Prefácio ao livro \"História e narrativa: A ciência e a arte da escrita histórica\" organizado por Jurandir Malerba

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Prefácio

"[...] o objetivo do escrito histórico era ampliar a perplexidade, não eliminá-la"1 (H. White) 1. Fui com curiosidade e assombro que, como jovem estudante da graduação em história, tive a oportunidade de ouvir a conferência que Hayden White proferiu por ocasião dos 20 anos do CPDOC em 1993. Esse começo dos anos 90 parecia mesmo marcar senão um começo, ao menos um aprofundamento pelo interesse nos temas do narrativismo. Mas é bom lembrar que a presença do autor em uma instituição interdisciplinar, convidado e apresentado por uma socióloga, documenta o aspecto marginal, ao menos com relação à comunidade historiadora, dessa primeira onda de interesse. É a própria Helena Bomeny, em sua apresentação, que apontava: "Ele é aqui conhecido por um grupo extremamente seleto de intelectuais. Sua conexão mais estreita é com críticos literários e com um grupo minoritário de historiadores preocupados com os desafios postos por sua reflexão para o refinamento conceitual do campo da teoria historiográfica".2

Inserido neste contexto, não tenho dúvida em apontar a leitura da tradução brasileira do Meta-história como uma das experiências mais decisivas na minha formação como historiador. Até então a agenda teórica na historiografia brasileira parecia dominada por questões epistemológicas clássicas acerca da natureza da relação entre realidade e ciência histórica. O marxismo, em suas diversas matizes, estava ainda no centro do debate acerca da melhor forma de explicar as leis do movimento histórico, e seus adversários mais ameaçadores pareceriam ser os historiadores da chamada terceira geração dos Annales. Mesmo sem abrir mão da ideia de processo histórico real, os historiadores das mentalidades pareciam, na prática, menos preocupados com o estatuto da "realidade histórica" como uma totalidade em movimento. Em uma das análises mais completas e interessantes dos "primeiros efeitos" do narrativismo em nossa historiografia, Temístocles Cezar assim refere-se a um de seus protagonistas, "Ciro Flamarion Cardoso foi quem assumiu a posição de porta-voz e defensor dos perigos que

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"[...] the aim of historical writing was to increase perplexity rather than dispel it". Hayden White. The Practical Past. Northwestern: Northwestern University Press (Edição Kindle da Amazon), 2014, posição 71. 2 Helena Bomeny. “Apresentação.” Estudos Históricos, 1994, 7(13): 21–23.

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essas 'distorções ou inversões radicais de perspectivas" significariam para a historiografia.3 Alguns marxistas poderiam acusar a historiografia dos Annales de superficial, ou, como se tornou pitoresco à época, de ser mera perfumaria, alheia aos movimentos mais substantivos e estruturais da realidade. É curioso notar que, de certo modo, em seu horizonte original de publicação (1973), o projeto de uma Meta-história como definido por White fizesse mais sentido nesse universo de problemas acerca da verdadeira natureza da "realidade histórica". Afinal, cabe lembrar que a "meta-história" foi pensada como uma espécie de disciplina capaz produzir análises mais rigorosas da historiografia, entendida como o conjunto de livros cuja pretensão seria apresentar os resultados de uma investigação acerca do passado. Hayden White compartilhava da perspectiva modernista de que a única realidade que podemos conhecer é aquela que construímos, que essa construção, longe de ser aleatória ou discricional, obedece a certas estruturas linguísticas e culturais que deveriam ser melhor conhecidas e controladas. As polêmicas com setores da comunidade historiadora foram alimentadas por alguns ensaios reunidos em coletâneas como "Trópicos do discurso", "O conteúdo da forma", "Realismo figural", dentre outras, mais do que da leitura direta e exaustiva do livro de 1973. Infelizmente, muitas dessas coletâneas ainda não foram traduzidas no Brasil, com exceção de "Trópicos do Discurso", cuja primeira edição em inglês data de 1978 e a tradução brasileira de 1994. Essa ausência de traduções em parte se explica pela verdadeira guerra cultural decretada por setores da historiografia que identificaram na obra de White uma séria ameaça à integridade da disciplina histórica, sendo, além disso, acusada de levar à imperdoáveis implicações políticas. Nessa guerra, não raro identificamos estratégias retóricas como a separação entre "verdadeiros historiadores" e "críticos literários", pouco importando, por exemplo, a formação do próprio White em História. Ou a citação obliterada das mesmas frases ou partes de frases pinçadas de alguns ensaios, a mais frequente, extraída do artigo de 1974, "O texto histórico como artefato literário", que afirmava, em tom manifestadamente provocativo, que as narrativas históricas seriam "ficções verbais cujos conteúdos são tão inventados quanto descobertos e cujas formas têm mais em comum com os seus equivalentes na literatura do que com seus correspondentes nas ciências".4 Mesmo considerando que White tenha se dedicado muito mais a pensar e mostrar a dimensão "inventada" das narrativas históricas do que seus vínculos com as 3

Temístocles Cezar. “Hamlet Brasileiro: Ensaio Sobre O Giro-Linguístico E Indeterminação Historiográfica (1970-1980).” História da Historiografia abril, 2015. , (17): 440–61. Neste artigo, Temístocles Cezar nomeia alguns dos "historiadores minoritários" referidos por Bomeny. 4 Hayden White. “O Texto Histórico Como Artefato Literário.” In Trópicos Do Discurso: Ensaios Sobre a Crítica Da Cultura., São Paulo: Edusp, 1994, p. 98.

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"descobertas", a recepção mais pragmática dos historiadores reforçou a ideia de que para o autor do Meta-história os fatos "reais" não existiriam, abrindo assim margem para a falsificações históricas, argumento que foi amplamente dramatizado na discussão sobre o Holocausto,5 e de nada adiantou o destaque dado à palavra "descobertos" na formulação original. Basta uma leitura detida dos textos de White para percebermos que ele nunca argumentou contra a certeza a respeito dos fatos históricos, da capacidade da disciplina descobri-los, criticá-los e estabelecê-los, mas sim contra a crença de que os fatos conteriam em si mesmo as explicações histórico-narrativas, contra a ideia de que para cada processo histórico haveria modelos narrativos verdadeiros que poderiam ser testados com base em sua adequação aos fatos, como se o conflito de interpretações pudesse ser silenciado apenas com a crítica e o estabelecimento dos verdadeiros eventos.6 2. O curioso é que muitos historiadores formados na leitura de Marc Bloch e Lucien Febvre, apesar da defesa de uma história problema capaz de "construir" seus objetos informada por procedimentos teórico-metodológicos, consideraram uma espécie de blasfêmia a hipótese igualmente construtivista de White. Vale sempre ouvir Febvre sobre esse assunto, no trecho a seguir, de um artigo muito citado e publicado originalmente em 1946 "Sobre uma forma de história que não é a nossa: a história historicizante". No trecho ele tenta definir elementos da "nossa história": "Qualquer teoria é naturalmente fundada sobre este postulado de que a natureza é explicável. E o homem, objeto da história, faz parte da natureza. É para a história o que a rocha é para o mineralogista, o animal para o biólogo, a estrela para o astrofísico: uma coisa a explicar. A fazer compreender. Portanto, a pensar. Um historiador que recusa a pensar o fato humano, um historiador que professa a submissão pura e simples a esses fatos, como se os fatos não fossem em nada fabricados por ele, como se não tivessem sido minimamente escolhidos por ele, previamente, em todos os sentidos da palavra escolhido (e não podem ser escolhidos senão por ele) - é um auxiliar técnico. Que pode ser excelente. Não é um historiador". (Febvre. Combates pela História. Lisboa: Editorial Presença, 1989, p. 120).

Claro que os contextos entre as duas enunciações são bastante distintos, mas a recepção de White nos mostra que entre a prática profissional e o discurso teórico há, quase sempre, o abismo de crenças mais profundas e não pensadas.

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A "resposta" de Carlo Ginzburg, na verdade sua contribuição ao evento "Testando os limites da representação", é exemplar nesse movimento. As contribuição de White e Ginzburg foram traduzidas e reunidas em Jurandir Malerba (org.) A história escrita: teoria e história da historiografia.São Paulo: Contexto. 2006. 6 Para um exemplo recente da insuficiência da abordagem crítico-factual na resolução de conflitos de interpretação, ver Mateus Henrique de Faria Pereira. “Nova Direita? Guerras de Memória Em Tempos de Comissão Da Verdade (2012-2014).” Varia Historia, 31(57 (set-dez 2015): 853–902.

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Em um texto muito influente publicado em 1938, portanto, contemporâneo da cruzada dos Annales por uma história-ciência, Heidegger desvendava algumas das consequências ocultas desse projeto cientifico, que talvez tenham passado desapercebidas por Febvre. Ao recortar o campo de fenômenos na construção de seus objetos de investigação o historiador, assim como o físico (ou o mineralogista, ou o biólogo!) se constitui como sujeito frente a um objeto cientificamente controlado, com isso garante a transformação do "passado" em eventos disponíveis para as mais variadas narrativas. Assim, na análise de Heidegger da essência da ciência moderna não haveria contradição entre um controle cada vez mais objetivo do passado e a multiplicação de narrativas, muito menos entre subjetivo e objetivo. Na universidade contemporânea, organizada como uma espécie de instalação industrial para a produção de ciência, essa descrição de 1938 nos parece cada vez mais familiar: "O erudito desaparece. Ele é substituído pelo pesquisador engajado em projetos de pesquisa. Estes, mais do que o cultivo da erudição, emprestam ao seu trabalho a atmosfera de eficácia. O pesquisador já não precisa de uma biblioteca doméstica. Além disso, está constantemente em trânsito. Negocia em reuniões e junta informações em congressos. Contrata comissões com editoras. Essas últimas agora determinam, ao lado do pesquisador, quais livros precisam ser escritos".7

Certamente essa descrição do pesquisador não corresponde à identidade desejada por boa parte dos historiadores, mesmo que suas condições de produção já tenham sido definitivamente transformadas. Talvez esse descompasso entre imagem desejada e a realidade cientifica ajude a explicar nossa obsessão, ao menos no Brasil, com bibliotecas domésticas. Mesmo lamentando o "atraso" e pobreza de nossas bibliotecas universitárias e afirmando que o ideal seria poder contar com grandes bibliotecas públicas, não escondemos nossa alegria erudito-senhorial em exibir nossas estantes como pano de fundo de nossas fotos. Muitos acreditam ainda, apesar de todos os mecanismos de controle e avaliação externos, poder exercer um tipo de autonomia semelhante à do erudito romântico, cada vez mais vazio e ineficaz, diria Heidegger. Embora dura, a análise não é um lamento nostálgico, mas o reconhecimento de uma realidade em transformação acelerada. À figura do acadêmico-erudito corresponderia à imagem de uma universidade capaz de reunificar a cultura com base em um conhecimento integrador, nada mais contrário à essência da ciência moderna,

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The scholar disappears. He is succeeded by the research man who is engaged in research projects. These, rather than the cultivating of erudition, lend to his work its atmosphere of incisiveness. The research man no longer needs a library at home. Moreover, he is constantly on the move. He negotiates at meetings and collects information at congresses. He contracts for commissions with publishers. The latter now determine along with him which books must be written". Martin Heidegger. The Question Concerning Technology. New York: Garland Publishing, 1977, p. 125.

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que se unifica no método, na conquista organizada de seus objetos e na atualização contínua e ilimitada do conhecimento, mas do que na utopia de uma reunificação pacificadora da realidade. Não é preciso muito esforço para ver que é a crença ou a permanência desse ethos que tanto incomoda os historiadores nas consequências do construtivismo narrativista. De novo, Febvre concordaria com a descrição de Heidegger, também ele acreditava que a antiga história "arte", de grandes livros "autorais", deveria ser substituída pelo trabalho coletivo: "[...] a elaboração e a atualização perpétua de programas de pesquisa longamente meditados e de vasta envergadura (Febvre, p. 64).8 Logo em seguida, no mesmo texto, descreve uma situação de pesquisa coletiva que levaria à conclusão de que o papel do historiador estaria: "[...] singularmente mais em evidência que o de um vago fabricante de livros 'pessoais'; creio que ninguém se perguntaria a si próprio se a história é uma ciência, ou uma arte; creio que [...] ou nunca mais se qualificaria de historiador aquele sábio autor de sábios livros sobre Luís XV e as mulheres, O veneno dos Bórgias, ou então o historiador, deixando a essas excelentes pessoas, com os prêmios acadêmicos por elas fundados, o próprio nome que desacreditam, mudaria de nome sem hesitação [...]". (Idem, p. 66)

Se para Febvre transformar a história em ciência em sentido propriamente moderno era o caminho para uma nova e mais eficaz relevância do historiador - ou seja lá que nome essa atividade poderia tomar -, para Heidegger, mesmo coincidindo com diversos aspectos do argumento, essa nova relevância científica levaria a um papel mais modesto para o historiador: "No entanto, quanto mais incondicionalmente a ciência e os pesquisadores levarem seriamente a forma moderna de sua ciência, mais inequívoca e imediatamente poderão se oferecer ao serviço do bem comum, e mais ilimitadamente também terão que retornar para o anonimato público de todo trabalho que serve a sociedade.9

Os realistas mitigados, que insistem no caráter controlado e construído dos objetos de pesquisa, e os narrativistas, que afirmam a insuficiência desses procedimentos, mas que os reconhecem como únicos possíveis na ciência, representam, de certo modo, polos complementares de uma mesma equação. A transformação da historiografia em ciência do passado multiplica e torna cada vez mais disponível os "fatos históricos" objetivamente estabelecidos, metodologicamente criticados, rigorosamente arquivados; a sociedade moderna que torna imperativo os processos de subjetivação, apropria-se desse repertório cada vez mais disponível na construção de suas múltiplas e infinitas narrativas. A automatização desse processo em ferramentas como o Facebook ou os aplicativos de gestão pessoal de empresas como Google, por exemplo, poderiam ser vistos como a rotinização técnica do caráter essencial da historiografia como ciência, do mundo como objeto e do homem como sujeito, uma 8

Por um história dirigida. As investigações coletivas e o futuro da história. "But the more unconditionally science and the man of research take seriously the modern form of their science, the more unequivocally and the more immediately will they be able to offer themselves for the common good, and the more unreservedly too will they have to return to the public anonymity of all work useful to society". Heidegger, Op. cit., p. 126. 9

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realização extrema da ideia do anonimato e autonomização da ciência. Nesses cenários, são os algoritmos e os robôs virtuais os historiadores discretos de um mundo em que cada ser humano reivindica continuamente suas múltiplas narrativas pessoais de subjetivação. 3. Em seu último livro, Hayden White parece explorar algumas das consequências dessa situação quando opõe "passado histórico", como as narrativas profissionais, à "passado prático". Admite que são os profissionais de história que definem o que seja "histórico" no sentido historiográfico, que por esse acordo entre especialistas se estabelece a convenção do que e como deve ser construído o passado histórico, de que por essa convenção os historiadores tomam como referente de suas obras esses aspectos do passado consensualmente aceitos pela especialidade chamada historiografia. (White, posição 124) Em resumo, "[...] 'história' e 'historidade' são qualquer coisa que os historiadores praticantes as considerarem. (Idem, posição 128).10 Mas esse passado histórico seria apenas uma "construção", uma "versão altamente seletiva do passado". Mais relevante, no entanto, seria o "passado prático", aquele que "[...] pessoas específicas, grupos, instituições e agencias - quer dizer, o passado que pessoas como indivíduos ou membros de grupos recorrem de modo a ajudá-los a fazer julgamento e tomar decisões tanto na vida cotidiana quanto em situações extremas [...]." (Idem, posição 134)11 Assim, Hayden White não teria dificuldades em concordar com a definição de ciência proposta por Febvre, ele parece apenas não estar plenamente satisfeito com os resultados dessas investigações quando tomam a forma de uma narrativa tradicional, i.e., da forma que emergiu com romance entre os séculos XVIII e XIX, e reivindicam certo privilégio cognitivo. Claro, também não parece concordar com o otimismo de autores com Rüsen que apostam na capacidade desse conhecimento cientifico se transmitir e orientar a sociedade em busca de sentido. Sua proposta, baseada em uma definição do texto histórico como "escrito literário não-ficcional", passaria, de certo modo, e para nossa surpresa, pela recuperação da tradição de uma historiografia "literária" completamente recusada por Febvre. Como vemos, o debate sobre os aspectos científicos e literários da representação histórica está longe de alcançar uma solução consensual, mas certamente o historiador cientifico parece cada vez mais pressionado a reconhecer os limites mais modestos daquilo que a ciência histórica pode realmente entregar de prático (ético) à sociedade.

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[...] 'history' and 'historicallity' are whatever practicing historians considered them to be [...]" (location 128). 11 "[...] particular persons, groups, institutions, and agencies - that is to say, the past that people as individuals or members of groups draw upon in order to help them make assessments and make decisions in ordinary everyday life as well as in extreme situations[...]". (Loc. 134)

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Embora possamos concordar com o White de nossa epígrafe, nos parece pouco provável que a historiografia como ciência alcance o objetivo de ampliar nossa perplexidade com a história, pois, como toda ciência, sua função é justamente o contrário, tornar a realidade totalmente disponível. Por outro lado, também não nos parece que a sociedade da forma como se organiza nos tempos modernos esteja muito aberta à busca de perplexidades, muito menos na dimensão daquilo que White chama de "passado prático". Essa falha deveria apenas nos alertar para manter vivo o debate acerca da pluralidade de formas nas quais podemos experimentar, representar e viver nossa condição de seres históricos, e que uma educação para a perplexidade é de fato uma fronteira cada vez menos explorada. * Por tudo isso, nos parece que os problemas explorados pelo giro linguístico continuará na pauta dos estudos históricos, talvez seja mesmo uma conquista permanente, o que torna mais relevante o esforço desta coletânea em apresentar para o leitor brasileiro um panorama recente deste debate. Além da qualidade, pluralidade e relevância dos textos reunidos, um aspecto importante parece garantir um lugar especial para este empreendimento no conjunto de outros esforços similares: o cuidado do organizador em trazer uma amostra vigorosa da produção brasileira acerca do tema. Ao fazê-lo, Jurandir Malerba documenta que os estudos em Teoria e História da Historiografia no Brasil estão superarando o complexo de inferioridade e a tradição "aplicacionista" do meio acadêmico brasileiro. Aqueles familiarizados com a obra de Luiz Costa Lima sabe de sua originalidade e relevância internacional no debate deste e outros temas,12 mas vemos também uma constelação de novos pesquisadores capazes de falar com força e originalidade sobre temas que no passado pensávamos apenas em "divulgar" no Brasil. Por fim, mas não menos importante, gostaria mencionar que não me surpreende que esta coletânea tenha sido pensada e organizada por Jurandir Malerba. No cenário de sua especialização Malerba é um dos mais ativos e competentes pesquisadores, com uma experiência internacional de destaque, com muitas outras coletâneas fundamentais para a formação do historiador brasileiro já publicadas. Além disso, representa com excelência sua geração de historiadores: encara a tarefa teórica como central a sua atividade, escreve e pesquisa regularmente sobre teoria e, ao mesmo tempo, desenvolve obra e pesquisa historiográfica. Essa oscilação, certamente ausente em teóricos como Hayden White, que raramente enfrentou a tarefa de representar a história, torna promissora a cena brasileira dos estudos teóricos em que pensar e 12

Em outra oportunidade pude explorar a reflexão de Costa Lima como resposta à modalidade radical de narrativismo proposta por autores como Frank Ankersmit. Valdei Lopes de Araujo. “Sobre O Lugar Da História Da Historiografia Como Disciplina Autônoma.” Locus: Revista de história, Juiz de Fora, 2006, 12(1): 79–94.

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escrever história tornaram-se atividades inseparáveis e igualmente relevantes, independentes, mas articuladas. Valdei Lopes de Araujo Mariana, 17 de fevereiro de 2016

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