Predação por Geranospiza caerulescens em ninhos de Patagioenas picazuro na região central do estado de São Paulo

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Ocorre revezamento na construção do ninho; enquanto um indivíduo constrói, o outro fica próximo em silêncio. Quando os indivíduos notam a presença de um possível predador, começam a vocalizar e abandonam o ninho em construção, ficando a uma distância em que possam observar o que está ocorrendo em seu território (Figura 2). O período reprodutivo iniciou–se no mês de agosto e finalizou-se no mês de março; tais dados foram obtidos através de censo com os moradores e através de literatura⁷. É indicada a oviposição de E. cactorum nos meses de janeiro – março.⁷ A cópula ocorre da seguinte forma: a fêmea coloca-se com as asas arriadas, cabeça e cauda levantadas. O macho fica em cima da fêmea com a cabeça e cauda arriadas e asas levantadas. O número médio de ovos nos 15 ninhos foi de três ovos. Observou-se que os ninhos desativados de E. cactorum foram habitados por espécies de invertebrados, em especial abelhas (Figura 3). É indicado na literatura que após o abandono do ninho geralmente ele é ocupado por uma colônia de abelhas do gênero Partamona.⁸ É importante salientar também que após o abandono do ninho o cupinzeiro se torna inativo (a utilização do cupinzeiro como substrato promove uma perda muito alta de material utilizado pelo cupins, além de expor o interior do cupinzeiro) sendo assim, neste momento ocorre a colonização

por outros invertebrados como as abelhas do gênero Partamona, ou vertebrados como lagartos arborícolas. Agradecimentos Agradecemos a Deus por tudo que Ele é em nossas vidas. Às nossas famílias pelo amor, apoio e compreensão. E um agradecimento especial à equipe da revista Atualidades Ornitológicas, pelo apoio e incentivo. Referências bibliográficas

(1) Sigrist, T. (2014) Avifauna Brasileira – Guia de campo; (2) Franchin, A.G. et al. (2010) Ornitologia e Conservação Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento: 283–312; (3) Reinschmidt, M. & R. Z. Pédron (2006) A.O. 131; (4) França, L.C. & M.A. Marini (2009) Zoologia 26(2): 241–250; (5) Paranhos, S.J. et al. (2008) Revista Brasileira de Ornitologia 16(1): 1–7; (6) Barros, Y.M. & Marcondes-Machado, L.O. (2000) Ararajuba 8(1): 55-59; (7) Naka, L.N. (1997) Ararajuba 5(2): 182–185; (8) Barreto L.S. & M.S. Castro (2007) Biota Neotropica 7(1): 138–142.

¹ Biólogo. Rua Maria de Matos Libânio 72, San Genaro, CEP 33825–360, Ribeirão das Neves, MG, Brasil. E–mail: [email protected] 2 Bióloga. Rua Moacir Dias Souza 305, São João, CEP 36400–000, Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil. E–mail: [email protected]

Predação por Geranospiza caerulescens em ninhos de Patagioenas picazuro na região central do estado de São Paulo Augusto Florisvaldo Batisteli1 O gavião-pernilongo, Geranospiza caerulescens (Vieillot, 1817) (Accipitriformes: Accipitridae), distribui-se do México à Argentina, ocorrendo em todos os biomas do Brasil1. Além de saquear ninhos, possui longos tarsos que facilitam a busca de pequenas presas (anuros, lagartos e artrópodes) em cavidades ou na vegetação epífita densa1. A asa-branca, Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) (Columbiformes: Columbidae) estabeleceu-se no estado de São Paulo a partir das últimas décadas do século passado, beneficiada pelo desmatamento2. Nesse estado, assim como no Brasil central, essa espécie se reproduz durante a maior parte do ano3, inclusive no ambiente urbano. Os eventos de predação foram documentados durante um estudo da avifauna urbana no campus de São Carlos (SP) da Universidade Federal de São Carlos. A paisagem do campus é heterogênea, composta por fragmentos de cerrado stricto sensu, matas de galeria, plantações de Pinus sp. e de eucalipto com sub-bosque nativo em regeneração, ecossistemas aquáticos lóticos e lênticos e uma porção urbana bem arborizada. Os registros ocorreram em 7 e 12 de fevereiro de 2014, às 07:05 h e 08:12 h, respectivamente. Os ninhos estavam a 4 m e 6 m de altura do solo e distantes 930 m Atualidades Ornitológicas, 190, maio e junho de 2016

(21°59’22”S, 47°52’56”W e 21°58’55”S, 47°52’49”W), construídos em árvores exóticas (Mangifera indica e Tabebuia pentaphylla), ambas com aproximadamente 10 m de altura. Em ambos os casos, o gavião-pernilongo permaneceu nos ninhos por cerca de 2 min, enquanto predava o conteúdo de cada ninho (Figura 1). Embora G. caerulescens não seja considerada uma espécie ameaçada5,6, ainda não havia sido registrada em estudos ornitológicos sistematizados no campus ou em áreas próximas7,8, nem nas principais unidades de conservação da região9,10,11,12. O curto período entre esses dois eventos de predação sugere que os ninhos de P. picazuro podem constituir um recurso alimentar regular de G. caerulescens, o que pode contribuir no controle populacional desse

Figura 1. Gavião-pernilongo (Geranospiza caerulescens) alimentando-se em ninho da asa-branca (Patagioenas picazuro). Foto: Augusto F. Batisteli.

columbiforme e viabilizar a ocorrência do gavião-pernilongo em áreas de moderado grau de urbanização. Agradecimentos A C. Z. Fieker, M. G. Reis e à Comissão Editoral da AO pelas valiosas sugestões na redação. Referências bibliográficas

(1) Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira; (2) Willis, E.O. & Y. Oniki (1987) Ciência e Cultura 39: 1064-1065; (3) Marini, M.Â. et al. (2010) Ornitologia Neotropical 21: 581-590; (4) Silveira, L.F. & F.C. Straube (2008) p. 378666. In: Machado, A.B.M. et al. (eds.) Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção; (5) Silveira, L.F. et al. (2009) p. 87-282. In: Bressan, P.M. et al. (eds.). Fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados; (6) Motta-Jr., J.C. & L.A. Vasconcellos (1996) Anais do Seminário Regional de Ecologia 7: 159-171; (7) Manica, L.T. et al. (2010) Brazilian Journal of Biology 70(2): 243-254; (8) Motta-Jr., J.C. et al. (2008) Biota Neotropica 8: 207-227; (9) Develey, P.F. et al. (2005) p. 121-134. In: Pivello, V.R. & E.M. Varanda (eds.) O cerrado Pé-de-Gigante: ecologia e conservação; (10) Willis, E.O. (2004) Brazilian Journal of Biology 64(4): 901-910; (11) São Paulo (2011) Estação Ecológica de Santa Bárbara - plano de manejo http://iflorestal.sp.gov.br/files/2013/03/Plano_de_Manejo_EEc_Santa_Barbara.pdf. 1

Departamento de Ciências Ambientais, Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected] 23

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