PROBLEMÁTICAS ARQUEOLÓGICAS INÉDITAS ADVINDAS DE PROJETOS DE CONTRATO: O CASO DO ALTO E MÉDIO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

June 3, 2017 | Autor: Solange Caldarelli | Categoria: Applied Archaeology, Brazilian Archaeology, Contract Archaeology
Share Embed


Descrição do Produto

PROBLEMÁTICAS ARQUEOLÓGICAS INÉDITAS ADVINDAS DE PROJETOS DE CONTRATO: O CASO DO ALTO E MÉDIO VALE DO PARAÍBA PAULISTA Solange Bezerra Caldarelli* Introdução Este trabalho visa a demonstrar as possibilidades de produção de conhecimentos em pesquisas arqueológicas elaboradas por contrato, quando são empregados métodos qualitativos e quantitativos, em campo e laboratório, dirigidos aos problemas científicos previamente elencados.. Nos casos abordados, as pesquisas trouxeram avanços relevantes para a arqueologia nacional, desvendando cenários e processos sócio-culturais insuspeitados ou nebulosos para uma região específica do Estado de São Paulo: o vale do Paraíba do Sul paulista, importante corredor de circulação em tempos pré-coloniais e históricos, ligando os atuais estados de São Paulo e do Rio de Janeiro (ver figura 1). O enfoque das pesquisas de contrato dentro de problemáticas etno-históricas regionais pode contribuir de forma significativa para a reconstrução do passado de regiões nas quais lacunas que só poderiam ser preenchidas pela arqueologia levaram a historiografia oficial a construir uma versão incompleta e mal costurada do passado. Essa versão, retransmitida de geração em geração, acabou consolidando uma imagem às vezes falsa, às vezes tendenciosa do passado, onde agentes históricos foram simplesmente apagados da memória regional. Os dois casos a seguir apresentados ilustram uma história indígena mal contada. 1. 1º caso: Rodovia Carvalho Pinto (sítio arqueológico Aratu no médio vale do Paraíba paulista)

FIGURA 1 – Localização do sítio Aratu no Vale do Rio Paraíba do Sul, SP, cortado pela Rodovia Carvalho Pinto. Fonte: www.dersa.sp.gov.br/rodovias/carvalho.asp. Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

1

1.1.Histórico das pesquisas Os trabalhos de campo ocorreram entre os anos de 1991 e 1993, no contexto dos estudos de licenciamento ambiental da Rodovia Carvalho Pinto, um empreendimento de responsabilidade da DERSA-Desenvolvimento Rodoviário S/A. Os trabalhos de laboratório, por sua vez, ocorreram em duas etapas distintas, a primeira entre os anos de 1993 e 1994, e a segunda, entre os anos de 2001 e 2002. A interrupção decorreu de uma paralisação nos recursos para a continuidade dos trabalhos, só revertida com a intervenção do IPHAN e do Ministério Público Federal. Coordenados pela Scientia Consultoria Científica, os trabalhos contaram com o apoio institucional do Instituto de Pesquisas em Arqueologia-IPARQ/Universidade Católica de Santos-UNISANTOS. Durante a fase das prospecções de campo, foram identificados seis sítios arqueológicos (na realidade, cada um representando um conjunto variável de sítios), conforme quadro 1, abaixo. QUADRO 1 Sítios arqueológicos identificados ao longo da Rodovia Carvalho Pinto SÍTIO

CATEGORIA

Caçapava 1

Sítio multicomponencial, com uma ocupação indígena pré-colonial e duas ocupações históricas

Caçapava 2

Conjunto de dois sítios históricos

Caçapava 3

Sítio histórico

Jacareí 1

Conjunto de quatro sítios históricos

Jacareí 2

Conjunto de cinco sítios históricos

Taubaté 1

Conjunto de três sítios históricos

1.2. Problemática arqueológica da área de estudo Cenário 1 – período pré-colonial A bibliografia arqueológica existente fornecia indícios vagos de ocupação do vale do Paraíba por populações indígenas culturalmente diversificadas (ao norte, MARANCA 1969 - falava de uma cerâmica “simples, de cor em vários tons de cinza, produzida por acordelamento e com antiplástico de areia. Boca com diâmetro variando entre 12 e 48 cm e bordas na maioria inclinadas internas, ocorrendo algumas verticais”); na região central, BLASI & GAISSLER (1991) relatavam escavações em uma aldeia tupiguarani (Sítio Santa Marina – município de Jacareí).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

2

A bibliografia etno-histórica, por sua vez, relatava que, na primeira metade do século XVI, o Vale do Rio Paraíba do Sul, em território paulista, era ocupado certamente por índios Tupi e Puri (REIS, 1979). O encontro de sítios arqueológicos indígenas era, portanto, previsível, e esperava-se poder contribuir com um aclaramento de uma situação nitidamente confusa, qual seja: quantas foram as sociedades arqueológicas indígenas presentes no vale do Paraíba em tempos pré-conquista; como sua diversidade transparecia no registro arqueológico; a que etnias se relacionavam e que relações mantiveram entre si e, posteriormente, com o conquistador europeu. Cenário 2 – período histórico A penetração européia no vale do rio Paraíba teve início já no século XVI, com as bandeiras de apresamento de índios, para abastecimento de mão-de-obra da capitania paulista. O confronto com os índios acabou gerando um amplo conflito entre 1560 e 1567, que ficou conhecido historicamente como Confederação dos Tamoios, quando tribos indígenas do vale assediaram a Vila de São Paulo de Piratininga (BRUNO, 1967). No entanto, o bandeirismo preador intensificou-se efetivamente no vale a partir de 1640, como reação a uma crise no abastecimento de cativos guarani (MONTEIRO, 1994). Posteriormente, o vale passou a ser percorrido por bandeiras que se dirigiam a Goiás e a Minas Gerais, em busca de ouro. Mais tarde, com o desenvolvimento das fazendas na região, estradas foram abertas para o tráfego de muares, bois e cavalos. Era também o vale do Paraíba o caminho natural, pelo interior, entre as vilas de São Paulo e Rio de Janeiro, tanto na época colonial quanto durante o Império (BRUNO, 1967; TAUNAY, 1927; TOLEDO, 2001). O grande crescimento econômico do vale se deu no século XIX, com a introdução da cultura cafeeira (MILLIET, 1982). Portanto, esperava-se encontrar na área sítios históricos, remanescentes de todos ou de alguns dos diversos períodos econômicos representados no vale: bandeirantismo de apresamento e de mineração; cultura canavieira; cultura cafeeira e industrialização. Como os bens ligados às classes dominantes encontravam-se historicamente registrados, as expectativas eram de encontrar os remanescentes de assentamentos das classes mais desfavorecidas, marginalizadas pela historiografia oficial, para as quais a arqueologia seria um veículo de resgate e reconstrução histórica.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

3

1.3. Indagações da Pesquisa Arqueologia pré-colonial:  Seria possível encontrar vestígios arqueológicos da ocupação indígena não tupi,

vagamente sugerida pelas pouco esclarecedoras menções em publicações arqueológicas?  Em caso positivo, que caraterísticas sócio-culturais identificariam essa(s)

sociedade(s)?  Quando teriam ocupado o vale do Paraíba e onde se instalaram? Que marcas

deixaram na paisagem? Arqueologia histórica:  Que

soluções

econômicas

e

culturais

encontradas

pelas

comunidades

historicamente marginalizadas do vale do Paraíba para sua sobrevivência social seria possível resgatar nos sítios históricos?  O traçado artificial da rodovia possibilitaria uma amostra razoavelmente confiável

dos assentamentos históricos?  Teriam os moradores dos assentamentos históricos trabalhado como subordinados

(escravos ou empregados) dos grandes proprietários, ou desenvolvido uma pequena economia paralela? Ou ambas as possibilidades teriam ocorrido simultaneamente?  Que marcas teriam sido deixadas na paisagem por essas comunidades?

1.4. Sítio Caçapava 1 As escavações neste sítio evidenciaram cinco áreas de dispersão de material arqueológico, quatro delas históricas e uma, a mais extensa, pré-colonial. Tratar-se-á, aqui, apenas do sítio pré-colonial (Caçapava 1). Os resultados das pesquisas neste e nos demais sítios históricos podem ser lidos em CALDARELLI (2002). As estruturas evidenciadas no sítio indígena são apresentadas a seguir, por categoria. 1.4.1. Estruturas funerárias Foram evidenciadas 36 urnas funerárias no sítio Caçapava 1, algumas enterradas isoladas, outras em conjunto (foto 1).

FOTO 1 – Conjunto de urnas funerárias evidenciado no sítio Caçapava 1. Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

4

Apenas quatro das urnas evidenciadas apresentaram acompanhamento funerário, conforme quadro 2. QUADRO 2 Sítio Caçapava 1 – Estruturas funerárias com acompanhamento Urna

Acompanhamento funerário

02

Conchas e seis placas de carapaça de tatu

06

Adorno: dente de mamífero perfurado

09

Lascas de sílex e conchas fragmentadas

12

Dente de animal

Como a parte superior da maioria das urnas havia sido destruída por maquinário, anteriormente à pesquisa arqueológica, ficando no local apenas as paredes e o fundo das vasilhas, tampas foram registradas apenas em três urnas, enterradas mais profundamente que as demais e, por isso, preservadas da ação das máquinas: uma delas tinha a boca tampada por uma pedra chata, retangular; uma tinha a boca tampada por uma vasilha mais rasa, emborcada (figura 2) e uma terceira tinha a boca tampada por vários fragmentos de cerâmica (figura 3).

FIGURA 3 – Sítio Caçapava 1: urna funerária tampada por vasilha rasa emborcada. Desenho: Sérgio da Silveira

FIGURA 4 – Sítio Caçapava 1: urna funerária tampada por fragmentos cerâmicos. Desenho: Sérgio da Silveira

Verificou-se, também, que algumas das urnas funerárias eram acompanhadas por vasilhames secundários, de dimensões menores (ver figuras 5 e 6).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

5

FIGURAS 5 e 6 – Sítio Caçapava 1: urnas funerárias, acompanhadas de vasilhas secundárias, de menores dimensões. Desenho: Sérgio da Silveira.

Em dezessete urnas, foram evidenciados restos ósseos humanos, ainda parcialmente conservados (fotos 2 e 3).

FOTOS 2 e 3: restos esqueletais evidenciados em urnas funerárias no Sítio Caçapava 1. O mau estado de conservação dos ossos não permitiu verificar o sexo, mas quinze esqueletos puderam ter sua faixa etária identificada, conforme figura 2, abaixo.

Infantil: 4 27%

Adulto: 8 53% Sub-adulto: 3 20% FIGURA 2 – Faixa etária dos indivíduos enterrados nas urnas do Sítio Caçapava 1. Fonte: Bartolomucci, 2002. Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

6

Se a figura atrás apresentada for representativa das faixas etárias em que ocorriam os óbitos na sociedade indígena em questão, depreende-se que pouco mais de 50% da população atingia a idade adulta. Os estudos demonstraram a ocorrência de enterramentos individuais e coletivos. Houve um caso de uma urna que continha os restos esqueletais de um adulto, um subadulto e um infante. Apesar das mandíbulas evidenciadas (fotos 4 a 7), um estudo dentário que pudesse dar indicações do tipo de dieta dessa sociedade infelizmente ainda ficou por fazer.

FOTOS 4 a 7 – Mandíbulas humanas exumadas no Sítio Caçapava 1. Fotos: Rafael Bartolomucci. 1.4.2. Estruturas de cocção No Sítio Caçapava 1, foram evidenciados dois fornos, usados para cocção de cerâmica. Num deles, os fragmentos de cerâmica no interior do forno eram numerosos (foto 8), enquanto no outro era visível a limpeza pós-uso (foto 9). Ambos tinham cinzas, mas grandes fragmentos de carvão foram evidenciados apenas no forno não limpo (identificado como Estrutura 10).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

7

FOTO 8 – Sítio Caçapava 1: forno de cocção de cerâmica, com grandes fragmentos de vasilhas em seu interior.

FOTO 9 – Sítio Caçapava 1: forno de cocção de cerâmica, completamente limpo de restos de vasilhas anteriores. As estruturas de cocção evidenciadas no sítio Caçapava 1 correspondem ao tipo de forno denominado por RICE (1987) de “forno de cova”, abaixo descrito: Os fornos de cova consistem numa área escavada, com os lados rodeados por paredes baixas de argila ou tijolos. O combustível é colocado em cima e embaixo dos potes no forno, sendo o conjunto queimado quase da mesma

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

8

forma que a céu aberto. Como o fogo é parcialmente contido, os fornos de cova podem atingir e manter temperaturas mais altas do que na queima a céu aberto. Embora as temperaturas atingidas estejam entre as necessárias para se obter uma queima completa, como as vasilhas estão muito próximas do combustível, ocorrem no forno de cova a maior parte das vantagens e desvantagens da queima a céu aberto. A análise da cerâmica, feita por GOMES (2002), demonstrou que a técnica de manufatura utilizada foi o acordelamento, na totalidade dos casos analisados. O antiplástico usado foi 100% mineral, com elementos (quartzo, limonita, turmalina e mica) que provavelmente faziam parte da argila e, portanto, não foram objeto de adição intencional. Os demais atributos analisados (tipo de queima; manchas de queima; decoração; espessura das paredes e tipos de bordas) são apresentados nas figuras 3 a 7, a seguir. As formas reconstituídas (sete) são apresentadas na seqüência (as descrições encontram-se em CALDARELLI, 2002).

FIGURA 3 – Tipos de queima

FIGURA 4 – Manchas de queima

FIGURA 5 – Tipos decorativos

FIGURA 6 – Espessura das paredes

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

9

FIGURA 7 – Tipos de bordas Quanto às formas das vasilhas, foi possível reconstituir sete formas, apresentadas nas figuras 8 a 14, a seguir.

FIGURA 8 – Sítio Caçapava 1: forma reconstituída de vasilha cerâmica nº 1. Desenho: Sérgio da Silveira.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

10

FIGURA 9 – Sítio Caçapava 1: forma 2

FIGURA 10 – Sítio Caçapava 1: forma 3

FIGURA 11 – Sítio Caçapava 1: forma 4

FIGURA 12 – Sítio Caçapava 1: forma 5

FIGURA 13 – Sítio Caçapava 1: forma 6

FIGURA 14 – Sítio Caçapava 1: forma 7

A freqüência de cada forma no universo das vasilhas do sítio pode ser visualizada na figura 15, a seguir, onde se observa a predominância absoluta da forma 5 (vasilhas globulares, de função utilitária), representada em 61% das formas reconstituídas, seguida pela forma 1 (urna funerária periforme), representada em 17% das formas reconstituídas.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

11

FIGURA 15 – Freqüência dos tipos de forma no conjunto das vasilhas reconstituídas do Sítio Caçapava 1. Fonte: GOMES, 2002. A distribuição, no espaço do sítio arqueológico, das estruturas funerárias e de combustão (fornos e fogueiras) evidenciadas, pode ser observada na figura 16. Três concentrações de cerâmica fragmentada foram registradas, cuja interpretação não é segura: áreas de descarte? Áreas de secagem de vasilhas recém-fabricadas? 1.5. Cronologia da ocupação pré-colonial do Sítio Caçapava 1 Quanto ao período em que o sítio foi ocupado, as datações, realizadas no Laboratório Beta Analytic Inc, demonstraram que o sítio foi ocupado por cerca de 300 anos, entre 870 e 590 anos AP (ver quadro 3, abaixo).

QUADRO 3 Sítio Caçapava 1 – Datações radiocarbônicas obtidas por Beta Analytic Inc. Nº Amostra Procedência

Método

Idade

Período (AP) Período (AD)

166256

Urna 09

AMS

870+40 AP

910 a 690

1040 a 1260

166257

Urna 11

AMS

660+40 AP

670 a 550

1280 a 1400

166255

Urna 07

AMS

620+40 AP

660 a 540

1290 a 1410

166259

Urna 42

C14

610+50 AP

660 a 530

1290 a 1420

166258

Urna 22

AMS

600+60 AP

670 a 520

1280 a 1430

166260

Estrutura 10 (forno)

C14

590+50 AP

660 a 520

1290 a 1430

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

12

FIGURA 16 – Sítio Caçapava 1 – Distribuição espacial das estruturas funerárias, de combustão e cerâmicas. Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

13

1.6. Conclusões preliminares O sítio Caçapava 1 evidenciou um cemitério indígena com 36 urnas funerárias escavadas e mais sete outras estruturas, duas delas correspondendo a fornos de covas, três a concentrações cerâmicas com função ainda não identificada e duas fogueiras difusas (não estruturadas). Artefatos líticos foram registrados no sítio, mas em número extremamente baixo: duas lâminas de machado polidas e uma lasca (CALDARELLI, 2003). O tempo de ocupação do sítio, entre os séculos XI e XIV de nossa era, por grupos portadores da cerâmica Aratu, indica grande estabilidade da população neste local, onde permaneceu por cerca de três séculos. Acrescentando-se as informações sobre sítios Aratu também em outros municípios do Vale do Paraíba do Sul paulista (Jacareí, Aparecida e Natividade da Serra), conclui-se que o Vale do Paraíba teve, provavelmente, uma extensa ocupação Aratu, distribuída por vários dos atuais municípios, anteriormente à chegada, na região, dos índios Tupis. Desse modo, o Vale do Paraíba pode ser compreendido como uma das áreas de confluência dos grupos Aratu originários do Brasil Central. As datações absolutas do sítio Caçapava 1, entre 870  40 B.P e 590  50 B.P.,

situam

estes

deslocamentos

precisamente

no

contexto

de

diversificação cultural e pressões populacionais exercidas por outros grupos indígenas, antes da conquista européia. Conforme indicado pela bibliografia, nesta mesma época, tais pressões foram responsáveis pelo colapso das grandes aldeias circulares, que resultaram em alterações na morfologia e no padrão de implantação dos sítios, observadas no Brasil Central (MELLO, 1996; GONZÁLEZ, 1996; WÜST & BARRETO, 1999). Conclui-se, portanto, que a ocupação Aratu no sítio Caçapava 1, devido aos padrões de sua cultura material, às dimensões do sítio e aos indicadores de estabilidade, representa um dos remanescentes deste processo acima referido (GOMES, 2002b: 224). Até as pesquisas de contrato realizadas em função do licenciamento ambiental da Rodovia Carvalho Pinto, não havia sido aventada a existência de uma ocupação Aratu no extremo leste paulista. Trata-se, portanto, de uma problemática inédita, que se delineou a partir dos estudos arqueológicos contratados, alterando a versão etno-histórica tradicionalmente difundida. Novas pesquisas, direcionadas para esta problemática, poderão revelar uma dispersão ainda maior e mais longa da ocupação Aratu na área em pauta. Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

14

2. 2º caso: LT Tijuco Preto-Cachoeira Paulista II - sítio indígena Guaianá no alto vale do Paraíba paulista.

FIGURA 17 – Localização do sítio Guaianá no Vale do Rio Paraíba do Sul, SP, cortado pela LT Tijuco Preto-Cachoeira Paulista. Fonte: CAL Consultoria Ambiental, 2003. 2.1. Histórico das pesquisas As prospecções em campo ocorreram no ano de 2003, como um dos programas obrigatórios para a concessão da Licença de Instalação (LI) à Linha de Transmissão em 500 kV Tijuco Preto – Cachoeira Paulista II, um empreendimento da Cachoeira Paulista Transmissora de Energia-CPTE. Todas as praças das torres da linha de transmissão foram prospectadas e os acessos novos à faixa de servidão foram todos vistoriados. A idéia foi verificar todos os locais vulneráveis do ponto de vista arqueológico, imediatamente após sua locação topográfica e antes de qualquer obra que pudesse colocar em risco os bens arqueológicos porventura existentes nesses locais. Um único sítio arqueológico foi identificado, no acesso e na praça do Torre 42/2: o sítio pré-colonial denominado Topo do Guararema, localizado no município de Guararema. As escavações sistemáticas de salvamento do sítio arqueológico foram realizadas no ano de 2004, durante quatro meses. Optou-se, pela problemática arqueológica relacionada ao sítio e pela sua singularidade e bom estado de preservação, por fazer uma escavação etnográfica, em superfície contínua (FERDIERE, 1980).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

15

Os trabalhos de laboratório ainda estão em fase inicial, com a curadoria do grande volume de material coletado. Coordenados pela Scientia Consultoria Científica, os trabalhos contaram com o apoio institucional do Instituto de Pesquisas em Arqueologia-IPARQ/Universidade Católica de Santos-UNISANTOS. 2.2. Problemática arqueológica da área de estudo Problemática 1 – implantação O sítio encontrava-se implantado em topo de morro de difícil acesso, a 100 m da margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, sob cobertura vegetal de gramíneas e eucaliptos, nada mais restando da mata atlântica original que o recobria (figura 18). Sua área estimada era de 4.800 m² (80 x 60m).

FIGURA 18 – Implantação topográfica do sítio arqueológico Topo do Guararema. Fonte: MAPASGEO, 2003.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

16

Problemática 2 – arqueologia Pesquisas arqueológicas anteriormente realizadas no Vale do Paraíba paulista haviam identificado duas populações indígenas ceramistas, relacionadas ``as tradições Aratu (CALDARELLI, 2002) e Tupiguarani (BLASI & GAISSLER, 1991 e GONZÁLEZ & ZANETTINI, 1999). As datações existentes confirmavam a presença, no médio vale, das sociedades de tradição Aratu por pelo menos três séculos: século XI a meados do século XV d.C. (CALDARELLI, 2002). O sítio Tupiguarani Santa Marina, situado em Jacareí, dataria do século XV d.C. (GONZALEZ & ZANETTINI, 1999). Um outro sítio Aratu (sítio Light), identifcado no município de Jacareí, apresentou indícios fortes de contato com as populações tupiguarani (BORNAL, 1999). As indicações eram de que a população Tupiguarani estaria adentrando o vale do Paraíba do Sul quando a população Aratu estava-se retirando. Era possível que esta correspondência não fosse uma coincidência, e que a saída da população Aratu tenha sido provocada pela penetração Tupi. Esta era uma questão a ser esclarecida com pesquisas dirigidas. Problemática 3 – etno-história As fontes escritas consultadas (ABREU, 1954; ABREU, 1985; ALMEIDA, 1935; AZEVEDO, 1959; CARDIM, 1974; CASAL, 1975; CROPANI, 1949; DERBY, 1899; HOLANDA, 1975; KNIVET, 1878; LÉRY, 1972; LOWIE, 1946; MAGALHÃES, 1978; MÉTRAUX, 1946; MONTEIRO, 1994; NIMENDAJU, 1981; ORTIZ, 1988; PETRONE, 1995; PREZAI, 2000; REIS, 1979; SCHADEN, 1954) informam que, no início do século XVI, o Vale do Rio Paraíba do Sul, em território paulista, era ocupado certamente por índios pertencentes às famílias lingüísticas Tupi-guarani e Puri. Há menções freqüentes sobre índios guarus, guaramomis ou muiramomis, de família linguística incerta. No entanto, é preciso ter-se em mente que as denominações dos índios, no século XVI, eram dadas pelos portugueses, que freqüentemente confundiam os vocábulos, designando do mesmo modo índios étnica e culturalmente muito distintos entre si e viceversa. Devido a isto, muita confusão se criou e muita polêmica se estabeleceu entre os estudiosos que tentaram desfazer as confusões originadas e identificar étnica e lingüisticamente os indígenas da região.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

17

 GUARAMOMIS

Segundo as fontes, foram os primeiros indígenas a desaparecer da região, atacados pelos tamoios que desciam pelo Vale do Paraíba, fugindo dos portugueses, após a expulsão dos franceses (seus aliados) do Rio de Janeiro, e pelos tupiniquins que subiam pelo vale, fugindo dos portugueses da região de Piratininga. Acabaram aldeados em Guarulhos e Atibaia, onde terminaram perecendo, no início do século XVII. Seus costumes eram muito simples, pois, não sendo horticultores e vivendo em grande mobilidade, construíam habitações muito rudes, de pouca durabilidade.  PURIS

As fontes indicavam que teriam penetrano no Vale do Paraíba do Sul através do Rio de Janeiro, fugindo de suas terras de origem (litoral do Espírito Santo e Rio de Janeiro), empurrados pelos tupis, de quem eram inimigos. Chegaram até o médio Paraíba. Devido ao êxodo dos tamoios, que adentraram o vale ao fugir dos portugueses que reconquistaram o Rio de Janeiro, desceram o vale, chegando a atingir o atual município de São José dos Campos. Foram os últimos indígenas a desaparecer. Ocupavam a área de mata entre a Serra da Mantiqueira e o Rio Paraíba. Muitos móveis, suas cabanas não passavam de meros anteparos contra o vento, feitas pela deposição de folhas de palmeira contra uma estrutura de madeira, que também servia para pendurarem suas redes de dormir. Eram considerados tímidos e medrosos e só se comunicavam com povos da mesma cor e língua. Corriam dos brancos e não os atacavam; no máximo, roubavam suas ferramentas. Viviam praticamente de caça, pesca e coleta, pouco plantando. Assavam a carne em espetos sobre fogueiras e usavam cabaças como tigelas. Eram conhecidos como hábeis arqueiros. Como os demais índios da região, adornavam o corpo com pinturas, penas e colares. Em processo de fuga, parte desses índios acabou saindo do vale, dirigindo-se para Minas Gerais. No século XIX, os puris remanescentes do Vale do Paraíba foram aldeados em Queluz.  TUPIS

Em conflito com os portugueses, os diversos grupos tupis concentrados no Vale do Paraíba passaram a assediar a Vila de São Paulo de Piratininga entre 1560 e 1567,

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

18

movimento que ficou conhecido como "Confederação dos Tamoios". Em conseqüência , o governador Geral do Brasil na época, Mem de Sá, determinou que se fizesse guerra aos índios confederados. Com o decréscimo da população indígena escravizada de São Paulo, devido ao surto de doenças que aniquilavam os índios, organizaram-se entradas para apresamento de novos índios, tanto em direção ao sul de São Paulo, quanto em direção ao Vale do Paraíba. Como conseqüência do bandeirismo de apresamento, já na primeira metade do século XVI muitos dos tupis do alto e baixo Vale do Paraíba do Sul encontravam-se cativos ou aldeados, enquanto seus remanescentes eram rapidamente dizimados ou fugiam para outras regiões. Uma vez que sua cultura material é sobejamente conhecida, não serão feitas referências aqui.  GUAIANÁS

Inúmeras foram as menções, no Vale do Paraíba, a índios guaianás, denominação ora atribuída aos tupis, ora aos maramomis, ora aos puris. Segundo PREZIA (2000), que fez um estudo sobre os indígenas do planalto paulista nos séculos XVI e XVII, a partir de aspectos lingüísticos e da cultura material, os Guaianá não falavam língua do tronco tupi. Do ponto de vista lingüístico, aproximavam-se mais dos maramomis (ou guarulhos). Entretanto, compartilhavam com os puris traços significativos da cultura material, como o uso de redes para dormir. “... eram andarilhos, vagando pelas montanhas, vivendo de frutas silvestres que o mato dá, de caça e peixe. Alguns já haviam se sedentarizado, possuindo aldeias e comercializado com os franceses e portugueses. Plantavam algumas roças de milho, com o qual fabricavam o cauim, bebida fermentada que muito apreciavam e com a qual se embebedavam. Usavam o tabaco, que fumavam sempre, seja em companhia de outros, seja na própria casa, utilizando-o também para curar ferimentos. (...) Construíam casas simples, compridas e cobertas de folhas de palmeira ou de casca de árvores. Dormiam em redes feitas de casca de árvore presas com algodão, fiadas pelas mulheres. Fabricavam cordas com as quais amarravam os prisioneiros e cestos para levar utensílios e flechas” (PREZIA, 2000).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

19

Problemática 4 – história O povoamento colonial do Vale do Paraíba paulista iniciou-se efetivamente a partir do início do século XVII, em decorrência da derrocada dos indígenas, na "Confederação dos Tamoios“. A consequência imediata foi a formação dos aldeamentos de Nossa Senhora da Escada e de São José do Paraíba, em terras hoje pertencentes, respectivamente, aos municípios de Guararema e São José dos Campos, com a finalidade de proteger as fronteiras de São Paulo de Piratininga de ataques de índios hostis (PETRONE, 1995). O aldeamento de Nossa Senhora da Escada, origem do atual município de Guararema, foi inicialmente um aldeamento leigo (PETRONE, 1995), provavelmente formado com índios guaianás (PREZIA, 2000), posteriormente doado a padres jesuítas, os quais construíram no local, em 1652, uma capela em louvor a Nossa Senhora da Escada. Essa capela encontra-se preservada até hoje, tendo sido tombada pelo IPHAN (foto 10).

FOTO 10 – Igreja de Nossa Senhora da Escada, em Guararema, tombada pelo IPHAN. 2.3. Indagações da Pesquisa O sítio Topo do Guararema seria um sítio indígena do período histórico, implantado em alto topográfico e camuflado originalmente pela mata atlântica, como estratégia de refúgio (e defesa) do conquistador europeu? Ou seria um sítio pré-colonial, testemunho arqueológico de uma ocupação indígena não relacionada nem às sociedades Aratu, nem às sociedades Tupiguarani? Estaríamos diante de um sítio dos famosos Guaianás, tantas vezes mencionados e jamais concretamente identificados? Haveria relação entre as etnias Puri ou Guaramomi com os Guaianás? Nesse caso, a cultura material simples não seria um reflexo de deculturação, causada pela chegada do conquistador?

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

20

2.4. Caminhos para responder às indagações  Entender os motivos de o sítio arqueológico encontrar-se implantado em alto

topográfico de difícil acesso.  Conhecer a cultura material produzida e utilizada pela comunidade indígena que

se assentou no local.  Compreender os aspectos da organização sócio-cultural dessa comunidade, a

partir das evidências culturais deixadas no espaço interno do sítio arqueológico.  Estimar

a densidade demográfica da comunidade que ocupou o sítio

arqueológico.  Identificar o período em que se deu a ocupação do sítio arqueológico

2.3. Conclusões preliminares As datações realizadas demonstraram que o sítio Topo do Guararema é um sítio précolonial, tendo sido descartada a possibilidade de se tratar de um sítio indígena do período colonial (ver quadro 4, abaixo). QUADRO 4 Sítio Topo do Guararema – Datações radiocarbônicas obtidas por Beta Analytic Inc. Nº Amostra Procedência

Método

Idade

Período (AP) Período (AD)

198792

CCV 36

C14

1030 + 60 AP

970 a 750

980 a 1200

198789

CCV 20

C14

930 + 70 AP

940 a 680

1010 a 1270

198787

CCV 7

C14

900 + 60 AP

920 a 670

1030 a 1280

198791

CCV 33

C14

740 + 50 AP

690 a 550

1260 a 1400

198790

CCV 25

C14

720 + 60 AP

710 a 550

1240 a 1400

198788

CCV 13

C14

700 + 60 AP

690 a 540

1260 a 1410

Sua ocupação se deu ao longo de ao menos três séculos, entre os anos de 1000 e 700 AP (cerca de 950 a 1.250 d.C.). Embora os trabalhos de laboratório ainda estejam no início, o que se pôde observar da cultura material evidenciada no sítio arqueológico demonstra tratar-se dos remanescentes de um assentamento de uma comunidade indígena Gê. A cerâmica, com formas predominantemente simples e sem decoração, não se assemelha à cerâmica de tradição Aratu do sítio Caçapava 1. Guarda maiores semelhanças com a cerâmica de

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

21

Tradição Itararé, mas sua associação com sociedades Kaingang tem sido considerada de baixa probabilidade. Todas as características de implantação e de ambiente explorado levam a associar o sítio com os muito mencionados mas pouco conhecidos Guaianás, que, segundo as fontes consultadas, ocupavam as serras do leste paulista. Por isso, provisoriamente, e até que se consigam maiores informações, que invalidem ou reforcem nossa hipótese, o sítio está sendo considerado um sítio Guaianá. 3. Estado atual do conhecimento sobre a ocupação pré-colonial do Vale do Paraíba do Sul, trecho paulista Com as descobertas propiciadas pelas pesquisas arqueológicas realizadas para o licenciamento ambiental da Rodovia Carvalho Pinto e da Linha de Transmissão Tijuco Preto – Cachoeira Paulista II, um novo cenário se descortinou sobre a história pré-colonial do Vale do rio Paraíba do Sul. Sabe-se, agora, que muito antes de as tribos Tupi penetrarem na região, esta foi ocupada por tribos Gê, culturalmente diferenciadas entre si. Embora tenham penetrado na região em levas distintas, elas coabitaram o vale por pelo menos duzentos anos, conforme figura 19, abaixo. 500 600 700

Período de cohabitação Guaianá / Aratu

800 900 1000 1100

1

2

3

4

5

6

TG

1030

930

900

740

720

700

Ca1

870

660

620

610

600

590

FIGURA 19 – Período mínimo de permanência das sociedades Guaianá e Aratu no Vale do Paraíba paulista, conforme revelado pelos sítios arqueológicos Topo do Guararema (Guaianá) e Caçapava 1 (Aratu).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

22

Pelos dados até o momento disponíveis, as tribos Guaianá atingiram primeiro o vale, talvez ali chegando pela Serra da Mantiqueira 1. A datação mais antiga para o sítio topo do Guararema coloca sua presença no local por volta de 1.030 anos AP, enquanto a datação mais antiga do Sítio Caçapava 1 coloca as tribos Aratu na região por volta de 870 AP. No entanto, essas sociedades conviveram no vale por ao menos duzentos anos (entre 900 e 700 anos AP). Seria difícil imaginar que não tivessem inter-agido, principalmente ao se levar em conta que o sítio Aratu Light foi localizado no município de Jacareí, vizinho ao de Topo do Gurarema (vide figura 1). A população Aratu do Vale do Paraíba, totalmente desaparecida em tempos históricos, chegou a inter-agir com as tribos Tupi, conforme indicam as análises da cerâmica do Sítio Light (BORNAL, 2000). Caso os ocupantes do Sítio Topo do Guararema sejam efetivamente antepassados dos índios Guaianás, sua ocupação no vale teria atingido o período colonial, quando foram diversas vezes mencionados pelos cronistas. Enquanto as tribos da Tradição Aratu possivelmente não tenham resistido à chegada dos Tupis, os Guaianás, embora em conflito com esses últimos, teriam desaparecido apenas após a entrada do conquistador europeu no vale 2. Confirme-se ou não o cenário acima, uma coisa é certa: as pesquisas arqueológicas de contrato no médio e alto vale do Paraíba do Sul resgataram para sua história agentes étnicos cuja presença tinha-se esvaído da memória regional.

4. Referências bibliográficas ABREU, J. C. de Capítulos de História Colonial. Rio de Janeiro, Briguet, 1954. ABREU, M. M. de Taubaté - de núcleo irradiador de bandeirismo a centro industrial e universitário do Vale do Paraíba. Aparecida do Norte, Santuário, 1985. ALMEIDA, A. P. O aldeamento dos índios Purus. Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, 1935, I (XI): 57-61 AZEVEDO, A. de Aldeias e aldeamentos de índios. Boletim Paulista de Geografia, 1959 (33).

1

O que levaria a indagações sobre uma possível associação com a Tradição Uma, conforme assinalou P. I. Schmitz, durante o xxx SAB-Sul, em Criciúma (SC). 2 Recentemente, foi informado à Scientia o encontro de um outro sítio arqueológico, semelhante ao Topo do Guararema, também implantado em topo de morro. O sítio, não localizado no traçado da LT Tijuco Preto – Cachoeira Paulista, vai ser vistoriado e, então, registrado junto ao IPHAN.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

23

BARTOLOMUCCI, R. Material osteológico. In: S. B. CALDARELLI (Org.) Arqueologia do Vale do Paraíba Paulista – SP-070 – Rodovia Carvalho Pinto. São Paulo, DERSA, 2003. BLASI, O. & GAISSLER, M. Notícia sobre o sítio arqueológico de Jacareí. Jacareí, Museu Antropológico do Vale do Paraíba, 1991 (relatório). BORNAL, W. G. Sítio Light – Reconhecimento Arqueológico – Relatório Final. Jacareí, Museu Antopológico do Vale do Paraíba, 2000. BRUNO, E. S. História do Brasil Geral e Regional, 5: São Paulo e o Sul. São Paulo, Cultrix, 1967. CAL CONSULTORIA AMBIENTAL Linha de Transmissão 500 kV Tijuco Preto – Cachoeira Paulista II. Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Rio de Janeiro, CAL/CPTE, 2003. CALDARELLI, S. B. (Org.) Arqueologia do Vale do Paraíba Paulista – SP-070 – Rodovia Carvalho Pinto. São Paulo, DERSA, 2003. CARDIM, F. Tratados da Terra e da Gente do Brasil. São Paulo, Nacional/MEC, 1974. CASAL, A. de Corografia Brasílica. Belo Horizonte/Itatiaia, São Paulo/EDUSP, 1975. CROPANI, Barão O. de F. de Índios e brancos no município de São José dos Campos. Investigações, 1949: 95-102. DERBY, O. O roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1899 (4). FERDIÈRE, A. La fouille, pour quoi faire? In: A. Schnapp (Ed.), L’Archéologie Aujourd’hui. Paris, Hachette, 1980: 23-60. GOMES, D. C. A cerâmica indígena do sítio Caçapava 1. In: S. B. CALDARELLI (Org.) Arqueologia do Vale do Paraíba Paulista – SP-070 – Rodovia Carvalho Pinto. São Paulo, DERSA, 2003a. GOMES, D. C. A Tradição Aratu no Brasil. In: S. B. CALDARELLI (Org.) Arqueologia do Vale do Paraíba Paulista – SP-070 – Rodovia Carvalho Pinto. São Paulo, DERSA, 2003b. GONZÁLEZ, E. M. R. Os grupos ceramistas Pré-Coloniais do Centro-Oeste Brasileiro. Revista do MAE, São Paulo, USP, 1996, 6: 83-121. HOLANDA, S. B. de Caminhos do Sertão. Revista de História, USP, 1964, 15 (57): 6911. KNIVET, A. Notável viagem que, no ano de 1851 e seguintes fez Antonio Knivet da Inglaterra ao Mar do Sul, em companhia de Thomas Cavendish. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1878 (41). LERY, J. de Viagem à Terra do Brasil. São Paulo, Martins, 1972. LOWIE, R H. The indians of eastern Brazil. Handbook of South American Indians. Washington, Smithsonian Institution, 1946 (1).

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

24

MAGALHÃES, B. de Expansão territorial do Brasil colonial. São Paulo, Nacional, 1978. MARANCA, S. Dados Preliminares sobre a Arqueologia do Estado de São Paulo. Publicações Avulsas, Belém, MPEG, 1968 (13). MELLO, P. J. C. Levantamento e resgate do patrimônio arqueológico da área diretamente afetada pela Usina hidrelétrica Corumbá (GO). Relatório final.Goiânia, IGPAUCG/Furnas, 1996. METRAUX, A. The Puri-coroado linguistic family. Handbook of South American Indians, 1946 (1). Washington, Smithsonian Institution. MILLIET, S. Roteiro do café e outros ensaios. São Paulo, Hucitec, 1982. MONTEIRO, J. M. Negros da terra – índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo, Cia. das Letras, 1994. NIMUENDAJU, C. Mapa Etnohistórico do Brasil e regiões adjacentes. Rio de Janeiro, IBGE, 1981. ORTIZ, J. B. São Francisco das Chagas de Taubaté.. Taubaté, Prefeitura Municipal, 1988. PETRONE, P. Aldeamentos paulistas. São Paulo, EDUSP, 1995. PREZIA, B. A. Os indígenas do Planalto Paulista nas crônicas quinhentistas e seiscentistas. São Paulo, Humanitas/FFLCH-USP, 2000. REIS, P. P. dos O Indígena do Vale do Paraíba. Coleção Paulística, São Paulo, Governo do Estado, 1979 (16). SCHADEN, E. Os primitivos habitantes do território paulista. Revista de História, São Paulo, USP, 1954 (18). TAUNAY, A. de E. O caminho entre S. Paulo e o Rio de Janeiro na era colonial. Anais do Museu Paulista, São Paulo, USP, 1927, III: 197-243. TOLEDO, F. S. Caminhos de penetração, povoamento e colonização. In: http://www.valedoparaiba.com, 2001 WÜST, I & BARRETO, C. The Ring Villages of Central Brazil: A Challenge for Amazonian Archaeology. Latin American Antiquity, 1999, 10 (1): 3-23.

Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 7-33, 2005.

25

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.