Práticas Em Psicologia Institucional e Comunitária: Conhecendo Patos De Minas

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RELATÓRIO DE PRÁTICAS EM PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E COMUNITÁRIA: CONHECENDO PATOS DE MINAS

Alunos do 6º Período de Psicologia Dezembro de 2008

FICHA CATALOGRÁFICA ___________________________________________________________

Relatório De Práticas Em Psicologia Institucional E Comunitária: Conhecendo Patos De Minas, Patos de Minas, 2008. 180 p. Relatório Técnico – Centro Universitário Patos de Minas (UNIPAM) - Fundação Educacional de Patos de Minas (FEPAM). ___________________________________________________________

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APRESENTAÇÃO

Este relatório tem como objetivo apresentar e divulgar os resultados obtidos e analisados sobre as atividades desenvolvidas pelos alunos do Sexto Período de Psicologia do Centro Universitário Patos de Minas (UNIPAM), no período de agosto a dezembro de 2008. Buscou-se descrever as atividades da forma

mais

detalhada

possível,

experiências,

processos,

métodos,

investigações e análises, a partir do registro detalhado e pormenorizado do que foi feito, para que este relatório sirva, não só para relatar e listar os trabalhos desenvolvidos, mas, sobretudo, para manter a memória institucional da cidade, e incentivar novos trabalhos neste campo, uma vez que algumas produções da equipe que poderão servir de modelo para futuras ações. Este trabalho teve como ponto de partida o desconhecimento e a ausência de formalização sobre a vida institucional da cidade de Patos de Minas, bem como sobre a história e características da cidade, por parte dos alunos, aliada ao objetivo de desenvolvermos noções práticas de intervenção institucional.

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APRESENTACAO ..............................................................................................

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PATOS DE MINAS - ONTEM E HOJE ............................................................. Beatriz Helena Stedile Fujimoto; Marco Aurélio; Nathália Peres Fonseca Silva; Shirley Augusta Rodrigues Martins

UNIPAM - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS .................. Nágila Maria Moraes; Priscila Gonçalves Silva ; Tamiris Martins Braga;

ALBEGUE CASA DA PROMOÇÃO HUMANA .............................................. Fernanda Araújo Amâncio; Stefane Ferreira Fonseca; Vinícius De Oliveira Mota;

APAE - ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS ........... Fernanda Isabel R Wenceslau; Mara Andrade Moreira

CAIS-LP “CENTRO DE APOIO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS” .............. Heloísa Martins da Silva; Jadson Queiroz Braga; Pricila Caetano Fernandes;

CASA DA ACOLHIDA BENVINDA ................................................................ Hugo Silva; Neolaine Cristina De Oliveira; Osline Natália;

CRAS (CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL) ............... Américo Pedro De Sousa; Ana Cláudia Gomes; Marina Vieira Spirandeli;

LBV - LEGIÃO DA BOA VONTADE ............................................................... Andréa Caroline Vieira Brambila; Lara Cristina da Fonseca Silva; Luísa Ribeiro de Melo Castro;

POLÍCIA MILITAR - 15º BPM .......................................................................... Dienieper Oliveira; Erika Paola Alves; Sanaia Suelen Santana;

PRÓ-CURAR-SE – FUNDAÇÃO DE PREVENÇÃO E APOIO A PESSOA COM CÂNCER ...................................................................................................

05 22 39 48 54 61 72 88 98 113

Juliana Caixeta Rabelo; Lourine Severo Oliveira; Milene Dornelis De Oliveira;

PROJETO AGITA PATOS ................................................................................. Elis Marina; Natália Fabrícia Soares; Rosana Garcia;

PROMAM – PROGRAMA MUNICIPAL DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE .......................................................................................

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Denise De Araújo Furtado; Erivelton Oliveira Pessoa; Mário Aparecido Silva;

SAMU - SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA .............. Francielle de Sousa; Patrícia Soares; Rosana Patrícia Silva;

SENTINELA ........................................................................................................ Rosana de Almeida Faria; Vanessa Pereira Caixeta; Viviane Souto Lopes Lima;

TIRO DE GUERRA ............................................................................................. Josué Oliveira Mota; Luiz Henrique Stussi; Paulo Ramos Moreira;

VLLA PADRE ALAOR ...................................................................................... Bianca Cássia Da Silva; Cristiane Patrícia Martins; Roseli Aparecida Lagares De Lima;

141 149 161 169

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PATOS DE MINAS: ONTEM E HOJE Beatriz Helena Stedile Fujimoto Marco Aurélio Nathália Peres Fonseca Silva Shirley Augusta Rodrigues Martins

RESUMO O projeto teve início a partir de uma curiosidade sobre a Cidade de Patos de Minas, onde procurou-se levantar dados históricos da cidade desde a sua Fundação, perpassando por sua cultura, folclore e lendas. Sua atividade principal é a agropecuária voltada para o cultivo de milho e soja; e criação leiteira. Destacamos a Festa Nacional do Milho como um dos acontecimentos mais importantes e tradicionais da cidade. Seu maior desenvolvimento aconteceu a partir do final dos anos 70 com a expansão de jazidas de Fosfato, e depois nos anos 80 com o crescimento da técnica agrícola na comercialização de sementes de milho e instalação do primeiro núcleo da genética suína. A partir de então Patos de Minas não parou de crescer, mas mantêm-se firme nas suas tradições culturais especialmente as de caráter religioso e culinário como a pamonha.

INTRODUÇÃO Chamou-nos atenção em sala de aula, para o fato de ninguém da turma saber quantos anos tem a cidade de Patos de Minas e tampouco sobre quantas e quais são as instituições que existem em nossa cidade. Ao levantarmos a bibliografia, descobrimos que até 2007, somente uma pessoa em Patos tinha tido interesse em escrever a História da cidade. O Sr. Oliveira Mello, iniciou seus escritos sobre Patos em 1964, e daquele ano até 1978, ano de seu último livro sobre Patos de Minas, escreveu seis livros, todos referentes à cidade de Patos de Minas. Através da internet encontramos dois sites sobre Patos de Minas, inclusive um dos sites é da Unipam. Descobrimos ainda que, em 2008, Marialda Coury, lançou

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um livro durante a Festa do Milho, com a finalidade de resgatar a história da Festa do Milho, a qual entrevistamos e anexamos. O intuito desta pesquisa foi fazer um estudo para a prática da disciplina Psicologia, Instituições e Comunidades, com o propósito de conhecer de maneira aprofundada, a história da cidade de Patos de Minas, desde a sua fundação, caminhando por sua história, cultura, folclore, lendas, Festa do Milho e seu desenvolvimento agropecuário até os dias atuais.

HISTÓRICO De acordo com levantamentos feitos pelos estudos do autor, Mello(1978), foi comprovado a existência de tribos indígenas no período que antecede a dominação branca na região. Sabe-se que os primeiros civilizados que andaram pela região vieram com a finalidade de prender índios e escravizá-los para utilizá-los nas lavouras de café em São Paulo. Os índios "Cataguás" resistiram bravamente aos invasores brancos. A existência de vestígios arqueológicos são as marcas deixadas por estas nações. O processo de colonização da região ocupada hoje pelo município de Patos de Minas e distritos vizinhos teve início, provavelmente, na metade do século XVIII, período que antecede à descoberta do ouro nas regiões das minas com o movimento das entradas e bandeiras rumo às terras de Paracatu. A picada de Goiás foi o primeiro caminho oficial aberto das Minas Gerais ao território de Goiás. A partir desse período, encontra-se registrada a denominação "Os Patos" para designar a povoação à beira desse caminho. O Município surgiu às margens das fontes de águas do caminho de São João Del Rei a Paracatu em busca de ouro. A doação de terras a Santo Antônio, em 1826, para edificação de um templo e para acomodar os povos, por parte de Antônio Joaquim da Silva Guerra e de sua mulher Luiza Corrêa de Andrade, propiciou a origem do Arraial de Santo Antônio da Beira do Paranaíba. A criação da vila ocorreu em 1866 e a instalação em 1868.

O Surgimento da Cidade A cidade de Patos de Minas surgiu na segunda década do século XIX em torno da Lagoa dos Patos, onde segundo as descrições históricas existia uma enorme

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quantidade de patos silvestres. Os primeiros habitantes foram lavradores e criadores de gado, sendo muito visitados por tropeiros. O povoado, à beira do rio Paranaíba, cresceu, virou arraial e depois vila, a devota vila de Santo Antônio dos Patos. Em 24 de maio de 1892, o presidente do Estado de Minas Gerais eleva a vila à categoria de cidade de Patos de Minas. Em 1943, o governo do Estado mudou o nome para Guaratinga, provocando insatisfação na população. Atendendo aos apelos populares em 03 de junho de 1945, muda novamente para Patos de Minas para distingui-lo de Patos da Paraíba, município mais antigo. Seu aniversário é comemorado em 24 de maio, ocasião em que se realiza a "Festa Nacional do Milho".

FAZENDA

POVOADO

DISTRITO

VILA

CIDADE

1826

1828

1842

1868

1892/1944/1945

Os Patos

Santo

Santo

Santo

1892

Antonio

da Antonio dos Antonio

Beira do Rio patos Paranaíba

da Patos

Beira do Rio

-

de 1944 1945

-

Patos Guaratinga Patos de

Minas

Paranaíba

Década de 30 - O desenvolvimento maior do município ocorreu na década de 30 pelos melhoramentos executados pelo Governo do Estado, cujo Presidente era Olegário Dias Maciel. Em seu governo, instalou-se e construiu-se a sede da Escola Normal (hoje, Escola Estadual "Professor Antônio Dias Maciel", o Hospital Regional "Antônio Dias Maciel, o Fórum” Olympio Borges" e o grupo escolar " Marcolino de Barros". Essas obras ampliaram muito as influências do município na região. Década de 50 - A década de 50 foi de grande avanço regional. Houve grande surto migratório e a instalação de grandes firmas comerciais nos mais diversos

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segmentos. Nessa época, construiu-se o primeiro terminal rodoviário e iniciou-se a comemoração da Festa Nacional do Milho. Décadas de 60 e 70 - Neste período em que o país vivia sob pressão da ditadura militar, houve certa estagnação econômica, motivada pela mudança da capital do país para Brasília. Grande parte da população local se deslocou para lá em busca de emprego. A capital continuou atraindo os patenses, principalmente com a criação das universidades. Ainda hoje existe em Brasília uma colônia significativa de patenses. Esse momento foi marcado pela instalação da CEMIG, fundação do Colégio Municipal, transformado em Escola Estadual "Professor Zama Maciel"; a criação da Fundação Educacional de Patos de Minas, com a instalação do primeiro curso superior, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em 1970, e a consolidação da rede rodoviária com o asfaltamento das BRs 354 e 365, ligando o município à capital do Estado e ao nordeste do país. Final dos anos 70 - A descoberta da jazida de Fosfato Sedimentar, na localidade da Rocinha, no final dos anos 70, projetou Patos de Minas nacionalmente, ocasionando a primeira visita do Presidente da República à cidade, o General Ernesto Geisel em 1974. Dias atuais - Patos de Minas está situada na região intermediária às regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Considerada pólo econômico regional, lidera a microrregião do Alto Paranaíba que é composta por 10 municípios. A população do município é de 123.811 habitantes (IBGE - censo 2000). Criação das primeiras empresas de sementes - Na área agrícola houve crescente desenvolvimento técnico, iniciado pelas Sementes Agroceres S/A e Sementes Ribeiral Ltda Implantação do primeiro núcleo de genética suína do país - Nesta época foi implantado pela Agroceres o primeiro núcleo de genética suína do país. Instalação da colônia gaúcha - Esse período também foi marcado pela imigração gaúcha que fixou suas residências e escritórios de venda de sementes em Patos de Minas. O cultivo era feito na região de cerrado vizinha do município, principalmente Presidente Olegário e São Gonçalo do Abaeté. Neste período foi grande 8

o desenvolvimento comercial com a implantação de indústrias de confecções e a instalação de uma unidade da CICA, maior processadora de tomates da América Latina, promovendo o crescimento de cultivo de milho doce, ervilha e tomate na região.

Infra-estrutura Em Patos de Minas, desenvolvimento e qualidade de vida andam juntos. A cidade é moderna, limpa, bem organizada, de topografia plana e clima agradável. A infra-estrutura é adequada para receber pessoas e investimentos. Cerca de 99% das ruas da cidade são asfaltadas e possuem iluminação pública. Quase a totalidade dos habitantes (97%) são beneficiados com água tratada de excelente qualidade. O sistema de abastecimento de água da Copasa em Patos foi premiado por 2 vezes pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), recebendo o Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento. Em 1999 e em 2002. O sistema de esgotamento sanitário atinge cerca de 98% da população.

Saúde e Educação Já a área da saúde é destaque no Estado de Minas Gerais e no Brasil, devido, entre outros fatores, aos programas desenvolvidos, aos postos de assistência localizados em áreas estratégicas e aos baixos níveis de mortalidade infantil registrados. Os hospitais particulares e públicos tem capacidade de 300 leitos. A rede escolar possui boa infra-estrutura, entre escolas estaduais, municipais e particulares, do ensino infantil ao 2º grau e do profissionalizante ao universitário. Em 2000 a rede municipal atendia mais de 10 mil alunos e a evasão escolar era quase nula. Considerada pólo educacional, a cidade é sede da 28ª Superintendência Regional de Ensino que abrange 14 municípios. Temos três faculdades na cidade: UNIPAM, SESPA e FPM.

Aspectos Culturais O Município é palco da diversidade no campo das manifestações culturais e artísticas. Encontra-se uma valiosa tradição viva, da memória e do construir histórico, oriundas das últimas décadas do século XIX: Folias de Reis, Congado e Moçambique.

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No mês de janeiro ocorre o “Festival de Folia de Reis”, com mais de 100 Ternos que revivem o folclore, visando arrecadar fundos para os Vicentinos, com apresentações ao vivo em emissoras de rádio. Destacam-se, ainda, manifestações religiosas de caráter “oficial”, em especial a Festa de Santo Antônio, padroeiro da cidade e a Festa de Nossa Senhora da Abadia que induz peregrinações para Andrequicé e para Água Suja (Romaria). Além disso, realiza-se, todo mês de abril, o Congresso Folclórico, no distrito de Santana de Patos. O folclore patense é muito rico. No folclore lendário as mais conhecidas são: A Mulher e o Diabo, A Mulher de Sete Metros (a mais popular – Anexo 1), O Vale das Cabaças Uivantes e a Gameleira.Temos ainda no campo religioso (citado acima), de ajuda vicinal, folguedos e outros. No artesanato encontramos trabalhos com traços de singeleza - tecelagem rústica, bordados em ponto-cruz, crochê e tricô. A palha, capim, bambu e madeira deslizam nas mãos dos nossos artesãos, produzindo belos exemplares artesanais típicos da comunidade. No que se refere à culinária é importante lembrar toda uma constelação de saberes, repassados através de gerações, como é o caso do feitio da pamonha, do queijo minas, do frango com açafrão, da galinha e de várias outras guloseimas. Nesse sentido, é tradicional a utilização dos derivados do milho, leite e hortifrutigranjeiros, vindos das comunidades rurais e que são comercializados nas feiras do produtor, realizadas aos sábados em dois bairros da cidade: Lagoa Grande, ao lado da Estação Rodoviária, e no Bairro do Rosário, ao lado da Igreja Matriz do Rosário. Em relação aos espaços culturais, destacam-se o Teatro Municipal com a Sala de Espetáculos Vicente Nepomuceno e o Foyer de Exposições Clênio Pereira, integrados ao Centro de Referência Histórico-Cultural – Casa de Olegário Maciel, que abriga, também, do Museu da cidade de Patos de Minas; o Auditório da Rádio Clube; a Usina Cultural “Vicente Nepomuceno”; o Saguão da Prefeitura Municipal, o Anfiteatro do UNIPAM; o Teatro do Colégio Marista; o Auditório Municipal “João XXIII”; a FUCAP – Fundação Cultural do Alto Paranaíba; Salas de Cinema no Primeira Via Shopping – Cinemais 1 e 2; e o Cine-Teatro Riviera, maior espaço cultural de Patos, que, infelizmente, foi totalmente destruído em um trágico incêndio no ano de 1998. A música é um veículo simbólico-cultural relevante na região, destacandose o Conservatório Municipal, grupos sertanejos, chorinhos e MPB. As bandas Lyra Mariana Patense, a do 15º BPM e os corais das igrejas compõem, também, o cenário 10

musical. Na última década do século XX, várias bandas de rock e de música gospel vêm configurando-se na produção artística do Município. Grupos teatrais amadores destacam-se pela integração e participação efetiva na comunidade local ao lado do expressivo número de grupos de dança _ nascidos em academias ou alternativos. Com relação aos segundos, os mais conhecidos são os de dança de rua, em especial o “Vidas” e os “Irmãos de Rua” que além da participação em festas populares e da premiação em festivais regionais e nacionais, desenvolvem importantes projetos sociais, levando a dança às comunidades carentes.

Aspectos Políticos

I. Poder Executivo: Na época da instalação do município de Patos de Minas, em 29 de fevereiro de 1868, a administração municipal era exercida pelos presidentes da Câmara e eram chamados de agentes executivos. A partir de 1930, passaram a ter denominação de Prefeito e deveriam ser pessoas estranhas ao Pode Legislativo. Essa reestruturação ainda permanece.

II. Poder Legislativo: Os projetos de lei podem ser de autoria do Poder Executivo ou do próprio Poder Legislativo. Uma vez aprovados, eles são transformados em leis, sancionadas pelo Poder Executivo, ou promulgados pelo próprio Poder Legislativo. A Câmara Municipal de patos de Minas, no dia de sua instalação, era constituída por apenas 6 vereadores. Hoje ela possui 17, em função do crescimento populacional do município.

III. Poder Judiciário: A Comarca de Patos de Minas te mais de 100 anos. Ela foi criada pela Lei 2.460, de 19 de outubro de 1878. Além do município de Patos de Minas, ela abrange os municípios de Lagoa Formosa, São Gonçalo do Abaeté e Varjão de Minas. A Comarca de Patos de Minas é classificada como Comarca Final e possui três Juízes de Direito. Dois são responsáveis pelas Varas Cíveis, e um, pela Criminal.

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IV. Ministério Público: O Ministério Público só existe nos municípios que são sede de Comarca. Ele é exercido pelo Promotor de Justiça, que é encarregado pela aplicação das leis e da promoção da Justiça comum, militar, eleitoral e do trabalho. A Comarca de patos de Minas conta hoje com três Promotores de Justiça.

V. Juiz de Paz: O Juiz de Paz existe em toda sede distrital, onde há um Cartório Registro Civil instalado.

VI. Segurança Pública: A responsabilidade pela segurança em Patos de Minas é da Policia Militar e da Policia Civil. A cidade é sede do 10° Comando Regional de Policiamento de Minas Gerais, do 15°Batalhão de Policia Militar, da 10° Companhia da Polícia Rodoviária, da 10° Companhia da Polícia Florestal e da 17° Companhia do Corpo de Bombeiro da Polícia Militar. É também sede da 10° Delegacia Regional de Segurança Pública, cuja chefia é de um delegado que é advogado e pertence à Polícia Civil. A Delegacia Regional tem o Delegado Regional e ainda as seguintes Delegacias Adjuntas: Crime contra a Mulher, Crime contra a Pessoa, de Trânsito e Acidentes de veículos, Crime contra o Patrimônio e Tóxicos e Entorpecentes.

Aspectos Econômicos I. Agricultura: A agricultura é uma das principais atividades econômicas do Município de Patos de Minas. O nosso município possui excelentes terras de cultura, principalmente na região da Mata da Corda, onde há muito tufito. A área de cerrado de Patos de Minas, que não é muito extensa, ultimamente está sendo cultivada pelos agricultores.

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Nas áreas em que pode ser usada a mecanização, a tecnologia já chegou. Há utilização de pivôs e o uso adequado dos adubos necessários para suprir a deficiência do solo cultivado. O Município de Patos de Minas não possui grandes latifúndios. Caracterizase pela expressiva quantidade de pequenas propriedades. A feira do Produtor Rural tem incentivado aos pequenos produtores a cultura hortifrutigranjeira. Semanalmente, eles vendem semanalmente ao consumidor os seus produtos. Há muita aceitação e já estão produzindo até para exportação, através de CEASA. Os principais produtos agrícolas do Município são: milho, feijão, arroz e, em quantidade menos expressiva, soja e café.

II. Pecuária: Acompanhando a agricultura vem a pecuária que é outra atividade econômica muito importante para o Município. Pelo desenvolvimento da pecuária, os fazendeiros criaram o seu Sindicato Rural (o principal responsável pela Festa Nacional do Milho) e a Cooperativa Mista Agropecuária de Patos de Minas, que industrializa, comercializa e fornece assistência técnica aos pecuaristas cooperados. Vários tipos de gado são criados no Município, tanto de forma extensiva como de forma intensiva. Cabe destaque especial à criação de gado suíno tipo-carne, implantado pela Agroceres-PIC. Os mais importantes são: gado bovino, gado suíno e gado eqüino. Temos também, menos expressivo, outros tipos de criação: avicultura e criação de aves diversas, como: frango, pato e codorna; apicultura, principalmente a abelha europa; piscicultura, criação de varias espécies de peixe.

III. Produção Mineral: Patos de Minas foi iniciada com a produção agropecuária, mas também já houve extração de mineral como ferro e diamante. O principal mineral existente na nossa cidade, e com abundância, é o fosfato de origem sedimentar. O fosfato é um mineral não metálico e muito usado como fertilizante para o solo e também como ração alimentar para o gado. 13

Quando da descoberta do fosfato na Rocinha, em 1974, pelo engenheiro Adamir Chaves, houve muita euforia e até uma certa utopia, principalmente com a visita do então presidente Ernesto Geisel por ocasião da Festa Nacional do Milho em 1975. Criou-se a “Fosfértil”, com sede em Patos de Minas, e iniciou a construção da Usina Piloto do Fosfértil. Disso tudo podemos dizer que nada sobrou para Patos de Minas, a não se a permanência da mesma usina, desativada a partir de 15 de março de 1999. A sede da Fosfértil foi transferida para a cidade de Uberaba, onde se implantou a industrialização do minério.

IV. Indústrias: Patos de Minas não é um Município totalmente industrializado. Com a instalação da CICA é que se deu o início às suas perspectivas de industrialização, apesar de haver muitas indústrias de médio e pequeno porte. As principais indústrias de nosso Município são: CEMIL – Cooperativa Central Mineira de Laticínios; CICA (produtos alimentícios); Rheem Metalúrgica; Coca-Cola; Confecções; Indústria de Móveis; Indústria de Cerâmica e Olaria; Indústria de Laticínios (queijo, manteiga, doce de leite, etc.); Indústria de Refrigerantes e Aguardente e Indústria de ração. O Distrito Industrial de Patos de Minas foi implantado em 1976, no sul da cidade, a pouco mais de 6 quilômetros do centro, junto a rodovia BR-365. Em 1987 foi implantado o distrito Micro-Industrial Beira-Rio, contíguo à Escola Professora “Elza Carneiro Franco”, para absorver indústrias de pequeno porte nos ramos de vestuário, calçados, artefatos de tecido etc. O artesanato em nossa cidade também é muito rico e variado. Destacam-se o artesanato de capim, de madeira, de fiandeiras e tecedeiras, de palha de milho, de bambu etc. Muito apreciados são os de madeira, principalmente dos santeiros e das confecções semi-artesanais do PROMAM e do Drácula. Os artesãos se organizaram numa associação e, mensalmente, realizam a sua feira de exposição, sob o patrocínio da Prefeitura Municipal.

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V. Comércio: O comercio de Patos de Minas é muito movimentado. Ele é constituído de atacadistas e varejistas. Ele compra e vende para os moradores do Município (comercio interno) e para os de fora do Município (comercio externo). O comércio patense exporta produtos industrializados de conserva, arroz, feijão, milho, bovinos e eqüinos, suínos, leite e seus derivados, manilhas, telhas, tijolos, refrigerantes, calçados, confecções, mobílias. Também sementes de cereais, apesar de a maioria não ser produzida no Município e ser proveniente de Municípios vizinhos. Suas empresas produtoras instalaram escritórios centrais na cidade e daqui comercializam todos os produtos com se tivessem origem em Patos de Minas. Entre os vários produtos importados pelo comércio da cidade estão o açúcar, cerveja, vinho, sal, cimento, vidros, combustível, eletrodomésticos, tecidos etc.

VI. Centro Polarizador: O desenvolvimento de Patos de Minas e sua posição geográfica fazem-no exercer influência em grande área, tanto do Alto Paranaíba como do Nordeste de Minas. Principalmente pelo fato de aqui se encontrarem instalados vários órgãos de influência regional como:                   

Administração Regional do Estado de Minas Gerais; 28° Superintendência Regional de Policiamento de Minas Gerais; 10° Comando Regional de Policiamento de Minas Gerais; 15° Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais; 10° Companhia de Polícia Florestal De Minas Gerais; 10°Companhia de Polícia Rodoviária de Minas Gerais; 17°Companhia de Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de Minas Gerais; 10° Delegacia Regional de Segurança Pública de Minas Gerais; 14° Residência Regional do Departamento Estadual de Estradas de Minas Gerais (DER); Secção da Associação Médica de Minas Gerais; Escritório Regional da Emater – MG; Administração Distrital da Fazenda – MG; Diretoria Regional de Saúde; Subdelegacia Regional do Trabalho; Sede da Associação da Microrregião do Alto Paranaíba (AMAPAR); Delegacia Regional da Secretaria do Estado do Trabalho e Ação Social; Delegacia do Serviço Militar; Comarca de Entrância Final; Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM;

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    

Sociedade de Ensino Superior de Patos De Minas – SESPA; Faculdade Patos de Minas – FPM; Posto do INSS; CEMIG (Região de Distribuição de Patos de Minas); Diocese e outros.

MÉTODO Para realização deste trabalho buscamos a bibliografia em livros, revistas e internet. Paralelamente a história, entramos em contato com a Câmara Municipal, com o objetivo de conhecer o funcionamento desta, bem como entendermos um pouco mais sobre os trabalhos de nossos vereadores. Infelizmente por ser época de eleição, não conseguimos registrar nenhum evento o qual pudéssemos assistir. Fizemos uma entrevista com a autora, Marialda Coury, que lançou o seu livro em 2008, a fim de sabermos quais foram seus sentimentos durante o levantamento dos dados, e o que foi mais significativo e as histórias mais marcantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A história de uma cidade pode ser contada por meio das imagens que ela transmite, por meio da ocupação de seus espaços, de suas obras de arte, de sua arquitetura, de sua cultura, e principalmente pelas características marcantes das pessoas deste lugar. Através das pesquisas bibliográficas que fizemos pudemos concluir que a cidade ganhou projeção nacional através da Festa Nacional do Milho realizada no mês de maio e consequentemente movimentando vários setores da economia. Um dos aspectos que chamam atenção é a hospitalidade do povo patense, gente acolhedora, sempre disposta a ajudar e atender bem a quem chega. A exigência, o comprometimento com o crescimento e a vida social efervescente são algumas características marcantes das pessoas deste lugar que sempre têm um "causo" mineiro

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para contar. Essas histórias da cultura popular, meio verdade, meio crendice, ajudam também a contar um pouquinho da história de Patos de Minas. O papel de mediador exercido pelo professor foi essencial para que nós alunos aprendêssemos a interagir mais com a nossa cidade, de forma a estabelecermos diálogos capazes de construirmos significados, juízos de valor e apreciações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MELLO, Oliveira .Patos de Minas: Minha Cidade. Belo Horizonte: Santa Edwirges, 1978. MELLO, Oliveira. Patos de Minas: Meu bem querer. Belo Horizonte: Escriba, 1999.

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Anexo 1 - A Mulher de Sete Metros “Onde hoje se localiza o Fórum ‘Olimpio Borges’, situava-se o segundo cemitério de Patos de Minas”. Dali, segundo a tradição, sai uma mulher de sete metros de altura e vai perto do monumento do presidente Olegário Maciel. Não chega a andar dois quarteirões da Avenida Getulio Vargas. É a alma penada de Joana Francisca, que morou junto à residência do Dr. Olegário Maciel. Senhora bastante rica e possuidora de um grande número de escravos. Viajava muito para a metrópole (Rio de Janeiro), onde gozava dos encantos da então maior cidade do país. No entanto, era de grande perversidade, sobretudo para com os escravos. Jogava gordura quente nas negras, porque elas não realizavam o trabalho de acordo com seu exigentíssimo gosto. Uma escrava, colocada no tronco para o verdugo castigar abraçou-se com ela e quis jogá-la na cisterna. A sua maldade era tão grande que, quando usava sapatos de salto alto (os de sua preferência), pisava nos filhos dos escravos quando engatinhavam, quebrando-lhes os braços. E não permitia nenhum tratamento ou outro cuidado aos inocentes machucados. Em razão disso foi ficando isolada de tudo e de todos. Ninguém desejava a sua companhia. As crianças tinham pavor dela e de seu aspecto. Viveu muitos anos, tristemente, morrendo já bastante idosa, abandonada e pobre. A sua figura quando morta inspirava terror, pois não fechou os olhos nem a boca desdentada, ficando com a língua pra fora. Em sua antiga casa, ouviam-se, até a pouco tempo, o arrastar de correntes, gemidos e gritos de dor.

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Anexo 2 - Entrevista com a autora Marialda Coury

No dia 04/11/2008 às 16h10min foi realizada uma entrevista com a autora Patense Marialda Coury, no Memorial do Milho, por três estagiárias do Curso de Psicologia (6º período) – UNIPAM, com o objetivo de agregar informações ao trabalho que está sendo desenvolvido, sobre o Histórico de Patos de Minas, na disciplina, Psicologia, Instituições e Comunidades sob à orientação do professor Ms. Frederico Viana Machado. Marialda começou falando que o seu livro: A Festa do Milho Através dos Tempos – Jubileu de Ouro, foi resultado de um árduo trabalho de pesquisa que durou 10 anos. Que neste livro além da história da Festa Nacional do Milho, ela fez um breve histórico da cidade de Patos de Minas, onde ela fala da agricultura, pecuária, artesanato, folclore e cultura. Disse também que considera a Festa do Milho o “Carro Chefe” do turismo em Patos de Minas. Segundo a autora, no livro poderão ser vistos fotos, jornais, vídeos, livros e outros documentos doados pela comunidade que registram fatos e pessoas nos 48 anos de Fenamilho. Marialda contou que sempre esteve presente às atividades culturais e artísticas de nossa cidade, há mais de 30 anos tem compromisso com a arte. Acompanhou todo o processo de restauração do Monumento ao Homem do Campo, localizado à Avenida Getúlio Vargas. Autora dos livros o Milho da Trilha da História, o qual retrata a cultura do milho, e Patos de Minas – Cidade do Milho.

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Anexo 3 - Hino à Cidade de Patos de Minas

Letra por Profº. Zama Maciel Melodia por D. José André Coimbra Terra nutriz, poenta avermelhada Que se ondula em afagos maternais Ao gorjear da alegre passarada Fecundadora de amplos milharais. Estribilho Teu céu é azul-turquesa Que beija a terra gentil Primavera de beleza Patos meu e do Brasil. Em teus regatos claros cristalinos Diamantes raros rolam no cascalho Entoam juntos tentadores hinos Doce canção à glória do trabalho. Formosa gleba das Minas Gerais A tua gente heróica te bendiz Ao sorrires no louro dos trigais Na messe farta que te faz feliz A flor da Pátria doira o teu brasão Beijam os filhos teus os pés da cruz A liberdade leva o teu pendão Terra de amor, de fé, terra de luz.

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Anexo 4 Brasão de Armas

Bandeira

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS – UNIPAM Nágila Maria Moraes Priscila Gonçalves Silva Tamiris Martins Braga.

RESUMO A proposta deste trabalho é conhecer o Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM, partindo da sua fundação e apontar questões relevantes para uma intervenção. Será apresentada uma descrição geral sobre a instituição, desde os cursos oferecidos por ela até sua filosofia institucional. Conclui-se que devido ao fato de não existir estudos relevantes sobre esta instituição e a dificuldade em acessar os arquivos referentes à sua história, não foi possível traçar um plano de ação ou modelo de intervenção.

1. Endereço completo da Instituição: Rua Major Gote n°-808 CEP: 38702-054 Cidade: PATOS DE MINAS - MG Telefone: (34) 38230300 Fax: (34) 38230300 E-mail: [email protected] Site: www.unipam.edu.br

2. Pessoas de Referência na Instituição: - Reitor: Prof. Ms. Raul Scher; - Vice-Reitora: Profª. Ms. Elisa Aparecida Ferreira Guedes Duarte; - Pró-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças: Prof. Ms. Milton Roberto de Castro Teixeira; 3 – Introdução O Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM trata-se de uma instituição de Ensino Superior Privado. Uma instituição flexível, que permite racionalizar, em cada momento, a estrutura organizativa mais adequada, com vista à harmonia entre os

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diversos órgãos acadêmicos e que trabalha para consolidar a sua cidade como o mais importante pólo universitário do Alto Paranaíba. Uma Instituição de perfil empreendedor, preocupada com a qualidade do ensino e da vida em comunidade, tendo o futuro como um de seus grandes focos de ação. Tem uma missão que é: ser, a um só tempo, agente e instrumento de transformação social, buscando, no processo educativo, através da excelência no ensino e da inserção regional, a formação integral do homem, promovendo seu desenvolvimento humanístico, científico e tecnológico. Devido a estes fatores, por se tratar do local que passamos a maior parte do nosso tempo e ser uma instituição em que acreditamos é que a escolhemos para que pudéssemos realizar este trabalho referente à disciplina de Psicologia, Instituições e Comunidades. Neste, temos como objetivo conhecer o Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM, partindo da sua fundação e quem sabe, apontar questões relevantes para uma intervenção.

4 - A Instituição Público atendido Pessoas que pretende fazer um curso superior, independente de sua idade, cidade, deficiência física ou visual. Descrição da Instituição História: 16/05/1970  Funcionamento da faculdade nas dependências dos Colégios: Marista; Nossa Senhora das Graças e Fonseca Rodrigues. 1986  Prédio FAFIPA com os cursos: Ciências Biológicas; História; Letras; Matemática; Pedagogia; Química. Com um total de 693 alunos (o prédio era chapiscado e com piso de plaqueta).  No prédio havia duas salas onde funcionava a biblioteca.  Ao lado do prédio, foram construídas uma modesta cantina e uma quadra de esporte. 1988  Março de 1988 foi à criação de uma nova faculdade com o curso de Farmácia.  Ao mesmo tempo começou a construção do Laboratório de Anatomia.  Em 26 de maio de 1988, foi autorizada a faculdade FACIA. 1989

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 No início de 1989 as aulas aconteceram nas dependências do Colégio Marista.  Em 1989 foram convocadas pela nova constituição do estado de MG para optar entre: transformar a FACULDADE em fundação de direito privado ou senão absorvidos pela universidade do estado de MG (e optaram pela segunda alternativa). 23/06/1991  Antônio do Vale (atual prefeito) propôs arcar com a construção de um prédio de mil metros quadrados (inaugurado). 1993  Fevereiro de 1993 iniciou o curso de Ciências Contábeis. 1996  Fevereiro de 1996 iniciou as atividades na faculdade de Direito.  A Fundação Educacional de Patos de Minas, através da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, celebrou convênio com Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, para o desenvolvimento de programa Emergencial de habilitação de professores para o Ensino Médio, na área de Química nas cidades de Almenara, Diamantina e Paracatu. Colaram grau, nas respectivas localidades, 127 professores. 2001  Fevereiro de 2001 deu-se a instalação do curso de Agronomia.  Em 06 de julho de 2001, iniciou a montagem do processo de criação do Centro Universitário de Patos de Minas- UNIPAM.  Para essa criação, foi implantado o Plano de Carreira Docente, que estabeleceu piso salarial de 39,21% acima do estabelecido pelo sindicato da categoria.  A pequena cantina, construída nos anos 70, foi ampliada e modernizada. 2002  Em julho de 2002, iniciou-se através de outro convênio, o objetivo de desenvolver o Projeto Veredas, curso modular a distância de formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental para as Superintendências de Ensino de Paracatu e Patos de Minas. Coloram grau, em 25 de agosto de 2005, 471 professores.  Criação da Incubadora de Empresas de Patos de Minas, que surgiu a partir da demanda dos alunos do Centro Universitário e de associações empresariais do Município. 2003  Em setembro de 2003, foi criado o projeto Letração, com o objetivo de ampliar a escolaridade dos funcionários da construção civil do Centro Universitário de Patos de Minas, já que como instituição superior que fomenta a educação, seria contraditória a permanência de funcionários em situação de semi-analfabetos e até mesmo analfabetos no espaço acadêmico. Até 2007 o número de participantes chega a 80. 2004

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 Em 16 de dezembro, foi criado o NAC (Núcleo de Arte e Cultura), e aprovou o seu Regulamento Interno no dia 17 de dezembro de 2004. 2006  Em fevereiro de 2006, foram criados novos cursos de Idiomas (Inglês, Espanhol e Francês), com o objetivo de promover a inclusão dos participantes num processo de aprendizado de uma língua estrangeira.  Em 17 de abril de 2006, afirmou o convênio com a EPAMIG, Prefeitura e Secretaria do Estado da Educação de MG, que autorizou o comodato referente à fazenda Canavial (Escola Agrícola) para o desenvolvimento de projetos de pesquisa.  Para um bom funcionamento do curso de Farmácia, foi feito um Laboratório Universitário de Análises Clínicas, para atendimento ao público e estágio para os alunos do curso. 2007  O UNIPAM começou a desenvolver o UNIPAM Sênior, uma universidade aberta destinada a pessoas maduras. O Centro Universitário de Patos de Minas conta com recursos tecnológicos de última geração, como os contidos nos laboratórios de informática, de enfermagem, de fisioterapia, a Farmácia Universitária; o Laboratório Universitário, este em convênio com o SUS. E ainda, a FACIA Jr. CONSULTORIA. O UNIPAM é conhecido pela comunidade devido aos diversos projetos que desenvolve e também por aqueles que ainda estão em estudo, como a construção do Hospital Universitário.

FACULDADES DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS- UNIPAM FAFIPA: Ciências Biológicas História Letras Matemática Pedagogia Química Física

FACIA: Administração Ciências Contábeis Sistema de Informação Secretariado Executivo 25

Comunicação Social Superior de Tecnologia em Agronegócio Superior de Tecnologia em Gestão Comercial Superior de Tecnologia em Moda e Estilo FADIPA: Direito FACISA: Farmácia Enfermagem Educação Física Fisioterapia Nutrição Psicologia Medicina FACIAGRA: Agronomia Zootecnia

Objetivos: O objetivo do Centro Universitário de Patos de Minas é ser, a um só tempo, agente e instrumento de transformação social, buscando, no processo educativo, através da excelência no ensino e da inserção regional, a formação integral do homem, promovendo seu desenvolvimento humanístico, científico e tecnológico. Centro Universitário tem por finalidade: Promover a formação e a qualificação dos recursos humanos que integram a comunidade acadêmica; Oferecer educação superior de qualidade; Incentivar a realização de pesquisa; Estender à comunidade os conhecimentos produzidos, buscando a solução de problemas e visando à integração do Centro Universitário com a comunidade onde está inserido; Promover sistemática de avaliação diagnóstica de suas atividades, como processo permanente; Promover o espírito comunitário da fraternidade e da igualdade entre os cidadãos, para que seus egressos tenham condições de desenvolver, conscientemente, seus projetos de vida.

Filosofia Institucional:

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O Centro Universitário de Patos de Minas tem sua filosofia institucional alicerçada na igualdade entre homens, independentemente de nacionalidade, sexo, raça ou credo; no respeito aos direitos humanos e, entre eles, o direito à educação, à instrução e à formação profissional; nos princípios de liberdade e de solidariedade humana; na educação integral da pessoa humana; nos valores de democracia; no amparo social aos mais carentes; na proteção do meio ambiente.

Regimentos internos: Direitos e Deveres do Aluno Constituem direitos e deveres de membros de corpo discente: I – Receber ensino qualificado, nos cursos em que se matriculou; II - Ser orientado pelo corpo docente em suas solicitações de cunho pedagógico; III – Constituir associações, de conformidade com a legislação específica e o disposto nas normas do Centro Universitário; IV – Fazer-se representar junto aos órgãos colegiados do Centro Universitário, na forma do Estatuto e do Regimento; V – Votar e ser votado nas eleições para membro da Diretoria do órgão de representação estudantil, observadas as restrições do Regimento; VI – Recorrer de decisões de órgão administrativo, observada a hierarquia institucional, encaminhando o respectivo recurso por meio do Diretor da Faculdade; VII – Aplicar a máxima diligência no aproveitamento do ensino; VIII – Abster-se de quaisquer atos que importem em perturbação da ordem, ofensa aos bons costumes, desrespeito às autoridades acadêmicas, professores, colegas e servidores em geral; IX – Cumprir regularmente suas obrigações financeiras para com a instituição; X – Participar de monitorias oferecidas pela Faculdade, de acordo com as normas estabelecidas; XI – Contribuir, no âmbito de atuação, para o prestígio crescente do Centro Universitário; XII - Recorrer dos atos de professores e de pessoal técnico-administrativo, que importem em descumprimento das normas regimentais, observada a hierarquia institucional; XIII – Desenvolver todas as suas atividades, no âmbito do Centro Universitário, co estrita obediência aos preceitos estatutários e regimentais; 27

XIV – Votar nas eleições para a escolha da Direção da Faculdade;

Penalidades Aplicáveis aos Alunos 1 – Os membros do corpo discente estão sujeitos às seguintes penas disciplinares: I – Advertência verbal; II – Repreensão escrita; III – Suspensão, até 15% do total dos dias letivos; IV – Desligamento; 2 – A pena de advertência é aplicável: I – Por desrespeito ao Diretor da Faculdade ou a qualquer membro dos corpos docente, discente e técnico administrativo; II – Por perturbação da ordem no recinto do Centro Universitário; III – Por prejuízos materiais causados à Instituição; 3 – A pena de repreensão é aplicável em caso de reincidência em falta prevista no item anterior; 4 – A pena de suspensão, de até 15% dos dias letivos, é aplicável: I – Por agressão a outro aluno; II – Por ofensa a qualquer membro dos corpos docente e técnico-administrativo; III – Por improbidade na execução dos trabalhos escolares; IV – Por ofensa moral ao Reitor, ao Diretor da Faculdade ou a qualquer autoridade da administração; V – por atentado doloso contra o patrimônio moral, científico, cultural ou material do Centro Universitário; VI – Por tentativa de impedimento do exercício de função pedagógicas, científicas ou administrativas do Centro Universitário. 5 – A pena de desligamento é aplicável: I – Pela reincidência em infração referida nos itens V e VI do item anterior; II – Por agressão ao Reitor, ao Diretor da Faculdade ou a qualquer membro do corpo docente ou técnico-administrativo; III – Por atos incompatíveis com a dignidade da vida escolar;

Direitos e Deveres do Corpo Docente I – Participar, diretamente, com direito a voz e voto, na forma do Regimento, dos órgãos em que esta for prevista, sendo vedado o voto por representação; 28

II – Votar e ser votado nas eleições para escolha da Direção da Faculdade e das representações docentes, referidas no item I, ressaltando os impedimentos previstos no Regimento; III – Apelar de decisões dos órgãos administrativos, observada a hierarquia institucional, encaminhando o respectivo recurso através do Diretor da Faculdade; IV – Receber remuneração e tratamento social condizente com as atividades do magistério e os recursos e apoios didáticos e administrativos, necessários ao desenvolvimento regular de suas atividades de ensino e pesquisa; V – Aplicar a máxima diligência no exercício das atividades educacionais de que esteja incumbido, propugnando pela melhoria constante, qualitativa e quantitativa, do produto escolar; VI – Aprimorar-se, permanentemente, em busca do desenvolvimento profissional; VII – Contribuir para a manutenção da ordem e disciplina no seu âmbito de atuação e pelo crescente prestígio da Instituição no âmbito social; VIII – Desenvolver todas as suas atividades em absoluta consonância com as disposições regimentais, cumprindo e fazendo cumprir obrigações e compromissos, no seu âmbito de atuação; IX – Cumprir as normas estabelecidas nos regulamentos relativos às atividades docentes. É obrigatória a freqüência dos professores às aulas, bem como o cumprimento da carga-horária curricular e a execução integral dos programas aprovados.

Competência do Professor Ao professor é atribuída a responsabilidade pela orientação e pela eficiência do ensino e da pesquisa na disciplina a seu cargo, competindo-lhe: I – Participar da elaboração do projeto pedagógico do seu curso e do projeto de desenvolvimento institucional do Centro Universitário; II – Assegurar a execução dos programas aprovados; III – Elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica da Instituição; IV – Zelar pela aprendizagem dos alunos; V – Propor estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

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VI – Ministrar aulas nos dias letivos e horas-aula estabelecidas, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VII – Responder pela ordem nas salas de aula e pelo bom uso e conservação do material utilizado; VIII – Orientar os trabalhos escolares e quaisquer atividades extracurriculares relacionadas com sua disciplina, observados seu contrato de trabalho e sua disponibilidade; IX – Coordenar, acompanhar a avaliar a execução dos trabalhos escolares; X – Cumprir e fazer cumprir as normas referentes à avaliação do aproveitamento dos alunos, na forma regulamentar; XI – Realizar ou promover pesquisas, estudos e publicações; XII – Fornecer à Secretaria Acadêmica as notas dos alunos, correspondentes aos trabalhos, provas e exames, observados os prazos específicos; XIII – Comparecer às reuniões dos órgãos colegiados do Centro Universitário, de que participe; XIV – Propor à Coordenação do Curso respectivas medidas que julgue necessárias para a maior eficiência do ensino, da pesquisa e da extensão; XV – Participar, salvo impedimento legal ou regimentar, de comissões julgadoras e outras para que for designado ou eleito; XVI – Colaborar com as atividades de articulação do Centro Universitário com as famílias e a comunidade; XVII – Cumprir quaisquer outras obrigações ou atribuições que lhe estejam previstas neste Regimento ou que decorram do exercício de sua função e responsabilidade.

Penalidades aplicáveis ao corpo docente Os membros do Corpo Docente estão sujeitos às seguintes penas disciplinares: I – Advertência verbal; II – Repreensão escrita; III – Suspensão; IV – Dispensa. A pena de advertência é aplicável ao professor que, sem justa causa, a juízo do Diretor da Faculdade: I – Não observe prazos regimentais; 30

II – Deixe de comparecer a ato escolar de sua obrigação ou para o qual tenha sido regulamente convocado; III – Falte a mais de três dias de aula, consecutivo.

As penas de repreensão e suspensão são aplicáveis em caso de reincidência em falta prevista nos itens anteriores.

A pena de dispensa é aplicável: I – Por abandono de emprego; II – Por incompetência cientifica, incapacidade didática ou técnica, desídia inveterada no desempenho das atividades ou práticas de atos incompatíveis com a dignidade da vida escolar.

Setores: A estrutura do Centro Universitário compreende órgãos da administração superior e básica, conforme se segue: - Administração Superior: Deliberação superior (conselho universitário). Execução superior (reitoria). Execução intermediária (pró-reitora de ensino, pesquisa e extensão / pró-reitoria de planejamento, administração e finanças). Execução auxiliar (coordenadoria de pós-graduação e pesquisa / coordenadoria de extensão / secretaria acadêmica / biblioteca / serviços financeiro-contábil / serviço de informática). Órgão suplementares (núcleo interdisciplinar de pesquisa e extensão NIPE / núcleo de apoio pedagógico NAP / núcleo de avaliação institucional NAI / núcleo de pesquisa em história da educação NUPHE / núcleo de arte e cultura NAC / comissão permanente de processo seletivo COPESE).

- Administração Básica: cada faculdade conta com um conselho diretor, diretoria, coordenadoria de cada curso e o colegiado de cada curso.

Estrutura Física: Toda a estrutura do Centro Universitário de Patos de Minas se volta para oferecer ao aluno as melhores condições, seja em relação às instalações físicas, seja em 31

relação à capacitação do corpo docente. Além de investir em informática, em salas de aula, dotando-as dos mais modernos recursos didáticos e na aquisição permanente de novos livros e periódicos, o UNIPAM busca estar sintonizado com o mercado, dando ao aluno uma visão realista da profissão que ele deseja exercer. Com uma área de aproximadamente 90.000 m2, o campus abriga os prédios das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, Ciências da Saúde, Direito, Ciências Administrativas e Ciências Agrárias e do Centro Administrativo. Há também um auditório com capacidade para aproximadamente 200 pessoas, além de uma completa infra-estrutura para as atividades do curso de Educação Física: ginásio poliesportivo coberto, quadra coberta para jogos de handebol, piscina semi-olímpica aquecida e coberta, salão para dança e ginástica rítmica, pista de atletismo e campo de futebol. Tudo isso envolvido por extensas áreas verdes que proporcionam um ambiente agradável. Cada curso do UNIPAM conta com laboratórios bem equipados que constituem um espaço de socialização entre os corpos docente e discente e local para o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão. Entre os laboratórios existentes, 10 são da área de informática, totalizando mais de 350 computadores. Há também o laboratório de Análises Clínicas e Toxicologia que tem como um de seus objetivos a prestação de serviços ao público. A Biblioteca do Centro Universitário de Patos de Mina, que ocupa uma área de aproximadamente 1200m², é um centro de cultura, estudos, pesquisas e extensão da comunidade universitária. Mantém em seu acervo obras didáticas, técnicas, literárias e especializadas, além de revistas, jornais e materiais especiais, como fitas de vídeo, fitas cassete, fotografias, mapas CDs, CD ROM, slides e discos. Todo o material é constantemente atualizado. Laboratório Universitário de Análises Clínicas e Toxicológicas esta localizado no prédio da FACISA, desde agosto de 2002 e mantêm convênio com SUS, Universitário e Particular. Atendendo em média 100 usuários/dia na realização de exames médicos laboratoriais. Seu principal objetivo é qualificar um grande número de profissionais com interesse nesta área, capacitando-os a atuarem com mais competitividade no mercado em diferentes setores do Laboratório Clínico. Instalada dentro do próprio campus, a Farmácia Universitária é constituída de drogaria, onde é comercializada toda a linha de medicamentos, e de setor de

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manipulação de medicamentos. O ensino e o treinamento dos alunos, bem como a prestação de serviços à comunidade constituem a finalidade da Farmácia. A fazenda Canavial, situada a 5 km de Patos de Minas, é o local onde são ministradas as aulas práticas dos cursos de Agronomia e Zootecnia. Além de contar com áreas de agricultura, horticultura, reflorestamento, fábrica de ração, queijaria, defumador, dentre outras; lá são desenvolvidas atividades como suinocultura, bovinocultura, avicultura, apiário e minhocultura. A infra-estrutura existente vem contribuir decisivamente para a formação dos alunos.

Financiamento: O UNIPAM oferece aos seus alunos a possibilidade de financiar seu curso através de uma parceria com a Caixa Econômica Federal, chamado FIES (Financiamento Estudantil), o FAFIEC (Fundo de Apoio Financeiro a Estudantes Carentes) que se trata de um programa da própria instituição e o PRAVALER, um programa de Crédito Universitário Privado em que o aluno tem até o dobro do tempo do curso para pagar. 5 – Desenvolvimento / Discussão Metodológica No dia posterior a proposta da realização deste trabalho, a primeira medida a ser tomada foi fazer um levantamento bibliográfico. Durante a tentativa de isto fazer, nos deparamos com diversos empecilhos, tais como: o difícil acesso aos arquivos do UNIPAM e a falta de bibliografia referente a esta instituição. Mesmo assim, continuamos a persistir. Entramos em contato com a coordenadora do curso de Psicologia a fim de perguntá-la como poderíamos conseguir alguma informação, no mesmo instante nos disse sobre a existência de um livreto escrito pelo diretor da Faculdade de Ciências da Saúde – FACISA, que relata parte da história do UNIPAM. Na quinta-feira, da mesma semana, Doutor Dirceu presenteou uma das alunas deste trabalho com um exemplar do seu livreto, o que se tornou para nós a única fonte bibliográfica capaz de nos fornecer dados reais e importantes para o desenrolar deste trabalho. Nos dias consecutivos, continuamos a busca por mais informações, vasculhamos o site do UNIPAM, voltamos por mais seis vezes na biblioteca e no laboratório de História, mas não foi possível encontrar o que procurávamos.

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Dessa forma, resolvemos entrevistar alguns funcionários que ocupam cargos de confiança, como o reitor, os diretores das faculdades e coordenadores de curso. Mas só foi possível entrevistar o diretor da FACISA e a coordenadora do curso de Psicologia, devido à incompatibilidade de horários. 6 – Conclusão Acreditamos que este trabalho, possa se tornar um estímulo para que tanto outros alunos quanto nós mesmas comecemos a nos interessar em realizar pesquisas dentro do UNIPAM. E quem sabe, através destes estudos, galgar para conclusões fidedignas das informações e conseguir definir realmente como se dá todo o processo desta instituição ou pelo menos, parte dele. Podemos afirmar que apenas uma parte deste trabalho esta sendo concluída, pois não conseguimos obter dados suficientes para que pudéssemos questionar, mas também não deixamos de pensar o porquê da dificuldade em acessar os arquivos. Pretendemos dar continuidade ao mesmo no próximo semestre. Não desistimos de chegar à realização do nosso objetivo, mesmo que para isso, continuemos de ter paciência para coletar os dados e lidar com aqueles não colaboram. Para o próximo semestre, pretendemos entrevistar todos aqueles que propomos e outros, incluindo os alunos. 8 – Referências Bibliográficas PACHECO, Dirceu Deocleciano. Vinte e um anos de Presidência da FEPAM Fundação Educacional de Patos de Minas. 2007.

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9 – Apêndices

Entrevista Realizada com o Diretor do Prédio FACISA 1 – O que o senhor acha do desenvolvimento de pesquisa na instituição? “Acredito que ainda não é tão satisfatório quanto gostaríamos, mas está aos poucos progredindo, tem avançado bem.” 2 – Pós- graduação é lato-senso? “Sim, mas o objetivo é trazer os cursos de mestrado e doutorado, porém, não há data definida.” 7 – Para o senhor, qual é a concepção de aluno? “Acredito, que aluno é aquele capaz de se envolver com o curso que está fazendo, independente se seu interesse seja pesquisa ou não.”

Entrevista Realizada com a Coordenadora do Curso de Psicologia 1 – Aponte para nós alguns pontos que você discorda da instituição? “Discordo com os pontos burocráticos que temos para fazer, porque não temos uma secretária para cada curso, temos que fazer de tudo. E isso ocupa muito o meu tempo e não faço as partes estratégicas que necessito.” 2 – Quais os tipos mais freqüentes de cobranças? “Cobranças são muitas: cobrança de alunos (reclamam de professores, data de provas, e quando querem algo tem que ser do jeito deles), cobrança do diretor (quer que participe de todas as reuniões, quando liga tem que ser na hora), cobrança da secretaria (planos de curso, diários), cobrança para participarmos dos eventos promovidos pela instituição (não depende só de mim e também dos alunos, tudo de última hora) e cobrança da parte financeira.” 3 – Qual a visão em relação ao relacionamento entre professor-aluno, professorprofessor e professor-instituição? “Em relação aos professores do curso, eles apresentam um relacionamento satisfatório. Professores e coordenação eu não vejo ou não percebo algo negativo, pois tem professores que se envolvem muito com o curso e trabalhos e outros que não se envolvem. Já a relação professor e aluno têm um pouco de agressividade, os alunos não respeitam os professores, tem deboche, dentre outros.” 35

10 – Anexo 1 - Fotos

FAFIPA

FACIA

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FACIAGRA

FACISA

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FADIPA

BIBLIOTECA

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ALBEGUE CASA DA PROMOÇÃO HUMANA Fernanda Araújo Amancio Stefane Ferreira Fonseca Vinícius De Oliveira Mota RESUMO O objetivo do presente trabalho teria como principal foco trazer ao conhecimento da sociedade o funcionamento de uma instituição não governamental, A Casa da Promoção Humana, cujo trabalho realizado é de suma importância para aqueles que muitas vezes são vistos como “a escória” de uma cidade, a classe desfavorecida que não merece atenção. Nesse sentido, mostrar ao meio acadêmico seus trabalhos, suas ações solidárias, seus planos futuros, regras da instituição seria um tanto fútil, para uma instituição onde suas carências vão além da dinâmica de uma simples prática. Surpreendeu a todos, quando ao desenvolvermos as visitas, que o reconhecimento ia além do que os olhos viram, mas sim na necessidade de voluntários, doadores, pessoas que se disponibilizem para um ação solidária, não somente doando algo palpável, mas também um pouco do seu tempo. Além das carências citadas, é necessário também que parcerias sejam criadas, onde os sujeitos que necessitam de cuidados possam se beneficiar e até melhorar sua qualidade de vida, seja ela física ou mental. Benefícios esses trazidos à instituição, a qual teria vários focos de trabalhos e intervenções.

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INTRODUÇÃO O trabalho foi realizado no período do segundo semestre do ano de 2008, sendo este desenvolvido na Casa da Promoção Humana. É um albergue situado em um bairro carente de Patos de Minas, com o objetivo de acolher aqueles sem hospedagem. A instituição foi escolhida através de uma indicação, sendo feita uma primeira visita, onde foi detectado tamanha importância em conhecer um pouco mais sobre aquele trabalho desenvolvido ali, em meio a tantas dificuldades. Foram traçados dentro do grupo que desenvolveu o trabalho objetivos os quais giravam em torno de identificar carências naquele ambiente de solidariedade, conseguir resgatar dali aspectos que poderiam ser levado a conhecimento da sociedade, e até mesmo investigar tais motivos pelos quais outros albergues se beneficiam facilmente pelos órgãos governamentais e aquele não. Tinham como objetivo também investigar a origem, ou mesmo, o paradeiro dos indigentes da cidade de Patos de Minas, de onde estes vinham, como eram recebidos, como que os Assistente Sociais da prefeitura os tratavam, visto que, através de denúncias, chegou a conhecimento que estes ao chegarem na cidade, são encaminhados para as grandes cidades. Não mais que justo é ajudar aquele que precisa, não fazendo deste uma pessoa sem perspectiva futura, mas sim o acolhendo na sua necessidade para com que se erga e com sua próprias pernas, possa ir de encontro ao seu futuro. Não se pode viver em meio a tanta maquiagem, nem mesmo as Top Models conseguem essa façanha, na vida delas existem os paparazzo, para mostrar ao público interessado, que por atrás daqueles rostos lindos e sedosos existe imperfeições; assim é a cidade, com canteiros floridos, praças iluminadas, fontes recém inauguradas tem injustiça, discriminações, maus-tratos, e muito mais, para que isso seja visto, existe as pessoas, ou pelo menos deveria existir.

A INSTITUIÇÃO A Casa da Promoção Humana se localiza na rua Manoel Dias, número 330, bairro Jardim Paulistano, na cidade de Patos de Minas. A instituição funciona 24 horas por dia, atendendo, ou melhor, acolhendo homens que não tem para onde ir, ou algum lugar para passar a noite.

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As pessoas ali acolhidas podem permanecer por tempo indeterminado, mas elas não são informadas disto, com a intenção de fazer com que eles tomem um rumo em suas vidas, visto que a instituição não tem estrutura física para suportar muitas pessoas. É um critério para a não permanência na casa: pessoas enfermas que não saibam cuidar de si mesmas, que necessitam de cuidados especiais; a instituição não conta o serviço de enfermagem, então, é preciso que a pessoa ali hospedada consiga cuidar de si próprio. A instituição surgiu através da junção de 22 pessoas com um objetivo em comum: criar um espaço onde pessoas que não tinham para onde ir, ou não tinham condições financeiras para isso, pudessem se alojar. Isso ocorreu há 6 anos atrás, e, com o passar do tempo, das 22 pessoas que haviam no princípio, restaram apenas 7. O objetivo principal da Casa da Promoção Humana é dar assistência àqueles que não tem para onde ir. Com isso, conta apenas com a ajuda de um funcionário, que os recebe, faz as fichas, cadastrando-os e nesse sentido são encaminhados para a dependência da instituição. A instituição, enquanto estrutura física é composta por 3 quartos, sala com televisão, cozinha, dispensa, lavanderia, 2 banheiros, pomar. As finanças do Albergue é bem administrada pelo conselho, que se divide em direção, secretariado e tesouraria. Grande parte da sua arrecadação é feita através de doações pela população dos bairros vizinhos, poucas vezes conseguiram licitações para que a prefeitura encaminhasse uma certa quantia, para fins específicos.

DESENVOLVIMENTO / DISCUSSÃO METODOLÓGICA O primeiro contato que tivemos com a instituição ocorreu no dia 17 de setembro, onde fomos à procura de algum diretor, presidente ou fundador que pudesse nos fornecer informações. Primeiramente, ao chegar ao Albergue encontramos dois “moradores” e perguntamos se algum funcionário ou voluntário se encontrava no local, para que pudesse responder algumas perguntas. Fomos informados que o senhor Hélio, funcionário, chegaria somente algumas horas mais tarde. Como já era de nosso conhecimento, por já termos feito um outro trabalho na Casa, procuramos então a senhora Maria da Conceição, que até onde sabíamos era uma voluntária do local.

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Quando chegamos à sua casa e começamos a conversar, descobrimos então que ela é a atual presidente da instituição. Expusemos à ela nosso objetivo de trabalho frente à instituição, o qual se fazia nos moldes de um conhecimento dos trabalhos e atividades desenvolvidas e também um conhecimento do surgimento da mesma. Fizemos uma entrevista (ANEXO A) para conhecermos melhor o funcionamento do local e para nos familiarizarmos com a ação realiza lá. Fomos bem acolhidos e recebemos a devida atenção e disponibilidade, ela disse que “as portas da instituição estariam abertas para nós a qualquer hora para qualquer atividade”. A primeira vez que entramos realmente no albergue foi no dia 22 de setembro às 16 horas, onde foi feita uma visita detalhada sobre a estrutura do local, entramos em cada cômodo, conversamos com as pessoas ali alojadas (haviam 3, duas se encontravam sentadas no lado de fora do albergue, enquanto uma lavava sua própria roupa na lavanderia do albergue) e também com o funcionário Helio, conversa esta informal. O mesmo se queixou da carência que a instituição tem de voluntários os quais se dediquem um mínimo de tempo para com ela, bem como as necessidades físicas do local, falta de móveis, eletrodomésticos, dentre outras muitas. Na segunda visita à Casa, conversamos com dois homens que se encontravam no local. Um era andarilho, não tinha mais família e foi parar na Casa por indicação de pessoas que o viram largado pelos corredores da rodoviária. Haviam 4 dias em que ele estava lá. O segundo homem também recebeu indicação de pessoas, e pelo que entendemos, ele veio para cá procurar condições melhores de vida. Ele é colombiano e por não termos o devido conhecimento de espanhol não pudemos estender nossa conversa. A Casa, bem como o funcionário Hélio e a presidente, se mostraram interessados em um contínuo trabalho que pudesse ser realizado dentro da instituição. Seja por intervenções psicológicas ou mesmo das outras áreas, tais como: nutrição, enfermagem, fisioterapia, enfim.

DISCUSSÃO TEÓRICA Não é tarefa simples limitar o abismo que tantas vezes parece abrir-se, no pensamento, entre o indivíduo e a sociedade. Requer-se um esforço peculiar de pensamento, pois as dificuldades que temos de enfrentar, em qualquer reflexão sobre a

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relação entre indivíduo e sociedade, provêm – na medida em que se originam de hábitos mentais específicos que hoje se acham demasiadamente arraigados na consciência de cada um de nós. Falando em termos gerais, parece extraordinariamente difícil para a maioria pessoas, no atual estágio do pensamento, conceber que as relações possam ter estrutura e regularidade próprias. A regularidade, acostumamo-nos a pensar, é algo próprio das substâncias, objetos ou corpos diretamente perceptíveis pelos sentidos. O padrão de uma relação, diz-nos uma voz interna, deve ser explicado pela estrutura e pelas leis dos objetos perceptíveis que se relacionam dentro dela. Parece-nos evidente que a única maneira frutífera de compreender unidades compostas insiste em dissecálas. Nosso raciocínio deve partir, segundo nos parece, das unidades menores que compõem as maiores através de suas inter-relações. Investigar as primeiras como são “em si”, independentemente de todas as suas relações umas com as outras, parece o primeiro passo indispensável. As relações entre essas unidades – e portanto a unidade maior que elas formam em conjunto – são algo em que involuntariamente pensamos como acrescentando a posteriori, uma espécie de consideração secundária. Aplicando isso no trabalho prático e teórico que fizemos na Casa da Promoção Humana, observamos alguns conflitos. Um deles é a falta de compromisso do funcionário responsável em acolher os necessitados. Como já dissemos no decorrer do nosso trabalho, a Casa é aberta 24 horas; mas muitas vezes por falta de força de vontade, falta de condições melhores de trabalho e de compromisso com o mesmo, o funcionário muitas vezes já se recusou de abrir a porta, principalmente de madrugada. Como já aconteceu algumas vezes, os vizinhos, quando percebem isso, ligam imediatamente para a senhor Conceição, presidente do local, que se desloca de sua residência para abrir a porta e fazer a ficha de quem está precisando. Por ser um trabalho um tanto quanto cansativo, a dificuldade de manter funcionários é enorme. A disponibilidade para o serviço tem que ser quase integral, pois é necessária a presença de uma pessoa para receber os que precisam e fazer as suas devidas fichas. A necessidade de uma equipe interdisciplinar no local é imprescindível. Muitas vezes, os homens que lá aparecem têm problemas de saúde, alguns distúrbios psíquicos, problemas relacionados à família, enfim. Uma gama de problemas, que poderiam ser amenizados com o trabalho em equipe de vários profissionais como: enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, enfim. Quem sabe até mesmo um professor, sendo que a maioria não sabe ler nem escrever. O problema que se 43

encontraria seria a falta de continuidade do trabalho, visto que eles não têm data para ficarem, entram e saem na medida em que necessitam. Mas um trabalho assim já ajudaria bastante a amenizar tanto o sofrimento psíquico quanto o físico, e ajudando-os a ler e escrever, um pouco da grande exclusão que sofrem poderia diminuir. A interdisciplinaridade poderia integrar os indivíduos. Seria como uma rede de tecido. Nessa rede, muitos fios isolados ligam-se uns aos outros. No entanto, nem a totalidade da rede nem a forma assumida por cada um desses fios podem ser compreendidas em termos de um único fio, ou mesmo de todos eles, isoladamente considerados; a rede só é compreensível em termos da maneira como eles se ligam, de sua relação recíproca. Essa ligação origina um sistema de tensões para o qual cada fio isolado concorre, cada um de maneira um pouco diferente, conforme seu lugar e função na totalidade da rede. A forma do fio individual se modifica quando se alteram a tensão e a estrutura da rede inteira. Na entanto essa rede nada é além de uma ligação de fios individuais; e, no interior do todo, cada fio continua a constituir uma unidade em si; tem uma posição e forma singulares dentro dele. Sugere-se então que: uma rede de muitas unidades origina uma ordem que não pode ser estudada nas unidades individuais. Entretanto as relações interpessoais nunca podem ser expressas em simples formas espaciais. Os problemas de funcionamento enfrentados pela instituição são vários. Eles vão desde os aspectos físicos, que são bastante precários, até a necessidade de maior cooperação da comunidade patense e aceitação da mesma. O trabalho que é realizado lá muitas vezes é desconhecido pela sociedade, a prefeitura demonstra má vontade em ajudar. Exemplo claro disso, foi quando da criação do Albergue, a prefeitura doou colchões para a instituição, imaginando que não seria utilizados, no período de Romaria, mandou um caminhão ir buscar o mesmo, que estava sento muito bem utilizados para quem necessita. A filosofia da instituição consiste em atender somente homens, sendo que, já aceitou mulheres alguns anos atrás. Por ter ocorrido namoros, sexo e muitas brigas, a presença delas foi extinta; mas, diga-se de passagem, a grande maioria que procura ajuda são homens. “Cerca de 90%”, é o que diz a presidente. Somente em casos de extrema necessidade, que mesmo assim, são raros. Um lote foi doado, para que se construísse um novo albergue, mais amplo, e com um pouco mais de conforto para as pessoas. E, segunda a senhora Conceição, nesse eles poderão abrigar mulheres, pois terá espaço para todos, fazendo divisórias. 44

CONCLUSÃO Conclui-se, portanto que os objetivos do trabalhos são simplesmente uma mera parcela daquilo que se necessita na instituição. Ao final do trabalho, quando aprofundamos um pouco mais no estudo de uma instituição, além do óbvio, que foi conhecer melhor, nos envolvemos mais, criamos vínculos e nos disponibilizamos de sempre estar comparecendo na casa, para conversar com as pessoas de lá e procurar criar um momento de descontração entre eles. Assim, como qualquer estudo mais aprofundado que fazemos encontramos defeitos, carências e claro, os benefícios que o albergue pode trazer. Um trabalho difícil de se realizar, pois envolve vários problemas como: comida, roupas, energia elétrica, um pouco de conforto; mas que, quando feito com boa vontade e quando se tem a ajuda do próximo, pode ajudar inúmeros indivíduos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LANE, Silvia. A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. STRALEN, Cornelis. Psicologia e Sociedade. Psicologia Social: Uma Especialidade da Psicologia? Jan. 2005. ELIAS, Norbert. A Sociedade dos Indivíduos. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro 1994.

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ANEXO A Entrevista com a Diretora.

Nome: Maria da Conceição Albino

Idade: 49

Profissão: Cabeleireira

Estado Civil: Casada

Formação: 8ª série Tem filhos: Sim. 2

Telefone para contato: 3825

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Sobre Instituição

Nome: Casa da Promoção Humana Endereço:Rua Manoel dias. 330 Como é o funcionamento: Funciona 24 horas por dia, mas as vezes não arruma funcionário para trabalhar todo esse tempo. A pessoa chega até a casa, é acolhida e fica o tempo indeterminado.

De onde vem a renda: Vem de vez em quando como subvenção da prefeitura. Tem carnê também doado por colaboradores

Alguém mais ajuda a instituição: Comunidade. Qual critério utilizado para a “escolha” das pessoas que habitam o local? Recebemos na casa somente homens. Porque a casa é pequena. Hoje ganharam um lote e pretendem construir para ambos os sexos, com alojamentos separados.

História da Instituição: Odite foi a idealizadora, Glória, Conceição, Nenêm também. Foi na Ação Social, convidou a responsável para ver onde a prefeitura poderia ajudar, assim iniciou a formação do albuergue.

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ANEXO B Nome: José Fernando Silva Mendes Idade: 42 Sexo: Masculino Estado Civil: Solteiro Filhos? Não que eu saiba. Naturalidade: Montes Claros Escolaridade: 4ª série.

Quem indicou o albergue, como você ficou sabendo? Eu tava na rodoviária, dormindo lá, ai um policial me disse pra procurar aqui que eles deixavam eu dormi e me dava comida até eu consegui ir embora.

Qual o motivo de você estar aqui? Vim procurar emprego, achei que tinha um primo meu que morava aqui. Mas não achei ele.

Há quanto tempo você está aqui? Tem 3 semanas.

Como é seu dia-a-dia? (dentro e fora da instituição) Eu durmo aqui todo dia, de manha eu ajudo a limpar a casa, ajudo também a fazer almoço e de tarde eu vou na rua, andar mesmo, ver se arrumo um bico. Volto pra casa a noite e durmo.

Tem algum problema de saúde? Faz tratamento? Toma remédios? Não, não tenho nada. Graças a Deus.

O que você acha de estar aqui? Mesmo longe de todo mundo, da família, agente sente saudade, mas sou muito bem tratado aqui. Aprendo a viver longe de casa.

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“APAE-PATOS DE MINAS” Fernanda Isabel R Wenceslau Mara Andrade Moreira

RESUMO O presente trabalho é fruto de uma prática solicitada pela disciplina “Psicologia e Instituições” do Unipam, sendo responsável pela supervisão o professor Frederico Viana Machado. Mediante a aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula, contamos com o vislumbre de um panorama mais claro da área de Psicologia Institucional. Pode-se dizer que esta atividade objetivou principalmente o contato real entre os alunos e uma instituição em toda sua complexidade. Para tanto a instituição escolhida foi a APAE de Patos de Minas, uma entidade filantrópica sem fins lucrativos que necessita da ajuda da sociedade civil para se manter. A APAE tem como visão promover e articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientação, prestação de serviços e apoio às famílias, direcionadas à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência e à construção de uma sociedade justa e solidária.

Estabelecimento: APAE PATOS DE MINAS Personalidade: Jurídica Razão Social: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Endereço: Rua José Pereira da Fonseca, 250. Bairro: Rosário. CEP: 38701-004 Patos de Minas – MG. Telefone: (34) 3822 11 65 E-mail: [email protected] CNPJ: 17835364000194 Pessoas de referência na instituição: Presidente: Glayde Lima Verde Pereira Vice-Presidente: Solimar Maria de Souza e Silva 1ª Diretora Secretária: Mariza Barbosa Oliveira Camargos 2ª Diretora Secretária: Sônia de Fátima Fonseca Alves 1ª Diretor Financeiro: Virgílio Antunes Filho 2º Diretor Financeiro: Edmilson Garcia Magalhães Diretor de Patrimônio: Silvio Gomes de Deus Diretor Social: José Paschoal Borges de Andrade

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1) Introdução: A escolha da APAE como campo de estudo deve-se à importância do serviço que presta à comunidade, bem como à necessidade de entender, aceitar e incluir as pessoas excepcionais em nosso meio social. Nossa prioridade foi conhecer o funcionamento da instituição e, por conseqüência, como isso se reflete no relacionamento com o público atendido e também com a sociedade. Sendo a principal instituição de ensino voltada para indivíduos portadores de deficiência mental, a APAE se constitui em instrumento fundamental de saúde, promotora dos direitos e da melhoria de vida dessas pessoas. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma associação em que, além de pais e amigos dos excepcionais, toda a comunidade se une para prevenir e tratar a deficiência e promover o bem estar e desenvolvimento da pessoa com deficiência. As APAEs têm como principal missão prestar serviços de assistência social no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência, conscientizando cada vez mais a sociedade.

2) A instituição: Sete crianças portadoras de deficiência levaram seus pais e amigos a fundarem a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Patos de Minas - APAE de Patos de Minas em 25/04/1972. Muitos foram os que participaram do processo de fundação da APAE, dando contribuições significativas para que esta Entidade fosse erigida, cabendo ressaltar os que deixaram seus nomes na ata de fundação: Wagner Pagels Lima Verde - foi o fundador e presidente de 1972/1981. Recebeu da comunidade patense e principalmente das famílias apaeanas, o agradecimento pelo bem que prestou aos portadores de deficiência do Município de Patos de Minas e região. Durante os 32 anos que aqui viveu, longos períodos foram dedicados à prestação de serviços à comunidade, destacando a fundação da APAE e construção dos dois primeiros pavilhões de sua sede própria. Graças ao seu dinamismo a Entidade cresceu, e hoje seu potencial de atendimento é um dos maiores do Estado. Glayde Lima Verde - fundadora e diretora por 12 anos. Afastou-se por algum tempo e retornou para a diretoria da APAE em 1993. 49

José Pereira Borges (Pereirinha) - exerceu vários cargos na diretoria por 18 anos. 

Maria Borges dos Santos Alves



Zander de Sousa Maia



D. Celina de Sousa Maia



D. Avelina Rezende Boaventura



Dr. Dácio Pereira da Fonseca



Renato José Lemos



José Alves Filho



Antonio Felisberto Borges



Lázaro José da Silva

A APAE de Patos de Minas é uma sociedade civil, filantrópica, de caráter educacional, cultural, assistencial, desportivo, de saúde, de estudo e pesquisa e outros, sem fins lucrativos e com duração indeterminada. Integra-se, por filiação, à Federação Nacional e Estadual das APAE's, nessa ordem, de quem recebe orientação, apoio e permissão para uso do nome, símbolo e sigla APAE, a cujo Estatuto adere e a cuja supervisão se submete. Descobrimos também, durante a visita, que a APAE de Patos de Minas conta com o SASA - Serviço de Atenção à Saúde Auditiva - que é um convênio com o SUS e a única de Minas Gerais que oferece este serviço à sociedade, fazendo a adaptação de prótese auditiva e o Teste da Orelhinha, abrangendo 30 municípios do Noroeste Mineiro e Alto Paranaíba. Na segunda visita foi-nos mostrado o estatuto da instituição, mostrando como funciona a diretoria e também o quadro e rodízio de funcionários. Neste estatuto está denominado o publico alvo com que a instituição trabalha e sua demanda: crianças, adolescentes e adultos, portadores de deficiências visuais, auditivas, deficiência mental, deficiências múltiplas, priorizando crianças de 0 a 6 anos e portadores de deficiências que não se integram à escola regular. Demanda para 2008: 530 alunos. A EQUIPE É

multidisciplinar, composta de profissionais necessários ao alcance

das áreas de resultados, tais como: professores, pedagogo, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente social, fonoaudiólogo, médico (otorrinolaringologista e neurologista) e outros profissionais necessários à obtenção dos resultados esperados.

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3) Discussão Metodológica: Antes de buscarmos entender o funcionamento da APAE, dirigimo-nos ao estabelecimento que se localiza na Rua José Pereira da Fonseca, levando uma carta de apresentação. Num primeiro momento não nos foi autorizado conhecer a instituição, pois a entidade estava passando por uma semana de eventos internos e foi pedido que aguardássemos uma resposta da diretoria. Passadas duas semanas retornamos ao local, onde foi marcado um encontro para que uma responsável da entidade agendasse uma data na qual pudesse mostrar a instituição . Vale ressaltar que nesse dia em que voltamos, foi percebida uma grande interação entre a comunidade e instituição, onde pais, alunos e professores estavam todos reunidos conversando no pátio. Chegado o dia da primeira visita, expomos à instituição nossa proposta inicial de intervenção, que era o conhecimento da mesma e sua história, ao que fomos atendidas pela diretora que nos mostrou o local e nos contou sobre o surgimento da APAE.

Roteiro das visitas

13/08/2008 Foi ligado na APAE, onde foi marcada uma visita para pedir orientação para realizar o trabalho.

20/08/2008 Após uma semana manifestou-se o interesse por parte da instituição, onde foi pedido que esperássemos mais uma semana, pois a mesma estava em sua semana de comemorações. Foi feito o convite para que participássemos do evento e também para conhecermos como era realizada a semana mais esperada pela instituição.

25/08/2008 Participamos da semana da APAE, onde foi mostrada uma festa muito alegre, onde pais e amigos se relacionavam muito bem, mostrando união e amizade entre os mesmos.

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Como primeiramente fomos com o objetivo de observar, focamos em como funcionavam as relações entre os funcionários e os pais . No entanto, foi percebido que alguns pais não participavam de nenhum evento que a semana oferecia e que outros participavam de mais de uma atividade. Esta prática nos ajudou a ver como o processo de socialização se dá dentro da instituição, vivenciando com eles, funcionários e pais, esses momentos.

17/09/2008 Após ligar quatro vezes e deixar agendado, foi retornado pela secretária onde pediu que voltássemos na outra semana, porque haveria uma reunião multidisciplinar e não havia ninguém para nos conduzir dentro da instituição e nos orientar.

24/09/2008 Nessa visita a secretária nos recebeu muito bem, mostrando-se atenciosa e prestativa às nossas dúvidas e perguntas. Ela nos apresentou o espaço físico da instituição, levando-nos às salas, refeitório , salas de psicologia , estimulação , diretorias, salas dos professores, sanitários , cozinha , pátio , áreas de lazer, salas de reunião , enfim, todo o ambiente físico e como ele funciona. A secretária ia nos apresentando as salas e falando o que era feito na mesma, qual sua finalidade e quem a coordenava. Após essa visita foi mais fácil identificar e situar-se dentro da APAE, porque é um espaço grande e que tem muitas funções.

01/10/2008 Foi-nos mostrado o estatuto da APAE.

08/10/2008 Como não havíamos terminado na última semana, foi-nos mostrado e explicado o estatuto da APAE.

4) Discussão teórica: Concordamos com Baremblitt quando este afirma que todo campo de intervenção pressupõe um campo de análise, isto é, pode-se entender sem intervir, mas

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não se pode intervir sem entender, embora durante a intervenção possamos entender cada vez mais. O autor argumenta que não se pode ser psicólogo quando não se é, ao mesmo tempo, um investigador de fenômenos que se quer modificar. Também não se pode ser investigador se não se extrai problemas da própria prática e da realidade social na qual se vive em determinado momento. Pensando nisso elegemos como campo de análise a APAE de Patos de Minas, enquanto entidade filiada à Federação Nacional e Estadual das APAE's, usando seu Estatuto para dela nos aproximarmos teoricamente. Nosso campo de intervenção irá abranger as concepções de crianças, adolescentes e adultos, e se estas diferem entre si, frente à sua inserção na instituição e seu relacionamento com os demais segmentos da sociedade.

5) Conclusão: Este trabalho permitiu que tivéssemos um real discernimento acerca da Análise Institucional e suas implicações. Foi possível distinguir na prática a diferença entre os conceitos de instituição e organização, bem como os de visão e missão institucional. Descobrimos a importância da APAE não só para nossa cidade, mas para todo o Brasil, tanto na área de atendimento aos excepcionais, como às suas famílias e, principalmente, a questão da conscientização social. Sentimos na pele as dificuldades com as quais pode se deparar um psicólogo institucional, como a resistência em ser recebido, a desconfiança em relação a seu trabalho e, sobretudo, a complexidade de se trabalhar com grupos. Vimos também como são muitas as demandas dentro da instituição e como nem sempre os integrantes têm consciência das mesmas, o que pode levar aos atritos e incoerências nos relacionamentos ali erguidos.

6) Referências Bibliográficas: 

BAREMBLITT, Gregório. Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. 5ª edição. Belo Horizonte: Instituto Félix Guattari, 2002. cap VI, p. 90-107.

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CAIS-LP “CENTRO DE APOIO E INTEGRAÇÃO DOS SURDOS” Heloísa Martins da Silva Jadson Queiroz Braga Pricila Caetano Fernandes. RESUMO

O centro funciona a mais de cinco anos exclusivamente para os surdos. Para freqüentar o CAIS o indivíduo precisa estar cursando o ensino regular. Na instituição eles estudam sua própria língua que é a libra. Além desta, estudam português, reforço escolar e informática. No total são 35 alunos nos turnos manhã e tarde, com faixa etária de 7 a 39 anos. O objetivo do padre Pavoni desde o início foi o de constituir uma comunidade de “consagrados inflamados do amor de Deus e unidos por fortes laços de caridade”. Buscando com perseverança a santificação de si mesmo, os mesmos procuram promover por todos os meios possíveis o bem ao próximo. Distinguem-se pela educação humana (religiosa) e profissional das crianças e jovens surdos. Todos os professores e intérpretes têm curso superior de libras, letras ou pedagogia. O CAIS é uma instituição fundada pelo Centro Comunitário Ludovico Pavoni, que é uma entidade social sem fins lucrativos atuando no atendimento às crianças, adolescentes e adultos com deficiência auditiva. Portanto o presente relatório é para verificar o funcionamento da instituição e se provavelmente uma possível intervenção.

. Endereço da instituição: Rua Padre Pavoni, n°294 Bairro Rosário. Tel.: 3822-1418 Pessoas de referência na instituição: Padre Ivanilson Mendes e Márcia Dias Lima.

1) Introdução:

A) Escolha da instituição: Esta instituição foi escolhida, devido ser uma entidade filantrópica, onde seu público-alvo são deficientes auditivos. E o trabalho desses profissionais em relação a essas pessoas nos chamou bastante atenção.

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B) Objetivos definidos pelo grupo: O grupo apresenta como objetivo fundamental verificar o funcionamento do projeto e adesão das pessoas a este. Nossa proposta é fazer dinâmicas de grupo, que possibilitam a criação e recriação do conhecimento. Para levantar a prática: o que pensam as pessoas, o que sentem, o que vivem e sofrem. Para desenvolver um caminho de teorização sobre esta prática como processo sistemático, ordenado e progressivo. Para retornar à prática, transformá-la, redimensioná-la. Para incluir novos elementos que permitem explicar e entender os processos vividos As técnicas participativas permitem desenvolver um processo coletivo de discussão e reflexão, ampliar o conhecimento individual, coletivo, enriquecendo seu potencial e conhecimento, possibilita criação, formação, transformação e conhecimento, onde os participantes são sujeitos de sua elaboração e execução.

C) Justificativa O projeto é de grande importância, pois a cidade de Patos de Minas tem um alto índice de pessoas portadoras de deficiência auditiva. O nível de escolaridade das mesmas é bem reduzido, pois o Município não oferece um centro de atendimento específico para elas, o que dificulta a aquisição de uma cultura mínima para o exercício da cidadania. Isso gera conseqüências na vida sócio-econômica da comunidade dos surdos, pois não conseguem competir no mundo do trabalho, tendo dificuldades de lutar por seus direitos, e assim, engrossam a linha das pessoas que vivem numa situação de risco no Brasil. O município de Patos de Minas goza de uma estrutura sócio-econômica privilegiada. A agricultura, a indústria e o comércio fazem com que os cidadãos patenses tenham qualidade de vida razoável. Porém, as comunidades surdas não participam deste privilégio. Por causa da baixa escolaridade sobrevivem de subempregos com salários abaixo do padrão, o beneficio garantido pela lei orgânica da Assistência Social.

2) Instituição A população atendida são todos os alunos portadores de deficiência auditiva que estejam matriculados na rede de ensino regular ou especial. O CAIS iria atender aos deficientes auditivos inseridos nas escolas regulares ou especiais, só que a procura dos surdos jovens e adultos que não estavam estudando , era muito intensa, então a instituição resolveu acolhê-los e incluí-los também nas atividades. 55

A sede própria do CAIS foi fundada em maio de 2008 sendo que a educação dos deficientes auditivos era feita na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais). Na APAE os surdos eram tratados como pessoas que tinham problemas na aprendizagem. Padre Ivanilson percebeu que eles não tinham nenhum déficit mental, ou seja, eram como os outros só que sem o sentido da audição. A entidade mantedora (Associação das Obras Pavonianas de Assistência) adquiriu um terreno no Município de Patos de Minas, criando assim a instituição. A Associação de Surdos da cidade há vários anos requeriam junto à prefeitura do Município, projetos educacionais e culturais que atendessem essa parcela da sociedade O centro funciona a mais de cinco anos exclusivamente para os surdos. Para freqüentar o CAIS o indivíduo precisa estar cursando o ensino regular. O CAIS auxilia nos desenvolvimentos dos surdos; possibilita que os surdos tenham condições de acompanhar as aulas de ensino regular, onde fazem a exclusão; favorecer a participação dos surdos em atividades culturais, campeonatos esportivos e atividades lúdicas; e a utilização de metodologia (bilingüismo) que facilite a assimilação do conteúdo pragmático. O CAIS é uma instituição fundada pelo Centro Comunitário Ludovico Pavoni, que é uma entidade social sem fins lucrativos atuando no atendimento às crianças, adolescentes e adultos com deficiência auditiva. O objetivo do padre Pavoni desde o início foi o de constituir uma comunidade de “consagrados inflamados do amor de Deus e unidos por fortes laços de caridade”. Buscando com perseverança a santificação de si mesmo, os mesmos procuram promover por todos os meios possíveis o bem ao próximo. Distinguem-se pela educação humana (religiosa) e profissional das crianças e jovens surdos. A sede própria do CAIS foi fundada em maio de 2008 sendo que a educação dos deficientes auditivos era feita na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais). Na APAE os surdos eram tratados como pessoas que tinham problemas na aprendizagem. Padre Ivanilson percebeu que eles não tinham nenhum déficit mental, ou seja, eram como os outros só que sem o sentido da audição. O CAIS é uma extensão do Centro Comunitário Pavoni e situada em uma casa adaptada, possui duas salas para o reforço escolar, uma sala para informática, uma sala de administração uma varanda e eu refeitório, dois banheiros sendo um masculino e outro feminino, uma cozinha, sendo ao todo 103 m².

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O CAIS é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, onde a Comunidade Pavoniana colabora com a mesma, organizando bingos, e eventos para levantar verbas para a melhoria da Instituição. A política de Ludovico Pavoni, ordenado padre em 1807, foi sempre e unicamente a do amor. Renunciando a fáceis perspectivas de carreira eclesiástica, à qual parecia encaminhado quando o bispo D. Gábrio Maria Nava o quis seu secretário (1812), soube doar-se com generosa criatividade a quem tinha mais necessidade: os jovens e entre esses os mais pobres. Para eles abriu seu Oratório (1812). Ao mesmo tempo, dedicava-se, como notará o bispo, a ajudar os párocos, instruindo, catequizando com homilias, catecismos e com retiros, fazendo grande bem à juventude, especialmente a mais pobre que tem maior necessidade. No dia 16 de março de 1818, foi nomeado cônego da Catedral e lhe foi confiada a reitoria da basílica de São Barnabé. Percebendo que muitos oratorianos, sobretudo os pobres, fraquejavam e se desviavam do bom caminho ao se inserirem no mundo do trabalho que, infelizmente, não garantia um ambiente moral e cristão sadio, Ludovico Pavoni decidiu fundar um Instituto beneficente ou Colégio de Artes onde os órfãos ou os descuidados pelos próprios pais, fossem acolhidos, gratuitamente mantidos, cristã mente educados e habilitados para o desempenho de alguma profissão, a fim de formá-los e ao mesmo tempo, afeiçoados à religião, úteis à sociedade e ao Estado. Nasceu, assim, o Instituto de São Barnabé. Para sustentar e dar continuidade ao Instituto, Ludovico Pavoni cultivava há muito, a idéia de formar com seus jovens mais fervorosos «uma regular Congregação que, unida com os vínculos da caridade cristã e fundamentada nas virtudes evangélicas, dedique-se inteiramente ao acolhimento e à educação dos filhinhos abandonados e se disponha a estender gratuitamente seus cuidados também em favor da tão recomendada Casa da Indústria, prejudicada com a falta de mestres competentes nas artes». Assim, já em 1825, escrevia ao imperador Francisco I, em visita a Bréscia. O público atendido pelo CAIS-LP compreende uma faixa etária de 6 a 40 anos, agrupados por idade ou grau de escolaridade. É utilizada de 2 ou mais línguas no processo educacional, no caso dos surdos a Língua dos Sinais (1 Língua natural) e a Língua oral escrita (2 língua adquirida). As atividades desenvolvidas têm mais ênfase na parte pedagógica que acontece diariamente alternado com atividades lúdicas (jogos, brincadeiras e teatro), atendendo a todos os grupos que são divididos em período de manhã e a tarde. 57

A cada semana são escolhidas atividades para realizar com os alunos como vídeos recreativos, atividades recreativas dirigidas (jogo de futebol, vôlei, queimadas, aulas de Libras, dramatizações, contos, história) e passeios (sorveteria, clube, praça).

3) Desenvolvimento O Primeiro contato do grupo com a instituição foi realizado no dia quatro de setembro de 2008, onde fomos pessoalmente, sendo muito bem recepcionados pelas professoras do local que ficaram empolgadas com nossa proposta de conhecer o CAIS. Conhecemos o espaço físico, e alguns usuários do mesmo. Segundo encontro realizado no dia dezenove de setembro de 2008, conversamos com o responsável da Instituição Padre Ivanilson, que contou a história do CAIS e como funcionava a fundação pavoniana, e as atividades realizadas com os surdos que são, reforço pedagógico aos surdos inseridos as na escola regular, alfabetização para os surdos adultos, missa celebrada em libras, catequese adaptada, atividades de lazer recreação , apoio e integração aos surdos no meio social. No terceiro encontro realizado no dia dezessete de outubro, conversamos com cada um dos funcionários conhecendo sua historia de vida, também conversamos com alguns usuários para saber a importância da Instituição na vida de cada um. Os relados foram emocionantes pois no CAIS, eles aprendem a superar sua deficiência auditiva integrando- os a sociedade. A Instituição se mostrou receptível a este projeto, pois no CAIS não existe um profissional da área da saúde mental, eles ficaram super empolgados com a nossa presença e demonstrou uma grande vontade que permanecêssemos dando apoio psicológico para a Instituição.

4) Discussão teórica Através de processos e técnicas de comunicação os fatos, pensamentos, sentimentos, atitudes são compartilhados por um número maior de indivíduos e sociedades. No mundo atual, mesmo nas zonas rurais mais distantes, o rádio leva notícias, quebrando o isolamento social. Em linguagem figurada, podemos dizer que “o mundo hoje ficou menor”, pois a multiplicidade das técnicas de comunicação e o grande poder de alcance que possuem, acarretou o desenvolvimento individual, diminuiu as diversidades sociais, ampliou os contatos e acelerou as mudanças sociais. A comunicação criou um mundo novo nos últimos cinqüenta anos, modificando a vida em 58

todos os seus aspectos. Este mundo foi chamado por Marshall McLuhan de “global village” (aldeia global): após viver em aldeias, cidades ou nações separadas, hoje a humanidade está cada vez mais vivendo uma imensa aldeia, onde informações, opiniões e modas são compartilhadas em igual medida. As interações sociais podem assumir as diferentes formas que constituem as relações sociais. Do complexo de relações sociais mais duradouras derivam as estruturas sociais. O grupo social é exemplo de estrutura social. Nele as partes (ou seja, os indivíduos) estão de tal modo relacionados que, sem perder sua identidade individualidade, constituindo um todo que transcende a essas próprias partes. Por outras palavras, o grupo social possui propriedades que não se encontram nos indivíduos que o compõem. Não é suficiente um agregado físico de pessoas para termos um grupo social. Um conjunto de pessoas na calçada, a espera da troca de sinal para que possam atravessar, ou os passageiros de um ônibus não são suficientes para formar um grupo social. Este supõe: Pluralidade de indivíduos em interação social. As interações determinam atitudes, sentimentos e ações comuns. Podemos então definir grupo social como um conjunto de indivíduos permanentemente associados em um processo de interação social. Segundo Sumner e Keller, “as principais necessidades que deram margem ao aparecimento das instituições foram a fome, o amor, a vaidade e o medo, que correspondem aos impulsos de autopreservação, sexo, gratificação pessoal e o temor ao sobrenatural. Essas foram forças que, agindo sobre todos os seres humanos, originaram as instituições sociais, tanto para satisfazê-las, como para regulá-los e controlá-los.” “W. I. Thomas e Florian Znaniecki, no livro The Polish Peasant in Europe and America, entenderam a desorganização social como uma diminuição da influencias das regras vigentes de comportamento sobre os membros do grupo. Em outras palavras, quando as leis e regras de uma sociedade deixam de controlar os indivíduos, começa a desmoralização pessoal. Quando essa desmoralização se generaliza, toda a estrutura social é atingida e as várias instituições começam a se desintegrar-se. O conseqüente colapso institucional ou desorganização social se expressa numa taxa elevada de delinqüência, vicio, crime e outros problemas.” Para onde quer que nos voltemos, deparamos com as mesmas antinomias: temos uma certa idéia tradicional do que somos como indivíduos. E temos uma noção mais ou menos distinta do que queremos dizer ao pronunciar o termo “sociedade”. Mas essas duas idéias, a consciência que temos de nós como sociedade, de um lado, e como 59

indivíduos, de outro, nunca chegam a coalescer inteiramente. Sem dúvida temos consciência, ao mesmo tempo, de que esse abismo entre os indivíduos e a sociedade não existe na realidade. Toda sociedade humana consiste em indivíduos distintos e de todo indivíduo humano só se humaniza, ao aprender a agir, falar, e sentir no convívio com outros. A sociedade sem os indivíduos ou o indivíduo sem a sociedade é um absurdo. Mas, quando tentamos reconstruir no pensamento aquilo que vivenciamos cotidianamente, é constante aparecer em lacunas e falhas em nosso fluxo de pensamento, como num quebra-cabeça cujas peças se recusassem a compor uma imagem completa. Verificamos a falta de um profissional de psicologia, porém o psicólogo é de grande importância na instituição a fim de trabalhar aspectos referentes aos sentimentos, vivências dos integrantes do grupo, assim como a auto estima, relação interpessoal, criando assim formas de inclusão social, as demandas que foram levantadas pelo grupo.

5) Conclusão Ao realizar este trabalho de campo, tivemos a oportunidade de conhecer e entender o funcionamento de uma instituição que tem grande importância na cidade de Patos de Minas. É um projeto que dá oportunidades para uma parte da população que é muitas vezes excluída pela sociedade. Ter a possibilidade de incluir seus alunos nas escolas regulares, proporcionando a eles melhoras nas condições para acompanhar as turmas onde estão inseridos. Criando então, condições para que os surdos sejam vistos como sujeitos com potencial para exercerem sua cidadania.

6) Referências Bibliográficas Blalock, Jr: Introdução à Pesquisa Social/ tradução Elisa L. Caillaux 2 ed: Jorge Zahar Ed.1976. Elias, Norbert: A Sociedade dos Indivíduos/ organizado por Michael Schrote; tradução , Vera Ribeiro; revisão técnica e notas , Renato Janine Ribeiro.- Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994. Lane, S.T.M. Uma Analise Dialética do Processo Grupal/ publicação em cadernos PUC – Psicologia, nº 11, Educação. Cortez Editora, 1981. Torre, Maria Benedita Lima della. O homem e a sociedade :Uma introdução à sociologia 6.ed. M.B.L. Della Torre. 6. ed. São Paulo, Editora Nacional, 1977.

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A PERSPECTIVA INSTITUCIONAL: UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DE ALUNOS DE PSICOLOGIA NA CASA DA ACOLHIDA BENVINDA

Hugo Silva Neolaine Cristina De Oliveira Osline Natália

RESUMO

Com o desenvolvimento da ciência, principalmente no que concerne aos estudos relativos ao comportamento humano, é de extrema importância que se priorizem os questionamentos que compõe a aplicação prática desse desenvolvimento no cotidiano. Nesse sentido, pode-se afirmar que o presente trabalho teve como objetivo levantar os principais problemas existentes nas instituições responsáveis por crianças/adolescentes da cidade de Patos de Minas. Para tanto, analisou-se algumas teorias sobre a psicologia do desenvolvimento. Foi feito também um levantamento sobre os conflitos e o perfil das crianças/adolescentes, e funcionários da Casa da Acolhida Benvinda, acompanhando as dificuldades enfrentadas por eles no cotidiano. Por essa razão, o trabalho se justifica pelo seu caráter social, consistindo na oportunidade de se estar desenvolvendo uma literatura que discuta a importância da conscientização da realidade institucional na formação de crianças e adolescentes. A criança e o adolescente, sem uma família, costumam apresentar vários sintomas psicológicos associados, que podem ser observados através do comportamento. Algumas crianças e adolescentes que sofrem freqüentemente fortes traumas modificam o comportamento regular, tornando-se tristes, agressivos ou infantes para a idade cronológica que apresentam. A maioria apresenta dificuldades em compreender os ensinamentos escolares e não participa das atividades propostas. Portanto, a família é como um núcleo ímpar, criador de uma cultura própria ,com leis, regras e mitos. Cada pessoa que compõe uma família, além de compartilhar esses mesmos ideais e comportamentos, tem suas próprias emoções e também suas patologias. Esses diferentes universos se entrelaçam e são formados por um jeito de

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viver e conviver, que ao mesmo tempo em que protegem, podem também prejudicar a criança. Diante disso, o papel da instituição se torna fundamental, pois a mesma assume o lugar da família, se constituindo do espaço, no qual a criança/ adolescente terá o apoio que a principio seria de responsabilidade familiar. Nesse contexto, o tema é extremamente relevante já que discorre sobre a importância de um acompanhamento psicológico no cotidiano dessas instituições. Assim, a reflexão acerca do assunto pode propiciar, no âmbito social, atitudes que demonstrem mais sensibilidade a tais questões, principalmente quando as mesmas se correspondem à formação de crianças e adolescentes. Apoiado nesses pressupostos, a temática irá contribuir para a realização de novos estudos sobre as raízes e os efeitos do preconceito acerca das instituições, estabelecendo mais uma forma de abordagem sobre o assunto e enfatizando o processo psicológico de crianças e adolescentes atendidos.

Casa da Acolhida Bem Vinda R: José Felipe de Melo n° 0 B: Cerrado Patos de Minas –MG CEP 38701-298 (34) 3823-3110 SIMARIA SILVA FLOR – COORDENADORA JOSÉ MARIA SOUSA - PRESIDENTE

1) INTRODUÇÃO

1.1) Escolha da instituição No Natal do ano de 2006, foi proposto aos alunos do curso de Psicologia realizar o natal solidário, levando presentes às crianças da Casa da Acolhida Bem Vinda. Durante o dia foram realizadas várias brincadeiras, entrega de presentes e ao final um grande lanche de confraternização. Nesse dia então tivemos a oportunidade de conhecer a instituição. No ano de 2008 nos foi apresentado à disciplina de Psicologia, Instituições e Comunidades, onde teríamos a oportunidade de realizar uma análise institucional em alguma instituição da cidade de Patos de Minas, surgiu então à idéia de voltar àquela instituição onde havíamos apenas feito uma visita de Natal e não mais voltado. 62

1.3) Objetivos Gerais do Grupo  Compreender a realidade institucional de tal abrigo;  Refletir sobre a importância do estágio em abrigos para crianças e adolescentes e idosos na formação institucional de graduandos do curso de psicologia e de outros cursos.  Se possível contribuir para a preparação dos funcionários responsáveis por um abrigo de crianças e adolescentes;  Observar a dimensão do afeto, proteção determinantes para o não fracasso das instituições responsáveis;

1.3) Justificativa

É de extrema importância que seja feita uma reflexão sobre a realidade institucional de um abrigo para crianças e adolescentes, mostrando, como os mesmos a representam, bem como a importância de repensar, recuperar e investir no universo institucional superando estigmas que acompanham a realidade das instituições como lugar de “fracasso”, permitindo que a mesma seja vista como um local de possibilidades, de acolhimento, de afeto e proteção, objetivo, aliás, que determinou a sua origem. Dentro dessa perspectiva, este trabalho enfatiza a importância da intervenção da Psicologia nas instituições, auxiliando as mesmas através de um trabalho de acessoria no enfrentamento dos preconceitos, dificuldades e conflitos que caracterizam seu funcionamento. O referido relatório nasceu de nossa participação em uma prática da disciplina “Psicologia Instituições e Comunidade”, na instituição “Casa da Acolhida Benvinda”, que abriga crianças e adolescente de 0 a 16 anos, objetiva propiciar atendimento integral a crianças e adolescentes em situação de risco, vítimas de abandono, exclusão e violências, visando minimizá-las e a contribuir também para a inserção sociocultural dos adolescentes. Uma intervenção na instituição poderia constituir atividades laborais, participações em oficinas ou em grupos através da técnica do psicodrama com diferentes temas: arte, educação, sexualidade, música, literatura entre outros, além de conversas em grupo temáticas ou não.

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Nos encontros semanais, poderiam ser oferecidos espaços para integração das diferentes atividades realizadas no projeto, juntamente com a busca de alternativas que viabilizam a superação das dificuldades e obstáculos que emergem da própria tarefa, assim integrar os participantes facilitando a troca de experiências e o relacionamento grupal. A nossa prática de trabalho deverá ser permeada por um vínculo significativo e uma relação de confiança o que nos parece ser uma condição importante para a realização do projeto.

2) A INSTITUIÇÃO

O que é a Casa da Acolhida?

Ela é uma Associação civil sem fins lucrativos, beneficente, filantrópica e de assistência social, reconhecida como entidade de utilidade publica pela Lei Municipal n° 5.483 de 4 de outubro de 2004. Essa instituição surgiu entre o ano 2000 e 2001, só que com outro nome Famede. E em 2004 passou a se chamar Casa da Acolhida Bem Vinda. Com a colaboração de voluntários da comunidade e empresas socialmente responsáveis. A Casa da Acolhida mantém sob sua guarda, crianças e adolescentes em situação de risco pessoal, social e/ou que não tem família, encaminhadas pelo Conselho Tutelar ou Justiça da Infância da Juventude. A Entidade opera em regime e programa de abrigo, em caráter temporário, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento e a proteção infanto-juvenil através de atividades e projetos de natureza educativa, visando à reintegração social e familiar. Sua sede própria foi construída em 2007 com capacidade de 40 crianças, sendo que é sustentada pela ajuda da comunidade e de empresas locais. A Simaria Silva Flor é a coordenadora da instituição, sendo que há mais quatro funcionários que trabalham aqui. José Maria Sousa é o presidente da Casa da Acolhida.

Prestações de despesas

As prestações de conta devem ser prestadas ao Conselho Tutelar. 64

As despesas de manutenção das atividades desenvolvidas pela entidade giram em torno de R$ 6.800,00 mensais e R$ 81.600,00 por ano. O custo mensal por criança acolhida é R$ 170,00. O custo anual por criança R$ 2.040,00. A maior fonte de recurso vem do Lions Clube Patos de Minas Domingos Matos, que destina as verbas obtidas através de suas promoções e campanhas. A ajuda da Colaboração é através de: 1. Campanha de apadrinhamento de um ou mais crianças, custo de R$ 270,00 mensais. 2. Doação em dinheiro: carnê, debito em conta, deposito em conta corrente da entidade. 3. Doação de gênero alimentício e materiais de limpeza, higiene pessoal e medicamentos.

Histórico da instituição

A Instituição existia com o nome de Famede, sendo que era governada por um casal de pastores. Mas como as crianças estavam sendo maltratadas pelo casal, então os promotores tiraram o poder deles e buscaram novas fontes, instituições que pudessem cuidar da instituição. A instituição Lions Clube aceitou coordenar esta e com o apoio da verba de R$ 80.000,00 de uma cidadã patense que tinha o sobrenome Bem Vinda, eles inauguraram o Instituto Casa da Acolhida Bem Vinda, que recebeu este nome devido ser o sobrenome da cidadã que doou a verba.

Objetivos da Instituição O objetivo da instituição é “De a mão a quem precisa” O presente projeto tem por objetivo captar recursos para manutenção das atividades assistências da Casa da Acolhida. A entidade gera em regime e programa de abrigo em caráter temporário, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento e a proteção infanto-juvenil através de atividades e projetos de natureza educativa, visando a reintegração social e familiar.

Atividades e trabalhos de assistência

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No grêmio 2006/2007 foram acolhidos 46 crianças e adolescentes. Três crianças após se recuperarem retornaram e foram encaminhadas ao lar familiar, o primeiro foi encaminhado à casa das meninas, as demais crianças e adolescente continuam na entidade. Em 2007 com a ajuda da comunidade e empresas locais, foi construída uma ampla e confortável sede, com estrutura suficiente para acolher dezenas de crianças. A Casa da Acolhida possui uma equipe de profissionais capacitados composta de médicos, cirurgiões dentistas, assistentes sociais e psicólogos. A equipe assistencial da entidade é formada por profissionais voluntários e remunerados.

3) DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO METODOLÓGICA Num primeiro momento, para uma aproximação da realidade vivida pela Casa da Acolhida, optou-se por uma visita orientada pela coordenadora da Instituição, que nos recebeu com muita presteza e atenção, esta visita foi marcada com a mesma anteriormente após um telefonema realizado por um dos integrantes deste grupo, explicando nossos objetivos. Na primeira visita realizada, a Instituição como um todo nos foi apresentada, falamos sobre a história da mesma e seu desenvolvimento até os dias atuais, após esta visita, foi marcada uma entrevista para próxima semana com a coordenadora com o intuito de sabermos sobre a demanda da Instituição. Na visita seguinte entrevistamos à coordenadora da instituição e nos propusemos a procurar um dos psicólogos que dão assistência à instituição, porém ao procurá-los ficamos sabendo que eles se relacionam com as crianças apenas sobre questões jurídicas solicitados pelo juiz, não prestando nenhum atendimento psicológico às crianças e adolescentes. Partindo dessa observação, o grupo percebeu que poderia atuar através de encontros para utilização da técnica do psicodrama ou dinâmicas de grupo focadas em temas tragos pelos integrantes do grupo, esses encontros poderiam ser realizados tanto com as crianças/adolescentes da Instituição como também com os funcionários da mesma, sendo essa intervenção de grande importância, devido, principalmente a fatores ligados a história pessoal de cada criança/adolescente e a situação vivida por eles hoje e a falta de assistência psicológica.

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4) DISCUSSÃO TEÓRICA Neste trabalho, estamos considerando as instituições na perspectiva de Guilhon de Albuquerque (1978), no qual as mesmas são entendidas como um conjunto de práticas sociais, ou de relações sociais concretas, configuradas na apropriação de um determinado objeto, que se reproduzem e legitimam num exercício incessante de poder, que para ele não se distingue do saber, ou seja, quem tem saber possui poder. A questão do abandono e da violência em relação à criança e ao adolescente vem a muito preocupando determinados setores da sociedade. Durante um longo tempo, a prática que norteou o atendimento às crianças e adolescentes abandonados esteve ligada ao atendimento institucional. Entretanto, a qualidade do serviço prestado pelas instituições sempre se constituiu objeto de crítica. Bleger (1984) chama a atenção para o fato de que o funcionamento das instituições tende a reproduzir a mesma lógica do problema que esses espaços visam a combater, dessa forma, sua proposta de abrigo, proteção, amparo e formação nunca chegou a obter êxito.Ao contrário do que se esperavam, elas acabam por criar as mesmas dificuldades, sofrimentos que abandonos já vividos por essas crianças e adolescentes, reeditando, assim a mesma relação que a sociedade estabeleceu com esses sujeitos ao abandoná-los. O regime disciplinar e autoritário que caracteriza tais instituições foi objeto de vários estudos, dentre os quais se encontram os trabalhos de Foucault (1997) e Goffman (1974). Nessas obras, os autores refletem sobre os aspectos como a representação que o interno faz da vida institucional, o aniquilamento de sua identidade, a estigmatização e as dificuldades enfrentadas em seu processo de reinserção social. Podemos destacar também os estudos de Guirado (1980,1986), que evidenciam as conseqüências da separação da criança da família, e os estudos de Lapassade (1977) que em um determinado instante de sua obra definiu instituição como o Estado. E em outro momento a definiu como uma transvesalidade que é uma rede de poder instituído e instituinte em cada grupo concreto. Segundo Lane, devemos ainda considerar o fato das instituições serem reprodutoras de ideologia que têm sua eficácia garantida pelo seu conteúdo de valores, cuja captação no plano individual se dá pela esfera afetiva, se não forem refletidas ou decodificadas pela linguagem, irão constituir aspectos nucleares da afetividade, levando à cristalização da identidade (1995, p.62)

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O fracasso desse modelo levou a criação de soluções alternativas como a proposta do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), que constitui, atualmente, a linha de frente das ações direcionadas ao problema. O discurso das crianças e adolescentes evidencia a presença das instituições de abrigo nas suas histórias de vida, seja porque lá viveram parte de sua infância, seja porque seus irmãos e amigos ou conhecidos lá viveram, ou ainda por sofrer a ameaça constante de viverem a integrar esse universo. Embora eles saibam que a instituição é geralmente um lugar de passagem, ela tem possibilitado que eles sejam retirados da violência e do abandono em que viviam, oferecendo um local de maior tranqüilidade e apoio, até que suas vidas sejam reestruturadas. É importante salientar que, como suas vidas foram extremamente violentas, isso contribui para que a instituição seja vista como menos ameaçadora. A passagem por uma instituição de abrigo, por um lado, representa marca dolorosa na vida dessas crianças e jovens, pois as situações que os levam a institucionalização são sempre muito duras, fazendo que convivam com experiências muito traumáticas. A isso se soma ainda a saída da vida familiar, que os leva em virtude do distanciamento criado, a refletir sobre o que significou sua vida e o que representa sua família. Porém, é preciso evidenciar que nos referimos aqui a instituição já remodelada pelo estatuto que, portanto já não apresenta as características mais penosas das tradicionais casas de abrigo de menores, as tão conhecidas “instituições totais” estudadas por Goffman (1974). Destacamos que o fato de trabalhar em uma instituição dessa natureza envolve lidar com todas as dificuldades das relações afetivas, com o que de pior pessoas podem viver e fazer sofrer aos demais, o que é doloroso pra qualquer um.Assim o ambiente institucional, como referimos está menos fechado menos ameaçador, porém ele se mantém sempre denso, carregado com a angústia de entrar em contato com a desilusão das crianças e jovens. É importante, então, refletirmos sobre as possibilidades de repensarmos a instituição como um local onde possam viver a infância e adolescência e construir referencias identificatórios positivos, um espaço que ofereça à criança e adolescente em ambiente seguro e protetor. Talvez esses aspectos exijam um esforço de transformação do estigma que carregam as instituições, sobretudo as que atendem a essa população, de modo que 68

possam, a partir daí, serem pensadas como um local onde seja possível construir sujeitos, pois, se, conforme percebemos em nosso dia a dia de trabalho na instituição, a família nem sempre vai conseguir o que dela se esperava, muitas vezes para as crianças e adolescentes a instituição é o lugar mais estável em que elas viveram. Sobre este aspecto observamos que a maioria das teorias em Psicologia apontam para a determinação da família na formação dos indivíduos, o que, para as crianças abandonadas ou violentadas, não existiria uma saída ou uma perspectiva desejável. Porem, como já assinalamos anteriormente, para algumas crianças e adolescentes é uma experiência que lhes trazem uma possibilidade de construir vivências mais positivas que o ambiente familiar. Nesse sentido, de acordo com a ótica Freudiana, a agressividade pode ser vista como uma maneira que a criança encontrou de reagir às experiências de fracasso escolar. Grande parte do comportamento agressivo apresenta-se em crianças que foram criadas em ambientes onde houve rejeição, excessiva tolerância da agressividade, tratamentos incoerentes, discordais, ameaça punições físicas dolorosas. O relacionamento familiar influencia muito no desenvolvimento pessoal, social e educacional da criança, e do adolescente. Os responsáveis destes são uma árvore psicológica e os filhos são frutos dessa arvore. A qualidade dos frutos está ligada diretamente à qualidade da árvore que os gerou e nutriu. De acordo com o ECA (estatuto da criança e do adolescente ) no Art. 19 diz: toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família, assegurada

a

convivência

familiar

e

comunitária.

Com

relação

a

liberdade/responsabilidade/dignidade o ECA no Art.15 mostra que a criança e o adolescente tem direito a estes critérios, pois como pessoas humanas, estes, estão em processo de desenvolvimento sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Nessa perspectiva é de extrema importância que se estenda um olhar para as instituições que assumem o papel da família. É preciso construir um novo olhar sobre a realidade institucional: talvez esse olhar possa trazer a esperança de recuperar o funcionamento falido essas instituições, que em sua essência, já se originam para tratar de uma questão que se acreditava sem solução.

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5) CONCLUSÃO Concluímos que é necessária uma revisão constante de nossos referenciais que nos permita compreendê-los melhor, evitando que tenhamos sobre eles um julgamento precipitado, um diagnóstico inadequado e uma exigência incompatível com suas histórias de vida, considerando a nossa relação com as teorias e mitos que sustentam a hegemonia familiar. É preciso construir um “novo olhar” sobre a realidade institucional: talvez esse olhar possa trazer a esperança de recuperar o funcionamento dessas instituições. Se pudermos pensá-las não apenas como depósito do “lixo social”, talvez possamos realmente construir dentro dela uma nova possibilidade e, a partir daí, dar uns reais sentidos à sua existência, permitindo que cada criança ou adolescente que venha integrar esse universo, tenha a oportunidade de encontrar aí um “olhar”, um “lugar” de construção de desejos e possibilidades. Se acreditarmos que as relações são resultado de construções afetivas, onde ser compreendido, ser aceito, ser respeitado, é a base necessária para um percurso satisfatório, então poderemos pensar a instituição de uma forma diferente, tornando-a uma alternativa viável para a construção de sujeitos. Acreditamos que isso se dará através da recuperação da solidariedade e da construção de laços afetivos, o que é, em última instância, o alicerce de nossa subjetividade. E é dentro dessa perspectiva que nosso projeto na “Casa da Acolhida Benvinda”, que abriga crianças e adolescentes em Patos de Minas, busca superar os aspectos que parecem repetir as experiências tão sofridas das crianças e adolescentes que integram esse universo. Dessa forma estamos priorizando as equipes internas, trabalhando as dificuldades em relação ao universo com o qual se defrontam, os sentimentos que emergem do contato com essa realidade. Em relação às crianças e adolescentes, buscamos trabalhar a experiência da vivência institucional e seus projetos em relação ao futuro. Em relação às famílias, parece-nos importante construir uma relação mais estreita entre a instituição e a família, auxiliando o processo de reintegração das crianças e adolescentes no universo familiar, seja na família biológica ou possível família adotiva. Esse trabalho nos colocou frente a um grande desafio de trabalhar com a realidade institucional, mas ao mesmo tempo, nos dá a certeza de que é possível minimizar os efeitos desse processo, comprometidas que estamos com uma Psicologia que procura dar conta das problemáticas sociais.

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6) REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AFONSO, Lúcia. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. In: AFONSO, L(org) Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial.Belo Horizonte: Edições do Campo Social ,2000. BASTOS, RL. Obra e arte e vida: psicologias sociais, diferentes subjetividades na estética da existência. Londrina; Ed. Vel, 2001. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Lei Federal 8.069. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Lei 8069/90. Belo Horizonte, 2001. FREUD, S. (1930). O mal-estar na civilização. Edição Standard Brasileira, v.. XXI. RJ: Imago. GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro, Zahar, 1982. GOFFMAN, E. (1987). Manicômios, prisões e conventos. (D.M. Leite, Trad.) 2. ed. São Paulo: Perspectiva. __________, (1986). Instituição e Relações Afetivas: o Vínculo com o Abandono. São Paulo: Summus. LANE, S. M. (1995). A mediação Emocional na Construção do Psiquismo humano; In: Lane Silva Maurer& Saraiva, Bacler B.(Orgs) Novas Veredas da Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense.

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CRAS, SEMPRE PERTO DA COMUNIDADE

Américo Pedro De Sousa Ana Cláudia Gomes Marina Vieira Spirandeli

RESUMO

Através da escolha da instituição para a realização dos critérios da disciplina, o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) foi escolhido com o objetivo de conhecer como essa instituição atua no meio comunitário, suas práticas realizadas, seu funcionamento e seus papéis de hierarquização. Com base em todas as visitas realizadas, materiais coletados, observações e entrevistas, pode-se concluir que, a escolha da localização e atuação da instituição é feita a partir, de critérios de vulnerabilidade, ou seja, onde as questões sociais são mais emergentes. Dessa forma, atende-se uma comunidade carente, ajudando-os a ter uma melhor qualidade de vida, prevenindo situações de risco, fortalecendo vínculos familiares e comunitários. A presença de uma equipe multiprofissional é imprescindível para se tentar atender as demandas existentes. Frente a isso, o papel do psicólogo é fortalecer os relacionamentos e vínculos familiares, realizando trabalho de escuta com pais e filhos sobre a problemática da família, buscando melhorar a qualidade de vida das famílias, com orientações para ajudá-las diante de algum tipo de sofrimento psíquico e, se necessário, encaminhá-las a outro atendimento, através da rede de serviço. Há os atendimentos individuais que são feitos em ambiente fechado com a presença de contrato, sigilo e realiza também projetos com a equipe multidisciplinar. De acordo com a análise feita do número de famílias atendidas pelo CRAS, pode-se verificar que a instituição atende a uma demanda muito maior do que sua capacidade, sendo necessária assim, a criação de outras unidades. Percebemos que a formação dos psicólogos é insuficiente para a atuação na área social.

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CRAS (CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL) Rua: Vereador João Pacheco, nº63, Bairro: Várzea Telefone: 3822-9878 e 3822-9876

Coordenadora: Elga Peres de Araújo Lima Psicóloga: Mariama Sousa Amâncio

INTRODUÇÃO

A disciplina de Psicologia, Instituições e Comunidades teve como objetivo realizar um trabalho prático com o intuito de conhecer Patos de Minas, através das instituições aqui presentes, como é desenvolvido seus trabalhos, sua forma de funcionamento, as relações de poder e fazer uma relação entre a teoria e a prática. O CRAS foi escolhido pelo grupo, por não haver conhecimento sobre ele, para se sair do ciclo das mesmas instituições que são procuradas para realizar trabalhos e por ele atuar diretamente na comunidade. Os objetivos são: conhecer a instituição num todo, presenciar e vivenciar como se trabalha as questões relativas ao meio social, como se consegue por meio de atividades oferecidas e programas desenvolvidos atuar na comunidade, verificar quais são os critérios que a instituição utiliza para escolher seu público-alvo, como se trabalha numa equipe multidisciplinar, qual o papel do psicólogo dentro daquele contexto, observar as relações de poder presentes na interação entre os profissionais, o comprometimento desses, a estrutura do local e os resultados de todo esse processo. Esses objetivos são importantes para nortear nosso trabalho, ajudando a entender as dinâmicas existentes na instituição, o seu modo de funcionamento e para que isso ocorra é necessário compreender todos os tópicos relatados. Atualmente, pode-se perceber uma necessidade maior de desenvolver projetos sociais que atenda a uma grande demanda da população menos favorecida. Realizando ações, projetos, auxílios para redução e prevenção dos impactos sociais e naturais ao ciclo da vida, procurando enfrentar os desafios de imposições sociais, econômicas, políticas e de ofensas à dignidade humana, pois sabe-se que somos socializados através de um contexto social muito amplo.

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Dessa forma, o CRAS faz esse papel que, apesar de ser uma prática assistencialista, tenta amenizar problemas emergentes, atuando no campo da seguridade social, com sua articulação com outras políticas do campo social, voltadas à garantia de direitos e de condições dignas de vida.

INSTITUIÇÃO O CRAS surgiu, a partir das diretrizes que regem as questões de caráter social, que teve início com no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Este foi fundado em pacto entre entes federativos que assegura a unidade de concepção e de âmbito da política de assistência social em todo território social, sobre o paradigma dos direitos à proteção social pública de seguridade social e à defesa da cidadania do usuário. O SUAS é um sistema único não contributivo, descentralizado e não participativo que tem por função a gestão do conteúdo específico da assistência social no campo no campo da proteção social brasileira. Em Patos de Minas, o CRAS I e II foi fundado em Julho de 2006, pelo prefeito Antônio do Valle Ramos. A instituição da qual realizamos a atividade (CRAS I), se localiza na Rua Vereador João Pacheco, 63, Várzea. Atuando nos seguintes bairros: Brasil, Brasília, Cristo Redentor, Nossa Senhora Aparecida, Santa Luzia, Santa Terezinha, São José Operário, Várzea e Vila Rosa. O atendimento na instituição ocorre de segunda a sexta-feira, no horário de 07:30 às 11:00, de 13:00 às 17:00 h. Através dos resultados positivos, da aceitação da comunidade, da grande procura, das parcerias feitas com instituições da rede pública de saúde, de educação, de assistência social, conselho tutelar, promotoria do município e as associações de bairro, assim como dos profissionais, o CRAS se consolidou como uma referência da assistência social em Patos de Minas. O Centro de Referência da Assistência Social, o CRAS dá primazia à atenção às famílias e seus membros, a partir do seu território de vivência, priorizando os fragilizados dos vínculos afetivos e sociais, vulneráveis, decorrentes da pobreza, da privação e vítimas de um sistema. Os objetivos do CRAS são: cadastrar famílias para identificar suas necessidades; atender com uma equipe multiprofissional; promoção da Inclusão Social através de vários programas, como, bolsa família, atividades manuais, oficinas (artesanato, pintura em tecido, bordado, tricô, macramé, trançado de fitas, arraiolo, 74

bijouteria, decoupage, pedraria, tricô em tear, crochê, ponto cruz), cursos de capacitação profissional (atendente de farmácia, cabeleireiro básico, gestão de compras e estoque, garçom, informáticas, desenho básico), atividades esportivas para crianças e adolescentes de 5 à 18 anos e adultos (futebol de salão, basquete e voleibol); atendimento ao idoso e ao portador de necessidades especiais; promover o desenvolvimento familiar, formulando propostas conjuntas de melhoria das relações familiares; trabalhos socioeducativos, buscando e formulando novos valores para convivência comunitária; promover palestras, debates, grupos de discussão, levando conhecimento a toda comunidade e assim, divulgando o trabalho da instituição; fazer orientações e encaminhamentos; desenvolver o principal programa do CRAS, de Atenção Integral à Família (PAIF). O PAIF, é o principal programa de proteção social básica do SUAS. Ele desenvolve ações e serviços básicos continuados para famílias em situação de vulnerabilidade social na unidade do CRAS. Tem por perspectivas fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, o direito à proteção social básica e a ampliação da capacidade de proteção social, por meio do deslocamento da equipe que trabalha no CRAS, o atendimento é domiciliar. O PAIF foi criado em 18 de Abril de 2004, pelo ministério do desenvolvimento social e combate à fome, passando a integrar a rede de serviços de ação continuada da assistência social financiada pelo Governo Federal. Este serviço não pode ser terceirizado e tem que ser padrão em todo o país. A filosofia institucional é levar o bem-estar e a inclusão social às comunidades. A instituição fica sempre perto da comunidade e, por isso, sua estrutura é descentralizada. As atividades são realizadas na sede, nas quadras de esporte e nas associações de bairro, além das escolas na região de abrangência. No local há uma sala da coordenadora, uma da psicóloga, outra do assistente social, da pedagoga, uma de informática, a de trabalhos manuais, a recepção e do lado de fora, há um banheiro, uma cozinha e uma área de lazer. A coordenadora relatou que esse espaço físico é insuficiente para atender a demanda. Os profissionais que atuam no CRAS são: 01 coordenadora; 01 Assistente Social; 01 Psicóloga; 01 Agente Administrativo; 01 Auxiliar de Serviços Gerais; 03 Instrutoras de Oficina de Artesanato; 02 Estagiárias-Atendimento e Cadastro de Bolsa Família; Em parceria com o UNIPAM, 02 estagiários de Informática; 02 Estagiários de

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Arte; 02 Estagiários de Educação Física; Para o PROJOVEM, 01 pedagoga; 01 Educador Físico e 01 Instrutora de Arte. O financiamento para a manutenção da instituição vem do Governo Federal, Estadual e Municipal, ressaltando que eles não recebem doações. Os grupo com os quais trabalha, os parceiros são: SENAC; SENAI; UNIPAM; PROMAM; Postos de Saúde: André Luiz, Geraldo Resende e Várzea; Província dos Capuchinhos; Amparo Maternal; Associações de Bairro: Nossa Senhora Aparecida, Cristo Redentor e Vila Rosa; Escolas de bairros adjacentes; Telecentro.

DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO E METODOLÓGICA

Primeiros Contatos-Estabelecimento do Rapport Inicialmente um membro do grupo foi até a instituição, CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) no dia 20 de Agosto, com a finalidade de marcar uma reunião para expor os objetivos do grupo. A coordenadora informou que seria viável este primeiro contato com a Psicóloga e o Assistente Social, ficando definido que o grupo ligaria marcando uma visita. Ela então já falou sobre algumas atividades e objetivos da instituição, entregou folders e cartilhas com informações a respeito dos projetos realizados na sociedade. No dia 27 de Agosto o grupo ligou no CRAS e conversou com a Psicóloga que questionou os motivos da visita e após serem esclarecidos, marcou-se a reunião para o dia 03 de Setembro às 13:00 h. O grupo então, dirigiu-se ao local na data marcada e reuniu-se na sala da Psicóloga juntamente com a Coordenadora e o Assistente Social. Primeiramente nos apresentamos e expomos os objetivos da disciplina, da visita e do porque que escolhemos aquela instituição para a realização do trabalho. Explicando que o objetivo era conhecer Patos de Minas através de suas instituições e que o nosso grupo escolhera esta por prestar serviços sociais comunitários e que esta foi indicada por uma Assistente Social conhecida do grupo, além de um desses já conhecer sobre o trabalho desenvolvido no CRAS. Durante a reunião os profissionais esclareceram algumas dúvidas e nos disponibilizou 4 apostilas para termos um acesso mais detalhado sobre o histórico da instituição, os projetos desenvolvidos, etc. Ficando combinado que após o levantamento desses dados, o grupo voltaria para obter mais informações, esclarecer dúvidas, acompanhar atividades realizadas nas oficinas, e fazer visitas domiciliares 76

acompanhados pela Psicóloga e Assistente Social, em que cada membro do grupo estaria indo em um dia diferente. Em seguida, nos foi oferecido um suco e a coordenadora nos levou para conhecer a estrutura física do local. Agradecemos a disponibilidade e atenção que nos foi dada e ficou combinado que voltaríamos o mais breve possível. Desde a última visita realizada no dia 03 de Setembro, tendo transcorrido 1 mês e 19 dias, o grupo ficou lendo e pesquisando dados referentes ao surgimento e funcionamento da instituição através das 4 apostilas que foram oferecidas, para se obter um maior conhecimento da mesma. No dia 22 de Outubro às 14:00, o grupo reuniu com a Psicóloga para buscar mais informações, realizar as entrevistas separadamente com ela, o Assistente Social e a Coordenadora, com o objetivo de compreender a visão de cada profissional sobre a instituição, seus papéis e tirar dúvidas sobre questões que não haviam sido esclarecidas. A psicóloga colocou a sugestão de deixar as questões e dúvidas por escrito, pois eles não estavam com disponibilidade e tempo para a realização das entrevistas individuais. O grupo então, concordou a idéia e deixou com eles o questionário, ficando já combinado que após responderem, a Psicóloga ligaria para ir buscar as entrevistas. No dia 14 de Novembro a Psicólogo entrou em contato e solicitou a busca do material. Ficando combinado que entraríamos em contato para a realização do próximo passo, que será o acompanhamento junto com ela e o Assistente Social, na visita domiciliar, em que cada um do grupo irá em um dia diferente. Ressaltando que a todo momento eles demonstraram interesse de promover uma parceria e estar elaborando e realizando projetos sociais que complementem os trabalhos já existentes, devido a grande demanda existente na região em que atuam. A instituição foi bastante acolhedora, atenta e preocupada aos nossos objetivos e interesses, mesmo porque ela já possui parceria com o UNIPAM. Uma impressão que o grupo teve com relação ao Assistente Social, foi uma certa resistência em ajudar o grupo a esclarecer dúvidas, não demonstrando interesse com a proposta apresentada. Isso pode ser analisado nas respostas de seu questionário (em anexo).

DISCUSSÃO TEÓRICA Analisando o material adquirido através do CRAS e de seus profissionais, percebe-se a importância de estar inserido no grupo, e que para obter resultados, os 77

mesmos devem estar submetidos às normas institucionais e hierárquicas, mas esta transformação só ocorrerá se participarem membros que proporcionam força, segurança, identidade e apoio. As pessoas que procuram o CRAS buscam este apoio, essa identidade, este estar em grupo, com intuito de amenizar muitos conflitos. Estes se sentem mais coesos, estruturados, em condições de buscar vínculos que o ajudam a alcançar um equilíbrio. Observa-se nos membros que dirigem o CRAS, um apoio da instituição que lhes dão poder para executar tarefas, tendo um objetivo comum onde a relação dos membros é uma soma de dominação e aplicação do que acham ser melhor para uma comunidade que está a mercê deste poder e da política pública. Este grupo pode ser chamado de grupo terror, pois não há desapego do poder e muito menos igualdade de alto-gestão. A sociedade e a instituição são vistas como realidade construída por nós mesmos, e um dos papéis do psicólogo é aprender a lidar com a realidade concreta de cada um, e com isso se projetar para a atuação levando em conta uma alienação do grupo, pois nascemos em uma instituição, crescemos nela e ela em nós. É possível viver sem a instituição, uma vez que ela está intrinsecamente ligada, enraizada em nossa persona? Observamos que é um trabalho árduo, pois deve ser levado em conta a história de cada um, sua subjetividade e o meio sócio-histórico que está inserido, mas ao mesmo tempo deve-se adequá-los ao programa, normas, a padrões que talvez são cabíveis a uns e a outros não, onde alguns internalizam e tornam-se conscientes do papel do CRAS frente aos trabalhos que vem beneficiá-los ou ao menos abrandar suas necessidades. Pode-se notar um conflito existente entre os jogos de poder que permeiam a equipe multiprofissional. O Assistente Social é o funcionário que trabalha a mais tempo na instituição, há 2 anos, enquanto que a coordenadora trabalha tem 1 ano e 10 meses e a psicóloga 3 meses. Diante disso, nota-se que ele acredita entender melhor o que se passa no funcionamento da instituição, porém ele não usa dessa experiência de forma positiva, pois durante os encontros, onde a equipe estava reunida, ele não deixava a psicóloga expor suas idéias. Ele respondia a todas as perguntas e quando era direcionado para a psicóloga, ele imediatamente cortava a fala dela, colocava seu ponto de vista, não a deixando expressar.

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Ele demonstrou também uma falta de interesse com o nosso projeto, pois demorou muito para responder a entrevista (o grupo ligou duas vezes na instituição para verificar se o questionário já estava respondido, a psicóloga disse que só faltava a parte dele), no entanto, o questionário que ele respondeu ficou curto e sem detalhes. Estando com a coordenadoria do CRAS, a Psicólogo e o Assistente Social, pode-se perceber um jogo de forças por parte deste ao se posicionar com mais ênfase frente aos demais membros, talvez isto ocorre pelo fato do mesmo estar a mais tempo na instituição e conhecer melhor seu funcionamento. Segundo Baremblit, o saber oferece poder ao indivíduo fazendo com que os demais membros tenham respeito pelo conhecimento e sua experiência frente às decisões tomadas. A pessoa exerce sobre os demais influência, onde os mesmos tem escuta com propósito de conhecer e constituir um grupo hegemônico. Este fato está oculto na instituição, pois aos nossos olhos, a hierarquia não é respeitada e as diretrizes são seguidas. Sabe-se que toda instituição tem objetivos explícitos e implícitos, ou conteúdos manifestos e latentes, e o CRAS como uma instituição não fugiu a regra. O fato da Psicóloga está na instituição a três meses pode estar contribuindo para uma posição de submissão. Por isso não podemos ver de forma clara a posição e a forma de atuação da psicóloga frente aos trabalhos sociais. Segundo relatos dos profissionais e de observações feitas, os conflitos enfrentados pela instituição se relacionam a, falta de motivação e compromisso das famílias em realizar as propostas da instituição; falta de estrutura para realizar atividades no meio comunitário; dificuldade de locomoção dos profissionais para as visitas; a grande rotatividade de funcionários, dificultando estabelecer vínculos com a comunidade e de dar seqüência nos projetos; muita burocracia, pois há muitas normas a serem seguidas, que dificulta a realização mais rápida de trabalhos. Não há problemas com relação ao financiamento.

CONCLUSÃO Fator agravante para a formação de psicólogos sociais é ainda a situação marginal da Psicologia Social dentro dos cursos de Psicologia. A maioria dos cursos continua sendo marcada por uma estrutura curricular tradicional em que nos primeiros períodos predomina o ensino de processos psicológicos básicos com grande presença da psicologia experimental e nos últimos períodos o ensino de práticas da psicologia clínica. Neste contexto, a Psicologia Social em geral aparece apenas como uma disciplina básica que permite compreender os aspectos sociais do comportamento psicológico. Essa situação é apenas parcialmente corrigida pelos programas de pós-graduação em Psicologia Social ou por

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outros programas com uma área de concentração em Psicologia Social, pois é notório que parte dos alunos que procuram estes programas, está mais interessada em aprofundar o estudo de aspectos sociais de determinados fenômenos do que em uma formação para psicologia social. (STRALEN, 2005, p. 94-95).

Em uma das conversas realizadas com a Psicóloga do CRAS, ela diz estar tendo dificuldades para entender toda a dinâmica que envolve as atividades e programas da instituição, pois relatou que na UFU, onde se formou, não teve matérias que envolvessem práticas com a área social, como, por exemplo, visitas familiares, que é a principal atividade desenvolvida no CRAS. Ela disse que o Assistente Social é quem a está orientando. O grupo também pode relatar, como estudantes de Psicologia, que a área de Psicologia Social é insuficiente e pouco estimulada. Dessa forma, será uma grande oportunidade que foi proposta da instituição, de estarmos acompanhando uma visita domiciliar, juntamente com a equipe multiprofissional. Toda a psicologia é social: esta afirmação não significa reduzir as áreas específicas da Psicologia à Psicologia Social, mas sim cada uma assumir dentro da sua especificidade a natureza histórico-social do ser humano. Desde o desenvolvimento infantil até as patologias e as técnicas de intervenção, características do psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz desta concepção do ser humano – é a clareza de que não se pode conhecer qualquer comportamento humano isolando-o ou fragmentando-o, como se este existisse em si e por si. (LANE. p. 19)

O CRAS é uma instituição que lida diretamente com uma comunidade pobre, com recursos desfavoráveis, com alta vulnerabilidade. Frente a essa demanda e de acordo com tudo o que foi estudado com base na teoria, seria muito interessante a inserção de um Psicólogo Comunitário para atuar junto a esse público-alvo, tendo em vista a necessidade de mobilizar a população sobre seus problemas, realizando a autogestão e a auto-análise. Realizar a negação da negação, para a comunidade desenvolver práticas, ações coletivas, passando a ter noção de suas necessidades, das demandas, se tornando protagonistas de seus problemas, obtendo conhecimento a cerca de sua própria vida, das condições e das causas de alguns problemas.

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS BAREMBLITT, Gregório. O movimento instituinte, a auto-análise e a auto-gestão. In:____. Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. 5. ed. Belo Horizonte-MG: 2002. cap. 1, p.13-23.

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STRALEN, Cornelis Johannes. Psicologia Social: uma especificidade da psicologia?. Psicologia e Sociedade, p. 93-98, jan/abr. 2005. LANE, Silvia Tatiana Maurer. A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. In:____. O indivíduo e as instituições. p. 10-19

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ANEXO 1 – Entrevista da Coordenadora

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ANEXO 2 – Entrevista da Psicóloga

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ANEXO 3 – Entrevista do Assistente Social

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ANEXO 4 – Folder do CRAS

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LBV – LEGIÃO DA BOA VONTADE Andréa Caroline Vieira Brambila Lara Cristina da Fonseca Silva Luísa Ribeiro de Melo Castro

RESUMO Um conjunto de leis ou de normas a serem seguidas com o propósito de regular alguma atividade humana pode ser chamado de instituição. Na cidade de Patos de Minas – MG, encontra-se a LBV – Legião da Boa Vontade, uma instituição filantrópica, que tem como objetivo a promoção de ações voltadas à famílias de baixa renda, principalmente dos bairros próximos, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida dessas pessoas através de vários programas sócio-educacionais e campanhas. O presente trabalho pretende fazer uma breve análise desta instituição. Para esta análise, foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória, juntamente com uma pesquisa de campo para um levantamento de dados e uma pesquisa bibliográfica. O grupo foi muito bem recebido e tratado pelos profissionais da instituição, que ofereceram informações de grande valia para o trabalho, deixando também aberta uma proposta de intervenção na mesma.

LBV – Legião da Boa Vontade Rua Getúlio Borges, 97 – Bairro Vila Garcia Patos de Minas – MG CEP: 38703-176 Tel.: (34) 3821 – 2403 www.lbv.org.br [email protected]

PESSOAS DE REFERÊNCIA NA INSTITUIÇÃO: Simonia Mendes – Gerente Administrativa Municipal Cleusa Maria Landim Silva – Educadora Social

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INTRODUÇÃO As instituições são um conjunto de leis ou de normas a serem seguidas com o propósito de regular alguma atividade humana. As organizações são conjuntos responsáveis pela concretização do que as instituições se propõem a fazer. As organizações constituem-se de unidades menores, que pode ser um estabelecimento. Este, por sua vez, necessita de um equipamento para que seja efetivado, que funcionam com a ação dos agentes, que são as pessoas. Existe uma força que tenta fundar ou transformar uma instituição, que é o instituinte, e seu resultado é o instituído, ou seja, o instituinte na prática. O instituído deve estar sempre aberto às mudanças propostas pelo instituinte para que as atividades possam tornar-se devidamente reguladas. Na cidade de Patos de Minas – MG, encontra-se a LBV – Legião da Boa Vontade, uma instituição filantrópica, que tem como objetivo a promoção de ações voltadas à famílias de baixa renda, principalmente dos bairros próximos, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. O presente trabalho pretende fazer uma breve análise da instituição. Esta foi escolhida por despertar uma curiosidade do grupo em conhecer melhor seu funcionamento e suas necessidades, e pelo fato de não ser uma instituição muito conhecida na cidade. A partir disso, alguns objetivos foram definidos pelo grupo, como: visitas à instituição, para um melhor conhecimento de sua estrutura física e sua organização; entrevistas com pessoas de referência na instituição, para que seja possível conhecer um pouco mais sobre seu funcionamento, sua história, o relacionamento do grupo, entre outros; e se possível entrevistas com pessoas que dela se beneficiam, para saber se a instituição consegue atender às necessidades dessas pessoas. Outro motivo da escolha da instituição LBV como tema deste trabalho é a importância de sua atuação na cidade de Patos de Minas, sendo de essencial contribuição para um melhor conhecimento do grupo sobre instituições, no acréscimo de sua teria com sua prática, o que não é possível ser realizado sem que o grupo presencie de fato o funcionamento da instituição em questão.

A INSTITUIÇÃO A LBV – Legião da Boa Vontade é uma instituição filantrópica, situada no bairro Vila Garcia na cidade de Patos de Minas, que busca atender a população de baixa

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renda de bairros próximos à instituição, como os bairros Bela Vista, São Francisco, Aurélio Caixeta, Abner Afonso, Nova Floresta e Novo Horizonte. A LBV foi fundada no Brasil em 1º de Janeiro de 1950, por Alziro Zarur, tendo hoje como Diretor-Presidente José de Paiva Netto. Em Patos de Minas, a instituição foi fundada em 18 de maio de 1970, sendo inicialmente uma creche, passando a ser um Centro Comunitário em 05 de Janeiro de 1988, já com a direção de José de Paiva Netto. A instituição tem como missão “promover educação e cultura com espiritualidade, para que haja alimentação, saúde e trabalho para todos, na formação do cidadão ecumênico”. O foco do trabalho da LBV é o ser humano em sua totalidade. É uma instituição que trabalha para com o intuito de estabelecer a justiça social e a realização humana a partir da educação do cérebro e do coração, na formação do cidadão ecumênico, construtor de uma sociedade solidária, atendendo e apoiando crianças, jovens, adultos e idosos para que tenham uma melhor qualidade de vida, conseguindo assim suprir suas necessidades e desenvolver capacidades e talentos. Para a LBV, as crianças são o futuro, mas, para que o sejam de fato, precisam de cuidados agora. A instituição prepara a criança para exercer a cidadania plena, garantindo-as dignidade e lhes propiciando um ambiente de amor, justiça, esperança e crescimento. Na LBV as crianças são educadas com base na pedagogia do cidadão ecumênico, e assimilando valores como a paz, a tolerância, o respeito às diferenças, a amizade e o amor. As ações da LBV em benefício da infância contribuem também para a redução dos índices de mortalidade infantil e evasão escolar. Além da cidade de Patos de Minas, a LBV atua em todas as regiões do país, nas principais cidades brasileiras, nas comunidades mais carentes. No exterior, possui correspondentes em várias partes do mundo e está presente na Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos e Portugal. A filosofia da LBV é a do “amor em sua manifestação máxima, que é Jesus”. Ele disse: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Para a LBV, essa é a lei da solidariedade social: “Jesus, a mais completa expressão de amor de todos os tempos da humanidade, é o maior religioso, o maior legislador, o maior jurista, o maior político, o maior economista, o maior sociólogo, o maior filósofo, como também o maior cientista, o maior ecólogo, o maior desportista, o maior sexólogo, e assim por diante”. (Paiva Netto). A LBV é mantida por parceiros da cidade de Patos de Minas, que são eles: Associação dos Subtenentes e Sargentos, Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado

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de Minas Gerais (Aspra), que é o clube onde as crianças da instituição freqüentam; jornal Folha Patense, Classificados Tim-Tim e Rádio Clube AM, que ajudam na divulgação das atividades realizadas pela LBV; Prefeitura Municipal de Patos de Minas, que ajuda na distribuição de 50 pães todos os dias; Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, que ajudam na proteção das crianças quando elas realizam atividades fora da instituição; Viação Pássaro Branco e Expresso São Geraldo, que ajudam com transporte; e as pessoas voluntárias campanhas e mutirões. A LBV também é mantida por outras doações de algumas empresas da cidade e pela ajuda de pessoas que contribuem através do telefone, por serviços de telemarketing na cidade de Uberlândia. É com essa arrecadação também que se mantém os salários dos funcionários da instituição que atualmente são seis: uma educadora social, uma gerente administrativa, uma assistente social, uma recepcionista, uma faxineira e uma cozinheira. A estrutura física da instituição é composta por uma recepção, uma sala de assistência social, um banheiro para funcionários, uma sala administrativa, dois banheiros para as crianças, uma sala de televisão e vídeo, uma sala de atividades, uma brinquedoteca, um banheiro para visitas, um refeitório, uma cozinha, uma despensa, uma área externa, uma área de serviços, um almoxarifado e uma quadra de esportes. A instituição funciona de segunda à sexta-feira, atendendo 50 crianças, 25 no turno da manhã, das 8:00 às 11:30, e outras 25 crianças no turno da tarde, de 13:30 às 17:00. A faixa etária dessas crianças varia de 6 anos à 11 anos e 11 meses, que são crianças da comunidade próxima à instituição. Para ingressar no programa é preciso que os pais levem documentação e comprovante de trabalho, para que passe pela avaliação da assistente social. A cada 15 dias a instituição fecha para que seja realizada uma reunião de planejamento. A instituição conta com vários programas sócio-educacionais. No programa LBV: Criança – Futuro no Presente, meninos e meninas são atendidos no contra turno da escola. As escolas atendidas são: Escolas Estadual Monsenhor Fleury, Escola Estadual Professor Modesto e Escola Estadual Doutor Paulo Borges. A finalidade é estimular a permanência do aluno na escola, favorecendo a socialização, por meio de atividades lúdicas e pedagógicas, as quais são ministradas por uma educadora social. São desenvolvidas várias atividades neste programa em salas de atividades e ambientes externos, assim como encontros e palestras com as famílias das crianças. Uma delas é a Oficina do Saber, na qual é proporcionado às crianças um momento para

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que sejam realizadas as tarefas trazidas da escola, observando-se as dificuldades e interferindo quando necessário, estimulando o processo de aprendizagem. A AME – Aula de Moral Ecumênica pretende estimular o desenvolvimento da vivência dos bons sentimentos, valores éticos, morais e espirituais, orientando quanto aos seus direitos e deveres, promovendo a cidadania plena. A Oficina dos Arteiros tem como objetivo proporcionar conhecimento por meio da arte, de experiências práticas, em que as pessoas possam desenvolver sua criatividade e habilidade. A Recreação proporciona o brincar, incentivando o respeito mútuo e a oportunidade de desenvolver inúmeras competências. A Brinquedoteca busca fazer do brincar um momento de tranqüilidade, desenvolvendo nas crianças a autonomia, a criatividade e a capacidade crítica. As necessidades identificadas pela equipe técnica são passadas à assistente social, que faz o acompanhamento junto à criança e sua família. Com certa freqüência, as famílias das crianças são visitadas. Devem ser realizadas no mínimo duas visitas para cada família por ano. A primeira deve acontecer na fase inicial do trabalho, preferencialmente no período da matrícula e a outra no decorrer do ano. Outras visitas podem ocorrer, de acordo com a avaliação da assistente social. Para a LBV, a realidade da criança e da família é um conhecimento fundamental para o trabalho com estas no programa. O programa Plantão Social tem como objetivo geral realizar atendimento emergencial e encaminhamento à população em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social. Seus objetivos específicos são oferecer escuta, acolhida, atenção e encaminhamento à rede sócio-assistencial interna e/ou externa, conforme o caso; entrega de gêneros alimentícios e roupas, após a entrevista social; realização de visitas domiciliares, conforme a situação diagnosticada; realização de mutirões sociais aos usuários dos diversos programas da instituição, convidando também a comunidade. Este programa funciona uma vez por semana, em meio período ou integral, dependendo da demanda, com atendimentos previamente agendados na recepção da LBV, porém podem ocorrer casos que demandam atendimento imediato. As orientações são feitas via telefone, pessoalmente ou via e-mail pela recepcionista ou, em alguns casos, pelo gerente ou assistente social.

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De uma a três vezes ao ano é realizado o Mutirão da Cidadania, onde são oferecidos atendimentos diversos aos usuários dos programas desenvolvidos na instituição, como serviços de saúde e higiene pessoal, emissão de documentos, realização de atividades lúdicas, entre outros. O programa Espaço de Convivência busca contribuir para a inserção sóciocultural e fortalecimento da cidadania, por meio da construção de vínculos interpessoais, intergeracionais e familiares, de pessoas em situação de vulnerabilidade. Tem os objetivos de fazer com que as pessoas reflitam sobre valores éticos, morais e espirituais, favorecendo a formação da cidadania ecumênica; desenvolvam e participem de atividades diversas, visando a socialização dos participantes; desenvolvimento de ações sócio-educativas voltadas às famílias. A LBV também tem uma campanha de arrecadação de alimentos para a confecção de cestas básicas. Essa campanha acontece todos os sábados, de 9 às 11 horas da manhã, contando com a ajuda de voluntários, que saem nos bairros vizinhos pedindo alimentos não perecíveis. De acordo com seus regimentos internos: Art. 1º- os CENTROS COMUNITÁRIOS E EDUCACIONAIS são unidades de proteção social básica e de média complexidade e um dos tipos de Órgãos Constitucionais da LBV – Legião da Boa Vontade, associação civil de direito privado, beneficente, filantrópica, educacional, cultural, filosófica, ecumênica e altruística sem fins econômicos, reconhecida internacionalmente por sua atuação na área sócioeducacional. O CCOE da LBV tem por objetivos: I - Cumprir o Estatuto Social da Legião da Boa Vontade, em especial o artigo 3º abaixo transcrito: “Art. 3º - a LBV é uma obra de Solidariedade Universal e exerce suas atividades, sem quaisquer preconceitos e discriminações, sejam de religião, corrente filosófica, ideológica ou cientifica, condição socioeconômica, gênero, etnia ou cor, por intermédio dos seus Órgãos Constitucionais, de acordo com seus recursos.” Art. 4º- Todos os trabalhadores do CCOE da LBV devem agir com espírito de cooperação e sentimento espontâneo de amor ao próximo. Art. 5º- Todas as atividades do CCOE da LBV devem pautar-se na solidariedade e nos valores nascidos do Amor Universal, visando a vivência da cidadania ecumênica.

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DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO METODOLÓGICA Foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória, juntamente com uma pesquisa de campo para um levantamento de dados e uma pesquisa bibliográfica. Para tal pesquisa, foi selecionada uma instituição filantrópica através de uma pesquisa na internet sobre as instituições existentes na cidade de Patos de Minas. A população pesquisada é a comunidade participante da instituição LBV – Legião da Boa Vontade, na qual participam famílias em situação de vulnerabilidade dos bairros Bela Vista, São Francisco, Aurélio Caixeta, Abner Afonso, Nova Floresta e Novo Horizonte. Para a coleta de dados, foram utilizadas técnicas como entrevistas e observação direta, utilizando-se lápis e papel para registro, sendo os dados analisados qualitativamente. O primeiro contato realizado com a LBV – Legião da Boa Vontade de Patos de Minas foi através de uma ligação telefônica no dia 22 de setembro de 2008, a qual o grupo realizou com o intuito de agendar uma primeira visita, explicando que era um grupo de alunas do curso de Psicologia do Centro Universitário de Patos de Minas UNIPAM, e que o objetivo da visita é conhecer melhor a instituição, procurando fazer uma breve análise da mesma para requisitos de uma disciplina do curso. O grupo foi muito bem tratado pela atendente do telefonema, recepcionista da instituição, que disse que a LBV estaria de portas abertas à essas visitas no dia em que ficasse melhor para o grupo, sendo dito também o horário de funcionamento da instituição. A primeira visita ocorreu no dia 24 de setembro de 2008 às 15 horas, onde o grupo foi muito bem recebido pela educadora social da instituição. Nessa primeira visita, o grupo conversou com a mesma, explicando novamente que são alunas do curso de Psicologia do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM, que uma das disciplinas do curso é Psicologia, Instituições e Comunidades, e que nela demanda que os alunos escolham uma instituição para que conheçam e se possível façam uma análise da mesma, com o objetivo de ver os conteúdos ministrados na disciplina na prática. O grupo disse à educadora social que a instituição LBV foi selecionada por ter chamado sua atenção pelo fato de que o grupo já havia ouvido falar da instituição e a partir daí surgiu uma certa curiosidade em conhecê-la melhor, saber como ela funciona, um pouco de sua história, as atividades por ela oferecidas. A educadora social convidou o grupo para conhecer o espaço físico da instituição, apresentando-lhes todos os seus compartimentos, e após esta apresentação foi explicado um pouco do que a instituição realiza, os funcionários que nela trabalha e 94

quais são as pessoas que dela se beneficiam e ajudam. A funcionária da instituição indagou sobre uma possível intervenção do grupo na instituição futuramente, então foi explicitado que no momento não haveria esta possibilidade, mas que a questão iria ser seriamente pensada e conversada com a coordenadora do curso e com o professor da disciplina. A visita foi finalizada com o agradecimento do grupo, e a educadora social deixou claro que era um prazer recebê-lo, estando a instituição de portas abertas à novas visitas. A segunda visita foi realizada no dia 14 de novembro de 2008 às 16 horas, onde o grupo foi novamente muito bem recebido, desta vez pela gerente administrativa da instituição, à qual o grupo se apresentou novamente e apresentou seus objetivos, relatando que já havia sido realizada uma visita anteriormente e que seriam necessárias algumas outras informações importantes à respeito da instituição.

A gerente

administrativa encaminhou o grupo para a sala administrativa, onde perguntou quais eram as dúvidas, contou a história da instituição, relatou com detalhes as atividades realizadas pelas instituição, a história da LBV no Brasil e especialmente do núcleo da cidade de Patos de Minas. De acordo com a gerente, a instituição necessita de alguns funcionários para que sejam realizadas todas as atividades propostas pela LBV central. No momento a instituição está sem assistente social, o que tem dificultado bastante a realização de muitas das atividades. Existem três programas propostos que não estão sendo realizados. O programa Esporte é Vida não tem professor de educação física, o programa Alfabetização Digital não é realizado pela carência de computadores na instituição, e o Coral Ecumênico também não está sendo realizado pela falta de voluntários para as aulas de canto. Também foi ressaltada a necessidade de um profissional de psicologia na instituição e que seria de grande importância se o UNIPAM estabelecesse um contrato de estágio com a instituição para uma possível intervenção, assim como há também a necessidade da construção de uma cobertura para a quadra esportiva, pois a instituição não possui verbas para construí-la. A segunda visita foi realizada com um agradecimento do grupo pela atenção recebida e também com um agradecimento da gerente pelo interesse do grupo. Segundo a gerente, a instituição está de portas abertas para o grupo sempre que necessário. Para ela, a visita realizada foi de grande importância, ajudando na divulgação da LBV, pois não têm condições para o pagamento de meios de divulgação das atividades realizadas, dependem de doações de divulgação. A gerente disse que a visita vai ajudar a divulgar o 95

trabalho da instituição de forma detalhada no curso de psicologia e que isso é muito importante para a instituição. A mesma também pediu para que a LBV fosse divulgada onde fosse possível para o grupo, pois a instituição depende disso. No final agradeceu novamente, dizendo que ficam bastante felizes com tal ajuda.

DISCUSSÃO TEÓRICA As instituições podem ser definidas como um conjunto de leis ou de normas a serem seguidas com o propósito de regular alguma atividade humana. A linguagem pode ser um exemplo de instituição, que é um conjunto de normas que governam a combinação de significados com elementos fônicos, assim como as instituições de regulamentação do parentesco, que define o lugar de cada pessoa na família; as instituições da educação, que são um conjunto de normas que pretendem ensinar um indivíduo sobre como se socializar, as instituições da religião, da justiça, entre várias outras. Para que seja possível cumprir com seus objetivos, a instituição deve materializar-se nas organizações. Estas são conjuntos que concretizam o que as instituições se propõem a fazer. Não existem instituições sem organizações, pois sem elas de nada adiantaria seus objetivos, assim como também não existem organizações sem as instituições, pois sem elas as organizações não teriam fundamento. As organizações constituem-se de unidades menores, que pode ser um estabelecimento. Este, por sua vez, necessita de um equipamento para que seja efetivado. As instituições, as organizações, os estabelecimentos, os equipamentos, só podem funcionar com a ajuda dos agentes, os seres humanos, capazes de realizar tais práticas. São nas ações dos agentes que os propósitos idealizados tornam-se possíveis e reais. Existem dois conceitos bastante importantes em uma instituição, que são o instituinte e o instituído. O instituinte é a força que tenta fundar ou transformar uma instituição, como as leis, normas, hábitos e padrões. Os instituído é o produto do instituinte, ou seja, os propósitos de uma instituição na prática. Melhor dizendo, o instituinte é um processo e o instituído é o resultado desse processo. O instituído deve estar sempre aberto às mudanças propostas pelo instituinte para que as atividades possam tornar-se devidamente reguladas. Pode-se dizer que estes dois conceitos são como uma função e um funcionamento. O mesmo acontece nas organizações, existindo da mesma forma o organizante e o organizado. 96

Em toda sociedade está presente uma utopia, que pode ser desfigurada pela ação de agentes que não seguem de forma correta as leis ou normas importas, que são os exploradores, dominadores e mistificadores. As instituições estão sempre sujeitas à ação destes, que fazem com que os instituídos apareçam de forma diferente do que realmente deveriam ser, sendo o instituinte sempre impulsionado pela utopia, assim como o organizante e o organizado. A psicologia na comunidade é uma tentativa desse profissional de aproximar-se da vida dessas pessoas em suas comunidades e instituições nas quais estas participam. Essa tentativa de uma maior aproximação acontece pela falta de profissionais ativos nesta área, o que priva essas pessoas dos vários benefícios que essa teoria pode proporcionar-lhes através de ajuda com explicações e propostas de mudanças no que for verificado de errado. Através dessa intervenção, o psicólogo pode identificar com mais facilidade os possíveis problemas ou comportamentos existentes na comunidade através dos fatores sócio-ambientais observados. Tal intervenção é interessante para socializar as instituições, como com a família e com a escola, assim como para uma redução de sofrimento individual. Esta deve visar mais a prevenção do que o tratamento das desordens identificadas. “Cabe à Psicologia na Comunidade trabalhar nos indivíduos e grupos a visão de mundo, a autopercepção enquanto pessoas e grupos; reavaliar hábitos, atitudes, valores e práticas individuais e coletivas, familiares e grupais, no sentido de uma consciência mais plena de classes e de destino”.(ANDERY, 1994). É uma atuação essencial na prática das instituições nas comunidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAREMBLITT, G. Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. 5ª ed. Belo Horizonte, MG: Instituto Felix Guattari, 2002. LANE, S. CODO, W. Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 2006.

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A POLÍCIA MILITAR DO 15º BPM / PATOS DE MINAS Dienieper Oliveira Erika Paola Alves Sanaia Suelen Santana

RESUMO A primeira visita à instituição foi realizada com o intuito de conhecer as instalações físicas, conversar com alguns membros da corporação com o objetivo de conhecer o funcionamento e desenvolvimento da instituição da Policia Militar de Patos de Minas. Fomos recebidos de forma cortês, onde nos foi apresentada alguns departamentos como COPOM (Centro de Operações Policiais Militares) onde ocorre o atendimento à população quando há necessidade de registro de ocorrências (190), a Transitolândia (uma cidade mirim, com ruas, praças, postos de gasolina, semáforos e veículos, destinada a educar e preparar as crianças em idade escolar para a rotina diária no trânsito) , o canil, o local onde acontece o adestramento dos cães, a companhia de ensino e treinamento para os novos policiais militares aprovados em concurso; enfim, a corporação como um todo. Foi nos fornecido então material bibliográfico, para que pudéssemos fazer um estudo mais detalhado e aprofundado das informações que nos foram passadas verbalmente. Ao chegarmos à instituição, nos foi apresentada sua missão, que é proporcionar um ambiente seguro na cidade, sua visão, que é ser reconhecida como referência na produção de serviço público; seu valor, que está ligado à questão da ética, humanização, crescimento, participação e respeito. O objetivo deste relatório é mostrar um pouco sobre o funcionamento da instituição que escolhemos, bem como o histórico desta, para que possamos compartilhar nossos conhecimentos e nossa vivência nesta instituição. 15º BPM PMMG – Batalhão da Polícia Militar de Patos de Minas Avenida Comandante Vicente Torres, s/nº. Bairro Jardim Céu Azul. PESSOAS DE REFERÊNCIA NA INSTITUIÇÃO: Capitão Veríssimo, Sargento Reis, Sargento Roseni, Cabo Coutinho.

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INTRODUÇÃO O trabalho foi realizado no 15º BPM de Patos de Minas, instituição esta escolhida pelo grupo, pela alta identificação com os valores da instituição, tais como, ética, humanização e respeito. A Polícia Militar é o mais importante instrumento de defesa dos direitos fundamentais do ser humano. Nosso objetivo com esta escolha, era o de traçar o perfil da instituição da Polícia Militar de Patos de Minas, buscando o maior número de informações possíveis, que serão mais bem detalhadas no decorrer deste trabalho. “A trajetória não cessa! E, temos plena convicção, o nosso esforço tem sido venturoso e digno de incorporar-se à história do 15º Batalhão. Estamos caminhando, a passos largos, insertos na filosofia institucional, logicamente, em consonância com aquilo que a comunidade elegeu como necessário ao crescimento comum. Os projetos preventivos que idealizamos, somados aos que já encontramos na Unidade, além de proporcionar uma aproximação ampla com todos os públicos, são os artífices maiores de uma comunidade ordeira e pacífica. Apesar de convivermos com problemas comuns a toda sociedade gregária, na nossa área podemos trabalhar e viver num clima de relativa tranqüilidade, com padrões acima da média. Em grande parte isto é fruto de um trabalho preventivo desenvolvido ao longo da história “quinzeana” e que percebemos como grande aliados na nossa atividade profissional.” KLEBER Rodrigues Ferreira Ten. Cel. PM COMANDANTE no período de 2002 a 2007.

O Comando da Corporação entende que os esforços necessários para se conter o avanço da criminalidade devem alicerçar-se, essencialmente, nas medidas preventivas que visem alcançar os objetivos, projetados interativamente com a comunidade, através da parceria e da cooperação, notadamente na busca de solução para os problemas relacionados com "meninos de rua", "fome" e "miséria". Assim, para exercer seu papel na preservação da ordem pública e no estabelecimento de um clima de tranqüilidade e bem-estar social, a Corporação desenvolve fórmulas e métodos, dentro da teoria da efetividade, buscando, na ambiência externa, os motivos específicos para os planejamentos e a prestação dos serviços à coletividade. É perceptível a semelhança entre as principais preocupações da Polícia Militar com questões que possuem a mesma importância na Psicologia, principalmente na

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Psicologia Social, como por exemplo, os programas desenvolvidos ao combate e prevenção ao uso de drogas (PROERD), tais como várias outras inquietações sociais.

A INSTITUIÇÃO O 15º BPM de Patos de Minas procura atender a população patense e região como um todo, abrangendo as cidades de Carmo do Paranaíba, São Gotardo, Presidente Olegário, Lagoa Grande, Lagamar, Rio Paranaíba, Arapuá, Tiros, Matutina, Lagoa Formosa, São Gonçalo do Abaeté e Varjão de Minas. É uma instituição muito bem instalada fisicamente e com um amplo espaço. Possui o centro de atendimento à população, companhia de ensino e treinamento para os novos policiais militares e o espaço destinado ao lazer, o canil, juntamente com o espaço para o adestramento dos cães. Este possui 11 cães, sendo que dois ainda estão em fase de adestramento. Possui também as seções de R.H., de inteligência, planejamento, orçamento e finanças, comunicação organizacional, a banda de música, almoxarifado, seção de transportes (incluindo a oficina), seção de saúde, a capela, a casa do Comandante da região, União dos policiais militares reformados (espaço de convivência).

HISTÓRICO DA SEGURANÇA EM MINAS GERAIS Pelos testemunhos históricos que chegaram até os nossos dias, sabe-se que no alvorecer do Século XVIII, impulsionados pela cobiça do ouro e pedras preciosas encontrados nas Minas Gerais, afluíram para a promissora Província, expedições oriundas de outros lugarejos mais desenvolvidos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e até mesmo Portugal. No seio dessa heterogênea "massa" humana, a única lei vigente e que prevalecia era a lei do mais forte, fundamentada na força bruta e na violência. Contudo, somente a questão da fraude fiscal preocupava os dirigentes d'além mar. Nesse contexto, a lei soava como letra fria e morta para a maioria da população que vivia espalhada em longínquos rincões. A segurança das autoridades, das vilas e o transporte dos valores arrancados da terra exigiam, também, mais do que o poder dos simples "almotacés", dos bandos e das ordenanças ou o medo imposto pelos castigos previstos nas "Ordenações Filipinas". Exigia a presença de uma tropa que, superando a cobiça própria, fosse estruturada na disciplina e hierarquia militares e pudesse agir no 100

campo e nas cidades, sem que se deixasse levar pelo brilho do ouro, tornando-se ao mesmo tempo, obediente e tecnicamente apta para cumprir suas missões específicas. Assim, com a finalidade de impedir a sonegação de impostos e a institucionalização da violência, bem como erradicar o clima de agitação ora instalado na Capitania, o Governador Pedro Miguel de Almeida - o Conde de Assumar - recorre ao Rei de Portugal, que envia a Minas Gerais duas Companhias de Dragões, constituídas somente de portugueses, que tão logo aqui chegaram, foram contaminados pelo sonho da riqueza fácil, trocando suas armas pelas bateias e almocafre. Diante do enfraquecimento das Companhias de Dragões e de seu desempenho insatisfatório, o Governador de Minas Gerais - Dom Antônio de Noronha - extinguiu-a, criando, no dia 09 de junho de 1775, o Regimento Regular de Cavalaria de Minas, em cujas fileiras foram alistados somente mineiros, que receberiam seus vencimentos dos cofres da Capitania. À Força recém-criada, a qual pertenceu Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes: Protomártir da Independência e Patrono Cívico da Nação e das Polícias Brasileiras -, caberia cumprir missões de natureza militar, através de ações e operações de enfrentamento dos tumultos, insurreições e defesa do território da Capitania e da Pátria, e, de natureza policial, na prevenção e repressão de crimes, mantendo em ordem a população, para que o ouro pudesse ser extraído, transportado e exportado em favor do Reino Português. Com o tempo, estabelecida a República, assiste-se também, à militarização da Força Pública Mineira, notadamente após a contratação do Coronel Robert Drexler, do Exército Suíço, para que treinasse os soldados na arte da guerra. Na Capital do Estado e nas cidades sedes dos Batalhões, a Força Pública apresentava-se com alguma independência e possuía a determinação dos Exércitos que jamais conheceram a derrota; contudo, nas cidades e vilas do interior, seus integrantes viviam a reboque do "mando" e das "vontades" políticas locais das quais dependiam para quase tudo. Mas, com a Força Pública militarizada e aquartelada, surgem, na Capital e em algumas cidades maiores, as chamadas "Guardas Civis", que se encarregariam do policiamento ostensivo. A Polícia Militar, apegada ao purismo castrense, mantinha seus Batalhões de Infantaria estruturados em Companhias de Fuzileiros, quando na realidade, seus efetivos se espalhavam pelas cidades, compondo os Destacamentos Policiais (Dst Pol.). Essas frações subordinavam-se, disciplinar e administrativamente, ao Comandante do

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Batalhão e funcionalmente, pelo poder da requisição e do planejamento do emprego, aos Delegados de Polícia. Através do Decreto-Lei 667 e suas modificações, garantiu-se às Polícias Militares, a Missão Constitucional de Manutenção da Ordem Pública, dandolhes exclusividade do planejamento e execução do policiamento ostensivo, com substancial reformulação do conceito de "autoridade policial", assistindo-se, também, a extinção de "polícias" fardadas, tais como: Guarda Civil, Corpo de Fiscais do DET, Guardas Rodoviários do DER e Guardas Noturnos. Em 1988, os Constituintes da República, estabeleceram um Sistema de Segurança Pública, constituído por órgãos policiais, de acordo com o Art. 144 da Constituição da República, com estruturas próprias e independentes, porém, embora com atribuições distintas, interligados funcionalmente, corporificando o esforço do Poder Público para garantir os direitos do cidadão e da coletividade, prevenindo e combatendo a violência e a criminalidade. (Tirado do site da Polícia Militar de Minas Gerais)

HISTÓRICO DO 15º BPM EM PATOS DE MINAS O 15º BPM tem sua célula-mater na 4ª Companhia do 4º BPM, que, agregando o Pelotão do 7º BPM, sediado em Carmo do Paranaíba, se transformou na CPMI (Companhia de Polícia Militar Independente), criada e instalada no mês de junho de 1974, e abrangendo frações anteriormente articuladas ao 7º BPM e 10º BPM, além das frações já integrantes da subunidade desmembrada, com área aproximada de 106.000 quilômetros quadrados, alcançando todo o Noroeste Mineiro, Alto Paranaíba e parte do Triângulo Mineiro. Seu primeiro comandante foi o Maj. PM Saint’ Clair Luiz do Nascimento, tendo sido instalado em 04 de março de 1975. Aos pioneiros coube a tarefa inicial de consolidar a nova Unidade, inserindo-a no contexto da vida social e política da região, implantar uma doutrina de atuação única, considerando a diversidade de culturas regionais e a heterogeneidade de sua tropa, além de localizar e construir a estrutura física de sua sede.

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Foi de extrema importância a ação de comando desenvolvida pelo Maj. Saint’ Clair e pelo Cap. Raimundo de Freitas (subcomandante), o primeiro exímio estrategista de polícia ostensiva e das relações sociais e o segundo verdadeiro administrador. Fazendo contatos com autoridades municipais, empresários e representantes da sociedade, o diligente comandante tratou de encontrar um local adequado para sediar a nova Unidade e obter recursos para sua construção ou adaptação de prédio já existente. Em 1988, os Constituintes da República, estabeleceram um Sistema de Segurança Pública, constituído por órgãos policiais, de acordo com o Art. 144 da Constituição da República, com estruturas próprias e independentes, porém, embora com atribuições distintas, interligados funcionalmente, corporificando o esforço do Poder Público para garantir os direitos do cidadão e da coletividade, prevenindo e combatendo a violência e a criminalidade. Entre as várias alternativas surgidas, cogitou-se a aquisição do Colégio Marista, até que se chegou à Vila dos Meninos, uma instituição que abrigava menores órfãos, dirigida pelo Pe. Tomaz Atílio Olivieri, cujas instalações se constituíam de alguns pavilhões inacabados. Foi aprovada pela Câmara Municipal, sob a presidência do Sr. Sebastião Versiani, o Projeto de Lei que autorizou a aquisição do imóvel e sua doação ao Estado de Minas Gerais, que foram efetivadas pelo Município de Patos de Minas, sob a administração de Valdemar da Rocha Filho. Foi instalada então em condições precárias, a CPMI e, em pouco tempo, os pavilhões inacabados da Vila dos Meninos se transformaram na sede do 15º BPM. Em pouco tempo, nenhum evento importante, social, político ou religioso, se realizava na cidade e região, sem a participação da Polícia Militar. Para cuidar da saúde da tropa, foram contratados precariamente o médico patense Antônio Vieira Caixeta e o dentista Pedro Pereira Neto, da cidade de Lagoa Formosa, até que fosse expedido o edital de concurso público, em que ambos foram aprovados e receberam as patentes de 1º Ten. QOS. Depois de concluída a sede da Unidade, o Comando, pensando em proporcionar condições de esporte e lazer à tropa e familiares, projetou a construção de uma Praça de Esportes. Na impossibilidade de se obter recursos orçamentários para essa finalidade, o

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caminho encontrado foi a contribuição pessoal voluntária dos próprios militares e alguns civis. Havia um campo de futebol de pura terra vermelha e desnivelado e uma pequena quadra de grama, onde se praticava uma imitação do futebol de salão. Com a chegada do 2º Ten. César Coelho Perpétuo, recém formado no CIEF, este propôs ao Major Freitas a terraplanagem do campo e construção de uma pista de atletismo e outra de circuit training. O Sub Cmt lhe deu carta branca para a efetivação da proposta e através da residência do DER, Chefiada pelo Engenheiro João Franchi, foi feita a terraplanagem do terreno e demarcados o campo e a pista de atletismo. Foi longa a tarefa de gramação do campo e, desde a primeira placa de grama até a última, teve à frente o Soldado Luiz Alberto Oliveira, conhecido como Luiz Pato. Outro sonho do Sr. Cel. Saint’ Clair era a criação do Colégio Tiradentes e, para as providências nesse sentido, designou o Cap. Geraldo Magela de Paiva e 1º Ten. João Bosco de Castro. Em 1978, o Colégio Tiradentes se instalava na Unidade, funcionando em instalações provisórias, na própria sede. Já sob o Comando do Ten. Cel. José do Espírito Santo, outras obras de importância vieram completar a estrutura do 15º BPM: a Transitolândia, o campo de futebol society e a Capela de São Cristóvão. No dia 25 de Fevereiro de 1975, através do Decreto nº. 17.110, foi criado o Batalhão contando na sua estrutura organizacional com uma Banda de Música. O primeiro regente foi o Sub Ten. PM David Marcelino dos Santos, o qual veio transferido do 11º BPM/Manhuaçu, com o objetivo de formar a agremiação musical. Terminada a etapa inicial para suprimento de efetivo e instrumentos, a banda pôde, em 25 de agosto de 1975, dia do Soldado, fazer sua primeira apresentação à comunidade patense, o que ocorreu em frente à Igreja Santa Terezinha. Atualmente, a Banda de Música do 15º BPM, em parceria com as Escolas Estaduais de Patos de Minas, desenvolve um projeto denominado “Anjos da Escola”. Em abril de 2001, o 15º BPM criou o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), que tem sua ação focada nas ocorrências com reféns; no combate ao crime organizado com captura dos detratores; na atuação em rebeliões de presos; no apoio às

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atividades especiais de defesa civil; no apoio em operações especiais de polícia que demandem empenho por prolongado período e em várias outras ações e operações. Em Janeiro de 2005, o 15º BPM lançou duas importantes forças de atuação policial: a ROTAM (Rondas Tático Móveis) e o GOTE (Grupo de Operações Táticas Especiais). A ROTAM é subordinada ao comando 156ª Cia. PM de Patos de Minas e tem como missão o atendimento aos fatos de grande envergadura e que fogem da capacidade do atendimento rotineiro. O GOTE é subordinado ao comando da 15ª Cia. PM Espz e tem por missão atuar no combate sistemático ao crime organizado, notadamente nas ocorrências de tráfico de drogas e armas, furto e roubos de veículos e cargas, dentre outros. Atua nas estradas e rodovias sob jurisdição da Polícia Militar Rodoviária. Há mais ou menos 4 anos foi iniciado o projeto Pontapé Inicial, que consiste em uma mescla de jovens carentes, junto com filhos de militares e jovens do bairro para treino de futebol. O projeto visa a integração das crianças, assim como tira-las da rua. Há também a festa junina que ocorre todo ano no 15º BPM, festa esta já tradicional na cidade, com um público fiel, onde o dinheiro arrecadado é investido no próprio batalhão. Estas são algumas passagens que marcam a existência do 15º BPM. O objetivo da instituição compreende-se na promoção da paz social, sendo este baseado na filosofia da instituição, que tem como missão proporcionar um ambiente seguro, visa ser reconhecida como referência na produção de serviço público e tem como valor a humanização, a ética, o crescimento, a participação e o respeito. Os regimentos internos da Polícia Militar de Patos de Minas, bem como da Polícia Militar de Minas Gerais, tem como base o Código de Ética e Disciplina Policial Militar de Minas Gerais. Os grupos com os quais trabalha para melhor desenvolvimento das atividades são as Companhias Operacionais, o Pelotão de trânsito e o projeto recente de Polícia Comunitária, projeto este que consiste em trazer a comunidade mais próxima da polícia, facilitando assim, o sistema de defesa social e a prevenção da violência.

ATIVIDADES DA PM:   

Policiamento aéreo Policiamento de bicicletas Policiamento com cães

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         

Policiamento de eventos Policiamento Ambiental Policiamento de guardas Policiamento para missões especiais Policiamento montado Postos de observação Posto móvel de policiamento preventivo Policiamento rodoviário Policiamento ROTAM Trânsito urbano

DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO METODOLÓGICA O grupo em comum acordo escolheu o 15º BPM de Patos de Minas. O senhor Humberto Alves Pereira, pai da integrante Erika Paola Alves, por conhecer o Capitão Veríssimo, entrou em contato pelo telefone, e o informou superficialmente do que se tratava nosso trabalho. Este se mostrou receptivo à idéia, se dispondo a ajudar a qualquer hora que quiséssemos. Sendo assim, no dia 14 de novembro de 2008, às 09h00min, o grupo apresentou a proposta de trabalho pessoalmente ao Capitão Veríssimo, que se mostrou pronto a ajudar. No entanto, havia um seminário ocorrendo no Batalhão no dia da visita, não sendo assim possível conversar com a psicóloga e receber uma maior atenção dos outros membros da instituição. Porém, isso não foi um obstáculo, pois o Capitão Veríssimo nos encaminhou ao Sargento Roseni, que imediatamente nos ofereceu informações verbais e materiais para a pesquisa. Sequencialmente, após o grupo demonstrar interesse em conhecer o canil e as demais instalações, o Capitão primeiramente nos mostrou as salas de atendimento à população e ordenou que o Sargento Reis nos apresentasse o canil. Durante o percurso, pudemos conhecer também as salas de ensino aos soldados, a área de treinamento físico e o espaço de lazer. Já no canil, conhecemos o recinto e os animais, sendo que são 8 pastores alemães (cães de captura), 2 labradores (cães farejadores) e 1 cão de outra raça (Pastor Belga Malinois)que está em fase de teste, por ser muito feroz. Devido ainda ao fator seminário, não foi possível um maior aproveitamento nesse dia, sendo assim, a visita encerrada e remarcada para a segunda-feira próxima, no dia 17 de novembro de 2008. Neste dia, fomos conversar com o Sargento Roseni, onde pudemos atualizar os dados obtidos na primeira visita e conhecer um pouco mais as instalações físicas. Todos que na instituição trabalham nos receberam muito bem e se mostraram interessados pela nossa pesquisa; demonstraram interesse em apresentar a instituição e 106

ver o nosso ponto de vista sobre ela também. Todos colaboraram para nossa pesquisa, se colocando sempre à disposição para nos ajudar, fato esse que foi de grande valia para o grupo, pois ajudaram muito no andamento e desenvolvimento do trabalho nos trazendo segurança e confiabilidade.

DISCUSSÃO TEÓRICA A Instituição escolhida, da maneira a qual nos foi apresentada, mostrou-se bem estruturada e aparentemente não necessitando de intervenção no sentido de reestruturação interna, para seu melhor funcionamento. No entanto, nos cabe entender que para uma boa impressão da sociedade, é exatamente esta a imagem que a instituição procura passar. Talvez pelo fato da complexidade da instituição escolhida, diante da sua própria organização e trabalho desenvolvido. Ou seja, a seriedade e o rigor que esta se mantém diante da sociedade. Citando então que a Polícia Militar de Patos de Minas, ao chegar à conclusão que oferecendo serviços comunitários como o Pontapé Inicial, que é integrar crianças de todas as classes sociais, estas estão menos propensas a ingressar na criminalidade, já que, de acordo com Lucien Goldman (1947), “Quase nenhuma ação humana tem por sujeito um indivíduo isolado. O sujeito da ação é um grupo, um ‘Nós’, mesmo se a estrutura atual da sociedade, pelo fenômeno da reificação, tende a encobrir esse ‘Nós’ e a transformá-lo numa soma de várias individualidades distintas e fechadas umas às outras”. Ou seja, o indivíduo é influenciado pela sociedade, dizendo então que no nosso modo de analisar os fatos, o indivíduo não é só o que quer, mas também o que a sociedade “impõe” que ele seja. Ao notar que a sociedade necessita de certa aproximação com a Polícia Militar para que ambas funcionem melhor, pensamos no conceito de Demanda, que, a nosso ver seria aquilo que a sociedade é “avisada” pelos experts, do que necessita. Com um pensamento similar, a Polícia Militar desenvolveu o projeto chamado Polícia Comunitária, onde a sociedade trabalhará junto com a Polícia, para mitigar a possível violência que pode vir a atingir qualquer membro da sociedade, pois entende-se que pelo simples fato de vivência em grupo, qualquer um é passível de violência. O objetivo de promover a paz e a filosofia que visa a humanização, o respeito e a ética, são devidamente coerentes com o trabalho desenvolvido pela polícia, sendo que esta, durante todo o tempo nos mostrou de forma inequívoca a seriedade do trabalho e preocupação com o bem estar da comunidade. 107

O profissional da psicologia se faz presente na instituição, trabalhando com os membros desta, e seus familiares, procurando promover o bem estar emocional para assegurar a qualidade do trabalho desenvolvido.

CONCLUSÃO A presente pesquisa foi de suma importância para que aprimorássemos nosso conhecimento a respeito da cidade onde residimos, que nem sempre damos a devida atenção aos fatores que a compõem e aos fatos em que nela ocorrem. A Polícia Militar mostrou-se como uma instituição de base para a constituição da cidade, pois a sua missão, valores e visão buscam uma unificação de ideal para o bem estar da população. Sendo assim, só nos resta mais uma vez destacar a importância de conhecer a PM e o trabalho que esta desenvolve na sociedade. Porém, a simples troca de informações entre colegas de outros grupos que escolheram outras instituições, tornou-se possível conhecer um perfil geral da sociedade, livrando-se de certos preconceitos e acatando melhor a realidade. Considerando nosso objetivo já citado, podemos concluir que este foi alcançado com sucesso e de forma agradável, devido à excelente receptividade dos membros do Batalhão, bem como à confiança depositada ao grupo e à seriedade de nosso trabalho.

BIBLIOGRAFIA BAREMBLITT, Gregório. Compêndio de análise institucional e outras correntes: Teoria e prática. 5ª. ed. Belo Horizonte: Instituto Felix Guattari, 2002. 15º Batalhão de Polícia Militar: Condor do Paranaíba. Patos de Minas: 2005. Disponível

em:

.

Acesso em: 25 de outubro de 2008. Disponível em: . Acesso em: 15 de novembro de 2008.

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ANEXO 1 - Fotos

Chegada a Patos de Minas – Primeiros momentos – 1975

Primeiro desfile

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GALERIA DOS EX-COMANDANTES

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Banda de música o 15º BPM

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Rota: Unipam a 15º BPM – 5,6 km

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PRÓ-CURAR-SE – FUNDAÇÃO DE PREVENÇÃO E APOIO A PESSOA COM CÂNCER

Juliana Caixeta Rabelo Lourine Severo Oliveira Milene Dornelis De Oliveira RESUMO O presente trabalho teve como principal objetivo, propiciar um melhor conhecimento sobre a instituição visitada, abrangendo seu funcionamento diário, o tipo de trabalho que desenvolve junto à comunidade, qual sua população assistida, bem como as contribuições que seus serviços trazem para a sociedade patense. Conhecer quais são suas intervenções e suas dificuldades, se houver, em se manter ativa e com bons resultados. Associar à prática os conhecimentos e as informações sobre instituições e comunidades bem como suas relações de poder adquiridos em sala de aula com a disciplina Psicologia Instituições e Comunidades, alem de cumprir dessa forma uma atividade prática descrita na programação da disciplina. Formular uma proposta de intervenção para a instituição, que poderá futuramente ser exercida pela mesma. Com tal atividade foi possível concluir que a Fundação Pró-curar-se desenvolve um ótimo trabalho no campo da oncologia dentro de Patos de Minas, visto que a instituição não oferece apenas uma ajuda financeira aos assistidos, mas também propicia um apoio psicológico, para que os mesmos possam enfrentar de maneira mais amena a doença. Através de doações e da venda de artesanatos produzidos pelos próprios pacientes, a fundação contribui com as pessoas que dela precisa dando uma ajuda de custo no tratamento.Em relação ao psicológico dos assistidos que se encontra abalado à instituição oferece alternativas para um melhor enfrentamento diante da doença, com atividades em grupo para os assistidos, atendimento psicológico para assistidos e família, e arte-terapia.

PRÓ-CURAR-SE Fundação De Prevenção E Apoio A Pessoa Com Câncer Rua: Agenor Maciel, 211 – Centro – Telefone (34) 3814-45-45 – Patos De Minas – Mg Maria Das Dores Soares Caixeta (Presidente Da Instituição)

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INTRODUÇÃO A escolha da instituição ocorreu de forma bastante tranqüila, pelo fato de que todos os integrantes do grupo possuem interesse pelo assunto, a psicooncologia, procurou-se uma instituição que oferece um apoio a população e que possuísse um caráter serio em seu trabalho e que pudesse propiciar um enriquecimento do conhecimento adquirido em sala de aula. Conhecendo melhor a instituição e seu funcionamento, é possível notar que o campo de atuação do psicólogo é bem mais vasto do que antes se imagina, sendo que a demanda na área de psicooncologia é muito grande e há varias formas de se desenvolver um trabalho psicológico. O objetivo do grupo esteve em conhecer por todos os ângulos a instituição e seu funcionamento, tendo como conseqüência uma proposta de intervenção para um trabalho que futuramente poderá ser desenvolvido. Foi possível definir uma proposta de intervenção que era inicialmente um dos objetivos do trabalho, esta proposta surge de um desejo da própria psicóloga do local, o trabalho seria realizado com um grupo fechado de no máximo 12 pessoas, onde seriam realizados encontros focados na visualização da doença, da melhora, esclarecimentos sobre a doença e relaxamento. O trabalho que é desenvolvido pela instituição, abrange tantos portadores de câncer de Patos de Minas, como também da região, sendo dentro do contexto da oncologia um referencial de apoio ao tratamento da doença. A fundação tem como objetivo trazer para a cidade o tratamento para as doenças referentes ao câncer, para que assim os portadores de Patos e região não precisem se deslocar para cidades distantes. Se for concluído este desejo da instituição, para nós futuros psicólogos, será uma oportunidade a mais de trabalho, onde poderão ser desenvolvidos grandes projetos de suporte psicológico para os portadores da doença.

INSTITUIÇÃO A Fundação Pró-curar-se procura atender pessoas de baixa renda, que seja portadores de câncer. Surgiu em outubro de 1999, a partir de um abaixo assinado solicitando aos órgãos competentes, o funcionamento de uma clinica oncológica. A partir de então, surgiu o grupo de terapia da fundação, onde a juntamente as suas fundadoras outros pacientes se reuniam para dividir experiências sobre a doença e o tratamento. E em 21 de fevereiro de 2002, adquiriu o titulo de pessoa jurídica de direito

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privado e de fins não lucrativos, de assistência social e com autonomia administrativa e financeira. A instituição oferece medicamentos aos portadores de câncer, auxiliando as pessoas nas viagens para tratamentos que sejam realizados fora de seu domicilio, contribui também com auxilio alimentação no período da doença, oferece assistência psicológica aos portadores de câncer e seus familiares, sendo essa assistência realizada através de atendimentos psicológicos que são feitos diariamente dentro das atividades da fundação, através de grupos terapêuticos realizados semanalmente, sob supervisão de um psicólogo e terapeutas voluntários. È feito também à redistribuição de doações da sociedade em leites, roupas, cestas básicas, cobertores e outros. Ela também propõe campanhas educativas e de prevenção ao câncer. A distribuição das doações e de dinheiro para o auxilio com as viagens e despesas referentes ao tratamento são feitas da seguinte maneira: primeiramente é feito um cadastro das pessoas que são portadoras da doença e para que possam pegar a ajuda de custo é preciso que elas levem o comprovante da secretária de saúde, que comprovem o dia que será feito à viagem e quanto tempo ficará fora de seu domicilio. A Fundação é divida em 8 (oito) setores, são eles: o setor psicológico que é composto por um psicólogo; o setor da secretária que é composto por uma secretária; o setor financeiro composto por um auxiliar financeiro; o setor de telemarketing composto por um coordenador e 3 operadoras de telemarketing; mensageiros contendo 4 pessoas que desenvolvem esse trabalho; o setor de serviços gerais que é composto por um auxiliar de serviços gerais; um caseiro e voluntário em diversas áreas dentro da fundação. A instituição se situa em uma casa alugada, e tem seu aluguel pago por um grupo de voluntários, esta consta com: sala de recepção, sala de terapia de grupos, corredor, 2 banheiros, cozinha, sala da oficina ocupacional, área de cobertura para pintura, sala de psicologia, sala de atendimento financeiro, 2 salas de telemarketing, sala da diretoria, sala dos mensageiros, sala de atendimento médico, áreas de serviços, horta a ser reativada. Possui também uma casa em outra localidade com 1000mts que servirá para alojamento quando estiver uma clinica de oncologia em Patos de Minas. È articulada com grupos de terapia e de artesanato coordenados por voluntários e pela psicóloga do local para os pacientes cadastrados na instituição.

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DESENVOLVIMENTO/ DISCUSSÃO METODOLÓGICA As realizações dos primeiros contatos foram feitos através de telefonemas, onde foi explicado e proposto o objetivo do trabalho. A receptividade da instituição foi extremamente amigável, não impondo nenhum empecilho para com o nosso trabalho, sendo inclusive nos questionado a possibilidade de efetuarmos alguns trabalhos dentro da própria instituição. A instituição marcou nossa primeira visita para conhecermos um pouco mais sobre o trabalho que é desempenhado pela mesma. Esta foi realizada no dia 19 de setembro de 2008 com a psicóloga Thaís, e teve a duração de 30 minutos, onde explicamos detalhadamente sobre o nosso trabalho, os nossos objetivos e onde Thaís nos explicou por alto sobre o funcionamento da fundação. O segundo encontro aconteceu no dia 03 de outubro, tendo a duração de 50 minutos. Novamente a conversa foi realizada com a psicóloga do local, Thaís que nos falou sobre o surgimento da fundação, sobre os trabalhos que são realizados por eles, nos mostrou toda a casa e nos apresentou para os funcionários. O terceiro encontro foi feito de outra forma. Foi realizada uma visita no dia 27 de outubro onde participamos de um grupo terapêutico, estava sendo realizada uma aula de Reik com quatro pacientes (sendo um homem e três mulheres). Esta visita teve a duração de 1h. Utilizamos como recursos de bibliografia, materiais que nós foram emprestados pela instituição (incluído um DVD sobre a mesma), materiais sobre oncologia. A instituição possui um grande interesse em uma parceira com a psicologia, afim de realizações de trabalhos terapêuticos, sendo que todos os profissionais com os quais o grupo teve contato demonstraram grande simpatia e receptividade para com o grupo.

DISCUSSÃO TEÓRICA O maior conflito externo da instituição diz respeito ao fato de somente esta prestar serviços a população oncológica de Patos de Minas, visto que a cidade não possui serviços oferecidos a população pelo SUS no que diz respeito à oncologia. Devido à instituição não receber ajuda financeira por parte da prefeitura, a mesma se

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sustenta por doações feitas pela comunidade, através do serviço de telemarketing e da venda de artesanatos confeccionados pelos integrantes do grupo terapêutico. Quando nos referimos a grupo nos deparamos com o conceito descrito por Pichon-Rivière citado em Lane (2001) quando descreve o conceito de grupo e ação grupal. Segundo a teoria de Pichon-Rivière o grupo é "um conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe de forma explícita ou implícita uma tarefa a qual constitui sua finalidade, interatuando através de complexos mecanismos de atribuição e assunção de papéis". Segundo este autor a ação grupal objetiva resolver as dificuldades internas dos sujeitos que surgem neste caso como ansiedade gerada pelo medo da doença e os mitos que trazem a mesma. Isso nos remete a pensar sobre o papel da fundação dentro da sociedade, o qual visa trabalhar as angustias, medos gerados em virtude do não conhecimento ou em contrapartida do excesso de informações sobre a doença. Ao se pensar em intervenção psicossocial, deve-se ter em mente que intervir, significa dirigir-se a realidade do outro, modificando-a de alguma forma. Para isso faz-se necessário que o interventor, investigue os valores do grupo e como estes vivenciam na coletividade. Segundo Sarriera (2004) “a intervenção psicossocial tem como objetivo principal possibilitar melhores condições humanas e de qualidade de vida.” Dentro da fundação Pró-curar-se o trabalho com os assistidos é realizado por uma equipe multidisciplinar, onde é oferecido voluntariamente os serviços de nutrição, médico, artista plástico e grupo terapêutico (formado por profissionais da aréa Reiki, Yoga e um psicólogo). O trabalho da psicóloga no grupo terapêutico é de caratér voluntário, no entanto a mesma realiza atendimentos clínicos dos assistidos e de suas famílias como funcionária da instituição. Esses atendimentos tem como função básica mostrar a verdade para o paciente, ajudá-lo a desenvolver uma consciência do processo de vida e dos mecanismos que se criam para gerar a doença e, também, em poder ajudá-lo a entrar em sintonia com seus próprios recursos de cura, possibilitando o resgate da auto-estima e da aceitação. Por ser a única instituição que acolhe portadores de câncer e seus familiares dentro do município de Patos de Minas os serviços prestados pela fundação, foram percebidos de forma bastante abrangente. Sua visão social não se limita a estes atendimentos, pois a mesma vem procurando estabelecer uma clínica de oncologia em parceria com o SUS e com isso seus serviços serão ainda mais amplos, ou seja, no sentido de aumentar o número de assistidos bem como facilitar o processo do 117

tratamento evitando o deslocamento que muitas vezes é importuno para o estado de saúde dos portadores da doença. Não foram detectados problemas quanto à funcionalidade da instituição, no entanto a instituição queixa-se da carência de voluntários.

CONCLUSÃO Muitas vezes a psicologia se volta apenas para a área clinica. Com este trabalho foi possível concluir que há um vasto campo de trabalho a espera do psicólogo, sendo a área da oncologia uma delas. Percebeu-se com este trabalho que a Fundação Pró-curar-se exerce um trabalho social exclusivo direcionando seu olhar a população oncológica de Patos de Minas. Apesar de seu trabalho ser exercido com êxito, percebeu-se que a instituição possui demandas no que diz respeito à disponibilidade de mais voluntários na instituição. Baseado nas falas da psicóloga da Pró-curar-se onde a mesma expressa um desejo de formar um grupo terapêutico fechado, onde fosse possível dedicar atenção e cuidados especiais aos aspectos psicológicos, emocional e afetivo dos pacientes em relação aos problemas que estão vivendo. Sugere-se que os alunos do curso de psicologia realizem esta proposta como um trabalho voluntário com intuito de ajudar os assistidos da instituição e também proporcionar um maior conhecimento e uma experiência válida aos estudantes de psicologia. A experiência em realizar este trabalho foi de grande valia, uma vez que tivemos a possibilidade de vivenciar experiências novas, além de melhor correlacionar o conhecimento teórico com a realidade social encontrada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAREMBLIT, Gregório. Movimento instituinte, a auto-análise e a autogestão; Sociedades e instituições; As histórias; Roteiro para uma intervenção institucional padrão. In:__ Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. 5ª Ed. Belo Horizonte: Instituto Felix Guattari. 2002. cap. 1,2,3,6 p. 13-50, 90-106. ELIAS, Nobert. A sociedade dos indivíduos. In:__ A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1994. cap.1 p.11-59. GIL, A.C. Como conseguir o prejto de pesquisa. In:__ Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas. 2002

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LANE, Sílvia T.M. O processo grupal; A psicologia social e uma nova concepção de homem para a psicologia In:__; CODO, Wanderley (orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento.13. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. cap. 1,2 p. 10-19; 78-98 SARRIERA, Jorge Castellá et all. Intervenção psicossocial e algumas questões éticas e técnicas. In __. Psicologia comunitária: estudos atuais. 2ª Ed. Porto Alegre. Sulina. 2004 cap. 1. p. 19-41. VAN STRALEN, Cornelis Johannes. Psicologia social: uma especialidade da psicologia?. In: Psicologia & Sociedade, Jan/abril 2005. v. 17 n 1p. 17-28. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2008.

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ANEXO 1 – Logomarca da Instituição

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“AGITA PATOS”: UMA ANÁLISE INSTITUCIONAL

Elis Marina Natália Fabrícia Soares Rosana Garcia. RESUMO Esse trabalho visa à análise de uma demanda, e após essa identificação a elaboração de um possível projeto de intervenção. Também se quer conhecer melhor os coordenadores do projeto e as pessoas que participam. Assim poder analisar o principal motivo que os idosos se integraram neste programa e os benefícios para a saúde física e mental que este provocou na vida deles. O Agita Patos é um trabalho de campo realizado como projeto social. E é um programa que atende o publico da terceira idade, proporciona momentos de lazer e de integração, e aumenta a auto-estima, dando mais autonomia nas tarefas diárias aos idosos.

Projeto Agita Patos Praça do Coreto, R: Getulio Borges

1) INTRODUÇÃO: .A) Escolha da instituição Esta instituição foi escolhida por representar um projeto Social da cidade de Patos de Minas muito bem desenvolvido. Que foi criando especificamente para atender a população idosa da cidade, dando lhes a oportunidade de uma opção de lazer especifica a sua idade, embora pessoas de outras idades também possam participar. E, também analisar a adesão dos idosos a este projeto. B) Objetivos definidos pelo grupo O grupo tem como objetivo principal identificar por que este projeto aparentemente tão simples atrai tantas pessoas e funciona tão bem como instituição. C) Justificativa O envelhecimento da população mundial é um fenômeno novo ao qual mesmo os países mais ricos e poderosos ainda estão tentando se adaptar. O que era no passado privilégio de alguns poucos passou a ser uma experiência de um número crescente de pessoas em todo o mundo. Envelhecer no final deste século já não é proeza reservada a

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uma pequena parcela da população. No entanto, no que se referem ao envelhecimento populacional, os países desenvolvidos diferem substancialmente dos subdesenvolvidos, já que os mecanismos que levam a tal envelhecimento são distintos. (Kalache, 1987 ). Assim em algumas cidades do Brasil vêm se desenvolvendo projetos para a terceira idade no intuito de melhorar sua qualidade de vida durante o envelhecer. Na cidade de Patos de Minas tem se alguns projetos, e o programa “Agita Patos” foi escolhido de modo particular para ser analisado e observado.

2) INSTITUIÇÃO O “Agita Patos” surgiu em maio de 2004 a partir de um projeto elaborado pela fisioterapeuta Roane Caetano de Faria. Sua idéia foi apresentada a Prefeitura Municipal, e implementada logo depois. Em seu primeiro ano, o programa, então sob o nome de “Agito na Praça”, consistia de atividades recreativas desenvolvidas por voluntários. A partir de 2005, o projeto ganhou novo perfil. Após a realização de um concurso publico, foi montada uma equipe de profissionais responsáveis pelas atividades do programa, que adotou o nome atual “Agita Patos”. Coordenado atualmente pela fisioterapeuta Luciana Xavier Gomes, o grupo também é formado pelos professores de educação física Bruna Pereira Nascimento, Gustavo Pacheco Silva e Kelly Cristina Moreira Campos, e pela estudante de educação física Luciana Luzia Rodrigues, monitores de práticas corporais. Antes a população idosa da terceira idade de Patos não tinha o que fazer, não tinha uma ocupação durante o dia. A importância desse programa se faz porque foi possível tirar muita gente de casa para se divertir, para viver uma vida mais saudável. O programa não só melhora a qualidade de vida dos idosos, ele também diminui a demanda de pessoas por unidade de saúde. São 12 bairros atendidos: Bela Vista (CSU), Sebastião Amorim (PROMAN), Santa Terezinha, Lagoinha, Alvorada, Padre Eustáquio (casa da sopa), Centro da cidade (praça do coreto), Cristo Redentor (barracão da igreja), Várzea, Ipanema, Planalto (SEST SENAT) e Jardim Aquarius. As atividades são desenvolvidas em todos os locais, de segunda a sexta, de acordo com uma escala entre os monitores.

3) DESENVOLVIMENTO As observações se deram na praça da Av. Getúlio Vargas, que é um dos vários lugares da cidade onde as atividades do projeto Agita Patos são desenvolvidas. 122

O método utilizado nas atividades práticas exercidas foi à observação. O grupo foi até ao local da realização do evento e conversou diretamente com os organizadores, explicando as finalidades do projeto e a demanda do grupo. A instituição se demonstrou bastante interessada, receptiva e acolhedora às idéias expostas pelo grupo. Na primeira visita que se deu no dia 03/09/08, depois de especificada as idéias do grupo aos lideres do projeto, as atividades se iniciaram. Os participantes se mexem, dançam, alongam-se, interagem entre si, se divertem e os fisioterapeutas e educadores físicos coordenam todas as atividades dando assistência aos participantes. Terminados os exercícios, são dados os recados e avisos da semana referentes ao projeto e os participantes vão embora bastante satisfeitos e bem dispostos. Durante todo o tempo, o grupo se absteve em observar tudo o que acontecia. A segunda visita ocorreu no dia 17/09/08; onde o grupo se posicionou perto dos participantes e observou as atividades durante todo o tempo. Os participantes chegaram, conversaram um pouco entre si antes de se iniciar as atividades, assim que estas se iniciaram, eles se posicionaram e começaram a se mexer, dançar e se alongar conforme as instruções dos coordenadores. Terminadas as atividades, foram dados os recados e avisos como de costume e se encerrou as atividades naquele dia O tempo médio de duração das atividades é de uma hora. O grupo conversou com os organizadores do projeto na última visita que ocorreu no dia 17/09/08. Os mesmos disseram que seria muito bem vindo um trabalho de intervenção de acordo com as possíveis demandas que pudessem ocorrer, relataram também que ficaram muito satisfeitos com o intuito do grupo e se mostraram bastantes acolhedores para com a finalidade do trabalho exercido, e a qualquer coisa que o grupo precisasse poderia procurá-los a qualquer momento.

4) DISCUSSÃO TEÓRICA Na instituição observada foi possível verificar aspectos do institucionalismo de uma forma muito positiva, pois percebemos que o modo que as pessoas dentro deste grupo conduzem a organização tem um bom funcionamento. Tendo em vista a divisão dentro do Institucionalismo entre a configuração de campo de análise e um campo de intervenção, é evidente que o campo de análise consiste apenas em um espaço conceitual ou nacional. Em outras palavras, é um tema do qual o institucionalista quer se ocupar. Esse tema pode ser abstrato ou concreto; pode 123

ser contemporâneo, passado ou futuro. E pode ser muito vasto. Mas é um processo de produção de conhecimento com respeito a esse campo e não implica necessariamente uma intervenção técnica; envolve apenas o fato de que o institucionalista vai tentar entendê-lo. Percebemos que a instituição em si tem um ótimo funcionamento ela não apresentou nenhum conflito interno ou externo que permeia seu cotidiano. Detectamos que não há presença de um profissional de psicologia dentro da instituição, mas aparentemente não se verificou uma demanda muito alta para haver um profissional exclusivo aquela população, pois se trata de um projeto da prefeitura voltado apenas para o lazer dos idosos. E outras demandas relacionadas a essa área em especifico é encaminhada para outros setores da prefeitura. Apesar de que seria interessante ter um profissional de psicologia para ajudar os outros profissionais a reconhecer as demandas e necessidades que as pessoas do grupo precisam ou talvez pudesse ser importante para indicar novas atividades além daquelas que já são propostas. O campo de intervenção pressupõe um campo de análise, porque se pode entender sem intervir, mas não se pode intervir sem entender, embora durante a intervenção iremos entendendo cada vez mais. O campo de análise pode não coincidir, em termos empíricos, com o campo de intervenção. Partindo, pois, dessa discriminação entre campos de análise e campo de intervenção, digamos que as modalidades de intervenção podem ser variadas. Uma modalidade de intervenção, é o que se dá como serviço oferecido na condição de profissional liberal ou autônomo, na condição de sociedade científica - uma sociedade cientifica de Análise Institucional que oferece trabalhos, por exemplo; é o exercício oferecido por um estabelecimento de prestação de serviços privados, um instituto de Análise Institucional que pode ser uma sociedade anônima de responsabilidade limitada ou uma microempresa; é o que pode ser oferecido por um departamento especial de uma faculdade, um departamento de Análise Institucional numa universidade. Outra modalidade possível de prestação de serviço pode ser feita por parte de uma equipe que integra e que é interna à organização na qual se vai intervir. Outra possibilidade é aquela pela qual um institucionalista, que não se caracteriza como tal e não oferece seus serviços como tal, infiltra-se em uma organização, a qual ele pode pertencer organicamente ou não, e o faz sob um rótulo, na condição de qualquer outra coisa que faça parte dos papéis formais existentes nessa organização, mas que não seja o de institucionalista. Existe uma ultima possibilidade dentro desse espectro esquemático que ainda é pobre, limitado, que consiste numa variação dessa última possibilidade. 124

Uma variação que parece a menos comprometida e, sem dúvida é a mais difícil de todas: é a daquele que pratica o Institucionalismo na convivência cotidiana. Essa esquemática sistematização requer um tratamento, uma explicitação e uma abordagem muito detalhados e complexos das peculiaridades que adquire cada uma dessas inserções possíveis. O que vamos desenvolver agora é apenas uma dessas formas de intervenção, que é a intervenção institucional standard, a qual: 1) não é a única (o que espero, tenha ficado claro); 2) nem sempre é a melhor- apesar de costumar ser a mais clara e a mais sistematizada; 3) muito freqüentemente não é possível, porque as características da demanda não a propiciam. Então, deve-se ter cuidado, porque se a gente se prende a esse tipo de intervenção, se se apega a esse modo de operar, corre o risco de pensar que quando ele não é possível, não existem outros que, pelo menos, deixaram esboçados. Ora a intervenção apresenta uma serie de passos que precisam ficar bem explicitados. O primeiro passo consiste em fazer a analise da produção da demanda. Isso consiste no cuidadoso exame que a organização ou a pessoa que está para fazer a intervenção institucional faz da maneira como ela ofereceu os serviços; ou seja, o estudo da forma como ela produziu a demanda que lhe é feita. Muitas vezes, a produção da demanda de um serviço, por exemplo, um serviço de saúde, é naturalmente, em princípio, produzida pelos estabelecimentos de saúde que oferecem seus serviços. Mas ela é produzida, igualmente, pela falência, por exemplo, ofertas de outras organizações e dos serviços dessas organizações que são incompletos, que são distorcidos, que são anacrônicos e que geram demanda de serviços de saúde porque não resolvem bem os problemas da sua especificidade. O passo seguinte é a tentativa de análise do encaminhamento, isto é: quais foram os passos intermediários entre usuário-demandante. O passo seguinte é a analise da gestão parcial. Isto é: qual foi o setor da organização que assumiu o papel de vir consultar-nos ou fazer o contato? Ou seja, a gestão parcial da demanda de serviços é protagonizada por diferentes segmentos da organização. Na análise do encargo, há uma discriminação muito importante que se estabelece entre demanda e encargo. Nessa terminologia, demanda é a solicitação formal, consciente, deliberada, que nunca coincide com o encargo, que é um pedido que envolvem os tres níveis da discriminação que fizemos entre má-fé, desconhecimento e

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recalque. A diferença entre demanda e encargo pode passar por esses três tipos de determinações. A demanda nunca coincide com o encargo. O passo seguinte consiste em, a partir desse diagnóstico provisório, poder planejar uma política, uma estratégia, uma tônica e técnicas para começar sua intervenção. Então, criam-se analisadores construídos, ou dispositivos para poder recolher todos os dados do diagnóstico provisório. Depois que se executam os dispositivos do diagnóstico provisório, reúne-se equipe interventora e parte-se para analisar toda a colheita, fazendo-se a análise da demanda e do encargo definitivo. Da mesma maneira que ativamos esse coletivo ou mobilizamos e o colocamos em condições de manifestar-se muito mais livremente, muito mais ricamente, também somos mobilizados, somos igualmente ativados, temos uma vivência de contato diferente. Então temos de voltar a fazer uma auto-análise de implicação: o que foi que isso acordou, despertou em nós, que não tínhamos percebido em todos os passos anteriores? Porque o passo seguinte e o diagnóstico definitivo e o planejamento da intervenção definitiva. Nova política, novas estratégias, táticas, técnicas definitivas, analisadores definitivos e um passo seguinte fundamental: proposta de intervenção e um novo contrato. Depois temos a autogestão do contrato de intervenção, isto é, vamos fazer uma proposta de contrato definitivo, mas não vamos impor nenhum dos termos e deixarmos que o coletivo proponha se quer pagar, quanto quer pagar, porque quer pagar, que tempo pensa destinar ao trabalho, que poderes quer nos dar e porque, o que será muito ilustrativo do significado que a intervenção tem para cada segmento. Depois vem a execução da intervenção, tal como foi planejada. Logo vêm as avaliações periódicas, que são momentos de parada para qualificar os resultados e voltar a analisar a implicação que se vai gerando na equipe durante o processo. Quando acaba a intervenção temos que fazer um prognóstico, que poderemos ou não comunicar ao coletivo. A instituição não tem sede própria, seus gastos e funcionários são financiados pela a prefeitura municipal de Patos de Minas. Ela é uma organização que se divide pelos vários bairros da cidade, e nestes bairros as reuniões que são organizadas por seus membros acontecem geralmente nos salões comunitários e nas praças de cada bairro. Estes bairros são divididos por horário e dias da semana já pré-estabelecidos. A cada dia uma pessoa do grupo coordena as reuniões e quem define isso é a coordenadora responsável por organizar o projeto. O papel fundamental dessa instituição é promover 126

uma forma de lazer especifica para a terceira idade, nesse projeto as pessoas tem a oportunidade de fazer novas amizades e melhorar a sua qualidade de vida. Os funcionários têm grande dedicação para com isso, portanto esse é um projeto de cunho social que tem grande repercussão na cidade de Patos de Minas. E como o projeto teve grande aceitação e funcionou de forma positiva e coerente, outras cidades vizinhas já começaram há adotar o projeto para a sua população.

5) CONCLUSÃO No presente trabalho foi possível verificar diversos aspectos de uma instituição de Patos de Minas que esta voltada para determinado público alvo em função de promover uma forma especifica de lazer para essas pessoas. O projeto já existe há quatro anos, e é considerado um grande sucesso, pois, a cada dia ele cresce mais e muitas pessoas já fazem parte dele. Em depoimento dos idosos, eles relatam os benefícios ganhos devido à adesão ao projeto. Dores, solidão, depressão já são para eles coisas do passado. Eles se sentem integradas a sociedade e convive com pessoas da sua geração, o que torna legítimos seus relatos. Portanto, esta analise institucional realizada com o projeto “Agita Patos”, está claro para nós do grupo, que é um projeto que eleva o marketing da Prefeitura Municipal de Patos de Minas, sendo que a coligação que nela são se apóia, ou deixa de financiar, prejudicará sua imagem junto à população. Programas como esse ajudam a silenciar outros aspectos que não são evidenciadas, ou seja, que não tem atenção por parte do município. É preciso sim, verificar o que há por trás de cada projeto que envolva a coletividade, somos guardiões e responsáveis por onde são gastos e como é administrada a renda municipal. Assim quem sabe propor projetos de intervenção que possa melhorar a qualidade de vida dos mesmos.

6) REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BAREMBLITT, G.. Compêndio de Análise Institucional. Rio de Janeiro: 3a. ed., Rosa dos Tempos, 1996. KALACHE, Alexandre; VERAS, Renato P.; RAMOS, Luiz Roberto. O envelhecimento da população mundial. Um desafio novo. Rev. Saúde Pública vol.21 no.3 São Paulo June 1987. Disponível em: acesso em: 6 nov. 2008.

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CONHECENDO PATOS DE MINAS: INSTITUIÇÃO PROMAM I Denise De Araújo Furtado Erivelton Oliveira Pessoa Mário Aparecido Silva RESUMO A cidade de Patos de Minas conta com centenas de instituições públicas e privadas, sendo a maioria delas desconhecida da grande população e também dos estudantes. A proposta deste trabalho é procurar traçar um esboço de uma instituição desta cidade, o PROMAM I (Programa Municipal de Atendimento à Criança e ao Adolescente). A fundação PROMAM é a gestora de sete núcleos que fazem parte da política pública da criança e do adolescente, que envolve as famílias, dispõe de programas e projetos que são desenvolvidos desde a sua criação. São eles: PROMAM I, PROMAM II, PROMAM III, Projeto SACI, Projeto SENTINELA, CSU e CRISTAVO. O trabalho foi realizado quase que em sua totalidade no PROMAM I, sendo que realizamos uma visita ao Serviço SENTINELA e outra no CRISTAVO onde os pesquisadores conheceram um pouco da rotina de trabalho dos colaboradores que exercem funções nestes dois núcleos. O grupo SENTINELA dedica seu trabalho em prol das crianças vítimas de abuso ou violência física e no CRISTAVO são desenvolvidas atividades de aulas de reforço, arteterapia e onde funciona uma padariaescola que forma vários profissionais que, após concluírem o curso, irão trabalhar em outros estabelecimentos deste segmento na cidade e região. Desde o início de suas atividades, a Fundação PROMAM procura ajudar as crianças, jovens e adolescentes carentes de Patos de Minas a desenvolverem o fundamento da auto-consciência e a descobrirem a alegria da convivência fraterna consolidando a responsabilidade e a solidariedade. Na Fundação PROMAM as crianças, jovens e adolescentes carentes irão aprender uma profissão, receber apoio pedagógico, praticar atividades em artes cênicas, dança, música, esportes além de poderem usufruir de um moderno laboratório de informática onde são ministrados diversos cursos.

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PROMAM – Programa Municipal de Atendimento à Criança e ao Adolescente Rua São Cristóvão, nº 111, bairro Nossa Sra. Aparecida - Telefone: (34) 3822-9748 Diretores: Marília de Almeida Corrêa Ramos; Elizete Mundim Carneiro; Meire Cristina Santos Ferreira

INTRODUÇÃO: Este trabalho visa apresentar dados acerca da Fundação PROMAM (Programa Municipal de Apoio à Criança e ao Adolescente), que é uma entidade filantrópica subsidiada em Patos de Minas e que desenvolve atividades de preparação e inserção de crianças e adolescentes no mercado de trabalho sendo que a mesma é uma instituição modelo na região no que concerne ao amparo psicopedagógico, social e profissionalizante a jovens e clientes de baixa renda. Este foi um dos motivos que levaram os pesquisadores a escolher essa instituição para fazer um trabalho que de certa forma contribuísse para o progresso e a consolidação da mesma na região. Foi sabido, por intermédios de terceiros que estiveram na Fundação realizando trabalhos acadêmicos que a mesma tinha carência de um olhar profissional e sócio-organizacional para colaborar na inserção dos jovens aprendizes no mercado de trabalho. A fundação PROMAM é composta por sete estabelecimentos denominados núcleos, sendo que cada um desenvolve seu projeto em conjunto com os demais. Os estabelecimentos são: PROMAM I, PROMAM II, PROMAM III, Projeto SACI, Grupo Sentinela, CSU e CRISTAVO. O trabalho da equipe se restringirá ao núcleo PROMAM I, onde são atendidas crianças e adolescentes carentes de Patos de Minas em duas etapas. Na primeira etapa são atendidas crianças de cinco a quatorze anos que recebem auxílio e reforço no ensino fundamental, alem de aulas de dança, artes e artesanato, educação física e introdução à informática. Na segunda etapa são atendidos adolescentes de quatorze a dezoito anos que recebem treinamento e cursos profissionalizantes como jardinagem, marcenaria, contabilidade, padaria, contabilidade entre outros. Os adolescentes são encaminhados ao mercado de trabalho através das parcerias que o programa mantém com algumas empresas da cidade e com a Prefeitura, de acordo com a demanda do mesmo e à medida que vão se capacitando em determinadas áreas. Quando completam dezoito anos o jovem deve deixar o programa sendo que, caso o mesmo estiver trabalhando em alguma empresa parceira e seja de interesse mútuo a permanência do profissional no exercício do cargo, a empresa deverá então proceder às 129

obrigações trabalhísticas da consolidação das leis do trabalho passando o trabalhador então a ser contratado direto da empresa. Foi verificada a existência de varias demandas e encargos no que se refere aos serviços prestados pelo PROMAM I. Dentre elas a que se caracterizou como carência mais imediata do programa foi a necessidade de um trabalho no âmbito da orientação vocacional dos adolescentes aprendizes. Observou-se que os jovens adolescentes recebem treinamentos sem haver um trabalho prévio de orientação vocacional para serem assim direcionados a realizar atividades para as quais poderão ter maior facilidade, habilidade para que possam produzir e expandir em parâmetros mais profissionais. Inicialmente a proposta consiste em desenvolver trabalhos com os adolescentes aprendizes que visem a orientação vocacional de forma que estes consigam elaborar a área que seria mais condizente com cada um afim de obter maior sucesso no mercado de trabalho e maior satisfação com a profissão.

A INSTITUIÇÃO: A Fundação PROMAM dentro da cidade de Patos de Minas desenvolve um trabalho de inclusão social com crianças e adolescentes (juntamente com suas famílias) de classe baixa. Essa inclusão social ocorre através de projetos socioeducativos que vão desde o apoio pedagógico, artes plásticas, cênicas e musicais, dança, capoeira, esporte, até a profissionalização dessas crianças e adolescentes. O PROMAM tem como principal objetivo desenvolver ações que colaborem com a construção de conhecimento e comportamentos adequados tanto para os educadores como também para os educandos e suas famílias. A Fundação PROMAM através de seus projetos possibilita que crianças e adolescentes que não possuem recursos, possam ser capacitados para “competirem” de forma igual por uma vaga em uma escola, ou mesmo por uma vaga de emprego, com aqueles possuem melhores condições de vida que eles. Em outras palavras, a Fundação PROMAM tem como objetivo desenvolver para a comunidade de Patos de Minas políticas de atendimento à criança e adolescentes que se encontram em situação de risco social, dando-lhes atenção especial na educação e na formação profissional. A instituição segue como filosofia institucional, u seja, tem como missão que é através da educação que se é possível unir a todos, desenvolvendo então nas

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crianças e adolescentes que são atendidos a autoconsciência, para a convivência fraterna, para a solidariedade e claro para a responsabilidade. Todos os atendimentos realizados pela fundação, ou seja, seus programas e projetos são baseados na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Lei Orgânica do Município, nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação e também nas Leis Trabalhistas. A escolha das crianças e dos adolescentes para os projetos é feita como base na idade (são crianças e adolescentes que tenha entre 7 e 14 anos), freqüentes na escola, com baixa condição econômica. É preciso que todos freqüentem as aulas ou cursos (variando assim de acordo com o projeto no qual estarão inseridas), sendo que faltas devem ser justificadas, caso não ocorra à criança ou o adolescente corre o risco de perder sua vaga. A instituição pode contar com os seguintes setores: diretores de núcleos, agentes administrativos, professores PI, instrutores de esporte, instrutores de artes plásticas, professores de música, estagiários de teatro, instrutores de capoeira, auxiliares de serviço, núcleo de psicologia e assistência social. A Fundação PROMAM possui sete núcleos, em bairros diferentes e pertencentes a áreas de risco social. São eles: Promam I, Promam II, Promam III, Promam IV, C.S.U., Projeto Saci e Cristavo. A Fundação pode contar com salas paras aulas teóricas, para musica, para o balé, para pintura e quadras de esporte. O Projeto Iniciação Profissional que tem por finalidade a preparação do adolescente para o mercado de trabalho e melhoria na geração de renda de seus familiares, são desenvolvidos nos núcleos do Promam I, Saci e no Cristavo. Já o Projeto Recriança que tem por finalidade atender a criança e o adolescente na faixa etária de 5 a 13 anos, são desenvolvidos no Promam II, III, IV, C.S.U e no Cristavo. O Projeto Agente Jovem de Desenvolvimento Social e Humano tem por finalidade a preparação do jovem para atuar intergeracionalmente e evoluir para o desenvolvimento pessoal e comunitário é desenvolvidos nos 7 núcleos do Promam. Programa de Erradicação do trabalho infantil – PETI, é desenvolvido nos 7 nucleos do Promam. Outros projetos também são desenvolvidos pelo Promam, porém sua execução é realizada fora do domicilio dos núcleos, são eles: o projeto Sentinela que é um serviço de enfrentamento a violência, ao abuso e a exploração sexual são desenvolvidos em escolas que contribuem com o espaço físico; Andarilhos de TUPAM, que é um programa de circulação artística com oficinas, palestras e apresentações cênicas em diversos bairros da cidade de Patos de Minas, Projeto Minas Olímpica Nova 131

Geração que se trata de um projeto esportivo; Projeto Papai Noel que produz através de reciclados, ornamentos natalinos para a decoração da cidade no Natal; Complementação e Suplementação Alimentar (leite de soja), onde atendem a sociedade que tem necessidade (comprovada por laudo médico) do consumo de leite de soja; Apoio à adolescente em Liberdade Assistida; Projeto ESTAR que tem como objetivo desenvolver um trabalho de Arte-Educação, durante o contra turno escolar; e Projeto Adolescente Aprendiz que Tem por finalidade assistir o adolescente de 16 a 17 anos e 11 meses, com acompanhamento pedagógico, psicológico e sociológico estando este no mercado de trabalho após concluir cursos profissionalizantes oferecidos pela Fundação Promam. O financiamento das atividades que são realizadas dentro da instituição é feito pela Prefeitura Municipal, verbas do Governo Federal, recursos do Fundo Nacional de Assistência Social, além de parcerias com o SENAC, SESI, e da ajuda com contribuição de empresas privadas. A designação do dinheiro varia de acordo com o projeto a ser financiado. A Fundação PROMAM mantém uma parceria que obtém resultados positivos com o SENAC, com o SESI, com a própria prefeitura da cidade, além de parcerias com o UNIPAM em projetos como Andarilhos de TUPAM. Contam também com a colaboração do Governo Federal, tendo parcerias de sucesso com empresas privadas da cidade.

DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO METODOLÓGICA No dia 10 de setembro de 2008 foi feito contato por telefone com a instituição mas não obtiveram êxito em falar com o responsável pela instituição pois a mesma não se encontrava no momento e sua secretária se negou a marcar horário para uma entrevista argumentando que a agenda da mesma estava lotada devido às mudanças que estavam sendo feitas na organização física e relocação de espaços da instituição. Foram feitos depois mais dois contatos por telefone com a instituição e em ambos os pesquisadores não lograram êxito novamente e então decidiram fazer a visita em um horário que possivelmente a Diretora Executiva da instituição estaria presente. 1ª visita: No dia 24 de setembro de 2008, foi decidido então fazer essa visita, sem agendamento prévio e assim que chegaram à instituição foram recebidos pela secretária da diretora do PROMAM que os informou que a mesma se encontrava no local e que 132

iria recebê-los para uma conversa informal, já que a mesma já estava de saída para uma reunião em outro local. A Diretora Executiva do PROMAM se chama Elizete Mundim Carneiro e está no cargo desde o dia 1º de Janeiro de 2004, sendo este cargo considerado de “confiança do prefeito da cidade”, ou seja, seu ocupante é nomeado, não participando de concursos públicos. Todas as atividades do PROMAM são coordenadas pela Presidente do PROMAM, Marília de Almeida Corrêa Ramos, esposa do atual prefeito de Patos de Minas, Antônio do Valle Ramos. A diretora executiva Elizete recebeu os pesquisadores em sua sala para um bate-papo informal e explicou brevemente que o propósito do PROMAM é dar apoio psicossocial e pedagógico às crianças e adolescentes de 5 a 17 anos e 11 meses, de baixa renda e preferencialmente que residam próximo à instituição, além de ministrarem cursos profissionalizantes e assim possibilitarem o encaminhamento dos mesmos às empresas da cidade. Os mesmos permanecem na instituição até os dezoito anos de idade, quando são obrigados a deixar o programa e partirem para o mercado de trabalho procurando seguir os ensinamentos apreendidos durante sua fase de treinamento. Se durante o treinamento eles são contratados por alguma empresa da cidade conveniada com o PROMAM e nesse intervalo eles completam 18 anos, são obrigados a deixar a empresa e corta-se o vínculo daquele com o programa e caso a empresa quiser contratar o jovem poderá fazer isso, mas a partir daquela data o contratado deverá seguir as normas do mercado e estará sujeito à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ao término do bate-papo os pesquisadores agendaram uma entrevista para o dia 1º de outubro de 2008 e após a mesma iriam visitar algumas instituições que fazem parte do PROMAM. 2ª visita: No dia 1º de outubro de 2008 os pesquisadores visitaram novamente a Fundação PROMAM e realizaram uma entrevista não estruturada com a Diretora Executiva Elizete. Elizete explicou como é o trabalho da fundação PROMAM, as instituições que estão ligadas subordinadas ao seu trabalho, as regras e normas, visão, missão, valores os prazeres e desagrados vivenciados na execução de suas tarefas. Em seguida os pesquisadores foram conhecer a instituição acompanhados de Elizete. Visitaram uma dependência onde funciona o projeto “Vaca Mecânica”, que se constitui de uma máquina industrial que fabrica o leite de soja, distribuído gratuitamente entre a população carente da cidade e que, em várias famílias, corresponde ao único alimento recebido pelas crianças excetuando-se as refeições principais. Este leite de soja é um 133

complemento alimentar que contribui para o crescimento de bebês e crianças, evitando doenças e combatendo a desnutrição infantil. A seguir conheceram a biblioteca que conta hoje com mais de 4000 livros, entre eles livros técnicos, didáticos e revistas diversas que são utilizados pelos professores e alunos da instituição. Depois foram até o laboratório de informática, que possui 20 computadores adquiridos pela Prefeituta Municipal de Patos de Minas, onde são ministrados vários cursos na área de informática, todos introdutórios em alguma área. Estiveram na sala onde é ministrado o curso de balé e as aulas de dança e capoeira. 3ª visita: No dia 8 de outubro de 2008 os pesquisadores foram convidados pela diretora Elizete a conhecer o núcleo CRISTAVO e o Grupo SENTINELA. Primeiramente estiveram no CRISTAVO onde foram apresentados aos monitores pedagógicos Santos e Cristiane e ao monitor da padaria, João. Ficaram conhecendo alguns projetos desenvolvidos no núcleo, entre eles cursos de pintura, padaria, artes cênicas, apoio pedagógico e psicossocial. A seguir foram até o Grupo SENTINELA onde foram apresentados à psicóloga Marilaine, à pedagoga Selma e à assistente social Danielle bem como aos projetos de artes plásticas e pintura, utilizando uma grande parte de material reciclado no próprio núcleo como garrafas pet e papelão. No Grupo SENTINELA são desenvolvidos serviços de combate à violência, ao abuso e exploração sexual contra criança e adolescente e se baseia em uma variedade de ações de apoio social, com fins terapêuticos e situacionais, destinado ao atendimento de crianças e adolescentes vitimados, bem como seus familiares. Os pesquisadores foram muito bem recebidos em todos os locais que visitaram, tanto pelos monitores, diretores, funcionários como pelos alunos. Foi notado que existem algumas demandas e a presença dos pesquisadores despertou em todos a vontade de concretização dessa demanda. Com cada indivíduo que foi abordado durante as visitas foi observado que existia uma demanda, muitas vezes implícita, quase nunca espontânea. A demanda seria formada no trabalho diário de todos, contato com os usuários do serviço, observação de outras instituições, mas também por “falência, por exemplo, de outras ofertas de outras organizações e dos serviços dessas organizações que são incompletos, que são distorcidos, que são anacrônicos e que geram demanda de serviços...” (BAREMBLITT, 2002). Nisto podemos incluir também a falência da instituição “família” que muitas vezes deixa de cumprir seu papel na educação de seus filhos. 134

4ª visita: No dia 15 de outubro de 2008 foi feita uma reunião com Elizete para que sejam analisadas

as

demandas.

As demandas

apresentadas

foram

bastante

diversificadas, sendo que partiram de funcionários, alunos e familiares. Na reunião ficou decidido que a proposta de intervenção seria de orientação vocacional para os jovens de 16 e 17anos que estariam concluindo os cursos profissionalizantes e teriam que enfrentar o mercado de trabalho. O adolescente está em fase em que é obrigado a se desprender da infância e progressivamente entrará no mundo adulto onde terá que assumir esse papel e nesse contexto terão que decidir por uma carreira profissional a ser seguida. No início da adolescência o jovem não tem nenhum compromisso com o futuro, vivendo muitas vezes a ilusão, fantasia e o sonho, mas à medida que adquire sua identidade passa a compreender suas singularidades e tem a necessidade de encontrar suas vontades, escolher sua profissão que irá se conformar com sua realidade pessoal e sociocultural. Existe uma grande multiplicidade de profissões, cursos e ele se guiará a partir do mapa representacional construído por si próprio com base na sua posição sociocultural e financeira. Os jovens, quando são chamados a pensar sobre as possibilidades do mercado de trabalho e se decidir usam meios não muito seguros para isto, procurando diminuir suas ansiedades (BARRETO e AIELLO-VAISBERG, 2007). A diretora do PROMAM, Elizete comungou com o grupo de pesquisadores sobre a necessidade de desenvolvimento de um trabalho de auxílio vocacional aos jovens que terminavam seus cursos profissionalizantes e não tinham parâmetros que os ajudassem na decisão de uma profissão. Pela amplitude do assunto foi concluído que poderia haver vários encargos ocultos por trás desta demanda. Os jovens ao término de seu estágio no PROMAM poderiam estar passando por uma fase difícil de adaptação ao novo contexto, pois qualquer separação mesmo que previamente agendada, já que os jovens tem que deixar o programa assim que completarem 18 anos, causa uma situação de conflito o que os faz se sentir desamparados. Outro encargo levantado seria a falta de uma programação específica para os adolescentes antes mesmo de iniciarem algum curso, o que se for feito com orientação profissional teria uma maior chance de lograr êxito. Foi explicado para a diretora que o processo de orientação vocacional surge, como um meio facilitador, que além de auxiliar os jovens a escolher e se preparar para entrar em uma ocupação, propicia o desenvolvimento do auto-conhecimento, 135

diminuindo as angústias características do contexto e assim as decisões teriam uma chance maior de serem as corretas. O trabalho na instituição seria direcionado a esses jovens de 16 e 17 que estariam se preparando para enfrentar o mercado de trabalho. O trabalho é um fenômeno muito complexo e é considerado exclusivamente de conduta humana, vem em conjunto com muitas mudanças da vida moderna e logicamente vem sofrendo muitas transformações nas últimas décadas. A proposta de intervenção foi consensual entre os pesquisadores e a diretoria da instituição que definiram as seguintes ações, além de se comprometer com o projeto, oferecendo as condições necessárias para seu desenvolvimento: 

Encontros semanais a fim de auxiliar os adolescentes na escolha profissional a partir da orientação vocacional. Nestes encontros serão apresentadas informações atualizadas sobre o mercado de trabalho como o salário médio de cada profissão, demanda regional e nacional, onde existem faculdades, tempo de duração do curso e valores.



Palestras mensais com o intuito de conscientizar os jovens sobre suas motivações, desejos, esperanças, angústias, temores, levando o grupo a pensar sobre as demandas sociais, econômicas, políticas em relação às profissões.



Em outros encontros seriam desenvolvidas tarefas diversas como colagens, desenhos, rabiscos, visando eliciar o pensamento crítico sobre a escolha profissional relacionada a valores, a importância e a necessidade ou não desta opção para os indivíduos, levando os participantes a refletir sobre si mesmos, analisando suas características, explorando sua personalidade e aprendendo a escolher e abordar situações conflitivas.



Seria selecionado um dia específico onde um pesquisador iria conduzir uma atividade de relaxamento que se desenvolveria em um contexto que valorizasse a tomada de decisão dos jovens sobre as profissões possíveis de ser seguidas e em seguida seria promovida uma discussão grupal sobre mercado de trabalho, receptividade de cada profissão pela população e pelos jovens, influência do desempenho escolar sobre suas

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escolhas e até onde a satisfação com o trabalho poderia influenciar na sua vida profissional futura. 

Um teste vocacional seria selecionado de acordo com a idade dos adolescentes e aplicado coletivamente em uma data pré-fixada. Os testes seriam corrigidos pelos pesquisadores e a devolutiva seria individual, com explicações que ajudariam os jovens a decidir melhor pela profissão a ser seguida.

O tempo previsto para a aplicação do projeto é de seis meses, sendo que após esse tempo será feita uma avaliação do trabalho realizado pelos pesquisadores. Aqui, em conjunto com a diretoria da instituição, será decidido se existe a necessidade da permanência dos pesquisadores por mais algum tempo ou se já podem partir para o trabalho em outra instituição deixando a estrutura do projeto para os funcionários dar continuidade ao programa. A direção da instituição se mostrou bastante cooperativa com o trabalho desenvolvido e declarou que deseja que mais projetos sejam direcionados não só ao PROMAM I, como também aos outros núcleos que fazem parte da fundação. Os pesquisadores gostaram do desenrolar do projeto, apesar de que o início foi bastante frustrante, já que não conseguiram agendar um encontro com um diretor da instituição. Em todos os departamentos visitados na instituição PROMAM I, no CRISTAVO e no Grupo SENTINELA, os pesquisadores foram muito bem recebidos, tiveram todo tipo de ajuda, empenho e dedicação de todos os funcionários e diretores da organização.

DISCUSSÃO TEÓRICA A análise realizada na instituição revelou influências políticas bastantes presentes uma vez que a coordenação geral da instituição fica a encargo da esposa do prefeito em exercício. Aliados a isso temos os demais cargos administrativos que não são ocupados por profissionais concursados sendo estes contratados por indicação. Diante disto percebeu-se uma tensão por parte ocupantes dos cargos de confiança da instituição uma vez que a prefeita que assumirá no próximo ano defende um partido diferente do prefeito atual. Ou seja, o que se pode observar como instituído neste contexto é a relação praticamente direta do prefeito com a administração do PROMAM sendo que aqueles politicamente contrários a ele são excluídos da participação do projeto. 137

No que se refere aos cargos administrativos da instituição não se encontra comprovada a presença dos, criticados, mas necessários, especialistas que defendem um saber mais elaborado e que seriam os mais indicados para ocuparem os cargos. A instituição conta com profissionais de várias especialidades dentre eles psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. Estes profissionais atendem à comunidade nos vários locais onde a instituição é mantenedora de projetos como os citados anteriormente. Porém observou-se uma demanda questionável de quadro de pessoal no que se refere a estes especialistas uma vez que durante as visitas não foi presenciado atendimentos psicológicos pelos profissionais psicólogos que nos foram apresentados. Sendo mais específico, quem não se encontrava a espera de uma demanda espontânea estava desenvolvendo atividades que não condiziam com seu cargo. A instituição objetiva atender à comunidade de maneira a promover a inclusão social com crianças e adolescentes das classes mais baixas da população. A bem da verdade, sabe-se da não existência de uma demanda espontânea e natural sendo que a demanda surge uma vez que há um serviço disponível para atendê-la. Se forem levadas em conta as influências políticas que permeiam as ações e relações da instituição pode-se dizer que foi criada uma demanda que contribui para a ascensão de imagem política daqueles que detém o poder. Vale lembrar que as ações sociais desenvolvidas pela instituição contribuem para um bem estar social dessa população alvo cumprindo com os objetivos explícitos que são pregados pela filosofia da instituição. Prova disso é a nítida aceitação do programa que é muito elogiado pela sociedade o que deu oportunidade para ramificações que se espalharam por toda a cidade chegando a somar 7 instituições como citado anteriormente. Ou seja, a instituição exerce um papel muito importante na sociedade patense como um todo consistindo em trabalhar com a criança e o adolescente de modo a inserir a criança em projetos que visam uma melhor aprendizagem e o adolescente em programas de profissionalização. Desse modo oferece oportunidades de inserção social em detrimento de atividades ilícitas e prejudiciais como o tráfico de entorpecentes por exemplo. O que se tem notado é uma capacitação maior para o mercado em nível técnico dos profissionais aprendizes do PROMAM que chegam às seleções com um no hall diferenciado dos demais. Sabe-se que a atuação de especialistas é muitas vezes necessária para uma infinidade de intervenções uma vez que se tem neste profissional a idéia do “detentor do conhecimento”, no entanto aquele que defende o saber prático também deve ser 138

valorizado uma vez que atualmente tem-se deixado de delegar poder a este tipo de profissional. No contexto da instituição em questão, o que chamou atenção é o fato de que nos cargos de gestão não se é dado, muitas vezes, a oportunidade do saber prático até mesmo para aqueles que têm o saber técnico sendo que acontece com freqüência a mudança de profissionais neste tipo de cargo de acordo com a força política vigente. Isso acarreta em problemas consideráveis de funcionamento devido à demanda de adaptação que essa rotatividade provoca em cargos que são essenciais para o funcionamento da instituição. Outro problema que pode ser observado diz respeito à questão financeira que é proveniente de verbas públicas que são de liberação burocrática e de valor reduzido sendo necessário fazer parcerias com empresas privadas que auxiliam no financiamento do projeto.

CONCLUSÃO: Pode-se concluir que a Fundação PROMAM dentro da cidade de Patos de Minas, exerce um grande papel social, sendo de fundamental importância a existência para a comunidade patense. Através dos projetos realizados pela fundação, crianças e adolescentes que antes não estudavam, não tinham acesso a educação, lazer, esporte e até mesmo a alimentação, hoje podem usufruir de um direito que lhes pertencem. A inserção social dessas crianças e adolescentes nos mostra que através de oportunidades é possível mudar a realidade social. Muitas crianças e muitos adolescentes já passaram pelo PROMAM e através da oportunidade de se tornaram pessoas melhores, mais instruídas, hoje são capazes de conseguir um emprego que antes estava apenas nos sonhos. As parcerias que são formadas com a fundação aumentam a possibilidade de atenderem mais pessoas, isso pode ser confirmado com o número crescente de unidades do PROMAM, que hoje dentro de nossa cidade, contabilizam 7 unidades. Através da educação pública o direito da criança a ter acesso a uma educação integral. É importante lembrar que os projetos não são executados apenas com as crianças e adolescentes, mas também com as suas respectivas famílias, pois é de grande importância que o ambiente familiar esteja favorável para uma melhora.

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É através de fundações como esta que a desigualdade social é gradativamente reduzida dentro de nossa sociedade, ou seja, é através de oportunidades de igualdade que se diminui as diferenças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARRETO, Maria A. e AIELLO-VAISBERG, Tãnia. Escolha profissional e dramática do viver adolescente. PUC Campinas, Campinas. 2007. Disponível em . Acesso em : 05 nov. 2008. BAREMBLITT, Gregório. Compêndio de análise institucional e outras correntes: teoria e prática. 5ª edição. Belo Horizonte: Instituto Félix Guattari, 2002. cap VI, p. 90-107. Sarriera, J. C., Silva, M. A., Pizzinato, A., Zago, C. & Meira, P. (2000). Intervenção psicossocial e algumas questões éticas e técnicas. Em J. C. Sarriera.(Coord.). Psicologia Comunitária: Estudos atuais. (pp 19-41). Porto Alegre: Sulina.

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PESQUISA DE CAMPO – SAMU Francielle de Sousa Patrícia Soares Rosana Patrícia Silva. RESUMO SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência é responsável pelo componente Regulação dos Atendimentos de Urgência, pelo Atendimento Móvel de Urgência da Região

e

pelas

transferências

de

pacientes

graves

da

região.

Faz parte do sistema regionalizado e hierarquizado, capaz de atender, dentro da região de abrangência, todo enfermo, ferido ou parturiente em situação de urgência ou emergência, e transportá-los com segurança e acompanhamento de profissionais da saúde até o nível hospitalar do sistema. Além disto, intermédia, através da central de regulação médica das urgências, as transferências inter-hospitalares de pacientes graves, promovendo a ativação das equipes apropriadas e a transferência do paciente. Este trabalho teve como objetivo principal conhecer a instituição “SAMU” bem como suas instalações

(disponibilidade

de

espaço

físico,

ambulâncias,

equipamentos

e

medicamentos disponíveis e que os fornece), processo de trabalho (como são recebidas as chamadas, intervenção do médico plantonista por telefone, seleção do tipo de ambulância a ser enviada, carga horária dos funcionários, publico atendido, entre outros). Verificar quais as dificuldades e carências da instituição e de seus funcionários, detectando possíveis pontos em que a psicologia poderia intervir para melhor desenvolvimento desses trabalhos. Tendo atingido assim o objetivo deste de obter informações sobre a instituição de como esta atua para a sociedade tendo sido de grande valor para conhecermos melhor como essa instituição SAMU atua para a população de Patos de Minas.

SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Endereço completo da Instituição: Henrique Costa n° 101 Bairro: Bela Vista / Tel: 3822-98-29 / e-mail: [email protected] Pessoas de referência na instituição: Luis Bonfim e Luis Carlos Silva

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INTRODUÇÃO Para desenvolvimento deste trabalho tivemos como escolha a instituição SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), sendo que escolhemos tal tema mediante uma análise do grupo sobre as principais instituições que auxiliam de forma colaborativa a população, tendo como objetivo evidenciar a importância desta na população; como atuam qual o público atendido, como funciona, quem os mantêm e como o trabalho de resgate a urgência e emergência afetam psicologicamente os funcionários. O SAMU de Patos de Minas tem fundamental importância na comunidade, trabalhando de maneira operante e colaborativa de modo a atender as necessidades (quadros agudos de urgência e emergência e com risco de vida) atuando na cidade e na Zona Rural. Os objetivos definidos pelo grupo tiveram como importância conhecer a instituição bem como seu funcionamento, para se saber realmente qual é a sua demanda, como podem contribuir para uma comunidade menos preocupações voltadas à saúde e também visualizar quão grande são as pressões psicológicas ocasionadas nos funcionários que fazem os resgates.

A INSTITUIÇÃO O SAMU de Patos de Minas atua com uma ambulância de atendimento e intensivo e duas de atendimento básico com o propósito de cobrir toda a cidade e a zona rural, sendo que ao receber as ligações é feito uma análise verificando se realmente é caso para o SAMU. Este faz os seguintes atendimentos: Atendimentos gestacional, pediátrico, psiquiátrico e a qualquer patologia clínica que necessita de certa forma de atendimento imediato, pré-hospitalar com suporte medicamentoso ou até mesmo manobras de profissionais e caso seja apenas questões de transporte para hospitais ou transferências hospitalares é acionado o transporte sanitário. O SAMU iniciou o seu movimento de implantação em 28 de maio de 2004, como o apoio do ministério da saúde com organização de uma rede de atenção integral para atendimento a vigências, organizando o fluxo dos pacientes da atenção básica até a alta complexidade. Neste contexto o SAMU tem um forte potencial ordenador da assistência, como forma de responder a todas as demandas de urgência, sejam elas no domicilio, no local de trabalho, em vias públicas ou aonde o paciente vier a precisar do

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SUS. Todos os recursos necessários podem ser oferecidos; independentemente de sua complexidade. Através da Central de Regulação do SAMU estabelece uma porta aberta de comunicação do publico com o sistema de saúde, que tem o seu pedido de socorro acolhido prioriza e é atendido no menor intervalo de tempo possível no local mais adequado à resolução de seu problema de saúde. A comunidade tem acesso a uma escuta médica permanente, sendo que muitas vezes a decisão pode ser uma orientação médica qualificada. Através desta, funciona como um observatório privilegiado do sistema de saúde, por meio do qual possa se identificar precocemente as principais causas de morbimortalidade e as necessidades sociais em saúde não atendidas de uma determinada comunidade ou população. O atendimento rápido a quadros agudos de natureza traumática e clinica, através de envio de ambulâncias de suporte básico e avançado com equipes de saúde, contribui para diminuir significativamente o índice de mortes precoce. Em sua estrutura física esta se dispõe de uma recepção, uma sala de coordenação de enfermagem, uma sala de central de chamadas e central médica, uma cozinha, um quarto de descanso feminino e um masculino, almoxarifado e uma ampla área de estacionamento. O financiamento do SAMU é de origem de 50% governo federal, 25% de governo estadual, 25% do governo municipal. As ambulâncias e seus equipamentos (disfilibrador, monitor cardíaco, respiradores e incubadoras) vêm do ministério da saúde, o RH é terceirizado via Conceberás e a prefeitura de Patos de Minas fica encarregada de manter a manutenção e o fornecimento de materiais de estoque como; luvas, seringas, ABD, SF, SGI, SGF e outros. Em casos de incêndios, resgate ou afogamento o SAMU mantêm o contato com o corpo de bombeiros que atua juntamente para um melhor resultado, e em caso de transporte de pacientes com quadros crônicos são direcionados para o TS (transporte sanitário), e em casos psiquiátricos onde o paciente se nega ao atendimento é acionado o 190 (policia militar).

DESENVOLVIMENTO/DISCUSSÃO METODOLÓGICA O trabalho foi realizado no SAMU, no dia 19/09/2008 quando entramos em contato por telefone com o coordenador geral do local, Enf. Luis Carlos Silva que nos atendeu cordialmente mostrando-se disponível para fornecer informações a cerca da 143

implantação do SAMU em Patos de Minas, bem como seu funcionamento e a sua importância na comunidade. No dia 22/09/2008 realizamos a primeira visita a fim de obtermos informações por escrito sobre o surgimento do SAMU, fomos recepcionados pelo Téc. Enfermagem Levi que nos direcionou ao administrador Luis Bonfim que nos forneceu todos os arquivos contendo documentações de como procedeu a implantação desta em Patos de Minas. No dia 29/09/2008 na segunda visita nos foi apresentado a instituição, suas instalações (recepção, sala de coordenação de enfermagem, sala de central de chamadas e central do médico, cozinha, quarto de descanso feminino e masculino e almoxarifado) e as ambulâncias que são disponíveis para uso. No dia 11/10/2008, foi feita a ultima visita onde realizamos uma entrevista com o coordenador geral Luis Carlos Silva, no qual esta se segue em apêndices. A instituição demonstrou interesse em um futuro convênio com o curso de Psicologia do UNIPAM, pois relataram que existe uma grande carência por parte dos funcionários e que seria necessária ao menos uma intervenção a cada quinze dias. Demonstrando satisfação da equipe do SAMU, mediante ao trabalho desenvolvido pelos alunos.

DISCUSSÃO TEÓRICA A sociedade hoje necessita de um apoio das instituições organizadas. Existe uma grande demanda por parte da população, tanto da classe social média, alta e baixa direcionada a saúde. Estas instituições como o SAMU, se organizam de forma a subsidiar o máximo possível à população. O SAMU se sustenta mediante leis e normas que regem a disciplina dos funcionários ali presentes, trabalhando sempre de maneira coerente diante das exigências. Esta instituição é um estabelecimento organizado, no qual inclui de dispositivos técnicos necessários para darem suporte a atendimentos básicos de urgência e emergência neste sentido o SAMU é muito bem subsidiado, pois os equipamentos por eles utilizados são os mesmo utilizados nos hospitais nos setores de urgência, sendo assim nos atendimentos realizados por eles são de total eficácia. No cotidiano da instituição existem poucos conflitos que permeiam entre eles, pelo fato de terem uma pressão psicológica muito grande mediante as ocorrências e então às vezes acabam por se desentenderem a respeito de algo que poderia ter ocorrido de forma diferente, pôr estas poucas desavenças acabam por se resolverem ali no âmbito 144

de trabalho mesmo, estas opiniões e idéias de como poderia vim a intervir no atendimento, é passado para o coordenador geral de Enfermagem no qual é discutido para todos através de uma reunião. Já a respeito dos conflitos externos existem vários problemas que rodeiam a instituição, como por exemplo, trotes, pessoas que ligam porque viu alguém caído, porem não permanece no local para identificar os sinais de vida do paciente, pessoas nervosas a ponto de não conseguir passar informações nem mesmo o endereço e também chamadas para casos que não são de competências do SAMU, dificultando bastante o desenvolvimento e eficácia desta instituição. A interdisciplinaridade do SAMU se dá através de treinamentos realizados pelo próprio enfermeiro coordenador, a fim de aperfeiçoar as técnicas e procedimentos bem como a operacionalização dos equipamentos ou treinamento para eventuais aparelhos novos. E mediante a entrevista realizada com o coordenador Luis Carlos, observamos uma carência, tanto visualizada por ele como identificada por nós de um profissional da área da Psicologia que houvesse uma intervenção pelo menos quinzenalmente trabalhando com eles as ocorrências diárias e os traumas gerados por estas. Os profissionais da instituição realizam suas funções de acordo com a filosofia desta não deixando surgir contradições no seu desenvolver. Em uma sociedade mais ampla o SAMU atuaria naturalmente com a mesma eficácia que atua em uma menor população, tendo em vista que quanto maior for à população maior será o numero de funcionários e maior a quantidade de ambulâncias. O SAMU trabalha de uma forma coerente e sensata, mediante a sociedade, não encontrando nenhum obstáculo no seu percurso.

CONCLUSÃO Como visto anteriormente a instituição SAMU (Sistema Móvel de Urgência), presta serviço credenciado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), com o propósito de resgatar no menor período de tempo possível pacientes com quadros agudos que necessitam de atendimentos ou procedimentos de urgência e emergência para que seja possível reverter quadros que ameaçam a vida do individuo até se chegar a uma unidade hospitalar para uma intervenção mais completa. Sendo que o SAMU também vem a realizar resgates em acidentes em todas as modalidades, vitimas de afogamento e incêndios estes vinculados com o corpo de bombeiros. Nestes processos realizados pelos profissionais do SAMU é de fundamental importância ter um conhecimento amplo mediante as técnicas especializadas aplicadas nos pacientes, pois são manobras 145

delicadas que requer total compreensão e manejo, porque são aplicadas em um espaço geográfico bastante modificado do âmbito hospitalar e requer o mínimo de tempo possível para serem realizadas. E identificamos através da entrevista que os funcionários plantonistas se sentem sobrecarregados pelos acontecimentos traumáticos, e que a pratica realizada por eles requer um atendimento psicológico de no mínimo dois atendimentos mensais, isto mencionado pelo coordenador geral de enfermagem (Enf. Luis Carlos Silva). Sendo assim, concluímos que o presente trabalho obteve sucesso em sua pratica, pois conseguimos alcançar nossos objetivos que era de conhecer a instituição, saber como se dá o funcionamento, forma e manejo de trabalho por parte dos funcionários bem como funciona o atendimento a população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERY, A. (1984). Psicologia na comunidade. Em S. Lane & W. Codo.(Orgs.) Psicologia social: O homem em movimento. São Paulo: Brasiliense. ANTUNES, Mitsuko A M. – A Psicologia no Brasil- leitura histórica sobre sua constituição- Enimarco Ed./ EDUC, São Paulo, 1999 BENDER, P. M. (1978). Psicologia da Comunidade. Rio de Janeiro: Zahar, Col. CBP. CAMPOS, R. H. F. Psicologia social comunitária. Petrópolis: Vozes, 1996. CASTORIADIS, C. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1982. COVRE, M.L.M. Cidadania, cultura e sujeitos. In: SPINK, M.J.; (org.) Cidadania em construção - uma reflexão interdisciplinar. São Paulo: Cortez; 1994. Freitas, M.F.Q. (1996). Contribuições da psicologia social e psicologia política ao desenvolvimento da psicologia social comunitária. Psicologia e Sociedade. GUARESCHI, P. (1996): Relações comunitárias - relações de dominação. In R. H. F. Campos (org), Psicologia Comunitária: da solidariedade à autonomia. Petrópolis: Vozes. LANE, S.T.M. A psicologia social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. In: LANE, S.T.M. & CODO, W. Psicologia social: o homem em movimento. 9a ed. São Paulo: Brasiliense; 1991. OLIVEIRA, F. O. ; WERBA, G. C. 2002. Representações sociais. In: MARIA DA GRAÇA C. JACQUES, et al. Psicologia Social contemporânea. Porto Alegre: Vozes

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APÊNDICE 1 –Entrevista

1- Como é a escala do trabalho das equipes? Enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores: Plantão de 12x36. Médicos: Plantão de 24 horas semanais 2 plantões de 12 horas. TARME (atendente de telefone): 6 horas diárias, e somente uma folga semanal. 2- Quais e quantos são a equipe da central de regulação? (Que não se deslocam da central). É composta de um medico regulador, uma TARME e um radio operador (monitora as ambulâncias). 3- E a equipe das Unidades de Tratamento Intensivo Móvel (UTIM)? Esta é composta por um médico, um enfermeiro e um condutor socorrista. 4- Equipe das Unidades Móveis de Suporte Básico? Quantos são? (Se tem). O SAMU dispõe de duas ambulâncias de suporte básico onde em cada uma operam um técnico de enfermagem e um socorrista 5- As centrais de Regulação Médica estabelecem conexão com as redes de saúde da região (através de qual)? A central de regulação do SAMU esta vinculada com todos os hospitais locais credenciados ao SUS, onde ao atenderem pacientes, ligam nos hospitais para saberem a disponibilidade de vagas. 6- Quais os tipos de Unidades existentes e quais as intervenções prestadas? (Ex: Unidades de Suporte Básico de Vida do SAMU, UTI móvel do SAMU, etc). São dois tipos de Unidades: USB (unidade de suporte básico) e USA (unidade de suporte avançado). Na USB contêm apenas material básico de socorro, como prancha básica, colete cervical, material de curativo, glicose e glicosimetro. Na USA contêm todo material necessário para atendimento de urgência, ambu, disfibrilador, monitor cardíaco, respirador e vários tipos de drogas (adrenalina, atropina, dobutamina, heparina, xylocaina, sustrate, glicose entre outros) e também faz transferência inter-hospitalar. As duas unidades fazem atendimento clinico obstétrico, atendimento psiquiátrico, pediátrico e traumas. 7- Como procede um atendimento? Como é o funcionamento, desde o momento em que vocês recebem uma chamada? A ligação entra no tronco 192 e atendido pela TARME, que colhe informações como, endereço, telefone e mais ou menos o que aconteceu tudo isso em aproximadamente 30 segundos e em seguida passa a chamada para a tela do computador do médico onde este analisa se o caso é para o SAMU, identificando os sinais clínicos para saber qual procedimento a ser tomado como qual ambulância poderá enviar, e caso não seja de competência do SAMU o médico orienta o solicitante quais as providências deverá tomar.

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8- Através de pesquisas realizadas na internet, nos informamos que o SAMU-Patos de Minas é vinculado com a Conserbrás. Como funciona? Não é a prefeitura que fornece as ambulâncias? O financiamento do SAMU é de origem:  50% governo federal  25% governo estadual  25% governo municipal As ambulâncias e seus equipamentos (disfilibrador, monitor, repirador e encubadora) vêm do ministério da saúde, o RH é terceirizado via concerbrás e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas fica encarregada de manter a manutenção e o fornecimento de materiais de estoque como luva, seringas, ABV, SF, SGI, SGF e outros. 9- Vocês atendem as chamadas de todas as espécies ou há casos em que vocês encaminham a outro órgão? Em casos de incêndio é encaminhado aos bombeiros e geralmente acontecem chamadas de pessoas solicitando o serviço do SAMU para o transporte de pacientes com quadros crônicos onde são direcionados para o TS (transporte sanitário), e em casos psiquiátrico onde o paciente se nega ao atendimento é acionado o 190. 10- Você acha que é necessário à atuação do Psicólogo com a equipe do SAMU? Sim. Deveria ter pelo menos um atendimento mensal e palestras de incentivo.

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SERVIÇO SENTINELA: ANÁLISE INSTITUCIONAL E UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Rosana de Almeida Faria Vanessa Pereira Caixeta Viviane Souto Lopes Lima RESUMO Este trabalho de pesquisa foi realizado pelos alunos do 6° período de Psicologia, do UNIPAM (Universidade de Patos de Minas), sob a orientação do Professor Frederico Viana, que ministra aulas da disciplina “Psicologia Institucional e Comunitária”. Teve por objetivo desenvolver um trabalho de campo, primeiramente com uma visita a uma instituição escolhida voluntariamente pelo grupo de alunos. Após esta visita, em que se conheceria a equipe de trabalho, o estatuto instituição, estabelecimento, público alvo, trabalho desenvolvido, fontes de recursos financeiros, entre outros aspectos pertinentes para a conclusão da pesquisa. Com dados levantados através desta Análise Institucional, o grupo faria uma Proposta de Intervenção Psicossocial a ser oferecida ao Serviço Sentinela, com objetivo de colocar em prática o que foi proposto na teoria da disciplina acima referida.

Instituição pesquisada: Serviço Sentinela Endereço: Rua São Cristóvão n° 88 Bairro: N. Sra. da Aparecida Fone: (34) 3822 9804 / www.servicosentinela.com.br Coordenadora: Selma Ferreira de Souza Formação Acadêmica: Pedagoga

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INTRODUÇÃO A escolha da instituição foi definida com o intuito de conhecer os trabalhos que estão sendo realizados de proteção às crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual em nossa cidade de Patos de Minas, através do Serviço Sentinela. Entramos em contato com a instituição, e através de uma visita utilizamos entrevista semi-estruturada, que se encontra em apêndice. O grupo teve por objetivo, conhecer o trabalho do Serviço Sentinela, e em seguida elaborar uma possível intervenção psicossocial, que também encontra-se em apêndice. Este trabalho de pesquisa se justifica pela possibilidade de se fazer uma parceria com o Serviço Sentinela, em que o grupo pudesse realizar um estágio. Esta instituição é reconhecida por seus relevantes trabalhos, com uma estrutura própria, em um especial serviço em rede de proteção social, através de várias parcerias com programas sociais, culturais, educacionais, entre outros, a nível municipal, estadual e federal. Isto possibilitaria um aprendizado de grande valor para o grupo, pois é abrangente, complexo e oferece grandes possibilidades de intervenção no que tange o campo de conscientização e prevenção de abuso sexual com crianças e adolescentes, ou seja, agir antes dos fatos de abuso ocorrerem, que são de grande prejuízo para a vítima, a família, como também para a sociedade.

A INSTITUIÇÃO a) Público atendido O “Serviço Sentinela” atende um público alvo de crianças e adolescentes sexualmente abusados por adultos ou adolescentes com maior idade em relação à vítima, bem como seus familiares. Foi construído pelo Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social, com o intuito de prevenir e enfrentar abuso e exploração de crianças e adolescentes. O plano de governo de Patos de Minas foi apresentado e deliberado pelo Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes em assembléia ordinária, constituído em diretrizes municipais no âmbito das políticas de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Este plano tem como referencia fundamental o estatuto da criança e adolescente e reafirma os princípios de proteção integral, da condição de sujeito de direitos, da participação/solidariedade, da mobilização, da sustentabilidade e da responsabilidade. 150

b) Descrição da instituição A década de 90 foi marcada por forte processo de articulação, mobilização e por experiências consolidadas que fortalecem a sociedade civil para assumir a denúncia como forma de enfrentamento da violência sexual, o que significa marco histórico na luta dos direitos da criança e do adolescente. Por isso, desde 2001 a Coordenação Estadual do Serviço desenvolve o trabalho de orientação, monitoramento e avaliação de ações na busca de efetivar uma política de enfrentamento ao fenômeno do abuso e da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes no Estado de Minas Gerais. No decorrer do ano de 2005, iniciou-se o processo de instalação de outras unidades de serviço. Desta forma Minas Gerais conta atualmente com 121 municípios envolvidos em ações de enfrentamento. O “Serviço Sentinela” é um instrumento de garantia e defesa destes direitos que pretendem criar, fortalecer e executar da melhor forma possível aquilo que é cabível e planejado pelo próprio serviço, desde que haja interação e responsabilidade da família com os casos específicos, sendo que é dentro da própria família que ocorre a maioria dos casos de abuso sexual. Os objetivos relacionados ao “Serviço Sentinela” compreendem em: 

Garantir o atendimento a especialização às crianças e adolescentes em situação

de violência e exploração sexual. 

Promover ações de prevenção, articulação e mobilização, em torno da violência

sexual. 

Caminhar crianças e adolescentes e suas famílias, usuários do programa, aos

serviços de saúde, educação, esportes, lazer e cultura, desenvolvidas na comunidade. 

Inserir as famílias das crianças e adolescentes atendidos pelo projeto em

programas de geração de trabalho e renda, bem como formação e qualificação profissional dos projetos desenvolvidos no município pelo SENAI, SEBRAE e outros. 

Buscar ações que contribua para o fortalecimento coletivo, visando motivação

para que se multipliquem o número de agentes parceiros no enfrentamento do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. 

Pesquisar, com o objetivo de conhecer, intervir de forma eficaz da realidade da

violência, abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes no município de Patos de Minas.

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Promover ações de prevenção, articulação e mobilização, visando o fim da

violência sexual. 

Fortalecer o sistema de defesa e responsabilidade.



Inserir as famílias das crianças e dos adolescentes abusados ou explorados

sexualmente, em programas de geração de renda entre outros. No que compete a filosofia institucional, o “Serviço Sentinela” tem como prioridade resguardar a integridade da criança, do adolescente, bem como suas famílias; elaborar planos de intervenção para prevenção e mobilização destas famílias diante dos fatos; ter o devido cuidado com o sigilo e a ética quanto à forma de receber e agir diante de situações tão delicadas, enquanto sujeito vitimizado ainda possa estar em processo de formação de identidade. Quando necessário, são feitas abordagens educativas junto com o conceito tutelar buscando a retirada das crianças e adolescentes da situação de exploração. Maior mobilização e articulação na comunidade sobre o abuso e exploração de crianças e adolescentes, com materiais educativos incentivando a denuncia, também utilizando os meios de comunicação (rádio, TV) para divulgação. O regimento do Serviço Sentinela está pautado na conjuntura relacional de profissionais como psicólogo, pedagogo, assistente social, advogado que contribuem para que os casos sejam encaminhados para a justiça, e para que seja feito um trabalho de assistência psicológica para a vítima e para a família. O Serviço também conta com oficinas de arte, confecção de trabalhos artesanais e culturais, sendo estes oferecidos a crianças e adolescentes vítimas ou não de abusos sexuais. A maioria das denúncias chega ao posto de assistência através de ligações anônimas. Estas são recebidas pela coordenadora, ou seja, a pedagoga que expõe o caso para os demais profissionais, sendo este analisado para que se possam tomar as devidas providências. Há casos, em que o Serviço se presta a ir até a casa da vítima para verificar o que de fato aconteceu, podendo a partir daí, fazer uma intervenção. Na intervenção cada profissional desempenha seu papel, não deixando assim de realizarem o trabalho em equipe. A assistente social é quem investiga e dá o suporte direto às famílias vitimizadas. Já a psicóloga acolhe e faz um trabalho de reestruturação para minimizar ou amenizar possíveis traumas futuros. A advogada auxilia a família para que, se tiver 152

interesse, possa usar de coação sobre aplicabilidade da lei no que compete cada caso penalizando o agressor.

c) Estrutura Física Atualmente o atendimento está sendo provisoriamente realizado em um antigo posto policial, situado à Rua São Cristovão, 88, Bairro Nossa Senhora da Aparecida. A equipe multiprofissional relata não ser aquela uma estrutura adequada para a realização dos trabalhos propostos pelo Serviço. As salas são pequenas e não arejadas, além disso, na recepção, trabalham dividindo a sala, a secretária, a coordenadora e a advogada. Em salas separadas, trabalham a assistente social e a psicóloga. Há também, uma sala de pintura e outra de artesanato, um pátio com estrutura muito simples o qual poderia ser mais utilizado para outras atividades.

d) Financiamento Os Centros e/ou Serviços são financiados com recursos dos Fundos Nacionais de Assistência Social/FNAS, desde que as propostas reúnam, além da previsão de repasses do governo federal, o aporte de recursos dos governos estaduais e municipais, podendo integrar também receitas diversas, tais como recursos captados junto à iniciativa privada, à agências financiadoras e à sociedade em geral. Os recursos do Fundo Nacional de Assistência Social deverão ser destinados exclusivamente na cobertura de despesas. Neste sentido, além das despesas com remunerações de serviços técnicos, o proponente poderá optar por fazer as despesas com:             

Pagamento de Serviços de Terceiros – Pessoa Física e Jurídica, compreendendo: Remuneração de serviços pessoais; Contratos de aluguel de imóveis e/ou veículo; Serviços de manutenção de bens móveis e imóveis; Transporte coletivo; Serviços gráficos; Prestação de serviços técnicos e especializados; Pagamento de despesas com materiais de consumo; Material de expediente; Gêneros alimentícios para lanches; Combustível; Material técnico; Vestuários

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A composição da equipe multiprofissional deve resguardar fidelidade a finalidade das ações desenvolvidas pelo “Serviço Sentinela”.

e) Grupos com os quais trabalha e/ou se articula Em se tratando dos grupos com os quais o “Serviço Sentinela” se articula, primeiramente ele trabalha com famílias criando condições que possibilitam resgate e garantia dos direitos, do acesso aos serviços vigentes guardando compromisso ético, político e a multidisciplinariedade das ações, resgatando a auto-estima familiar. O “Serviço Sentinela” conta com várias parcerias como: Conselho Tutelar, Casa da Acolhida, PROMAM, SENAI, SEBRAE, Polícia Militar, CESU, Casas Espíritas (Casa Tia Euzapia) entre outros. Estes contribuem de forma singular para a concretização dos trabalhos realizados. Através destas parcerias, as vítimas podem ter um melhor respaldo com relação ao acolhimento, capacitação profissional, lazer, entreterimento e conscientização.

DESENVOLVIMENTO/ DISCUSSÃO METODOLÓGICA Primeiramente, o contato foi realizado via telefone, com a coordenadora do “Serviço Sentinela”, que se prontificou a nos receber com dia e hora marcada. Passounos o endereço, e o encontro ocorreu no dia 9 de setembro de 2008. Fomos recebidas pela coordenadora que em seguida nos apresentou a equipe multiprofissional, que estava pontualmente nos aguardando. Ao contactarmos com a equipe, nos apresentamos como alunas do curso de Psicologia do UNIPAM e relatamos que estávamos ali para conhecer o trabalho realizado da instituição. Foi através da disciplina Psicologia, Instituições e Comunidades que pudemos adentrar e observar a dimensão do trabalho realizado pelo “Serviço Sentinela”. Com o intuito de conhecer e atuar até onde nos é permitido, desde que não ultrapassemos os limites do sigilo e da ética. Foram receptivas e disponíveis para falar sobre o trabalho que desenvolvem, com a finalidade de proteger as crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, uma vez que nos auxiliariam no que fosse necessário quanto ao nosso trabalho, mas a intervenção e maior contato com as vítimas não seria possível. Devido a receptividade da equipe, foi realizada apenas uma visita à instituição, na qual pudemos conhecer todo o trabalho, tendo como fundamento o material que nos

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foi passado juntamente com visita ao Conselho Tutelar e o PROMAM, onde tivemos o prazer de conhecer de perto o trabalho realizado com crianças e adolescentes, como: balé, capoeira, teatro, informática, entre outros. Utilizamos como recurso para maiores conhecimentos, um questionário semi-estruturado para que pudesse nos direcionar a obtenção de informações desejadas.

DISCUSSÃO TEÓRICA Complexo é de difícil enfrentamento, cuja compreensão deve ser situada neste contexto histórico, econômico, cultural, político e psicossocial, que configuram a estrutura da sociedade brasileira. Violência sexual contra criança e adolescente é um fenômeno, estabelecendo seus valores e relação de gênero de sexualidade, raça e poder. A violência sexual praticada em crianças e adolescentes, podem se manifestar de diversas formas sendo de maior ocorrência o abuso sexual e a exploração sexual. Todas as suas expressões constituem crime e são sem dúvida cruéis violações dos direitos humanos. As crianças e adolescentes vulneráveis a este tipo de violência sofrem danos irreparáveis para seu desenvolvimento físico, psíquico, social e moral. Estes danos podem trazer conseqüências muito penosas em suas vidas. A violência social tem demonstrado que uma das situações mais graves e freqüentes de exclusão, vulnerabilidade e risco social em que são envolvidos crianças e adolescentes são as situações de exploração sexual comercial e de abuso sexual intra e extra familiar. O abuso sexual caracteriza-se por qualquer interesse sexual de um ou mais adultos em relação a criança ou adolescente podendo ocorrer tanto no âmbito intrafamiliar, relação entre pessoas que tem laços afetivos, quanto no âmbito extra-familiar, relação entre pessoas desconhecidas. O abuso sexual é uma situação em que a criança ou adolescente é usado no prazer sexual (abusada) por uma pessoa mais velha. Os gestos que podem ser estendidos como abusos incluem carícias em zonas sexuais, pornografia, exibicionismo, o ato sexual em si, com ou sem violência e, até mesmo, quando uma pessoa fica observando a criança ou adolescente em trajes mínimos ou sem roupas.

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A exploração sexual caracteriza-se pela relação mercantil, pelo intermédio do comércio corpo/sexo, por meios coercitivos ou não, e se expressa de quatro formas: a pornografia, o tráfico, o turismo sexual e a prostituição. A prostituição em si tem sido uma atividade livre, desenvolvida por homens e mulheres adultos com o fim de obter ganhos materiais, considerada pelos que a praticam como forma de trabalho. Crianças e adolescentes são seres em processo de desenvolvimento, não dispondo, portanto de condições biopsicossociais para desenvolver este tipo de atividade laboral. Segundo Tozoni (1983) a forma como a família é vista pela sociedade tem duas vertentes. Para uns ela é a base da sociedade e a garantia de uma vida social equilibrada para outros esta instituição deve ser combatida, pois representa um entrave ao desenvolvimento social, é algo exclusivamente nocivo, é o local onde as neuroses são fabricadas e onde se exercem a mais implacável dominação sobre as crianças e as mulheres. Partindo deste pressuposto o poder arrebata conflitos internos e externos vivenciados no cotidiano da instituição; a frustração diante das situações que aparecem No “Serviço Sentinela” é enorme, tanto para os profissionais que muitas vezes se limitam a não dar continuidade no trabalho, justamente pelo fato de que as crianças e adolescentes estão totalmente sobre o poder de suas famílias e geralmente o agressor convive dentro de casa ou fora. No que compete ao profissional de psicologia, diante dos recursos que lhe são oferecidos, ela está totalmente inserida e envolvida pelo trabalho que irá realizar com a vítima e com a família. A psicóloga que representa a instituição de Patos de Minas tem como base a formação analítica e se mostra com as devidas condições para executar um trabalho tão frustrante e doloroso. Até onde pudemos conhecer o trabalho desenvolvido, não encontramos quaisquer contradições inerentes aos objetivos e filosofia da instituição. Apesar de estar provisoriamente adaptada, o Serviço se mostra sério e relativamente comprometido com a filosofia proposta na sua constituição. A instituição procura abranger a sociedade como um todo, não fazendo discriminação a nenhum bairro da cidade, ela somente não se insere naquilo em que não é permitido ou aceito pela família, pois a maioria não denuncia, pelo fato de ter como principal agressor membros da família, como: pais, padrastos, irmãos, tios, etc. 156

Os problemas de funcionamento mais citados pela coordenadora foram a falta de espaço e a distância onde a sede se encontra. Quanto ao financiamento, a estruturação é boa, estando assim em processo de adaptação, pois agora conta também com uma advogada. A operacionalização conta com profissionais qualificados e inseridos no trabalho sendo que estes ainda se mostram totalmente envolvidos, engajados e confiantes na reinserção das vítimas na sociedade e na punição de seus agressores. Os interesses sociais, ideológicos e políticos relacionados ao “Serviço Sentinela”, estão prioritariamente explicitados no cuidado e atenção a formação biopsicossocial das crianças e adolescentes abusados sexualmente. Segundo Lane (2006) se a psicologia apenas descrever o que é observado ou enfocar o indivíduo como causa e efeito de sua individualidade, ela terá uma ação conservadora estatizante – ideológica – quaisquer que sejam as práticas decorrentes. Se o homem não for visto como produto e produtor, não só de sua história pessoal, mas da história de sua sociedade, a psicologia estará apenas produzindo as condições necessárias para impedir a emergência das contradições e a transformação social. Portanto, crianças e adolescentes necessitam ser construídos e construírem sua individualidade através da interlocução com a sociedade a qual está inserido, sendo destituído de futuros traumas ou conflitos provenientes destes abusos ou da não resolução dos mesmos.

CONCLUSÃO Através deste trabalho de pesquisa foi possível percebermos a necessidade de uma reflexão sobre o fenômeno da violência sexual e uma possível intervenção psicossocial de estagiários ou profissionais da área de psicologia. Conhecemos um pouco sobre o trabalho do Serviço Sentinela que é de fundamental importância, ao proteger e afastar situações que colocam em risco a vida de grande número de crianças e adolescentes. A rede de proteção social e as políticas públicas são essenciais para o amparo das famílias vítimas de abuso sexual, pois em muitos casos, estas se vêem sob ameaça de total abandono social e de privação econômica. Foi possível saber que as vítimas deste tipo de abuso sempre ficam com seqüelas graves, e a intervenção após o abuso possibilita apenas formas mais amena de lidar com a situação.

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Por isso, ao refletirmos sobre a questão, concluímos ser prioritário, além da proteção às vítimas, uma campanha ostensiva, de divulgação e de conscientização dentro das escolas, pois pouco se fala sobre o assunto. O abuso sexual incestuoso se estabelece sobre uma sólida estrutura composta de sentimentos como culpa, medo da destituição familiar, dependência emocional e financeira, as quais colaboram para a instituição e conservação do segredo, gerando assim um tabu familiar que favorece a reprodução do abuso por anos. Pois é constatado que nas famílias incestuosas a lei de preservação do segredo familiar prevalece sobre a lei moral e social. Assim sendo temos em nossa realidade social um problema complexo, delicado e que entra em questão o sistema familiar. Para uma intervenção se faz necessárias estratégias especiais, que vão além dos cuidados psicossociais, pois é necessário, entre outras questões, um apoio judicial. É um trabalho desafiador, requer muita coragem, determinação, e que se faz urgente em nossa sociedade, sendo um campo fértil para psicólogos que se dispuser a tal desafio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LANE, Sílvia T.M. O processo grupal; A psicologia social e uma nova concepção de homem para a psicologia In:__; CODO, Wanderley (orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento.13. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 15 ORNÉLAS, Waldeck. Diretrizes Gerais: Programa de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Ministério da Previdência e Assistência Social. Brasília 2001. Programa Sentinela. Plano municipal de enfrentamento da Violência Infanto – Juvenil, 2006. Minas Gerais, Patos de Minas. TOZONI, R. R. Jose. Familia, emoção e ideologia – um estudo através do psicodrama In:__; CODO, Wanderley (orgs.). Psicologia Social: o homem em movimento.13. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 99

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APÊNDICE 1 - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Este projeto visa, sobretudo uma forma real e possível de prevenir o aumento de abuso sexual de crianças e adolescentes, onde deverá haver uma preparação para identificar sinais de violência intra ou extra familiar, através de freqüentes observações feitas por docentes e demais profissionais da educação no ambiente escolar. Esta é uma forma que encontramos de “recuperar” e encaminhar estes casos para o serviço capaz de acolher e sancionar os culpados por estes abusos é o que o Serviço Sentinela, que conta com profissionais como psicólogos, advogados, assistentes sociais e pedagogos capacitados para intervir e conduzir tais acontecimentos. O que mais dificulta e encobre os indícios de ocorrência de abuso é um tipo de “pacto de segredo” que é feito entre a vítima e o agressor. Este trabalho buscará investigar as repercussões destas situações em uma escola pública de um bairro localizado na periferia da cidade de Patos de Minas. Participarão da equipe alguns professores dos primeiros anos do ensino fundamental e dos primeiros anos do ensino médio. A metodologia do trabalho será dividida em dois momentos: primeiro é verificar a dinâmica escolar em casos de suspeita, e a segunda é a confirmação de abuso sexual com o aluno (a). Para que esta fase se realize, é necessário que haja uma organização de procedimentos que orientará os educadores para a construção de estratégias com vistas a uma atitude de denúncia de abuso sexual que legitime o papel protetor do professor e da escola. Haverá reuniões periódicas com os educadores para a discussão dos resultados obtidos. Os pais das crianças também deverão estar mais presentes na vida do aluno. Os professores deverão criar estratégias de trazer estes pais para participarem do que acontece com seus filhos pelo menos na escola. Assim, os educadores teriam um melhor “controle” da relação que estes pais têm com seus filhos, facilitando até mesmo a identificação dos casos de abuso ou mesmo negligência destes abusos por parte da família, já que ela é na maioria das vezes a principal responsável pelos sofrimentos de abusos, violência, maus tratos e negligência do próprio abuso.

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ANEXO 1 – Roteiro de Entrevista 1- Há quanto tempo o serviço sentinela foi iniciado? 2- Fale um pouco de sua história, como ele foi criado. 3- Como é o envolvimento deste serviço a nível municipal, estadual e federal? 4- Como este serviço é mantido financeiramente? 5- Quem são os seus parceiros? 6- Qual é a demanda deste trabalho? 7- Como a equipe desenvolve seus trabalhos? 8- Descreva o público alvo. 9- A classe social interfere neste público alvo que solicita o serviço? 10 – Em que idade o abuso sexual mais acontece? 11 – Qual o grau de parentesco, e que tipo. 12- O Serviço Sentinela tem apoio policial? 13- Que metodologia é usada para efetuar este trabalho? 14-Tem como traçar o perfil do agressor? 15- Quais são os programas de governo envolvidos no trabalho do Serviço Sentinela? 16-Como é o atendimento do psicólogo nestes casos? ( Repondido pela psicóloga) 17- Como é o trabalho da assistente social? 18- E o trabalho da advogada? 19- Existe oportunidade de ser oferecido estágio? 20 – E uma intervenção de conscientização e prevenção, é possível?

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TIRO DE GUERRA

Josué Oliveira Mota Luiz Henrique Stussi Paulo Ramos Moreira

RESUMO O trabalho tem como objetivo conhecer o funcionamento do Tiro de Guerra e também a importância desta instituição para a cidade e para a população, principalmente para os jovens com dezoito anos. Pretende-se conhecer também, quem freqüenta a instituição, quem comanda, como é feita a seleção dos jovens para servir o Tiro de Guerra e como esta instituição contribui para sociedade.

Primeiramente foi observado

que esta instituição era vista, pela maioria da população de Patos de Minas, como uma entidade que apenas aproveitava dos jovens, onde os superiores davam ordens e os subordinados tinham que obedecer. Após assistir uma palestra do Tenente Osmar e poder conversar com este pessoalmente, foi observado uma falta de conhecimento sobre a instituição por parte da população. Nota-se que esta instituição colabora em atividades complementares, mediante convênio com órgãos federais, estaduais e municipais, no funcionamento de ensino profissionalizante em suas dependências e na utilização das mesmas em práticas cívicas, esportivas e sociais, em benefício da comunidade local. O Tiro de Guerra, junto com os seus soldados, realizam comemorações, cantam os hinos, fazem homenagens, ajuda em ações à comunidade e promove a paz e a igualdade entre as pessoas.

TIRO DE GUERRA 04-013 - DE PATOS DE MINAS RUA VEREADOR JOÃO PACHECO N° 260. BAIRRO: SANTO ANTÔNIO JUNTA MILITAR RUA FARNESE MACIEL.BAIRRO: CENTRO TEL: (34) 3822 9783 Tenente Osmar Cypriano

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INTRODUÇÃO O trabalho diz respeito ao TG (Tiro de Guerra), uma instituição militar do Exército Brasileiro encarregada de formar reservistas para o exército. O TG está localizado em Patos de Minas e funciona em acordo firmado com as prefeituras locais e o Comando da Região Militar. Antes de começar a funcionar em Patos de Minas, o TG situava-se em Carmo Paranaíba. A grande maioria da população de Patos de Minas tem conhecimento sobre o TG (Tiro de Guerra), porém, observou-se que este conhecimento ainda é um pouco superficial e que há muito a descobrir sobre a instituição. Este foi o motivo da realização deste trabalho; uma instituição de tamanha importância para a população deve ser compreendida e valorizada da forma merecida. São poucas as pessoas que conhecem bem o TG, porém estas foram suficientes para dar informações necessárias sobre a instituição, falando tudo que sabem ou aconselhando a ler textos ou jornais ou até mesmo que assistisse vídeos sobre a história do TG. O ponto de partida para se realizar este trabalho foi a palestra realizada pelo Tenente Osmar dentro da própria instituição. Este mencionou a importância do TG para jovens e comunidades carentes e como esta instituição é vista pela maioria da população, de uma forma bastante distorcida. Então, foi discutido sobre esta questão e decidiu que seria muito importante realizar este trabalho com um olhar diferente, sem preconceito, com a intuição de conhecer realmente como funciona a instituição e qual seu papel na sociedade. O TG vem mostrando aos jovens como se tornam pessoas de bem, alguns se tornam soldados e outros participam para aprender e entender como é o desempenho de tarefas. Estes trabalhos comunitários são a esperança para o futuro do nosso país porque com a ajuda deles podemos melhorar a questão da criminalidade e trazer a justiça para a nossa nação (JESUS, EDIMILSON. 2008). Este trabalho tem muito a colaborar com a instituição, pois, o que se pretende fazer é passar adiante uma imagem verdadeira sobre o TG, o que ele faz na sociedade, qual sua importância e como ele interfere na comunidade.

A INSTITUIÇÃO O Tiro de Guerra é uma instituição do Exército Brasileiro. Órgão de formação de reservistas, tem como objetivo formar soldados de segunda categoria do exército, que poderão ser empregados em atividades correlatas à manutenção da ordem interna de acordo com os planejamentos militares existentes. Destinam-se também a prestação do 162

Serviço Militar dos convocados não incorporados em Organização Militar da ativa das Forças Armadas. Há, dentro deste regimento, uma hierarquia a ser respeitada e mantida. A hierarquia em ordem decrescente é: Soldado, Cabo, Terceiro Sargento, Segundo Sargento, Primeiro Sargento, Sub Tenente, Aspirante, Segundo Tenente, Primeiro Tenente, Capitão, Major, Tenente Coronel, Coronel, General de Brigada, General de Divisão, General de Exército e, por último, Marechal. Existem também alguns regimentos internos que devem igualmente ser respeitados, como cumprir os horários exigidos, fazer a barba sempre, nenhuma ordem direta dada à um subordinado é desrespeitada. Os Tiros de Guerra são diretamente subordinados à Regiões Militares (RM), que orientarão e fiscalizarão as atividades que neles se realizarem, de acordo com o que prescreve este regulamento, o Programa Padrão de Instrução, as Diretrizes do Comandante de Operações Terrestres, dos Comandantes Militares de Áreas e dos Comandantes de Regiões Militares. Em 1929 ocorre o primeiro movimento para dotar Patos de Minas de um serviço militar com a fundação de uma “Linha de Tiro”. Seu idealizador e incentivador foi o professor Eduardo Lopes que, em 21 de julho de 1929, no Instituto Santa Terezinha, realizou uma reunião com o objetivo de organizar uma sociedade de Linha de Tiro. Nesta mesma reunião se elegeu uma diretoria a fim de se levar avante o movimento, a qual era assim constituída: Cônego Manuel Fleury Curado, Presidente; Hugo José de Sousa, Vice-presidente; Alexandre Dias, Tesoureiro, e Eduardo Lopes, Secretário. O jornal da época intitulado “A gazeta de Patos” publicou, no dia 28 de julho de 1929: “(...) Linha de Tiro em nosso meio, pois é um cometido que só vem beneficiar a flor do nosso Município representada pela radiosa mocidade de seus filhos.” O Tiro de Guerra aparece em Patos de Minas apenas em 1941, instalado no Ginásio Benedito Valadares sob a direção do professor Anair Santana, e funcionando incorporado à Escola de Instrução Militar (EIM) de Carmo do Paranaíba, sob a direção do Sargento Teófilo Lamounier. Este dado também foi fornecido por , em entrevista realizada no dia 3 de setembro, considerado o atirador mais velho da cidade com 94 anos de idade. Deve-se a vinda do Tiro de Guerra ao professor Anair Santana, que enfrentou muitas dificuldades, entre elas a obtenção do terreno para a construção da sede deste órgão. Foi seu irmão, Vicente José de Santana quem fez a doação da área

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exigida que não foi aproveitada visando um melhor local para a localização do Tiro de Guerra. Em 1942 o Tiro de Guerra teve o Sargento Pedro Alcântara Rodrigues de Araújo sob seus cuidados, onde permaneceu à sua frente até 1944. Segundo Oliveira Mello, neste ano um fato interessante aconteceu, o Tiro de Guerra, pela primeira vez, não funcionou devido a um número muito reduzido de alunos. Em conseqüência da portaria 8.747 criou-se o Tiro de Guerra 04-091, que oficializou definitivamente este órgão. Após a criação como Tiro de Guerra 91, esteve na sua direção o Sargento Miguel Marcelino Campos, mais tarde substituído pelo sargento Pedro Alcântara Rodrigues de Araújo, permanecendo de 1947 a 1949. A construção da sede do Tiro de Guerra foi construída pelo prefeito Genésio Garcia Roza, obedecendo o regulamento de Manutenção Interna e as exigências do Ministério da Guerra. O Tiro de Guerra, desde então, aperfeiçoou suas instalações sendo classificado como uma das melhores agremiações de Tiro de Guerra do interior mineiro. Segundo o Tenente Osmar, após muita negociação com prefeito e autoridades durante sua passagem pelo TG na década de 90, foi inaugurada a primeira quadra coberta do Tiro de Guerra em Patos de Minas, sedo a terceira quadra coberta do país e terceira do estado de Minas Gerais. O TG de Patos de Minas, hoje, conta com uma área de mais de 300 metros quadrados, possui instalação própria e recursos diversos, como computadores, telefones, vídeos, anfiteatro e quadra. O TG recebe ajuda do município através da prefeitura e doações. Também recebe ajuda da receita federal e demais organizações patenses.

DESENVOLVIMENTO/ DISCUSSÃO METODOLÓGICA Inicialmente fomos até a Junta Militar, local onde ocorre o alistamento militar, para obter informações no dia 03 de setembro. Então, nos encaminharam para o Tenente Osmar, que muito gentilmente nos recebeu e imediatamente se pôs disposto a ajudar no que precisássemos. Este, entrou em contato com o Sargento Dennis, que também mostrou-se aberto a nos receber. O Tenente nos indicou um ex-atirador que serviu em 1937 para ser entrevistado, pois através deste poderíamos conhecer um pouco mais da história do Tiro de Guerra. Além deste senhor também nos indicou um radialista, cujo programa na rádio AM chama-se “A hora do atirador” e um professor de história ex-atirador que poderia nos 164

fornecer materiais relevantes para nosso trabalho. Neste mesmo dia fomos entrevistar um ex-atirador que serviu o TG em de 1937, que nos recebeu muito bem e nos contou um pouco sobre a história do Tiro de Guerra. No dia 10 de setembro contatamos o historiador Eduardo Silva que nos forneceu material e se propôs a ajudar de muito bom grado. Colhemos textos e documentos sobre o Tiro de Guerra que estavam guardados em seu arquivo pessoal. Dia 17 de setembro voltamos a falar com o Tenente Osmar, que nos emprestou uma coleção de fitas de vídeo filmadas por ele mesmo. As fitas mostravam os trabalhos realizados pelo Tiro de Guerra na comunidade. Neste dia também trocamos nossos telefones para mantermos contato e marcamos uma visita com o Sargento Dennis, responsável pelo TG. Dia 24 de setembro começamos a reunir todo o material e iniciamos a parte escrita do trabalho. Ao final do dia assistimos as fitas que restavam e anotamos pontos que julgamos interessantes para nosso conhecimento. Dia 01 de outubro fomos até o TG, mas não encontramos o Sargento Dennis. Fomos até a casa de outro ex-atirador que durante seu tempo no TG foi monitor e prestou muitos serviços lá. O ex-atirador, Denis Gonçalves Braga de 19 anos nos ajudou com materiais utilizados pelos atiradores em provas escritas e nos contou um pouco sobre sua experiência no TG. Dia 08 de outubro remarcamos o encontro com o Sargento Dennis e fomos até o TG. Lá conhecemos o espaço físico e conversamos com o Sargento sobre o TG. Dia 15 de outubro fomos até a Biblioteca Municipal João XXIII a procura de jornais e livros que pudessem nos ajudar a escrever sobre a história do TG. Dia 22 de outubro nos reunimos para examinarmos todas as informações colhidas até então e demos prosseguimento ao trabalho. Dia 29 de outubro examinamos novamente os materiais e levamos tudo o que havíamos feito sobre a história do TG para o historiador Eduardo Silva nos falar se havia algo a acrescentar em nosso trabalho. Dia 05 de novembro finalizamos nosso trabalho, fomos até a junta militar devolver os materiais que nos foram emprestados pelo Tenente Osmar. O Tiro de Guerra de Patos de Minas mostrou-se predisposto a cooperar sempre que possível. Além dos profissionais envolvidos nos fornecerem materiais todos foram bem receptivos, demonstrando muito interesse pelo assunto e satisfação pela escolha do tema de nosso trabalho. 165

DISCUÇÃO TEÓRICA A princípio torna-se importante atentar ao contexto mais amplo que influenciou o surgimento da instituição Tiro de Guerra no Brasil na qual a unidade foco do estudo representa. A idéia então começa a surgir em meados de 1900 passando assim por todo um processo histórico social para sua consolidação até em 1922, nesse caminho houve influências e idealizações de várias autoridades do exército e do estado com foi o caso de Olavo Bilac (atual Patrono do Serviço Militar) e protagonista na definição dos serviços militares. No entanto o principal foco de atenção nesse processo é o contexto envolvente de guerras civis e até mesmo da 1ª Guerra mundial que amedrontava as demais instituições do Estado regente, além da influência dos interesses das indústrias armamentistas e por isso seu incessante crescimento, e então se vê na necessidade de criar órgãos de formação de reservistas, justamente para formar soldados que pudessem ser a qualquer momento convocados e incorporados nas Organizações Militares da ativa das Forças Armadas, e também que fossem aptos a outras prestações de serviço militar. Sincronicamente a essas situações se encontra uma sociedade política e culturalmente estruturada em ideologias militares de patriotismo, ordem, e disciplina. A partir daí o Tiro passa-se durante a história a se relacionar intimamente com algumas ideologias do estado contribuindo para a manutenção das mesmas e de certa ordem social. Segundo Silvia Lane (1984) há mecanismos intrínsecos no processo sóciohistórico de uma sociedade afim da manutenção das relações de produção da mesma, ou seja, uma vez que no correr deste processo ocorrem contradições imprescindíveis nas organizações e disposições desta sociedade, passando então a se criar novas ideologias, valores e explicações. E também para Althusser (1980; apud Margareth Rago & Adilton L. Martinsesta 2006) na constituição histórica do homem utilizam-se da ideologia para reproduzir e representar o interesse das classes dominantes que estão no poder de Estado através de mecanismos e aparelhos Ideológicos. Nesse caso observa-se através dos materiais acessados que a instituição na qual foi foco do estudo, ou seja, o Tiro de Guerra de Patos de Minas mantém relações consistentes e próximas às instituições ligadas tanto à prefeitura quanto a outros órgãos militares. Instituições que então competem e se comunicam reciprocamente em um contexto social e institucional muito mais amplo e garantem assim a manutenção e estruturação de suas ideologias e da sociedade. 166

O Tiro se configura como um órgão fundamentado em pressupostos conservadores e tradicionais estando por sua vez inserido contraditoriamente em uma sociedade hedonista, esse talvez seja um de seus conflitos externos uma vez que sofre críticas por parte de alguns grupos sociais quanto à obrigatoriedade, a regimentos internos, ideais e a papéis sociais quanto às hierarquia. Sendo assim o TG vê a todo o momento a necessidade de se mostrarem úteis e afirmarem importantes e eficazes perante a sociedade, através dos programas e projetos públicos e comunitários. Por outro lado, tendo vista sua organização hierárquica rígida como também os regimentos metódicos e burocráticos que permeiam as relações do TG como em toda organização militar, foi possível observar a inexistência de conflitos que fossem internos à mesma, ao menos em nível manifesto, ou seja, observa-se latente a insatisfação de alguns atiradores subordinados à esses pressupostos. Outra crítica para com a instituição se base em um de seus objetivos, no qual se funda em formar líderes democratas, atentos aos ideais da nacionalidade brasileira e à defesa do Estado Democrático de Direito. Nessa situação fala-se de democracia enquanto os próprios regimentos internos impossibilitam os atirados de desenvolverem certa capacidade de crítica e argumentação, os comportamentos, atitudes, hábitos e crenças são condicionados e exercidos automaticamente sem que haja o conhecimento de suas bases e os “porquês”, sendo que esse paradoxo já se inicia na obrigatoriedade do serviço. Assim Freud em Psicologia das massas e análise do eu (1921) descreveu não só sobre o que seria o exército mas também a religião: Igreja e exército são massas artificiais, isto é, se emprega certa compulsão externa para prevenir sua dissolução e impedir alterações em sua estrutura. Em geral, não se pergunta ao indivíduo se quer ingressar em uma massa desta índole, nem se o deixa entregue ao seu arbítrio; e a tentativa de separação costuma ser bloqueada, ou punida com rigor, ou está sujeita a condições muito determinadas (FREUD, 1921, cap.V).

No mais a instituição Tiro de Guerra de Patos de Minas consolida-se por uma organização estável, bem estruturada e definida calcadas por premissas militares conservadoras, e que estabelece relações mútuas para com as demais instituições e órgãos que competem para a regulação e equilíbrio produtivo e da ordem social segundo seus ideais.

CONCLUSÃO

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Embora possamos através dessa análise e estudo sobre o Tiro de Guerra tomar conhecimento de alguns mecanismos cristalizados na instituição, porém calcados nos seus pressupostos que favorecem as relações de poder e a hierarquia que a estrutura, pensar em uma intervenção que não seja no plano da hipótese se torna um tanto quanto utópico se levarmos em conta a peculiaridade do processo histórico-social e o papel que a mesma representa e significa em suas relações com as demais instituições sociais, tendo em vista, no entanto que para isso a demanda teria que surgir da mesma. Entretanto o conhecimento e o especular dos entrelaces de uma instituição que regem ideologias que sempre fez parte da história de uma sociedade e de sua forma de organização política se configura com imprescindível necessidade e importância, tendo assim a consciência de que somos sujeitos constituintes e constituídos do mesmo processo histórico.

REFERÊNCIAS FREUD, S. (1921) A psicologia das massas e a análise do eu. In: Edição Standard Brasileira das Obras Completas de S. Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1972. Gazeta de Patos, Patos de Minas, 28 de julho de 1929. Página 4. LANE, Silvia (1984). A Psicologia Social e uma nova concepção de homem para a Psicologia. In: Codo, Wanderley. (orgs.) Psicologia Social. O Homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, p.10-19. OLIVEIRA MELLO, Antonio de. Patos de Minas: Capital do Milho. Patos de Minas: Academia Patense de letras, 1971. 350 p. REVISTA AULAS: DOSSIÊ FOUCAULT. Um diálogo entre Foucault e o Marxismo. Nº 3. 32 p. TG 04 – 013 – Patos de Minas. Instrução de atualização de conhecimentos dos instrutores de Tiro de Guerra. O Tiro de Guerra em turma única. 15p; O Tiro de Guerra e a comunidade. 11p. Cypriano, Osmar

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VlLA PADRE ALAOR

Bianca Cássia Da Silva Cristiane Patrícia Martins Roseli Aparecida Lagares De Lima

RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar a Instituição Vila Padre Alaor, onde pode se conhecer a história de sua criação e construção, a estrutura física, as pessoas que trabalham no local, as pessoas que residem no ambiente, e a organização desta instituição, que abriga idosos de ambos os sexos que necessitam de ajuda. É uma instituição séria que tenta lidar com as necessidades de cada morador, mas que não deixa de ser um asilo, onde é refletida muitas vezes a solidão, a falta de autonomia de vários idosos, tendo em vista a tristeza, por falta desta, também por falta de se ter a família por perto, esta que muitas vezes até deixa de visitar o familiar, acontecendo o abandono que é sentido pelos moradores do local.

Vila Vicentina Padre Alaor. Rua da Mata dos Fernandes, Bairro Vila Garcia. Pessoas de referência na instituição: Presidente do dispensário Ernani Gonçalves Amorim, Gerente Administrativa Celma.

INTRODUÇÃO A escolha da Vila Padre Alaor para a realização do trabalho foi por se tratar de uma instituição importante e séria na cidade que abriga idosos pobres da região. Tendo em vista que essa instituição é um campo de trabalho para o psicólogo que tem muito a oferecer, tanto no que diz respeito aos moradores quanto aos funcionários. O grupo teve o intuito de conhecer o ambiente, quanto a estrutura física, quanto a organização, saber como é trabalho feito no local, a forma de como as pessoas lidam com o trabalho e a moradia.

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Visto que o asilamento de idosos, embora esteja imbuída de boas intenções, acaba também anunciando antecipadamente a morte do idoso, uma vez que, na reta final de sua existência, ele é retirado de seu ambiente natural (local onde construiu sua vida e a de seus filhos, misturados às coisas feitas – criações próprias –, e aos objetos adquiridos ao longo da vida, e que deram forma ao ambiente em que morava) e posto junto com outras pessoas e objetos que não reconhece e que também não lhe pertencem, eliminando concretamente as suas lembranças e possibilitando, desta forma, a perda de sua própria identidade. O processo de envelhecimento vem crescendo e o número de idosos hoje no Brasil atravessa em ritmo acelerado, se associando ao aumento da demanda por instituições de longa permanência. A correlação multicausal entre estrutura etária da população e demanda por asilos é determinada por seu perfil social e de saúde. Controladas tais variáveis, a idade torna-se um fator de risco menor. Idosos residentes nos asilos apresentam alta prevalência de fatores de risco para institucionalização: doenças crônico-degenerativas e suas seqüelas, hospitalização recente e dependência para realizar atividades da vida diária. Através da análise na instituição, o presente trabalho propõe-se a discutir a dinâmica da institucionalização dos idosos e apresentar a Vila Padre Alaor.

4) A Instituição A Vila Padre Alaor foi constituída pela Sociedade São Vicente de Paulo, que é uma organização católica internacional de leigos, fundada em Paris, no ano de 1933, por Antonio Frederico Ozanam e seus companheiros. Colocada sob o patrocínio de São Vicente de Paulo, inspira-se no pensamento e na obra deste santo, esforçando-se, sob o influxo da Justiça e da Caridade, por avaliar os sofrimentos do próximo, mediante ao trabalho coordenado de seus membros. Ainda na linha de seus princípios fundamentais, já vislumbrados uma visão de sua metodologia de vida e da sua sistemática operacional. De caráter Católico, está aberta a quantos desejam viver sua fé no amor e no serviço dos irmão. A Sociedade São Vicente de Paulo compreende qualquer forma de ajuda, por contato pessoal, no sentido de avaliar o sofrimento e promover a dignidade e a integridade do homem. A Sociedade não somente procura mitigar a Miséria, mas também descobrir e remediar as situações que a geram. A construção da vila Padre Alaor não aconteceu por acaso. O aumento progressivo das conferências, em âmbito urbano e rural, levou a direção do conselho 170

particular, na pessoa de seu presidente Dr. Benedito Corrêa da Silva Loureiro, a preocupar-se assistidas pela sociedade. As conferências pioneiras foram, Santo Antonio, Nossa Senhora do Rosário e Santa Terezinha, já florescentes, tornaram-se um imperativo para a criação de novas conferências. Juntando-se a elas e sempre alimentadas pelo mesmo ardor do serviço aos pobres, vieram logo numerosas outras conferências. Em decorrência do palpável florescimento das conferências, pareceu a direção da sociedade que era chegado o momento da construção de uma vila, onde se pudesse acolher e cuidar melhor dos pobres. Ainda no ano de 1947, conforme a ata do conselho particular de então, datada de 1° de setembro, a qual contou com a presença de monsenhor Manuel Fleury Curado, já se cogitara a criação de uma vila, tendo mesmo sido nomeada comissão para o estudo do assunto. Foram nomeados: Antônio Tobias, Fernando Caixeta de Melo, Joaquim Gonçalves Junior, Divino Londe e Alberto Albino. Toda via, a idéia foi para estufa de incubação, nada tendo sido feito. A comissão para compra do terreno a partir de uma reunião do conselho particular datada de 18 novembro de 1951 após demorados debates

sobre a

conveniência da construção da nova Vila, constitui-se uma comissão definitiva a qual caberia a compra do terreno, ficando constituída pelos confrades : Virgilino Gonçalves da Cunha, Alfredo Pereira da Fonseca, e Joaquim Gonçalves Júnior. Houve rápido progresso nas negociações. Na reunião de 20 de janeiro de 1952, conforme relato constante de ata, a comissão dá a alvissareira noticia: o terreno está comprado! Constituído de uma área de 70.000metros quadrados, em comum na fazenda Limoeiro, confrontando com Antônio Pacheco Tonheco e com os vendedores Genésio Garcia e Mário Garcia Rosa, ambos membros ativos da conferência Sagrada família. A competente escritura de compra e venda foi lavrada no cartório do primeiro oficio da comarca, a 3 de abril de 1952, pelo preço ajustado de Cr$70.000,00. O terreno foi pago sobre a origem dos recursos levantados para o pagamento do terreno adquirido, há duas versões. Primeira: conforme consta de ata do conselho Particular de então, datada de 20 de janeiro de 1952, o terreno foi pago com recursos das conferencias Santo Antonio e São Geraldo, num total de Cr$ 35.000,00, pois os outros Cr$ 35.000,00 foram doados pelos próprios vendedores. Segunda: Já a ata constante de reunião do mesmo Conselho Particular datada de 16 de abril do mesmo ano de 1952 aponta até com certo detalhe, a origem do levantamento da importância paga pela aquisição da área comprada. Diz a ata: Genésio Garcia Rosa e Mario Garcia 171

Rosa, Cr$ 35.000,00; Conferencia São Geraldo, Cr$ 2.000,00; Conferencia Santo Antonio, Cr$ 2.000,00; Augusto Caixeta de Queiroz, Cr$ 3.500,00; Joaquim Gonçalves Junior, Cr$ 5.000,00; Conselho Particular da SSVP de Patos de Minas, Cr$ 5.000,00 e donativos não especificados, Cr$ 17.500,00. Nome da vila foi escolhido no dia 16 de marco de 1952, em reunião do conselho particular presidida pelo Dr. Benedito Correa da Silva Loureiro, decidiu-se que a nova Vila seria denominada VILA PADRE ALAOR, em homenagem ao vigário da paróquia e grande incentivador desta criação, Padre Alaor Porfírio de Azevedo, falecido a 1de marco de mesmo ano de 1.952. Comissão de construção ocorreu a partir da execução de um projeto com perspectiva operacional de grande vulto, quanto aos aspectos físicos e financeiro, urgia que se criasse logo uma comissão de construção, cuja nomeação recaiu

sobre os

confrade: José Pereira da Fonseca, Joaquim Gonçalves Junior, Lázaro Pereira Fonseca, Alfredo Pereira da Fonseca, José de Melo Sumbem, Fernando Caixeta de Melo, José Cirino Ribeiro, Mario Garcia Rosa e Genésio Garcia Rosa, ficando este último como Presidente da Comissão . Esta comissão foi criada a 27 de julho do ano e 1.952. Surgimento das casas ata do Conselho particular datada de 14 de setembro de 1952, já faz referência à existência da planta da Vila Padre Alaor, aprovada a 17 de agosto do mesmo ano. A ata de 8 de dezembro seguinte já mencionada o surgimento da primeira casa, sendo esta uma doação da família o Padre Alaor Porfírio der Azevedo, residente na cidade de Araxá. A segunda casa foi doada pelo Sr.Virgilino Gonçalves da Cunha, confrade vicentino e membro da comissão de compra do terreno. Na seqüência da ordem de doações, figura a prefeitura municipal de Patos de Minas como a doadora da terceira casa, no governo do Dr. Jaques Correa da Costa. Pedra fundamental com inusitado entusiasmo por parte da comissão de construção, do Presidente do Conselho Particular Dr.Benedito Correa da Silva Loureiro e de apreciável numero de vicentinos, deu-se o lançamento da Pedra Fundamental do Pavilhão central a 18 de janeiro do ano de 1953. A cerimônia contou com as presenças dos Presidentes das conferências, confrades e amigos da SSVP. Foi solenizada com as presenças ilustres de Dr. Jaques Correa da Costa, Prefeito Municipal, e de Monsenhor Manuel Fleury Curado que procedeu a benção da Pedra Fundamental. Foi celebrada uma santa missa as 8,30 da manha. O autor destes registros estava presente ao acontecimento, tendo assinado a ata oficial de lançamento da Pedra Fundamental. 172

Novas casas construídas após o lançamento da Pedra Fundamental do Pavilhão Central recomendou-se, todavia, uma maior prioridade na construção de casas, uma vez que estas viriam sanar mais rapidamente a dificuldade existente nas Conferências, relativas a grande carência de moradia para os pobres. Em ritmo de campanha, foram surgindo os doadores não só entre as Conferências como também por pessoas particulares, simpatizantes do Movimento. Dada certa dificuldade na captação de dados oficiais nas fontes SSVP, não dispomos de um cabedal mais acurado para relacionar, em ordem crescente e numérica, todas as doações. Todavia, cumpre-nos alinhar algumas delas representadas pelos doadores: Abílio Caixeta de Queiroz (três casas); Arnaldo Magalhães, Geraldo Caixeta de Queiroz, Lucas Soares, Tertulino Coelho de Lima e Custodio Peres. Simultaneamente, foram aparecendo as doações das conferências: São Contardo Ferrini (duas casas), São Sebastião de Alagoas, São Geraldo Magela (do pântano), São Geraldo (duas casas), Sagrada família, São Paulo, Nossa Senhora Aparecida da Mata dos Fernandes (duas casas), São Cristóvão, Senhor Bom Jesus de Lanhosos, São Joaquim, Santa Cruz do Pântano e São José. Embora a escassez de recursos não permitisse maior avanço na construção da Vila, do Pavilhão central e das casas, a confiança na Sagrada Providência e uma teimosia dos vicentinos, fizeram viável a obra, que foi acontecendo. Dentro de pouco tempo estavam concluídos não só o Pavilhão Central, como também as casas que foram ocupando o espaço do triângulo oferecido pela planta da construção, chegando ao expressivo número de 43 casas geminadas. A liberação das casas construídas, no inicio da campanha, se deu em reunião do Conselho Particular datada de 16 de agosto de 1953, cuja ocupação aconteceu rapidamente, uma vez que cada Conferência deveria trazer os seus pobres, para a Vila. A partir daí não tardou o aparecimento de problemas administrativos na então emergente Vila Padre Alaor. Fez-se necessária à presença de alguém que pudesse assumir o contorno de tais problemas, dentro de sistema de habitação comunitária manifestou, bem cedo, sua problemática, alias de muito difícil solução. Foi quando a direção da Vila houve por bem fazer uma primeira contratação, tendo esta recaído sobre o Sr Geraldo José da Silva, confrade da Conferencia Bom Pastor depois vieram outros zeladores, Joaquim Claudino em 16 janeiro de 1955 até 1957, Candido dos Santos de 23 janeiro de 1958 até 1965, Edson Valadão em março de 1965 até 12 de novembro de 1965, Osvaldo Gonçalves de Souza no final de 1965 á 1966, Irmã Maria do Coração de Jesus Eucarístico de Vasconcelos Safe no final de 1960 á 1967, José das Dores Pereira 173

assumiu em 27 março do ano de 1967 até abril de 1971, as Irmãs Missionárias Nossa Senhora das Dores tiveram posse no dia 7 de março de 1971 á 23 de março 1995. A presidência da Vila Padre Alaor se desenvolveu no momento em que foi ocupada por Joaquim Gonçalves Júnior que ocorreu em 8 de setembro de 1957, em 13 de dezembro de 1963 entra Aristides Rodrigues do Senhor Bom Jesus, depois Manuel Gomes de Sousa na data de 1 de fevereiro de 1967, Dr. Dácio Pereira da Fonseca sua posse em 7 de agosto de 1970, onde a população da vila atingiu 349 pessoas, e ouve a construção do poço artesiano doada pelo prefeito Dr. Sebastião Silvério de Faria na administração das missionárias Nossa Senhora das Dores, Geraldo de Caixeta de Queiroz teve sua posse em 28 de janeiro de 1973, Antonio Simão Basílio teve sua posse em 24 de setembro de 1978, Jose Bernardino Sobrinho teve sua posse em 11 de dezembro de 1983, depois Jaime Gonçalves que teve sua nomeação no dia 29 de dezembro de 1986, Jovino Fernandes Rosa que assumiu em 4 de janeiro de 1989, Gina Gomes Caixeta que assumiu em 6 de janeiro de 1995, onde teve a instalação da lavanderia e implantação de uma rouparia. Segundo a gerente administrativa a Instituição Vila Padre Alaor não passou por modificações, senão a adequação as novas normas da vigilância sanitária e mudanças de acordo com o estatuto do idoso, sendo assim continuam com a mesma estrutura física e regimento de funcionamento. A Vila em seu início se constituíra de uma população heterogênea. Idosos dos dois sexos, retardados mentais, psicopatas, famílias problemáticas, além de um elevado número de crianças, hoje abriga apenas idosos. As pessoas que trabalhavam na Vila alimentavam uma perspectiva de promoção humana, numa tentativa muito louvável, com vistas à colocação profissional de todos os habitantes da Vila, em condição de trabalho e tantas vezes ocioso. Ao mesmo tempo, sempre preocupada com a formação religiosa dos seus tutelados, mantendo a catequese na Vila. Tomando-se que o Dispensário São Vicente de Paulo e a própria Vila Padre Alaor funcionam hoje em ritmo empresarial, num envolvimento de 49 funcionários, cujo acompanhamento se prende não só dentro do desempenho profissional como também dentro da linha reivindicatória de direitos trabalhistas, obviamente cabe à presidência desdobramentos ingentes e uma doação quase total de tempo, de renuncia e de partilha.

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Atualmente os presidentes do Dispensário São Vicente de Paulo, são empossados bienalmente, de 2006/ 2008, sendo que neste período o presidente do Dispensário era Júlio César de Oliveira. O atual presidente Ernani Gonçalves de Amorim assumiu em quinze de setembro de 2008, onde deverá permanecer por também dois anos. O dispensário é quem mantém a vila, ele recebe as doações, faz as compras necessárias de remédios, e os outros utensílios, sendo que a instituição é mantida por doações, por arrecadações de dinheiro com as folias de reis, e também a aposentadoria ou pensão dos demais moradores da Vila Padre Alaor. Sobre a parte administrativa divide-se em vice-presidente, tesoureiro, secretario e uma gerente administrativo a qual nos recebeu, dando-nos todas as informações necessárias. Sobre as características físicas das instalações, a instituição não tem banheiro dentro de todos os quartos, porém as condições das acomodações apresentadas mostram uma situação até certo ponto favorável em relação ao número de quartos e ao número de leitos. No entanto, percebe-se que as condições da estrutura física dessas acomodações nem sempre são adequadas, muitas vezes necessitando de melhorias e de manutenção. Atualmente moram 121 idosos na Vila Padre Alaor, sendo dezenove internos que tem suas próprias casas, podendo sair de dentro da Vila tendo responsabilidade de retornarem às dezesseis horas, enquanto o restante permanece apenas dentro da Vila. A rotina dos idosos é diária, sendo café da manha, banho, almoço, lanche, jantar, mingau e dormir. São quarenta e nove funcionários assalariados, que se dividem em auxiliar e técnico de enfermagem, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e serviços gerais. O enfermeiro, o fisioterapeuta e o nutricionista dão auxilio 24hs atividade esta não oferecida anteriormente. Há também os voluntários que trabalham com salão de beleza, grupo de idosos que levam a dança, faz caminhada junto com os internos da Vila Padre Alaor, as últimas sextas-feiras do mês têm celebração da missa e as segundas-feiras e quartas-feiras realizam culto. As dificuldades encontradas na Vila Padre Alaor se referem à falta de funcionários por motivos financeiros, exigências da vigilância sanitária, falta de médicos conveniados pelo SUS. Eles também recebem queixas dos internos a respeito do abandono dos familiares, os quais alguns não vão visitar-los, deixando os idosos

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abandonados, sozinhos e sem informações do mundo lá fora, ou seja, não sabem se ainda têm familiares lá fora. DESENVOLVIMENTO/ DISCUSSÃO METODOLÓGICA Para a realização do trabalho fomos até o local conhecer, fomos a Vila no dia 03 de setembro, com o intuito de conhecer a Instituição em conjunto, tanto estrutura física, social e histórica. Ao chegarmos à Vila Padre Alaor conversamos com o guarda que gerencia a entrada e saída de pessoas, explicando nosso intuito, pedimos para conversar com a pessoa que poderia nos dar algumas informações sobre o local, o guarda apresentou interesse e disposição ao nos receber, indicando-nos ate a sala da gerente administrativa, a qual estava ocupada vindo a nos receber após trinta minutos. Após a espera fomos recebidos pela gerente administrativa, chamada Celma, nos apresentamos dizendo que somos alunas do curso de Psicologia do UNIPAM, com a proposta do professor em relação à matéria de Psicologia, Instituição e Comunidade, o qual solicita a realização de um projeto, contendo a historia de uma Instituição, sendo que optamos por conhecer a historia da Vila Padre Alaor. A gerente administrativa Celma foi receptiva, mostrando interesse em nos ajudar, falou sobre a história da Vila e nos indicaram um livro chamado Cem anos de Sociedade de São Vicente de Paulo em Patos de Minas, o qual estaria toda a história desde o surgimento, a construção da Instituição, até os acontecimentos do ano de 1993. Em seguida nos apresentou a parte física da Instituição, alguns moradores e funcionários. Agradecemos pela compreensão e boa vontade a partir do nosso intuito de conhecer a Vila Padre Alaor, e marcamos uma próxima visita para conhecermos melhor. Procuramos o livro nas bibliotecas da cidade, mas não encontramos, então voltamos a Vila Padre Alaor no dia 08 de Setembro para solicitarmos o empréstimo do livro que contem a historia da Instituição, novamente fomos recebidos atenciosamente pela Celma a qual mostrou disposta a nos emprestar, sendo que a partir de termos o livro em mãos começamos com a pesquisa sobre historia da Vila Padre Alaor, onde encontramos quase todas as informações necessárias. Depois que o professor pediu o aprofundamento sobre quem trabalha no local e quem mora, voltamos a Vila no dia 19 de setembro para pegar as demais informações, sendo que a Celma nos recebeu bem, foram capazes de nos ajudar no que precisávamos. Após a orientação do professor sobre o trabalho realizado, fomos orientados a voltar a Instituição para aprofundarmos mais na historia da Vila Padre Alaor. Retornamos à Vila Padre Alaor no dia 23 de outubro para conversarmos e 176

esclarecermos melhor sobre determinados assuntos que não havíamos sido esclarecidos. Novamente bem recebidos pela gerente administrativa Celma, a qual nos informou sobre os demais itens que não havíamos entendido. Apesar de que na Instituição não há o profissional Psicólogo, nos relataram que há predisposição da Instituição para trabalhos posteriores, a partir da proposta apresentada a Instituição avaliara a possibilidade deste. Pelo relato apresentado os profissionais principalmente a Celma, aceitaram bem a presença do grupo, mostrando atenciosa e receptivos a cada visita realizada, sendo colaborativos a partir das informações sobre a Instituição Vila Padre Alaor.

DISCUSSÃO TEÓRICA Observou com o presente trabalho uma constante relação sobre o que é o individuo inserido em uma sociedade falha que não dá condições para os idosos obterem uma melhor qualidade de vida. Algumas questões sociais permeiam essa discussão no que diz respeito aos indivíduos e a sociedade no com os idosos, pois a influências que fazem acreditar em estereótipos os quais dizem que eles são fisicamente incapazes e dependentes e assim conseqüentemente são abandonados em morredouros, instituições asilares que não garantem uma melhor qualidade de vida. Esbarramos também constantemente nas relações de poder, a Vila Padre Alaor é mantida pelo Dispensário onde a religião é uma fonte de orientação que embasa e direciona a instituição. A instituição recebe doações e essas são que mantêm a Vila. Ouviu-se muito falar em Folias de Reis, folias estas presentes na cultura mineira e ligada intrinsecamente á religião. Toda a sociedade que participa dessas manifestações culturais faz á sua doação ao Dispensário. Todos os recursos vêm deste dispensário ao qual a instituição está subjugada, porém é importante salientar que são as aposentadorias dos idosos que pagam os salários dos funcionários aspecto esse muito importante, pois seria interessante questionar a não participação das prefeituras uma vez que a instituição se queixa que faltam profissionais e que os que lá estão são poucos devido ao número de internos. O poder que é delegado ao dispensário e é constituído como uma prática social e como tal constituída historicamente. Segundo Foucault (1979) os poderes se exercem em níveis variados e em pontos diferentes da rede social e neste complexo os micros poderes existem integrados ao estado ou não, e este poder ao qual estamos falando está ligado, como já foi dito anteriormente á religião. É importante ressaltar como a religião especificamente a 177

católica esteve tão ligada a política, cabia á ela o poder de decisão sobre a vida dos cristãos em tempos onde reinavam reis e rainhas.Isso há muito tempo atrás, mas precisamente no final da Idade Média quando a ocorreu as Reformas Religiosas, onde ela veio a perder um pouco de sua supremacia. A religião está presente na cultura do estado de minas gerais o que faz com que a maior parte dos mineiros serem católicos e participarem de algum movimento ligado á tal crença. No que tange os conflitos da instituição esses se referem á carência de profissionais que consigam atender todos as necessidades da instituição bem como a falta de profissionais psicólogos. No primeiro contato foi visto uma carência de afeto por parte dos idosos e uma resistência por parte da instituição e em relação á este último aspecto Silvia Lane (1981), diz que todos os processos de formação de hábitos antecedem a institucionalização dos membros, esta ocorrendo sempre quando as atividades tornadas hábitos se amoldam em tipos de ações que são executados por determinados indivíduos. Nesse mesmo pensamento pode-se dizer que os dirigentes da Vila Padre Alaor agem de acordo com as normas estabelecidas ocorrendo eleições bienais. As tipificações elaboradas no curso da história da instituição o que quer dizer que eles são muito resistentes a mudança, pois já tem um roteiro á seguir. Destaca-se então a importância de um especialista que trabalhe na área institucional que investigue esses aspectos a fim de ajudar á resolver conjuntamente com os demais funcionários os conflitos no ambiente institucional. Conflitos como contradições na sua ideologia, afim de não saírem do propósito que eles querem seguir. Além disso, é visível a balança entre o eu e nós o qual neste caso o eu saiu em maior vantagem, pois com o passar dos tempos estamos ficando muito acomodados e impressionados com novas descobertas, novas tecnologias que esquecemos de nossos familiares mais dependentes que precisam de nossa ajuda, estamos sem tempo pra viver, estamos mais ainda nos afundando no egoísmo, nessa sociedade consumista que só se preocupa com seu próprio bem estar. Com a implementação de um psicólogo convêm ressaltar a importância que estes especialistas iriam ter no sentido de trabalhar para o bem estar físico e psicológico dos idosos.

CONCLUSÃO O presente trabalho trouxe uma realidade já conhecida, mas não muito explorada. Ajudou a criar uma atitude crítica no sentido de como isso realmente funciona. Pode se ver em termos práticos as condições em que os idosos vivem, como 178

são tratados, o que sentem, enfim como se relacionam com a instituição e a sociedade. Mediante a isso se pode observar as relações que esta instituição têm com a sociedade e em que condições ela é mantida. Em suma o trabalho trouxe uma ampla visão da necessidade de um especialista, no caso psicólogo, e fez abrir os olhos para um campo de trabalho em que a demanda é grande, mas é ignorada por boa parte das instituições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAREMBLITT, Gregório. Compêndio de análise institucional e outras correntes : teoria e prática. 5ºed.Belo Horizonte,MG,Istituto Felix guatari,2002 Elias, Norbert.A sociedade dos indivíduos.Organizado por Michael Shoroter; tradução Vera Ribeiro; revisão técnica e notas, Renato Janine Ribeiro. Rio de janeiro .Jorge Zahar Ed.,1994. FOUCAULT, Michel. Microfisica do poder.Organização e tradução de Roberto machado.Rio de janeiro;Edições Graal,1979. NEGO, Moreira.Cem anos de Sociedade de São Vicente de Paulo em Patos de Minas. Patos de Minas: Braecon, 2000. “Uma análise dialética do processo grupal” por S.T.M. Lane ET ali,publicado em cadernos PUC – Psicologia,nº11,Educ.,Cortez editora,1981.

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