Prevenção das disfunções do pavimento pélvico

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Descrição do Produto

19/05/15  

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O preço do bipedismo…

Prevenção das disfunções do pavimento pélvico Pedro Vieira Baptista Maputo 16 de Maio de 2015

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O preço do bipedismo…

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O preço do bipedismo…

Espinhas isquiáticas viradas medialmente para aumentar o suporte dos órgãos pélvicos…

Interferência com o parto!

Suporte de peso Suporte da cauda Controlo de esfíncteres

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O preço do bipedismo

Disfunções do pavimento pélvico n 

Prolapsos – 5-10% n 

n 

Libertação dos membros superiores

n 

Menor consumo energético

n 

Favoreceu o aumento de volume do cérebro

n  n 

Aumento do ângulo de visão Menor exposição solar

n 

n 

Elevada taxa de mortalidade no parto (conflito bacia/ cabeça)

n 

n 

Prolapso dos órgãos pélvicos

n 

Incontinência urinária – 25-45%

n 

Incontinência

n 

Incontinência anal – 11-15%

n 

Obstipação

n 

Alterações sensitivas e no esvaziamento vesical e intestinal

n 

Hemorróidas

n 

Dor crónica

n 

Alteração do centro de gravidade na gravidez

n  n 

n  n 

n 

Trevathan W, 2010

Cistocele Histerocele Rectocele Prolapso da cúpula vaginal Enterocele

Desvantagens

Vantagens

Vulvodinia (?) Síndrome da bexiga dolorosa (?)

Disfunção sexual

Abrams P et al. Incontinence. Paris: ICI; 2009

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Factores de risco n 

Obesidade

n 

Idade

n 

Menopausa/hipoestrogenismo

n 

Gravidez/parto

n 

Exercícios de elevado impacto

n 

Infecções urinárias

n 

Tabaco

n 

Obstipação

n 

Levantamento de pesos

n 

História familiar

n 

Factores raciais

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Factores de risco n 

Mulheres operárias e com menores rendimentos têm maior risco de prolapso de 3º grau. (Woodman PJ et al. Int Urogynecol J Pelvic Floor Dysfunct. 2006) n 

n 

Independente de outros factores (raça, tabaco, IMC)

Levantamento habitual de >10 Kg aumenta o risco de POP. (Miedel A et al. Obstet Gynecol. 2009) n 

OR 2.0, 95% CI 1.1-3.6

Newman DK et al. Curr Opin Obstet Gynecol. 2013

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Factores de risco n 

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Exercício físico moderado e contínuo reduz o risco de IUU e IUE, contrariamente ao intenso. (Townsend MK et al J Urology, 2008) n 

Factores de risco n 

História familiar (Miedel A et al. Obstet Gynecol. 2009): n 

Papel na manutenção do IMC?

n  n 

n 

Clin North Am, 2010) n 

Especialmente ginástica, basquetebol, saltos e atletismo. 80% nas trampolinistas. (Eliasson K et al. Scand J Med Science in Sports,

n  n  n  n  n 

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IUE e via de parto

3 meses

n 

Obstipação (Miedel A et al. Obstet Gynecol. 2009): n  n 

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Cesariana

30%

15%

12 meses

23%

10%

72 meses

24-26%

14-16%

Hazard ratio de cirurgia de correcção de IU em mulheres com parto vaginal é 3.1 (95 % CI 2.5 – 3.8). (Leijonhufvud A et al. Am J Obstet Gynecol 2011)

Prevalência muito inferior na raça negra (OR 0.4, 95% CI 0.2-0.8).

A própria obstipação pode já ser o resultado de uma disfunção do pavimento pélvico; OR de POP 2.1, 95% CI 1.4-3.3.

Gravidez e parto Incontinência urinária de esforço n 

Parto vaginal

Thom DH et al. Acta Obstet Gynecol Scand 2010 Press JZ et al. Birth 2007 MacArthur C et al. BJOG 2006 Rortveit G et al. N Engl J Med 2003

n 

Factores raciais (Rortveit G et al. Obstet Gynecol. 2007) n 

Esqui e ténis também associados a IU. Associação de: hipoestrogenismo, impacto e aumento da pressão abdominal. 25% das jovens atletas de alta competição nulíparas com IU! Factor de risco para IU no futuro! (Bø K et al. Scand J Med Sci Sports, 2010)

Incontinência urinária de esforço

n 

n 

2002)

Gravidez e parto n 

n 

Exercício de competição associado a IU. (Greydanus DE et al. Pediatr

Associado a defeitos do colagénio; “Fraqueza” do tecido conectivo e fáscias; Hemorróidas, hérnias e varizes : OR de POP 1.8, 95% CI 1.2-2.8; História familiar de POP: OR de POP 3.3, 95% CI 1.7-6.4.

Incontinência urinária na gravidez aumenta o risco de IU subsequente. (Glazener CM et al. BJOG 2006) n 

n 

Mas a cesariana não diminui esse risco. (Wesnes SL et al. BJOG 2009)

Gravidez parece ter maior influência que a via de parto. (Lal et al. Obst Gynec 2003)

n 

IUE em 65% das grávidas e 30% no primeiro ano após o parto. (Thakar R et al. BMJ, 2000 )

Cesariana protege contra a IU, mas esse efeito perde-se a partir dos 50 anos. (Rørtveit G et al. Tidsskr Nor Laegeforen. 2014)

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Gravidez e parto

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Incontinência anal

Gravidez e parto Prolapso de órgãos pélvicos Meta-análise de 2014: (Rørtveit G et al. Tidsskr Nor Laegeforen. 2014)

n 

n 

n 

Meta-análise de 2014: (Rørtveit G et al. Tidsskr Nor Laegeforen. 2014) n 

Lesão esfincteriana no parto aumenta o risco de incontinência anal (17-38%).

Risco de prolapso é duplo após parto vaginal quando comparado com a cesariana após um parto apenas. (Gyhagen M et al.

n 

n 

Int Urogynecol J. 2015; Gyhagen M et al. BJOG. 2013)

Gravidez parece ter maior influência que a via de parto. (Lal et al. Obst Gynec 2003) n 

O número de POPs aumenta com o número de partos vaginais (cesariana odds ratio 0,11; 95 % CI 0,03 – 0,38).

Prevalência de incontinência anal idêntica em primíparas, independentemente da via de parto.

n 

Efeito “protector” da cesariana mantém-se no caso de cesariana em trabalho de parto. (Gyhagen M et al. BJOG. 2013)

n 

Risco aumenta com o aumento do IMC materno (3% por cada unidade) e com o peso fetal (3% por cada 100 g). (Gyhagen M et al. BJOG. 2013)

+

Gravidez e parto

+

Disfunções do pavimento pélvico n 

Disfunções do pavimento pélvico

Mulheres com apenas um parto (vaginal vs. cesariana) (n=5236):

n 

DPP (IU/IF/POP): 46,5% (31,7% apenas uma forma isolada); Risco de duas disfunções (quaisquer): 17,1% após parto vaginal vs. 8,4% após cesariana (adjOR 2.26; 95 % CI 1.84-2.79); Risco de três disfunções: parto vaginal com adjOR 5.20 (95 % CI 2.73-9.91); Risco de IU+POP: adjOR 3.38 (95 % CI 2.24-5.10).

n 

Ventosa e episiotomia não alteraram o risco

n 

História familiar: OR 2.03; 95 % CI 1.73-2.34 Laceração perineal >1º grau: OR 1.78; 95 % CI 1.24-2.55

n  n  n 

n 

Gravidez e parto

n 

Parto eutócico vs. instrumentado (Schaal JP et al. J Gynecol Obstet Biol Reprod. 2008):

n 

Risco idêntico a longo prazo em termos de prolapsos e IU;

n 

Maior risco de lacerações do esfíncter anal e incontinência anal com uso de fórceps.

Gyhagen M et al. Int Urogynecol J. 2015

Gravidez e parto Disfunções do pavimento pélvico n 

Primeiro parto tardio e um parto isolado parecem ser factores de risco. (Groutz A et al. Neurourol Urodyn 2007; Rortveit G et al Obstet Gynecol 2001)

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Gravidez e parto Taxa de cesarianas e DPP 38 36 34 32

n 

Factores não modificáveis e que podem estar associados com disfunção do pavimento pélvico: n  n 

Perímetro cefálico; Apresentação/variedade. (Bozkurt M et al. Taiwan J Obstet Gynecol. 2014)

30 28 26 24 22 13

12

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20

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20

02

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01

20

20

00

20 99

Se todos os partos de uma mulher forem por cesariana pode conferir alguma protecção. (MacArthur C et al. BJOG 2011)

20

n 

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Taxa de cesarianas em Portugal INE | DGS/MS, PORDATA

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Gravidez e parto

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Gravidez e parto

Pedro Vieira Baptista

Função do pavimento pélvico

Idade (anos) DeLancey JO et al. Am J Obstet Gynecol 2008

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Vulvodinia – disfunção do pavimento pélvico?

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Vulvodinia – disfunção do pavimento pélvico?

n 

Prevalência em Portugal: 6,5%

n 

Vulvodinia deverá ser vista como um sintoma e não uma síndrome.

n 

Excluída associação com factores obstétricos (via de parto, parto instrumentado e episiotomia) e incontinência urinária.

n 

Várias vias para os mesmos sintomas:

n 

Histerectomia associada a um OR de 3.70 (1.45–9.40) n 

1. 

Inflamações locais repetidas

2. 

Susceptibilidade generalizada à dor

3. 

Interferência com os nervos pélvicos

Apenas uma minoria de casos terá relação com disfunções do pavimento pélvico!

Vieira-Baptista P et al. Int J Gynaecol Obstet. 2014

Vieira-Baptista P et al. Int J Gynaecol Obstet. 2014

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Histerectomia e DPP

Histerectomia e DPP n 

IU e histerectomia subtotal vs. total: n  n 

n 

Risco de cirurgia de IU após histerectomia duplica. (Altman D et al. Lancet 2007)

IU: 33% vs. 20% (p=0,035) (Andersern LL et al. Am J Obstet Gynecol. 2014 ) IU: 30,1% vs. 17,6 (p=0,026) (Andersen L et al. BJOG. 2014)

n 

Risco de cirurgia por prolapso após histerectomia 3,2% vs. 2,0% em mulheres não histerectomizadas. (Altman D et al. Am J Obstet Gynecol. 2008 )

n 

Histerectomia vaginal não aumenta o risco de POP subsequente. (Dällenbach P et al. Obstet Gynecol. 2007)

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Medidas de prevenção?

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Medidas de prevenção? Cesariana n 

Protege contra a IU, mas esse efeito perde-se a partir dos 50 anos.

n 

Se IU durante a gravidez, não diminui o risco de que esta se mantenha.

(Rørtveit G et al. Tidsskr Nor Laegeforen. 2014)

n 

Cesariana

n 

Episiotomia

n 

Exercícios de Kegel

n 

Estrogénios

(Wesnes SL et al. BJOG 2009)

n 

Não diminui o risco de incontinência anal.

n 

Diminuição do risco de POPs?

n 

Alguma protecção global se todos os partos por cesariana.

(Lal et al. Obst Gynec 2003)

(MacArthur C et al. BJOG 2011)

A nível populacional, o papel da cesariana na prevenção das disfunções do pavimento pélvico é muito limitado!

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Medidas de prevenção?

+

Episiotomia n 

Exercícios de Kegel

Episiotomia n 

n 

n 

Medidas de prevenção? n 

Na década de 30 considerou-se que protegia a função do pavimento pélvico. (Aldridge AH et al. J Obstet Gynecol. 1935) Os dados mais recentes mostraram aumento do risco (Tegerstedt G nulo (Gyhagen M et al. BJOG. 2013)

Exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico durante a gravidez (Kegel).

et al. Am J Obstet Gynecol. 2006) ou

n 

Papel incerto – não realizar por rotina! (Hartmann K et al. JAMA. 2005)

n 

Reduzem a IU pós parto (RR 0.71, 95% CI 0.54 to 0.95). (Harvey MA et al. J Obstet Gynaecol Can. 2003; Boyle R et al. Cochrane Database Syst Rev. 2012) Reduzem a IU e fecal durante a gravidez e pós-parto. (Park SH et al. J Korean Acad Nurs. 2013)

n 

Melhoria da função sexual e força muscular. (Mohktar MS et al. Med Sci Monit. 2013 )

Episiotomia não deve ser realizada com o intuito de prevenir as disfunções do pavimento pélvico!

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Medidas de prevenção? Exercícios de Kegel n 

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Medidas de prevenção? Estrogénios

Recomendar exercícios de Kegel na gravidez, especialmente se: n 

Primigestas;

n 

Hipermobilidade do colo vesical no início da gravidez;

n 

Feto macrossómico.

n 

Pouca evidência e de fraca qualidade. n 

n 

Alívio dos sintomas de urgência em mulheres menopáusicas.

Papel muito controverso no tratamento e prevenção da IUE. (Quinn SD et al. Climacteric. 2009)

n 

Imediamente após o parto se: n 

Fórceps

n 

Laceração esfincteriana?

Boyle R et al. Cochrane Database Syst Rev. 2012 Chin K et al. Clin Colon Rectal Surg. 2014 Reilly ET et al. BJOG. 2002

Os exercícios de Kegel, especialmente na gravidez, podem ter algum papel na prevenção das DPP.

n 

Ausência de estudos a suportar um papel na prevenção!

Apesar do papel do hipoestrogenismo nas DPP, o seu papel é muito limitado no tratamento e prevenção das mesmas.

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Conclusões n 

A cesariana não pode ser considerada um modo de prevenção.

n 

Sem evidência que permita recomendar a episiotomia por rotina.

n 

Factores modificáveis: cessação tabágica, perda ponderal, realização de exercício físico moderado e cuidado no levantamento de pesos.

n 

Exercícos de Kegel.

n 

Evitar histerectomias sem clara indicação.

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