Pré-Socráticos #1: Os Filósofos da Natureza

Pré-Socráticos #1: Os Filósofos da Natureza

"A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. " (ARISTÓTELES. Metafísica, I)
Também conhecidos como os Filósofos da Natureza, os pré-socráticos são os primeiros que podemos chamar de filósofos. Isso se dá por causa do rompimento com o pensamento mitológico, que até então era a base do conhecimento desses povos. A Grécia não era unificada nesta época e o mito tinha uma função fundamental de dar a esses povos uma cultura em comum. Por meio da epopeia, os mitos de criação eram difundidos como verdades, como conhecimento.
Esse conhecimento mitológico servia de explicação para grandes dúvidas, como fenômenos naturais, biológicos e até a origem do universo. Nesse contexto surge o pensamento pré-socrático, no momento em que o homem para de aceitar apenas a verdade mitológica e parte para a busca do conhecimento a partir do questionamento.
Os pré-socráticos datam de um período entre o século VII a.C. e o século IV a.C. mas o que torna um filósofo um pré-socrático não é o fato de ter vindo antes de Sócrates. O que os torna pré-socráticos, ou filósofos da natureza, é a busca por algo comum a tudo, uma Arché, que pode ser traduzida como princípio universal.
Esses filósofos podem ser divididos em escolas, mas nem todos os filósofos que estão categorizados assim realmente se identificavam como membros da escola designada. Apesar disso, esse tipo de categorização ajuda a ampliar partes do período e estudar mais a fundo o desenvolvimento do pensamento pré-socrático.
A escola jônica, a primeira em toda a história da filosofia, com filósofos como Tales, Anaximandro e Anaxímenes de Mileto e também Heráclito de Éfeso. Nesse período, predominava no pensamento filosófico uma visão Materialista Monista, que acreditava que tudo é feito de um princípio único, portanto todos os filósofos têm uma arché bem definida e por vezes são coisas reais como no caso de Tales, a água.
Outra escola importante é a Escola Pitagórica, fundada por Pitágoras em Samos, que ficou muito conhecida ainda no mundo antigo e fazia matemática em uma época em que filosofia e matemática não eram campos distintos. Os pitagóricos utilizaram da estrutura da religiosidade órfica presente em Samos, mas mudando suas práticas, eles acreditavam em uma purificação do ser por meio do raciocínio e assim descobrindo a estrutura matemática do que se estuda.
Com o tempo a filosofia foi se voltando aos humanos, e a Escola Eleática foi pioneira em estudar a ontologia, o estudo do ser. Parmênides é considerado o pai da ontologia, ele tratava de assuntos como verdade e opinião.
Uma outra parte importante do pensamento pré-socrático é a Escola Atomista, que também foi muito importante para a química pois foi o pensamento que gerou a hipótese da existência do átomo. Essa escola foi fundada por Leucipo e continuada por seu discípulo, Demócrito de Abdera.
Os escritos destes pensadores, em sua grande maioria, foram perdidos com o tempo. Seus pensamentos chegaram aos dias de hoje por meio dos doxógrafos, os compiladores destas doutrinas filosóficas. Entre outros nomes, alguns dos que nos permitiram contato com estes pensamentos são Diógenes Laércio e Aristóteles.

Referências:
ARISTÓTELES. Metafísica, I
PESSANHA, José. Os Pré-Socráticos, São Paulo: 1999 Nova Cultural