PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA: UM ESTUDO DA PROVA RÚSTICA TIRADENTES

May 30, 2017 | Autor: Jeferson Rojo | Categoria: Running, Endurance running, ATLETISMO, Corrida de Rua, Pedestrianismo
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JEFERSON ROBERTO ROJO

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA: UM ESTUDO SOBRE A PROVA RÚSTICA TIRADENTES

MARINGÁ 2014

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

JEFERSON ROBERTO ROJO

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA: UM ESTUDO SOBRE A PROVA RÚSTICA TIRADENTES Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) apresentado à UEM- Universidade Estadual de Maringá- como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Educação Física Orientador: Prof Dr. Fernando Augusto Starepravo

MARINGÁ 2014

JEFERSON ROBERTO ROJO

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA: UM ESTUDO DA PROVA RÚSTICA TIRADENTES

Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) apresentado à UEM – Universidade Estadual de Maringá - como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Fernando Augusto Starepravo Aprovado em ______ / ______ / ______

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Dr. Fernando Augusto Starepravo Universidade Estadual de Maringá – UEM

____________________________________________ Prof. Ms. Eduard Angelo Bendrath Universidade Estadual de Maringá – UEM

____________________________________________ Prof. Ms. Felipe Canan Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste

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Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento.

(Provérbios 3:13, BÍBLIA) 3

DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais e a toda a minha família, pelos dias de esforço dedicados a minha formação humana. 4

AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por me dar condições e forças para realizar meus desejos, e enfrentar os dias dessa vida. Agradeço ao meu orientador, Dr. Fernando Augusto Starepravo, por aceitar me orientar desde os primeiros devaneios que resultariam nesse estudo, por colaborar para minha formação, transmitindo o seu conhecimento e experiência. Agradeço aos demais professores do Departamento de Educação Física da UEM, onde muitos, mais que professores foram e são verdadeiros amigos, em especial a professora, Luciane Costa, por me apresentar o atletismo e me fazer apaixonar por esse esporte. Sendo minha base, e suporte para conseguir caminhar nesses anos de estudos, agradeço aos meus familiares, mãe, Enira Schimidt Rojo, e Pai, José Roberto Rojo, pois sem eles não teria condições de concluir essa etapa. Agradeço também as minhas irmãs, meus avós, tios e tias, primos e primas, pois o sucesso de um membro de uma família unida e respeitosa se deve aos demais pilares desse circulo. Fazendo-me apaixonar pela corrida, lembro em meus agradecimentos, da ACORREMAR, e dos amigos que lá encontrei, em nome de todos agradeço aos mestres, Zé Jorge e Gilberto, por me ensinar muito do que eu sei sobre corridas. Agradeço ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Públicas do Esporte e Lazer (GEPPOL), por me receber de braços abertos, e aos amigos que encontrei por lá que me ajudaram grandemente na realização desse trabalho, agradeço a todos, mas em especial a minha irmã, Andressa, por me ajudar adaptar ao grupo no inicio do meu ingresso e pela força que tem me dado nesses últimos dias. Não posso me esquecer dos amigos que fiz durante essa jornada, agradeço aos amigos que desde o primeiro momento dessa luta estiveram presentes, Amanda, Filipe e Pâmela. Agradeço os demais colegas de sala, mas em especial os amigos Francielli, Felippe, Giovanna, Jessica, Marco, Vanderlei, Tairine, Yara, esses mais que colegas são amigos que levarei para a vida, agradeço também a Aninha pelas sábias e “duras” palavras que me conduziram a mudança de pensamentos e me trouxe até esse trabalho. 5

Enfim agradeço a todos que de alguma forma contribuíram direta o indiretamente para a realização desse trabalho, e também para a minha formação. Sei que minhas palavras aqui são poucas para agradecer a real importância de cada um de vocês para minha vida.

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ROJO, Jeferson Roberto. PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA: UM ESTUDO DA PROVA RÚSTICA TIRADENTES. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Universidade Estadual de Maringá – UEM, 2014. RESUMO Este estudo objetivou discutir o processo de transformação ocorrido nas provas de atletismo realizadas em ruas, as corridas de rua, num período que vem desde o “jogging boom” até os dias atuais. Mais especificamente focamos nosso olhar na Prova Rústica Tiradentes, uma prova de corrida de rua que em 2014 chegou a sua 40ª edição, sendo uma das provas mais importantes de corrida de rua a nível estadual e nacional. O trabalho visa contribuir para a literatura aumentando o número de estudos sobre o tema, qualificando os estudos sobre a temática e orientando os responsáveis pelas políticas públicas esportivas do país a respeito do assunto. Os dados foram coletados por meio de entrevistas realizadas com um número de oito (8) praticantes da corrida de rua, que participaram da Prova Rústica Tiradentes, com no mínimo quinze (15) anos de experiência em competições. A partir do material coletado, e da realização das análises, chegamos a conclusão que houve grandes mudanças na Prova Rústica Tiradentes, em relação a participação dos corredores, a estrutura fornecida pela organização para os atletas, e em relação aos custos para se participar da prova. Além dessas mudanças, foram constatadas a exclusão de corredores menos favorecidos financeiramente, e também uma queda no nível técnico da prova. Palavras - chave: Corrida de Rua, Transformações, políticas públicas.

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LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Valores cobrados pela inscrição da Prova Rústica Tiradentes .. 33 QUADRO 2 – Apresentação do perfil dos sujeitos participantes da pesquisa 36

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Prova Rústica Tiradentes em sua 11ª edição, ano 1985 ............. 34 FIGURA 2 – Prova Rústica Tiradentes em sua 40ª edição, ano 2014 ............. 34

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS CBAt – Confederação Brasileira de Atletismo. EUA – Estados Unidos da América. IAAF – Associação Internacional de Federações de Atletismo. IAMS – Associação Internacional de Maratonas e Corridas de Distância. Km – Quilômetros. PR – Paraná SESP – Secretaria de Esporte e Lazer de Maringá – PR. SP – São Paulo.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 12 1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 16 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................... 17 1.2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................... 17 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................ 17 1.3 METODOLOGIA .................................................................................... 18

2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 19 2.1 CONCEITOS DA TEORIA DOS CAMPOS E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................................... 19 2.2 O ESPORTE MODERNO........................................................................ 24 2.3 A CORRIDA DE RUA ............................................................................. 27 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 36 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 52 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 54 APÊNDICES .................................................................................................... 57 ANEXOS .......................................................................................................... 62

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1. INTRODUÇÃO A corrida de rua é um esporte que vem ganhando muitos adeptos. Estudos apontam que é um dos esportes que mais vem crescendo nos últimos tempos (DALLARI, 2009; OLIVEIRA, 2010; GONÇALVES, 2011). Uma pesquisa realizada em 20111 afirma que naquele período a corrida de rua já era o segundo esporte mais praticado por atletas profissionais e também amadores no Brasil. As corridas de rua são provas do atletismo conhecidas como provas de fundo, que tem características de possuir uma grande distância e duração, e são realizadas em percursos elaborados nas ruas. Essas provas, quando oficiais, são regidas e regulamentadas pelo órgão máximo do atletismo mundial, a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), no Brasil, representada pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Segundo o artigo 4º das normas de homologação publicada pela CBAt as provas oficiais devem estar enquadradas em:

Art. 4º - Da Regra 240 da IAAF, destacam-se, a seguir, os pontos obrigatórios que uma corrida de rua deve CUMPRIR para seu reconhecimento oficial, considerando todas as provas, sem exceção, quais sejam: a) ser realizada numa das distâncias padrão: 10 km, 15 km, 20 km, Meia-Maratona, 25 km, 30 km, Maratona (42.195m), 100 km, Ultra-Maratona de 24 horas e Maratona de Revezamento em percurso de rua; b) ser realizada em um percurso “tradicional” para a localidade, mesmo que a distância não seja exatamente uma das referidas na alínea anterior; como exemplo citam-se as corridas com percursos em parques, em volta de lagoas, travessia de pontes ou ainda na distância de 10 Milhas (16,093 km), sendo, no entanto, sempre efetuadas em percursos totalmente pavimentados (CBAt, 2012, s.p.).

A associação internacional de maratonas e corridas de rua (IAMS), refereciando Hugh Jones (2003) afirma que nas antigas Olimpiadas os registros mostram que as corridas mais longas realizadas tinham distância inferior a 5 km. A prova mais famosa e prestigiada desse tipo de competição, a maratona, faz parte das competições olímpicas há pouco mais de 100 anos, 1

Muito além do Futebol: Estudos sobre esportes no Brasil. Setembro de 2011. Deloitte. Disponível em: https://www.deloitte.com/assets/DcomBrazil/Local%20Assets/Documents/Estudos%20e%20pesquisas/PesquisaMuitoAlemFutebol.pd f acesso em: 08/03/2014.

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porém os autores relatam sua criação baseada nas “lendas” dos mensageiros da Grécia antiga (IAMS, s/d, s/p). A corrida de rua como conhecemos hoje teve seu inicio na Inglaterra, onde era praticada por membros da classe trabalhadora. “Os primeiros vinham das classes trabalhadoras e participavam de competições patrocinadas por pubs tradicionais” (DALLARI, 2009, p. 24). No início do século XX, segundo Dallari (2009), já existiam as primeiras corridas de rua em território brasileiro, sendo que uma das mais importantes provas do atletismo nacional, a Corrida de São Silvestre2, teve realizada sua primeira edição no dia 31 de dezembro de 1925. Nessa primeira edição se classificaram à final apenas 60 atletas. Ao longo dos anos a prova foi aberta aos atletas estrangeiros, e após a participação dos atletas profissionais estrangeiros houve também abertura para a participação da população comum, os atletas amadores, e com isso a prova foi se popularizando. No ano de 2012 foram classificados ao final da prova um número superior a 20.000 atletas. Na década de 1970, nos Estados Unidos, houve um aumento significante no número de provas e de praticantes da corrida de rua, que foi impulsionado pelo “jogging boom”, um advento que empregava a prática da corrida como forma de lazer e busca pela saúde. Tal advento foi baseado nas teorias do médico americano Kenneth Cooper, o criador do teste de Cooper, e impulsionado com a permissão da participação popular, os atletas amadores, junto aos corredores de elite, porém com largadas separadas para os respectivos pelotões (SALGADO; CHACON-MIKHAIL, 2006). No Brasil, esse impulso se consolidou em meados da década de 1990, segundo os escritos de Augusti e Aguiar (2011). Com esse aumento no número de provas e participantes ocorreram, além dessas, algumas transformações no fenômeno da corrida de rua, tema do presente estudo. Dentre estas transformações que ocorreram estão: o aumento do número de provas; o aumento do número de corredores; o início da cobrança das taxas de inscrições e também o aumento de seu valor a cada ano.

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A Corrida Internacional de São Silvestre, é uma competição de corrida de rua realizada na cidade de São Paulo nos dias 31 de Dezembro de cada ano, seu percurso possui uma distância de 15km, no ano de 2014 será realizada sua 90ª edição.

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Para compreender essas transformações que ocorrem nas corridas, é preciso conhecer a origem dos esportes modernos e como houve suas transformações. Korsakas (2002), ao analisar o surgimento dos esportes modernos, afirma que a sua origem se deu no século XIX, acompanhando o desenvolvimento da sociedade capitalista. A autora ainda observa que vários tipos de jogos sofreram alterações até chegarem ao esporte espetáculo, transformando-se em um produto de consumo para a sociedade. A sua evolução acompanha também os avanços tecnológicos, surgindo cada vez mais novidades, como vestimentas e materiais esportivos, sempre com o objetivo de torná-lo mais atraentes para o consumo, seja através de ingressos de estádios e ginásios, assinatura de canais de televisão, venda de marcas esportivas que patrocinam atletas de alto nível de competição, entre outros. A partir desse contexto, observamos que o custo para participar de uma prova de corrida de rua torna cada vez mais alto. Seria esse um motivo para se preocupar com a exclusão das classes menos favorecidas em termos de capital financeiro das competições desse esporte? Uma forma de elitização? Sem esses atletas, que participavam das tradicionais competições em busca de rendimento, mesmo que amador, e a presença cada vez mais massiva de pessoas que buscam qualidade de vida e saúde através do esporte, pode haver queda no nível técnico das provas? Com a hipótese de haver a exclusão de uma parcela dos participantes das corridas de rua, devido a essas possíveis transformações, nos deparamos então com a responsabilidade do Estado em promover o esporte, afirmado na Constituição Federal de 1988: Art. 217.§ 2º É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, [...] II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento (BRASIL, 1988).

Tendo conhecimento que o poder público tem uma função de oferecer acesso aos esportes e lazer para todo cidadão, entendemos que também se faz necessário estudar o papel do Estado e das políticas públicas do esporte e lazer, do ponto de vista do corredor. Nesse intuito, abordaremos as políticas públicas esportivas remetendo a esse esporte, em relação ao que se tem feito 14

em relação a organização deste tipo de evento. As provas de corridas de rua cobram taxas de inscrições para a participação popular, mesmo em sua maioria recebendo patrocínios de empresas estatais ou órgãos públicos, além de terem como anfitrião do evento o próprio poder público. Conforme apontado por Capela (2006), o esporte, que poderia ser um jogo transformador, popular e emancipador das dimensões humanas, torna-se, ao contrário, mercadoria do espetáculo esportivo a ser oferecido ao povo, e sob essa prática, portanto, os dirigentes do esporte se empenham em alimentar essa indústria através de suas políticas de promoção de megaeventos. O que se vê nas competições de rua hoje, é a transformação da prova em um produto, e se são oferecidos os chamados “kits” (camisas, toalhas, garrafas...) e a corrida, a competição em si, parece ficar em um segundo plano. A partir do exposto, esse projeto de pesquisa busca analisar o processo de transformação que tem acontecido com as corridas de rua, desde o seu chamado “Jogging Boom” estimulado pela proposta do médico Kenneth Cooper (SALGADO; CHACON-MIKHAIL, 2006). O estudo pretende verificar, se há realmente uma forma de elitização nas corridas de rua acontecendo nos dias atuais, e se a exclusão desses atletas desfavorecidos financeiramente está ligada com a queda de rendimento nas provas de corrida de rua. Observando as questões apresentadas, o trabalho pretende estudar essas questões com participantes da Prova Rústica Tiradentes3, por essa se tratar da prova de corrida de rua conhecida na região, no estado, e também nacionalmente, sendo ela a maior corrida de rua da região e que no ano de 2014 está em sua 40º edição, representando assim, provavelmente, grande parte das transformações observadas nas provas de corridas de rua desde o “jogging boom” em outras corridas de rua. A partir do conteúdo apresentado, surge nossa inquietação, quais seriam as principais transformações ocorridas na Prova Rústica Tiradentes, no decorrer de seu desenvolvimento histórico, a partir da percepção dos corredores?

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A Prova Rústica Tiradentes, é uma prova de corrida de rua oficializada pela CBAt, realizada na cidade de Maringá –PR quase sempre nos dias próximos ao feriado de Tiradentes, seu percurso possui uma distância de 10km.

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1.1 JUSTIFICATIVA O campo teórico sobre a temática é escasso, e são poucas as publicações sobre a evolução econômica e cultural das corridas de rua, porém alguns autores fazem referência a corrida de rua em suas pesquisas (AUGUSTI; AGUIAR, 2011; BASTOS; PEDRO; PALHARES, 2009; DALLARI, 2009; SALGADO; CHACON-MIKAHIL, 2006). Ainda mais escassos são os estudos sobre as políticas públicas relacionadas às corridas de rua. Com isso, percebemos uma lacuna, onde realizamos o estudo, contribuindo para o aumento da literatura e qualificando os estudos em relação a temática. Ao analisar a literatura que discute o fenômeno das corridas de rua, Bastos, Pedro, Palhares (2009), apontam áreas de pesquisas que mais tem se dedicado ao assunto. Os estudos oriundos da medicina, campo que vê a corrida de rua como ferramenta para gerar qualidade de vida e saúde, é o que conta com maior número de produções. Com números menores de trabalhos encontra-se também pesquisas em áreas como a biomecânica, pedagogia, psicologia e sociologia em corridas de rua. Em sua obra, Bastos, Pedro, Palhares (2009) mencionam ainda dois campos de estudos onde não foram encontradas produções, história e filosofia. No entanto ele não menciona um campo teórico voltado às pesquisas das políticas públicas esportivas. Quando se discute uma aparente elitização no esporte, aqui tratando das corridas de rua, há alguns apontamentos em estudos (AUGUSTI; AGUIAR, 2011), mas sem aprofundamentos, tornando assim uma dúvida, um questionamento a ser respondido. Em revistas não cientifica/acadêmicas, os temas mais abordados sobre o fenômeno corrida de rua são em relação a sua prática e a qualidade de vida, esporte e saúde, e textos de marketing que visam a venda de produtos relacionados a prática da corrida. Observando então, tanto na literatura não científica, quanto na acadêmica/cientifica que são escassas, quase nulas, as obras que abordam o tema socioeconômico e das políticas públicas relacionadas aos eventos de corridas de rua. O presente trabalho também se justifica por se tratar de uma pesquisa pioneira ao estudar de forma mais aprofundada o fenômeno da

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corrida de rua em seu aspecto social, econômico e como alvo das políticas públicas esportivas. Justifico também o meu interesse pela temática, pelo meu convívio dentro do subcampo das corridas de rua, ao fazer parte da Associação dos Corredores de Rua de Maringá, e estar em contato que atletas que participaram de vários momentos das corridas de rua em nosso país, e ouvir tantas histórias a respeito de suas vivencias, me despertou o interesse em realizar o estudo. Tendo em vista a intensa evolução e transformação desse esporte, esse estudo busca responder tais indagações, e com isso enriquecer a literatura da área. Também estamos esperando que os conhecimentos gerados pela pesquisa possam contribuir para o planejamento e desenvolvimento das políticas públicas necessárias para que os eventos das corridas de rua se tornem mais abrangentes, atendendo aos diferentes agentes que se interessam pela prática da corrida, independente do objetivo buscado, fazendo com que o esporte não se torne elitizado, deixando de fora da prática os atletas com baixo capital econômico.

1.2 OBJETIVOS 1.2.1OBJETIVO GERAL 

Analisar as principais transformações ocorridas na Prova Rústica Tiradentes, no decorrer de seu desenvolvimento histórico, a partir da percepção dos corredores.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

Analisar a percepção dos corredores em relação à possível mudança no perfil socioeconômico do corredor participante da Prova Rústica Tiradentes;

 Analisar a percepção dos corredores em relação a organização da Prova Rústica Tiradentes.  Analisar a percepção dos corredores em relação às mudanças nos custos para participação na Prova Rústica Tiradentes;  Analisar a percepção dos corredores em relação às ações do poder público em relação a Prova Rústica Tiradentes. 17

1.3 METODOLOGIA O estudo caracteriza-se como uma pesquisa direta, descritiva e qualitativa, por se tratar de um estudo que busca descrever o fenômeno da corrida de rua, a partir de entrevistas com os próprios praticantes da modalidade. As entrevistas destinadas a analisar o processo das transformações sofridas pelas corridas de rua foram realizadas junto a oito (8) atletas que participam das provas de corridas de rua há pelo menos quinze (15) anos, e com participação especifica na Prova Rústica Tiradentes, pois esses atletas tiveram uma experiência em corridas de rua em um período em que puderam vivenciar boa parte das transformações ocorridas no pedestrianismo nacional. Foram entrevistados um número de oito (8) sujeitos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, sendo que a participação dos entrevistados foi totalmente voluntária, e as informações foram utilizadas somente para os fins desta pesquisa, além de serem tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a identidade de todos que colaborarem com essa pesquisa. Os atletas que aceitaram participar da pesquisa assinaram um termo de consentimento (APÊNDICE), sendo que a identificação dos entrevistados não foi publicada no projeto. Após as entrevistas, todas foram transcritas para posterior análise e discussão dos resultados. Os dados coletados nas entrevistas foram analisados por meio de análise de conteúdo de Bardin (1977). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas Envolvendo Seres Humanos da instituição executora da pesquisa (ANEXO). As entrevistas (APÊNDICE) têm como objetivo observar e descrever as mudanças que ocorreram nas corridas de rua, especialmente a Prova Rústica Tiradentes, e compreender a estrutura da competição nos dias atuais. Procurando analisar se há uma mudança no perfil socioeconômico do corredor, a percepção sobre a organização da prova, e sobre os custos para se participar da corrida, além das percepções dos corredores em relação às ações do poder público com finalidade para a Prova Rústica Tiradentes.

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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CONCEITOS DA TEORIA DOS CAMPOS E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Ao discutirmos sobre a corrida de rua, temos que entender essa prática como uma parcela do fenômeno esportivo, e se faz necessário utilizar uma corrente teórica que auxilie nas análises e no entendimento da realidade e do papel desse fenômeno na sociedade. Para esse estudo será utilizado como ferramenta de análise a Teoria dos Campos, proposta pelo sociólogo Pierre Bourdieu. Primeiramente é necessário compreender algumas categorias analíticas elaboradas por Bourdieu, que serão utilizadas para a análise de nossa realidade, esses conceitos são os de campo, subcampo, agentes e habitus. Starepravo (2011), ao analisar a Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu, afirma que a caracterização de campo se dá através da definição do espaço social, onde os agentes buscam conquistas, com objetos de disputas e interesses específicos. Dentro desse espaço social, aqui denominado como campo social, pode haver agentes de várias áreas de atuação, porém as ações defendidas pela suas áreas buscam objetivos que lhe favoreçam e que tenham ligações com as especificidades do campo. A partir da discussão que pretendemos realizar no presente trabalho, dentre o campo em que se encontra a temática, encontra-se agentes que pertencem ao Estado, ao grupo de esportistas, dentre outras. Como cada uma dessas áreas tem seus objetivos específicos que muitas vezes são diferentes uns dos outros, dentro do grupo, porém todos são relacionados ao espaço social em questão. O campo é algo que se encontra em constante transformação, onde a principal causa são as ações dos agentes. Segundo Starepravo (2011) baseando-se em Bourdieu:

[...] o campo não é algo estático ou estabelecido a priori, é dinâmico e está em constante transformação e movimento, principalmente pela ação dos agentes. Há uma relação constante e dialética entre a pressão do campo e a ação dos agentes (STAREPRAVO, 2011, p. 42).

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O fato de um campo estar em constante transformação, assim como afirma o autor, pode-se reafirmar os objetivos do estudo, já que é afirmado pelo autor que as mudanças ou transformações são situações que acontecem nos campos sociais, e o estudo de tais mudanças se torna necessário. Através do exposto, podemos identificar que a temática do presente trabalho, a corrida de rua, está enquadrada no campo social denominado “campo esportivo”. Porém ao se tratar de uma pesquisa específica de uma modalidade esportiva dentro de todo o contexto esportivo, se faz necessária uma análise dessa modalidade de maneira mais particular. Por se tratar de um subcampo, Marchi Júnior (2001, p. 50) afirma que deve-se considerar “a possibilidade de estudos de um ‘subespaço’ no interior de um espaço, de um subcampo em um campo ou de uma modalidade no universo dos esportes.” Sendo assim, a corrida de rua, considerada um subcampo do campo esportivo para a pesquisa, é uma parcela do grande fenômeno esportivo, porém essa modalidade também possui, além de suas semelhanças com as demais modalidades, algumas particularidades. Para compreender o sentido do campo como um espaço social, buscase entender as relações encontradas pelos que estão presentes no contexto, ou no campo em questão. Starepravo (2011, p. 39) referenciando Bourdieu afirma: [...] para compreender-se realmente o sentido e funcionamento do espaço social é necessário entender as relações entre as posições ocupadas por aqueles que podem produzir, utilizar e reproduzir um determinado habitus que emana das estruturas e é internalizado pelos agentes. Espaço social este, que para Bourdieu assume a forma específica de um campo ou subcampo.

Starepravo (2011), utilizando os escritos de Marchi Júnior (2001), afirma que para a existência de um campo, se faz necessário existir agentes dotados de habitus, que identifiquem e legitimem as leis imanentes ao jogo. Em outras palavras, para que haja a existência do campo, os agentes realizam ações que tenham objetivos que se caracterizam na realidade pertinente a esse campo. Essas ações que legitimam as leis imanentes ao jogo, ou seja, que possuem as características do campo é o que Bourdieu denomina por habitus, Souza (2006) discorre que a noção de habitus é de suma importância para um pensamento bourdiesiano, pois, segundo ele, “o conceito de habitus permite 20

sair da prisão do realismo da estrutura na medida em que se apresenta como a forma pela qual a ‘necessidade’ exterior pode ser introjetada, mais que isso ‘encarnada’ e ‘incorporada’ pelos agentes.” (SOUZA, 2003, p.43) Bourdieu define habitus como principio gerador que reflete as características de um estilo de vida, nas palavras do autor:

O habitus é esse principio gerador e unificador que retraduz as características intrínsecas e relacionais de uma posição em um estilo de vida unívoco, isto é, um conjunto unívoco de escolhas de pessoas, de bens, de práticas (BOURDIEU, 1996, p. 21-22).

O habitus segundo Souza (2006) é, “um sistema de disposições duráveis inculcadas desde a mais tenra infância que pré-molda possibilidades ou impossibilidades [...] de acordo com as condições objetivas”, ou seja, o habitus seria comportamentos gerados a partir de experiências anteriores, e que é influenciado pelas condições econômicas e sociais. O habitus gera práticas individuais ou coletivas, quando os agentes estão vivendo ou viveram em um mesmo espaço social, com as mesmas realidades. Nas palavras de Souza (2003, p 44) “o habitus é o passado se tornando presente”. As experiências anteriormente vividas constroem nos agentes o habitus resultante dessas vivencias, e o habitus é o principio gerador de práticas. Segundo Bourdieu (1996, p.22):

Os habitus são princípios geradores de práticas distintas e distintivas – o que o operário come, e sobretudo sua maneira de comer, o esporte que prática e sua maneira de praticá-lo, suas opiniões políticas e sua maneira de expressa-las diferem sistematicamente do consumo ou das atividades correspondentes do empresário industrial; mas também esquemas classificatórios, princípios de classificação, princípios de visão e de divisão e gostos diferentes.

O habitus seria o responsável pelas escolhas feitas pelos agentes, e essas escolhas são condicionadas intrinsecamente, pois são pré-moldadas desde as experiências da infância do agente, essas experiências são influenciadas pelo espaço social, por fatores econômicos em que o agente esteve exposto, e isso influência nas escolhas de práticas do agente dentro dos seus campos. 21

Os agentes estão dispostos no campo, posicionados a partir de sua acumulação de capital, sendo que esse capital pode ser entendido de várias maneiras, não somente capital econômico:

A posição de cada agente no interior do campo, por sua vez, está relacionada ao capital que dispõe, sendo este compreendido em múltiplas dimensões, como econômico, social, cultural, simbólico, entre outros (STAREPRAVO, 2011. p. 31).

Relacionando a temática do presente trabalho, podemos classificar a partir dos expostos, que os agentes que atuam no campo do estudo em questão são os atletas, os gestores (políticos do esporte e lazer), e possivelmente vários outros, como de setores do mercado, midiático entre outros, e que podem ser encontrados a partir das análises das entrevistas posteriormente realizadas. Para entendermos quais as ações do poder público perante o fenômeno das corridas de rua, precisamos compreender cada membro envolvido nessa esfera. O Estado é o local onde estão vinculados aqueles que por sua vez realizam as ações, de competência do poder público, voltadas para cada campo e subcampo específicos da sociedade. Starepravo (2011) define o Estado como “[...] uma instituição social moderna, com funções de manutenção e regulação social, dos seus respectivos aparatos de intervenção social” (STAREPRAVO, 2011, p. 175) Ligados a instituição do Estado estão os agentes que elaboram e realizam as ações dedicadas a um espaço social específico. Esses agentes podem ser encontrados, em uma sociedade democrática com regime presidencialista, como em nosso caso, nos papéis de gestores, hora escolhidos por votação popular, no que se refere aos cargos de presidentes, governadores, prefeitos, deputados, ou em cargos que são escolhidos pelos detentores dos cargos anteriormente exposto, que é o caso, dos ministros, secretários e demais funcionários responsáveis por criar e implementar as políticas públicas. Lembrando que esses casos de escolhas não é regra absoluta para todos que trabalham nesse contexto de criação de tais ações,

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podendo haver agente oriundos de concursos públicos ou outras formas de ingresso. O produto das ações realizadas pelos agentes que fazem parte do subcampo responsável por criar e implementar tais ações dentro do Estado é o que se denomina política pública, e esse produto é consumido por aqueles agentes que não fazem parte do grupo de agentes criadores, os gestores (STAREPRAVO, 2011). Starepravo, baseando-se em Menicucci (2006), define a política pública como:

[...] uma estratégia de intervenção e regulação do Estado (e daqueles que o administram), que objetiva alcançar determinados resultados ou produzir certos efeitos no que diz respeito a um problema ou a um setor da sociedade (STAREPRAVO, 2011, p. 178).

Com isso vemos a corrida de rua como uma política pública de esporte e lazer, já que podemos encontrar nela uma forma estratégica do Estado de alcançar alguns resultados, sendo eles na promoção do esporte de rendimento, lazer, qualidade de vida. Pensando a corrida de rua como uma política pública de esporte e lazer, observamos que ela é uma ação realizada pelos órgãos públicos responsáveis por administrar o setor esportivo. Podemos ver a corrida sendo uma ação dos organizadores que de uma única fonte contemple diversos agentes praticantes dessa modalidade esportiva. A corrida de rua é um esporte que consegue contemplar em apenas um evento objetivos e metas diferentes. Na mesma prova, pode se encontrar atletas com objetivos de fazer resultados, ganhar a prova, e também atletas que participam apenas como lazer, ou em busca da saúde, sem pretensões de rendimento técnico. Com isso vemos a corrida de rua como uma política pública que consegue abranger grande parte das metas que se estabelece para um subcampo esportivo, e deveria abranger também pessoas de todas as classes sociais, já que em forma de uma política pública, e respeitando a Constituição Brasileira, o direito ao esporte e lazer é de todo o cidadão. Então a corrida de rua pode ser uma ação dos gestores públicos para a promoção do esporte de alto rendimento, atendendo assim, aqueles atletas que tem na corrida de rua uma profissão, e que competem em busca de 23

rendimentos e grandes desempenhos esportivos. A corrida de rua também pode ser uma ação para atender aqueles cidadãos que são adeptos da corrida apenas por lazer, onde pode ser encontrados atletas que mesmo por lazer buscam a melhora e treinam para conquistar resultados pessoais, e também atletas que praticam como uma forma de busca de qualidade de vida e saúde.

2.2 O ESPORTE MODERNO Segundo Bourdieu (1990), para se analisar uma prática esportiva é necessário pensar e compreender o campo esportivo como um todo, e entender a posição que a modalidade ocupa dentro desse campo:

Para que uma sociologia do esporte possa se constituir, é preciso primeiro perceber que não se pode analisar um esporte particular independentemente do conjunto das práticas esportivas; é preciso pensar o espaço das práticas esportivas como um sistema no qual cada elemento recebe seu valor distintivo. Em outros termos, para se compreender um esporte, qualquer que seja ele, é preciso reconhecer a posição que ele ocupa no espaço dos esportes (BOURDIEU, 2004, p. 208).

Com essa citação justifico a existência deste capitulo em nossa revisão, para analisar o subcampo das corridas de rua, é necessário conhecer o campo esportivo como um todo. Esse capitulo descreverá a gênese do esporte moderno e fazendo um breve regate dessa história, relacionando as corridas de rua nesse contexto. Proni (1998) relata que o esporte moderno pode ser fruto de alguns fatores, e entre eles existem alguns que são esquecidos de serem mencionados. O esporte moderno pode ser fruto de invenções e impulsos criativos, tais como materiais que influenciaram o desenvolvimento do esporte (cronômetros, bolas, jornais, televisões, etc.), também as invenções de maior relevância, como da teoria constitucionais e as exposições internacionais. E outros fatores que são determinantes para a peculiaridade do esporte moderno como análises científicas do comportamento humano, lazer em massa, educação universal compulsória e o patriotismo. Segundo Mandell (1984) em uma tradução feita por Proni (1998), os esportes modernos são adaptações particulares à vida econômica, social e 24

política. A citação faz relação com a cultura social vigente no período da préindustrialização, e segundo ele, o esporte moderno não é um mero produto da industrialização, mas pode ser visto como analogia da vida pública daquele período vivido na Inglaterra, o então berço da revolução industrial, e como afirma Proni (1998, p. 27) a Inglaterra é o berço do esporte moderno:

A Inglaterra é considerada como a pátria do esporte moderno não apenas porque os ingleses inventaram ou regulamentaram boa parte das modalidades esportivas hoje praticadas; é assim considerada também por ter introduzido uma série de inovações que mudaram a feição dos jogos e competições atléticas.

Proni (1998) afirma que não se pode delimitar uma data concreta para o surgimento do esporte, nem tão pouco imaginar o esporte como uma prática que surgiu, mas deve ser tratado como um processo em que se resulta em uma transformação dos jogos populares, ou seja, uma esportivização dos jogos populares, essas transformações seriam para atender os requisitos do estilo de vida daquele período. Vemos então que a gênese do esporte moderno tem como período a mesma temporariedade em que se desenvolvia a Revolução Industrial, no final do século XVIII e início do século XIX. Durante a Revolução Industrial a sociedade inglesa passava por transformações influenciadas pela industrialização, e se tornava cada vez mais predominante na cultura uma tendência a racionalização, à padronização, ao calculo, e a mensuração. O semelhante ocorreu no esporte, o que o tornou mais dirigido para obter eficiência e comprovações de resultados (PRONI, 1998). O esporte moderno é conceituado então como “uma prática corporal competitiva, construída em bases racionais, que introduz a busca de eficiência nas atividades de lazer das pessoas das mais diferentes procedências” (PRONI, 1998, p.29). Essa prática ajudou a sociedade inglesa a se adaptar aos estilos da vida urbana. Vemos que o esporte segue os moldes socioculturais do período em que ele esta inserido, ou seja, os esportes seguem as características sociais de certo período. As primeiras manifestações esportivas surgiram antes do novo estilo de vida urbano, e logo após, durante o período da sociedade burguesa 25

vemos que o esporte foi reinventado pela burguesia inglesa, receberam características próprias, e foram levados para as outras nações (PRONI, 1998). Após o período da sociedade burguesa, grandes mudanças ocorreram no mundo, as pessoas que viviam no campo passaram a ter mais conforto na cidade, o poder compra, aumento do salário, barateamento dos produtos, tornando mais acessível a população operária muitos itens que outrora eram dedicados ou usufruídos pela burguesia (PRONI,1998). Segundo o autor, a redução da carga horária de trabalho tem grande influência na procura por práticas de lazer. Esse período é denominado pelo autor a sociedade da massa, e ao contrário das transformações ocorridas na sociedade burguesa, essas tiveram início nos Estados Unidos da América (EUA), e posteriormente foram absorvidas por outras nações. Segundo Proni (2011, p. 178) as principais mudanças que ocorreram no esporte após o século XX foram:

a) a expansão do número de modalidades e de praticantes; b) a crescente diferenciação entre as competições recreativas e as dirigidas ao espetáculo; c) a maior especialização dos treinamentos e a progressiva profissionalização dos atletas; d) a internacionalização dos torneios e a multiplicação de federações esportivas internacionais; e) a transformação do espetáculo esportivo em fonte de receitas para empresas de comunicação de massa; f) o desenvolvimento do marketing esportivo e a completa mercantilização do esporte espetáculo; g) a disputa crescente entre governos para sediar grandes eventos esportivos em virtude de seus potenciais legados.

Segundo Proni, as transformações no esporte estão vinculadas ao novo estilo de vida de uma sociedade de massa, onde o consumo é excessivo, o que fomenta a existência do esporte - espetáculo. Porém, além de observar o esporte como uma prática de lazer pelo espetáculo, Proni (2011) também aborda o caso particular das corridas, onde os atletas amadores têm a oportunidade de participar do evento não apenas como meros espectadores, mas também como praticantes da modalidade, e demonstra a capacidade da corrida de rua em atender vários aspectos de apenas uma vez: [...] competições em espaços abertos que permitem a participação simultânea de atletas de ponta e de atletas amadores. A Maratona de Nova Iorque e a Corrida de São Silvestre, em São Paulo, são exemplos de eventos nos quais

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podem estar presentes atletas de diferentes faixas etárias e nacionalidades, com distintos níveis de treinamento e com variadas motivações e expectativas para a corrida; nos quais há atletas profissionais que recebem um cachê para correr, enquanto a imensa maioria dos corredores tem de pagar sua inscrição para participar; nos quais pequenas associações de atletas amadores podem confraternizar e se sentir protagonistas de um evento com alta visibilidade na mídia (PRONI, 2011, p. 177).

Além da possibilidade apresentada pelo autor da confraternização dos atletas amadores com os atletas de alto nível, ele ainda coloca que a corrida é capaz de movimentar setores da economia por meio de vendas de contratos publicitários, pacotes turísticos. Também é trabalhado o lazer para os espectadores, por ser uma competição em lugar aberto, sem a cobrança de ingressos para assistir, que também influencia a prática da corrida pelos moradores das cidades. 2.3 A CORRIDA DE RUA Para falarmos sobre corrida de rua é importante fazermos um levantamento histórico de sua origem e levantarmos fatos de relevância para o desenvolvimento das corridas de rua. Porém corroborando os resultados obtidos por Basto, Pedro, Palhares (2009) vemos que pouco se tem registro sobre a história das corridas de rua. Segundo Bastos, Pedro, Palhares (2009, p. 82) “nenhum estudo foi identificado em relação aos campos de conhecimento história e filosofia, demonstrando fragilidade no desenvolvimento de pesquisas relativas aos temas”. Mesmo que o estudo em questão tenha sido realizado em uma região especifica, acreditamos ser plausível para se explicar uma falta de referencial teórico sobre o histórico e a origem das corridas de rua. Superando a escassez de material bibliográfico, podemos ver que segundo Dallari (2009) as corridas de rua como vemos hoje surgiram na Inglaterra e tiveram sua consolidação no século XVII. Porém Dallari, utilizandose dos escritos de Lunzenfichter (2003), afirma que a primeira corrida com classificação e medida de tempo foi realizada no ano de 1837, uma prova com a distancia de 84 km que tinha um trajeto que percorria de Londres a Brighton.

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Mas o marco fundamental da história das corridas de rua apresentado por Dallari (2009) foi a maratona realizada nos Jogos Olímpicos de Atenas no dia 10 de Abril de 1896, uma prova de 40 km em homenagem a Phidippides, um suposto mensageiro que percorreu uma distância aproximada entre Maratona e Atenas para levar a mensagem de vitória dos gregos na guerra, e acabou morrendo após completar sua missão, sendo essa umas das várias versões da lenda do surgimento dessa prova. No Brasil, os registros das primeiras provas de corridas de rua mostram que seu início foi um pouco mais tarde. Segundo a Confederação Brasileira de Atletismo no início do século XX, enquanto o atletismo chegava ao Brasil, as corridas de rua já eram concorridas, tendo seu prestígio equiparado com as regatas4. Corroborando tal exposto sobre o início das competições das corridas de rua no país, Dallari (2009) aponta que no início do século XX já existiam provas de corridas de rua em território nacional, porém essas eram realizadas de forma esporádica. Na data de 31 de dezembro de 1925 foi realizada a primeira edição da mais tradicional prova pedestre do país, a Corrida de São Silvestre, da cidade de São Paulo – SP:

Casper Líbero, jornalista de A Gazeta, inspirado numa prova noturna francesa, instituiu a prova que se tornaria a mais tradicional do atletismo brasileiro, a Corrida de São Silvestre. Disputada pela primeira vez em 31 de dezembro de 1925, com largada as 23:40 h, classificou 60 atletas (DALLARI, 2009, p. 26).

Após concluirmos esse breve relato sobre a gênese das corridas de rua, o próximo passo é identificar as principais mudanças que aconteceram e acontecem desde o seu inicio. Para iniciar essa discussão sobre as transformações que ocorreram e ocorrem dentro do subcampo esportivo das corridas de rua, já podemos afirmar que o campo esportivo é um dos campos que mais sofreram e sofrem mudanças e transformações, assim como explana Marchi Júnior (2001, p. 27):

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Segundo Lucena (2001), no período do século XX as regatas eram praticas de grande prestigio popular, ver em: LUCENA, R. F. . O Esporte na Cidade. 01. ed. Campinas/SP: Autores Associados, 2001. v. 2000. 153p .

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Na atualidade, o esporte tem sido considerado uma das manifestações culturais que, marcadamente, mais tem apresentado evoluções e transformações, sejam elas de ordem técnica ou referentes à forma de exposição e absorção pela sociedade.

Como podemos verificar em várias obras de autores nacionais (AUGUSTI; AGUIAR, 2011; DALLARI, 2009; GONÇALVES, 2011; OLIVEIRA, 2010; SALGADO; CHACON-MIKHAIL, 2006), o período que marca as grandes mudanças, transformações, que vem acontecendo nas corridas de rua, no Brasil e também no mundo é em meados da década de 1970, sendo que esses autores apontam alguns motivos para explicar esse “boom” das corridas de rua. Entretanto, o ponto crucial que a maioria dos autores expõe é a teoria criada pelo médico americano Kenneth Cooper, reafirmado por Salgado e Chaconmikhail (2006, p. 91) : “por volta de 1970, aconteceu o ‘jogging boom’ baseado na teoria do médico norte-americano Kenneth Cooper, criador do ‘Teste de Cooper’, que prega a prática de corridas”. Outro fator apresentado por alguns autores para o crescimento surpreendente do fenômeno corrida de rua é a liberação da participação popular nas corridas, os chamados “atletas amadores”, haja vista que antes só havia a participação de atletas da “elite”. “Também na década de 70 surgiram provas onde foi permitida a participação popular junto aos corredores de elite, porém com largadas separadas para os respectivos pelotões” (SALGADO; CHACON-MIKHAIL, 2006, p. 92). Há também outras explicações para o crescente número de adeptos da prática da corrida. Gonçalves (2011, p. 12) aponta:

Acredita-se que este crescimento se deva a algumas peculiaridades do esporte supracitado, como: fácil acesso da população apta, baixo custo para organizadores, assim como para o treinamento e participação, caracterizando-se por ser uma atividade física popular ou de massa e inclusive, por ser considerada uma atividade relevante na perspectiva do lazer.

Esse “boom” que ocorreu após o período citado, não foi apenas focalizado no aumento de praticantes, mas também houve o crescimento significativo no número de provas, assim como aponta Salgado e Chacon-

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mikhail (2006), em seu trabalho que analisa o crescimento do número de provas e de praticantes da corrida de rua. Com o aumento do público interessado na prática da corrida surge também uma nova área de mercado no campo esportivo, que contempla vários setores comerciais. Oliveira (2010) afirma que começaram a surgir as revistas especializadas em corridas, e que essas revistas vêm se adaptando ao crescimento constante do mercado. As empresas de materiais esportivos começaram a investir no ramo calçadista, criando novas tecnologias para atender os interesses do público alvo. Oliveira (2010) em seus escritos aponta que essas são as principais mudanças no contexto das corridas de rua e também expõe a articulação de três fenômenos que tem ocorrido:

1) a transição de perfil do participante das corridas de rua, alterando as relações percentuais de gênero, faixa etária, classe social e nível de performance; 2) o surgimento de novos modelos de eventos de corridas, que podem ser divididos em duas classes principais, as corridas convencionais e as corridas fashion; e, 3) o surgimento dos grupos de corrida, que dá conta de agregar os novos perfis de corredores, se coloca como alternativa de emprego para ex-atletas e sofre influências pedagógicas baseadas em valores carregados por esses novos profissionais (OLIVEIRA, 2010, p. 25).

Para entendermos melhor essa colocação realizada por Oliveira, devemos realizar uma análise de cada um desses fenômenos. Ao se deparar com sua fala em relação a transição do perfil dos participantes das corridas de rua, o autor expõe no seu texto, se apoiando em dados oriundos dos estudos realizados por Salgado e Chacon-mikhail (2006), que tem ocorrido mudanças no número de atletas de elite, que está cada vez menor em relação ao número de atletas amadores, sendo que os dados apontam que essa percentagem de atletas de elite não chega a 1% dos corredores inscritos nas provas. Outras mudanças apresentadas por Oliveira (2010) são em relação as faixas etárias, onde algumas têm tido um crescimento superior as demais. Segundo o autor, 70% dos corredores encontrados em seu estudo são de idade superior a 40 anos. Também é indicado pelo autor que o crescimento do público feminino nas provas de corrida de rua é bastante considerável. Numa análise de crescimento, mesmo o número de mulheres ainda sendo menor, o 30

aumento das praticantes mulheres é mais significativo se comparado ao dos praticantes homens. Não diminuindo a importância dos outros pontos apresentados pelo autor quando discute as mudanças que vêm acontecendo no perfil dos praticantes da corrida de rua, o ponto a seguir tem conexão direta com o presente estudo. Mesmo sem possuir dados que comprovem tal afirmação, Oliveira (2010) diz que há uma mudança no perfil econômico dos corredores, tomando como base um fato comum hoje:

Mas outros fatores como o aumento do valor das taxas de inscrição nas provas, especialmente nos novos modelos que surgem; os grupos de corrida, que hoje compõem a maior fatia de participações nas provas; e, a alta evidência das corridas de rua no Brasil, podem ser dados como indicadores de um aumento da presença de classes de nível mais elevado que as classes anteriormente presentes em predominância (OLIVEIRA, 2010, p. 26).

O segundo fenômeno apresentado por Oliveira é em relação ao surgimento de novos modelos de eventos de corrida de rua. O autor utiliza uma conceituação feita por um de seus entrevistados, onde divide os eventos de corrida em duas categorias, as corridas convencionais:

[...] são populares, geralmente estão mais vinculadas aos valores mais tradicionais da corrida. Nelas, a maior parte dos corredores pertence às classes sociais mais baixas e há uma maior participação de corredores nível mais alto. Os corredores entrevistados afirmam que essas corridas são para os “corredores de verdade” ou para os “profissionais” (OLIVEIRA, 2010, p. 27).

E um segundo modelo de evento onde há a participação de um público com poder aquisitivo mais elevado, onde há relação com a mudança do perfil socioeconômico desses praticantes, essas são as chamadas corridas fashion: [...] são as corridas mais elitizadas do ponto de vista econômico. Nelas as inscrições têm valores mais altos que nas convencionais, a produção é mais elaborada e envolvem “só os que podem”, alguns “corredores de fim-de-semana”, “bombadinhos”, “patricinhas e mauricinhos”, um fato “lamentável” na visão dos corredores pesquisados. Alguns corredores de alto nível são convidados a participar, representando e divulgando marcas, mas geralmente essa participação é bem mais baixa do que em corridas convencionais (OLIVEIRA, 2010, p. 27).

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O terceiro e último fenômeno apresentado por Oliveira (2010), é o surgimento dos grupos de corrida. Segundo Oliveira (2010), esse novo modelo de agrupamento de praticantes da corrida de rua se diferencia dos vistos em anos anteriores. Os agrupamentos conhecidos anteriormente eram chamados de equipes de corridas, e possuíam características diferentes dos novos grupos de corridas. As equipes de corridas eram formadas por atletas que compunham a elite das corridas, e buscavam sempre a alta performance. Os grupos de corrida surgem principalmente da relação entre amigos que se juntam para participar de corridas de revezamento. Oliveira (2010) aponta que as dinâmicas e configurações desses novos agrupamentos de corridas são variadas, o que pode levar a várias classificações desses grupos. Outro fator apresentado pelo autor em relação ao surgimento dos grupos de corrida são os grupos criados por profissionais de educação física e também ex-atletas, em que oferecem os serviços de assessoria esportiva e treinamento para esses corredores. Vemos que as corridas de rua vêm sofrendo essas transformações, porém há a necessidade de estudos específicos, em nosso caso iremos estudar as transformações que aconteceram e vem acontecendo na Prova Rústica Tiradentes. Porém nos encontramos em uma tarefa um tanto difícil, por não

haver

registro

cientifico/acadêmico

específico

dessa

competição.

Utilizaremos para realizar essa contextualização e tomada de conhecimento sobre a gênese e as mudanças ocorridas nessa corrida, especificamente um documento apresentado pela Secretaria de Esportes e Lazer (SESP)5 da cidade de Maringá – PR. O documento fornecido pela SESP, é um breve histórico da Prova Rústica Tiradentes, junto com algumas curiosidades sobre a prova, e também a lista dos nomes dos campeões da maioria das edições da prova. No relato fornecido pela Secretaria de Esportes, temos o conhecimento de que a Prova Rústica Tiradentes foi criada no ano de 1975 pelo 4º Batalhão da Policia Militar, locado na cidade de Maringá – PR, e teve como objetivo 5

A Secretaria de Esportes e Lazer de Maringá – PR. é o órgão público responsável por desenvolver e implementar as políticas públicas de esporte e lazer no município de Maringá –PR, dentre essas políticas encontra a Prova Rústica Tiradentes. Disponível em: http://www2.maringa.pr.gov.br/esportes/. Acesso em 12/04/2014.

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homenagear o patrono das policias militares, Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes. No início a prova era realizada num percurso de 4.800 metros, mais precisamente nas duas primeiras provas realizadas, após isso a prova passou por várias mudanças de distância, entre 6km, 10km e 12km. Hoje a prova é realizada e oficializada em um percurso de 10km. Também se alterou o seu percurso sendo ela realizada em vários pontos da cidade; hoje a sua largada é em frente ao paço municipal, o que não se alterou foi a data da realização, que sempre é realizada no dia 21 ou em suas proximidades. Somente a partir do ano de 1990 a SESP assumiu a coordenação do evento, e em 1997 a prova foi oficializada pela CBAt. O documento explicita o grande crescimento na participação dos corredores na Prova Rústica Tiradentes, e relata também a participação de atletas estrangeiros. Porém o documento não fala em motivos e início da cobrança em taxas de inscrição, mas essa foi inserida apenas no ano de 2012, como observamos no quadro abaixo.

ANO VALOR Até 2011 Gratuita 2012 10,00 2013 20,00 2014 40,00 6 Quadro 1 - Valores cobrados pela inscrição da Prova Rústica Tiradentes. (fonte: autor) Para visualizarmos as mudanças relacionadas a Prova Rústica Tiradentes, vamos utilizar imagens que retratam dois momentos da história da prova.

Segundo o Regulamento da prova no § 1º – As categorias I, J e K terão um desconto de 50%, conforme determina o ESTATUTO DO IDOSO. 6

33

Figura 1 - Prova Rústica Tiradentes em sua 11ª edição, ano de 1985 Fonte: acervo 4º Batalhão Policia Militar – Maringá – PR.

A imagem retrata a Prova Rústica em sua 11ª edição, podemos perceber que a participação do público não é tão intensa quanto atualmente, e também a estrutura é menor do que a encontrada hoje.

Figura 2 - Prova Rústica Tiradentes em sua 40ª edição, ano de 2014. Fonte: eucorro.com

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Na figura 2, um retrato da Prova Rústica Tiradentes em sua 40ª edição realizada no ano de 2014, nota-se por meio dela, grandes diferenças com a imagem apresentada da 11ª edição da prova: a um maior de pessoas tanto prestigiando a prova como espectadores, quanto como participantes. A estrutura é outro ponto de evidencia, retratando a imagem que atualmente a estrutura é significativamente melhor que a de anos anteriores.

Ao observamos a trajetória da Prova Rústica Tiradentes e fazermos uma comparação com o histórico das corridas de rua no Brasil relatado pelos autores já citados (AUGUSTI; AGUIAR, 2011; DALLARI, 2009; GONÇALVES, 2011; OLIVEIRA, 2010; SALGADO; CHACON-MIKHAIL, 2006), chegamos a reflexão que a história da Prova Rústica Tiradentes se assemelha com as das demais competições do país, o que nos leva a acreditar que o estudo é capaz de refletir grande parte das as dúvidas existentes em relação as transformações das corridas de rua. Com toda essa mudança nas corridas de rua, mais especificamente na Prova Rústica Tiradentes, pode haver então a exclusão de atletas menos favorecido financeiramente? Pode haver a mudança do perfil socioeconômico dos participantes da prova? E as ações do poder público mudam para se adequar a nova demanda que acontece nesse possível novo modelo da Prova Rústica Tiradentes? Essas questões serão tratadas a seguir.

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3

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após nos atentar a literatura existente a cerca da corrida de rua no Brasil, e também sobre a Prova Rústica Tiradentes, nasceu o interesse em analisar as transformações ocorridas na Prova Rústica Tiradentes desde seu surgimento. Para

responder

aos

nossos

questionamentos,

foram

realizadas

entrevistas semiestruturadas com os corredores que participaram da Prova Rústica Tiradentes, e têm grande experiência no subcampo esportivo das corridas de rua, e especificamente nessa prova. Foi realizado um número de oito (8) entrevistas, os entrevistados aqui serão tratados como sujeitos, e esses numerados de 1 a 8 seguindo a ordem cronológica das entrevistas. As falas dos entrevistados foram mantidas na linguagem utilizada pelos sujeitos, pois acreditamos que a linguagem é capaz de expressar o habitus do agente. Apresentamos abaixo um quadro onde expomos o perfil do sujeito que participou de nossa pesquisa, contendo nele, a idade, sexo, o tempo em que o sujeito pratica a corrida de rua, o número de vezes em que participou da Prova Rústica Tiradentes, e também o ano em que realizou sua primeira participação na prova.

Idade Sexo Tempo de Número de Primeira Sujeito prática participações participação Sujeito 1 62 anos Masc. 38 anos 35 1976 Sujeito 2 54 anos Masc. 35 anos 32 1983 Sujeito 3 62 anos Masc. ** 3 1975 Sujeito 4 69 anos Masc. 29 anos 28 1985 Sujeito 5 58 anos Masc. 34 anos 18 1983 Sujeito 6 44 anos Masc. 28 anos 15 1993 Sujeito 7 66 anos Masc. 45 anos 15 1976 Sujeito 8 36 anos Masc. 21 anos 12 1997 (**) ausência de dados na resposta. Quadro 2 – Apresentação do perfil dos sujeitos participantes da pesquisa. (fonte: Autor) Após a realização das entrevistas, para iniciarmos as análises, foi realizada uma leitura de todo o material, em que podemos identificar algumas hipóteses. A partir dos dados gerados encontramos três (3) categorias para nos basear nas análises, e dentro dessas categorias surgem temas e subtemas.

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Inicialmente dissertaremos sobre a categoria por nós denominada “transformações da Prova Rústica Tiradentes”, onde abordaremos temas que refletem as mudanças ocorridas na prova durante sua história, e também as diferenças entre os extremos de sua história, início e atualmente, por meio da percepção dos atletas. O primeiro tema dentro da categoria das transformações que iremos analisar é sobre a participação dos corredores na prova. Fazendo uma análise com característica quantitativa, observamos uma semelhança na percepção dos corredores quando se fala do aumento do número de participantes na prova. Todos têm um discurso que diz que nas últimas edições da Prova Rústica Tiradentes, o número de participantes é muito maior se comparado as primeiras edições nas quais os entrevistados participaram. “É hoje é diferente cresceu muito a quantidade de pessoas participando né tipo 3500, 4000 mil pessoas correndo a prova” (SUJEITO 8, 2014). Porém há uma discordância dos entrevistados sobre o número de participante no início da participação de cada um na Prova Rústica Tiradentes, talvez explicado pelo período em que cada um se iniciou na prova, ou pelo comparativo entre a Prova Rústica Tiradentes com outras corridas de rua, já que a Prova Rústica Tiradentes em pouco tempo se tornou prova tradicional no estado e no país. Dos oito (8) corredores que participaram das entrevistas, cinco afirmam que no início de sua participação a prova tinha poucos participantes, “[...] na verdade a participação num era muita não, a primeira Tiradentes é, acredito que tenha participado em torno de 80 a 100 atletas né, depois ela foi crescendo [...]” (SUJEITO 3, 2014). Três (3) afirmam que havia uma participação grande de corredores na Prova Rústica Tiradentes, “[...] No geral, a Prova Rústica Tiradentes em termos de quantidade de atletas sempre teve uma quantidade boa. Hoje existe recorde de participantes na prova [...]” (SUJEITO 6, 2014). Falando sobre transformações, o que podemos encontrar de fato nas afirmações dos entrevistados é que o número de corredores participando na Prova Rústica aumentou em grandes proporções durante sua história, e esse aumento é explicado por alguns entrevistados, como consequência de procura pela qualidade de vida, saúde e lazer por meio da corrida pelos novos adeptos da corrida de rua. “[...] muitos desses que estão correndo hoje começaram a 37

praticar corrida há um ano, dois anos e praticam mais por lazer do que por competição [...]” (SUJEITO 8, 2014). É pode ser pela observância dos pesquisadores e das pessoas que se conscientizaram, sabendo que hoje é saúde, que é uma melhora na qualidade de vida, então ta todo mundo participando, todo mundo correndo [...] (SUJEITO 2, 2014). Foram

encontrados

por

meio

dos

discursos

dos

corredores

entrevistados, além dos subtemas apresentados outros com grande relevância dentro do tema da participação dos corredores, sendo eles a participação das crianças em grande número na Prova Rústica Tiradentes, “[...] a Tiradentes sempre teve participação muito grande, principalmente de crianças, [...] sempre teve 3 mil, 2 mil, 2 e 500 crianças correndo [...]” (SUJEITO 5, 2014). E também a mudança da participação dos corredores, quando se fala de atletas profissionais, onde o entrevistado afirma que nas últimas edições da Prova Rústica Tiradentes os atletas de grande nome no atletismo nacional deixaram de participar da prova, sendo explicada por ele como conseqüência da participação de atletas estrangeiros, a chamada “invasão africana”. [...] mas antigamente, tinha um nível profissional brasileiro dos atletas de ponta do Brasil, tinha muito mais atletas, hoje defasou muito [...] mas os atletas elite do Brasil se afastaram até devido à invasão dos africanos na prova rústica Tiradentes, deixando assim, a dificuldade dos atletas brasileiros de competir com eles de igual pra igual deixando maioria dos atletas brasileiros de fora da premiação porque o nível africano é muito alto (SUJEITO 6, 2014). Em termos de participação dos corredores na Prova Rústica Tiradentes, constatamos por meio dos relatos, que o número de participantes na prova teve um aumento em relação as primeiras edições, e também, que a participação de atletas de categorias infantis são destaque nessa prova, além da baixa na participação dos atletas de ponta do atletismo nacional na Prova Rústica Tiradentes, devido a invasão africana. Podemos a partir da literatura, confirmar que esse crescente número de adeptos na Prova Rústica Tiradentes, é algo que ocorreu no campo do esporte. Segundo Proni (2011) o aumento do número de praticante é uma das 38

transformações que ocorreram no esporte pós século XX. Porém, com o aumento de praticantes ocorreram as transformações que veremos adiante, uma vez que os agentes são dotados de habitus, esses habitus moldam seus desejos (BOURDIEU, 1996) e suas ações são as principais responsáveis pelas mudanças que ocorrem dentro do campo social (STAREPRAVO, 2011). Semelhante ao observado em relação a participação ocorre quando nos referimos a estrutura da Prova Rústica Tiradentes. Todos os entrevistados afirmam que hoje a estrutura fornecida pela prova é de excelente qualidade. Não só a Prova Rústica Tiradentes, mas como todo evento no Brasil tem melhorado as estruturas no geral, de dez anos pra cá a prova Tiradentes em termo de estrutura é nota dez, porque antigamente era muito mais difícil, a tecnologia era um pouco atrasada e não tinha a estrutura que tem hoje (SUJEITO 6, 2014). Nos relatos aparecem afirmações que comparam a Prova Rústica Tiradentes a uma festa, devido a mega estrutura que se encontra no dia da prova, “[...] A hoje é um reality show né? hoje virou festa né? Hoje qualquer corrida que tem é um festival muito bonito [...]” (SUJEITO 1, 2014). Essa fala nos remete a uma característica das corridas fashion, e que será discutida mais profundamente a seguir. Quando falamos na estrutura da Prova Rústica Tiradentes nas primeiras participações dos nossos entrevistados a diferença nos relatos, dos oito (8) entrevistados, seis (6) afirmam que no início de sua participação a estrutura da prova era muito simples, “[...] No inicio a estrutura era simples, era apenas um palanque simples, pra subir no pódio eram tambores, onde colocavam números 1 até o 5, até o 5º colocado.” (SUJEITO 2, 2014). Dentre os relatos dos entrevistados, dois (2) afirmam que a estrutura da Prova Rústica Tiradentes, sempre foi boa, e faz comparativo com provas de outros estados. Assim, como eu mudei de São Paulo para Maringá naquele ano em 97 a estrutura da Tiradentes sempre foi uma estrutura boa, porque comparado com as provas lá que a gente participava né tipo água no percurso a parte da chegada também no apoio muito boa assim no geral (SUJEITO 8, 2014).

39

Quando se fala em estrutura os corredores afirmam que as mudanças que ocorreram, gira em torno de barracas, palanques, sistemas de sonorização, porém o que mais se reflete na fala dos atletas é o surgimento do sistema de cronometragem eletrônica por meio de chips, e também aparece os materiais pessoais utilizados pelos atletas. Hoje nós temos chiptimming, roupas diferenciadas, roupas mais modernas, tem o sistema, uma estrutura bem maior, tem palanques, tem enfim, tem barracas armadas no caminho onde as equipes se reúnem pra poder aquecer seus atletas, alimentar seus atletas, hoje a estrutura ta bem melhor (SUJEITO 2, 2014). Com menos freqüência apareceu nos relatos dos entrevistados sobre a estrutura da prova criticas em relação da participação de atletas estrangeiros, “[...] a gente vê que num tem um controle de atletas internacionais competindo, eles num, não tem esse controle e acaba prejudicando os brasileiros [...]” (SUJEITO 6, 2014). Aparece também em relatos menos frequentes, que os corredores relacionaram com a estrutura, um fato que indica uma estrutura que ajudaria o corredor na prova nos anos iniciais, que é a existência de alojamento para atletas que vinham de cidades distantes para participar da prova, “[...] toda a vida a Tiradentes a estrutura excelente, inclusive antes tinha o que não tem agora, que era alojamento pros atleta [...]” (SUJEITO 5, 2014). Em relação a estrutura da Prova Rústica Tiradentes, podemos observar uma contradição nos dados apresentados pelos corredores, enquanto a estrutura de apoio no dia da prova é elogiada pelos atletas, vemos que uma estrutura que havia em edições anteriores foi extinta, o caso dos alojamentos, que colaboravam para a participação de atletas que não eram da cidade na prova, e hoje não existe mais os alojamentos. A fala do entrevistado, não segue o regulamento fornecido pela prova, onde apresenta os alojamentos e suas condições: ART. 11º - Serão oferecidas 70 (setenta) vagas a partir do dia 25 de abril, no Ginásio Chico Neto mediante o pagamento de uma taxa de R$ 5,00 a diária e confirmação pelo fone (44) 3220.5750. § 1º - O alojamento será destinado apenas para atletas inscritos, que residam a mais de 200 km de Maringá. § 2º - Não serão fornecidos roupa de cama e alimentação, apenas colchões. (MARINGÁ, 2014)

40

Seguindo

com

as

análises,

ao

entrarmos

no

tema

do

perfil

socioeconômico dos participantes da Prova Rústica Tiradentes, vemos que há um consenso de todos os corredores entrevistados ao dizer que no início da participação de cada um, os corredores pertenciam a classes sociais com menor poder aquisitivo, ou seja, os participantes pertenciam a uma classe social baixa. Pessoas mais humildes, ou seja, quem corria era pessoa que não tinha acesso a modalidade mais difíceis, que não poderia comprar material mais sofisticado para entrar em outra modalidade, então ele resolvia correr, bastava simplesmente um calção e um tênis usado, eram pessoas mais simples e humildes (SUJEITO 2, 2014). Outro ponto de consenso entre os entrevistados sobre esse tema é em relação ao perfil socioeconômico dos atletas que estão participando da prova nas últimas edições. Segundo eles a maioria dos corredores que participa da Prova Rústica Tiradentes ultimamente é de classes sociais mais favorecidas financeiramente. “[...] Então é um perfil de classe média, classe pessoal com poder aquisitivo melhor, consegue paga, que eu sei esse ano foi uma taxa de 40

reais

[...]”

(SUJEITO

5,

2014);

“[...]

a

classe

média

melhorou

consequentemente a elite também e todos eles estão participando, tanto o rico, a classe média, o pobre, só que a predominância hoje é classe média [...]” (SUJEITO 2, 2014). O rendimento dos corredores na Prova Rústica Tiradentes foi outro tema encontrado na categoria das transformações ocorridas na prova, e nesse tema os relatos foram diversos, mas com maior quantidade aparecem as afirmações que nas últimas edições da prova há uma queda de rendimento se comparado com o rendimento dos corredores que participam da prova outrora. Dos oito (8) corredores que participaram das entrevistas, sete (7) afirmam que os resultados dos atletas, em um contexto geral, eram melhores do que os resultados das últimas edições da prova. “[...] hoje eu to achando que eles tão correndo pior, por que o tempo ta bem mais alto. [...]” (SUJEITO 4, 2014); “[...] Era muito bom se comparar o rendimento que a gente vê hoje os tempos de hoje e o tempo daquela época é muito diferente [...]” (SUJEITO 8, 2014).

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Exemplos são dados pelos entrevistados como forma de comprovar o melhor rendimento dos atletas de antigamente, eles fazem comparações entre os tempos obtidos pelos atletas dos dois períodos da prova, e comparam a classificação conquistada com esse tempo. [...] o rendimento é menos que antes, antes se ia numa corrida tinha 30 atletas no mesmo nível, no mesmo segundo, hoje não, hoje é só uns gato pingado né, existe ai numa prova igual a Tiradentes principalmente corre ai 10 atletas mais ou menos que corre pra 30, 29, 307, o resto é tudo de 33 pra cima, então ficou muito difícil, o nível caiu muito [...] (SUJEITO 1, 2014) No geral era mais difícil a competição ta, um exemplo, minha, do Zé Jorge, e do Gilberto, nos fazíamos 31 e pouco na Tiradentes nós era 30º8, 20º, hoje com 31' ta entre os 5, é apenas um exemplo (SUJEITO 2, 2014). É muito fácil, você tinha atleta brasileiro que corria 29 baixinho, 29'10'', 29'20'', 29'30'', você tinha 10, 15 atletas que corria abaixo de 30 a Tiradentes, hoje se você tive 3 atleta que corre abaixo de 31' é muito, acho que se vê a Tiradentes que teve a ultima agora acho que teve 1 ou 2 atletas só que correu abaixo de 31” (SUJEITO 6, 2014). [...] eu comparo assim, por exemplo, meu melhor tempo foi 36,20 né, naquela época eu fiquei em 197 no geral, foi a minha melhor colocação, hoje com esse tempo o cara era, entra entre os 50 primeiro colocado na prova (SUJEITO 8, 2014). A queda no nível técnico da prova, ou seja, no desempenho dos corredores que participam, é explicada pelos entrevistados como conseqüência de um perfil novo do participante, que agora são a grande maioria na prova, e os objetivos que estes levam para a sua participação. “[...] O rendimento ta deixando a desejar, [...] esse pessoal novo que chegou no, que tão praticando agora, eles realmente a preocupação deles não é com performance [...]” (SUJEITO 5, 2014). [...] Então deu essa decaida né, daquela época que era mais profissional o negócio, que era o pessoal atrás do 7

O entrevistado refere ao tempo utilizado para uma conclusão de prova. O entrevistado refere a classificação ao final da prova, ou seja, em que colocação concluiu a prova. 8

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resultado, hoje o pessoal que quer mais curtir a prova a prática mais saudável né, e o perfil assim não do rendimento é o perfil da qualidade de vida [...] (SUJEITO 8, 2014). Ao pensarmos sobre a queda do rendimento na Prova Rústica Tiradentes, e contrapormos com os avanços no nível do atletismo mundial, vemos que a prova realiza um caminho inverso, porém, vale ressaltar que o desempenho geral dos atletas vem sendo menor, mas o recorde da prova vem sendo melhorado. Porém essa melhora no tempo da prova é de atletas africanos e que são um número de três (3) por edição da prova por sexo. O restante dos participantes possuem um desempenho pior se comparado com períodos anteriores. Podemos analisar a partir dos relatos que mesmo com o grande aumento no número de participantes, a grande maioria desses novos praticantes da corrida de rua, e que freqüentam a Prova Rústica Tiradentes, são de classe sociais com maior poder aquisitivo. Vendo que os membros de classes sociais têm em si habitus distintos (BOURDIEU, 1996) dos corredores que participavam anteriormente da prova. Esses habitus, assim como afirma Bourdieu (1996) refletem na maneira em como cada agente pratica o esporte e se relaciona, são distintos a maneira em que se pratica o esporte entre membros de classes sociais distintas. Sabendo que a posição do agente depende do capital, e aqui vale ressaltar que não apenas o econômico, que possui (STAREPRAVO, 2011), e observando uma maioria de corredores são de classes sociais com maior poder aquisitivo, a realização da prova tende a suprir os desejos desse novo perfil de praticantes, que como já vimos, são distintos dos corredores que participavam da Prova Rústica Tiradentes anteriormente. Com essa nova demanda, com objetivo de atender esse novo perfil de praticante da corrida de rua, vemos então que as estruturas da Prova Rústica Tiradentes estão cada vez melhores, e com uma estrutura física equiparada a uma festa de grande porte pelos atletas. Porém, em relação ao nível técnico a prova vem deixando a desejar, já que os objetivos buscados por esse novo perfil de corredor não estão estritamente ligados ao rendimento.

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Observando essas transformações, podemos constatar que a Prova Rústica Tiradentes, vem passando por uma transição de modelo de corrida de rua. Esses modelos são os de “corrida convencional” e as “corridas fashion” apresentados por Oliveira (2010). A partir dos relatos dos corredores entrevistados e baseando nos modelos de Oliveira, vemos que a Prova Rústica Tiradentes,

anteriormente

possuía

características

de

uma

“corrida

convencional” e segue em um caminho para o modelo de “corrida fashion”. As “corridas convencionais” são corridas populares, com corredores de classes sociais com menor poder aquisitivo, nelas são evidentes os valores de uma corrida tradicional, onde a busca pelo resultado, o objetivo de ver quem faz o percurso em um menor tempo é o que prevalece (OLIVEIRA, 2010). Esse modelo de corrida é o que ocorria na Prova Rústica Tiradentes anteriormente. As “corridas fashion” são corridas com grandes estruturas, com a participação mais elitizada do ponto de vista econômico, a participação de corredores com os objetivos encontrados nos valores tradicionais da corrida é menor, e são cobradas altas taxas de inscrições (OLIVEIRA, 2010). Esse modelo de corrida, aparentemente, é o rumo em que a Prova Rústica Tiradentes tomando, pois a prova já apresenta características apresentadas por Oliveira nesse modelo, como baixa participação de atletas de alto rendimento, e cobrança de altas taxas de inscrições. Quando perguntados sobre as diferenças mais evidentes as quais eles podiam perceber, os corredores tiveram dois temas diferentes em suas falas, que são as diferenças em estrutura, e as diferenças no desempenho, ou seja, no nível técnico da prova e sobre o perfil do atleta participante. Em relação as diferenças mais evidentes a partir da percepção dos entrevistados cinco (5) afirmaram que as diferenças mais evidentes eram em relação a estrutura da prova, e relatam que houve uma melhora em diversas áreas que eles colocam como parte da estrutura. A diferença com certeza na infra estrutura, a estrutura hoje são diferentes, hoje é, não só no evento, como também para o atleta, o atleta hoje tem um tênis melhor, uma roupa melhor, ele tem alguém pa orientar, então nesse sistema melhorou bastante, e hoje é mais, o sistema de chiptimming os tempos são melhores, são

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mais aferidos, tem mais é, como Confiabilidade (SUJEITO 2, 2014).

é

que

fala?

Um número de dois (2) entrevistados relata que a partir de sua percepção as diferenças mais evidentes são em relação aos resultados, ou seja, sobre o nível técnico da prova, afirmando que o nível técnico da Prova Rústica Tiradentes caiu se comparado com as provas do início de sua participação. Basicamente essa questão do nível técnico da prova assim eu acho que crescer toda prova tem que crescer, cada vez tem que ter mais atletas mais assim, o incentivo as categorias em forma de dinheiro tem que ter, porque se não a prova tipo a gente fala vai virar uma festa só, não vai virar uma prova rústica (SUJEITO 8, 2014). Um dos entrevistados diz que a cerca das diferenças que ele percebe na Prova Rústica Tiradentes o que mais chama a sua atenção é a mudança do perfil do corredor, os objetivos dos corredores que participam e os que participavam é diferente. É principalmente eu vejo essa diferença assim na realização social né, naquele tempo o pessoal corria mesmo, tentava fazer marcas pra consegui patrocínio, pra, é ali que surgiram os grandes atletas, esse pessoal que fazia essa prova atrás de resultado, atrás ganha, atrás de ganha posições, de competi, e não, essa Tiradentes de hoje é mais de festa, é uma Tiradentes festiva, muito bom, por sinal deve continua e, mas é uma Tiradentes que num traz um beneficio técnico muito grande, assim, pra modalidade, pro pedestrianismo (SUJEITO 5, 2014). Após a apresentação dos resultados referentes a categoria de transformações, vemos que as transformações ocorridas na Prova Rústica Tiradentes são no que tange as mudanças em relação ao número de participantes na prova, na estrutura da prova, no perfil socioeconômico do corredor e também em relação ao nível técnico da prova, ou seja, no desempenho do corredor. Em relação a mudança na participação, foi constatado um grande aumento no número de participantes. Em relação a estrutura da prova, foi encontrado uma grande melhoria na estrutura, isso enquadrando tecnologias, 45

estrutura física e materiais esportivos. Ao se tratar do perfil socioeconômico do participante foi constatado que o perfil da maioria dos corredores mudou de uma classe social menos favorecida financeiramente, para uma classe social com condições financeiras melhor. Sobre o nível técnico da prova, foi encontrada uma queda no desempenho dos corredores, se comparado com os participantes dos primeiros anos da Prova Rústica Tiradentes, em relação as últimas edições da prova. Em relação a ações do poder público para a Prova Rústica Tiradentes, como já vimos na revisão acerca da prova, a Prefeitura Municipal de Maringá – PR. passou a ter a responsabilidade pela organização da prova no ano de 1990, edições anteriores a essa foram realizadas sob responsabilidade do 4º Batalhão da Policia Militar do Paraná. Quando indagados sobre a percepção que tinham sobre a participação da prefeitura, ou de algum órgão público na organização da Prova Rústica Tiradentes, as falas foram diversas, mostrando pouco entendimento, da maioria dos entrevistados, acerca da corrida de rua, no nosso caso a Prova Rústica Tiradentes, como uma política pública de esporte e lazer. A partir dos relatos dos corredores que participaram da pesquisa, pudemos constatar que a percepção dos corredores em relação as ações da prefeitura para a Prova Rústica Tiradentes se encontram referentes ao investimento da prefeitura em estrutura para prova. Nos relatos são encontradas falas que elogiam a SESP pela estrutura fornecida para os corredores durante a prova. [...] a verdade tem até que parabenizar a prefeitura sempre tem o pessoal ai que critica não a prefeitura sempre trabalho, os caras muito fortes da secretaria [...] os caras faz um trabalho muito bom, a Tiradentes é uma prova, sempre foi, toda vida super organizada, super, prova, tanto é que ela é, ela é reconhecida como uma das melhores do Brasil [...] (SUJEITO 5, 2014). Em um dos relatos dos entrevistados, é encontrado um fator de grande relevância para os estudos da política pública de esporte e lazer, quando o entrevistado revela a existência de uma lei que possibilita o investimento da prefeitura na organização da Prova Rústica Tiradentes, ou de eventos semelhantes a ela. “É existe ai uma lei municipal que possibilita que a 46

prefeitura é, possa ta investindo é, dando a estrutura é, financeira para a prova, por que uma prova como a Tiradentes é uma prova que ela demanda muito custos.” (SUJEITO 3, 2014). Sobre as leis que regem o campo esportivo, na fala de outro corredor entrevistado aparece novamente a questão de leis, porém desta vez como um ponto negativo, segundo o entrevistado há leis atualmente que impossibilita prefeituras de levar atletas para competir em provas, até mesmo na Prova Rústica Tiradentes. “[...] tinha menos burocracia em relação a leis, então eles patrocinavam, podia por no ônibus leva, não tinha tribunal de conta, hoje tudo é mais difícil, e aquele contexto era mais fácil pras prefeituras atua [...]” (SUJEITO 5, 2014). No relato de outro entrevistado, surge o pensamento da corrida de rua, no nosso caso a Prova Rústica Tiradentes, como uma forma de ganho de capital político para o administrador da cidade, o corredor afirma que a corrida de rua ganhou muita visibilidade e atrai multidões, e com toda essa visibilidade a promoção desse tipo de evento é boa politicamente. Eles estão envolvidos, eles estão bem mais envolvidos, por que isso? Por que eles perceberam que o esporte atrai multidões e isso politicamente é bom, atraem multidões, então eles estão sempre em visibilidade né, ainda mais em época de eleição, só que o esporte hoje e política estão lado a lado [...] (SUJEITO 2, 2014). Ainda em relação as ações do poder público, em nosso caso, da SESP em nome da Prefeitura Municipal de Maringá – PR. para Prova Rústica Tiradentes, foi constatado nos relatos a falta, ou pouca participação do setor privado na organização da prova, em formas de patrocínios para a realização da prova. Essa participação como investimento financeiro para a realização do evento. “Um ponto que eu vejo que antes, e mudou muito hoje, [...] antigamente o empresário ele colaborava muito mais, eu não sei se ta difícil consegui, ou o quê que ta acontecendo, por que as empresas elas contribuíam.” (SUJEITO 5, 2014). A partir dos relatos dos corredores, vemos que por meio da percepção que eles possuem, as ações realizadas pela organização da Prova Rústica Tiradentes, são tomadas para prestigiar um perfil de corredor que hoje 47

corresponde a maioria de corredores que existem na prova. Como explicita Starepravo (2011), a Política Pública é uma estratégia do Estado, que tem objetivo de alcançar determinados resultados e gerir efeitos, também, para um setor da sociedade. Em nosso caso, a Prova Rústica Tiradentes, vemos que as ações são direcionadas ao público que hoje é maioria na prova, e possui maior capital social, e econômico, e atende-los gera capital político. Já em relação as taxas de inscrições cobradas para a participação na Prova Rústica Tiradentes, quando abordamos essa categoria em nossas entrevistas foram expostas opiniões diversas por parte dos corredores. Assim como vimos anteriormente, as cobranças de taxas de inscrição para a participação na Prova Rústica Tiradentes é algo recente, e começou a ser realizada no ano de 2012, mas o que pensa o corredor sobre essa cobrança? No que ela interfere na organização e na participação dos corredores? Nos relatos dos corredores encontramos que dos oito (8) participantes das entrevistas apenas um é a favor da cobrança de taxas de inscrições, pois ele acredita que os custos para se realizar um evento desse porte são muito elevados. [...] é importante essa cobrança nem que for um valor simbólico [...] como a prova ela, ela tem um custo muito elevado né, por que ali tem o chip, tem é alimentação, tem água, tem, tem estrutura pra montar os palanques, tem muita coisa por trás ali da corrida que os corredores realmente não sabem o custo que é [...] (SUJEITO 3, 2014). Sobre a cobrança da taxa de inscrição para a participação na prova, cinco (5) entrevistados se posicionam com opinião contraria a cobrança, eles afirmam que além do valor da cobrança ser muito elevado, é de responsabilidade da prefeitura oferecer à prática esportiva gratuita a comunidade. [...] começaram a cobrar uma taxa né, que também eu questiono, porque se é um evento organizado por uma prefeitura, acho que eles tem prioriza a prática esportiva, não alguém ganhar, pegar esse dinheiro acho que a gente nem sabe quem que levou esse dinheiro todo sendo que

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a prova tem patrocínio e sempre vai ter do tamanho que ela é basicamente isso assim (SUJEITO 8, 2014). Analisando a fala do entrevistado, e contrapondo com o Artigo 217.§ 2º da Constituição Federal de 1988, vemos as ações da prefeitura, seguem em sentido oposto ao proposto na constituição, que diz que é dever do Estado fomentar a prática desportiva, como direito de cada um. Analisando as cobranças das taxas de inscrições, acreditamos que esse direito previsto na constituição esta sendo ferido quando não tem a condição financeira para pagar por ela. Quando questionados se a cobrança da taxa de inscrição impacta de alguma forma na organização da prova, os corredores em sua maioria afirmam que as taxas de inscrições são revertidas e responsáveis por haver os chamados “kits” do corredor, que contém camisas, mochilas, isotônicos, etc. além de acreditarem que as premiações são oriundas dessa arrecadação financeira da prova. Em relação a cobrança da taxa de inscrição influenciar na participação dos

corredores na Prova Rústica Tiradentes, surgem duas percepções

distintas dos corredores entrevistados, segundo a maioria o número de participantes na prova não cai em decorrência da cobrança da taxa de inscrição, pois os participantes da prova hoje são pessoas com condições financeiras para pagar a inscrição. É na verdade não impacta, por que esse público que tá pagando são pessoas que tem dinheiro, são classe média pra cima né, são classe média alta, então pra eles não tem problema, pra eles é como um lazer, é como um passeio no final de semana, no final de tarde, então eles vão lá participar e paga por isso, então não muda nada” (SUJEITO 1, 2014). Porém na fala dos mesmos atletas aparece que a cobrança da taxa de inscrição exclui os corredores com condições financeiras menores, devido ao alto valor cobrado, e esse corredor não tem condições de pagar taxas. Esse pensamento da exclusão dos atletas é encontrado nos relatos de todos os entrevistados.

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Acredito que muitos não vão participar, essa minoria humilde do interior, do sitio ainda não vai participar, então afastou essas pessoas, inclusive isso eu acredito que muitos talentos não vão mais aparecer, que antigamente as pessoas humildes, aquele de força bruta não ta mais treinando, ele ta se eximindo, por que participar, um tênis é caro, participa da corrida tem que pagar então ele não tem mais interesse nisso (SUJEITO 2, 2014). Um fator interessante que surge em relação à cobrança de taxas nas falas dos corredores entrevistados, é que essa cobrança pode ser responsável pela não aparição de novos talentos do atletismo, e também pela queda do nível técnico da prova. Com certeza acho que até esta questão do nível técnico ter caído tem uma relação grande com isso, porque como a categoria c e d. Há que é aquele pessoal que treina para pegar um dinheirinho na prova né pessoal que não tem condições de estar gastando investindo muito (SUJEITO 8, 2014). Ao analisarmos o texto de Proni (2011), vemos que o esporte pós século XX se tornou um produto de uma sociedade de massa onde há um consumo extremamente excessivo, e com isso há uma característica de uma completa mercantilização do esporte espetáculo. Em nosso estudo podemos ver que as cobranças das taxas de inscrições seguem no mesmo sentido, ao ver nos relatos dos corredores que mesmo com a cobrança de altas taxas de inscrição, ainda há uma grande procura pela participação na prova, notou que uma atividade que anteriormente era gratuita, se tornou algo ao qual uma sociedade com poder de compra não se nega a comprá-lo. Ainda a respeito das taxas de inscrição, vemos a partir da fala dos corredores, que elas são destinadas a suprir os gastos com as estruturas geradas pelo novo modelo de corrida que está sendo implantado na prova. Podemos compreender então que dentro desse subcampo, as tensões são favoráveis ao novo perfil de corredor, devido ao poder do capital econômico dos agentes que formam esse novo perfil de corridos, e claro por esse novo perfil de corredor ser um número extremamente maior a de agentes que outrora participavam da prova, a prova segue em direção ao novo modelo

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de corrida de rua, excluindo aquele corredor que não possui condições financeiras de participar da Prova Rústica Tiradentes. As taxas de inscrição são recentes na Prova Rústica Tiradentes, porém com pouco tempo de implantadas já estão gerando pensamentos diversos sobre a sua validade ou não, e isso mostra que é preciso estudar formas de contemplar pessoas que querem participar da prova com as diferentes condições sociais.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o aumento significativo no número de praticantes e também no número de provas após a década de 1970, período em que ocorreu o “jogging boom”, algumas mudanças ocorreram nas corridas de rua do Brasil. Partindo de que a Prova Rústica Tiradentes, uma das provas de corrida de rua mais importantes do atletismo brasileiro, e a maior corrida de rua da região noroeste do Paraná, delimitamos o nosso trabalho, em estudar transformações ocorridas nesse evento especificamente. A Prova Rústica Tiradentes foi criada no ano de 1975, pelo 4º Batalhão da Policia Militar do Paraná, em Maringá. No ano de 2014 a prova chegou a sua 40º edição, e com seus 40 anos de história pode revelar as mudanças que ocorreram em sua existência. Partindo do exposto, o estudo objetivou analisar as principais transformações ocorridas na Prova Rústica Tiradentes, no decorrer de seus anos de história, a partir da percepção dos corredores. Para cumprir essa demanda foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 8 corredores com mais de 15 anos de experiência, que participaram da Prova Rústica Tiradentes. Com o material coletado, e feita as análises, chegamos a conclusão de que houve algumas mudanças na Prova Rústica Tiradentes, se comparados os anos iniciais, com a prova que está sendo realizada atualmente. Foi constado, a partir da percepção dos corredores, que houve uma mudança significativa no perfil socioeconômico dos participantes da Prova Rústica Tiradentes. Segundo os relatos dos entrevistados o perfil que nos anos iniciais da prova era em sua maioria de pessoas de classes sociais menos favorecidas financeiramente, atualmente o perfil dos participantes é em uma grande maioria de pessoas de classes sociais com maior poder aquisitivo. Segundo os corredores, a organização da Prova Rústica Tiradentes, sempre foi de qualidade, porém também é notada uma melhora nesse sentido, tanto em termos de tecnologias agora presente na prova, quanto em relação a estrutura fornecida pela organização para o dia da prova. Foi constada ainda uma mudança nos custos para participar da Prova Rústica Tiradentes. O ponto evidente em relação a esse quesito é o inicio da 52

cobrança da taxa de inscrição para a participação na prova. Segundo os corredores, com essa cobrança de valores altos para a participação na prova, gera uma exclusão dos atletas que não possuem poder aquisitivo para participar da prova. Referente as ações do poder público em relação a Prova Rústica Tiradentes, os corredores afirmam que o trabalho da SESP, como representante da prefeitura municipal, é considerado bom, e elevou a qualidade da estrutura da prova. Há ainda opiniões que acreditam que esse investimento realizado em relação a Prova Rústica Tiradentes é um meio de ganho de capital político, haja visto a grande procura dos cidadãos pela participação na prova. Além disso, foi constatado que houve uma grande queda no nível técnico da prova, mesmo com o grande aumento no número de participantes, o desempenho dos participantes que participam da prova atualmente é mais fraco se comparado com o dos participantes de anos atrás. Outro fato encontrado, é em relação a participação dos atletas de visibilidade nacional no atletismo na prova. Segundo os corredores atualmente o número de atletas desse nível caiu drasticamente, há relatos que colocam esse fato como conseqüência da participação de atletas africanos na prova, e o baixo valor da premiação oferecido pela organização, que hoje é de R$ 4.000,00 para o vencedor da prova9. A partir dos relatos dos corredores, pudemos constatar que poucos têm conhecimentos sobre as políticas públicas referentes a Prova Rústica Tiradentes, ou mesmo das corridas de rua. Acreditamos ser necessário outros estudos que se atentem em relação as ações do poder público em relação as corridas de rua, partindo da percepção de outros agentes envolvidos no subcampo das corridas, a fim de entender como eles vêem a corrida de rua como uma forma de política pública do esporte e lazer.

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Valores referente a premiação oferecida pela Prova Rústica Tiradentes, vide regulamento, Disponível em: http://venus.maringa.pr.gov.br/provatiradentes/PRT_regulamento_principal.htm acesso em 30 de agosto de 2014.

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REFERÊNCIAS:

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UEM – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Gostaríamos de convidá-lo a participar da pesquisa intitulada: PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DAS CORRIDAS DE RUA NO BRASIL, que está sendo realizada pelo acadêmico Jeferson Roberto Rojo do curso de Educação Física e é orientada pelo Prof. Dr. Fernando Augusto Starepravo da Universidade Estadual de Maringá. O objetivo da pesquisa é analisar a mudança do perfil socioeconômico dos praticantes amadores de corrida de rua, relacionando com o inicio da cobrança das taxas de inscrição para estes eventos. Para isto a sua participação é muito importante, e ela se daria da seguinte forma, será realizada uma entrevista semi-estruturada com perguntas a respeito da sua experiência com as corridas de rua, sobre como eram realizados esses eventos, quais foram as mudanças que você pode perceber que ocorreram durante sua vivencia na modalidade. Informamos que como se trata de uma entrevista semi-estruturada, pode ser que a conversa ultrapasse o tempo previsto de meia hora, o que pode causar desconforto ao entrevistado. Gostaríamos de esclarecer que sua participação é totalmente voluntária, podendo você: recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa. Informamos ainda que as informações vão ser utilizadas somente para os fins desta pesquisa, e serão tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade. As entrevistas gravadas e transcritas estão destinadas apenas a pesquisa, da forma de que em nenhum momento os nomes serão citados. Os sujeitos serão identificados por números, sem revelar a identidade do entrevistado em nenhum momento. Os benefícios esperados são referentes ao que se é aceitável numa organização e em uma gestão publica para que não haja exclusão nas provas de corridas de rua. Caso seja de seu interesse, podemos estar lhe enviando uma cópia da versão final da pesquisa, contendo os resultados obtidos e a conclusão que chegamos. Caso você tenha mais dúvidas ou necessite maiores esclarecimentos, pode nos contatar nos endereços abaixo ou procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da UEM, cujo endereço consta neste documento. Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida e assinada entregue a você. Além da assinatura nos campos específicos pelo pesquisador e por você, solicitamos que sejam rubricadas todas as folhas deste documento. Isto deve ser feito por ambos (pelo pesquisador e por você, como sujeito ou responsável pelo sujeito de pesquisa) de tal forma a garantir o acesso ao documento completo. Eu,____________________________________________________________ (nome por extenso do sujeito de pesquisa) declaro que fui devidamente esclarecido e concordo em participar VOLUNTARIAMENTE da pesquisa coordenada pelo Prof. Dr. Fernando Augusto Starepravo.

____________________________________________________ Data:___/___/_____ (Assinatura ou impressão datiloscópica)

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Eu, Jeferson Roberto Rojo, declaro que forneci todas as informações referentes ao projeto de pesquisa supra-nominado.

______________________________________________ Data:___/___/_____ (Assinatura do pesquisador)

Qualquer dúvida com relação à pesquisa poderá ser esclarecida com o pesquisador, conforme o endereço abaixo: Jeferson Roberto Rojo Rua Aritã, 259 Zona 7 - CEP 87020-260 Ourizona - Paraná - Brasil Email: [email protected]

Telefone: (44) 3278-1286 (44) 8819-8027

Fernando Augusto Starepravo Rua Kiri, 1104 Bairro Jardim Quebec - CEP 87023490 Maringá – Paraná – Brasil

Telefones: (44) 3267-6940 (44) 84253524

Qualquer dúvida com relação aos aspectos éticos da pesquisa poderá ser esclarecida com o Comitê Permanente de Ética em Pesquisa (COPEP) envolvendo Seres Humanos da UEM, no endereço abaixo: COPEP/UEM Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5790. Campus Sede da UEM. Bloco da Biblioteca Central (BCE) da UEM. CEP 87020-900. Maringá-Pr. Tel: (44) 3261-4444 E-mail: [email protected]

_______________________________________________________________

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APÊNDICE 2: ROTEIRO DE ENTREVISTA COM CORREDORES Nome: Idade: Tempo de pratica: Onde treina: Possui algum tipo de patrocínio: Gênero:

1) Quando participou pela primeira vez da Prova Rústica Tiradentes? 2) Qual a sua experiência em corridas de ruas?

3) No inicio da sua participação na Prova Rústica Tiradentes: 2.1 como era a participação do publico? 2.2 como eram as estruturas das provas? 2.3 como era o perfil socioeconômico dos participantes? 2.4 como era o rendimento doas atletas?

4) Atualmente: 2.1 como é a participação do publico? 2.2 como é a estrutura das provas? 2.3 como é o perfil socioeconômico dos participantes? 2.4 como é o rendimento doas atletas?

5) Quais são as diferenças que você vê entre as corridas atualmente e antigamente? 5.1 e em relação ao rendimento?

6) Você podia perceber a participação do poder publico (prefeituras, estado, empresas estatais) na organização das corridas de rua? 6.1 como você vê essa participação hoje? 7) Você vê mudanças nas cobranças das taxas de inscrição nas corridas nos dias atuais?

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7.1 você acredita que isso impacta na organização das provas e na participação?

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ANEXOS

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ANEXO 1: PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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ANEXO 2: HISTÓRICO TIRADENTES FORNECIDO PELA SESP.

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ANEXO 3: LISTA DE CURIOSIDADES FORNECIDA PELA SESP.

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ANEXO 4: LISTA DOS CAMPEÕES DAS PROVAS RÚSTICAS TIRADENTES FORNECIDA PELA SESP.

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ANEXO 5. TRANSCRIÇÕES DAS ENTREVISTAS. (obs. em negrito fala do pesquisador) Entrevista 1 SUJEITO 1. A idade? 62 anos. Quanto tempo pratica a corrida? 38 anos. Onde o senhor treina? Bom nas ruas, e na pista de atletismo no estádio Willi Davis. Mas alguma equipe? A equipe da Acorremar né, pela qual eu sou o presidente. Quantas vezes participou da prova rústica Tiradentes? Umas 35 vezes mais ou menos. Possui algum tipo de patrocínio? Por enquanto não. Quando participou pela primeira vez da Prova Rústica Tiradentes? Foi em 21 de abril de 76. Qual a sua experiência em corridas de rua? A eu pude aprender, a gente nunca aprende tudo né? um pouco eu aprendi bastante né, a gente teve altos e baixos, vários tipos de corrida, e corri em todo onde você pode pensar. Quando o senhor começou, a Prova Rústica Tiradentes, como era a participação do corredores, do publico? A era bem pouco né, bem tímida né? Tava naquele tempo pouca gente participava né, e poucas pessoas também assistia. E como era a estrutura da prova? Assim a organização na estrutura? A era bem tímida, bem simplis né, era mais só pra ta li um serviço de altofalante, uma pessoa com lápis na mão anotando as pessoas, os atletas né, com as, antigamente utilizava as senhas né, e não igual hoje que chip né. E como era o perfil socioeconômico dos participantes assim? Dos participantes era bem baixo né, era bem tímido também, era mais o pessoal pobre que corria, o... Tinha alguns professores pelo meio né, pelo meio né, sempre teve, mas não tanto quanto hoje né, Como era o rendimento dos atletas, os resultados, como era naquela época? O resultado era bom, os atleta que participava, é, competia mesmo né, num tinha essa de participação, a gente ia pra correr mesmo, pra tentar alguma coisa, independente de quem tivesse la na prova. E hoje, atualmente, como o senhor vê a participação do publico? Assim, hoje cresceu demais, assustadoramente, todo mundo ta participando, tanto quanto como espectadores, tamém como atletas né, como participantes de corrida. E as estruturas das provas hoje? como é?

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A hoje é um reality show né? hoje virou festa né? hoje a, qualquer corrida que tem é um festival muito bonito, infelizmente é difícil para us atletas mais pobre, de classe baixa pode participar, por que ficou caro né. E como que é o perfil socioeconômico dos participantes hoje? A hoje é mais de classe média pra cima, a classe média pra baixo num, ta participando muito pouco, tem muitos remanescentes da classe baixa, mas eu diria que 95% a mais é da classe média pra cima. E o rendimento dos atletas hoje, os resultados? Ó hoje eu vejo, eu como comecei lá atrás eu vejo que os atletas de hoje tá, o rendimento é menos que antes, antes se ia numa corrida tinha 30 atletas no mesmo nível, no mesmo segundo, hoje não, hoje é só uns gato pingado né, existe ai numa prova igual a Tiradentes principalmente corre ai 10 atletas mais ou menos que corre pra 30, 29, 30, o resto é tudo de 33 pra cima, então ficou muito dific, o nível caiu muito, E assim, quais são as diferenças que o senhor vê das corridas atualmente e as de antigamente? A as diferença é a estrutura né? por que antigamente você, eu cansei de ir em muitas corridas que tinha um caminhão como palanque, hoje nós temos lá uma estrutura fora do comum né, barracas, é pórticos né pra colocar relógio de marcação de tempo e tudo mais né, é hoje ta sofisticado, virou comercio, hoje virou comercio. E em relação ao rendimento dos atletas, dos resultados, qual a diferença que o senhor vê? Entre os atletas... De antes e os de agora. A uma diferença muito grande né, por que naquela época, num tinha muita vaidade, hoje tem muita, hoje tem muitos atletas que entra numa prova e sai por que ele ta vendo que tem outro que pode ganha dele, ele acaba desistindo da prova, naquele tempo não, naquele tempo não importava quem tivesse na prova você ia até o fim, eu mesmo corri num nível nessa Tiradentes pra 31'50'' e cheguei entre os 35 e nem por isso eu parei na prova. E assim o senhor vê que do restante do publico que ta participando, dos participantes, dos corredores o resultado é igual, semelhante, ou é melhor ou é pior do que antigamente, no geral assim? No geral, ó, no geral se iguala, por que a gente tinha bons atletas que corria lá na frente também independente de da estrutura, era naquela época não tinha a verba que tem hoje, e que infelizmente só é pago para os atletas de ponta né, e naquele tempo também não tinha pra os demais não, mas também ninguém tinha vaidade de quere ganha alguma coisa, queria participa mesmo e corre forte né, o objetivo era obter resultado. O senhor podia perceber a participação do poder público, tipo a prefeitura, o governo do estado, ou empresas estatal, como a caixa assim, na organização das corridas de rua? Como participação deles? É eles organizando as corridas... A eu gostaria que eles pudessem fazer isso né, e não passar pra terceiro né, por que tem muitos terceiros pegando dinheiro da caixa e embolsando e não ta distribuindo para os atletas que participa, por que quando eu digo atleta que participa, é aqueles que treina de segunda a segunda né, ai esses não tem o respaldo, são os atletas que vão pra prova, e entra lá nessa prova e é cobrado 72

deles um absurdo, por que o que eu vejo ai sempre cobrando e não tem o retorno para os atletas que treina mesmo, agora aqueles que vão pra lá pra participar, só por participar, vai entra lá na prova só pra fazer festa então tudo bem, eles tem, deve ter o lado deles tamém, mas eu penso assim, que eu acho que os atletas que participa mesmo, que treina no dia a dia, de segunda a segunda deveria ter um premio pra esses atletas. Mas assim antigamente as prefeituras organizavam as provas, o governo organizava ou quem era que organizava essas corridas? Geralmente era as prefeituras né, a maior parte das provas que tinha antigamente era participação das prefeituras, e depois que foi surgindo as empresa, é empresas estatais, é tudo ai o poder publico entrou no meio como uma alavanca nisso ai né, e distribuiu o verba, pessoal tão organizando mais, tão fazendo projetos, e ta trazendo verba, mas infelizmente essas verba não ta ficano para os atletas que treina mesmo, então essas verba ta seno, tão ficano pra aqueles que organiza, que é , que faz o clube de, empresas de eventos, essas empresa, entra, são atravessadores que entra no meio e tão ganhando dinheiro em cima desse publico que ta aderindo a corrida hoje. O senhor vê a mudanças nas cobranças de taxas de inscrição nas corridas dos dias atuais? A de maneira alguma, isso ai, essa mudança não vai acontecer nunca, eu acredito que essa mudança daqui pra frente vai melhora mais pro lado deles, eles vão aumenta cada vez mais as taxas, Assim o senhor, antigamente havia a cobrança e agora tem ou assim... já havia cobrança? Não, não, essas taxas começou de pouco tempo pra cá, antes não tinha, não cobrava nada, não se pagava nada, também não tinha premio né, tinha troféus, algumas corridas tinha algum dinheiro, mas era muito pouco, mas também se num pagava nada, era livre pra todo mundo e todo mundo participava, era a troco de troféu, medalhas essas coisas assim, agora hoje não, hoje tiraram a, o troféu, e trocaram a troco de uma camiseta e se, você se paga ai 100, 150 até numa inscrição para ganhar uma camiseta, eu vo, o maior absurdo é o atleta entra numa prova e já receber no kit a medalha e que ta acontecendo ultimamente. Assim, o senhor acredita que a cobrança da inscrição impacta na organização das provas e na participação dos corredores? É na verdade não impacta por que esse publico que tá pagando são pessoas que tem dinheiro, são classe média pra cima né, são classe média alta, então pra eles não tem problema, pra eles é como um lazer, é como um passeio no final de semana, no final de tarde, então eles vão lá participar e paga por isso, então não muda nada. Mas e em relação aos corredores que corriam antigamente, os corredores como o senhor falou, de classe baixa? Essa cobrança impacta na participação deles? A sem duvida, por exemplo, eu mesmo se te que paga toda prova ai e paga e eu não ter um retorno pelo menos pra cobrir o que eu paguei eu não vou poder participa, então muitos atletas que poderia hoje ta correndo forte ai, disputando ai, e esses atletas não tão podendo participa, por que eles não tem como paga, se tiver alguém que pague pra eles certamente eles tariam participando, é por isso que hoje nós não temos, nós estamos na beira de uma olimpíada e nós

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num temo atleta pra disputa uma olimpíada, e vai ser um vexame pra nóis no Brasil uma olimpíada, com relação ao atletismo. O Seu Zé, com a sua experiência na Prova Rústica Tiradentes, o que o senhor fala assim de, da história, a história que o senhor conhece sobre a Tiradentes, assim, desde quando começou até hoje, qual a história que o senhor tem pra contar assim, as suas experiências na Tiradentes... A rapaz a Tiradentes é desde quando ela nasceu ela já é uma história né, junto um grupo de soldados do batalhão ali, sargento, tenente, e resolveram organizara Tiradentes em prol dia do martim da independência né, dai então surgiu as história, a gente tem muitas, pra falar, dentre desse meio você sempre vai ter uma coisa pra se contar né, por que ela nasceu bem pequinininha e foi se crescendo, e foi surgindo, e os atletas foram participando, e hoje tá nessa dimensão que tá, e única coisa que mudou mesmo foi as cobranças de taxas e o nível que caiu né, durante esse tempo, durante esses 40 ano, e a que a classe média alta entrou na parada participando maciçamente, isso por um lado é bom pra saúde do publico né, do povo né, eu acho que a saúde é em primeiro lugar, e se as pessoas tão se exercitano, é um bom sinal que eles tão é deixando de irem mais aos médico né, então isso ai foi o que aconteceu durante esses 40 anos de Tiradentes, que eu não tenho mais muita coisa pra contar não, a não ser as histórias de corrida mesmo que, Se o senhor quiser contar... Algumas, do dia a dia é difícil, por que você tem rotina, sempre, você, o atleta na verdade é uma história ambulante né, ele ta no dia a dia, ele corre com chuva, ele corre com sol, ou ele corre com geada né, e eles tão lá, e eu acho que símbolo maior de todos os esportes são os atletas que ta no dia a dia lá lutano pa tenta melhora sua performance né, e passano ai exemplos pra outros atletas e continuarem nesse mesmo nível e representano sempre o atletismo. Ta certo, Obrigado seu Zé por nada.

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Entrevista 2 SUJEITO 2 A idade? 54 anos. O tempo de prática do atletismo? 35 anos, competindo ainda. Onde treina? Alguma equipe assim. Treino aqui no 4º Batalhão, desenvolvo o projeto atletismo Tiradentes dentro do 4º Batalhão, e agora estou colaborando com a associação de atletismo de Maringá. Quantas vezes participou da Prova Rústica Tiradentes? Desde 1983. Possui algum tipo de patrocínio? Não. É, a primeira vez que participou da Tiradentes foi? 1983. Qual a sua experiência em corridas de ruas e na Tiradentes? São varias experiências, desde maratonas, meia-maratonas, e provas rústicas até 16.000, até 20.000, ou seja, nesse tempo todo, nesses 35 anos de atletismo eu tenho hoje 2.000 troféus e mais de 2.500 medalhas. No inicio da sua participação na Prova Rústica Tiradentes, como era a participação dos corredores e do publico? Na década de 80 até 90 a participação do publico não era muito intensa, pois era uma prova que estava ainda sendo construída ao longo do tempo, é uma competição que estava crescendo ano a ano, e o publico ainda não tinha muito publico, ou seja, o publico não era tão..., não conhecia ainda o que era o pedestrianismo, o que era uma prova rústica, uma corrida, ia apenas os familiares na verdade, mas a partir de 2000 isso cresceu, o Brasil se conscientizou, e as provas de rua cresceram, a corrida de rua cresceu muito e esse movimento vem crescendo ano a ano. E como era as estruturas das provas? No inicio a estrutura era simples, era apenas um palanque simples, pra subir no pódio eram tambores, onde colocavam números 1 até o 5, até o 5º colocado, era..., não tinha chiptimming, era tudo manual, era coisas bem simples, sem muita estrutura aqui no Brasil. E como era o perfil socioeconômico dos participantes, dos corredores? Pessoas mais humildes, ou seja, quem corria era pessoa que não tinha acesso a modalidade mais difíceis, que não poderia comprar material mais sofisticado para entrar em outra modalidade, então ele resolvia correr, bastava simplesmente um calção e um tênis usado, eram pessoas mais simples e humildes. E como era o rendimentos dos atletas? Por incrível que pareça o rendimento era fantástico, de alguns atletas, pessoas que advinham da roça, que moravam no interior, que trabalhavam é.. no trabalho mais duro, no campo, seja ele carpindo, seja ele cortando canavial, trabalhavam no canavial e ainda achava tempo para treinar, eram trabalhadores que treinavam, e as performances eram maravi..., excelentes.

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E hoje, atualmente como o senhor vê a participação do publico na corrida, na Prova Rústica Tiradentes? Hoje o publico se elitizou, por que a corrida na verdade virou moda, virou modismo ta, é pode ser pela observância dos pesquisadores e das pessoas que se conscientizaram, sabendo que hoje é saúde, que é uma melhora na qualidade de vida, então ta todo mundo participando todo mundo correndo, então se elitizou um pouquinho, não que a classe média não ta participando, ta ta mei maciça, mas os mais humildes talvez não sejam tantos como antes. E como é as estruturas das provas hoje? Hoje nós temos chiptimming, roupas diferenciadas, roupas mais modernas, tem o sistema, uma estrutura bem maior, tem palanques, tem enfim, tem barracas armadas no caminho onde as equipes se reúnem pra poder aquecer seus atletas, alimentar seus atletas, hoje a estrutura ta bem melhor. E o perfil socioeconômico dos participantes hoje como é? Com certeza melhor, bem melhor, a classe média melhorou conseqüentemente a elite também e todos eles estão participando, tanto o rico, a classe média, o pobre, só que a predominância hoje é classe média, que tem já, que tem é poder de compra, que pode ter um tênis adequado, tem uma roupa mais adequada, então a participação é maciça hoje melhorou e a posição socioeconômica também, das pessoas melhorou. E como que é o rendimento desses atletas hoje? Vamo tira ai de uma... Competição de 2.000 atletas, os 50 primeiros colocados tem uma performance excelente, tem uma performance boa, que vareia ai, que vai variar de 29 minutos até 35 minutos, um exemplo assim ta, mas se compararmos com os mais humildes de antigamente eu acho que ficou equilibrado, que antes não tinha tênis, não tinha sistema de chip que tem hoje, não tinha roupa adequada, o sistema de treinamento era diferenciado, não tinha as pessoas especialistas em treinamento que tinha conhecimento, passar um treinamento para o atleta de antigamente, então atletas ele corria e competia pelo talento e pela sua força bruta, hoje não, hoje é mais técnica. Quais são as diferenças que o senhor vê entre as corridas de antigamente e as corridas de hoje? A diferença com certeza na infra estrutura, a estrutura hoje são diferentes, hoje é, não só no evento, como também para o atleta, o atleta hoje tem um tênis melhor, uma roupa melhor, ele tem alguém pa orientar, então nesse sistema melhorou bastante, e hoje é mais, o sistema de chiptimming os tempos são melhores, são mais aferidos, tem mais é, como é que fala? Confiabilidade. E em relação ao rendimento dos atletas qual a diferença antes pra agora? Eu acho que antes as marcas, algumas marcas eram melhores, lógico que com a evolução do treinamento as marcas foram, ta melhorando hoje, então alguns sobre saem, 2, 3, 4 sobre saem hoje, antes não, antes 20, 30 tinham marcas boas, hoje 5,6,7 no Maximo tem marcas boas. Então no geral antigamente... No geral era mais difícil a competição ta, um exemplo, minha, do Zé Jorge, e do Gilberto, nos fazíamos 31 e pouco na Tiradentes nós era 30º, 20º, hoje com 31' ta entre os 5, é apenas um exemplo. Você podia perceber a participação do poder publico, prefeitura, o estado, empresas estatais, na organização da corrida de rua? Eles estão envolvidos, eles estão bem mais envolvidos, por que isso? Por que eles perceberam que o esporte atraem multidões e isso politicamente é bom, 76

atraem multidões, então eles estão sempre em visibilidade né, ainda mais em época de eleição, só que o esporte hoje e política estão lado a lado, não sei se isso é bom ou se isso é ruim, mas de uma certa forma para a estrutura da modalidade melhorou, mas se tem retorno para o atleta? Infelizmente não. O senhor vê mudanças nas cobranças das taxas de inscrição na corrida? Tomara que esse ano haja mudança, por que até agora não. E o senhor acredita que a cobrança das taxas de inscrições impacta na organização e na participação dos corredores na prova? Olha, a participação até aumenta, como eu disse hoje é um modismo, correr virou moda, todo mundo esta correndo, por que é bom pra saúde, melhora a qualidade de vida, etc. então a participação é maciça ainda mesmo cobrando é maciça. Mas assim, em relação aquele corredor pobre que o senhor havia falado no começo da entrevista, ele continua participando mesmo com a cobrança das taxas? acredito que muitos não vão participar, essa minoria humilde do interior, do sitio ainda não vai participar, então afastou essas pessoas, inclusive isso eu acredito que muitos talentos não vão mais aparecer, que antigamente as pessoas humildes, aquele de força bruta não ta mais treinando, ele ta se eximindo, por que participar, um tênis é caro, participa da corrida tem que pagar então ele não tem mais interesse nisso. Rui, sobre sua experiência na Prova Rústica Tiradentes, a sua história, o que senhor pode contar pra gente sobre a história que o senhor sabe da Tiradentes, desde quando ela começou até os dias de hoje, com esse percurso que vem fazendo a Tiradentes? a Prova Rústica Tiradentes se inicio em 1975, ela foi uma prova exclusiva do 4º Batalhão pra homenagear o patrono das policias militares do Brasil que é o Joaquin José da Silva Xavier, o Tiradentes, ai foi feito aqui, sai e largada em frente o batalhão, uma provinha de 3.000 metros, e o primeiro campeão foi Vicente Pimentel Dias. no ano seguinte, com o apelo da comunidade, em 1976 o batalhão abriu para mais algumas pessoas da comunidade no percurso de 6km, ai aproximadamente 100, 200 atletas participaram, policiais, comunidade. E a partir de 77 também 6km, foi a partir de 1978 que passou a ser 10km, houve a participação da comunidade, foi melhorando, ai foi aberta a todos, e a partir de 1980 não só aberta a comunidade, mas todo o Paraná e todo o Brasil, e foi crescendo. Teve uma época que ela foi 10km, teve uma época que ela foi 12km, voltou a 10km, voltou a 12km novamente e até que se parou nos 10km somente. E hoje ela é aferida pela cbat. As diferenças assim, mais evidentes que o senhor vê da Tiradentes, quando começou e naquele período que ela começou a ser feito pela prefeitura e hoje, quais são as diferenças mais evidentes que o senhor vê na Tiradentes? Quando a policia militar nessa época fazia essa Prova Rústica Tiradentes, era em prol do esporte, era em prol da interação policia militar e comunidade, era uma coisa diferenciada, era uma coisa mais como ideologia, como ideal, como a questão de homenagear um patrono da policia militar, hoje não, hoje eu acredito que virou um grande comercio. Obrigado De nada.

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Entrevista 3 SUJEITO 3 A idade? Atualmente estou com 62 anos. Tempo de pratica do atletismo? Olha na verdade eu pratiquei o atletismo de alto nível de 1971 até 1972 e depois eu dei uma parada e voltei já no veterano ai só pra participação, é fiz só de participação sem objetivos maiores. É, quantas vezes o senhor participou da Prova Rústica Tiradentes? Eu, na Tiradentes eu participei quando eu era atleta de alto nível, em 1975 e em 1976 e depois eu participei da 25ª prova que eu não sei precisar o ano. E, quando o senhor participou pela primeira vez da Prova Rústica Tiradentes? Foi em 1975, quando ela foi, é teve inicio a prova né, e eu consegui ser o campeão das duas primeiras edições de 1975 e 76, e como eu ganhei as duas primeiras eu participei da 25ª por que era 25ª e eu quis participar, ja era veterano ta, e corri com veterano e ai classifiquei em 12ª lugar na minha categoria por que o meu treinamento foi muito pouco para participar da Prova. Qual a sua experiência em corridas de rua enquanto atleta? Enquanto atleta eu tinha muita experiência em corridas de rua, na verdade na minha época não existia muitas corridas de rua, é, existia uma prova anteriormente a Tiradentes chamado "Susumi tami" que ela ficou alguns depois com a Tiradentes, por que era a única corrida que tinha, susumi tami, ai criaram a Tiradentes em 75 e a gente tinha as vezes ai uma corrida de rua por mês quando você conseguia correr, as vezes passava um mês inteiro, dois meses você não tinha muitas provas como o que não acontece no dia de hoje. No inicio da participação da Tiradentes, no inicio da Tiradentes, como era a participação do publico assim? Dos corredores? A na verdade a participação num era muita não, a primeira Tiradentes é, acredito que tenha participado em torno de 80 a 100 atletas né, depois ela foi crescendo, crescendo, e atualmente é, e as corridas de rua também, não era com muitos atletas não, tinha um numero razoável de atletas, tinha algumas corridas que realmente tinha bastante corredores, como a prova de Apucarana, que eu também consegui vencer, 28 de janeiro naquela época, era uma prova que, de maior participação, e a Tiradentes ela foi crescendo com o tempo, evoluindo , e hoje é a, claro que a população aumentou muito, então agora existe uma grande procura por as provas de fundo. É, e como era a estrutura da prova, da Prova Rústica Tiradentes? A estrutura era bem simplis, não, apenas um palanque para as autoridades né, as vezes nem isso tinha tá, por que não tinha assim muito, é não tinha muita o brilhantismo que tem hoje na prova, não existia isso né, então era uma estrutura bem simplis, tínhamos um palanque de premiação ali, e não tem a estrutura de hoje, na verdade não tinha, hoje é uma prova muito bem estruturada, é uma prova assim é, de grande nível e pelo tanto pessoas que participam e pelos atletas também que vem também, também que são de maior nível do que naquela época, naquela época era só uma competição assim regional, hoje não, é uma competição até internacional, tanto é que vem os estrangeiros ai e sempre são os campeões da prova. 78

E como era o perfil socioeconômico dos participantes assim? Olha os atletas participantes, na verdade era o povão geral né, os atletas eram tudo amadores, a sua maioria, a gente não ganhava nada pra correr, a premiação também da prova não existia, apenas as vezes um troféu, uma medalha, muito pouca premiação, também não existia a premiação por categoria, era premiação única, se você fosse, tanto você poderia ter 18, como poderia ter 50 anos, então não existia premiação naquela época, não existia para veteranos. Mas assim, em relação ao financeiro, como era os participantes, era mais ricos, eram os mais pobres que participavam da prova? Geralmente é, participam, participavam pessoas de menor poder aquisitivo né, eu vim de uma classe, vamos dizer assim, de média pra baixo né, e fui evoluindo com o tempo né, consegui me estudar né, então consegui crescer um pouco na vida, e o atletismo me ajudou bastante, então, mas geralmente quem participava dessas provas realmente é a população mais carente né, vamos dizer assim. E como era o rendimento dos atletas? O desempenho dos atletas naquela época? Olha o meu desempenho por eu ser, por eu ser campeão paranaense era considerado bom, é claro que hoje os quenianos, se eu competisse hoje com os quenianos eu provavelmente iria perder também, mas poderia ta ali no pódio entre os 5 primeiros né, por que, por que na época não tinha assim um alto nível no estado, e eu venci duas e poderia ter vencido mais alguma se tivesse continuado, mas eu optei por terminar minha carreira em 76 e eu parei, e se eu tivesse corrido a terceira eu acredito que teria ganho, por que o corredor que venceu a terceira até então ele não tinha vencido-me eu até o presente momento. E no geral de todos corredores, o desempenho como era? Era forte? Não, o desempenho na verdade não era bom, por que eles realmente era atletas amadores, e eu como era um atleta que competia a nível nacional eu tinha realmente um desempenho melhor, só eram poucos corredores, geralmente os 3, os 5 primeiros fazem um tempo melhor, e os outros são realmente mais pra participar, eles não tinham assim condição de fazer uma preparação tão boa, era realmente atletas amadores né. Agora vamos, atualmente como que o senhor vê a participação do publico, dos corredores hoje na prova, na corrida Tiradentes hoje? É, a corrida ela tece assim uma evolução muito grande enquanto a participação dos atletas, hoje existe um interesse muito grande, nós temos muitas corridas em Maringá, e se você verifica todas elas tem um grande numero de participantes, então é, com o tempo a mentalidade dos corredores, das pessoas foram, foram assim, se adaptando a esse tipo de modalidade, então por isso que as corridas apresentam assim muitos corredores, hoje Maringá nos temos ai 4 ou 5 corridas no ano, ou até mais que isso né, então isso traz atletas, por que, por que tem esse números de corridas? Por que realmente a procura é muito grande, então é isso que traz as pessoas a correr, por que é o interesse de fazer uma atividade física, ela esta muito divulgada né, então tem isso tudo. E a estrutura da Prova Rústica Tiradentes hoje como é? A estrutura muito boa, muito bem organizada, estrutura ótima estrutura, tem palanque, tem... Antigamente não existia o chip pa controla o tempo dos 79

corredores, tem o chip que controla ali, depois da corrida você já consegue apresentar o resultado né, o que seria naquela época não teria como por que, por que não existia essa tecnologia que hoje nos apresenta. E hoje como o senhor vê o perfil socioeconômico dos participantes da prova hoje, como é? Mudou é mais... Olha em termo de profissionalismo, é, nos temos atletas ali os 10 primeiros, ou até os 15 primeiros, são atletas realmente que talvez até vivem disso como profissionais, ou semi profissionais né, então eles só tão ali mesmo só pra treinar pra correr né, então por isso que eles conseguem chega, agora claro que tem aquele grupo que gosta de participa, que então não são, eles são atletas que trabalham diariamente e não tão, é o povão né, e por que, por isso que nós temos o pelotão de elite ali pra da oportunidade daqueles melhores corredores saírem em melhores condições, por que eles si vão disputar a prova, e os outros não, os outros são participantes, mesmo tendo a premiação por categoria, mais o nível deles não é aquele que dá, dos, da elite. É, e quais são diferenças que o senhor vê entre as corridas atualmente da Tiradentes e as corridas de antigamente, qual a diferença que o senhor vê, assim, senhor fala a diferença entre as duas épocas? A na minha época era extremamente amadora, uma corrida apenas pra, pra ter um evento na cidade né, certo? E hoje não, hoje o evento já é um evento tradicional que realmente ele, ele traz assim, é feito com uma grande estrutura onde a mídia é, aproveita pra, pra colocar aquele evento como, como colocando de alto nível, é tanto é que os nível dos corredores que vem participa, os estrangeiros que vem para a prova. E em relação ao rendimento dos atletas, qual que é a diferença de antes pra hoje? Bom, como eu já disse o meu rendimento era bom, eu poderia estar disputando com aqueles, com estes corredores que estão ai hoje né? Por que em Apucarana eu sempre corri lá, e naquela época já era uma corrida de muito maior alto nível, por que não era só, aqui só na Tiradentes antigamente só participava os paranaenses, lá em Apucarana não, ali vinham os paulistas também que são os melhores corredores do Brasil e ali eu sempre entrei entre os 5 primeiros né, e tive oportunidade até de vencer, então o nível, nível, o nível dos participantes é aquela época eram poucos atletas de de alto nível né, hoje não, hoje nós temos uma infinidade de atletas que os 10 primeiros da Tiradentes são atletas que se corressem naquela época eu poderia, até o 10º lugar eu poderia vencer a prova com tranqüilidade. Você, o senhor podia perceber, o senhor poderia perceber a participação do poder público, é prefeituras, o estado, empresas estatais na organização da Tiradentes antigamente quando começou? Não, não existia a participação de estatais, era só o poder público que promovia também com pouco é, investimento, o investimento era pouco né, ta, e a premiação também era, era pouquíssima, era só troféu e medalha né, e as vezes troféu de pequena qualidade, e na é.., quando eu comecei é, é quando eu estava terminando minha carreira em 76 que começaram aparecer os prêmios de rua, e as corridas começaram a ter uma evolução maior, mas eu como não tinha como continuar por que não sabia o que seria no futuro né, e eu optei pela minha profissão e resolvi parar.

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E hoje como o senhor vê a participação de prefeitura, do governo do estado, nacional, federal, nas, na organização da corrida de rua, da Tiradentes? É existe ai uma lei municipal que possibilita que a prefeitura é, possa ta investindo é, dando a estrutura é, financeira para a prova, por que uma prova como a Tiradentes é uma prova que ela demanda muito custos ta, então se, se não houver essa participação do município e antigamente não se, não era cobrada a taxa de inscrição e eu acredito vali, nesses grandes eventos, eu acho que tem que cobrar mesmo a taxa de inscrição, por que o, eu já organizei é, muitas corridas e o gasto é muito grande, então precisa realmente ter, agora é claro que algumas empresas elas também para se promover o seu nome elas as vezes elas participam desses eventos, então é quando há assim, publico grande participando e que possa trazer beneficio a empresa, conhecimento é, então eles participam também ajudando né, o que eu acho é interessante por que como eu disse a demanda, o custo realmente pra organizar uma corrida é muito alto. É, e o senhor vê mudanças na cobranças da taxa de inscrição da Prova Rústica Tiradentes? É, como eu já disse é importante essa cobrança nem que for um valor simbólico né, esse ano já subiu um pouquinho acho que dobrou a taxa em relação a o ano passado e o pessoal achou muito, mas como a corrida, como a prova ela, ela tem um custo muito elevado né, por que ali tem o chip, tem é alimentação, tem água, tem, tem estrutura pra montar os palanques, tem muita coisa por trás ali da corrida que os corredores realmente não sabe o custo que é, eu que já organizei diversas corridas eu sei como é duro organizar, então tem que ter realmente uma cobrança nem que for simbólica, depois também o atleta ele recebe o uma, um kit que vem uma camiseta geralmente, uma medalha né, e tudo isso tem custo, então eu acho que é importante, agora as corridas de bairro menores, eu acho que não deve ser cobrado, por que é mais pra aqueles, a pra aqueles amadores e profissionais nem vem pra essas corrida, então acho que não há necessidade de cobrança é, nessas corridas menores. mas a tira, essas provas de grande vulto, eu, é importante que se, que tenha uma cobrança de uma taxa. E, o senhor acredita que essa cobrança impacta na organização das provas e na participação do publico, há alguma diferença por causa dessas cobranças? Sim é, geralmente é, o pessoal gosta de participar, muitas pessoas participam da corrida e as vezes não faz a inscrição por que não querem pagar a taxa, você pode observar nas corridas de rua, tem muitos corredores que as vezes estão sem numero, aqueles que estão sem números eles realmente as vezes, eles podem participar por que a rua é publica, qualquer um esta acesso a rua, mas eles não entram na classificação, então é, é se não cobrasse eles estariam participando ali e teria seus resultado, e como ai não tem, não recebe o chip não entra na classificação, mas como a rua é publica pode participa, então é uma coisa assim que deve continuar sim a cobrança e, mas o povo também não esta impedido de participar não, por que ele pode lá participa da corrida né, é claro que as vezes ele ta ali, ele vai utilizar água que ele não ajudou paga, ele vai usa uma fruta que no final da corrida que as vezes oferecem e não vai só receber o kit, mas as vezes as outras, as outras

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ingredientes que acompanha a corrida as vezes ele consegue é, obter mesmo não teno colaborado. Agora, Pimentel, qual a história que o senhor conhece dá Tiradentes, que o senhor poderia falar sobre a história da Tiradentes? Desde quando começou até hoje, assim o que o senhor conhece sobre a Tiradentes, qual foi o percurso que ela fez pra se tornar a prova que ela é hoje? É, muito interessante essa pergunta sua, por que quando a Tiradentes começou ela era disputada ali na avenida 15 de novembro ta, somente na 15 de novembro, a gente saia, saia ali em frente a praça do correio e a gente ia até praça kenidy, o balão lá em cima, contornava, faziam três voltas ali ta, e dava 4.800 metros, e a corrida ela, com o tempo ela foi tirada dali, foi, foi colocada em outros lugares também ta, e foi aumentado o percurso ta, então por que naquela época a participação era pequena, e as corridas de grande nível no Brasil, a única corrida de 10km que tinha naquela época era a prova é, 28 de janeiro em Apucarana, que era 10.000 metros né, e as outras corridas de rua é só corridas de curtas né, 5, 6 mil metros no maximo 7 mil, não existia corrida maior que isso né, de 4 a 7 mil metros né, então ai a Tiradentes como ela foi crescendo e as corridas de rua também teve um crescimento muito grande, uma procura muito grande, eles foram aumentando o percurso das corridas né, e a Tiradentes começo é com percurso pequeno, hoje ela esta em 10mil, já teve uma época que foi disputada 12 mil metros ta, e o 10 mil metros é o tradicional das grandes corridas de rua do Brasil, é geralmente as provas são de 10 mil metros. Ta certo, Obrigado Por nada, e eu agradeço você por ta entrevistando né, e se precisar mais alguma coisa, um esclarecimento dos trabalhos que você ta fazendo, se quiser que a gente possa comparecer também lá a gente pode está comparece pra quem sabe ta respondendo mais alguma coisa pro pessoal que esta fazendo essa pesquisa. Obrigado

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Entrevista 4 SUJEITO 4 A idade? 69 Quanto tempo o senhor pratica a corrida de rua? Já a 29 anos E onde o senhor treina? Tem alguma equipe assim? Eu treno pá acorremar de Maringá. Quantas vezes o senhor participou da Prova Rústica Tiradentes? É.. Umas 28 vezes. O senhor possui algum tipo de patrocínio? Não. É... Quando o senhor participou pela primeira vez da prova rústica Tiradentes? Ó não to bem lembrado, mas eu ta com 29 anos atrás né, ta com 30 ano correndo atletismo, 29 anos atrás eu pase.. Participei da primeira. E qual a experiência do senhor nas corridas de rua? O que o senhor fez nas corridas até hoje? Experiência que eu tenho? É A á experiência é muito grande né, por que a gente corre no frio, chuva, sereno, calor e tem toda manha, cada, cada dia é um dia né? É.. Quando o senhor começou a sua participação na prova rústica Tiradentes, como era a participação do publico, dos corredores assim, como que o senhor... No total de gente ou não? É no total de gente, quem era as pessoas? A eu quando comecei na Tiradentes corria média de 800 pessoa, depois foi pra 1100, e foi aumentando aos pouquinhos né, cada dia aumentando mais. E como era a estrutura da prova assim, se tinha barraca essas coisas? Não, antigamente não tinha, se chegava não tinha nem as vezes se tivesse chovendo num tinha lugar de ficar nenhum. Num tinha nada nada disso ai. E, como que era o perfil socioeconômico dos participantes, dos corredores? O financeiro, como que era? Não era pior do que agora, por que tinha gente que corria até com conga, outros descalço, era complicado naquela época. Então antigamente os corredores eram mais pobres? Vamos falar assim. Bem mais, a maioria, eu memo corria, comecei a correr com um tênizinho daquele bem fajusta memo, com conguinha, nem tênis bom não tinha. E como era o rendimento dos atletas, assim o desempenho, o tempo deles como era? Oia o que eu vi corre bem ai foi Gentil e o Osvaldo, fazia com 31”,média de 31”. Mas na, média, no geral os corredores corriam bem? Era um ... o tempo deles? Não tinha só ai uns vinte ou trinta que corria tempo bom, o resto tudo ficava bem lá pra trás, tempo fraco, todo mundo trabalhava né,

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E atualmente, hoje, como senhor vê a participação do publico, dos corredores na Tiradentes? Tem bastante? Como que é em relação também ao passado. Eu vejo bastante gente agora, muita memo, até a saída ta bastante complicada né, se vê que não ta fácil a saída ali, muita gente. E hoje como que é a estrutura da prova hoje? Oia, fala verdade eu to gostando, que melhorou bastante né, em relação do ano passado ta bem melhor, muita fruta, ta bom. E como? Hoje o senhor vê assim, daquele povão todo que corre, qual que é o perfil socioeconômico deles, assim? Oia, hoje tem que fala o que é verdade a média de uns 90% já ta bem tranqüilo, já vai com seu carro, totalmente diferente. Então hoje eles são financeiramente melhores? São mais ricos vamos dizer assim? Bem melhores, tão bem mais, tão numa situação bem boa, dificilmente você vê uma pessoa chega corre ali e num te nada, sempre já ta, tênis melhor, vai com seu carro, ta numa situação bem melhor. E hoje no geralzão de todos os corredores que participam lá, como que é o rendimento dos atletas? Em geral? É, no geral, no geral assim que eu falo assim, de todos os corredores, não da elite assim. É hoje ta cada um na sua categoria, é no geral ele ta diferente do ano passado, antigamente nem as categorias não tinha né, hoje colocaram as categorias então o povo já treina mais pá ganha um dinheirinho a mais né, todos que ta na categoria tem que treina mais, num ta ruim não. Ai o senhor , qual as diferenças que o senhor vê nas corridas de antigamente, lá quando começou a Tiradentes, quando o senhor começou a participa, com as corridas da Tiradentes hoje, assim nos últimos anos, qual a diferença que o senhor vê daquelas de antigamente com as de hoje? Ó eu acho bastante diferente, antigamente com agora, é por que antigamente num tinha chip, era um numero, ou nós carregava palito na mão, hoje modifico bem né, ta com chip é bem mais fácil corre. I em relação ao rendimento dos atletas assim, que nem da turma que corria, com o senhor, e se comparado com quem tem a mesma idade hoje, qual que era a diferença do rendimento de antes com o de hoje? Dos atletas amadores? Bom o tempo deles antigamente com o tempo de hoje qual que é a diferença? Ó eu memo tava fazendo, antigamente cheguei a fazer até trinta e um (31) trinta e um e trinta (31’30’’) depois passou pra trinta e três (33’), hoje já to fazendo com quarenta (40) nos dez (10) quem vai pegando a idade vai diminuindo o ritmo né, é todo mundo é assim. Sim mas, se o senhor for compara hoje com atletas que era da sua idade antigamente, tipo senhor tinha antes, senhor acha que ta na sua idade hoje faz o tempo que o senhor fazia? Não, num faz, hoje eu to achando que eles tão correndo pior, por que o tempo ta bem mais alto. Ta bem mais alto o tempo. E o senhor percebia a participação da prefeitura, do governo do estado na organização da Tiradentes? 84

A Tiradentes antigamente era baseada na policia né, a prefeitura dava uma mão, agora sim parece que é da prefeitura, mas ela era da policia militar, era o capitão Amauri que tomava conta. Então antigamente a prefeitura não participava tanto como hoje na... Hoje ta mais firme dentro do esquema da corrida ai, hoje ta mais firme. E, senhor vê mudanças nas cobranças da taxa de inscrição na Tiradentes? Mudança? É , se antigamente havia inscrição..., tinha que pagar inscrição? Hoje tem? Como que é? Não, hoje é pagado por que dão a camiseta, dão mais frutas, antigamente num dava nada por que num tinha, num pagava inscrição, num pagava nada. Hoje tem que pagar. Mas o senhor acredita que pagar essas inscrições vai, muda alguma coisa na organização e na participação do povo? Ó muda, muda Pá ... passar o dinheiro nas categorias, por que eles ranja um pouco mais de dinheiro então em todas as categorias eles colocam dinheiro, eu mesmo comecei arranjar dinheiro da da, dipois que teve a Tiradentes, acho que de uns 5 ou 6 anos pra Ca que tem dinheiro, num tinha dinheiro nas categorias, então eles cobra pra isso. Mas o senhor acredita sim que, aquela pessoa que é mais pobre, por cobrar um valor assim alto, ele pode deixar de participar da prova por não ter dinheiro? Pode, ai pode, por que tem muita gente que não correu ai por causa de quarenta pau, acho que aquelas pessoa mais fraco financeiramente eles podia libera pra dez reais, por que tem gente que quer correr, mas quarenta é muito, desse jeito, muitos colegas meu não correu por causa disso, tem uns que ta fraco memo né? Senhor Zé é, a história da Tiradentes assim, que o senhor conhece, o que o senhor poderia falar assim sobre a história, o que o senhor conhece sobre a Tiradentes, desde quando ela começou, quando o senhor começou a participar, até os dias de hoje assim, como ela se tornou essa prova que ela é hoje? É a prova Tiradentes quando eu comecei corre era na 15 de novembro, ali naquele redondinho lá perto do hospital são Marcos ia e voltava ali. Ai fazia essa voltinha ali, inclusive o Paulo Pimentel ganhou varias vezes naquele memo percurso, nessa época eu só assistia e não corria, quando comecei já comecei com 40 anos corre, 40 anos comecei a corre. E como ela chegou a ser o que é hoje assim, o que o senhor sabe? Hoje ela mudou bastante, por que não é aquele trajeto ali num lugar só, deram os dois bosque, ficou mais longo o trajeto, é mais reto. Ta certo, Obrigado Zé.

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Entrevista número 5 dia 26 de maio as 18:50 SUJEITO 5. Qual a tua idade? 58 anos. Tempo de pratica da corrida de rua? 34 anos. Onde treina? rua, na rua, pista, as vezes na pista, mais a maioria é na rua, treinamento de estrada, rua e estrada. Quantas vezes participou da Prova Rústica Tiradentes? De cabeça assim, olha vou te falar mais, provavelmente umas 15, 18 edições mais ou menos. É, possui algum tipo de patrocínio? Não, nunca tive patrocínio nenhum. Quando foi a primeira vez que participou da Prova Rústica Tiradentes? Se eu não me engano 1983, 84 por ai. É, qual as suas experiências em corridas de ruas? Corrida de rua é maratona, meia-maratona, pista, algumas, se ta falando em rua né, mais maratona, provas de 5 mil até 40, 50 km. No inicio da sua participação na Prova Rústica Tiradentes, como era a participação do publico e dos corredores? Publico e corredores, bom, pergunta boa, na verdade é o contexto né? Naquele tempo é, o pessoal que pratica, os praticantes de corrida de rua, eram, eram originários assim, de classes sociais né? Da periferia, era classe que corria, num é, era um perfil completamente diferente desse perfil de hoje, então fica até meio difícil fazer essa comparação, realmente o pessoal vinha das camadas inferiores, dificilmente você via alguém da classe média, profissional liberal corre, entendeu? Então o perfil era esse, o, o, se perguntou os participantes, eram pessoas da periferia mesmo e um grande numero de participantes era oriundos das forças armadas, do quartel, do exercito, antigamente esses, essas instituições elas, elas atuavam em treinamento, todo mundo, por exemplo, o corpo de bombeiros, fala do corpo de bombeiros, corpo de bombeiros sempre teve né? Quando eu comecei a corre, era uma tradição todos os, as guarnições quase dos bombeiros tinha equipes de sempre 10, 15, 20 corredores, cara que corria mesmo, era cara, pessoal que corria disputava, era uma tradição, a PM era um outro grupo que tinha sempre corredores, PM do Brasil inteiro, de todas as cidades, então as delegacias, as PMS, é os exércitos, por exemplos, todo o exercito no Paraná, todo, todos eles tinha equipes de corredores de rua, era, eles treinavam, anos e anos, então esse que era o contexto da daquele tempo, então tinha muito militar, muito pessoa oriundo dessas instituição que eu ti falei, mais as prefeituras também antigamente tinha, as prefeituras tinham, eles incentivavam mais a pratica de, tinha mais incentivo era mais fácil, tinha menos burocracia em relação a leis, então eles patrocinavam, podia por no ônibus leva, não tinha tribunal de conta pra, hoje tudo é mais difícil, e aquele contexto era mais fácil pras prefei, prefeitura atua, igual Maringá tinha, por exemplo, Maringá tinha eles patrocinavam varias, vários atletas, vários corredores de rua como treinamento, com entendeu? Sempre com professores entendeu? Tinha mais... e outro 86

também contexto que tinha era que tinha, era que tinha pessoal de bairro, dos bairros, também muitos lideres de bairros também promoviam muitas corridas de rua, havia, haviam campeonatos de bairros e vários lideres, lideranças que gostava ,né? Em distritos, em vários bairros de Maringá que promoviam essas corridas e as cidades pequenas também, então o contexto era esse entendeu? E do publico que assistia era, era o que? Era o do pessoal toda a família igual hoje, era família dos corredores né? era o publico em geral que não deixa de ser igual é hoje, a família, os familiares das pessoas né? E no contexto assim de participação tinha muito atletas, como que era, era, o numero de atletas participando das provas como era? O numero, sempre o numero foi grande, o numero de atletas sempre foi grande, não tanto como tá agora que, realmente agora virou uma epidemia né? Corrida ta, graças a Deus né? por sinal né? É muito bom, virou uma festa, e então cada vez mais tem adepto, mas sempre a Tiradentes outras provas de rua que ao redor daqui de Maringá, mas principalmente a Tiradentes sempre teve participação muito grande, principalmente de crianças, a parte de crianças né? Que toda a vida a Tiradentes aqui, foi um trabalho do sargento Rui, do pessoal da própria policia militar que visitavam as escolas, sempre teve 3 mil, 2 mil, 2 e 500 crianças correndo, e antes pra, os melhores corredores de rua do Brasil desfilaram aqui na Tiradentes, por que as, a prova ela era, era sempre domingo de manha né? Já teve edições que foi a noite tudo bem, mas a maioria foi, era domingo de manha, então começava ca garo..., ca garotada, as categorias de garotos na rua, não é igual agora que levaram a Tiradentes pra pista, não to dizendo que ta errado, a pista tem que ter, mas tiraram a prova da rua, era ali que surgia os grandes corredor, entendeu? Surgiu Vanderlei, surgiu todo mundo que correu aqui na rua, entendeu? Então isso era a, era a, a participação era muito grande e muito mais forte ainda, com certeza. E a estrutura da, da prova, da prova rústica Tiradentes como era? Sempre foi muito boa, estrutura sempre boa, e pessoal ai falando que hoje é chips, tem, tem sacola, têm kits, toda a vida a Tiradentes estrutura excelente, inclusive antes tinha o que não tem agora, que era alojamento pros atleta, entendeu? todo mundo que, todas as cidades que vinha aqui, outras pessoas de fora, pessoal né, de poder aquisitivo baixo sempre tinha opção de alojamento, tinha alojamento ai no Chico Neto, em colégio, durmia o pe... era distribuído colchão, colchões pro pessoal,ta entendendo? até comida, até comida o batalhão cansou de, batalhão cansou de cede almoço pro pessoal de fora, inclusive a Tiradentes a participação aqui na Tiradentes era nacional, entendeu? Vinha a parte de militar aqui na Tiradentes era impressionante, vinha do Brasil inteiro, entendeu? e aqui na região o contexto também vamos supor pra, tinha até eliminatória pra Tiradentes, que dizer, as cidades promoviam eliminatória praqueles, como eu te falei as prefeituras antigamente era mais fácil as leis de,é não impedia que ela por exemplo enche, colocasse um monte de atleta num ônibus, trouxesse, num tinha tanta, tanta, tanta burocracia como tem hoje, então hoje pra uma cidade traze, ela não pode por num ônibus, num é fácil mais transportar, então tem um monte de, de impecilio que impedi. E, você já falou um pouco, mas como era o perfil dos participantes da Prova rústica, socioeconômico dos participantes da Prova Rústica Tiradentes quando ela teve inicio e no inicio da sua participação?

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É como eu falei pra você, o perfil era, era muito militar, tinha como falei pra você muito civil também, pessoal, a maioria pessoal do bairro, oriundo ai da classe menos favorecida, pessoal, comparando com hoje no caso, você vê hoje a Tiradentes é médico, é empresários, profissionais, professores, naquele tempo você não via isso, não tinha, muito raro, então era o pessoal mesmo que pra, era o pessoal humilde, pessoal simples, era, esse era o perfil, pessoal dos bairros, entendeu? Da zona rural, tinha muito das cidades pequena, principalmente aqui da, da região inteira vinha, aquelas cidades que tinha, tinha as eliminatórias como eu ti falei, então vinha o pessoal competir, a os melhores, os garotos de toda cidade, juvenil, infantil, por que a prova era ali na rua mesmo né, entendeu? Vinha o pessoal de pista, outra coisa também que era um perfil que atraia muito, antigamente a pista, é bom se entrar, os cara, a pista, o campeonato de pista aqui no Paraná ele, ele tinha muito mais participantes, entendeu? Jogos abertos chegava a ter, ter, chegava uma semana inteira o atletismo, hoje você vai numa final do jogos abertos, se, 10 mil metros tem 4, 5, no 5 mil tem, entendeu? Naquele tempo não, tinha eliminatória, tinha, tinha, tinha bateria no 10mil, tinha centenas de pessoas que corria, entendeu? e os campeonatos de pista no tempo da professora Maria, que ela tava no auge, era campeonato, era... era, num isso ai que se ta vendo agora ai, entendeu? Então esse era o perfil, de bastante atleta amador forte, competitivo de pista, militares, entendeu? Militares pessoal da, da PM e da, principalmente do bombeiro também muito forte, e da policia militar do Paraná, e o povão, a galera o povão, mas todo mundo corredor, pessoal que corria mesmo, muito diferente de agora. E como você avalia o rendimento desses atletas naquela época? É o rendimento ai todo mundo ta, ta vendo, já ta observando isso ai que o rendimento na, na, com esse perfil de atleta naquele tempo, esse perfil de participante, pessoal da, da camada inferior, pessoal que é acostumado a ralar, a anda, num, com certeza não tinha muita locomoção de carro, internet, essa vida boa que tem agora, pessoal da, da periferia, com certeza o perfil, é a qualidade era outra, a intensidade, os tempos eram melhores se entendeu? A própria prova da garotada por ser, por ser uma prova de rua, entendeu? Era uma prova muito forte, fortíssima, Vanderlei correu, todo mundo ai corria, então a qualidade daquele, daquele tempo, os tempos que o pessoal fazia era muito assim, an, não tem nem comparação com hoje né. E vamos falar agora de atualmente, como você vê a participação do publico e dos corredores hoje? Participação excelente né, e tem que vê que o perfil mudo, o perfil mudo, e ninguém vai fica aqui né, tem que se adapta, é uma pena, tem que se adapta a esse novo perfil, mas não deixando de vê o que aconteceu com a exclusão de, de uma determinada, de uma parcela ai, tem que ter um trabalho pra resgata essa, essa, esse pessoal que, lá da periferia, e com a cobrança de taxas, com a, com o custo dessas provas agora afastou esse pessoal, mas os, o pessoal que ta participando agora, o Brasil é um país que tem uma classe média alta, nos últimos anos tá o poder aquisitivo aumentano, então o pessoal não tem dificuldade nenhuma em pagar taxas, em compra tênis, e personal, e etc., então o perfil tá muito bom, o pessoal ta participano, e a organização ta atendeno esse publico e com certeza esquecendo daquela, do pessoal da periferia, que é um trabalho que tem que ser pensado ai, de o que que fazer pra resgatar esse pessoal, ai envolve escola, envolve bairro, liderança, né? Um 88

outro trabalho que tem que ser pensado ai pra tentar resgata isso ai que é necessário. E a estrutura da prova hoje, como você avalia ela? a estrutura é boa, a estrutura é boa, não tem tanta diferença assim da estrutura anterior, a não ser você chega ali te, te o que, te uma fruta, te sempre teve isso ai , sempre teve, agora entra gatorade, entra esse pessoal que já esta acostumado a esses kits, camiseta, entendeu? Já, é cobrado uma taxa né, e essa taxa com certeza, isso ai é, faz parte e acaba excluindo com certeza, tem o pessoal que acha que, que quem qué corre corre, larga lá atrás, mais isso ai num, larga sem paga, mais num é isso ai, isso ai é o participante de um evento ele tem uma realização social, antigamente ninguém ligava pra, antigamente no sistema antigo ninguém ligava pra o tempo que você fez, a relação que vai sai na internet, num existia isso ai, você marcava o seu tempo, você olhava nu relógio, num tinha essa publicação, então hoje em dia esse, esse pessoal novo agora é muito exigente, termina a prova, nem bem terminou a prova eles já querem que o nome deles já, ... já est, ta na internet, já, entendeu? Então esse é um fator também um pouco negativo com essa modernidade, por que num é, essa, esse fato que estão falando pro camarada correr sem numero, isso ai num, num prospera, isso ai num vai, num pode dar certo, por que isso ai é uma exclusão social, o cara não se sente bem de i lá e correr sem numero, ele se sente excluído entendeu? Tem que arruma uma forma de agregar esse pessoal de baixa renda, periferia, sei lá, té o vestibular da UEM ele é liberado a taxa pra quem não tem, pra quem não tem recurso, então deve-se achar alguma solução pra isso ai. E, você já falou um pouco sobre o perfil de antes, e também já comentou um pouco do de agora, mas falando assim diretamente, como que é o perfil da maioria dos corredores que participam da Prova Rústica Tiradentes hoje? Socioeconômico. Bom, a maioria do pessoal que corre a Tiradentes hoje é, ta profissional liberal, estudante, pessoal da classe média alta, empresários, é a maioria, a maioria entendeu? Pessoal, aquele pessoalzinho humildezinho la do fundão das vilas, aquela, aquela garotada, aquele trabalhador, operário, esse operário você vê que ta em extinção você não vê mais, ta entendendo? Então é um perfil de classe média, classe pessoal com poder aquisitivo melhor, consegue paga, que eu sei esse ano foi uma taxa de 40 reais, entendeu? Não é todo mundo que pode paga 40 reais entendeu? Pessoal que ganha assalariado, salário mínimo, então a maioria não ta participano, e não vai participa mesmo, e não vai entra com o numero, então o perfil hoje é, é o perfil da maioria, realmente a maioria que ta praticano esse esporte hoje no Brasil é classe média, como eu já te falei né, é a classe média, classe média alta, empresários e assim por diante. E o rendimento desses atletas que tão participando da, da prova rústica Tiradentes hoje, como é? O rendimento ta deixando a desejar, a verdade é essa que o pessoal que res, esse pessoal novo que chegou no, que tão praticando agora eles, eles, realmente a preocupação deles não é com performance, eles não se preocupa com performance, pra eles, a maior, a maior parte do pessoal vai, na verdade vai nessas corridas, até tem o pessoal que critica ai, que o pessoal é o corredor, corredor facebook, corredor internet, corredor, é um grupo, é um pensamento que tem uma corrente que ta vendo a corrida mais como carnaval, como uma festa e não como um evento, não como um evento que a verdade a 89

corrida, um numero, quando você ta com um numero no peito na corrida é pra ver quem sai dum lugar, um ponto a outro e chega primeiro do que o outro, então hoje a corrida ela ta virano uma festa, um carnaval, a própria São Silvestre né, comparando com a Tiradentes, você vê aquelas faixas, você aquilo não parece corrida aquilo, o pessoal ta ali tudo fantasiado, e nada contra isso ai por que a verdade isso ai é saúde, tem o lado bom e tal tal tal, mas enquanto performance, enquanto o esporte, quanto modalidade, por que o pedestrianismo que é uma, que é a modalidade de de, nessa relação de performance deixa a desejar, por que o publico hoje não ta preocupado com isso, ta preocupado, não to dizendo que ta errado, não to dizendo que ta errado, mas na verdade o que precisava acontece é ter o evento voltado pra essa, resgatar isso ai de alguma forma entendeu? Através de premiação, através di valorização social, dispensa de taxa, etc., é pra te, pra esse nível volta a te, por que é modalidade, é competição não é carnaval, então essa é o, é um pensamento que tem ai, é um comentário que os pessoal principalmente antigo que observa muito isso, o pessoal vai pra festa, pra tira foto, pra espalha na internet, num ta preocupado com performance com nada, tem o lado bom? Tem o lado bom, mesmo pra ele faze isso ele tem que treina, ele tem que se prepara, ele tem que fazer uma coisa, isso é melhor do que nada, já é, mas como performance deixa a deseja. ãn, e falando assim, sobre as diferenças da Tiradentes, fazendo um apanhado geral, quais as diferenças que você vê entre a corrida Tiradentes quando começou, no inicio da sua participação e ela hoje? É principalmente eu vejo essa diferença assim na realização social né, naquele tempo o pessoal corria mesmo, tentava fazer marcas pra consegui patrocínio, pra, é ali que surgiram os grandes atletas, esse pessoal que fazia essa prova atrás de resultado, atrás ganha, atrás de ganha posições, de competi, e não, essa Tiradentes de hoje é mais de festa, é uma Tiradentes festiva muito bom por sinal deve continua e, mas é uma Tiradentes que num traz um beneficio técnico muito grande, assim, pra modalidade, pro pedestrianismo. an, quando iniciou a Prova Rústica Tiradentes, no inicio da sua participação, como você via a participação da prefeitura, e de empresas estatais ou até mesmo o governo do estado na organização da prova? É na verdade a prefeitura sempre né, a verdade tem até que parabenizar a prefeitura sempre tem o pessoal ai que critica não a prefeitura sempre trabalho, os caras muito forte da secretaria, muitos caras trabalhador, entendeu? Num ganha, num ganha hora extra, num tem nada, os caras faz um trabalho muito bom, a Tiradentes é uma prova, sempre foi, toda vida super organizada, super, prova, tanto é que ela é, ela é reconhecida como uma das melhores do Brasil, entendeu? Toda vida então, toda da vida foi a prefeitura que fez com a ajuda da UEM, os professores da UEM, ajuda da PM, policia militar, toda vida o Rui, o pessoal da, Major Lauri, Dr. Rodrigues, todos os coronéis da PM, então todo mundo, então Maringá ta de parabéns nisso ai, a organização é, sempre foi muito boa, entendeu? E essa, esse modelo de participação da prefeitura continua ainda hoje? É esse modelo continua, o que aconteceu agora? a modernização, hoje em dia há um dado ai que ninguém vai volta ao tempo da carroça, como se diz né, hoje com chips você perdeu né, com a cronometragem eletrônica você perdeu um grupo muito grande de pessoas que trabalhava nas, na organização da prova, entendeu? Isso é uma perca muito grande, por que é, quando era na 90

parte manual, então eles precisava de uma estrutura muito grande pra fazer essa prova, então dai, por isso que tinha mais prova, por que era mais pessoas envolvidas, com a cronometragem eletrônica se perdeu muito por que se põe lá o tapete, o cara passa, então varias pessoas que participavam da, desse ambiente de controle, administração da prova você perdeu, então os que ficaram, os que ficaram, continua ali é um grupo pequeno, entendeu? E o, a cronometragem eletrônica ela prejudico, prejudico e muito nesse aspecto, outra coisa, a prefeitura, a prefeitura sempre, sempre trabalho pra faze essa prova, sempre correu atrás, é uma dor de cabeça, não é fácil arruma dinheiro, o cara pensa que é fácil, num é tão fácil assim arruma dinheiro, hoje tem patrocínio da caixa econômica, tem programas, e tal, o que eu vejo, um ponto que eu vejo que antes, é e mudou muito hoje, é que antes o impresario, antigamente o impresario ele colaborava muito mais, eu não sei se ta difícil consegui, ou o que que ta acontecendo, por que as empresas elas contribuíam, entendeu? A receita da prova não precisava da, da taxa do corredor, tinha receita, Maringá é uma cidade que tem empresas assim, enormes né, entendeu? Gigantes, né, até o Paraná, não por que a prova é regional, entendeu? Então eu num, eu vejo assim que talvez é uma brecha ai que dá prá, dá pelo menos pra consegui mais , volta aquele apoio que tinha as empresas que bancava a Tiradentes, empresa Cocamar, por que nos temos empresas muito grande véi, da pra fazer a prova muito mais forte ainda do que é, assim em todos os sentido né, e agrega todo mundo, entendeu? E você já comentou sobre as taxas de inscrição, é, quais são as mudanças que aconteceram nessas taxas assim? Antes havia já, como que é? Não, taxa de inscrição é uma coisa recente, acho que tem o que, acho que ta no 4º ano né, 3º ou 4º ano ai que começou com poquinho ai, agora já foi pra 40 reais, se continua nessa progressão ai, nessa progressão geométrica, daqui a pouco né, então já começou com10 parece, já foi pra 15, 20, agora já foi 40 entendeu? Então é, essa taxa de inscrição ai tem que ser revista, eu acho que deve ser, deve volta a ser igual era num cobra nada, dá pra fazer assim, tem condições, tem dinheiro, tem projetos pra isso, ta entendeno? Dá pra, não há necessidade de distribui camiseta, não há necessidade de, entendeu? E a o dinheiro que eles arrecadam ai da pra faze essa prova como sempre deu, sempre deu pra faze, sou contra, eu sou contra, as empresas tem que, tem que banca, por que é um espelho, e os próprios programa da caixa econômica, tem os programa ai que a caixa auxilia as corrida, os troféus tudo isso ai da pra, a prova da pra ser grátis, ta tudo bem vamos supor que vai cobrar, nu Maximo uns 5 reais, com 5 reais que ele cobra de cada um da, da pra, tudo bem que, vamos supor, que vamos supor que o dinheiro que, parece que o dinheiro desses, desses projetos tem ai com captação num pode ser revertido em prêmios, não pode ser prêmios, então a solução é arruma empresa, o premio não é tão grande assim, não é uma furtuna, é uma vez por ano, então as empresas poderia banca esse premio, um grupo como sempre foi banca, o restos dos custos, das dispesas os programas hoje ai que o governo lula e depois de lula ai, e que lula entro ai tem dinheiro sempre tem programa na caixa pra corrida de rua, todo mundo sabe que tem, entendeu? Então não por que cobra 40 reais, não tem por que faze essa cobrança pra, pra distribui gatorade numa prova de 10km não há necessidade de distribui aquela caminhão de coisa, ali corredor qué ali num é uma festa, então não tem por 91

que fica cobrando, excluindo a periferia, então faz a prova e quem chego e fez a inscrição primeiro ta dentro, acabo, entendeu? Pode determina números de inscrição pra bairros, pra, enfim algum, pra empresas, pra grupos de trabalhadores, sindicatos, alguma coisa, pra fica mais democrática né? Pra distribui, em relação a, enfim pra essa prova fica mais democrática, e ai as vagas que sobra faz a inscrição pela internet, enfim tem que te alguma forma de inclui, na minha opinião inclui né, o pessoal, e a taxa de 40 reais é uma, é um absurdo. Você acredita que essa taxa ai ela muda alguma coisa na organização e na participação dos corredores na prova? Como assim? Não entendi. A cobrança da taxa da inscrição, ela muda algo na organização e na participação dos corredores na prova? Muda na organização por que? O cara, quem ta pagando qué né o retorno, então ai o cara já que uma sacola, ja qué, ja né, entendeu? Já tem que ter aquela chegada ali que, né, que tem que te aparato de alimento, de refrigerante, de gatorade, de etc., então isso ai aumenta o custo, eu acho que a exigência é maior, então, particularmente, vamo fala em camiseta de corrida entendeu? É um custo muito, é um custo elevado que é distribuído e não tem por que, você corre numa corrida e você ganha uma camiseta dá, você paga pra te uma camiseta, corredor corre com a camisa dele, antigamente não tinha isso ai, não tem por que, ta entendeno? É então esses custos, bele, tudo bem que o patroci, na verdade o patrocina, o cara que qué patrocina a prova, as firma, ela que de a camiseta, faz a camiseta e distribui, sempre foi assim, antigamente você via as maratonas, tinha maratona no Brasil atlântica, é uma maratona do rio, quem patrocinava? Era a atlântica seguros, ela ia la e pagava, era o Bradesco, era uma firma, aqui no Paraná tinha provas que o Bamerindus pagava, era um banco do Paraná ele que pagava todos os custos, então se o cara qué uma camiseta numa Tiradentes, é fácil, por exemplo 4 mil camiseta, vai divulga a firma dele e ele, a empresa se ai tem um grupo que vai vende isso ai, na minha opinião eu acho que falta pra prefeitura, falta pra prefeitura pessoal pra faze isso ai, eles são numero reduzido, num to criticando os professor não, é um numero, é um numero reduzido de pessoas eles tem cuida de centenas de modalidades, dezenas de modalidades né, é um grupo pequeno que não ganham hora extra, são mal remunerados, como que eles vão fica fazendo esse trabalho de corre atrás disso ai, então na verdade falta essa gestão pra i atrás disso ai, por que não é um, não é caro, ai que que eles faz, transfere esse custo pro cara que vai, pro cara que vai corre, pra paga, o cara vai compra camiseta? Então a firma que deveria da essa, tem tantos ai pra patrocina isso ai, num é um custo grande, é uma camiseta de custo, uma camiseta 7, 8 reais pra faze, entendeu? Então não é um custo muito grande. E mas em relação a participação dos corredores, essa cobrança pode tira, pode..., ou não muda nada essa cobrança? Tira é lógico, ela afasta muito corredor, muita gente não participa por que não pode paga, principalmente aqueles que ia se revela como né, como corredores, aqueles da iniciação, aquele que tão..., ela afasta com certeza né, to falando o pessoal da periferia, ta entendendo? o cara não vai paga, o trabalhador que recebe um salário mínimo, dois, ele não vai, num tem, ele não vai gastar 40 reais pra, pra corre, ta entendeno? isso ai desestimula, ta entendeno? a taxa tem que se revista, ela, ou ela volta a se grátis do jeito que eu te falei, ideal, 92

seria o ideal ou um valor no maximo de 5 reais, no ,maximo 5 reais, num tem porque, mais corta a festa que eles fazem ali depois da prova né, da pra, aquilo ali da pra tira, não há necessidade nenhuma daquela, daquela festa que tem ali, daquele gasto todo, entendeu? Não tem por que. An, Gilberto falando sobre a história da Tiradentes, qual o? Pra você fazer um breve relato sobre a história que você conhece da Tiradentes? A, a Tiradentes é uma prova que, uma prova importante aqui na, no calendário de corrida de rua do Paraná, né? e uma prova que, que muita gente começou aqui, grandes atletas, entendeu? ela é importante, ela pra Maringá ela é muito importante, por que ela atrai a região inteira, entendeu? Economicamente ela é muito, é viável pra cidade, ela é boa pros municípios ao redor, por que é a valorização social, é o garoto que vem da cidadinha pequena, de locais que não pode te uma prova de expressão dessa chega numa cidade próxima, vai lá pra se, pra se, pra competi, pra, pra se valoriza socialmente através do esporte, então essa prova ela é tradicional nesse sentido que ela agrega tudo isso ai, o esporte, é a corrida de rua, de pista, então ela é importante e tem que continua e, mas tem que fazer essas correções ai, tem que se feita, por que se não ela vai vira uma autentica São Silvestre, vai se uma festa, um carnaval, ta perdendo e vai perde o sentido que ela deve te, que sempre em primeiro lugar é o sentido da modalidade competitiva, a prova tem que resgata, não que ela não esteja competitiva, mas ela perdeu-se muito e tanto é que você vê os resultados nossos ai no atletismo nível internacional ai, sul-americano, ta caino, caino, e isso ai tem que se pensado né? Que alguma coisa precisa se corrigida ai nessa estrutura ai principalmente de cobrança de taxa etc. Obrigado.

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ENTREVISTA 6

26/05

08:10

SUJEITO 6 Sua idade? 44 anos. Há quanto tempo pratica corrida de rua? Aproximadamente 28 anos. Onde treina? Atualmente treino nas ruas de Maringá e Sarandi. Quantas vezes participou da prova rústica de Tiradentes? Já cheguei a participar em média umas quinze edições. Possui algum tipo de patrocínio? Atualmente não. Quando foi a primeira vez que participou da prova rústica Tiradentes? 1993 Qual a sua experiência em corridas de rua, no contexto geral, e também na Tiradentes? Tive uma participação, no geral, muito boa, tanto no Brasil como na Prova Rústica Tiradentes, quase todas as edições da Tiradentes eu participei. Quando você começou a participar da Prova Rústica Tiradentes como era a participação do publico e dos corredores havia bastante? No geral, a Prova Rústica Tiradentes em termos de quantidade de atletas sempre teve uma quantidade boa. Hoje existe recorde de participantes na prova, mas antigamente, tinha um nível profissional brasileiro dos atletas de ponta do Brasil tinha muito mais atletas, hoje defasou muito e hoje aumentou, na verdade, os atletas o povão aumentou muito, mas os atletas elite do Brasil se afastaram até devido à invasão dos africanos na prova rústica Tiradentes, deixando assim, a dificuldade dos atletas brasileiros de competir com eles de igual pra igual e deixando maioria dos atletas brasileiros de fora da premiação porque o nível africano é muito alto. Como eram as estruturas da prova, no dia da prova? Não só a prova rústica Tiradentes, mas como todo evento no Brasil tem melhorado as estruturas no geral, de dez anos pra cá a prova Tiradentes em termo de estrutura é nota dez, porque antigamente era muito mais difícil, a tecnologia era um pouco atrasada e não tinha a estrutura que tem hoje. Sobre o perfil socioeconômico, o financeiro, quem eram os corredores que participavam das provas? Antigamente, as provas do Brasil, principalmente, a Prova Rústica Tiradentes, que é o que nós estamos destacando agora, tinha aí em média vinte a trinta atletas de ponta do Brasil inteiro que participava dessas provas. Hoje se você tiver cinco atletas no geral, se for ver cinco atletas de ponta só do Paraná, de fora no Paraná dificilmente você ver outro atleta fora do estado que venha participar da Prova Rústica Tiradentes. Voltando ao assunto, até devido também a invasão dos africanos. Desses corredores que participavam, no financeiro, eram os mais ricos ou mais pobres que participavam da corrida, no geral, de todos os participantes, do povão também? Antigamente eles tinham uma estabilidade não financeira boa, mas eles tinham uma estabilidade de um patrocínio, antigamente os patrocinadores investiam 94

mais nos atletas brasileiros tanto é que no nível dos atletas brasileiros eram melhores, hoje não, hoje o patrocínio ficou um pouco escasso, só se patrocina praticamente dois, três atletas no Brasil, os melhores de cada prova só, ficou a desejar do patrocínio dos atletas. Então, antigamente se investia muito, tinha muitas equipes que patrocinava os atletas, o nível era melhor e a estrutura financeira dos atletas pra se manter no dia-a-dia era mais tranqüila. O rendimento dos atletas como era antigamente? Muito melhor do que hoje porque devido a esses patrocínios, os atletas tinha estrutura e tranquilidade pra se treinar, competiam pouco, e o nível técnico acabava sendo melhor. Hoje, os atletas não tendo esse patrocínio tem que competir toda semana, e ai deixa desejar o treinamento e a parte técnica deles não acontece, aonde hoje temos defasação no país muito grande, temos hoje a renovação do atletismo que possa substituir o Vanderlei, Marilson. Raramente hoje vemos no Brasil alguém que possa substituir esses atletas. Falando de hoje, como você vê a participação dos corredores e do publico na Prova Rústica Tiradentes? Na questão do publico em geral, houve um aumento muito grande, por que hoje o povo tão muito preocupado com a parte da saúde, tão investino mais ne requisito, então a parte povão ela praticamente qui aumento 10 vezes mais do que era né, e a parte elite ela defaso 10 vez mais, o que se aumento na parte de povão diminuiu na parte de elite. E a estrutura da Tiradentes hoje como você vê? É, apesar dos apesares a gente vê que num tem um controle de atletas internacionais competindo, eles num, não tem esse controle e acaba prejudicando os brasileiros, mas a Tiradentes no final de tudo ela é uma prova hoje que, em termos de estrutura, ela é uma das melhor do país. E sobre o perfil socioeconômico, como que é as pessoas, a classe social das pessoas correm hoje, tanto na elite quanto no povão? A vamos falar do povão hoje, povão hoje você vê bancários, é freqüentadores de academia que invadiu as provas hoje do Paraná, principalmente a Prova Rústica Tiradentes, e assim como outras provas que tem em Maringá, pessoas que trabalham em escritório, pessoas que trabalhão em banco, é, enfim houvese uma necessidade em questão de saúde, houve uma preocupação com a saúde, o esporte ele é saúde, ele é vida, ele trás saúde pras pessoas, e eles felizmente pra hoje, pra comunidade, pra toda comunidade do Brasil, tanto no esporte, não só nível Brasil, nível mundial as pessoas acordaram que o esporte faz bem pra saúde, e eles então começaram a pratica atividade pra termo de saúde, qualidade de vida, isso no geral. E o rendimento dos atletas hoje, tanto na elite quanto no povão como que é, melhor ou pior que antigamente? Não, com certeza pior né, não se vê atleta tendo uma evolução igual eles tinha antigamente, até devido a questão que tinha citado antes, a questão de não ter um patrocínio, num te uma estrutura pra mante o atleta num trabalho prolongado, mas sempre tem que ta competindo. Fazendo assim uma, um apanhado sobre as diferenças que você vê na corrida da prova rústica Tiradentes entre antes e agora, o que você fala, qual as diferenças mais visíveis que você vê na Tiradentes de antes e de agora? É muito fácil, você tinha atleta brasileiro que corria 29 baixinho, 29'10'', 29'20'', 29'30'', você tinha 10, 15 atletas que corria abaixo de 30 a Tiradentes, hoje se 95

você tive 3 atleta que corre abaixo de 31' é muito, acho que se vê a Tiradentes que teve a ultima agora acho que teve 1 ou 2 atletas só que correu abaixo de 31'. Sobre a participação da prefeitura na organização da prova rústica Tiradentes, o que você pode fala, como era antigamente? A antigamente, é igual eu tinha comentado, antigamente pelo devido as estrutura ser um pouco mais carente, apesar que eles investiam também o mesmo valor financeiro, mas houve-se uma evolução de estrutura tanto de palco, de premiação, arquibancada pras, pro pessoal ta acompanhando a prova, a questão de carro madrinha, a questão de batedores hoje, hoje tem uma estrutura muito maior né, que antigamente não tinha. Sobre as cobranças das taxas de inscrição, você vê mudança nessas cobranças, antigamente tinha essas cobranças, agora tem, como que é? Então como hoje a modalidade que invadiu as pistas hoje pra corre, eles tão preocupados com a saúde, tão investindo na saúde, a cobrança não alterou muito a questão de participação não alterou nesse requisito, mas alguns atletas mais humildes, atletas com mais necessidades eles sofrem com essa cobrança que coisa que não acontecia a uns tempos atrás, a uns 4 anos atrás não havia essa cobrança né. E Edmilson sobre o que você conhece da Tiradentes, a história que você ouve fala e que você conhece por te participado da Tiradentes tantas vezes o que você pode falar pra gente, um breve relato da história da Tiradentes? Então a Tiradentes é assim, eu fico com, eu fico com as melhores histórias da Tiradentes, vamos colocar de 2009, 2008 pra trás, por que era um, era uma competição mais justa era só os brasileiros praticamente que competiam, então você via uma competição justa, hoje não, hoje você vê uma festa particular dos africano, você vê ali os 4 primeiros africano na prova, depois passa muito tempo pra depois vim os atletas brasileiro, então devido a isso, eu fico com a opção de antigamente não com essa opção de agora, não sou contra os africano participa da prova, mas limitar a quantidade de africanos né, se vê 4 africano na prova com uma premiação de média ali pro 6 primeiro uma premiação razoável num vai vim atleta do norte, nordeste do país vim participa por que? por que basicamente eles vão parti de 5º colocado pra trás, eles não vão te condição de competi com os africano que vem de uma altitude de 3.600 metros, ai seria uma injustiça né, competi com eles não tem como competi com eles, então eu fico com a prova de 7, 8 anos atrás que era bem melhor, era bem mais é, era uma competição mais justa né, era mais interessante até pra se torce, por que você tinha uma competitividade melhor, hoje não hoje tem uma competitividade quase injusta né, eles são muito superior aos brasileiros e acaba perdendo a graça, a questão de quem ta acompanhando a prova pra assisti uma rivalidade entre brasileiro e africano é impossível. Obrigado.

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Entrevista numero 7, dia 27 as 19:46 SUJEITO 7 Qual a tua idade? 66 anos. A quanto tempo pratica a corrida de rua? A uns 45 anos mais ou menos. Onde você treina? Eu treino na, no Willi Davis. Quantas vezes participou da prova rústica Tiradentes? A se eu não me engano umas 15 ou mais. Você possui algum tipo de patrocínio? Não, nenhuma. Quando você participou pela primeira vez da prova rústica Tiradentes? Se eu não me engano acho que foi em 76. Qual a sua experiências nas corridas de rua? A pra mim foi uma experiência muito boa, por que eu tinha um problema no joelho né, e então pra mim, eu comecei a treina, sarei, sempre participei em outras corridas tamém e não foi só na Tiradentes né, no quartel tamém eu fui um dos melhor corredor também. No inicio da sua participação na prova rústica Tiradentes, como que era a participação do publico e dos corredores? A participação do publico, tinha muito, tinha muita gente participando, mais naquele tempo não existia categoria, era geral, era só os três primeiros colocados e também aqui em Maringá não tinha equipe também. Mas assim, participava bastante gente na prova correndo, como que era? A participava muita gente, por gosta memo, por que não tinha premiação, só tinha do primeiro ao terceiro, então a turma gostava. E como que era a estrutura da prova? Como assim? Estrutura, assim, que nem no dia da prova barracas, como que era antigamente? Antigamente num tinha, num existia barraca, num tinha nada, era cada um pra si e pronto. E como que era o perfil socioeconômico dos participantes da tiradentes quando você começou? é perfil socioeconômico assim, o financeiro, era pobre, rico, a classe social... A naquele tempo era tudo pobre mesmo, num tinha, assim dificilmente um, também naquele tempo quase não tinha corredor assim profissional, era tudo memo corredor de rua amador memo. E como era o rendimento dos atletas? Como você vê assim, eles corriam bem? A tinha uns que corria bem né, que nem o Vicente, Vicente Pimentel, foi um dos melhores corredo aqui em Maringá foi ele, ganhou umas par de prova ai. E vamos falar de hoje agora, quase as mesmas questões, como que você vê a participação do publico e dos corredores hoje na prova rústica Tiradentes?

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Melhoro muito, melhorou muito, de uns tempo pra ca, de uns, de 80 pra ca melhoro muito, muito mesmo, por que hoje em dia tem equipe, tem patrocinio, tem tudo né, antigamente não tinha nada disso. E a estrutura da prova hoje como que é? A muito boa, vish, 100%. E o perfil socioeconômico dos participantes da corrida, da prova rústica Tiradentes hoje, como que você vê? São pobres, são ricos, a maioria dos corredores? Não, é tudo junto né.participa pobre, rico. E rendimento dos atletas hoje, é melhor? Muito melhor como antigamente, vish num tem nem comparação, porque antigamente os veterano pra corre, quase não tinha veterano pra corre, hoje não, hoje tudo ta participando mesmo, 70, 60 ano tudo ta participano, antigamente não existia, num tinha era difícil, era 1, 2 só que participava. Quais são as diferenças que você vê entre a corrida Tiradentes quando ela começo e hoje? A mudou muito viu, mudo bastante, hoje ta mais forte né? antigamente era mais fraco também, se entendeu? hoje tá bem melhor. O numero de pessoas aumentou? Aumento 80%, 100%. E o rendimento dos atletas qual a diferença que você dos atletas que corriam lá na tiradentes quando começo e dos atletas de hoje? Falando assim do povão, todo mundo. A nem se compara com antigamente, não tem nem com, melhorou muito, muito memo. Você podia perceber a participação da prefeitura na Tiradentes? Organizando a prova rústica Tiradentes? Antigamente. Antigamente era bem fraquinho viu, fraco, fraco, hoje não, hoje ta estrutura ta muito boa, antigamente não tinha, se acabava de corre não tinha nada de fruta, não tinha nada, era seco, se entendeu? Então hoje, hoje tem, antigamente nem camiseta tinha, tinha apenas uma medalha e tres troféu pros três primeiros colocado, hoje não hoje tem camiseta, tem fruta, tem muita coisa. E você acredita que a participação da prefeitura nisso, ajuda nisso? Ajuda, ajuda muito. Você vê mudança na cobrança da taxa de inscrição pra prova rústica Tiradentes? Olha rapaz eu vou fala a verdade, eles tão um pouco meio abusado, por que antigamente olha, acho que até o ano passado parece começou a cobrar, acho que do ano passado pra ca, então muita gente ai qué corre mas num tem dinheiro pra paga, então deveria se bem menos, a taxa ta muito cara né? E sobre isso mesmo, sobre a cobrança da taxa, você acha que essa cobrança de taxa de inscrição ela muda a organização da e a participação dos corredores? A como assim? A cobrança da taxa de inscrição ela pode tira os corredores da prova? Deixa de participa? A muitos deixa de participa, por que é muito caro né. Você fala que as vezes a pessoa não tem condição de paga? Não tem condições, então muita vez nem corre, teve us amigo meu que corre, que é veterano que mora em Porecatu, eles nem viero por que é muito caro, 98

uns par deles não participo, o Sebastião não participo, o Levi não participo, o Joaquin não participo, se entendeu? uns par deles não viero. Sobre a história que você conhece da Tiradentes, o que você poderia falar sobre a história da Tiradentes? Oia rapaz, geralmente eu num sei, foi um negócio assim quase de repente, por que antigamente era Susumitami, se entendeu? ai eu participava mais naquela lá, ai depois que veio a Tiradentes, entendeu? então eu não sei, pra cidade foi muito bom, entendeu? continua a Tiradentes, começou a Tiradentes, ta até hoje, se entendeu? então eu acho que não deveria nem para memo, tem que continua, cada vez, cada dia que passa, cada corrida, cada ano que passa, mais atleta ta apareceno. E porque que você acha que aparece bastante atletas assim na Tiradentes? a eu acho que um pouco tamém é por causa da saúde tamém né, a turma ta notando que pratica esporte é muito bom, é saúde se entendeu? Então é isso ai. Obrigado. De nada.

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Entrevista 8 SUJEITO 8. Idade? 36 anos. Tempo de pratica de corrida de rua? 21 anos. Onde treina? Local? É, e equipe... No clube 12 km né, treinando no parque do ingá. Quantas vezes participou da prova rústica Tiradentes? Tiradentes umas 12 vezes mais ou menos Tem algum tipo de patrocínio? O clube 12 km tem vários patrocinadores né. Quando participou pela primeira vez da prova rústica Tiradentes? Em 97. Qual a suas experiências em corridas de rua? Você fala as distancia assim. O que você já viveu nas corridas de rua? A ta, já participei desde 100 metros ate maratonas, provas longas assim. No inicio da sua participação da prova rústica Tiradentes, como era a participação do publico e dos corredores? Bom era uma quantidade pequena de corredores, na época 97 a prova dava 200 a 300 concluintes a prova né. E o publico era basicamente só na minha chegada na época era no antigo Mercadorama né onde é o big hoje o percurso era diferente também de hoje. E como era as estruturas da prova? Assim, como eu mudei de São Paulo para Maringá naquele ano em 97 a estrutura da Tiradentes sempre foi uma estrutura boa, porque comparado com as provas lá que a gente participava né tipo água no percurso a parte da chegada também no apoio muito boa assim no geral. Agora falando do perfil dos atletas, como era o perfil socioeconômico dos participantes? A naquela época la se caracterizava mais assim por atletas mesmo, pessoas que estavam na Tiradentes em busca de colocação de prêmios que tinha as categorias a classe c e d digamos assim e atletas de alto nível né. E como era o rendimento desses atletas? Era muito bom se comparar o rendimento que a gente vê hoje os tempos de hoje e o tempo daquela época é muito diferente, eu comparo assim, por exemplo, meu melhor tempo foi 36,20 né, naquela época eu fiquei em 197 no geral, foi a minha melhor colocação, hoje com esse tempo o cara era entra entre os 50 primeiro colocado na prova. Vamos falar agora, atualmente como é a participação do publico dos corredores hoje na Tiradentes? É hoje é diferente cresceu muito a quantidade de pessoas participando né tipo 3500, 4000mil pessoas correndo a prova, só que decaiu como se fala assim o nível técnico dos atletas né, porque muitos desses que estão correndo hoje começaram a praticar corrida a um ano dois anos e praticam mais por lazer do 100

que por competição aquele negócio de buscar resultado, buscar dinheiro é outro publico hoje em dia que participa. E as estruturas da prova Tiradentes hoje como que é? Ela são muito boas assim, porque esta atendendo a demanda que esta crescendo né, algumas coisas precisam melhorar se quiser que a prova cresça em numero de quantidade de pessoas que nem fazer largada nas duas pistas aqui,falo ate mudar assim, vamos supor, fazer a prova feminina no horário e a masculina em outro horário também que é uma coisa que esta atrapalhando muito. Como é o perfil do atleta hoje? O perfil socioeconômico? Ai já é a classe b e c alguns é classe a, é uma classe que tem perfil socioeconômico maior né, se gasta mais com corrida né, assim do que naquela época tênis de marca materiais de qualidade que eles vão estar investindo né. E como é o rendimento do atleta hoje? O rendimento que você fala do publico em geral que participa das provas né? Então deu essa decaida né daquela época que era mais profissional o negocio que era o pessoal atrás do resultado hoje o pessoal que quer mais curtir a prova a pratica mais saudável né e o perfil assim não do rendimentos e o perfil da qualidade de vida e é um pessoal que tem mais condições e é um pessoal que cobra mais as provas também a gente tem visto na região assim antigamente o cara atrasava meia hora, uma hora todo mundo ficava lá quietinho aguardando a largada, hoje se atrasar 5 minutos todo mundo começa a vaiar e se vê que o pessoal que quer qualidade que busca isso né. Quais as diferenças que você vê na Tiradentes de antigamente e a de hoje? Basicamente essa questão do nível técnico da prova assim eu acho que crescer toda prova tem que crescer, cada vez tem que ter mais atletas mais assim o incentivo as categorias em forma de dinheiro tem que ter, porque se não a prova tipo agente fala vai virar uma festa só, não vai virar uma prova rústica. É, você poderia perceber no inicio da sua participação a participação da prefeitura na organização da prova rústica Tiradentes? é assim diretamente a prefeitura não tipo assim através da secretaria de esportes sim porque é ela que é a promotora né a policia militar que organiza a Tiradentes acho que naquela época parecia que a policia estava mas a frente do que hoje né, a prefeitura. E hoje como você vê a participação da prefeitura na organização da prova? Tem muitas coisas assim que eles acho tem que buscar assim em provas fora o pessoal que faz essa organização maneira de melhorar a prova né eu acho que eles são muito assim fazer uma prova de uma mesma maneira há muitos anos e você vê que poucas coisas estão sendo mudadas né todo ano a gente fala tem que mudar isso tem que mudar aquilo e no outro ano a prova é igual né , quer dizer não é que a prova Tiradentes seja uma prova ruim mais ela pode se tornar muito melhor se tiver uma mudança na cabeça das pessoas que estão lá. Você vê mudanças em relação de cobranças de taxas na inscrição da prova rústica Tiradentes? Você fala em relação antigamente e de hoje se mudou? É agora de três anos para cá começaram a cobrar uma taxa né que também eu questiono porque se 101

é um evento organizado por uma prefeitura acho que eles tem prioriza a pratica esportiva não alguém ganhar, pegar esse dinheiro acho que a gente nem sabe quem que levou esse dinheiro todo sendo que a prova tem patrocínio e sempre vai ter do tamanho que ela é basicamente isso assim. E a respeito dessa cobrança da taxa de inscrição você acredita que ela pode impacta na participação de alguns corredores na prova? A com certeza acho que até esta questão do nível técnico ter caído tem uma relação grande com isso, porque como a categoria c e d. Há que é aquele pessoal que treina para pegar um dinheirinho na prova né pessoal que não tem condições de estar gastando investindo muito. Geralmente não tem patrocinadores, aí com certeza eles deixa de vir na Tiradentes para correr outra prova que não tem taxa de inscrição porque o valor de 40 reais não é qualquer pessoa que pode estar pagando pra chegar lá e só correr por prazer, diferente da classe a e b corre por saúde e tal e esse valor para eles é muito irrisório né. É assim Luciano com o seu conhecimento sobre a Tiradentes o que você poderia fazer um relato breve sobre a história da Tiradentes um pequeno relato sobre o que você conhece da história? Bom como eu mudei para Maringá em 97 eu não conheço toda a história anterior da Tiradentes mais ela é uma prova digamos assim a nível de Brasil ela é uma prova nacional ou ate internacional que agora esta vindo atletas de fora os quenianos e tal, mais ela é uma prova assim tem que ela não pode se transformar nessas corrida de festa que tem hoje em dia só aquele negócio sem premiação sem tal ela tem uma tradição histórica tipo assim os melhores atletas do Brasil já correram aqui antigamente Adalberto Garcia, Vanderlei quem não conhece muito atletismo não vai se lembrar deles, mais Elenilson Silva atletas que representaram o Brasil nas olimpíadas em pan-americanos quer dizer sempre vieram correr a Tiradentes porque ela tinha premiação alta para esses atletas eu acho que a prova tem que crescer e a premiação para esses atletas tem que crescer também, acho que em valor tipo 4 mil reais de premiação para o campeão da prova é muito baixo em vista do que a prova arrecada né, poderia se aumentar esse valor também. Professor, obrigado Não, valeu eu que agradeço.

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