PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM: CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA SOBRE SEU USO NO ENSINO DE COMBINATÓRIA

July 9, 2017 | Autor: Ana Paula Lima | Categoria: Education, Mathematics Education
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4º Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática 29, 30 de junho e 01 de julho de 2015

PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM: CONHECIMENTOS DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA SOBRE SEU USO NO ENSINO DE COMBINATÓRIA

Ana Paula Barbosa de Lima1 Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Rute Elisabete de Souza Rosa Borba2 Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

RESUMO Este é um recorte de uma dissertação que propôs investigar conhecimentos de professores da Educação Básica sobre como o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) pode ser usado na resolução dos diferentes tipos de problemas combinatórios e na construção das fórmulas da Análise Combinatória. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com professores, baseada nos tipos de conhecimento sugeridos por Ball, Thames e Phelps (2008) (conhecimento comum do conteúdo, conhecimento especializado do conteúdo, conhecimento horizontal do conteúdo, conhecimento do conteúdo e alunos, conhecimento do conteúdo e ensino e conhecimento do conteúdo e currículo). A coleta de dados foi realizada por meio de protocolos com situações combinatórias resolvidas por alunos. Estas situações envolveram os quatro tipos de problemas combinatórios (produto cartesiano, arranjo, permutação e combinação). Neste artigo foi analisado o conhecimento do PFC e ensino. Como principais resultados tem-se que, referente ao conhecimento do ensino, os professores não deixam claro como o uso de outras estratégias, tais como árvores de possibilidades, se relacionam com o PFC. Como os conhecimentos docentes do PFC para o ensino podem servir como base para um melhor desenvolvimento do ensino e da aprendizagem da Combinatória, é necessária uma ampliação dos conhecimentos dos professores referentes ao PFC como estratégia de resolução de situações combinatórias.

Palavras chave: Princípio Fundamental da Contagem. Conhecimentos Docentes. Combinatória.

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2690 In: Anais do Simpósio Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, 4º, 2015, Ilhéus, Anais..., Ilhéus, Bahia, Brasil. p.2690-2701. ISSN 2446-6336.

Lima; Borba

A COMBINATÓRIA E O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM A Análise Combinatória, segundo Morgado, Carvalho, Carvalho e Fernandez (1991, p. 2) é a parte da Matemática em que se analisam as estruturas e relações discretas, apresentando, frequentemente, dois tipos de problemas em seu estudo. São eles: "1) Demonstrar a existência de subconjuntos de elementos de um conjunto finito dado e que satisfazem certas condições; e 2) Contar ou classificar os subconjuntos de um conjunto finito e que satisfazem condições dadas". A combinatória nos permite quantificar conjuntos ou subconjuntos de objetos ou de situações, selecionados a partir de um conjunto dado, ou seja, a partir de determinadas estratégias ou de determinadas fórmulas, pode-se saber quantos elementos ou quantos eventos são possíveis numa dada situação sem necessariamente ter que contálos um a um. (PESSOA E BORBA, 2009, p. 3)

Os diferentes tipos de problemas combinatórios que são estudados no Ensino Médio são os que envolvem os conceitos de arranjos, combinações, permutações. Além desses três tipos, Pessoa e Borba (2007) ressaltam que há também problemas de produto cartesiano, os quais são explicitamente trabalhados desde os anos iniciais

do

Ensino

Fundamental.

Estes

diferentes

problemas

apresentam

características que permitem sua distinção e possuem uma forma de organizar o raciocínio combinatório empregado em sua resolução. Segundo Borba (2013, p. 4),  Produto cartesiano: são determinados a partir da escolha de elementos de diferentes conjuntos;  Arranjo: os elementos são escolhidos a partir de um conjunto único, mas nem todos os elementos constituem as possibilidades a serem enumeradas, neste caso a ordem dos elementos escolhidos indica possibilidades distintas;  Combinação: são escolhidos alguns elementos de um conjunto único e a ordem em que os elementos aparecem não indica possibilidades distintas.  Permutação: todos os elementos do conjunto dado são utilizados em distintas ordens. O estudo da Combinatória é indicado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1997) desde os anos iniciais do Ensino Fundamental sem a identificação do tipo de problema trabalhado. Para os anos finais do Ensino Fundamental, os PCN (BRASIL, 1998) recomendam que se trabalhe estes 2691 4º SIPEMAT

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problemas com números um pouco maiores que os estudados nos anos iniciais para que os estudantes percebam o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) implícito nestes problemas. Desta forma, a Combinatória será trabalhada de forma mais aprofundada no Ensino Médio e é nessa continuidade que os conceitos combinatórios podem ser tratados de uma forma mais sistemática e generalizada. Uma outra orientação dada pelos Parâmetros para a Educação Básica de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2013, p. 195), é que no Ensino Médio "o estudo da Análise Combinatória deve possibilitar que o estudante amplie, aprofunde e formalize seus conhecimentos sobre o raciocínio combinatório adquirido ao longo do Ensino Fundamental". Além destes documentos, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2002), e os Parâmetros para a Educação Básica de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2013) desaconselham o ensino de Combinatória apenas com o uso de fórmulas. Eles indicam que as mesmas devem ser consequência do raciocínio combinatório desenvolvido pelos estudantes e, também, para simplificar cálculos quando os problemas apresentarem dados muito grandes.

A Combinatória e o Princípio Fundamental da Contagem Os Guias PNLD para o Ensino Médio (BRASIL, 2011, 2014) referem-se à Combinatória como se tratando de um tema clássico no ensino da Matemática, porém sua renovação nos livros didáticos do Ensino Médio tem ocorrido de forma lenta. Um dos poucos avanços observados, segundo o PNLD (BRASIL, 2011, p. 29), nas coleções aprovadas é a introdução do Princípio Fundamental da Contagem (PFC), "com o qual é possível obter técnicas básicas e muito eficientes de contagem". Entretanto, após a introdução do PFC, muitas destas coleções abandonam esta estratégia e voltam a utilizar o método tradicional baseado no uso de fórmulas para o ensino de arranjos, permutações e combinações. Conforme Maher, Powell e Uptegrove (2011), a introdução do PFC em problemas de contagem é uma ideia chave na Análise Combinatória. Tornando-o, assim, elemento fundamental para o ensino da Combinatória. O Princípio Fundamental da Contagem (PFC), ou princípio multiplicativo é enunciado, segundo Lima (2006, p. 125), como, “Se uma decisão D 1 pode ser 2692 4º SIPEMAT

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tomada de p modos e, qualquer que seja esta escolha, a decisão D 2 pode ser tomada de q modos, então o número de maneiras de se tomarem consecutivamente as decisões D1 e D2 é igual a pq”. É preciso salientar, ainda que, o princípio pode ser ampliado para outras decisões, como D3 (tomado a r modos), D4 (tomado a s modos), D5 (tomado a t modos) e assim por diante. Desse modo, o número de maneiras de se tomarem consecutivamente as decisões D 1, D2, D3, D4 e D5 seria, portanto, p.q.r.s.t. O PFC pode ser aplicado aos diferentes tipos de problemas combinatórios (produtos cartesianos, arranjos, combinações e permutações) trabalhados em turmas de Matemática da Educação Básica, e pode servir de base para a construção das fórmulas usualmente empregadas na resolução destes problemas. Isso vai de acordo com Pessoa e Borba (2009), que afirmam que o PFC é entendido como um princípio implícito na resolução de todos os tipos de problemas combinatórios. Para Borba e Braz (2012) o PFC é uma estratégia válida, também, para problemas que apresentem condições para sua resolução visto que, a aplicação direta da fórmula nem sempre é válida para estes casos. No Quadro 1, Lima (2015) apresenta como os problemas combinatórios trabalhados na Educação Básica podem ser representados a partir do uso do PFC para sua resolução. De acordo com Lima (2014, p. 5) "É preciso, entretanto, que professores tenham conhecimento de como o PFC pode ser utilizado para a resolução de distintas situações Combinatórias e como este princípio é base das fórmulas". É preciso então, investigar os conhecimentos que professores de Matemática têm de Combinatória, tanto em sua formação inicial quanto na continuada. Acredita-se, assim, que estes conhecimentos podem, de forma direta, influenciar o modo como a Combinatória é trabalhada em sala de aula.

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Quadro 1 Representação de situações combinatórias por meio do PFC.

PRODUTO CARTESIANO

Joaquim foi à livraria comprar seu material escolar. Para montar seu kit a livraria lhe ofereceu: 3 modelos de caderno, 4 modelos de lápis, 8 modelos de borracha e 2 modelos de caneta azul. De quantas formas diferentes Joaquim pode montar seu kit?

ARRANJO

Na final do campeonato de judô, 5 meninas estão disputando os 3 primeiros lugares do torneio. De quantas formas diferentes podemos ter os três primeiros colocados?

PERMUTAÇÃO

De quantos modos distintos 5 pessoas podem se posicionar em um banco de 5 lugares?

COMBINAÇÃO

Um técnico tem que escolher, dentre 12 atletas, 5 para compor a equipe titular de um time de basquete. Qual o total de possibilidades que o técnico tem para montar sua equipe?

ARRANJO CONDICIONAL

PROBLEMAS

Ana, Julia, Marcos, Pedro e Laís estão participando de uma corrida. De quantos modos diferentes podemos ter os 3 primeiros colocados se Julia sempre chegar em primeiro lugar?

COM BINAÇÃO CONDICIONAL

TIPO

Marta precisa escolher entre seus 8 amigos (Tiago, Simone, Daniele, Jéssica, Pedro, Amanda, Rafael e Felipe), 4 para ir ao cinema com ela. De quantas formas diferentes Marta pode escolher esses três amigos desde que Jéssica sempre esteja entre os escolhidos?

REPRESENTAÇÃO USANDO O PFC

Fonte: LIMA (2015)

CONHECIMENTO DE PROFESSORES Ball, Thames e Phelps (2008), ao investigarem o conhecimento matemático para o ensino, propuseram tipos de conhecimentos docentes, a partir das categorias do conhecimento do conteúdo e do conhecimento pedagógico do conteúdo propostos por Shulman (1987). Estes conhecimentos, propostos por Ball, Thames e 2694 4º SIPEMAT

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Phelps, originam-se da prática do professor de Matemática na sala de aula. Os domínios de conhecimentos propostos são os que seguem. Do conhecimento do conteúdo, os tipos definidos foram: 1. Conhecimento comum do conteúdo (em inglês: common content knowledge), definido como habilidade matemática usada em uma ampla variedade de configurações e que não é exclusivo para o ensino; 2. Conhecimento especializado do conteúdo (em inglês: specialized content knowledge), conhecimento e habilidade matemática usada exclusivamente para o ensino; 3. Conhecimento horizontal do conteúdo (em inglês: horizon content knowledge), definido como o conhecimento de como os temas matemáticos estão relacionados e a previsão de aprofundamento destes conteúdos com o avançar da escolaridade. Do conhecimento pedagógico do conteúdo, os tipos definidos foram: 1. Conhecimento do conteúdo e alunos (em inglês: knowledge of content and students), combina o conhecimento da Matemática e o conhecimento sobre o aluno; 2. Conhecimento do conteúdo e ensino (em inglês: knowledge of content and teaching), definido como o conhecimento do conteúdo matemático com a compreensão pedagógica para o ensino deste conteúdo; 3. Conhecimento do conteúdo e currículo (em inglês: knowledge of content and curriculum), definido como o conhecimento que o professor precisa ter sobre os materiais e programas curriculares. A partir desta categorização procura-se identificar quais destes tipos de conhecimentos são mobilizados ao analisar situações de resolução de problemas Combinatórios com o PFC como principal estratégia de resolução. Entretanto, neste texto, fazemos um recorte e analisaremos apenas o conhecimento do PFC e ensino.

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Princípio fundamental da contagem: conhecimentos de professores de Matemática sobre seu uso no ensino de combinatória.

MÉTODO Com o objetivo geral de Investigar conhecimentos de professores sobre o Princípio

Fundamental

da

Contagem (PFC)

na

resolução

de

problemas

combinatórios e na construção de fórmulas, foi feita uma entrevista semiestruturada com três professores de Matemática que atuavam em turmas do 6º ao 9º dos anos finais do Ensino Fundamental e em turmas do Ensino Médio. Além da formação em Matemática, outro critério para escolha dos participantes, era de que os mesmos estivessem lecionando Matemática há no mínimo cinco anos. Assim, acredita-se que os participantes já teriam uma base de conhecimentos desenvolvida em sua prática de ensino. A entrevista foi dividida em três momentos com objetivos distintos. Na primeira fase foram levantadas questões relativas à formação inicial e continuada e também a experiência docente dos participantes da pesquisa. Na segunda fase foi investigado o conhecimento mobilizado pelos professores ao serem questionados sobre o uso do Princípio Fundamental da Contagem (PFC) na resolução de situações combinatórias. Para este momento foram apresentados protocolos de diferentes situações combinatórias com respostas e/ou justificativas incorretas usadas por estudantes, como, por exemplo, a Figura 2. Dessa forma, acredita-se que professores poderiam diferenciar os diferentes tipos de problemas combinatórios e também expor seus conhecimentos sobre o PFC como estratégias na resolução destes problemas.

Figura 1 Exemplo de justificativa incorreta quanto ao uso do PFC na resolução de um problema de produto cartesiano. Fonte: Silva, Pontes e Teixeira (2013).

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Na terceira fase foi feita uma investigação sobre os procedimentos formais da Combinatória e sua relação com o PFC. Neste momento foram apresentados situações combinatórios, sem a indicação do tipo de problema, seguidos pela fórmula matemática de cada tipo de problema e pela resolução do aluno utilizando como estratégia o PFC de maneira correta, como exemplificado na Figura 2 que apresenta um problema do tipo combinação com sua fórmula matemática e a resolução de um estudante usando o PFC. Problemas 04 – Combinação Na seleção brasileira de Basquete, o técnico convocou 12 atletas. Sabendo que poderão ser formados diferentes grupos com 5 desses jogadores que irão compor a equipe titular, qual alternativa abaixo indica a operação necessária para obter o total de possibilidades?

Exemplo de fórmula matemática.

Exemplo de estratégia usando o PFC. Fonte: Azevedo, Assis, Borba e Pessoa 2013)

Figura 2 Situações problema utilizados no terceiro momento da entrevista semiestruturada. Fonte: Lima (2015).

A seguir, é feito um recorte nas análises que focam o conhecimento do PFC e ensino quando o professor de Matemática é convidado a analisar questões sobre o ensino da Combinatória quando os estudantes estão usando, ou não, o Princípio Fundamental da Contagem (PFC) na resolução de se situações combinatórias.

RESULTADOS Os professores quando se expressaram sobre procedimentos que podem elucidar dúvidas dos alunos durante a resolução de problemas combinatórios, trouxeram afirmações que evidenciam seus conhecimentos referentes ao ensino da Combinatória. Na Figura 3 pode-se observar como o professor mobiliza conhecimentos sobre o ensino ao analisar a resolução de um estudante de um problema envolvendo o PFC. 2697 4º SIPEMAT

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Figura 3 Exemplo de resolução de um aluno, de problema de produto cartesiano, analisado pelos professores. Fonte: Silva, Pontes e Teixeira (2013).

P1_ Mas é, seria também, usar uma árvore de possibilidades, depois ele perceber o princípio multiplicativo. Agora ficaria bem cheia de ramos. P2_ É um problema de contagem (né) isso, que você pode utilizar o princípio multiplicativo para contar e fazer árvore também das possibilidades. Os professores indicam que no ensino da Combinatória um possível caminho seria o uso de árvores de possibilidades para, a partir desta representação, chegarse ao princípio multiplicativo. Apesar de ser uma boa sugestão, os professores entrevistados não evidenciam como pode ser feita essa transição entre duas diferentes representações (árvore de possibilidades e PFC). Outro ponto observado na discussão entre o entrevistador (E) os professores diz respeito à maneiras de auxiliar os estudantes na resolução de situações combinatórias. E_ Como você auxiliaria o aluno a compreender este problema? P1_ Primeiro perguntaria quais são estas possibilidades pra depois ver qual o total, ai dava pra ele visualizar que é um produto de multiplicações. P1_ A questão seria trabalhar com quadros de (...) casas de possibilidades. Porque daria pra ele ver/identificar realmente (...) é porque todas elas, pelo menos as três, resolve com o princípio multiplicativo, mas ai teria que (...) a árvore de possibilidades ia chegar o momento que dificultaria a 4ª questão ficaria muito extensa, mas ai com o quadro de posição ele compreenderia. P2_ Eu sempre tento fazer, também com poucos, poucos resultados e que ele faça uma comparação entre a leitura direta, a contagem direta, e a contagem 2698 4º SIPEMAT

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indireta. Então, pra ele entender cada passo do que ele tá fazendo. P3_ Às vezes você (...) pega os números que são grandes, que na cabeça deles talvez seja muito longe a relação de você diminuir aquela quantidade. Parece que o entendimento dele ficaria mais claro. Estas são intervenções que o professor pode fazer em sala de aula para a superação de dificuldades enfrentadas pelos estudantes ao resolverem situações combinatórias. Os professores destacam como os diferentes problemas podem ser beneficiados de representações simbólicas específicas. No caso, por exemplo, de um problema com muitas possibilidades, sugere-se que a árvore de possibilidades não seja uma boa alternativa de representação. Sobre o uso de métodos e técnicas para o ensino da Combinatória, as vantagens e desvantagens do uso do PFC e para esclarecer uma situação combinatória ao aluno, os professores também mobilizam questões relacionadas ao conhecimento do PFC e ensino. Isto ocorreu com mais frequência quando os professores faziam uma análise para todos os conceitos que são trabalhados no estudo da Combinatória em turmas de Matemática da Educação Básica. Os Professores P1 e P2 demonstraram acreditar que o trabalho com o PFC é importante para o ensino/aprendizagem da Combinatória e que, a partir dele, o aluno conseguirá avançar no desenvolvimento de seu raciocínio combinatório. P1_ Mas, mesmo no Ensino Médio dá pra dispensar a fórmula. O raciocínio multiplicativo já dá conta. P2_ Então, acredito que esse método, se ele entender isso, a fórmula, a diferenciação dos agrupamentos não seria mais um problema pra ele. Já P3 acredita que mesmo usando o PFC em todos os problemas, este não seja a única estratégia que pode ser usada na resolução dos diferentes conceitos trabalhados na Combinatória. P3_ Não existe uma estratégia que resolva o todo [né?]. P3_ Cada contexto tá inserido na (...) pede uma solução diferente. Concluí-se então, que no conhecimento do PFC e ensino, os professores entrevistados apontam a árvore de possibilidades como uma alternativa para resolução do problema, porém não deixam claro como o uso desta e de outras estratégias podem se relacionar com o PFC. Outra indicação é que os professores 2699 4º SIPEMAT

Princípio fundamental da contagem: conhecimentos de professores de Matemática sobre seu uso no ensino de combinatória.

sugerem a apresentação de problemas com quantidades menores a serem encontradas para que os alunos possam, aos poucos, ir desenvolvendo o raciocínio combinatório necessário para resolução dos diferentes problemas estudados na Educação Básica. Dessa forma, os conhecimentos docentes do PFC para o ensino podem servir como base para um melhor desenvolvimento do ensino e da aprendizagem da Combinatória, é necessária, então, uma ampliação dos conhecimentos dos professores referentes ao PFC como estratégia de resolução de situações combinatórias.

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