Pré-história. Os senhores das montanhas, in Genius Loci: O Espírito do Lugar, ed. Câmara Municipal de Sever do Vouga, coord. Eon, Indústrias Criativas, lda, 2013: 42-65.

May 23, 2017 | Autor: P. Sobral de Carv... | Categoria: Megalitismo, Pré-História, sever do vouga
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Capítulo 4

pré-história: os senhores das montanhas.

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Capítulo 4

Pré-história: os senhores das montanhas.

Pedro Sobral de Carvalho

O Homem é o único ser vivo que pensa no Tempo, dividi-o, conta-o e denomina-o. Ao longo da história foram mudando as formas de contar os dias, os meses, os anos. Mesmo hoje, nem todos os seres humanos possuem o mesmo calendário, sobretudo ditado pelas crenças religiosas. Quase toda a cultura ocidental, da qual fazemos parte, mede o tempo com base no calendário Gregoriano que marca oficialmente o ano civil em quase todo o mundo. A capacidade do Homem em comunicar através da Escrita dividiu o Tempo em dois grandes períodos. A História e a Pré-história. Deste modo, as comunidades humanas que

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viveram comunicando sem o recurso a um sistema de escrita denominam-se de sociedades pré-históricas. Convém também termos a noção que os ritmos evolutivos do Homem não são uniformes nem homogéneos. Assim, se, por exemplo, no Próximo Oriente nos finais do IV.º milénio a.C. já se utilizava a escrita cuneiforme, no nosso território estávamos a sair do Neolítico continuando na Pré-história durante mais uns séculos. Neste capítulo iremos tentar mostrar quem eram as pessoas que viviam no território de Sever do Vouga durante a Pré-história, qual o seu modo de vida e quais as suas inquietações.

 Escavações do Dólmen 2 do Chão Redondo. Fotografia tirada por Albuquerque e Castro. Arquivo O. da Veiga Ferreira, cedida por João Luís Cardoso.

Os dados que possuímos sobre as comunidades humanas pré-históricas que viviam em Sever do Vouga resultam apenas dos trabalhos arqueológicos executados nas suas sepulturas, conhecidas por antas ou dólmens. Foram já intervencionados 14 monumentos deste género no concelho: os Dólmens 1 e 2 de Chão Redondo, o dólmen da Capela dos Mouros, o dólmen do Poço dos Mouros, a Sepultura do Rei, na freguesia de Talhadas, os dólmens da Pedra da Moura 1 (ou dólmen da Cerqueira), 4, 5 e 6, a Mamoa do Cabeço de São Tiago, a Mamoa do Lameiro do Ouguedelo, os dólmens do Souto do Coval 1 e 2, na freguesia de Couto de Esteves e a mamoa da Terranha, na freguesia de Dornelas. Muitos destes trabalhos foram efetuados nos meados do séc. XX, transmitindo uma informação algo incompleta e truncada que dificulta a sistematização de resultados. De facto, o concelho de Sever do Vouga foi palco da visita e trabalho de alguns arqueólogos que desde os inícios do séc. XX integraram este território nos seus estudos. Particular relevo para os preciosos trabalhos de Amorim Girão publicados nas suas Antiguidades Préhistóricas de Lafões, em 1921 (Girão, 1921) e para os de Alberto Souto poucos anos mais tarde, sobretudo na década de 30 do séc. XX (Souto, 1932, 1938 e 1942). Não menos importantes foram as pesquisas arqueológicas desenvolvidas na década de 50 e 60 do mesmo século em alguns monumentos por Luís Albuquerque e Castro, Octávio da Veiga Ferreira e Abel Viana, todos eles eminentes arqueólogos à época (Castro, 1958, 1960, 1966 e Castro et alii, 1957). Mais recentemente, em 1988, de referir a escavação e restauro do Dólmen da Pedra da Moura 1 ou Anta da Cerqueira por Ana Bettencourt que realizou igualmente um levantamento arqueológico do concelho, um ano mais tarde complementado por Maria José Bento e Maria José Miranda (Bettencourt, 1981, 1982, 1988a, 1988b, 1989, e Bettencourt et alii, 1988/89; Bento e Miranda, 1989/1990). Nos inícios do séc. XXI Lara Bacelar Alves efetua um exaustivo levantamento da arte

rupestre (Alves, 2000). É nesse mesmo ano que tem início um ambicioso projeto de recuperação e divulgação do património arqueológico promovido pelo município de Sever do Vouga, em que foram escavados e valorizados alguns dólmens na freguesia de Talhadas (Dólmen 2 de Chão Redondo e Anta da Capela dos Mouros) por uma equipa de arqueólogos da empresa Arqueohoje, Lda. (Santos, 2001 e Santos et alii, 2001 e 2010/2011). A continuação desse projeto implicou em 2008 a escavação, restauro e valorização de mais dois monumentos megalíticos em Talhadas (Dólmen do Poço dos Mouros e Sepultura do Rei) por arqueólogos da empresa Mythica Arqueologia (Marques e Marques, 2013a e 2013b). Não poderemos deixar de referir igualmente o importante contributo que Fernando Soares Ramos tem vindo a dar para o conhecimento do concelho de Sever do Vouga através de uma árdua e contínua investigação (Ramos, 1974, 1998, e 2002). Deste modo, articularemos os dados obtidos nestas investigações com outros semelhantes da região Centro de Portugal.

Embora não tenhamos datações absolutas resultantes das escavações arqueológicas feitas nos dólmens do concelho de Sever do Vouga, a comparação dos dados

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arqueográficos, dos seus espólios e das suas arquiteturas, permitem-nos adiantar que datarão dos finais do V.º milénio a.C. os mais antigos vestígios humanos. Estávamos então no Neolítico, mais concretamente a aproximarmo-nos da sua fase final. Conquanto não tenham sido identificados os sítios onde estas populações pré-históricas viviam no território de Sever do Vouga, se tivermos em conta os achados em outras regiões do Centro de Portugal, certamente que podemos pensar que os seus habitats estariam próximos de cursos de água e se caracterizariam por pequenas aldeias compostas por cabanas feitas em material perecível (ramos e folhas) aproveitando os afloramentos rochosos. Se tivermos em consideração a toponímia,a geomorfologia e as lendas associadas a alguns locais de Sever, pensamos que investigações futuras poderiam encontrar alguns desses habitats no local da Pedra Moura em Paradela, no Alto de S. Domingos, em Silva Escura, ou na Cabeço da Moura, em Paradela. Grande parte destes povoados deveriam ter carácter sazonal, espelhando no fundo a sua estratégia de subsistência. Tratam-se de comunidades de pastores e de agricultores que manipulavam de uma forma ainda incipiente a natureza. São os primeiros domesticadores da terra e do gado.

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 Cabeço da Moura, Paradela.

 Machados do Dólmen 2 de Chão Redondo, Talhadas.

Este não foi um processo rápido, exigindo, bem pelo contrário, uma aprendizagem constante baseada na experimentação. Eram os primeiros passos que o Homem dava para controlar eficazmente a sua alimentação. A partir de agora não dependiam unicamente da caça e da recoleção de frutos e de gramíneas selvagens. Começavam a controlar a Natureza, a domesticar os animais e as plantas. Era o começo de uma nova era: o Neolítico. Surgem então várias inovações tecnológicas que empurram o Homem para a obtenção dos seus alimentos. Começa-se a trabalhar a pedra polida, fazendo-se machados essenciais para o derrube de árvores e enxós para a cultivar a terra, o barro, indispensável para armazenar e cozinhar alimentos, surge o arado e sobretudo desenvolvem-se as técnicas de exploração dos recursos naturais.

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A agricultura praticada nesta época era essencialmente a denominada de corte e queima, limpando-se os terrenos com o uso de fogo controlado. Este processo esgotava rapidamente os solos, obrigando as comunidades a partir para novos terrenos. Por ser um processo difícil e sem sucessos garantidos, as comunidades pré-históricas assentavam a sua economia igualmente na caça, pesca e pastorícia. Tinham o que se chama de uma economia de largo espectro que garantia a sua sobrevivência e futuro. A prática da agricultura por estas comunidades pré-históricas nas terras de Sever do Vouga é-nos testemunhada pelo achado de primitivos moinhos manuais nos monu-

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mentos da Pedra da Moura 1, dólmen 2 de Chão Redondo, Poço dos Mouros e Sepultura do Rei. A presença deste elementos de moagem mostra, por um lado, o moinho como um bem tão importante no quotidiano que tinha que fazer parte do ritual da morte, por outro, pode indiciar a presença de povoados próximos dos monumentos funerários. O achado de machados e enxós em pedra polida é também indiciador da prática da agricultura. Com estas ferramentas derrubavam-se as árvores e revolviam-se solos. É também pelos espólios funerários que podemos aferir que a principal base de subsistência destas comunidades deveria ser a caça e a pesca.

 Rio Alfusqueiro, Talhadas.

 Rio Lordelo, Parada.

 Fragmento de moinho manual proveniente do Dólmen 2 de Chão Redondo.

 Homem a utilizar o machado de pedra polida. Ilustração de Paulo Passos.

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Assim se justifica a presença percentualmente mais expressiva de micrólitos geométricos e a adopção progressiva da ponta de seta. Efetivamente, os micrólitos geométricos são peças de pequenas dimensões, em sílex ou quartzo, que podiam ser usadas como pontas de projétil ou compor um arpão (ver esquemas) extremamente úteis para matar animais de pequeno porte e rápidos (aves, coelhos, peixes, etc).

2 cm

3cm

 Micrólitos provenientes do Dólmen da Pedra da Moura 1, seg. Bettencourt, 1989.

 Esquema de utilização dos micrólitos geométricos.

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Contudo, a verdadeira marca destas comunidades neolíticas prende-se com a capacidade de perpetuarem a sua crença na vida para lá da morte através da edificação de enormes monumentos em pedra, as antas ou dólmens. Estes monumentos megalíticos (mega = grande, lithos = pedra) são as primeiras e as mais imponentes construções feitas pelo Homem neste território. Espelham essencialmente uma vontade colectiva de adorar e respeitar os antepassados e os mortos. Os dólmens são sepulturas coletivas onde apenas algumas pessoas seriam depositadas, mas são sobretudo templos onde a(s) comunidade(s) se reuniam periodicamente nos rituais fúnebres e onde se adorava o antepassado como entidade. Verdadeiramente impressionante é percebermos que a edificação destes monumentos resulta do enorme esforço de uma ou mais comunidades, que como vimos, viviam em frustes cabanas e viviam de uma forma algo precária. Não obstante, dispunham-se a despender do seu tempo e energia para transportar as tone-

ladas de pedras e terras necessárias para a construção destas sepulturas. Perpetuavam assim as suas memórias e as suas crenças. Sinalizavam no espaço e no tempo a sua passagem pelo território. Os arqueólogos denominam por “megalitismo” o fenómeno que se caracteriza pela construção de dólmens e de menires. Mas o mais correto seria chamar de “megalitismos”, pois existem variadas soluções arquitectónicas que coexistem no mesmo período e espaço. Assim, torna-se ainda mais difícil transmitir uma mensagem clara sobre estes monumentos. A primeira ideia que temos que reter, é que não há dois monumentos iguais. O que existe são várias formas arquitectónicas que as comunidades adotaram para serem “contentores” dos mortos mais importantes. Podemos, no entanto, afirmar com alguma segurança que o dólmen típico do Centro de Portugal é o dólmen de corredor, belissimamente testemunhado pelos dólmens 1 da Pedra da Moura e Lameiro do Ouguedelo, na freguesia de Couto de Esteves.

 Dólmen da Pedra da Moura 1, Couto de Esteves.

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Mas, se existe região onde o polimorfismo arquitectónico assume a principal característica do megalitismo, é o Centro Norte Litoral de Portugal onde se encontra o concelho de Sever do Vouga. A par de outros concelhos vizinhos onde foram desenvolvidos alguns estudos sistemáticos nesta área, como é o caso de Albergaria e Arouca, também em Sever do Vouga podemos assistir a uma substancial variedade de soluções arquitectónicas megalíticas. Contudo, existe um denominador comum: os dólmens do neolítico encontram-se distribuídos por necrópoles geralmente localizadas em planaltos. De facto, a escolha do local para a construção de um novo monumento era um momento simbólico. Na maioria das vezes havia que respeitar um monumento já existente. Eram espaços com uma ordem própria e carregados de misticismo. Estas necrópoles ou cemitérios iam sendo ampliadas com a construção de novos mo-

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numentos ao longo de séculos. Eram espaços dinâmicos, havendo casos como a necrópole da Pedra da Moura (freguesia de Couto de Esteves) em que acabam por coexistir sepulturas do neolítico e sepulcros da Idade do Bronze. No centro da necrópole encontra-se o sepulcro mais antigo e é a partir daí que se expande. Existem exemplos magníficos no Centro de Portugal como a necrópole de Areita (S. João da Pesqueira), necrópoles da Senhora do Monte e da Lameira de Cima (Penedono), necrópole da serra da Nave (Moimenta da Beira), necrópole do Carapito (Aguiar da Beira), necrópole do Vale de Fachas (Viseu), entre muitas outras. Tratam-se de necrópoles com dezenas de monumentos de volumetrias diferentes. Alguns são enormes montes com mais de 3m de altura, outros com apenas alguns centímetros, marcas quase indeléveis no terreno.

 Mamoa do Lameiro de Ouguedelo, Couto de Esteves.

 Mamoa da Pedra da Moura 3, Couto de Esteves.

O estado da investigação não nos permite avançar com total segurança sobre a cronologia dos monumentos mais antigos. No entanto, os dados disponíveis indicam que os dólmens mais antigos da Beira Alta terão sido edificados nos finais do V.º / inícios do IV.º milénio a.C. Foi neste período que terão sido construídos os maiores monumentos da Beira Alta com e sem corredor de acesso. Destaque especial para o Dólmen do Carapito (Aguiar da Beira), Dólmen da Capela da Senhora do Monte (Penedono) e o Dólmen de Areita (S. João da Pesqueira). Havia uma clara intenção de construir uma identidade e qual a melhor maneira de o fazer senão criando um território onde a(s) comunidade(s) comungasse(m) de um mesmo propósito? A construção de um dólmen era um processo difícil, árduo e moroso. Exigia muito esforço e conhecimento. Não era apenas a dificuldade de manusear os grandes esteios da estrutura interna, mas também a enorme quantidade de pedras e de terras necessárias para construir a mamoa. Tudo isto porque havia uma intenção clara de conceber um espaço fechado, uma espécie de gruta artificial, um espaço escuro, secreto e sombrio. De facto,

e ao invés do que normalmente se julga, as antas ou dólmens eram cobertas por uma massa de terras e pedras que o envolviam e cobriam formando um volume em forma de mama, por isso denominado de mamoa. Assim, temos, por um lado, a estrutura interna, o “esqueleto” da sepultura e por outro o volume de terras e pedras que o cobria, a mamoa ou tumulus. A primeira é constituída por pedras (esteios) colocadas verticalmente, ou ligeiramente inclinadas para o interior, encostadas ou imbricadas umas às outras. O principal espaço do sepulcro é a câmara funerária à qual, em muitos do casos, se acedia por um corredor. As câmaras funerárias são o local privilegiado para depositar os mortos, embora haja casos onde também foram identificados corpos no corredor. A sua planta é normalmente poligonal e composta por sete ou nove esteios, sendo um deles — o esteio de cabeceira — o único que estava perfeitamente vertical e onde os restantes monólitos descarregam o peso. A estabilidade desta estrutura era reforçada pela construção de um contraforte de pedras que encostava pelo exterior à base dos esteios e sobretudo pela colocação de uma pesada tampa ou chapéu.

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câmara

chapéu

tampas

esteios

corredor corredor intratumular

mamoa

mamoa

átrio

fecho do átrio

O acesso a este espaço é geralmente feito através de um corredor, mais ou menos longo. Quando este não existia, o acesso à câmara era efetuado por uma depressão que existia no topo da mamoa. A fechar o corredor era colocada uma porta, raramente conservada mas que ainda pode ser observada no Poço dos Mouros (freguesia de Talhadas). Defronte ao corredor existia um espaço completamente diferente, o átrio. Era uma zona pública, aberta, onde eram efetuados os rituais fúnebres e onde a comunidade participaria. Aí acendiam-se fogueiras, depositavam-se ídolos e outros objetos, rezava-se e chorava-se. Os átrios também não são todos iguais, mas em geral encontram-se descentrados do eixo do monumento e são delimitados por um anel de pedras denominado de “fecho do átrio”.

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 Esquema de um dólmen.

 Dólmen do Poço dos Mouros, Talhadas. Pormenor da porta ainda in situ.

 Anta da Capela dos Mouros, Talhadas. Átrio.

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Quando o sepulcro deixava de poder receber mais corpos, todo o espaço do átrio era selado com a deposição de pedras, normalmente de pequena dimensão. Tratava-se de um ato ritual, certamente acompanhado de rituais próprios que se podem aferir através da escolha de algumas pedras como aconteceu por exemplo no Poço dos Mouros, onde foi identificada uma camada de quartzos brancos (Marques e Marques, 2013a), ou através do depósito de instrumentos como é o exemplo do machado colocado no átrio do Dólmen do Chão Redondo 2 (freguesia de Talhadas) (Santos et alii, 2010/2011). O conjunto destes espaços, câmara e corredor, eram cobertos pela construção de um volume de terras e de pedras, a mamoa ou tumulus. Por vezes, este volume é apenas constituído por pedras, como no Poço dos Mouros denominando-se de cairn. As mamoas são tanto maiores conforme é a dimensão da estrutura interna. O que se tem verificado em outras regiões, tanto do centro como do norte de Portugal, é que existe uma tendência para os monumentos irem diminuindo de tamanho, conforme entramos na Idade do Cobre e sobretudo na Idade do Bronze. Este fato reflete essencialmente uma mudança nos rituais da morte sentida essencialmente a partir dos finais do 3.º milénio a.C., altura em que os túmulos assumem progressivamente um carácter individual, como poderá ser o caso da Sepultura do Rei (freguesia de Talhadas), refletindo, como veremos, mudanças sociais e de mentalidades.

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 Sepultura do Rei, Talhadas.

 Dólmen do Poço dos Mouros, Talhadas. Átrio.

 Dólmen do Poço dos Mouros, Talhadas. Pormenor do cairn.

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O final da Idade do Bronze, por volta do séc. X a.C. é marcado pela edificação de mamoas de pequenas dimensões que encerram soluções diversas de tumulações que podem ir desde cistas a fossas abertas no saibro. O denominador comum é, no entanto, a mudança de ritual, generalizando-se então a inceneração. Estas pequenas mamoas encontram-se muitas das vezes em redor dos dólmens do Neolítico, como acontece por exemplo na necrópole da Pedra da Moura (freguesia de Couto de Esteves), mas existem exemplos de haver monumentos isolados em pequenas esplanadas como é o exemplo da Mamoa do Fojo (freguesia de Silva Escura). Assim, quando visitamos uma necrópole pré-histórica temos que olhá-la e perceber que estamos num espaço sagrado que foi dinâmico durante centenas ou milhares de anos. São territórios onde dezenas de gerações depositaram os seus entes queridos, onde voltavam periodicamente numa atitude de respeito pelos antepassados.

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Uma outra manifestação do megalitismo são os menires. Ao invés dos dólmens, os menires são monumentos votivos, junto dos quais se realizariam cerimónias relacionadas muito provavelmente com o culto da fecundidade. Os menires, monumentos carregados de um simbolismo que hoje nos escapa na sua essência, eram igualmente importantes marcos na paisagem que poderiam diferenciar ou delimitar territórios sagrados. Bastante frequentes no sul, rareiam no centro e norte de Portugal. No concelho de Sever do Vouga podemos referir um menir: o menir dos Lameirinhos, na freguesia de Dornelas. Encontra-se precisamente na delimitação das freguesias de Dornelas e Rocas do Vouga (concelho de Sever do Vouga) e de Junqueira (concelho de Vale de Cambra). Este valor simbólico de demarcação de territórios prevalece ainda hoje, mas tem origem certamente nas vias de passagem que ao longo de milhares de anos atravessam a Serra do Arestal.

 Mamoa do Fojo, Silva Escura.

 Menir dos Lameirinhos, Dornelas.

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LEGENDA No momento atual das investigações, podemos adiantar que as necrópoles megalíticas de Sever do Vouga se encontram preferencialmente distribuídas em ambiente de serra, tendo como cenário principal a Serra do Arestal, tanto no seu topo como as plataformas que acompanham. No concelho são conhecidas 41 mamoas (8 hoje destruídas), umas do neolítico, outras certamente posteriores, distribuídas um pouco por todo o território, mas como uma especial incidência na freguesia de Talhadas e de Couto de Esteves. No entanto, gostaríamos de alertar que a análise dos topónimos e as informações orais recolhidas, apontam para existência de bastantes mais monumentos. Exemplo claro disto é a necrópole do Alto dos Padrões, na freguesia de Sever do Vouga, da qual já não resta nenhum monumento, apenas aferidos pela toponímia (“Mamua”, “Alto das Antas”, “Vale da Anta”) totalmente destruída pela construção do parque industrial de Sever do Vouga. Estamos igualmente convencidos que mais monumentos haverá escondidos pela vegetação, bem como terá havido muitos que já desapareceram em prol do progresso.

 Monumentos pré-históricos do concelho de Sever do Vouga.

Mamoas / dólmens

1

Mamoa da Lomba 1



2

Mamoa da Lomba 2



3

Mamoa da Cheirinha 1



4

Mamoa da Cheirinha 2



5

Mamoa da Terranha



6

Mamoa da Espinheirinha



7

Mamoa d’ Alagôa/Alto Biso



8

Mamoa do Lameiro do Ouguedelo



9

Mamoa do Souto Coval 3



10

Mamoa do Souto Coval 2



11

Mamoa do Souto Coval 1



13

Mamoa da Pedra da Moura 5



14

Mamoa da Pedra da Moura 4



15

Mamoa da Pedra da Moura 3



16

Mamao da Pedra da Moura 12



17

Mamoa da Pedra da Moura 11



19

Mamoa da Pedra da Moura 10



20

Mamoa da Pedra da Moura 13



21

Mamoa da Pedra da Moura 2



22

Mamoa da Pedra da Moura 8



23

Mamoa da Pedra da Moura 7



27

Mamoa do Cabeço do Fojo



28

Mamoa de Parada



29

Mamoa de Lameiras



30

Mamoa de Bouças



31

Mamoa do Fojo



32

Mamoa 1 de Paredes de St. Adrião



33

Mamoa 2 de Paredes de St. Adrião



34

Anta da Capela dos Mouros



35

Sepultura do Rei



36

Mamoa do Campo da Canoa



37

Dólmen do Poço dos Mouros

Mamoas / dólmens destruídos

12

Dólmen Pedra da Moura 1



18

Mamoa da Pedra da Moura 9



24

Mamoa da Pedra da Moura 6



25

Mamoa da Cerqueira 1



26

Mamoa de Campelos/ Vale de Asno

MENIRES 05 8 • G E NIUS LOCI

38

Menir dos Lameirinhos

1 2

3 4 5

38

10 11

8

7

9

27

22 20 21 17 23 12 13 18

24

6 26

28

25

29

30

31

32

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34

35

26

37

39

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A arquitetura dos monumentos funerários sob mamoa (tumulus) do concelho de Sever do Vouga é extremamente variada e compreende, como vimos, monumentos dolménicos geralmente de grande porte e monumentos de menores dimensões com estruturas internas ainda desconhecidas. Podemos, como hipóteses de trabalho, criar os seguintes grandes grupos, alguns com variantes que não vamos agora explorar:

TIPO 1

Dólmen 2 de Chão Redondo

— TIPO 1 Monumentos de câmara poligonal e corredor de acesso, diferenciado em planta e alçado: Dólmen da Pedra da Moura 1, Mamoa do Lameiro do Ouguedelo, Mamoa 1 de Paredes de St.º Adrião e Chão Redondo 2; — TIPO 2 Monumentos de câmara poligonal e corredor de acesso pouco diferenciado em planta e em alçado: Anta da Capela dos Mouros, Dólmen do Poço dos Mouros e Mamoa do Souto Coval 1; — TIPO 3 Monumentos com câmara simples de planta quadrada (cista megalítica): Pedra da Moura 5 e 6;

Dólmen da Pedra da Moura 1 /Anta da Cerqueira

— TIPO 4 Monumentos com câmara simples de planta trapezoidal: Pedra da Moura 4; — TIPO 5 Monumento com câmara simples de planta retangular: Sepultura do Rei; — TIPO 6 Mamoas de pequenas dimensões com estruturas internas desconhecidas: Mamoa do Fojo, Mamoa da Cheirinha 2, Mamoa de Parada, Cabeço do Fojo e Pedra da Moura 11 e 12.

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Mamoa do Lameiro do Ouguedelo

TIPO 2

TIPO 3

TIPO 5

Anta da Capela dos Mouros

Dólmen da Pedra da Moura 6

Sepultura do Rei

Dólmen da Pedra da Moura 5

Dólmen do Poço dos Mouros

TIPO 4

Dólmen da Pedra da Moura 4 Dólmen do Souto do Coval 1

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A distribuição dos monumentos também não é homogénea. Se efetivamente temos monumentos integrados em autênticas necrópoles como a da Pedra da Moura, a grande maioria encontra-se organizada em pequenos núcleos de 2 ou 3 monumentos como acontece com os dólmens de Chão Redondo, St.º Adrião, Souto do Coval, Lomba, Capela dos Mouros, Lomba e Cheirinha. Os restantes encontram-se hoje algo isolados, podendo isto, no entanto, resultar da destruição de monumentos que lhes estariam próximos. Monumentos isolados de grande porte em sítios com ampla visibilidade territorial encontram-se a Mamoa do Lameiro do Ouguedelo, a Mamoa das Pereiras, a Mamoa do Campo da Canoa, a Mamoa da Terranha e a Mamoa da Espinheirinha. Fora desta lógica, mas também isolado, encontra-se o Dólmen do Poço dos Mouros, que embora seja um grande monumento, encontra-se localizado numa pequena plataforma rodeada de afloramentos e com reduzida visibilidade. Por último, dois monumentos que se encontram isolados que possuem características díspares. Por um lado a pequena mamoa do Fojo sozinha no limite de uma pequena explanada e por outro o interessantíssimo monumento denominado por Sepultura do Rei, isolado e “fechado” na paisagem, também localizado numa pequena chã com reduzida amplitude visual. A grande maioria dos monumentos encontra-se localizada entre os 400 m e os 600 m (82,5%), próximos de linhas de água e de terrenos com aptidão agrícola que cer-

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tamente explorariam de uma forma periódica. Pensamos, por isso, que os seus povoados não estariam longe destes monumentos, bem pelo contrário, seriam integrados nas áreas que exploravam, fosse como pastores, agricultores ou caçadores/pescadores. Traçar uma linha evolutiva destes monumentos sem possuirmos datações radiocarbónicas, revela-se um tanto arriscado e passível de considerações menos certas, tanto mais que algumas das escavações arqueológicas foram efetuadas há cerca de 50 anos. No entanto, e tendo em conta o carácter deste livro, não queríamos deixar de adiantar algumas hipóteses. Em termos genéricos, se atendermos aos estudos feitos em outras regiões do Norte e Centro de Portugal e ao espólio dos monumentos de Sever do Vouga, podemos apontar os finais do V.º/Inícios do IV.ºmilénio a.C. (há cerca de 6000 anos) para o início da construção de grandes dólmens. Seria um período marcado pela ausência de cerâmica e de pontas de seta, mas com micrólitos e instrumentos de pedra polida. Estão neste pacote a Pedra da Moura 5 e 6, Mamoa do Lameiro do Ouguedelo, Mamoa da Terranha, Anta da Capela dos Mouros, Dólmens 1 e 2 de Chão Redondo. Assim, teremos uma primeira fase do megalitismo, ainda no Neolítico, caraterizada por grandes monumentos com esqueletos internos díspares: monumentos de câmara e corredor diferenciado e indiferenciado e monumentos de câmara simples, fechadas tipo cista megalítica.

 Dólmen 2 de Chão Redondo, Talhadas, 2013.

 Mamoa do Lameiro do Ouguedelo, Couto de Esteves.

 Dólmen 2 de Chão Redondo, Couto de Esteves. Planta, alçados e gravuras, seg. Leisner, 1998.

Também nesta fase antiga terão sido surgido as primeiras manifestações de arte megalítica. De facto, se as manifestações artísticas , gravadas e/ou pintadas no interior dos dólmens são um fenómeno com grande expressão na Beira Alta e na Galiza, já na região centro litoral, são menos frequentes. No entanto, é precisamente no concelho de Sever do Vouga que reside um dos mais espetaculares exemplos de arte megalítica. Referimo-nos aos motivos gravados nos esteios do Dólmen 2 de Chão Redondo. Alvo de inúmeras interpretações, interessa reter que os motivos gravados no esteio de cabeceira são únicos, não se integrando em nenhuma “província artística” conhecida. Os motivos gravados neste monumento parecem refletir preferencialmente uma influência da arte tumular do norte e leste em detrimento das sentidas na Beira Alta bastante relacionadas com a arte esquemática e gravada de ar livre. Efetivamente, este monumento apresenta um carácter tão sui generis que é, sem dúvida, um dos baluartes da arte megalítica portuguesa.

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Os motivos gravados patentes no esteio de cabeceira do Dólmen da Pedra da Moura 1 são motivos comuns a outra áreas onde existe arte megalítica, interessando, no entanto sublinhar que são atributos que ao serem gravados no monumento lhe atribuem alguma individualidade em relação aos restantes monumentos da necrópole. Uma segunda fase, que terá acontecido pouco depois, talvez logo nos meados IV.º milénio (há cerca de 5000 anos) deve corresponder ao apogeu do megalitismo regional sendo marcada pelo aparecimento de pontas de seta e de cerâmica nos espólios funerários. Estão neste caso a Mamoa Souto do Coval 1, o Dólmen do Poço dos Mouros e o Dólmen da Pedra da Moura 1. É uma etapa caracterizada essencialmente por pequenas nuances arquitectónicas dos dólmens de câmara e corredor diferenciado. O Dólmen do Poço dos Mouros, indiferenciado apenas em alçado, parece ser o elo entre os monumentos de planta e alçado indiferenciados, como é a Anta da Capela dos Mouros, para os monumentos clássicos de corredor completamente diferenciados em planta e alçado. Uma etapa posterior de difícil aferição, mas certamente integrada nos finais do Calcolítico/Inícios Idade do Bronze (finais do III.º / inícios do II.º milénio a.C. —

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2300–2200 a 1700/1600 a.C.), poderá ser caracterizada pela construção de uma sepultura individual, a Sepultura do Rei, e pela reutilização de alguns monumentos mais antigos como parece ter acontecido na Mamoa da Terranha. Por último, edificam-se pequenas mamoas provavelmente já nos finais do II.º / inícios do I.º milénio (há cerca de 3000 anos) isoladas (Mamoa do Fojo) ou vizinhas de mamoas neolíticas (Cheirinha 2). Desconhecem-se os seus espólios e arquiteturas, mas encerram certamente sepulturas com rituais de incineração que podem ser pequenos covachos ou cistas com urnas e cinzas. As comunidades humanas pré-históricas que viveram no território de Sever do Vouga, comungavam, como vimos, de uma intrínseca união com o ambiente que os rodeava. Exploravam como podiam e sabiam os recursos naturais. Escolhiam os espaços onde veneravam os seus antepassados. Marcavam com símbolos o seu território. A sua inteligência e força permitiu-lhes adaptarem-se e sobreviver em períodos difíceis, mas o seu sucesso é, sem dúvida, uma das maiores contribuições para a identidade do concelho de Sever do Vouga. O seu espírito ainda sobrevive em cada monumento, em cada peça, em cada agricultor e pastor de quem são os longínquos ancestrais.

 Dólmen da Pedra da Moura 1, Couto de Esteves.

 Dólmen da Poço dos Mouros, Talhadas.

 Mamoa da Terranha, Dornelas. Planta, alçado e espólio exumado por A. Souto, seg. Leisner (Leisner, 1998).

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Capítulo 11

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