Precisamos Falar sobre o Kevin: o papel do monstro na contemporaneidade

July 8, 2017 | Autor: Nicole Ayres | Categoria: Teoria da literatura, Literatura Norte-Americana
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Textos Completos do XII painel - As arquiteturas do medo e o insólito ficcional / ISBN 978-85-8199-023-1

Precisamos falar sobre o Kevin: O papel do monstro na contemporaneidade Nicole Ayres Luz1 Monstros são reais e fantasmas são reais também. Vivem dentro de nós e, às vezes, vencem. Stephen King

Introdução Este trabalho propõe uma leitura do livro Precisamos Falar sobre o Kevin, de Lionel Shriver, com foco nos atributos monstruosos conferidos aos personagens Kevin e sua mãe Eva. Depois que Kevin realiza um massacre em sua escola, Eva vasculha o passado em busca de explicações e justificativas. Em suas reflexões, ela vai se deparar com a possibilidade de que o verdadeiro monstro possa estar em si mesma, identificando Kevin como uma espécie de seu duplo. Enquanto isso, o leitor é provocado por uma narrativa amarga e realista, em que são postos em questão valores e problemas da sociedade contemporânea, como a formação familiar, o distanciamento entre as pessoas e a sensação de ameaça constante, representada pelo outro. A Trama O romance de Lionel Shriver é composto por uma série de cartas que a protagonista, Eva Khatchadourian, escreve ao marido ausente. Nessas cartas, de tom realista e amargo, ela relembra com detalhes o passado, na tentativa de entender o que levou Kevin, seu primogênito, a realizar um massacre em sua escola, deixando nove mortos e dois feridos. Ao final, fica claro que essas cartas são, na verdade, uma espécie de diário, em que Eva pode analisar toda a situação (social e familiar) por que passou e expor seus sentimentos sem ser julgada por ninguém, nem mesmo pelo marido, com quem nunca conseguiu conversar tão abertamente. Eva, uma americana cujos pais são de origem armênia, é uma agente de viagens bem sucedida e com sede de se aventurar pelo mundo. Ela se casa por volta dos trinta anos com Franklin Plaskett, um americano, trabalhador autônomo, nacionalista, bonachão e acomodado. Eles são felizes e levam uma vida divertida, embora Franklin sinta falta de Eva, que viaja constantemente a trabalho. São perceptíveis os desejos contrastantes: o dele, de ter uma vida 1  Graduanda em Letras português/francês pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e orientada pelo Professor Doutor Julio França.

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