Prefácio - Teoria da História em Debate

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Teoria da História em Debate Modernidade, Narrativa, Interdisciplinaridade

Fernando Gomes Garcia Breno Mendes Andrea Vieira (orgs.)

Conselho Editorial

Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected]

Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt

©2014 Fernando Gomes Garcia; Breno Mendes; Andréa Vieira (Orgs.) Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor.

G1651 Garcia, Fernando Gomes; Mendes, Breno; Vieira, Andréa (Orgs.). Teoria da História em Debate: Modernidade, Narrativa, Interdisciplinaridade/Fernando Gomes Garcia; Breno Mendes; Andréa Vieira (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2014. 224 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-430-3 1. História 2. Historiografia 3. Teoria da História 4. Narrativa I. Garcia, Fernando Gomes; Mendes, Breno; Vieira, Andréa (Orgs.). CDD: 900 Índices para catálogo sistemático: Teoria da Ciência Filosofia Linguística

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IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

Sumário Prefácio......................................................................................7

capítulo I

Augusto Leite

Hegel e a Razão moderna radicalizada no Espírito....................33 1. A retomada da Razão antiga como Razão purificada na modernidade.....................................................................33 2. A História como Espírito racional e salvador...................36 3. O Espírito e a Liberdade...................................................40 Referências..............................................................................43

Capítulo II

Davidson de Oliveira Diniz

Contenções contemporâneas em torno do cronótopo da modernidade..........................................................................47 Introdução..............................................................................47 1. Modernidade | Temporalização........................................49 2. Pós-Modernidade | Destemporalização.............................50 Considerações finais...................................................................55 Referências..............................................................................57

Capítulo III

Breno Mendes

Paul Ricoeur e a narrativa historiográfica: para além do debate epistemológico, a dimensão ética................................................59 Introdução.............................................................................59 I) A narrativa na historiografia contemporânea e o impacto de Tempo e Narrativa......................................................................60 II) As implicações éticas da narrativa..........................................68 III) Narrativa e vida prática: aprender lições com a historiografia?............................................................................72 Referências...............................................................................76

Capítulo IV

Fernanando Gomes Garcia

O poder da palavra: há limites sobre o que a História pode narrar?.....................................................................................79 I..............................................................................................82 II.............................................................................................95 III..........................................................................................99 IV...........................................................................................107 V.........................................................................................108 Referências.............................................................................109

Capítulo V

Daniela Ferreira Felix

Liberdade de expressão? A negação da história do genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.........................113 1. O caso de Pedro Varela...............................................117 2. A questão da liberdade de expressão............................119 3. Pedro Varela e a busca por legitimidade......................121 Referências ..........................................................................125

capítulo VI

Andréa Vieira

Diálogos possíveis entre a Historiografia e a Historiografia da Ciência................................................................................127 Introdução...........................................................................127 1. Distanciamento entre a História e História da Ciência........................................................................129 2. Debates Acerca do Conceito de Historiografia.........136 3. Possíveis Aproximações Entre História e História da Ciência..........................................................................137 4. Possíveis Interfaces Entre o Pensamento de Kuhn e Febvre............................................................................140 Referências...........................................................................148

Capítulo VII

Marcelle D. C. Braga

Pensando a Literatura: o romance e suas possibilidades de análise..................................................................................153 Introdução.........................................................................153 1. Algumas propostas da historiografia para a abordagem da literatura........................................................................153 2. O romance: Contribuições das ciências humanas ao estudo da literatura.........................................................156 Conclusão............................................................................162 Referências ..........................................................................163

Capítulo VIII

Thamara de Oliveira Rodrigues

Crise e Independência na Historiografia Portuguesa: A História do Brasil de Francisco Solano Constancio............................165 Referências..........................................................................179

Capítulo IX

Silvia Cáceres

De súdito a consumidor: os intelectuais, os Estudos Culturais e o latino-americanismo num momento de globalização dos saberes................................................................................183 1. Intelectuais e poder: o dilema do intelectual latino-americano a partir do latino-americanismo......................................188 2. Os Estudos Culturais no Cone Sul latino-americano: reorganização intelectual e reinscrição da genealogia latinoamericanista...................................................................194 Referências...........................................................................210 Sandra Alves

Posfácio...............................................................................213 Sobre os Autores................................................................219

Prefácio Fernando Gomes Garcia Breno Mendes

Vindo a público com o nome de Teoria da História em debate, cabe aos organizadores explicar, além do título, o motivo da publicação deste livro. Em nosso caso, a resolução de um problema exige a solução de outro. Os textos aqui coligidos são originários de um Simpósio Temático – História da Historiografia e Teoria da História –, coordenados por Fernando Garcia e Breno Mendes durante o I EPHIS (2012) – Encontro de Pesquisa em História, evento criado por iniciativa dos discentes de Pós-Graduação em História da UFMG. Cabe, portanto, situar o leitor a respeito do evento como um todo e, mais especificamente, sobre o Simpósio Temático que proporcionou a produção e a apresentação dos textos ora publicados. Apesar de alguns desses textos permanecerem tal qual foram apresentados, a grande maioria deles passaram por grandes ou pequenas reformulações, de modo que seu resultado, apesar de manter fidelidade ao tema, não são idênticos aos anteriormente produzidos para exposição oral, sem a pretensão de alcançar mais público. Isto, por si, já é suficiente para demonstrar que há uma diferença radical entre o livro e o evento, a que se soma o óbvio; como nem todos os trabalhos debatidos no simpósio encontram-se nesta coletânea, o contexto das mesas em que foram apresentados foi desfeito, dando lugar a uma nova organização, a divisão em capítulos, que merece ser justificada. Assim, este prefácio se reveste de diversas missões, que esperamos que se cumpram para a melhor apreciação do livro pelos leitores que ora o têm em mãos. Sendo um dos frutos do I EPHIS, exige-se a remissão à ocorrência do evento, aos bastidores da organização do simpósio, à experiência que foi coordená-lo, às mesas onde originalmente 7

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surgiram estes trabalhos, aos debates acontecidos e, finalmente, ao critério de seleção dos trabalhos para comporem a coletânea. Também é necessário explicar, mesmo que superficialmente, a diferença entre a concepção primeira do livro e seu formato final, bastante reduzido em textos e com uma organização diferente dos temas. Reconhecendo que, apesar de ser um fruto de um Simpósio Temático, o resultado do livro é uma ocorrência substancialmente diferente do evento, além das satisfações sobre os critérios de seleção dos textos, para que não se tenha a errônea impressão de que vieram parar aqui por fruto do acaso, como viajantes que ocorrem hospedar-se numa mesma pensão e, por isto, obrigado à convivência com o outro – com esse reconhecimento e para impedir uma impressão assim, é necessário ressaltar as afinidades entre um texto e outro. É necessário dizer por que um texto segue-se ao outro, e não o inverso; é preciso ressaltar e fazer ver o que cada um tem de semelhante, não obstante as diferenças, e demonstrar que, mais do que apenas conhecidos tendo em comum apenas o lugar onde estão de passagem, possuem uma origem e destino comuns, como se aparentados fossem. Este prefácio tem como tarefa, finalmente, justificar porque os textos que aqui se encontram sentam-se à mesma mesa; há, por certo, um fio condutor que leva de um texto ao outro, que permite um diálogo e debate vivo entre cada um; que são partes do mesmo todo, e que este todo se faz relação com suas partes – que esta coletânea é um livro uno e sólido, não apenas um apanhado de textos dispersos. Para cumprir essa tarefa, primeiramente daremos a conhecer o que é/foi o I EPHIS e como se deu o simpósio que nós, organizadores do livro, coordenamos, dentro do evento, assinalando o que dele permanece neste livro e em que este é diferente e acrescenta ao primeiro – porque faz sentido reunir os trabalhos lá apresentados, aqui. Em seguida passaremos a explicar a sequência dos capítulos ao indicar os diálogos possíveis entre eles, esperando que procedendo assim, a experiência do leitor seja mais rica. 8

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*.* O I EPHIS começou a ser desenhado em 2011, por iniciativa de alguns alunos do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG, que detectaram certa falta de espaço para os pós-graduandos, mais especificamente em História, de discutir seus trabalhos em eventos de grande porte. Ao mesmo tempo em que, de nós, é cobrada a produção e participação em eventos, nossas intervenções, paralelas às de pesquisadores com maior bagagem, nem sempre resultavam em experiência proveitosa para nossas pesquisas, em que pudéssemos discutir com maior profundidade trabalhos muitas vezes em estágios iniciais. Dessa percepção surgiu a iniciativa que contou, em sua Comissão Organizadora, com os mestrandos Warley Gomes, Mariana Bracarense, Mariana Silveira, Ana Marília Carneiro e Fabrício Vinhas; além dos doutorandos Francisco de Mendonça Júnior, Gabriel da Costa Ávila e Raul de Oliveira Lanari. Mesmo já com a pretensão de realizar novas edições do evento, a proposta inicial era modesta, com o intuito de não ter mais do que cinco simpósios temáticos simultâneos, temerosos de que com mais do que isso o evento ficasse por demais fragmentado, com discussões muito específicas e isoladas, concentrando poucos comunicantes esparsos cá e lá. Dentro da perspectiva de que seriam possíveis apenas poucos simpósios temáticos, Fernando Garcia e Breno Mendes, nós, dois dos organizadores deste livro, decidimos enviar uma proposta que contemplasse a Teoria da História, campo de pesquisa em franca expansão no Brasil e que necessita de constantes esforços para se consolidar como legítimo e importante também para os historiadores que não desenvolvem pesquisas na área. No caso da UFMG, instituição referência no ensino superior brasileiro, os estudos em Teoria da História encontram-se, em alguma medida, marginalizados – mesmo que seja crescente o número de pesquisadores que se dedicam aos mais diversos problemas epistemológicos, éticos e políticos do fazer historiográfico. Dada 9

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a importância desses temas, não poderia faltar um simpósio temático voltado para estas mais diversas discussões. Neste esforço, elaboramos uma proposta ampla, que acolhesse os mais variados trabalhos, sem que isso constituísse empecilho para o diálogo entre eles, que não violentasse a especificidade de cada um e não comprometesse a qualidade das discussões. É por achar que fomos bem sucedidos nessa tarefa, que os trabalhos foram excelentes e que as discussões foram proveitosas, que decidimos dar continuidade ao debate, publicando o resultado deste evento em formato de livro. O I EPHIS superou as expectativas de seus organizadores, recebendo 16 propostas de simpósios, que resultaram em 10 diferentes fóruns de debate, específicos para cada tema. Todos eles bem avaliados pelos organizadores e demais participantes. O nosso foi muito bem acolhido pela Comissão Organizadora, que apesar de, em função da proposta inicial de abarcar apenas cinco simpósios, ter sugerido uma fusão com outra proposta, optou por manter a estrutura originalmente apresentada. E não foi um erro: de um máximo de 40 comunicações por simpósio, o nosso aprovou 31 trabalhos divididos em 10 mesas. Dos apresentadores inscritos, 16 eram da própria UFMG, enquanto os demais 15 mantinham vínculo com outras universidades de Minas e do Brasil – sendo, inclusive, alto o número de participantes oriundos de outros estados, como Rio de Janeiro e Goiás, os mais significativos, quantitativamente, dentre todos. A titulação dos participantes variou entre graduados (2), mestrandos e mestres (18) e doutorandos e doutores (11). A proposta de nosso simpósio, para além de prosseguir em uma seara aberta, no Brasil, por notórios historiadores como José Honório de Rodrigues, Manoel Salgado Guimarães e Francisco Iglésias, era abrir-se para pesquisas que, como Droysen, se perguntassem “o que significa pensar historicamente”, investigando os fundamentos da história como ciência, sua pretensão à racionalidade, sua especificidade entre os campos de conhecimento, 10

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trazendo à tona os fundamentos que dão forma à pesquisa histórica. De igual modo, estávamos abertos às investigações em História da Historiografia que examinassem os lugares sociais de produção do discurso histórico, historicizando o processo de escrita da história sem deixar de se apoiar nas reflexões teóricas que se preocupam com as condições de possibilidade deste conhecimento. Abríamo-nos também para quem quisesse discutir temas caros à História da Ciência, desde que voltados a uma perspectiva interdisciplinar e trouxessem reflexões de cunho epistemológico e fizessem questionamentos sobre a História da Historiografia das Ciências. Tudo transcorreu sem nenhum problema, com participação de pessoas de diversas universidades, cidades e graus de titulação, salas sempre com um quórum satisfatório, e mesmo surpreendente, e discussões prolíficas que ultrapassavam, inevitavelmente, o limite de 1h30min durante os debates na sala e inclusive, quando findadas, nos corredores e arredores. Com mesas sobre assuntos diversificados, mesmo na falta de algum comunicante, a força dos trabalhos, suas qualidades e o potencial despertado para realização de um debate qualificado e rico também são evidências de sucesso. Conversando com os apresentadores e com o público presente, o sentimento foi de que o simpósio temático foi muito caro a todos que dele participaram, a experiência foi aprovada em geral. Creio que a proposta do I EPHIS foi alcançada e, em especial, os interesses do simpósio temático que propomos, mais do que alcançados, creio que foram ultrapassados. Realizamos as discussões em mesas intituladas “Paul Ricoeur e a Historiografia Contemporânea”; “Historiografia luso-brasileira: encontros e desencontros”; “História da Historiografia Brasileira”; “Experiências do tempo e modernidade”; “História das Idéias, Historiografia da Ciência e História da Filosofia”; “A fundamentação do conhecimento histórico na Historiografia Alemã”; “Múltiplos objetos de História da Historiografia”; “Historiografia Francesa Contemporânea”; “História, Literatura 11

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e Ficção”; e, por fim, “Teoria da História: a narrativa na escrita da História e seus limites”. Em um ambiente essencialmente francófilo, dominado por admiradores da dita Escola dos Annales e seus sucessores, hasteamos a bandeira alemã e discutimos autores como Hegel, Dilthey, Gadamer, Rüsen, sem que para isto fosse necessário queimar a bandeira francesa, representada, especialmente, por Paul Ricoeur e Foucault; num espírito cosmopolita, discutimos também autores ingleses; e, como não poderia deixar de ser, tremulou com as demais flâmulas o verde e amarelo introduzido pelas excelentes exposições relacionadas à História da Historiografia Brasileira. Todas as mesas tiveram intenso debate, inevitavelmente extrapolando o tempo previsto para as discussões e causando encurtamento dos intervalos – para o qual, muitas vezes, também, prosseguiram as discussões; não seria desmerecer as demais, portanto, se destacássemos o vigor, a riqueza e o melhor espírito de polêmica que pôde ser observado, especialmente, nas mesas “Historiografia Francesa Contemporânea”, com apresentações de Lorena Lopes, Rodrigo Cracco e Daniel Barbo, com acaloradas discussões sobre os marcos entre modernidade e pós-modernidade. A mesa mais frequentada e que mais originou debate, por sua vez, foi “A fundamentação do conhecimento histórico na Historiografia Alemã”, na qual apresentaram Augusto Leite, Edmar da Silva, Gustavo Batista e Ana Paula Hilgert, ficando no centro do debate o pensamento gadameriano, diltheyano e hegeliano. Outra mesa que também chamou atenção pela extensão e discussão foi “Teoria da História: a narrativa na escrita da História e seus limites” que a despeito de ser a última, contou com um grande público. Nesta mesa apresentaram trabalhos Leonardo de Jesus da Silva, Daniela Félix e Fernando Garcia. Até as mesas que se iniciaram no inconveniente horário de 9 da manhã foram prestigiadas por um público fiel.

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*.* Em princípio, a proposta de organização deste livro visava à inclusão de mais artigos dos que os que ora constam no sumário, mas por diversos motivos de incompatibilidade de agenda, os inicialmente 26 trabalhos escolhidos tiveram que ser reduzidos para não mais que 9, além de um posfácio, escrito por Sandra Alves, colega que, apesar de não ter apresentado nenhuma comunicação, prestigiou o evento com sua presença em todas as mesas e fazendo colocações para os proponentes. A eliminação dos trabalhos não se deu por motivos de qualidade, pelo que lamentamos a ausência deles neste compêndio. A divisão original compreendia duas partes, uma orientada mais especificamente para questões de Teoria da História, e outra que preferimos, pelo seu viés, intitular de História da Historiografia. Da primeira parte, restaram os trabalhos de Davidson Diniz, que estaria acompanhado de mais outros três trabalhos concernentes à temporalidade; o de Breno Mendes e Fernando Garcia, aos quais se seguiria mais um problematizando a narrativa histórica; e o de Marcelle Braga, que formaria um par discutindo História e Literatura. A parte então prevista para ser a segunda tem como remanescente os trabalhos de Andréa Vieira, Augusto Bruno, Thamara Rodrigues, Silvia Cáceres e Daniela Félix, os quais não mais compõem as seções completas de História da Ciência e Literatura, Historiografia Alemã, Francesa e Luso-Brasileira, igualmente uma que trataria das “feridas” da modernidade. Todavia, a redução permitiu que os autores trabalhassem melhor seus textos, contando com maior tempo e espaço para desenvolver seus argumentos e ampliá-los, em relação ao que foi apresentado no simpósio. A configuração anterior do livro o aproximava em maior medida das apresentações orais e discussões que se seguiram, sendo que o novo formato o transforma em um acontecimento novo e, de certa maneira, independente, necessitando uma justificação mais detida sobre os textos que o compõem – como dialogam 13

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entre si e como, sendo partes de um conjunto, compõem um todo coeso. A norma que os junta será doravante exposta; o que poderia parecer um bocado de textos reunidos e separados ao sabor de ventos incertos e vontade arbitrária demonstrará ter uma sequência indispensável entre um texto e outro, tornando a leitura uma espécie de continuação de problemas colocados, resolvidos e ampliados; que sob o nome Teoria em Debate se reúnem os que têm mais que apenas um destino intermediário em comum, mas também a origem e um destino maior; e que os falantes se complementam harmonicamente como as diferentes notas de um acorde musical, ao contrário de um conjunto dissonante de vozes que competem entre si. A insistência com que o tempo é tematizado pelos capítulos deste livro é o primeiro elo entre eles que deve ser destacado. As formas como o intelecto humano representa o tempo e as sociedades o experimentam, levando-se em conta seus desdobramentos éticos e narrativos, é uma proposta que pode ser facilmente identificável. Augusto Leite em seu texto sobre como a Razão tornou-se substância e télos da temporalidade, mapeia algumas dessas implicações, e de alguma maneira, inaugura o assunto que será trabalhado pelos demais trabalhos que a ele se seguem. Podemos dizer que o assunto de Hegel e a Razão moderna radicalizada no Espírito é como a modernidade se estabeleceu, com sua crença insuprimível na Razão – a Vernuftglaube –, diferenciando-a de suas versões clássicas e medievais, uma vez constatado seu fracasso em tornar terreno o paraíso do Deus cristão. Desvencilhando-se do “erro teológico” diagnosticado na modernidade, os renascentistas construíram uma ideia de Razão que tornava o homem, não subordinado a Deus, mas parceiro da divindade na criação do mundo. A racionalidade possibilitaria a perseguição da felicidade sem incorrer, para isto, em dogmas religiosos, barganhando sua vida neste mundo em função da salvação extraterrena de sua alma. Desde os renascentistas, de acordo com Leite, a Razão imiscuiu-se em todas as atividades humanas, passando da meta14

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física às ciências, religião e política, filosofia e história – nenhum terreno escaparia a ela. Hegel, com sua filosofia idealista, seria quem de maneira mais perfeita e absoluta desenvolveria a temática da Razão e de suas relações com o tempo. Em uma leitura notadamente benjaminiana, denunciando a formação de seu autor, Leite critica a teodicéia hegeliana em busca dessa razão suprema. O papel da ciência, ao formular conceitos, era desbravar o mundo dando às coisas nomes, estaria colocando o homem em seu patamar de cocriador do mundo, descobrindo a realidade na medida em que designava sua essência. A fé na Razão estaria de maneira mais evidente representada na crença do progresso inevitável da técnica, do homem e da liberdade, guiado pelos impulsos irrefreáveis de realização do Espírito em si mesmo. O próprio processo civilizador de Elias é interpretado nesta chave. A Vernuftglaube seria o mito formulado por uma modernidade que sonha, semelhantemente ao que nos coloca Benjamin? De um mundo pretensamente desencantado, devassado que foi de seus mistérios pela Razão – mas que esta, na verdade, não fez mais do que mergulhar o homem moderno em seus mitos de progresso e desenvolvimento? Acreditamos que a leitura que Augusto Leite nos apresenta, no entanto, é deveras pessimista, ao identificar essa Razão apenas como o intolerante desejo de colonização do outro e de mostrar a superioridade do Ocidente em relação ao resto do mundo; e desse tempo como sendo essencialmente linear, marcado pela voracidade do futuro. Pensamos que Hegel pode ser lido de maneira mais complacente, menos fatalista; a Razão não seria somente um impulso independente ou irrefreável, mas levado a cabo pela ação dos homens. A dialética do ser e do não-ser não legitimaria qualquer barbaridade como seu resultado indelével, como a manifestação da Razão e da Liberdade, mas poderia ser entendida como um eterno vir a ser, da identificação do homem, primeiro consigo mesmo e seu passado, depois com outros homens e, por fim, com o próprio mundo. 15

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As reflexões levadas a cabo pelo primeiro de nossos textos são, de alguma maneira, prolongadas no capítulo seguinte. Davidson Diniz, a partir do conceito chave de cronótopo, desenvolvido por Bakhtin, e que fez fortuna na obra de Gumbrecht, pensa as diferentes elaborações do tempo entre modernidade e pós-modernidade – outra discussão que aparece com alguma força em várias de nossas discussões. Não seria o próprio termo “pós-modernidade” uma denominação essencialmente moderna, marcando a superação de uma época pela outra e, assim, seu definitivo afastamento? Diniz problematiza este conceito e, na mesma esteira, os textos de Fernando Garcia e Silvia Cáceres também o fazem ao refletir sobre a pretensa dicotomia. A experiência temporal moderna estaria pautada pelo distanciamento progressivo entre “espaço de experiência” e “horizonte de expectativas”, categorias antropológicas desenvolvidas por Koselleck, autor bastante frequentado pelos autores dessa coletânea. A modernidade (Neuezeit) é descrita como um momento de temporalização do mundo, o surgimento de um neue zeit – novo tempo. Este teria se transformado qualitativamente; não significava apenas o cronométrico passar do tempo, mas, em seu passar, transformava a realidade e a acrescia de novos atributos. O tempo marcava a irrevogável transformação do homem e do mundo, das ideias e das realidades, num processo de ganho constitucional. A característica fundamental deste novo tempo seria a recusa da tradição e de sua capacidade de orientar o homem em seu futuro. A exemplaridade dos homens antigos não era capaz de proporcionar ao novo homem diretrizes de como proceder, tornando a experiência apenas um ponto de passagem, um presente transitório, a ser imediatamente superado por um futuro, sempre em aberto. Em contraste com a historicização do tempo, estaríamos, hoje, vivendo um processo diferente, se não, mesmo, contrário ao início da modernidade. O cronótopo que melhor se aplicaria a nossa época seria o da sincronia, no lugar da diacronia, e da destemporalização, ao invés do progresso. Seria, propriamente, 16

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as criações Iluministas em ruínas. Nosso presente estaria em processo de dilatação, lançando seus tentáculos por sobre o passado, na tentativa de impedir seu perecimento, e sobre o futuro, em esforço para conter a marcha do tempo. Teríamos a nossa disposição todas as épocas, posto a fobia de abandonar algo – seja este futuro ou passado. A proposta de Diniz faz um interessante diagnóstico da maneira como o presente se constitui hoje, poroso, buscando a convergência entre um passado e um presente, levando-nos a uma sensação de simultaneidade e de desaceleração do tempo. Estaríamos vivenciando uma “crise de futuro”, como nas palavras de Vattimo? Estaria o homem impossibilitado de agir, de transformar seu presente? Ou, como Gumbrecht de forma alarmante propõe, estaria o homem incapacitado de planejar, de pensar um futuro? Isto significaria uma união entre o “espaço de experiências” e “horizonte de expectativas”? Ou ainda mais drasticamente, a abolição do “horizonte de expectativas”? As consequências destas perguntas são muito sérias, nos levando a questionar mesmo a forma como o homem é no mundo. Se, por acaso, é verdadeira esta época da simultaneidade e, em uma situação extrema, uma “crise de futuro”, este cronótopo desafiaria a própria noção fenomenológica do homem e do tempo. Mais do que dizer que o homem não pode planejar um futuro e que o passado permanece indolentemente imóvel, não seria isto negar a conjunção do agora com uma protenção e uma retenção, a memória do imediatamente anterior e do imediatamente posterior que conformam a paisagem da consciência do presente? Apesar de ser inquestionável que a forma como as sociedades contemporâneas representam e experienciam o tempo é diferente da forma como isto era feito no século XIX, julgamos ser impossível um transtorno tão grande em nossa forma de elaborar o tempo. Mas nem por isso a questão cessa de deixar suas consequências para a maneira como o historiador pode escrever a História. É justamente sobre estes questionamentos que os argumentos mais originais de Breno Mendes se desenvolvem em seu Paul 17

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Ricoeur e a narrativa historiográfica: para além do debate epistemológico, a dimensão ética. Após uma análise do eclipsamento da narrativa no contexto da historiografia francesa contaminada pelos Annales, contexto este de onde emerge Ricoeur com suas reflexões sobre tempo e narrativa, Mendes apresenta um traço da narrativa histórica que cremos ser mais fundamental do que o epistemológico – o seu caráter ético. Apesar de demonstrar proveitosa a leitura desta primeira parte de seu texto, ela adota, infelizmente, uma perspectiva por demais ancorada na historiografia francesa. Encerrando a espiral hermenêutica das mímesis, Ricoeur introduz o conceito de identidade narrativa, a ser incorporada pelo leitor. Afinal, a narrativa histórica é construída sobre o mundo-da-vida e, após ser reconfigurada em um texto, é este leitor que deve se reconhecer na História narrada, que elabora sobre si uma identidade. Esta seria, na verdade, mais uma ipseidade, categoria que impediria o constrangimento da impossibilidade do ser permanecer-se sempre idêntico ao mesmo, e ao mesmo tempo de, ao reconhecer sua essência mutante, ignorar-se a existência de um mesmo ser sob o signo de suas diversas manifestações como o outro. A narrativa trabalha no sentido de engendrar uma melhor compreensão do sujeito de si-mesmo e de orientar o homem em seu tempo. É ao concluir seu texto que Mendes conscientemente elabora os dilemas a que uma problematização do capítulo de Diniz pode levar. Ao recobrar sua funcionalidade na vida prática do homem pelo aspecto ético da narrativa, não estaria a historiografia se aproximando de uma Historia Magistra Vitae? Não seria esta uma das possíveis consequências do cronótopo “pós-moderno”, ao novamente deslumbrar a orientação do homem no tempo? Ou, pelo contrário, significaria que a tese de Koselleck sobre o distanciamento entre passado e presente, que este novo tempo da modernidade nunca chegou a se concretizar? Ou, assim como a narrativa que “retorna” não é a mesma narrativa que “eclipsou”, a normatividade da historiografia, também, não seria diferente? Acreditamos que a modernidade modificou 18

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permanentemente nossa forma de nos relacionar com o passado, impossibilitando um retorno da Historia Magistra Vitae, mas nos recusamos a aceitar que depois disso seja impossível aprender com a História, como vaticinou Gumbrecht. As reflexões sobre narrativa, temporalidade e pós-modernidade tomam ainda mais fôlego no texto de Fernando Garcia, que retoma estes aspectos presentes em todos os anteriores capítulos, ao analisar as possibilidades de se narrar o Holocausto. Em um texto que enriqueceu as ideias apresentadas no simpósio temático com substanciosas notas de rodapé, o autor se debruça sobre o desafio apresentado, ainda hoje, àqueles que buscam compreender e narrar eventos-limite. Diante dessas inquietações o autor assevera que o Holocausto não pode ser narrado, pois não é capaz de constituir uma identidade que venha suprir a carência de orientação temporal do homem e servir de exemplo para a construção de um futuro possível, nos moldes de uma “narrativa redentora”, ao gosto das estratégias narrativas tradicionais. Nessa perspectiva, os acontecimentos traumáticos são vistos como momentos de fratura na construção da identidade temporal, limitando as possibilidades de atribuição de sentido ao passado – da construção de uma ipseidade, dando continuidade ao problema tratado por Mendes. Todavia, o caminho escolhido por esse capítulo foge dos atalhos e não se desvia dos obstáculos, ainda que estes pareçam ir na contramão de sua tese central, tornando-a mais difícil de ser sustentada. Esse é o caso da aposta feita por Garcia no poder da palavra em tornar presente a ausência, atualizando-a, e na substituição do mundo -da -vida, que embora agitado carrega traços de pré-compreensão, pelo mundo -do -texto, organizado e sistematizado. Nesse sentido, a linguagem desempenha um papel essencial na possibilidade de curar a falta do passado, ultrapassar os limites da morte e, quiçá, tocar a eternidade. Esse poder, entretanto, segundo o autor, não seria suficiente diante da experiência do Holocausto. As justificativas mobilizadas para fundamentar o argumento são, principalmente, de ordem ética. 19

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Afinal, temos dificuldade de reconhecer em nossa condição humana tamanha manifestação da maldade como a demonstrada nessa experiência. De forma semelhante à sinalização feita no texto de Mendes, Garcia lembra que a nova temporalidade configurada pelos eventos traumáticos impede a retomada de ligação entre a história e o campo prático por intermédio do topos da História Magistra Vitae. Ainda que o leitor não concorde com todas as conclusões do texto, certamente, sua leitura propiciará uma instigante reflexão sobre o tema. Até agora, o que conduziu de um trabalho ao outro, e de alguma forma os conectou, foi a progressiva problematização da temporalidade; apesar dela insinuar-se, ainda, nos trabalhos que se seguem – com mais força em uns do que em outros -, todavia o tema que os relacionam distanciam-se dela. Os polêmicos argumentos desenvolvidos no texto anterior sobre as possibilidades de representação do Holocausto ganham fôlego no instigante estudo de caso apresentado por Daniela Félix. Ela analisa Pedro Varela, negacionista catalão que assim como outros, valendo-se do direito democrático à liberdade de expressão, defende a inexistência do Holocausto, propagando junto com sua versão mentirosa da história ódio racial, xenofobia e defesa do Nazismo. É um excelente exemplo que permite o prolongamento das discussões sobre os limites da representação, colocado em pauta no texto de Garcia, mencionando a intervenção de Hayden White no debate – recuperado por Félix, questionando os limites do relativismo epistemológico na construção das narrativas históricas. Varela publicava seus livros por meio de sua livraria e ganhou notoriedade por sua participação política em grupos de extrema direita e manifestações públicas de apoio à Hitler. Seu direito de publicar livros negacionistas e demais escritos extremistas estariam, supostamente, assegurados pelo livre direito de expressar as ideias, garantido pela Constituição e pela legislação da União Europeia. O direito de transmitir informações e ideias, bem como de as receber, sem ingerência de autoridades, não importando as 20

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fronteiras seria o trunfo que asseguraria sua liberdade editorial. Com este argumento, pelo menos, foi defendido após ser levado à Justiça, e também foi utilizado por manifestantes que o apoiavam por meio da internet e distribuição de panfletos. Pedro Varela foi o primeiro caso de negacionista levado a julgamento, na Espanha, após uma modificação no Código Penal espanhol que tornava ilegal a divulgação de doutrinas que negassem o direito à liberdade de algum grupo nacional, étnico, racial ou religioso, ou estimulassem que crimes fossem cometidos contra os grupos minoritários. Incluindo aí, como não poderia deixar de ser, a defesa de crimes cometidos anteriormente. Assim, o direito à liberdade de expressão reivindicado por Varela, bem como por todos os demais negacionistas, a despeito de suas reivindicações legais, encontravam-se, indelevelmente, obstruídos pela lei. O direito alegado de que com provas e documentos em mãos qualquer um poderia contestar versões oficiais da história constitui, dentro das liberdades, talvez, a alegação de maior valor em defesa dos negacionistas. A condenação destes seria um caso de limitação legal ao conhecimento histórico? Poderiam os historiadores sofrer constrangimentos dessa espécie que, a priori, estabeleceriam quais verdades poderiam chegar e quais, por sua vez, seriam os erros vetados? É bom lembrar, para o debate, das palavras de um grande historiador do Holocausto, Christopher Browning, de que o adágio de todo advogado do negacionismo consiste de que a história é mera opinião, não existindo versão que reine inconteste – o que tornaria legítima a negação do Holocausto. A despeito da validade que os revisionistas requerem para si e da franca emulação, por parte deles, dos métodos historiadores, com a manipulação de documentos, desvelam-se por detrás de seus discursos claras intenções políticas pautadas pela intolerância e ódio racial. Surge com inevitável força, da discussão, portanto, a constituição do espaço de legitimidade do historiador, tanto quanto as regras que regem seu ofício; é a este profissional e ao resultado de suas pesquisas que se credita uma 21

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verdade histórica; sua fala possui uma autoridade reconhecida, aceita não só pelos pares, mas também pela justiça e pela sociedade. Para esta aceitação ou rejeição competem aspectos epistemológicos, metodológicos, estéticos, ideológicos, políticos e morais – recolocando a questão trabalhada nos textos anteriores sobre a construção de identidades e da capacidade da história em orientar a vida prática do homem. Acresça-se, em tempos de discussão sobre a regulamentação da profissão historiador sobre a constituição de monopólios sobre a escrita do passado e da voz autorizada para enunciá-lo. É, novamente, o tema da legitimidade da constituição de campos autorizados a falar sobre sua especialidade que demonstra uma continuidade entre o texto de Daniela Félix e o seguinte, de Andréa Vieira – cujos conteúdos possuem uma variação notável. Enquanto um discute o Holocausto e o negacionismo, o outro reflete sobre uma falta de diálogo entre a historiografia com seus problemas tradicionais e a composição do campo das histórias das ciências. Incomoda à autora um diagnosticado isolamento entre uma e outra, ao observar que as histórias das ciências são feitas, majoritariamente, por pesquisadores de campos diversos, oriundos do campo específico de seus trabalhos – tais como os físicos e os biólogos que voltam um olhar histórico aos problemas de suas disciplinas -–, sendo poucos os historiadores de origem a tratar dos problemas das ciências. Contribui para o fosso a diferença da formação do profissional das diferentes ciências, as hard e as humanas, que a autora identifica na própria origem da história enquanto uma disciplina regrada pelo método. Johann Gustav Droysen, um dos autores que se dedicaram a pensar a especificidade e autonomia epistemológica da história frente às demais ciências bem como à filosofia especulativa, chamando atenção para a empiria da pesquisa histórica sem, contudo, recurso a leis generalizantes. Ciência do particular, para reivindicar seu espaço e rigor, todavia, o historiador não deveria se render ao método das ciências naturais, e sua solução – e a dos 22

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historicistas em geral – diferia em muito do método comtiano. Droysen foi seguido por Wilhelm Dilthey, quem acentuou as diferenças entre os dois tipos de ciências acusando não apenas uma distanciação metodológica, mas também ontológica entre os objetos das Geisteswissenschaften e as Naturwissenschaften, as ciências do espírito e da natureza. A especificidade do objeto da história demandava uma compreensão, enquanto as demais ciências deveriam pautar-se pela explicação. Vieira encontra cúmplices de suas preocupações tanto em Thomas Kuhn, físico estadunidense, originalmente, mas que abraçou as humanidades tornando-se, reconhecidamente, um dos maiores pensadores sobre as histórias da ciência; quanto, também, no movimento dos Annales, com o modelo da história-problema e, em certo momento de sua trajetória, crítico do excesso de compartimentação dos estudos históricos pelo surgimento de diversas especialidades. Dos franceses a autora retém a importância da interdisciplinaridade, especialmente no caso do historiador das ciências, contra o isolacionismo das disciplinas; do estadunidense, a demonstração de como as ciências não são desenvolvimentos alheios à sociedade, que sua linguagem específica não a redime de um contexto histórico, e que por ser prática intersubjetiva, os fatos são antes uma construção da comunidade científica do que algo que chega pronto ao pesquisador. Tudo isso, em conjunto, colabora para que o apelo da autora seja plausível: de que não faz sentido o isolamento entre os historiadores de prática e ofício em relação aos historiadores de disciplinas científicas específicas. As ciências, assim, são objetos dignos e passívies de serem estudados pelos historiadores, não devendo, portanto, escapar a sua metodologia e pressupostos teóricos. Andréa Vieira procede a uma discussão do conceito de historiografia que, na verdade, tem um objetivo bastante claro e militante: ela sugere que ao estudar o desenvolvimento das ciências sejam observadas as ferramentas teórico-metodológicas consolidadas pelos historiadores, mesmo que os estudiosos não provenham das 23

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ciências humanas, mas sim do respectivo campo originário das diferentes ciências que se historia. Discutindo a definição dos campos, levanta problema semelhante ao que surge no texto de Félix – o da legitimidade e autoridade do lugar de fala ocupado pelo historiador, e da capacitação deste profissional para tratar de assuntos específicos. E por esta seara prossegue o texto de Marcelle Braga, em seu estudo sobre as possibilidades do romance servir como instrumento de análise da historiografia. Desta feita, analisa-se não um fosso entre a história e as outras ciências, mas debruuça-se sobre as fronteiras entre historiografia e literatura – e em como a literatura poderia transformar-se em fonte produtiva para o historiador. Utilizando vasta gama de autores que se aproximaram do problema, inicialmente, a autora aproxima-se das abordagens de Sandra Pesavento e Roger Chartier; a primeira, com a noção de imaginário, inidica a dimensão aberta pela literatura ao pesquisador. Sendo um conjunto de representações, classificações e hierarquizações sobre a realidade, que não se confunde com ela ao passo em que, ainda assim, a substitui. O imaginário consiste de criações simbólicas em cujo terreno se movem os homens com sua cultura – é este o universo que a literatura permite acessar. Roger Chartier, trabalhando proximamente a esta noção, desenvolve outra, a de uma rede de ressignificações do texto, que depende de múltiplos fatores, tais como em que nível de cultura o indivíduo ou grupo se move, a maneira como o texto é transmitido, a materialidade do documento, os contextos de leituras e releituras em que se inscreve o ato interpretativo. Seguindo em sua análise elencando autores como Antônio Cândido, Bakhtin, Barthes, White – que aparece em mais um dos capítulos -– e Pocock, Braga dá sugestões de como o romance constitui um gênero literário específico a ser estudado. Ao contrário do gênero épico, o romance traz um passado inacabado ou cuja conclusão ainda não se deu de forma definitiva, representando os homens do tempo em que o autor escreve, suas paisagens, 24

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ambientes e hábitos. Há, assim, uma nova temporalidade no romance que se faz mostrar na própria escrita, na escolha dos tempos verbais e no pacto de confiabilidade estabelecido entre autor e leitor. A linguagem do autor seria uma atualização e especiação singular de todo um vocabulário que faz parte da cultura mais geral, sendo possível, através da análise do romance, ter acesso não somente ao gênio do autor, mas ver como ele se compreendia dentro de uma cultura ampla, como lidava com suas tradições e como a inovava. Marcelle Braga, em seus apontamentos, faz ver que os impactos do mundo do autor e do mundo do leitor permitem ao historiador acessar as representações de mundos passados; o que torna isto possível é o ato mimético do da escrita literária. Assim como o historiador trabalha sobre a referencialidade do passado, o romancista também trabalha sobre uma realidade que lhe é acesssível. De maneira que somos conduzidos a uma reflexão sobre as fronteiras entre historiografia e literatura, em como as duas representam a realidade, a significam, ressignificam e permitem, pela parte do leitor, uma apropriação de seu mundo, um ganho hermenêutico. Assim, sub-repticiamente, mais uma vez encontramo-nos refletindo sobre o lugar de fala do historiador e sobre a singularidade de seu ofício. E, assim consequentemente, pensando sobre o lugar de fala do historiador e pela constituição de seu campo – a historiografia -–, entramos no trabalho de Thamara Rodrigues sobre Francisco Solano Constancio, no qual emerge, mais uma vez, o problema da temporalidade. A autora levanta uma interessante questão sobre o significado da escrita da história da Independência brasileira, num contexto de crise e de uma percepção de decadência do Império lusitano, do qual o Brasil deixara de fazer parte. Importante é a distinção dos termos crise e decadência, o primeiro significando uma instabilidade do futuro histórico num processo de ruptura com o passado; o outro, ao contrário, inscrevendo-se dentro de um regime de temporalidade diverso, cíclico, opondo-se ao auge. Desde o século XVIII, acentuando-se no século XIX, 25

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os letrados portugueses percebiam uma decadência do Império, português, outrora vasto e poderoso, ora tido por atrasado em relação ao desenvolvimento econômico de outras potências europeias. Surge a escrita da história como importante elemento para assegurar o passado glorioso de Portugal, ao divulgá-lo, também, pelo continente. Posteriormente, após a revolução de 1820 e a posterior perda do Brasil, a necessidade de assegurar a integridade do Império passou a ser mais clamorosa, e os elementos para tal não mais passavam por uma simples restauração de um passado glorioso – passando a noção de decadência para uma de crise, –, se podemos assim formular a questão. É nesse contexto, entre duas gerações que perceberam a questão do atraso português de maneiras distintas, que escreve Francisco Solano Constancio a sua história do Brasil. A historiografia brasileira da independência, em seus primórdios, vacilava entre ver os acontecimentos como uma ruptura ou como continuidade com o passado português, sendo, na verdade, um ativo combate entre variadas tendências. Historiadores como o Visconde de Cairu e Varnhagen enfatizavam uma continuidade, assegurando, de tal forma, aos brasileiros, uma ancestralidade heróica e digna. Como a separação necessitava de uma justificativa, o atraso português afigurava-se como um desencontro entre os povos, como uma impossibilidade de conciliar os interesses dos americanos e dos europeus. Em Portugal isso foi visto como uma incapacidade do império se permanecer íntegro, sendo necessário buscar os motivos e soluções para o problema, uma cobrança feita a quem escreveria a história da ruptura. A escrita da história de Constancio, mais do que fornecer conhecimento teórico sobre o passado de Portugal e sobre a ruptura com o Brasil, buscava estabelecer as causas do distanciamento histórico entre as duas nações. Através do reconhecimento histórico da ruptura histórica dos dois destinos, os portugueses precisavam aprender a lidar com o ressentimento da perda de sua mais importante colônia e enfrentar de frente os motivos da crise. A escrita da 26

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história, de tal forma, visava à produção de sentido, construir uma identidade e prover os homens e um Estado de meios para sua ação futura. A discussão de Thamara Rodrigues, ao continuar as reflexões sobre o local de fala do historiador e da constituição de seu campo científico, retoma a discussão inicial sobre modernidade e acaba por constituir-se como mais um exemplo sobre a função ética da história, elaborado em textos anteriores. Por fim, encerrando a coletânea, temos o instigante texto de Silvia Cáceres, um estudo da história intelectual latino-americana. Sua situação de capítulo final, sucedendo às discussões anteriores e de alguma forma as refletindo, investe-o de um caráter conclusivo. Nele permanece e se acentua a discussão sobre o caráter e o papel do intelectual. Se no texto de Rodrigues há um fluxo entre Portugal e Brasil, revestido pelo traço da continuidade e descontinuidade histórica entre as duas nações, que nos permite, pela primeira vez em toda a discussão, deslocarmo-nos da Europa para a América; nosso continente e sua situação é o tópico privilegiado dos estudos de Cáceres. A autora visa estabelecer como o lugar de fala dos intelectuais latino-americanos capacita, influencia ou limita as possibilidades destes de construir projetos autônomos e válidos para a região, buscando compreender, em especial, o dilema vivido pelas gerações das décadas de 1980-90. Para o mapeamento, constrói uma genealogia do latino-americanismo desde o século XIX, passando pelas gerações das décadas de 1960 e 1970, marcadas pelas ascensões e quedas de regimes ditatoriais. Qual seria o papel deste intelectual, hoje, e que pretensão de legitimidade teria seu discurso? Concordando com Eagleton que vivemos em um momento “depois da teoria”, identificado pela sofisticação dos discursos intelectuais, ao mesmo tempo em que por sua pouca efetividade enquanto proposta de ação política, a autora elabora o dilema desta intelectualidade, que pretende falar a partir da margem, sobre subalterno, valendo-se de um vocabulário do centro, o qual não poderia ser relegado.

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Mas este dilema é apenas uma forma atualizada do trágico mito de origem da América Latina, que a obriga a repetir o mesmo ágon – o conflito gerado pela condição de marginalidade dos discursos e de exílio de seus intelectuais que, em suas tentativas de resolução, impulsionam uma escalada dialética que, ao invés de rumar-se a uma síntese absoluta, gera um movimento espiralado. Falar em mito não seria um exagero, considerando a própria maneira como a autora inicia seu texto, demonstrando uma auto-consciência do próprio lugar de fala, um ambiente historiográfico de um suposto “retorno da narrativa” – conectando-se com a discussão inicial do texto de Breno Mendes – que, segundo a autora, tem como marca o reconhecimento do grau de inventividade presente nas genealogias engendradas pelos discursos históricos. Pela mitologia de seu nascimento, a América Latina seria um entre-lugar – entre a Europa, centro colonial, e as próprias fontes de poder marginalizadas, de origem local ou diaspórica, como no caso dos africanos que aqui aportaram na condição de escravos. Nascido em um entre-lugar, ou seja, em um espaço que não se constitui, de fato, como um lugar próprio e definido, padeceria o latino-americano de um problema de identidade. Estaria fadada a América Latina a ser um lugar sempre incompleto, por realizar-se, a concluir-se apenas num futuro, ao mesmo tempo em que suas estratégias de criação são sempre re-criações, para não dizer cópia e importação. Essa crise identitária manifesta-se, desde cedo, nos projetos emancipacionistas das antigas colônias; uma elite cultural e política se encarregaria da construção de nações modernas e independentes, semelhantemente àquelas com as quais pretendiam romper o vínculo, tomando para si a tarefa de civilizar o povo. Em certo sentido, a “má consciência” do latino-americano de que nos fala Cáceres pode ser, em algum grau, identificado no texto de Thamara Rodrigues, quando nos fala das tentativas de elaboração de uma “distância histórica” entre Brasil e Portugal por parte da historiografia. Esse projeto modernizador e emancipacionista, com suas tentativas de expurgar a moléstia 28

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da “influência” e da marginalidade do continente encontraria seu ápice nos anos 1960-70, marcado pelo tom marxista das elites intelectuais e respaldados por transformações sociais como a Revolução Cubana e da experiência de governos de esquerda, sendo o exemplo de Allende o mais emblemático deles. A construção de um discurso e projeto latino-americano se dava pelo combate ao capitalismo e ao imperialismo, mostrando, uma vez mais, a relação intrínseca entre as articulações teóricas, os discursos dos intelectuais, e os projetos de poder político para a América Latina. Os intelectuais estudados por Silvia Cáceres reflexão englobam o que pode ser chamado de Estudos Culturais – uma abordagem que transcende as fronteiras disciplinares para a realização de uma crítica cultural – e distinguem-se, geracionalmente, por serem posteriores aos processos ditatoriais que assolaram o sub-continente e, de alguma forma, marcaram o fim dos projetos modernizadores. Implica disso a grande diferença deles para seus antecessores, apesar da proximidade cronológica que os separam. Os intelectuais latino-americanos são frutos da modernidade europeia, e seus anseios são marcados por esta origem. Os termos “margem”, “periferia” aplicados em relação a um centro, e, mais recentemente, “subalterno”, são sempre interpretações construídas a partir de uma alteridade. O esforço crítico dos intelectuais latino-americanos a partir da década de 1980, inscritos no que se denomina Estudos Culturais, partem, portanto, de uma vertente indelevelmente eurocêntrica. Os estudos subalternos, assim, estariam fadados a falar da periferia a partir do centro – que espécie de agenda e discurso genuinamente latino-americanos podem ser construídos dentro deste dilema? A construção de um tal discurso seria, ao mesmo tempo, a sua superação. Para explicitar a distância entre as gerações de intelectuais, recorre a autora ao conceito de pós-modernidade, que figura em capítulos anteriores, com um emprego, todavia, muito diferente do que ocorre anteriormente. No texto de Davidson Diniz distingue-se a condição temporal da contemporaneidade pela explicitação das 29

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divergências entre o cronotopo moderno e o pós-moderno, no qual as radicalidades de cada um são acentuadas. O termo aparece, posteriormente, no texto de Garcia, em seus esforços por distinguir as características de nossa temporalidade. Enquanto estes primeiros autores esmiuçam o termo no contexto de um debate filosófico, Cáceres o trabalha tão-somente quanto permite – e exige – sua aparição na bibliografia mobilizada. Isso marca a operacionalização inteiramente distinta do termo em seu texto, alheio às polêmicas que comumente mobiliza, e no texto de Garcia, que adere às controvérsias, rejeitando o termo com radicalidade – muito embora a definição apresentada por ambos seja praticamente idêntica: a pós-modernidade não é entendida como superação ou ruptura com a modernidade. A serventia do termo para a autora se dá pelo reconhecimento da necessidade do abandono da retórica latino-americanista, muito embora a validade desta persista – replicando o ágon genealógico. É a pós-modernidade, identificada com a era do “depois da teoria”, que permite a formulação do dilema problematizado pela autora. As reflexões da autora, gozando da perspectiva de um artigo de conclusão, prolongam e radicalizam a discussão sobre o papel do intelectual, mais especificamente, do historiador. Assim, de Hegel chegamos à América Latina e a seus intelectuais. Discutindo a modernidade a partir da filosofia da história, a temporalidade foi tematizada profunda e seguidamente nos textos seguintes, extraindo dela suas consequências para a representação de fenômenos históricos, e em como as narrativas historiográficas retornam para o mundo, transformando-o e orientando o homem para novas possibilidades de ação. Surge, assim, da temporalidade, o problema da identidade e da autoridade daquele capaz de construí-la, o que possibilitou a discussão do surgimento da historiografia, e como ela constitui campo diverso, autônomo, e ainda assim relacionado com o das demais ciências, com a filosofia e a literatura. A marca deste livro, que possibilita um elo entre todos estes textos, é a reflexão da especificidade do historiador e 30

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da utilidade de sua tarefa e de suas reflexões para o mundo. Por que falar de história? Para que existir o historiador? E o início de toda a discussão partiu do que é mais caro e específico ao nosso campo – a temporalidade. Por certo estes textos, isoladamente ou em conjunto com outros, ou talvez mesmo se dispostos em outra ordem, poderiam ser lidos em uma chave diferente. Cada um deles é um manancial de potencialidades que se dão a leituras diversas, a usos vários e frutíferos variando de acordo com os interesses do leitor. O que se pretendeu, com este prefácio, foi demonstrar que a composição da coletânea não se deu aleatoriamente, e que o livro possui uma identidade assegurada por uma continuidade temática entre os textos, aparentemente tão diferentes. E que se a leitura fornecida nesta introdução não é necessária, é possível e justificada. Esperamos, com estes comentários, ter demonstrado que os estudos aqui presentes possuem uma origem e um destino comunsm, pretensão nossa desde o início, e demonstrado que sentam à mesma mesa por partilhar uma familiaridade. Que este livro e seus textos, enquanto capítulos de uma obra unitária, sejam vistos assim como as estrelas na celestial abóboda noturna, que formam diferentes constelações; mas que fique o reconhecimento de que os astros poderiam compor diferentes desenhos, ou mesmo ficarem as estrelas pontilhando o céu, sem que nenhuma formasse com a outra uma imagem identificável distinta. Que o livro seja visto como uma constelação, mas que o leitor tenha a liberdade de conectar os textos da maneira como melhor lhe aprouver. *.* Como não poderiam deixar de ser, para que este livro pudesse vir a público da maneira como veio, além da vontade individual de seus organizadores, diversas circunstâncias concorreram pela sua concretização. Gostaríamos de deixar, portanto, manifesta, nossa gratidão aos que de maneira mais decisiva contri31

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buíram para esta realização. Comecemos pelo mais óbvio, sem os quais seria impossível e impensável a constituição do livro: os autores. Somos gratos a cada um deles, primeiramente, por aceitar o convite para a publicação do texto de maneira tão entusiasmada, de fazer parte deste projeto mesmo com tantas outras atribulações da vida acadêmica e profissional. Foram atentos às datas-limites, tanto para entrega dos textos quanto de suas respectivas revisões. E mesmo que essas datas tenham sido várias e prolongadas por diversas vezes em função do prazo nem sempre poder ter sido cumprido, foram sempre receptivos às sugestões feitas, trabalhando nas revisões que, por certo, tornaram a espera pela sua conclusão valer a pena. Alguns dos convidados não puderam cumprir com o considerável esforço e sequer puderam entregar a versão final do texto – a eles também somos gratos. Mesmo que os textos não estejam presentes na coletânea, vários contribuíram para o contexto em que inicialmente estes surgiram, em intervenções no Simpósio Temático coordenado pelos organizadores. Assim, agradecemos a todos os que apresentaram, ao público que atendeu às comunicações e propuseram questões e, evidentemente, a todos os organizadores do I EPHIS. Estendemos, também, nossos agradecimentos aos coordenadores da Pós -Graduação em História; primeiramente à Kátia Gerab Baggio, por seu papel quando da organização do encontro, ainda em 2012, e seus relevantes esforços para que ele pudesse ocorrer sendo o sucesso que foi. Em um segundo momento, agradecemos ao José Newton de Menezes Coelho, que a sucedeu na coordenação do Programa. Mesmo com todas as fatigantes, diversas e necessárias atividades que comumente desgastam uma pessoa em seu posto, com os prazos sempre batendo à porta, teve a delicadeza e boa vontade de receber estes alunos, quando apresentamos a proposta da publicação, acolhendo-nos e fornecendo apoio institucional e financeiro. Agradecemos, por fim, os não menos importantes esforços de nossos parceiros editoriais da Paco Editorial, responsável pela forma final como estes trabalhos vem a público. 32

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