Possibilidades de práticas ontológicas situadas

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1 de 16 Possibilidades de práticas ontológicas situadas Ivan da Costa Marques – [email protected] Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HCTE / UFRJ) (resumo) Conhecimento confiável é hoje em dia oficialmente identificado com conhecimento científico. Além disso, uma parte imensamente sobrepujante dos fatos científicos e dos artefatos tecnológicos é produzida no Norte. Eles chegam ao Brasil em suas formas já estabilizadas (como entidades prontas) e usufruem os atributos de universalidade e neutralidade, a despeito dos resultados dos Estudos CTS (ciênciastecnologias-sociededades) das últimas décadas. A própria divulgação científica, se inadvertida, fortalece sub-repticiamente a percepção de que não faria sentido trabalhar e propor práticas ou objetos locais fora do conhecimento universal e neutro. Mesmo quando capazes de provocar espantos e controvérsias, práticas ou objetos locais fora do conhecimento dito universal e neutro estão simplesmente condenados a permanecer na categoria de “errados” uma vez que de modo geral faltam no Brasil os recursos para construir os contra-laboratórios que são o cacife necessário para participar das controvérsias ditas “propriamente científicas ou técnicas”. Nesses termos é possível estudar como as ciências ocidentais modernas restringem as opções ontológicas-científicas-políticas dos brasileiros que buscam soluções para seus problemas cotidianos através de práticas e objetos de conhecimento localmente situado. Abordo esse ponto de encontro entre os Estudos CTS e políticas públicas brasileiras a partir de alguns exemplos concretos.



Este artigo foi elaborado a partir da apresentação feita na Universidade Federal de São Carlos, por ocasião do I Seminário Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Sociedade, de 14 a 16 de junho de 2011. Agradeço aos organizadores o convite que propiciou a discussão das idéias aqui apresentadas. Publicado (com mínimas modificações) como Capítulo 4 (p. 67 a 86) de Kerbauy, Andrade, Hayashi “Ciência, Tecnologia e Sociedade no Brasil”, Alínea Editora, Campinas, SP, 2012.

2 de 16 Introdução: conhecimento confiável = conhecimento científico A partir da construção do mundo moderno, nos últimos séculos os argumentos científicos ganharam espaço e legitimidade incontestáveis, pelo menos no senso comum. Ganharam, em suma, o poder de uma autoridade dita “universal”, “neutra” e mesmo “objetiva,” em contraposição a outros conhecimentos que são com desvantagem classificados como “locais”, “interessados” e “subjetivos”. A universalidade, a neutralidade e a objetividade vêm do Norte Uma parte imensamente sobrepujante das leis e dos fatos científicos e dos artefatos tecnológicos é produzida no “Norte.” Eles chegam ao Brasil em suas formas já estabilizadas (como entidades prontas) e usufruem os atributos de universalidade, neutralidade e objetividade, a despeito dos resultados dos Estudos CTS (ciênciastecnologias-sociededades)1 das últimas décadas. O modelo de difusão: descoberta na Natureza e impacto na Sociedade A epistemologia das correntes dominantes se alia à noção de impacto, de forte apelo mecanicista, e coloca em cena o modelo de difusão (Latour, 1998) dos artefatos científicos e tecnológicos. Essa epistemologia congrega estudos sobre o saber que entendem o conhecimento da ciência moderna a partir de um mundo-da-vida2 dividido entre Natureza e Sociedade como partes ou mundos que, no que tange a adquirir conhecimento sobre eles, não se tocam. Nesse catecismo moderno não se deve misturar aprender sobre a Natureza (ciências naturais) com aprender sobre a Sociedade (ciências humanas e sociais). Por exemplo, conhecimentos sobre átomos nada têm a ver com conhecimentos sobre direitos ou deveres.3 Essa mesma epistemologia dominante adota o modelo de difusão que afirma que as descobertas (invenções) que acontecem no mundo da Natureza atravessam o espaço esvaziado entre a Natureza e a Sociedade e alcançam esta última causando impactos. Nessa maneira de saber (e viver), os objetos ou entidades técnico-científicas, sejam elas fatos e leis científicas ou artefatos tecnológicos, chegam à Sociedade, ou ao mundo social, com (opções4 de) formas determinadas e provenientes de um outro mundo, do 1

No “Norte” esse campo, grosso modo, é denominado Science and Technology Studies (STS).. Tomando emprestada a expressão de (Husserl, (1954/1970)) 3 Para uma descrição que contesta essa afirmação, ver (Latour, 1989 (1996)) 4 No caso dos artefatos tecnológicos a convivência de formas diferentes e mesmo a opção entre elas apresentam-se como algo esperado, tolerável ou até desejável, vinculado à competição entre produtos 2

3 de 16 mundo da Natureza, do mundo das coisas-em-si, coisas ou objetos que possuem essências independentes das questões dos homens-entre-si. Estes objetos, que são produções das ciências e tecnologias (ou, em expressão mais recente, produções das tecnociências), então causam, por definição no modelo de difusão, impacto no seu encontro com a Sociedade que passa a fazer uso deles. A palavra impacto, aparecendo freqüentemente nos títulos de artigos, livros, cursos, documentários e conferências, reforça a imagem de algo que chega pronto, modifica e, de maneira muitas vezes um tanto sub-reptícia mas drástica, perturba o ambiente que adentra, robustecendo a presença, consciente ou não, do modelo de difusão. Segundo este modelo ou modo de pensar (e agir), os artefatos técnico-científicos chegam aos humanos com formas que estão determinadas a priori no mundo da Natureza. Eles obedecem leis, tais como a lei da gravidade, não-humanas, universais e neutras, fora do bem e do mal, fora da história. Assim, no modelo de difusão, as entidades construídas pela tecnociência (leis e fatos científicos e artefatos tecnológicos) chegam à Sociedade com formas naturalizadas. Ou seja, nessa epistemologia (e também ontologia), os fatos científicos e artefatos tecnológicos já estão a priori determinados no mundo da Natureza e de lá provêm após serem descobertos. E daí decorre que o máximo que a Sociedade pode fazer a respeito deles é construir critérios éticos para a sua utilização, uma vez que “a mesma ciência que faz os (bons) remédios faz a (má) guerra bacteriológica”. Na base do modelo de difusão, junto com a noção de descoberta, está a idéia de que a ciência descobre as formas naturais antes desconhecidas mas que já “estavam lá” presentes, determinadas, independentemente do observador. Além disso o modelo de difusão enseja também uma separação entre ciência e tecnologia, entre o conhecimento científico e sua aplicação. O modelo de difusão: absolutismo X relativismos No modelo de difusão a inegável eficácia e a confiabilidade do conhecimento científico entram em cena e difundem-se associadas ao absolutismo do conhecimento científico em oposição aos relativismos com que outras correntes, por exemplo muitas diferentes cujos mercados coincidem (gilete e o barbeador elétrico). No caso das leis e fatos científicos a competição entre formas diferentes candidatas a fazer parte da Natureza (proposições concorrentes) é geralmente vista com algo temporário a ser tratado pelos cientistas, associado a uma controvérsia à espera de ser resolvida ou abandonada em uma “mudança de paradigma” ou “revolução científica” (ver (Kuhn, 1992)). Muitas vezes, mas nem sempre, uma das proposições não resistirá aos “testes de realidade” na comparação com as formas pré-existentes na Natureza – seria dito.

4 de 16 daquelas associadas aos Estudos CTS (ciências-tecnologias-sociedades), abordam os conhecimentos científicos. Esta trilha absolutismo X relativismos é uma trilha muito imbricada à filosofia, trilha em que não vamos persistir muito aqui, embora seja importante apontá-la devido aos debates a que ela conduz. Conforme observa Michael Lynch, Karl Mannheim, um autor considerado precursor dos Estudos CTS, já tinha o cuidado de distinguir e qualificar o tipo de relativismo que tinha em mente ao denominá-lo relacionismo: Mannheim distinguia a sociologia do conhecimento5 de uma posição relativista dizendo que o relativismo retém um padrão absolutista de avaliação quando confunde o insight que “todo conhecimento é relativo à posição do conhecedor” com a conclusão que “toda reivindicação de conhecimento deve ser duvidada.” (Lynch, 1993:44) Embora ele continue até hoje dominante e muito presente na atividade de “divulgação científica,” a sustentação do modelo de difusão se enfraqueceu quando, desde as primeiras décadas do século XX, ficou cada vez mais difícil negar que os objetos e fatos técnico-científicos envolviam uma construção. Surgiram inclusive, marcadamente na segunda metade do século XX aqueles que, pode-se dizer, foram para o extremo oposto, isto é, deixaram o determinismo técnico-científico para abraçar o chamado construtivismo social. Muitas correntes dos movimentos pós-modernistas passaram a afirmar que a ciência seria pura construção social, mero discurso, um constructo da linguagem – para elas, tudo seria resolvido na esfera dos homens-entresi, a Natureza seria uma conseqüência exclusiva das relações entre os humanos. Nem lá nem cá Os Estudos CTS em geral , e marcadamente a Teoria Ator-Rede (TAR)6, ao desfazer a grande divisão entre Natureza e Sociedade que o catecismo moderno prega a todos os povos, se distancia tanto do determinismo técnico-científico quanto do construtivismo

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Pode-se dizer, Estudos CTS. A assim chamada “teoria ator-rede (TAR)” (em inglês “actor-network theory (ANT)”) não é encontrada em uma única forma, mas tem raízes nos trabalhos de Michel Callon, John Law e Bruno Latour. Trata-se de uma abordagem minimalista, radicalmente materialista e ontológica, para descrever um mundo em fluxo permanente (um mundo de verbos) onde todas as entidades (os substantivos, os actantes) se configuram / são configuradas a partir de relações que se estabilizam provisionalmente. Ver, por exemplo, (Law e Hassard, 1999) ou (Latour, 2005) ou ainda, em espanhol, (Latour, 2008 (2005)). 6

5 de 16 social. Enxergando a realidade como constituída por “redes”7 e adotando uma concepção minimalista e reflexiva de redes como justaposições ou relações de elementos (ou entidades) heterogêneos que por sua vez são também justaposições ou relações de elementos heterogêneos, a TAR situa-se fora das duas correntes acima (determinismo técnico e construtivismo social). Para a TAR, “as redes são ao mesmo tempo reais como a natureza, narradas como o discurso e coletivas como a sociedade.” (Latour, 1994:12) A TAR problematiza, desloca, desfaz e refaz, ou não, as fronteiras hoje naturalizadas (tidas como formas pré-existentes) entre não só as ciências naturais (física, química, biologia e também a matemática) e as ciências humanas e sociais, mas também entre ciência pura ou básica e ciência aplicada ou tecnologia, entre objeto e sujeito, entre mente e corpo, entre humano e não humano. Além de adotar uma ontologia relacional,8 a TAR estabelece um compromisso radical com a materialidade ao mesmo tempo que enxerga um mundo que se atua sem formas pré-definidas e em fluxo permanente. Tudo se desloca, se faz e se desfaz em movimento e não há mais uma separação entre Natureza e Sociedade. Mais rigorosamente não há mais Natureza e Sociedade, como entidades não situadas e que não sejam efeitos de resolução de controvérsias. Enquanto houver controvérsias, naquele ponto espaço-tempo controvertido, Natureza e Sociedade não estão delineadas. Com mais rigor não se poderia dizer que ali Natureza e Sociedade se misturam, pois ali Natureza e Sociedade não são entidades, não têm forma, não foram batizadas. Controvérsias, fatos, ficções e contra-laboratórios Quase sempre, uma controvérsia surge quando uma proposição entra em cena. Uma proposição é o enunciado de uma rede, de uma certa disposição que justapõe elementos materiais (coisas, narrativas e pessoas) heterogêneos. Uma proposição tem sempre definidos seu espaço e seu tempo. Ou a disposição (tácita ou explícita) de elementos heterogêneos proposta pela proposição se torna estável, perdura, mantémse (sempre de maneira aproximada pois estamos em um mundo em fluxo 7

Cabe observar que o uso da palavra “rede” pela teoria ator-rede não remete às suas designações mais comumente encontradas, sejam elas uma rede telefônica, a Internet ou uma rede de vendas ou de assistência ou distribuição de produtos. Ver, por exemplo, (Latour, 2005). 8 As entidades se configuram como relações de elementos materiais heterogêneos. Para uma discussão ver (Latour, Harman et al., 2011).

6 de 16 permanente), resolvem-se as controvérsias associadas à proposição e ela se torna um fato, obdura, ou a disposição de elementos que ela propõe não resiste, a rede anunciada se rompe e a proposição desfaz-se em ficção. Ao se deslocarem no espaço e no tempo, conformando-se como fato ou ficção, as proposições se modificam, elas são traduzidas-transladadas. Mediante traduções-translações as controvérsias são resolvidas sempre localmente, mediante negociações, acordos ou desistências, de modo que, ao resolverem-se as controvérsias, os fatos resultantes não são os mesmos, não são independentes do lugar e da época (espaço e tempo). Não há fatos universais e neutros. Uma proposição tecno-científica também se submete ao risco das controvérsias e pode dissolver-se em ficção se elas não são resolvidas. A parte imensamente sobrepujante de fatos científicos e artefatos tecnológicos que encontramos provêm do Norte e de lá vêm já estabilizados, isto é, com as controvérsias que lá suscitaram já resolvidas, e resolvidas através de negociações, acordos ou desistências que aconteceram lá e são portanto locais e situadas naqueles espaços e tempos lá do Norte. No caso de fatos e artefatos tecno-científicos, a participação de laboratórios é crucial. Usualmente uma controvérsia decorre de dúvidas e dificuldades que ameaçam a consistência ou alguma outra qualidade da proposição. Para se contrapor e fazer frente a uma proposição de um laboratório é preciso ter um contra-laboratório no mínimo equivalente. O ponto a ser destacado aqui é que no Brasil usualmente não dispomos de laboratórios capazes de enunciar controvérsias que desestabilizem as leis, fatos e artefatos tecno-científicos que nos chegam estabilizados nos espaços e tempos do Norte. Assim nossa tendência (uma tendência que a divulgação científica, se inadvertida, tende a aumentar) a aceitálos como fatos universais e neutros talvez seja ainda maior do que no Norte onde se deu o processo de estabilização. Sem contra-laboratórios, as práticas ou objetos locais que se contrapõem ao conhecimento dito universal e neutro, mesmo quando capazes de provocar espantos e resultados, não chegam a configurar controvérsias ditas tecnocientíficas. Pelo menos em parte, na ótica do modelo de difusão, esses conhecimentos brasileiros estão simplesmente condenados a permanecer na categoria de “errados” uma vez que de modo geral faltam no Brasil os recursos para construir os contra-

7 de 16 laboratórios que são o cacife necessário para participar das controvérsias ditas “propriamente científicas ou técnicas”. 9 Adeus à universalidade e à neutralidade Ao se deslocarem de mão em mão, no espaço e no tempo, os fatos e os artefatos não são os mesmos: por exemplo, do ponto de vista da TAR, assim como o fordismo não foi o mesmo em Detroit e em São Paulo, o carro também é diferente. A TAR define o carro pelo que ele faz, por suas ações e o carro nunca não age isolado. O carro age sempre junto com uma estrada, um combustível, um motorista. Mas as estradas brasileiras são muito diferentes das estradas americanas, e então o carro já não percorre as mesmas distâncias nas mesmas condições de velocidade, conforto e desgaste, a suspensão terá que ser modificada; no Brasil a gasolina tem uma porcentagem de álcool e isto exige diferenças no motor; os hábitos de direção dos motoristas são bem diferentes como qualquer turista percebe e isto faz com que haja diferenças de segurança (e nas apólices de seguro!) entre carros em Detroit e em São Paulo. Também os operários e gerentes “fazem diferente” nos dois lugares e o produto resultante por aí se diferencia. A lista de diferenças pode ser estendida em um universo aberto. Somente para o modelo de difusão, que considera que formas isoladas e estáveis atravessam um espaço vazio e misterioso entre Natureza e Sociedade, torna-se pensável o mesmo carro em Detroit e São Paulo. Mais ainda, os fatos são negociados. É justamente por isto que certas proposições se tornam fato em alguns lugares e ficção em outros, pois as redes se estabilizam sempre localmente. E quando os fatos são os mesmos? Eles só serão os mesmos para quem /o que estiver na mesma rede. “A forma da molécula do DNA é uma dupla hélice” (Latour, 1998) só será fato em determinada justaposição de elementos heterogêneos e na medida em que se consiga reproduzir esta justaposição de forma ampla. Isto é justamente o que visa o trabalho, chamado de “purificação”, geralmente mais concentrado em determinados lugares como laboratórios, tribunais e centros de cálculo. Modelo de difusão como modelo exclusivo no Brasil: até quando? 9

Um exemplo dessa dificuldade que os conhecimentos e práticas locais enfrentam quando tentam ganhar apoio oficial é o caso do programa alimentar “Multimistura” da Dra. Clara Brandão, que pelo menos até 2010 não havia logrado montar um contra-laboratório que colocasse em cena uma controvérsia frente aos resultados que os nutricionistas obtinham em aparelhos de medida de nutrientes. Para mais detalhes ver, por exemplo, (Marques e Dias, 2008) e (Velho e Velho, 2002).

8 de 16 O modelo de difusão faz hoje parte do senso comum (que, como alguém já observou, é diferente do bom senso). Isto não impede que, já que ele próprio é uma proposição candidata a fato, o modelo de difusão seja traduzido-transladado para diversas partes do globo suscitando controvérsias de diferentes nuanças e conseqüências. De certa forma, para países ou regiões onde a tecnologia é tradicionalmente importada, como é o caso do Brasil, os fatos e artefatos da tecnociência – principalmente aqueles cuja origem se vê concentrada em grandes laboratórios que desempenham longas cadeias operações de separação, construindo a fronteira que dá às esferas Natureza e Sociedade a condição de entidades purificadas – são apresentados com algum retardo em relação aos países que os exportam após terem lá atingido formas estáveis e mesmo padronizadas. Isso torna mais fácil enxergar a sua adoção como resultado da difusão de algo que já vem pronto do que como a tradução-translação de algo que, ao ser adotado no Brasil, se transforma. Por assim dizer, nos lugares onde a sabedoria popular diz que “tecnologia é mágica importada,” o modelo de difusão aparecerá com uma carga maior de evidência do que nos lugares onde aqueles fatos e artefatos sofreram intensas traduções-translações no processo de adoção que os conduziu a suas formas mais estabilizadas. Os objetos prontos, estáveis e naturalizados que nos chegam do Norte Não é novidade que a civilização moderna, especialmente a partir do período que se denominou Revolução Industrial, fez-se acompanhar de um enorme aumento de produção e da variedade dos bens e serviços. Em seu influente Prometeu Desacorrentado, David Landes observa que “o cidadão inglês de 1750 estava mais próximo dos legionários de César, em termos de coisas materiais [ao seu redor], do que de seus próprios bisnetos” (Landes, 1994:10) É uma procissão numerosa, quase infindável, de objetos novos, entidades modernas, trazidas pelo contato com a civilização que vinha da Europa, que remonta às raízes do Brasil: não só espelhos, anzóis e machados de metal, armas de fogo, tecidos, estradas e carros, navios a vapor, ferrovias, telefones, produtos sintéticos, automóveis, aviões, televisão, computadores, telefones celulares, etc. – cobiçados frutos visíveis de um Prometeu desacorrentado, mas também outros objetos, tais como o fordismo-taylorismo, sociedades anônimas, sistema financeiro, P.I.B., toyotismo, etc. e ainda mais outros objetos, fatos e artefatos, como a lei da gravidade, campos eletro-magnéticos, partículas, vírus, estado-nação, democracia, etc.

9 de 16 Invencibilidade moderna: movimento sem retorno? Há ampla percepção de que a civilização moderna, ao entrar em contato com outras civilizações, as põe em um movimento sem retorno. Esta percepção vem não só dos europeus proponentes da modernidade, mas é percebida em muitas culturas. A inevitabilidade deste movimento está presente, por exemplo, na constatação, tão bem descrita por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, de que “somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra, .... trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil.” (Holanda, 1987, p. 3) Em estudo de influência comparável, Guillermo Bonfil Batalla escreve que “a história recente do México, a dos últimos 500 anos, é a história do enfrentamento permanente entre aqueles que pretendem orientar o país para o projeto da civilização ocidental e aqueles que resistem arraigados em formas de vida de estirpe mesoamericana”. (Batalla, 1987 (2005), p. 10) Ainda com referência ao México, (Frost, 2005, p. 271) observa, em tom de condenação, que “a solução [liberal] é incorporar ao índio o grau de civilização do resto da população do país, ou o que é o mesmo, ocidentalizá-lo, fazê-lo renegar a si mesmo.” Entre europeus e americanos, mesmo que em tons diversos, historiadores contemporâneos repetem acordes famosos de Engels e Marx ressaltando que “o hiato tecnológico tornou possível e o interesse econômico suscitou uma espetacular expansão do poder da civilização moderna nas áreas não industrializadas do mundo” e muitos não contém sua admiração escrevendo que “embora recentemente a maré de dominação imperialista tenha baixado, ela deixou sua marca indelével por onde quer que tenham rolado suas águas: todos os países não desenvolvidos do globo estão convertidos às religiões da indústria e da riqueza, com uma fé que supera a de seus mestres. Nunca, nos milhares de anos de contato entre as civilizações, uma delas desfrutou de tamanho sucesso universal.” (Landes, 1994:17) Problematizando essa admiração, Bruno Latour, em um dos mais pungentes parágrafos de Jamais Fomos Modernos afirma que “[o]s índios não estavam errados ao dizer que os brancos tinham a língua partida. Ao separar as relações de força de ordem política das relações de razão de ordem científica – mas sempre apoiando a razão sobre a força e a força sobre a razão – os modernos sempre tiveram duas cartas sob as mangas. Tornaram-se invencíveis. Você acredita que o trovão é uma divindade? A crítica irá mostrar que trata-se, neste caso, de mecanismos físicos sem influência sobre os acontecimentos do mundo humano. Você está preso em

10 de 16 uma economia tradicional? A crítica irá mostrar que os mecanismos físicos podem transtornar a evolução do mundo humano ao mobilizarem gigantescas forças produtivas. Você acredita que os espíritos dos ancestrais o prendem eternamente a suas leis? A crítica irá mostrar que os espíritos e as leis são construções sociais que você criou para si mesmo. Você pensa que pode fazer tudo e desenvolver sociedades de qualquer forma que desejar? A crítica irá mostrar que as leis ferrenhas da sociedade e da economia são muito mais inflexíveis que as dos ancestrais. Você está indignado porque o mundo está sendo mecanizado? A crítica irá falar sobre o Deus criador ao qual tudo pertence e que deu ao homem todas as coisas. Você está indignado que sociedade seja laica? A crítica irá mostrar que a espiritualidade foi libertada por este laicismo, e que uma religião completamente espiritual é bem superior. Você pensa ser religioso? A crítica irá rir de você até não poder mais. Como as outras culturas-naturezas poderiam ter resistido? Tornaramse, por contraste, pré-modernas.” (Latour, 1994, p. 43) Se os modernos tornaram-se invencíveis ao separar as relações de razão de ordem científica das relações de força de ordem política, isto é, ao (criar) e separar a Natureza (“mundo das coisas-em-si”) e Sociedade (“mundo dos homens-entre-si”), a questão relevante torna-se entender como os modernos, eles próprios, administram esta separação, isto é, com que performances os coletivos modernos mobilizam esta divisão, ou seja, por meio de que estratégias e dispositivos os modernos traduzem / transladam algumas proposições para constituirem verdades patentes, obduradas como objetos aos quais, talvez um tanto tardiamente percebemos, se aliam para tornarem-se invencíveis. Em Ciência em Ação, Bruno Latour mostra como “tornarem-se indispensáveis e obrigar todos a seguirem-nos é estratégia não só exeqüível mas prática comum” dos construtores do mundo moderno, que contam com a ajuda de aliados “[cuja] maioria não tem cara de homem nem de mulher” (Latour, 1998, p. 199) – justamente os objetos da procissão que desfilei acima. Forjando as alianças da invencibilidade: o trabalho híbrido de descoberta-invenção-construção-narração dos objetos A estratégia dos modernos é forjar a aliança com os objetos durante sua constituição, antes que as formas dos objetos estejam estabilizadas, antes que os fatos científicos e os artefatos tecnológicos tenham se estabelecido. Durante o processo de configuração dos objetos, os modernos não respeitam o divisor entre Natureza e Sociedade, atravessam esta fronteira inúmeras vezes, de lá para cá e de cá para lá, até que algum conjunto de performances adquira uma estabilidade provisional e possa ser destacada

11 de 16 do fluxo como uma forma e batizada como um objeto, momento em que deixa de aparecer como um híbrido10 para ser classificado como objeto puro e desembaraçável, pertinente à Natureza ou, alternativamente, à Sociedade.11 Isto pode acontecer, sempre temporariamente, ao final de um processo de purificação que obtém consenso e ajusta os encaixes,12 estabelecendo-se a divisão entre objetos da Natureza e objetos da Sociedade, rezando a constituição moderna que estes dois mundos não devem ser misturados. Em outras palavras, os modernos não observam a separação NaturezaSociedade na construção de seus objetos, mas fazem desta separação uma lei para a construção do conhecimento. Explicando a “invencibilidade moderna” Bruno Latour diz que ocorre com a separação entre Natureza e Sociedade13 “aproximadamente o mesmo que ocorre com aquela que distingue o judiciário do executivo. Esta última não teria como descrever os múltiplos laços, as influências cruzadas, as negociações contínuas entre juízes e políticos. No entanto, aquele que negar a eficácia desta separação estará enganado.” (Latour, 1994, p. 19) De forma um tanto apressada, “o ponto essencial da [separação moderna entre Natureza e Sociedade] é o de tornar invisível, impensável, irrepresentável o trabalho de mediação que constrói os híbridos” (Latour, 1994, p. 40) mas simultaneamente “permitir a proliferação dos híbridos cuja existência – e mesmo possibilidade – ela nega,” e que, entretanto, são apresentados ao mundo como universais puros e neutros. “Se você acreditar nos modernos e desviar sua atenção, irão aproveitar para introduzir milhares de objetos naturais no corpo social, dotando-o da solidez das coisas naturais. Se você se virar bruscamente, como na brincadeira infantil ‘batatinha frita um, dois, três!’, eles ficarão paralisados, com ar inocente, como se não tivessem se mexido: à esquerda, as coisas-em-si; à direita, a sociedade livre dos sujeitos falantes e pensantes” (Latour, 1994, p. 43)

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Juntando elementos que seriam classificados como pertencentes à Natureza com elementos que seriam classificados como pertencentes à Sociedade. 11 Observe-se que a Natureza e a Sociedade são, elas próprias, constituídas neste processo. Por exemplo, é quando se acabam as controvérsias quanto à forma da molécula do DNA que a dupla hélice passa a fazer parte da Natureza, não antes. A Natureza é resultado da solução das controvérsias científicas, não o árbitro delas como se divulga nos textos de popularização da ciência. Ver Capítulos 2 e 3 de (Latour, 1998). 12 Os laboratórios e os tribunais são locais privilegiados de recursos para levar adiante os processos de constituição e conformação dos objetos modernos. 13 Juntamente com outra separação da constituição moderna que faz nascer “um Deus suprimido, fora do jogo”. (Latour, 1994, p. 19)

12 de 16 Está aí a diferença que torna os modernos invencíveis. Os modernos constroem os fatos e os artefatos levando em conta as suas condições de vida, cruzando sem pudor a separação que eles mesmos estabelecem entre Natureza e Sociedade para apresentar os objetos assim constituídos / construídos / conformados como universais puros e neutros pertinentes à Natureza ou, alternativamente, à Sociedade, porque este dois mundos não devem ser jamais misturados. Em outras palavras, os fatos e artefatos dão a volta e concluem sub-repticiamente o truque mantendo juntas as duas pontas da língua partida dos modernos. Aliando-se aos fatos e artefatos (objetos e entidades estabilizadas), embutindo e escondendo neles todo o trabalho de mistura do técnico e do científico com o político e o social, os modernos ignoram a ruptura constitucional da modernidade ao mesmo tempo que a impõem às demais culturas14, tornando-se invencíveis. A vantagem ontológica: habitar o mundo com suas entidades Os estudos CTS das últimas décadas mostram que as decisões políticas tomadas no processo que estabelece os referenciais e enquadramentos considerados confiáveis são apagadas pois o que aparece como árbitro final das disputas, ao preponderarem os argumentos científicos, é a grande entidade coletora denominada “Natureza”.15 E os modernos convenceram-se e lograram convencer (em seu papel colonizador) muita gente mundo afora que a Natureza é uma entidade neutra e universal, que existe e tem formas próprias independentes da outra grande entidade por eles criada, a Sociedade. Ao dividir os fenômenos e entidades entre aqueles que acontecem ou existem na Natureza e aqueles que acontecem ou existem na sociedade (elétron na Natureza, estratégia de ocupação de mercado na Sociedade) os colonizadores modernos beneficiam-se duplamente: 1) ao poder fazer o divisor onde lhes parece mais adequado a partir de suas contingências locais que, no entanto, apareceram como universais e neutras ao final da divisão; 2) ao falarem eles próprios, os colonizadores modernos, em nome de uma Natureza dita universal e neutra que eles próprios criam, pois são eles que, ao longo dos últimos séculos, detiveram e acumularam os recursos16 para estabelecer as verdades científicas e colonizar o resto do mundo. E a ciência dos 14

“apoiando a razão sobre a força e a força sobre a razão” – como assinalado, processo em que se misturam ciências, tecnologias, economias, epistemologias, filosofias, leis, diplomacias e guerras. 15 Ver “O apelo (à/da) Natureza” em (Latour, 1998:155-166) 16 Tais recursos emanam dos laboratórios que, dizem, “descobrem” a Natureza, mas que os Estudos CTS das últimas décadas mostraram ser mais preciso dizer que a “criam-inventam-descrevemdescobrem” a Natureza.

13 de 16 colonizadores modernos só aceita discutir a realidade em seus próprios termos em um processo em que a razão apóia a força e a força apóia a razão. Linhas de fuga Quando não se dispões de contra-laboratórios, isto é, dos recursos para entrar na arena da construção de leis, fatos e artefatos tecno-científicos tal como eles são entendidos pelos modernos, a opção pelas linhas de fuga da ortodoxia da metafísica euroamericana17 e pela prática de uma política ontológica de construção de novos referenciais, explicitando todas as decisões que seriam “técnicas” mas que envolvem distribuição e são portanto políticas, tem mais chance de ser levada a sério. Apresento a seguir exemplos de “linhas de fuga”, propositadamente díspares e de diferentes calibres: 1. O referencial e enquadramento é uma aula de matemática no Rio de Janeiro. O professor expõe uma situação em que uma senhora atleta tinha 69 anos de idade e havia praticado natação durante um terço de sua vida. O referencial e enquadramento da aula desdobra um território onde está implícito que os alunos perguntem e concluam que a senhora atleta nadou durante 23 anos de sua vida. Mas um aluno toma uma linha de fuga do enquadramento da aula e pergunta: “quantas medalhas ela ganhou?” 2. Uma mulher pobre, residente de uma favela no Rio de Janeiro, ganha um prêmio de aproximadamente R$ 3.000,00 e uma emissora de TV em cadeia nacional vai ao seu barraco entrevistá-la. A jornalista pergunta “O que vai fazer com o dinheiro do prêmio?” A mulher responde: “Vou comprar uma televisão”. A câmera faz uma tomada circular de todo o barraco. A jornalista interpela “Mas você não tem uma geladeira!...” A mulher retruca: “Eu não preciso de geladeira para conservar o tipo de comida que eu como”. A resposta desterritorializa pré-acordos ou enquadramentos implícitos (e morais) da racionalidade relativos, no caso, às necessidades de consumo vistas das por um ângulo imediato das pessoas mais escolarizadas  (geladeira ‘deve’ vir ‘antes’ de televisão). 3. 50 anos atrás... Os empregados de uma serraria na região do Pantanal entre o Brasil e o Paraguai são todos índios. Todo ano, ao redor de novembro, é época de guavira, 17

De certa forma a educação formal ou o sistema escolar brasileiro visa imergir a população na metafísica euro-americana, ou ocidentalizá-la. Para uma apreciação precisa da relação entre a metafísica euro-americana e os Estudos CTS ver (Law, 2004).

14 de 16 uma fruta silvestre muito apreciada por eles. Sem exceção eles abandonam o trabalho para se embrenharem no mato à cata da saborosa frutinha. O gerente da serraria, genuinamente desesperado com a situação, tenta envergonhar um índio velho: “Até você, Clemêncio, índio velho, deixa o trabalho para ir para o mato catar guavira. Você não tem vergonha?” Ao que Clemêncio simplesmente responde: “Guavira acaba, trabalho nunca acaba!”, desfazendo o referencial e o enquadramento da situação feito pelo gerente. 4. Nos exemplos que seguem, apontados por Richard Morse, a fuga poderia ser obtida pela recusa em fazer “um investimento substancial em honorários para consultores de renomadas universidades estrangeiras” (Morse, 1990:194) São justamente esses acadêmicos-colonizadores, estrangeiros ou latino-americanos, os que melhor situados estão para configurar as tendências faraônicas dos colonizados em casuísmos elaborados, transformados em axiomas, necessários para engendrar a tradução da racionalidade da ciência econômica no credo eufórico do triunfalismo do colonizado: “[4.1] construir um imenso trevo de viadutos na cidade para que burocratas possam economizar dez minutos no caminho de seus escritórios, onde realizam trabalho não produtivo, é um investimento melhor do que 50 mil bicicletas para camponeses; [4.2] a escassez crônica de produtos alimentares básicos é menos importante que poder sempre adquirir uísque J&B, discos(Vivaldi e rock), aparelhos de TV a cores, fuscas e traduções de Lênin e Milton Friedman; [4.3] o dinheiro enviado de Tucson ou Los Angeles para suas famílias no país de origem é gasto de modo menos eficiente que as doações intergovernamentais filtradas por duas burocracias nacionais; [4.4] os consumidores que se deve ter em mente num país latino-americano em processo de industrialização são as elites guatemaltecas e boliviana e não os cidadãos mais pobres dos seus países.” (Morse, 1990:194) Política ontológica Acredito que o desvelamento desta aliança entre os construtores do mundo moderno e seus fatos e artefatos, ditos universais puros e neutros, gerando a “invencibilidade moderna”, tem conseqüências insólitas para a relação entre a história das ciências e os destinos da pesquisa no Brasil hoje, incluindo aí tanto as chamadas ciências naturais quanto as chamadas ciências sociais, a engenharia, o curar e o cuidar médico. A percepção de que os universais que recebemos do Norte são mais propriamente os

15 de 16 particulares de lá dos quais se apagaram os rastros das decisões e opções (indissociavelmente técnicas e políticas) que foram tomadas em sua constituição, por si só abre muito o leque de possibilidades e o espaço para que o povo brasileiro construa outras novas formas de associação, outros coletivos, outras entidades, outros objetos, outros fatos, outros artefatos, novas redes e novas organizações, que antes teriam sua entrada em cena no universo dificultada senão mesmo barrada pela polícia epistemológica do universal, do neutro e do puro. Otimismo exagerado? Não creio, pois não estou dizendo que a percepção de que “o universal é o particular no poder”, como uma vez se expressou Eduardo Viveiros de Castro, resolverá por si só a situação, mas ela aponta uma possibilidade, e é tudo o que estou dizendo. Curiosamente, autores japoneses, estudando o encontro do Japão com a modernidade no século XIX, registram que “[é] precisamente porque os japoneses não aceitaram sempre a presunção ocidental de uma relação unilinear certificando desenvolvimento progressivo e sucessão que [no Japão] o discurso sobre o moderno foi capaz de prover uma gama de sanções para tanto a resistência às exigências da razão ‘universal’ mascarando um etos imperial ocidental quanto para a rendição a ele.” (Miyoshi e Harootunian, 1989, p. xvii) Uma prática ontológica situada (política ontológica) pode parecer pouco ou filosófico, mas os Estudos CTS provêm a base teórica para que “esses descendentes daqueles negros, índios e mestiços ousem pensar que este país é uma república que deve ser dirigida pela vontade deles como seu povo que são.” (Ribeiro, 1995:247)

16 de 16 Bibliografia Batalla, G. B. México profundo - Una civilización negada. México, DF: Random House Mondadori. 1987 (2005). 250 p. Frost, E. C. Cultura mexicana y opinión política. In: R. Bartra (Ed.). Anatomía del mexicano. México, DF: Random House Mondadori, 2005. Cultura mexicana y opinión política, p.267-272 Holanda, S. B. D. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora. 1987. liv, 158 p. p. (Coleção Documentos Brasileiros; v. no. 1) Husserl, E. The crisis of European sciences and transcendental phenomenology; an introduction to phenomenological philosophy. Evanston: Northwestern University Press. (1954/1970). xliii, 405 p. p. (Northwestern University Studies in phenomenology & existential philosophy) Kuhn, T. S. A estrutura da revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva. 1992. 257 p. (Debates) Landes, D. S. Prometeu desacorrentado - transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa ocidental, desde 1750 até a nossa época. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira. 1994. 653 p. Latour, B. Joliot: a história e a física misturadas. In: M. Serres (Ed.). Elementos para uma História das Ciências. III De Pasteur ao computador. Lisboa: Terramar, 1989 (1996). Joliot: a história e a física misturadas, p.131-155 ______. Jamais fomos modermos - ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34. 1994. 152 p. ______. Ciência em Ação - Como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP. 1998. 439 p. ______. Reassembling the social: an introduction to actor-network-theory. Oxford; New York: Oxford University Press. 2005. x, 301 p. p. (Clarendon lectures in management studies) ______. Reensamblar lo social - Una introducción a la teoría del actor-red. Buenos Aires: Ediciones Manantial. 2008 (2005). 390 p. Latour, B., G. Harman, et al. The Prince and the Wolf - Latour and Harman at the LSE. Winchester, UK: Zero Books. 2011. 146 p. Law, J. After method: mess in social science research. London; New York: Routledge. 2004. viii, 188 p. p. (International library of sociology) Law, J. e J. Hassard. Actor network theory and after. Oxford [England]; Malden, MA: Blackwell/Sociological Review. 1999. 256 p. p. Lynch, M. Scientific practice and ordinary action: ethnomethodology and social studies of science. Cambridge [England]; New York: Cambridge University Press. 1993. xxi, 333 p. p. Marques, I. D. C. e L. R. Dias. O programa alimentar multimistura e limites do relativismo. 11º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. Universidade Federal Fluminense: SBHC, 2008. 1-14 p. Miyoshi, M. e H. D. Harootunian. Postmodernism and Japan. Durham: Duke University Press. 1989. xix, 302 p., [4] p. of plates p. (Post-contemporary interventions) Morse, R. M. A volta de McLuhanaíma - cinco estudos solenes e uma brincadeira séria. São Paulo: Companhia das Letras. 1990. 309 p. Velho, L. e P. Velho. A controvérsia sobre o uso de alimentação 'alternativa' no combate à subnutrição no Brasil. História Ciências Saúde MANGUINHOS, v.9, n.1, jan.-abr. 2002, p.125-157. 2002.

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