescimento do público de ambas as mídias. Os televisores do futuro seguirão a tendência das plataformas mais recentes, como os smartphones, e serão uma central de convergência, reunindo diversas funções e integrando diversos aparatos de comunicação. A expressão mais recente, ainda muito incipiente, da convergência centralizada na TV é o fenômeno chamado second screen – do inglês, segunda tela, que usa smartphones, tablets, netbooks e tecnologias móveis para extender o conteúdo apresentado na telona. A intenção é adaptar a televisão para os novos modos de consumo que estão nascendo, e que vão transformar toda a área, inclusive a mudança do broadcast atual para uma transmissão feita pela internet. O

cenário

que

se

aproxima

demanda

muito

mais

interatividade:

compartilhamento, voto, compra, recomendação, tudo feito enquanto se assiste à TV com gadgets nas mãos. É o que quer o público e o que se previa para o Jornalismo 3.0, descrito por Luciana Mielniczuk (2003). No lugar da anterior decidibilidade, na qual o usuário controla somente o processo de leitura, surge a interatividade implausível, e já se pode alterar a leitura do produto de modo definitivo, inclusive para os próximos usuários. A televisão não eliminou o rádio; a internet não enterrou o impresso. As novas mídias não sucateiam as anteriores, apenas as reconfiguram. É isso que vamos observar na televisão dos próximos anos.

Dados de consumo Pesquisa conduzida pelo ConsumerLab1, da Ericsson, mostrou que 68% das pessoas gostaria de ter acesso a todo o conteúdo de TV e vídeo em vários dispositivos, ou seja, assistir ao mesmo programa também por tablet e smartphone, por exemplo. Os dados refletem uma mudança no cotidiano, mais agitado, que demanda formas de se informar nas horas e locais possíveis, não somente em frente à TV, na hora destinada pela grade da emissora. O ComsumerLab revelou que 62% dos entrevistados no mesmo estudo acham que o jeito tradicional de assistir TV, com horário determinado pelas operadoras, não está mais em linha com sua rotina.  Querem maneiras para conseguir assistir a seus programas favoritos seguindo sua própria agenda – e esta pode ser uma das funções dos gadgets móveis integrados à televisão. A second screen é uma primeira tentativa de união, que deve ser cada vez mais próxima, de acordo com a penetração dos dispositivos no mercado. Se hoje usamos as telinhas de modo secundário, a partir do contato com a TV, em breve o controle remoto pode passar para as telinhas, invertendo a ordem de uso. A difusão de smartphones no Brasil está muito abaixo da média mundial de 48%, apesar de crescer rapidamente: passou de 9% em 2011 para 18% em 20122. Os números melhoram quando consideramos apenas as pessoas que acessam a internet: 44%. O quadro para tablets é ainda mais desigual. Os tablets passaram de 1%, em 2011, para 5%, em 2012, contra a média mundial de 24%. Entre os usuários de internet, porém, a penetração sobe para 26%, superando o índice global. Quando o assunto são as horas dedicadas diariamente ao uso dos aparelhos, no entanto, os dados brasileiros ultrapassam a média mundial. Com smartphones, o

                                                                                                                1  O estudo realizou 15 mil entrevistas online em 15 mercados diferentes, incluindo o Brasil.   2  Dados

de pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência e pela Worldwide Independent Network of Market Research (WIN). A pesquisa foi realizada entre 21 de novembro e 7 de dezembro de 2012, com mil internautas brasileiros acima de 16 anos. No mundo, foi realizada em 54 países, totalizando 54.121 entrevistas.

 

brasileiro gasta 84 minutos diários, acima dos 74 minutos globalmente. Para tablets, o gasto nacional é de 79 minutos, acima dos 71 minutos do resto do mundo. É um cenário otimista para a consolidação da second screen. Ainda mais considerando as vendas dos tablets decolando. Relatório da consultoria IDC e da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostraram que a venda dos aparelhos cresceu 164% no primeiro trimestre de 2013, em comparação ao mesmo período de 2012. Foram vendidas 1,3 milhão de unidades.

Second screen no Brasil Esperava-se que a TV Digital trouxesse novas experiências na televisão, mas a falta de padronização da tecnologia fez com que a prometida interação migrasse para tablets e celulares. Hoje 43% dos brasileiros com conexão à internet navegam na web enquanto assistem à TV. Desses, 70% buscam mais informações sobre o que estão vendo e 80% mudam de canal ou assistem a determinados programas motivados pelas informações colhidas na rede, segundo pesquisa do Ibope3. O fenômeno da segunda tela não somente enriquece a experiência televisiva do usuário, mas serve como termômetro para saber a popularidade dos programas. Empresas começam a coletar e cruzar dados do que já acontecia nas redes sociais – comentar programas de TV – para determinar se o conteúdo agrada e até para planejar novos programas. É a possibilidade de levar a multimidialidade à televisão. Permitir, como define Palacios (2003), a convergência da imagem televisiva com textos, infográficos, fotos e demais formas de transmissão de conteúdo para reforçar a mensagem jornalística. O Ibope ainda engatinha nos estudos sobre a influência da internet na televisão e vice-versa, mas já se estima que a partir de 17 pontos de audiência, cada 5 mil tuítes adicionais sobre um programa geram um novo ponto de audiência4. O SocialGuide5 aponta que o total de audiência de um programa é 50 vezes maior do que os tweets                                                                                                                 3  Pesquisa feita pelo Ibope e pela Qual Canal, startup que analisa comentários sobre programas de TV no Twitter.   4  Dados disponíveis em Acesso em 20/12/2013.   5  Ferramenta de análise da Nielsen  

gerados sobre ele. Se mil tweets foram feitos, 50 mil pessoas estão assistindo ao programa. Neste ano, a final da Copa das Confederações foi o tema que gerou mais mensagens por minute na rede. A maior parte dos comentários é feita por meio de celular, seguido pelo tablet; só depois vem o computador. Quanto às redes sociais, o Twitter lidera, seguido pelo Facebook. Apps desenvolvidos especialmente para esta finalidade ainda não têm dados significativos. A Copa das Confederações 2013 foi a primeira grande experiência em TV aberta brasileira, feita pela Band. Através do aplicativo Segunda Tela da Band, compatível com qualquer sistema operacional, podia-se acessar estatísticas, curiosidades, biografias e games exclusivos para a second screen. O que acontecia na TV tinha uma extensão para o usuário, sem que fosse preciso abrir o aplicativo e procurar pelo conteúdo. No momento do gol, por exemplo, era possível dar a nota para o jogador a marcá-lo. Antes da Copa, no entanto, outras tentativas realizadas na TV brasileira também merecem destaque. A série “Hannibal” utilizou os recursos da segunda tela para trazer informações extras em tempo real. Enquanto se assistia ao seriado, chegavam imagens de bastidores de cenas, relações entre os personagens e curiosidades sobre o ator que aparecia no momento. O aplicativo também permitia integração com redes sociais. O Jornal da Cultura, desde março de 2013, deve ser lembrado como integração das telas num programa de jornalismo. O acesso à ferramenta era feito pelo site do JC, e não por aplicativos próprios para a second screen. Second screen pelo mundo Os Estados Unidos lideram as experiências de integração das telas. O ultimo relatório da Nielsen6 mostrou que 75% dos usuários de smartphones e tablets utilizam formas de second screen todos os meses. Metade desses usuários faz isso todos os dias – o que dá quase 50 milhões de pessoas. E a segunda tela não está restrita apenas à televisão. Nos cinemas norteamericanos já foram feitas tentativas de integrar gadgets às sessões                                                                                                                 6  Divulgado em novembro de 2013. Disponível em < http://www.nielsen.com/us/en/newswire/2013/nielsen-tv-second-screen-use-is-a-boon-for-tvadvertisers.html> Acesso em 20/12/2013.  

cinematográficas. O pioneirismo é da Disney, na reexibição do filme "A Pequena Sereia", de 1989. As pessoas levavam seus iPads (por enquanto os únicos modelos compatíveis) para interagir com a apresentação, receber informações adicionais e competir com outros espectadores em jogos. O aplicativo gratuito usa o microfone do tablet para capturar os sons do filme e apresentar as informações e brincadeiras nos momentos exatos em que acontecem na telona. Outro filme da empresa que ofereceu a experiência foi o “The night before christmas”. A Disney aposta forte na second screen inclusive para DVDs e Blu-rays. Filmes como "Gigantes de Aço", "Tron: O Legado" e o "Rei Leão" têm conteúdo para gadgets disponíveis.

TJ UFSC – primeira experiência de integração no Jornalismo da UFSC No primeiro semestre de 2013, a aluna Natalia Porto criou, como trabalho da disciplina Webdesign Avançado, ministrada pela professora Rita Paulino, no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, um arquivo para tablets do telejornal diário da Universidade, o TJ UFSC. A experiência ainda não se caracteriza como second screen, mas é um passo inicial na expansão do conteúdo televisivo, contribuindo principalmente para a memória do programa. O TJ UFSC é um telejornal produzido exclusivamente por estudantes de graduação em Jornalismo e que recebe, eventualmente, notícias e materiais de outras universidades estabelecendo desde os primeiros programas, uma rede de produção e exibição de materiais universitários. Os projetos de extensão (Produção televisiva: programas e programação para a tevê UFSC – ano II; Telejornal Digital: Conexão UFSC) que dão origem ao programa visam proporcionar a regularidade, o cotidiano e a prática diária da produção telejornalística aos estudantes, colocando-os no enfrentamento de questões como o trabalho em equipe, a rapidez e o cumprimento de horários bem como com a noção dos critérios de noticiabilidade na televisão. Tais preceitos são trabalhados diariamente e abrem espaço para novas possibilidades visto que os alunos têm a liberdade para experimentar e definir cada edição do telejornal. O objetivo é informar o público-alvo que é a comunidade universitária e manter o interesse dos alunos da instituição nas notícias do programa. A iniciativa é pioneira visto que são raros os cursos de jornalismo no Brasil que possuem telejornais de

exibição regular diária, uma vez que, em sua maioria, a produção em telejornalismo costuma ser apenas um espaço para aprendizado teórico, sem regularidade prática. Na experiência de produção do programa, os bolsistas de extensão e os voluntários enfrentam uma rotina diária de telejornalismo, sendo responsáveis por todas as etapas de produção, desde a elaboração das pautas até a transmissão do telejornal ao vivo, no horário fixo de segunda a sexta-feira, as 17h30. Para operacionalizar, os estudantes criaram uma hierarquia de funções tal qual a das redações dos telejornais tradicionais, mas também estabeleceram uma troca de atividades, tendo a oportunidade de executar diferentes funções nas edições, podem ser pauteiros, repórteres, cinegrafistas, editores, diretores de imagem, controladores de áudio e câmeras de estúdio. Muitas vezes os alunos são verdadeiros videorrepórteres e ficam responsáveis, sozinhos, pela produção de uma reportagem completa. Além de aprender as técnicas e treinar habilidades, os estudantes procuram produzir jornalismo de qualidade e informar a quem os assiste. A maior parte do público do TJ UFSC é formada por universitários, e o telejornal é pautado por notícias relacionadas à UFSC e redondezas, além de outras universidades e da cidade de Florianópolis. [...] o jornal-laboratório é um veículo que deve ser feito a partir de um conjunto de técnicas específicas para um público também específico, com base em pesquisas sistemáticas em todos os âmbitos, o que inclui a experimentação constante de novas formas de linguagem, conteúdo e apresentação gráfica. (LOPES, 1989, p.50). Criar uma identidade e desenvolver uma nova linguagem em telejornalismo são também, objetivos do TJ UFSC. Isto porque, diferentemente do telejornal exibido diariamente nas emissoras comerciais ou no mercado profissional, o telejornal universitário é um espaço aberto ao treinamento e a experimentação de novas propostas produtivas. (BRASIL; EMERIM, 2011)

Qualquer pessoa que tenha acesso à internet pode assistir ao jornal. O Laboratório de Telejornalismo da UFSC gera um link de transmissão ao vivo através do sistema de Stream da Universidade. As pessoas também podem acompanhar as atualizações do TJ UFSC no Facebook, ver teasers, chamadas para os próximos telejornais e assistir aos TJs anteriores, disponíveis em um canal do Youtube. Depois da transmissão e postagem, os telejornais e as reportagens são compartilhados entre grupos de amigos. Segundo Nogueira (2005), essas ferramentas da Internet oferecem dispositivos capazes de fazer a informação em vídeo circular pelo espaço navegável. Em outras palavras, permitem que o material produzido transite pelo ciberespaço, seja através de emails que os próprios usuários trocam entre si ou nos boletins periódicos que o veículo envia aos usuários cadastrados. Esta prática transforma a notícia audiovisual em um produto dinâmico que vai até o usuário. Enquanto que na TV aberta em presença online e na webtv, a notícia fica estática no banco de dados e o usuário é que precisa ir até lá para acessá-la. (NOGUEIRA, 2005, p.91-92) O telejornal, que vem sendo produzido desde o dia 19 de abril de 2012, obteve divulgação nas redes sociais e nas da própria universidade e o canal do TJ UFSC no Youtube alcançou quase sete mil visualizações nas trinta primeiras edições. Para completar, o TJ UFSC está exibindo, desde o dia 15 de maio de 2012, matérias enviadas por estudantes de jornalismo de outras instituições de ensino, estabelecendo uma rede de notícias produzidas por alunos em diferentes universidades com o objetivo de trocar material jornalístico e integrar produções universitárias de vários locais do Brasil em um mesmo telejornal. A experiência realizada pela aluna é baseada em uma pesquisa exploratória, que nesse caso visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a tornálo explícito ou a construir hipóteses e pressupostos. Esse tipo de pesquisa envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas em relação ao problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. A metodologia escolhida é a abordagem do Estudo de Caso sobre a plataforma para tablets do telejornal. Segundo Yin (2005, p.32), um estudo de caso “investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando

os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. O autor ainda apresenta três situações nas quais este estudo é indicado. Entre as situações está o fato de o caso ser extremo ou único, além de testar uma hipótese ou teoria explicativa. Nesse parâmetro se enquadra a criação da plataforma do TJ UFSC. Além de testar a teoria de criação de interface na disciplina de WebDesign Avançado, é a primeira tentativa realizada para o telejornal diário. Uma característica da metodologia aplicada é a ênfase em compreender o que está acontecendo a partir da perspectiva do participante ou dos participantes do estudo, como é o caso estudado neste presente artigo. Esse tipo de pesquisa é preferível quando questões do tipo “como” ou “por que” são apresentadas e quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso A pesquisa começou a partir de aulas expositivas sobre as interfaces confeccionadas para tablets e aulas práticas sobre os procedimentos básicos para criar slideshows, botões (ver mais), barra de rolagem para o texto, animações e todos os artifícios de interatividades previstos pelo programa Indesign 5.5/6.0 da Adobe. Com o conhecimento das ferramentas oferecidas pelo software e de outros exercícios de montagem de revistas eletrônicas para veiculação na plataforma, iniciou-se a construção do boneco para a versão em tablet do TJ UFSC: o Telejornal Diário da Universidade Federal de Santa Catarina. Primeiramente houve a captação do conteúdo postado no site do telejornal (também de responsabilidade da aluna Natália Porto em parceria com a bolsista do projeto Renata Bassani, no segundo semestre de 2012 para a disciplina de WebDesign), além de fotos e vídeos vinculados nos canais e páginas do TJ UFSC. Com o material em mãos, houve a escolha das cores que seriam usadas no desing das páginas, semelhantes ao logo do telejornal: vinho, azul marinho e branco. Criado o background de todas as páginas a segunda etapa foi a hierarquização dos conteúdos por página. Na capa, uma montagem com imagens em slideshow dos bastidores do telejornal. Na segunda página um manual de navegação, muito necessário tanto para os que já utilizam há bastante tempo o tablet como para os que ainda não usufruíram da tecnologia; além do expediente. Para introduzir o que é o telejornal, na terceira página

foi incorporado um vídeo de apresentação do programa assim como uma síntese do que é e como funciona o telejornal, meios de contato e páginas do veículo. Na quarta página os vídeos das edições diárias do programa em ordem do mais recente para o menos recente, totalizando cinco postagens (pelos cinco dias da semana que o telejornal vai ao ar). Nas próximas páginas assuntos relacionados aos bastidores, como a equipe responsável, os destaques das edições – em especial o vídeo produzido por três integrantes da equipe que venceu o Prêmio CNN de Telejornalismo em 2012 -, e as parcerias firmadas com outros telejornais universitários do país. Para ter mais interatividade com o usuário e um design mais clean, ou seja, com informações mais dispersas e que não confundam o público, o projeto contou com diversos botões, que quando selecionados criavam outras telas com informações complementares sobre o assunto explicitado. Caso o consumidor não queira saber mais sobre o assunto, não precisará passar o dedo no botão indicado, o que dá mais liberdade para o público-alvo (neste caso ainda mais específico, jovens principalmente da UFSC e que comprovadamente não ficam muito tempo lendo informações nas telas de computadores, celulares e tablets). Já os textos foram condensados em margens menores para se enquadrar no tamanho do iPad na posição vertical (1024x768). Pensando especificamente para o tablet, as fontes tiveram que sofrer um aumento do tamanho, de 12 pontos para 16 pontos – fora os títulos -, e consequentemente houve a necessidade de barra de rolagem para os textos caberem nas telas (artifício possível no software usado). Além dessas ferramentas, os vídeos das edições diárias produzidos foram “embedados” do canal do TJ UFSC no Youtube e poderiam ser direcionados para lá se necessário. Para a última página da plataforma o site do telejornal foi incorporado exatamente da forma como é exibido em qualquer computador. A linguagem utilizada não precisou de muita alteração porque ao contrário de muitas revistas pensadas para o impresso, os textos foram produzidos visando a Internet e contaram com as características de serem curtos, objetivos e construído por parágrafos mais independentes. Não há notícias ou longas reportagens porque o TJ UFSC é um telejornal e, portanto, sua produção é completamente audiovisual. Com a interface estruturada e montada em um só arquivo do Indesign, o próximo passo foi baixar o fólio (arquivo) para outra ferramenta da Adobe, o Folio Producer.

Através de uma conta da Adobe, você pode criar o produto para a plataforma do iPad e compartilhar gratuitamente com outros usuários. Conclusões do estudo Estamos numa era de cultura da convergência, de intenso avanço tecnológico e de uma nova lógica comunicacional, do jornalismo cibernético e 2.0 Não surpreende ainda que não estejamos prontos para lidar com suas complexidades e contradições. Temos de encontrar formas de transpor as mudanças que estão ocorrendo. Nenhum grupo consegue ditar as regras. Nenhum grupo consegue controlar o acesso e a participação. Não espere que as incertezas em torno da convergência sejam resolvidas num futuro próximo. Estamos entrando numa era de longa transição e de transformação no modo como os meios de comunicação operam. Não haverá nenhuma caixa preta mágica que colocará tudo em ordem novamente. Produtores de mídia só encontrarão a solução de seus problemas atuais readequando o relacionamento com seus consumidores. O público, que ganhou poder com as novas tecnologias e vem ocupando um espaço na intersecção entre os velhos e os novos meios de comunicação, está exigindo o direito de participar intimamente da cultura. Produtores que não conseguirem fazer as pazes com a nova cultura participativa enfrentarão uma clientela declinante e a diminuição dos lucros. As contendas e as conciliações resultantes irão definir a cultura pública do futuro (JENKINS, 2009, p.52-53) Para acompanhar as intensas mudanças que vêm acontecendo na sociedade, o jornalismo está cada vez mais informativo e ligado às novas plataformas digitais. Uma dessas novas plataformas são as revistas eletrônicas para tablets. Pensando nisso foi produzido uma interface para o TJ UFSC, o Telejornal Diário da Universidade Federal de Santa Catarina para a Internet, que é veiculado ao vivo via stream e depois postado no canal do Youtube, no site do telejornal e na rede social Facebook. Utilizando ferramentas do programa Indesign da Adobe, foram criados recursos de interatividade básicos para a plataforma como botões e redirecionamentos para outros links. Como o programa em questão é audiovisual e não havia muito texto, a maior dificuldade encontrada foi mesclar os vídeos com fotos e textos a ponto que não ficasse nem monótona a navegação, muito menos confuso para o público. Por fim, entende-se que novas pesquisas em relação à navegabilidade nos tablets são necessárias. É um mercado novo, ainda mais para os jornalistas que cada vez mais

se aproximam também do design gráfico e dos engenheiros de tecnologia da informação. O uso de botões muitas vezes atrai o público ou acaba cansado o consumidor? As cores utilizadas devem ser mais pasteis e transparentes ou vibrantes e alegres? Como expor os vídeos, no caso de telejornais, de uma forma atraente e que faça o leitor/telespectador preferir assisti-lo no tablet e não na televisão ou no computador? O que colocar de informações sobre o telejornal que agucem a curiosidade do leitor? Experiências como a da plataforma do TJ UFSC são bem-vindas ao mercado cada vez mais ansioso por novidades. E é isso que deve ser desenvolvido nos cursos de Jornalismo e Comunicação Social. Mostrar que a profissão atualmente vai além dos textos, reportagens e dos muros da redação (tanto para o impresso como para o online). A cultura dos meios de comunicação foi alterada, o consumidor é ativo como nunca antes foi visto, e o mercado está fervendo por conhecimentos especializados neste meio cibernético. Sobra, agora, para o profissional se adequar ao novo padrão comunicacional, ou melhor, de tecnologia da informação. A mídia tradicional ainda estará presente por muito tempo como parte do panorama da comunicação de massa americana. Mas ela será diferente. Os ventos da mudança varreram as suposições confortáveis que orientavam suas operações em décadas recentes. A mídia tem uma nova agenda. Quem competirá, com que produtos e para que públicos num mercado mais completo? Haverá muitos vencedores e perdedores nos processos transformatórios que agora ocorrem na indústria. Os sobreviventes serão as organizações que se adaptarem às realidades tecnológicas e econômicas. Os perdedores serão os dinossauros empresariais, grandes e pequenos, que não podem ou não querem mudar – todos os candidatos a fusões, aquisições ou simplesmente á falência. (DIZARD, 2000, p.22)

REFERÊNCIAS MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo Naweb: Uma Contribuição Para O Estudo Do Formato Da Notícia Na Escrita Hipertextual. Salvador, 2003. Disponível em < http://pt.scribd.com/doc/12769270/Jornalismo-na-web-uma-contribuicao-para-oestudo-do-formato-da-noticia-na-escrita-hipertextual>. Acesso em 20/12/2013.

PALACIOS, Marcos. Ruptura, Continuidade e Potencialização No Jornalismo Online. In: Modelos de jornalismo digital. Elias Machado, Marcos Palacios (org). Salvador: Edições GJOL: Calandra, 2003. BRASIL, Antonio; EMERIM, Cárlida. Por um modelo de análise para os telejornais universitários. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL ANÁLISE DE TELEJORNALISMO: DESAFIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS, Salvador, 2011. Disponível em Acesso em: 10 junho 2013. DIZARD Jr, Wilson. A nova mídia: a comunicação de massa na Era da Informação. Ed. Rev., Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. JENKINS, Henry. A cultura da Convergência. São Paulo: ALEPH, 2009. LOPES, Dirceu Fernandes. Jornal-laboratório: do exercício escolar ao compromisso com o público leitor. São Paulo: Summus, 1989. NOGUEIRA, Leila. O webjornalismo audiovisual: uma análise de notícias no UOL News na TV UERJ Online. 2005. 224f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Culturas Contemporâneas) - Universidade Federal da Bahia, Salvador. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.  

 

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