Predação de cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus (Illiger, 1815) (Mammalia, cervidae) por onça-parda Puma concolor (Linnaeus, 1771) (Mammalia, felidae) no entorno do reservatório da Usina Hidrelétrica \"Sergio Mota\", Bacia do Rio Paraná.

August 1, 2017 | Autor: Hernani Ramos | Categoria: Cervidae
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PREDAÇÃO DE CERVO-DO-PANTANAL Blastocerus dichotomus (ILLIGER, 1815) (MAMMALIA, CERVIDAE) POR ONÇA-PARDA Puma concolor (LINNAEUS, 1771) (MAMMALIA, FELIDAE) NO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA “SÉRGIO MOTA”, BACIA DO RIO PARANÁ. Marcos Rogério Soares Lemes1, 2*, Artur Andriolo1,3, Ubiratan Piovezan1,4,5, Hermógenes Aparecido Torres1; Hernani Gomes da Cunha Ramos1, 6,**, Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa1, 7 e José Maurício Barbanti Duarte1, 7. 1-Projeto Cervídeos Brasileiros; 2-Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Comportamento Animal/UFJF; 3-Departamento de Zoologia, ICB/UFJF; 4-EMBRAPA/Pantanal - CPAP; 5-Programa de Pós-Graduação em Ecologia/UNB; 6-Programa de Pós-Graduação em Reprodução Animal, UNESP/Jaboticabal; 7-Departamento de Zootecnia, FCAV/UNESP/ Jaboticabal. *Bolsista CAPES; **Bolsista CNPq FOTOS: PROJETO CERVÍDEOS BRASILEIROS

1. INTRODUÇÃO

Fonte: www.portalbrasil.com.br

O cervo-do-pantanal ocorre em áreas abertas, periodicamente alagadas como várzeas, pântanos e savanas inundadas, chegam a pesar até 150 kg (Walker, 1975).Apresentam como principais predadores naturais a onça-pintada (Panthera onca, Linnaeus, 1758) e a onça-parda (Linnaeus, 1771), esta sabidamente considerada uma predadora estrategista de animais de pequeno e médio porte (Emmons, 1987; Iriarte et al., 1990). Apesar de ser o maior representante da família cervidae na América do Sul (Ribeiro, 1919), somente Torres et al. (2001) relatou dois casos de predação por onça, na região adjacente ao leito do rio Paraná. O objetivo deste trabalho foi avaliar as predações sofridas por cervos nas áreas de várzea da bacia do Paraná, ao longo do reservatório da Usina Hidrelétrica “Sérgio Motta”.

Rio Verde Rio Aguapeí

C. Cisalpina

Rio Peixe

Rio Paraná

FIG. 1- Localização das áreas de monitoramento de cervo-dopantanal, na região da bacia do Paraná.

FIG.4 - Alguns aspectos das predações: 1) Fêmea adulta (rio Verde) encontrada com lâmina d’água superior a 20 cm; 2) Detalhe da costela predada; 3) Fêmea adulta (rio Aguapeí) predada por suçuarana em 25/05/2001, próximo ao local de morte, foi visualizado, em sobrevôo, um exemplar de Puma concolor; 4) Macho adulto (rio do Peixe) coberto com mato; 5) O mesmo macho, depois de 12 dias; e 6) Fêmea jovem (rio Aguapeí), filhote com seis meses de idade, predada em Setembro de 2001, porção ventral totalmente devorada.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Constatou-se que 8 animais (9,88%) foram predados por onça-parda. Observou-se que 62,50% (n=5) das predações ocorreram no final do período seco e começo das águas.

Fonte: CESP

Média

2,5 km

2. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado de dezembro de 2000 a abril de 2002, nas áreas adjacentes ao leito do rio do Peixe (Pres. Epitácio-Panorama, SP), rio Verde (Brasilândia, MS), rio Aguapeí (Paulicéia-São João do Pau D'Alho, SP) e rio Paraná (Quebracho e Nova Porto XV, MS), com 81 cervos monitorados semanalmente através de telemetria, sendo 48 fêmeas adultas (59%), 29 machos adultos (35%) e 4 filhotes lactentes (5%). Constatada a morte de um animal e observado sinais de predação coletavam-se registros fotográficos, ossos consumidos, vestígios deixados pelo predador e restos mortais para melhor análise posterior. Alguns critérios foram utilizados para a identificação do predador, como a presença de hematomas na região da mordida, posição da carcaça, especialmente a cabeça, ocorrência de fraturas, quantidade das partes internas e externas consumidas, distância entre as marcas dos caninos, observação se a carcaça estava coberta por folhas ou matéria orgânica, tamanho e forma da pegada, restos de pêlos, fezes, presença de arranhões no solo e histórico de predações da região (Morato, 1999; Oliveira et al., 2002).

Meses

Fig 2 - Descrição do sexo, peso, idade, estimados na captura e a média mensal de indivíduos monitorados, que constituem as presas potenciais, nas respectivas áreas de ocorrência, observando algumas predações .

Fig 3 - Freqüência de predações mensais de cervos-do-pantanal por onça-parda, durante o período de monitoramento na bacia do Paraná, em 2000 e 2002.

4. CONCLUSÕES • O cervo-do-pantanal é uma presa para onças-pardas; • A degradação dos ecossistemas naturais dessa região é crescente, a constatação de interações ecológicas entre presa e predador considerando mamíferos de grande porte, comprova o papel fundamental da estrutura dessas áreas, para a manutenção da biodiversidade da região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMMONS LH (1987) Comparative feeding ecology of felids in a neotropical rainforest. Behavior Ecology and Sociobiology, 20: 271-283 IRIARTE JA, FRANKLIN WL, JOHNSON WE, REDFORD KH (1990) Biogeographic ariation of food habits and body size of the american puma. Oecologia 85:185-190. MORATO RLG (1999) Controle da predação de carnívoros Selvagens. Clínica Veterinária, pp 46-7, Ano IV, n 21, Editora Guará. OLIVEIRA TG, CAVALCANTI SMC & LEITE-PITMAN MRP (2002) Identificação de predadores de animais Domésticos. In: Manual de Identificação, Prevenção e Controle de Predação por Carnívoros. Leite Pitman MRP, Oliveira TG, Cavalcanti SMC, de Paula RC e Indrusiak C Eds. (2002) Site pró-carnívoros - www.procarnivoros.com.br. RIBEIRO AM (1919) Veados do Brasil segundo as coleções Rondon e de vários museus nacionais e estrangeiros. Revista do Museu Paulista, 11: 213-308. TORRES HA, OLIVEIRA JM, LEMES MRS, BALTA OS, RAMOS HCG, ANDRIOLO A, PIOVEZAN U, DA COSTA MP, DUARTE JMB (2002) Predatismo de cervo-do-Pantanal (Blastocerus dichotomus) por onças na região do reservatório da Usina hidrelétrica de Porto Primavera, Bacia do rio Paraná, Brasil. In: Livro de resumos - XXIV Congresso Brasileiro de Zoologia - A Zoologia e os Ecossistemas costeiros, p. 543, Itajaí, Santa Catarina. WALKER E (1975) Mammals of the world. Baltimore and London: John Hopkins University Press 1398p. In: DUARTE MB (1997) Biologia e Conservação de Cervídeos Sul-Americanos: Blastocerus, Ozotoceros e Mazama. Jaboticabal, FUNEP, p. 4.

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