POTENCIAL CLIMÁTICO PARA PROLIFERAÇÃO DA DENGUE NO ANO DE 2014: COMPARAÇÃO ENTRE PORTO ALEGRE (RS) E SÃO PAULO (SP)

June 4, 2017 | Autor: Gustavo Armani | Categoria: Climatology, Geografia, Epidemiology and Public Health, Climate Politics
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ORGANOGRAMA INSTITUCIONAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI PROF. DR. JOSÉ ARIMATÉIA DANTAS LOPES REITOR PROFª. DRª. NADIR DO NASCIMENTO NOGUEIRA VICE-REITOR JOVITA MARIA TERTO MADEIRA NUNES PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO PROFª. DRª. MARIA DO SOCORRO LEAL LOPES PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO PROF. DR. HELDER NUNES DA CUNHA PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROF. DR. PEDRO VILARINHO CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA PROFª. DRª. JACQUELINE LIMA DOURADO SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PROFª. DRª. CLÁUDIA MARIA SABÓIA DE AQUINO COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA PROF. DR. RAIMUNDO LENILDE DE ARAÚJO COORDENADOR DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA PROFª. DRª. CLÁUDIA MARIA SABÓIA DE AQUINO COORDENADORA DO LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA FÍSICA PROF. DR. GUSTAVO SOUZA VALLADARES COORDENADOR DO LABORATÓRIO DE GEOMÁTICA PROFª. DRª. IRACILDE MARIA DE MOURA FÉ LIMA COORDENADORA DO LABORATÓRIO DE GEOAMBIENTE

ORGANOGRAMA INSTITUCIONAL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI PROF. DR. NOUGA CARDOSO BATISTA REITOR PROFª. DRª. BÁRBARA OLÍMPIA RAMOS DE MELO VICE-REITOR PROF. RAIMUNDO ISÍDIO DE SOUSA PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO E RECURSOS HUMANOS PROF. BENEDITO RIBEIRO DA GRAÇA NETO PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E FINANÇAS

PROFª. DRª. AILMA DO NASCIMENTO SILVA PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO PROF. DR. GERALDO EDUARDO DA LUZ JÚNIOR PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROF. DR. RAIMUNDO DUTRA DE ARAÚJO COORDENADOR GERAL DO PARFOR UESPI

PROFª. DRª. JORGE EDUARDO ABREU PAULA COORDENADOR DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA CAMPUS POETA TORQUATO NETO PROF. WERTON FRANCISCO RIOS DA COSTA SOBRINHO COORDENADOR DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA CAMPUS CLÓVIS MOURA

COMISSÃO CIENTÍFICA

COORDENAÇÃO GERAL PROFª. DRª. CLÁUDIA MARIA SABÓIA DE AQUINO COORDENADORA DA PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – UFPI

COORDENAÇÃO ADJUNTA PROF. DR. GUSTAVO SOUZA VALLADARES – PPGGEO – UFPI PROF. MS. RENÊ PEDRO DE AQUINO – UESPI

COMITÊ CIENTÍFICO PROF. DR. CARLOS SAIT PEREIRA DE ANDRADE – PPGGEO – UFPI PROFª. DRª. ELIZABETH MARY DE CARVALHO BAPTISTA – UESPI PROF. DR. FRANCISCO DE ASSIS VELOSO FILHO - PPGGEO – UFPI PROF. DR. GUSTAVO SOUZA VALLADARES – PPGGEO/UFPI PROFª. DRª. MARIA VALDIRENE ARAÚJO ROCHA MORAES – UFPI

COMISSÃO CIENTÍFICA COORDENADORIA DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PROF. MS. RENÊ PEDRO DE AQUINO – UESPI COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO/CULTURA PROF. DR. FRANCISCO SOARES SANTOS FILHO – PPGGEO – UESPI PROF. DR. RAIMUNDO LENILDE DE ARAÚJO – PPGGEO – UFPI COORDENAÇÃO DA SECRETARIA DO EVENTO PROFª. DRª. MARIA VALDIRENE ARAÚJO ROCHA MORAES – UFPI COORDENAÇÃO DE LOGÍSTICA (RECEPTIVO, MONITORES) PROF. DR. RAIMUNDO LENILDE DE ARAÚJO – PPGGEO – UFPI

COORDENAÇÃO DE TRABALHOS DE CAMPO PROFª. DRª. IRACILDE MARIA DE MOURA FÉ LIMA – PPGGEO – UFPI PROFª. DRª ANDREA LOURDES SCABELLO – PPGGEO – UFPI PROF. DR. FRANCISCO SOARES SANTOS FILHO – PPGGEO – UESPI COORDENAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DE BANNERS PROFª. MS. MUGIANY OLIVEIRA BRITO PORTELA – UFPI PROFª. DRª. BARTIRA DE ARAÚJO VIANA – UFPI APOIO

DOCENTES E DISCENTES DO CURSO DE GEOGRAFIA DA UFPI, UESPI E DO PPGGEO/UFPI.

POTENCIAL CLIMÁTICO PARA PROLIFERAÇÃO DA DENGUE NO ANO DE 2014: COMPARAÇÃO ENTRE PORTO ALEGRE (RS) E SÃO PAULO (SP) ERIKA COLLISCHONN1 RICARDO BRANDOLT 2 GUSTAVO ARMANI 3 1 Universidade Federal de Pelotas [email protected] 2 Universidade Federal de Pelotas Paulo; [email protected] 3 Instituto Geológico, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; [email protected] Resumo A dengue já não se apresenta como remonta sua origem, uma doença estritamente de climas tropicais, fato evidenciado no avanço espacial da ocorrência da doença em direção às áreas de climas subtropicais, provavelmente relacionada também a modificações dos climas pela urbanização. O artigo expõe avaliação das condições climáticas atuais em Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) para os meses de janeiro, abril, julho e outubro de 2014, em função das condições ideais para o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão da Dengue. Para isso, foram utilizados dados de temperatura e precipitação horárias de Porto Alegre e São Paulo a fim de se caracterizar o potencial climático do período para a proliferação do vetor da Dengue. Este trabalho baseou-se na metodologia proposta pelo Serviço de Alerta Climático de Dengue (SACDENGUE) do Laboratório de Climatologia da Universidade Federal do Paraná, que indica a situação de risco climático de cada semana dos meses trabalhados em relação ao desenvolvimento do agente vetor da dengue. Verificou-se que o potencial para desenvolvimento do vetor da dengue nos meses analisados nas duas cidades foi alto em janeiro, médio e baixo em abril, sem risco em julho e risco baixo em outubro. A temperatura foi o atributo climático que mais influenciou o potencial nestes meses.

Palavras-chave: Dengue. Clima. Porto Alegre, São Paulo.

Abstract Dengue is no longer presented like its original form, when this disease was strictly from tropical climates. This can be evidenced according to the spatial advance of incidence due to anthropogenic factors (urban). The following article exposes a study and an evaluation about the climatic condition that acts in Porto Alegre (RS) and São Paulo (SP), during January, April, July and October 2014, and that provides a propitious weather to the mosquito Aedes aegypt development. For this, meteorological data of temperature and precipitation from INMET automatic stations to Porto Alegre and from IAG-USP to São Paulo was used, in order to characterize, based on previous methodology, the climate risk situation in each week of the chosen months according to the development of dengue’s vector agent.

Key Words: Dengue. Climate. Porto Alegre, São Paulo. 8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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1. Introdução

Devido aos recentes surtos epidêmicos de dengue não só no Brasil e na América, esta doença transmissível tem sido tratada com status de problema social. É uma doença tropical causada por um arbovírus (Arthropode born vírus) da família Flaviviridae, do gênero Flavivírus e seu agente transmissor é o mosquito Aedes aegypti (MS, 2005, apud ROSEGHINI, 2013). Sua origem provável foi no sudeste asiático na metade final do século XVIII, sendo disseminada pelos continentes devido às migrações e concentrações populacionais, favorecida pela urbanização dos séc. XIX e XX, e intensificadas na segunda grande guerra até os dias atuais (UJVARI, 2008). No Brasil, a partir da década de 1980, a dengue é considerada endêmica. Considerando as evidentes diferenciações climáticas e os aspectos socioculturais e econômicos das paisagens brasileiras existem diferenças locais e regionais na distribuição da dengue, principalmente relacionada às condições para o desenvolvimento do mosquito transmissor (vetor), denominado Aedes aegypti. Este vetor, que originalmente se reproduzia em áreas tropicais, tem sido encontrado em áreas menos quentes, onde antes não existia, como as áreas de clima subtropical úmido. A hipótese que se coloca para investigação é a de que na zona subtropical brasileira o clima urbano tem contribuído para a disseminação da doença resultantes de alterações na temperatura decorrentes da urbanização, criando condições climáticas propícias ao desenvolvimento do mosquito vetor. A dengue não depende unicamente do fator clima para se propagar; no entanto, levando em consideração que a sucessão habitual dos tipos de tempo sobre um determinado lugar (SORRE, 1934) é de suma importância para criar condições propícias para o depósito do ovo, desenvolvimento da larva até o mosquito adulto, este trabalho pretende avaliar a potencialidade do clima urbano na proliferação da dengue em duas capitais com climas distintos, e compreender a distribuição temporal de condições propícias, ou não, durante o ano de 2014. Desta forma, o objetivo deste trabalho é comparar o potencial climático do ano de 2014 (dado pela temperatura do ar e pluviosidade) em duas capitais, Porto Alegre e (RS) e São Paulo (SP), para o desenvolvimento do Aedes aegypti. A primeira com um clima subtropical úmido, e a segunda com um clima tropical úmido de altitude. 8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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2. Áreas de estudo

São Paulo é a capital do estado homônimo. Fundada em 1554 é hoje a cidade mais populosa do Hemisfério Sul, e a sétima maior população do planeta. Possui 10º maior PIB do mundo, sendo que suas divisas geradas são oriundas de sedes de multinacionais e serviços diversos. A população estimada para 2014 foi de 11.895.893 habitantes (IBGE), com uma densidade populacional de 7.398,26 hab.km², majoritariamente urbana (99,1%). A cidade está conurbada com diversos municípios de seu entorno, formando uma grande mancha urbana contínua (RMSP), cuja população ultrapassa 20 milhões de habitantes. Porto Alegre, a capital mais meridional do Brasil no paralelo 30ºS, foi fundada no século XVIII, desenvolveu-se lentamente até meados do século XX e rapidamente como os processos

de

industrialização/urbanização,

apresentando

atualmente

1.409.351

habitantes (IBGE). São Paulo está localizada junto ao Trópico de Capricórnio sobre um planalto com uma altitude média de 760 metros, onde se encaixam as planícies de inundação dos principais vales (Tietê, Pinheiros e Tamanduateí) e distante 45 km em linha reta do Oceano Atlântico. Porto Alegre, localizada a 30°S e a 100km do Oceano Atlântico, tem a área central da cidade sobre um espigão cristalino, a partir do qual a cidade se irradiou em várias direções sobre a planície lacustre e também sobre outros alinhamentos cristalinos (Planalto SulRiograndense), que define um conjunto de morros de altitudes diferenciadas (4 a 300m). A nordeste da cidade confluem os rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí formando um labirinto de ilhas denominado Delta do Jacuí e o Lago Guaíba, já a oeste da cidade. Porto Alegre situase já em latitude subtropical, portanto, de clima permanentemente úmido pela atuação da atividade frontal o ano todo. As características de posição e sítio das duas cidades implica para São Paulo um realidade climática de transição entre os climas tropicais úmidos de altitude, com período seco definido, e aqueles subtropicais, permanentemente úmidos do Brasil (TARIFA e ARMANI, 2001), como em Porto Alegre. Monteiro (1973) justifica a existência dessa transição: “Ao sul desta faixa temos a ver com um clima regional em latitude subtropical, permanentemente úmido pela atividade frontal. Mesmo nos anos de atuação mais reduzida do ar polar, a sua participação não é inferior a 40%, podendo elevar-se a 75% nos anos de maior atividade. Ao norte define-se com maior ou menor intensidade a existência de um período seco, coincidente com o outono-inverno, embora isto se apague no litoral. A menor 8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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penetração do ar polar no setor setentrional reduz a quantidade de chuvas frontais de sul para norte, conduz ao mais das vezes ao bom tempo”. Portanto, uma das principais características climáticas dessa transição zonal em que a cidade de São Paulo se encontra é a alternância de estações (quente e úmida, e a outra fria e relativamente mais seca) ao lado das variações bruscas do ritmo e da sucessão dos tipos de tempo. Porto Alegre, pela presença da atividade frontal o ano todo tem clima permanentemente úmido. Em ambas podem-se ter situações meteorológicas de forte aquecimento, como de intenso resfriamento em segmentos temporais de curta duração (dias a semanas).

3. Materiais e métodos

Este estudo baseou-se na metodologia desenvolvida para o Serviço de Alerta Climático da Dengue (SACDENGUE), do Laboratório de Climatologia (LABOCLIMA) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Tecnológico do Paraná (SIMEPAR) e Secretaria de Saúde do Paraná (SESA/PR). Para o levantamento de Porto Alegre foram utilizados dados meteorológicos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e para São Paulo os dados do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo, organizados e tratados no editor de planilhas Excel®. O período analisado, cujos dados foram coletados e tratados, corresponde aos meses de janeiro, abril, julho e outubro de 2014, separados nos seguintes segmentos temporais, denominados Semanas Epidemiológicas (SE): janeiro (SE1 de 01 a 07, SE2 de 08 a 15, SE3 de 16 a 23 e SE4 de 24 a 31), abril (SE5 de 01 a 07, SE6 de 08 a 14, SE7 de 15 a 22 e SE8 de 23 a 30), julho (SE9 de 01 a 07, SE10 de 08 a 15, SE11 de 16 a 23 e SE12 de 24 a 31), e outubro (SE13 de 01 a 07, SE14 de 08 a 15, SE15 de 16 a 23 e SE16 de 24 a 31). Para o tratamento dos dados meteorológicos foi levado em consideração o fuso horário oficial brasileiro (-3:00 UTC), ignorando-se o horário de verão. Para caracterizar cada situação de risco ao desenvolvimento do vetor nas cidades consideraram-se as condições ambientais/meteorológicas descritas por ROSEGHINI (2013, p. 56). Com estas bases foram consideradas condições climáticas de alto potencial (predominância das faixas de temperatura entre 22 e 30°C, precipitação entre 10 e 20mm), médio potencial (predominância entre 20 a 22°C e 30 e 32°C, precipitação entre 20 e 30 mm), baixo potencial (entre 18 e 20°C e 32 a 34°C, precipitação superior a 30mm) e 8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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consideradas fora da zona favorável a reprodução do agente transmissor as temperaturas abaixo de 18°C e acima de 34°C e de precipitação contínua ou inexistente. Dados com valores fora dessas condições (classes) foram considerados como sem potencial. A intermitência de precipitações também foi incluída nas análises, pois a frequência de temperaturas favoráveis ao desenvolvimento do mosquito antes ou após a um evento chuvoso influenciam no grau de risco. Sendo assim, quando os valores pré determinados das condições descritas anteriormente são seguidas ou precedidas de 3 a 5 dias antes ou depois da precipitação, aumenta-se o potencial. Se esse período é de 5 a 7 dias o potencial diminui para médio (risco), e, quando esse período é superior a 7 dias, o potencial é baixo. De posse das séries de dados coletados nos institutos citados somente foram utilizados os valores horários de temperatura instantânea e precipitação. Com estes dados, calculou-se a frequência absoluta e relativa das temperaturas dentro do tempo analisado para cada classe de potencial de desenvolvimento do vetor (risco), assim como para a precipitação horária, a fim de apresentar o quadro favorável à disseminação do agente vetor da doença. No editor de planilhas foram calculadas as médias diárias de temperatura e os totais de precipitação para as duas localidades. Com base nesses dados, calculou-se a frequência relativa as 4 classes acima descritas (não mostrados neste trabalho por limitações de espaço). A análise dos dados foi processada em duas etapas distintas: na criação de tabelas com fórmulas de medição das médias de ambas as medidas (predominância percentual das faixas de temperatura e médias pluviométricas) conforme a Tabela 1; e na formulação de gráficos termo-pluviométricos semanais de cada cidade, como na Figura 1.

3. Resultados

O resultado da análise dos dados indica que conforme o ritmo climático para o ano de 2014 nas duas cidades houve momentos predominantemente favoráveis para o desenvolvimento larval até o estágio adulto do mosquito nos meses habitualmente mais quentes e chuvosos - janeiro e abril - e desfavoráveis nos meses mais frios e relativamente mais secos – julho e outubro – para ambas as cidades. A Tabela 2 apresenta a comparação da distribuição das classificações do grau de risco para cada semana epidemiológica, dos meses analisados, para Porto Alegre e São Paulo. 8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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Tabela 2 - Quantidade e porcentagem das medidas de temperatura, por faixas de potencial e de dias de chuva para a SE1 de São Paulo – SP. SE1 - São Paulo Total de medições

168

ALTO 94

TEMPERATURA MEDIO BAIXO SEM 41 10 0

CHUVA

SOMA 145

17

2

4

94

58

12

4

23

168

56.0%

34.5%

7.1%

2.4%

100.0%

Dias 6.5

S/ chuva

medições 155

0.5

C/ chuva

13

168 7.9 mm

Fonte dos dados: INMET (2014) - Acessado em fevereiro de 2014 Organização: BRANDOLT (2014)

Em Janeiro de 2014 pode-se assumir que o potencial para o desenvolvimento do vetor foi alto (muito favorável) e para o mês de abril razoavelmente favorável. O mês de julho praticamente inviabilizou o desenvolvimento do vetor, e da segunda metade de outubro até o final pouco favorável. É interessante notar que Porto Alegre, muito mais controlado por sistema polares que são Paulo, apresenta em janeiro interrupções na seguencia de condições altamente favoráveis ao desenvolvimento do vetor, enquanto são Paulo sustenta a condição de forma quase ininterrupta. Os fluxos polares ausentes em são Paulo criaram essas condições, enquanto que os fluxos polares interrompidos em porto alegre causaram interrupções na manutenção da condição. Se compararmos a evolução da potencialidade em São Paulo e Porto Alegre, para a primeira cidade ela se apresenta quase como uma curva anual da temperatura e da chuva para os climas tropicais úmidos (mais no verão e menos no inverno), e para Porto Alegre com certa descontinuidade, ora apresentando condições favoráveis, ora menos, muito relacionadas à dinâmica das invasões polares. Tabela 2 - Risco Comparação do risco de dengue nas cidades analisadas. Semanas 2014 SE1 - Jan SE2 - Jan SE3 - Jan SE4 - Jan SE5 - Abr SE6 - Abr SE7 - Abr SE8 - Abr SE9 - Jul SE10 - Jul SE11 - Jul SE12 - Jul SE13 - Out SE14 - Out SE15 - Out SE16 - Out

SÃO PAULO ALTO POTENCIAL ALTO POTENCIAL ALTO POTENCIAL MÉDIO POTENCIAL MÉDIO POTENCIAL MÉDIO POTENCIAL BAIXO POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL BAIXO POTENCIAL MÉDIO POTENCIAL

PORTO ALEGRE MÉDIO POTENCIAL ALTO POTENCIAL BAIXO POTENCIAL MÉDIO POTENCIAL ALTO POTENCIAL MÉDIO POTENCIAL BAIXO POTENCIAL SEM POTENCIAL BAIXO POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL SEM POTENCIAL BAIXO POTENCIAL

Fonte dos dados: INMET e IAG-USP (2014) - Acessado em janeiro de 2015 Organização: BRANDOLT (2015) 8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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4. Conclusões

Dada a complexidade dos fatores que compõem o objeto de estudo, o presente método avalia de forma satisfatória o que foi pretendido – a ligação do desenvolvimento do agente vetor da doença com as sucessão dos tipos de tempo que ocorreram nas duas cidades analisadas.

Referências MONTEIRO, C.A.F. A dinâmica climática e as chuvas no Estado de São Paulo: estudo geográfico sob a forma de atlas. São Paulo, Instituto de Geografia-USP, 129p, 1973. TARIFA, J. R.; ARMANI, G. Os climas ‘naturais’. In: TARIFA. J. R. & AZEVEDO, T. R. (orgs.) Os climas na cidade de São Paulo: teoria e prática. São Paulo, GEOUSP (Coleção Novos Caminhos, 4), p.47-70, 2001. ROSEGHINI, W. F. Clima urbano e dengue no centro-sudoeste do Brasil. Tese de Doutorado em Geografia/UFPR. Curitiba: UFPR; 2013. SORRE, M. Traité de climatologie biologique et médicale. Paris, Piery Masson et Cie Éditeurs. p. 1-9, 1934.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq pelo financiamento do projeto “Clima urbano e dengue nas cidades brasileiras: riscos e cenários em face das mudanças climáticas globais” (Proc. CNPq: 404204/2013-9) e pela concessão de bolsa de iniciação científica vinculada ao programa do Instituto Geológico (Proc. IG: 2833/2014); ao INMET e ao IAG-USP pela gentil cessão dos dados utilizados.

8. Biogeografia: Propostas teóricas, metodológicas e técnicas para fins de conservação ambiental. XVI Simpósio de Geografia Física e Aplicada. “Territórios Brasileiros: Dinâmicas, potencialidades e vulnerabilidades”. Teresina, Piauí 28 de junho a 04 de julho de 2015. Geografia da UFPI e UESPI. ISSN: 2236-5311

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