POSTER | O design participativo de materiais inclusivos para adolescentes com dificuldades intelectuais e desenvolvimentais

May 26, 2017 | Autor: Tânia Vieira | Categoria: Design, Visual Literacy, Communication Design
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O design participativo de materiais inclusivos para adolescentes com dificuldades intelectuais e desenvolvimentais professores

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DID

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RESUMO

O presente poster apresenta a investigação em curso, de natureza qualitativa e exploratória, que surge da aparente ausência de recursos digitais e analógicos adequados à idade cronológica de alunos adolescentes com Necessidades Educativas Especiais (NEE) – mais especificamente, alunos com Dificuldades Intelectuais e Desenvolvimentais (DID). A maioria dos recursos utilizados por professores e familiares para o desenvolvimento de competências (incluindo as funcionais), apresenta temas, conteúdos, formas e uma linguagem gráfica próprios para a infância. Pretende-se, através da metodologia do design participativo, a construção colaborativa de materiais inclusivos, direcionados a adolescentes com DID, que frequentem o 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico (CEB). Neste estudo participam dois Agrupamentos do distrito de Aveiro, nos quais está a ser feito um levantamento dos recursos utilizados com estes alunos, com o intuito de de proceder à análise e estudo comparativo entre os materiais existentes com os construídos. Das conclusões retiradas emergirá a proposta de uma metodologia de construção sustentável futura de materiais para este público. Tem-se assim como objetivo, investigar e apresentar um conjunto de estratégias e metodologias de apoio aos professores, aos profissionais de saúde e aos cuidadores que lhes permitam, nofuturo, a criação e adequação de materiais ajustados às idiossincrasias de alunos adolescentes com DID.

INTRODUÇÃO

Pretende-se com esta investigação desenvolver os recursos adequados às especificidades e faixa etária dos alunos com NEE, na procura de soluções que lhes permitam o desenvolvimento das suas competências. Tem-se como objetivo último, garantir a estes alunos o

Tânia Sardinha Vieira Professora Doutora Joana Quental Professora Doutora Ana Margarida Almeida DECA | Universidade de Aveiro

direito a aprendizagens significativas. Santos refere que “se promovermos a confiança da sociedade na habilidade dos nossos alunos com NEE, estes sentirão que o que fazem é impactante e valorizado, sentindo-se incluídos, não pela (in)capacidade, mas, pela habilidade” (2013:249). O sistema educativo tem procurado responder às necessidades dos alunos com NEE, mas há ainda um longo percurso a fazer – desde a implementação de projetos que promovam o princípio de uma escola inclusiva, passando pela existência de recursos e materiais qualificados e adequados. Considera-se que o design, enquanto mediador entre o programa (requisitos), a tecnologia e as pessoas, se constitui como uma disciplina capaz de interpretar e representar, de forma adequada, os conteúdos a comunicar atendendo àqueles a quem estes se destinam. Esta investigação surge, assim, do reconhecimento da desadequação das temáticas, dos conteúdos e dos materiais anteriormente referida, visando a construção participativa de materiais inclusivos, direcionados a adolescentes com DID, que frequentem o 2º e o 3º Ciclo do Ensino Básico, considerando os contextos e vivências escolares, familiares e comunitários dos mesmos. A Escola Inclusiva defende uma Escola onde a heterogeneidade é vista como algo enriquecedor, e na qual os alunos devem fazer as suas aprendizagens juntos. É neste contexto que questionamos: de que forma(s) poderão o pensamento e a prática do design inovar na conceção de um projeto inclusivo, tendo como objeto de estudo o desenho de recursos que atendam às condições e especificidades do indivíduo, incluindo a sua idade cronológica, logo respeitando a sua identidade e dignidade enquanto pessoa? Segundo Papanek, o design pode ben-

eficiar a educação de diversas formas, referindo um conjunto de elementos próprios do ensino que necessitam “urgentemente de inovações criativas e de todo um processo de reconcepção” (1995: 235). Os materiais para adolescentes com DID que nos propomos desenvolver, parte, assim, deste pressuposto.

METODOLOGIA

Para a investigação em curso, optou-se por uma abordagem qualitativa e exploratória, “menos estruturada e prédeterminada”, permitindo que o problema possa “ser formulado de uma forma muito geral, como que «emergindo» no decurso da investigação” (Coutinho, 2011:45). No decorrer do processo será definido um foco de atuação, que está ainda dependente de um conhecimento mais aprofundado da realidade destes adolescentes e do desenvolvimento deste estudo em conjunto com o grupo de alunos. Participam nesta investigação dois agrupamentos do distrito de Aveiro, o que permitirá quer a análise comparativa dos materiais existentes e utilizados pelos professores e cuidadores, quer o estabelecimento de redes inter-escolas possibilitando uma reflexão mais alargada e uma maior disseminação das práticas de design a implementar. O contacto com profissionais da área da saúde já foi iniciado, uma vez que estes agentes têm um papel fundamental no desenvolvimento destes adolescentes com NEE. As informações recolhidas, determinarão abordagens práticas, que, através do design, incidirão nos materiais para os alunos adolescentes com DID, e permitirão o desenvolvimento do desenho colaborativo dos materiais inclusivos, dando sentido à participação dos diversos agentes – adolescentes (com e sem NEE), professores, familiares e técnicos/profissionais de saúde. Desta

forma, será implementada a metodologia do design participativo, que entende os utilizadores mais como parceiros do que como alguém que reage a um sistema em desenvolvimento (Schuler and Mamoika citados por Kafai, 1999:125), compondo-se um território que permitirá a intervenção prática. Este processo será gerido pela investigadora. Assume-se, no entanto, a organicidade inerente ao projeto de um sistema, que devido à sua natureza não pode ser totalmente controlado, planeado ou projetado, pois há que ter em conta fatores latentes como o imprevisto e o desconhecido. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se com esta investigação, o desenvolvimento e a construção de materiais inclusivos adequados à idade cronológica de adolescentes com DID, bem como a elaboração de um conjunto de estratégias e de metodologias de apoio aos professores, profissionais de saúde e cuidadores. Têm-se como resultados práticos expectáveis, o planeamento de uma ação de formação junto destes atores, com vista à construção de recursos, que lhes permitam, no futuro, a criação e adequação de materiais para adolescentes com DID.

Coutinho, C. P. (2011). Metodologias da Investigação em Ciências Sociais e Humanas. Teoria e Prática. Coimbra: Edições Almedina. Kafai, Y. B. (1999). Children as Designers, Testers, and Evaluators of Educational Software. in Druin, A. (1999). The design of children’s technology. (A. D. Editor, Ed.). Morgan Pupblishers, Inc. Papanek, V. (1995). Arquitectura e design - Ecologia e ética. Lisboa, Portugal: Edições 70. Santos, Kátia C. S. S. (2013). Os ambientes artísticos interactivos na inclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais. Tese de doutoramento. Universidade de Aveiro. Vieira, F., & Pereira, M. (2007). Se houvera quem me ensinara... A educação de pessoas com deficiência mental. Fundação Calouste Gulbenkian, Textos de Educação.

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