PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA EMBRAPA MILHO E SORGO – SETE LAGOAS (MG)

June 6, 2017 | Autor: R. Silva | Categoria: UFMG
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PROCESSOS DE FORMAÇÃO DO SOLO NA ÁREA DA EMBRAPA MILHO E SORGO – SETE LAGOAS (MG) (¹)

Maria Eduarda¹ Rodrigo Cavalcante¹ Tatiana Abreu1 Vicente Silluzio¹ Virginia Samora¹ Adriana Monteiro da Costa²

RESUMO A região de Sete Lagoas esta situada no Grupo Bambuí sobre o embasamento cristalino e possui uma formação endocárstica com afloramentos pontais de rochas carbonáticas. A região tem um alto potencial pluviométrico nos meses de Outubro a Março com seu maior pico entre Dezembro e Janeiro, quando esta sobre influência da ZCIT - Zona de convergência intertropical. O objetivo desse trabalho é analisar a influencia do carste e da litologia da região nos processos pedogenéticos de formação dos solos na área da Embrapa Milho e Sorgo no município de Sete Lagoas. Palavras chave: Solos. Pedogênese. Carste. Litologia.

ABSTRACT The region of Sete Lagoas is situated in Bamburgh Group on the crystalline basement and an endocárstica training with spits outcrops of carbonate rocks. The region has a high potential rainfall in the months of October to March with its highest peak between December and January, when this influence on the ITCZ - Intertropical Convergence Zone. The aim of this study is to analyze the influence of karst and lithology of the region in pedogenic processes of soil formation in the Embrapa Maize and Sorghum in the city of Sete Lagoas. Keywords: Soils. Pedogenesis. Karst. Key Litologia.Palavras: Solos. Pedogenesis. Karst. Lithology. 1

UFMG. Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto de Geociências. Pedologia. turma NB 2012, Geografia. Maria Eduarda. e-mail: [email protected] Rodrigo Cavalcante. e-mail: [email protected]. Tatiana A. Pereira. e-mail: [email protected] Vicente Silluzio. e-mail: [email protected] Virginia Samora. e-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO O relevo cárstico é particularmente associado a rochas calcárias, podendo se referir também, a paisagens similares elaboradas em outras rochas, carbonáticas ou não (Piló, L.B., 2000). Atualmente, essas áreas somam aproximadamente entre 7% a 10% do território mundial, sendo que em território brasileiro, essas áreas possuem uma distribuição geográfica em torno de 7%. Os solos desenvolvidos sobre as áreas carbonáticas possuem grande interesse agrícola devido a sua elevada fertilidade natural e riqueza em mananciais hídricos. No entanto, fatores como relevo, clima, vegetação, eventos geológicos, entre outros tornam o estudo da gênese desse tipo de solo um tanto complexo. A área estudada está enquadrada numa região de rochas do Grupo Bambuí, constituída de calcários cinzentos intercalados por mármore acinzentado (Formação Basal ou Sete Lagoas) e ardósias sobrepostas ao calcário (Formação Santa Helena) e o seu material de origem são resultados da decomposição de rochas do período Pré-Cambriano A.

Seu relevo é plano ondulado com altitude media de 765 metros podendo chegar até 1.080 metros de altitude. A vegetação seria em sua maioria campestre incluindo Cerrado. Porém, observamos outras tantas tal qual: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Atlântica e Xeromorfa, além dos Campos rupestres. O clima tropical de altitude tende apresentar verões quente e chuvosos com invernos secos com estiagem no meses de abril a setembro e chuva de outubro a março com índice médio pluviométrico anual de 1.367 mm.

Este trabalho tem por objetivo comparar o conteúdo aprendido em sala de aula, artigos científicos e mapas com as informações obtidas em campo através da caracterização e descrição dos perfis dos solos do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo – CNPMS da EMBRAPA, localizada em Sete Lagoas no estado de Minas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na área experimental da Embrapa Milho e Sorgo, localizada em Sete Lagoas (MG), -19,47ºS; -44,25º W; a altitude 732 metros. Para realizar a descrição de solos, devemos primeiramente construir trincheiras de tamanho suficiente para que possamos avaliar as características morfológicas, tomar fotografias e coletar material. Segundo Santos et al. (2013), embora não exista regra para estabelecer o tamanho ideal de uma trincheira, recomenda-se, sempre que possível, que atinja 2,0 m de profundidade para descrição de perfil de solos profundos. Também é importante que pelo menos uma face vertical seja lisa e esteja bem iluminada, a fim de exibir claramente o perfil e que sejam construídos degraus em um dos lados da trincheira, para facilitar o acesso e manuseio do material. No entanto, os locais estudados já possuíam trincheiras, sendo a construção das mesmas. Para a realização da descrição do perfil utilizou-se o Manual de descrição e coleta de solo no campo (SBCS, 6ª edição, Viçosa 2013), além de materiais como martelo pedológico e faca, para a retirada de amostras do horizonte; trena para medir a profundidade dos horizontes; e água para analisar a plasticidade e pegajosidade das amostras. Para a classificação de cor, foi utilizada a Carta de cores de Munsell para solos, que contempla os três componentes da cor: matiz, valor e croma. É importante ressaltar que quase sempre a cor será avaliada em segundo nível. Foram estudados cinco perfis de solo na área. O perfil 1, Argissolo, está localizado em mata fechada (vegetação estacional semidecidual) onde o relevo é ondulado devido ao acúmulo de material proveniente do grupo Santa Helena. A cor do horizonte superficial, segundo a Carta de Munsell é reddishblack(2,5YR 2,5/1) e possui estrutura em grumos. O perfil 2, Neossolo, está localizado sob a estrutura da Caverna da Lapinha, uma das poucas feições cársticas da área da Embrapa Milho e Sorgo. O solo é do tipo rêndzico e está sobre a rocha sã (calcário), o que indica que está no início de sua formação. O perfil 3, Nitossolo, está localizado também na proximidade da Caverna da Lapinha. A cor do horizonte A quando seco apresenta notação Munsell de (2,5YR 2,5/1), enquanto que B é (2,5YR 2,5/3). O perfil 4, Neossolo Regolítico, está localizado em uma vertente com presença de vegetação de médio porte apesar do horizonte A ter (profundidade, não anotei)e está sobre rocha alterada (C). A cor de A seco é 10YR 8/6. O último perfil, o de número 5, é o Latossolo e está localizado em relevo plano utilizado para a atividade agrícola. A cor do horizonte A e B é 2,5YR 3/6 quando seco. (FIG. 1)

FIGURA 1 - Mapa dos pontos de analise dos Perfis de Solo (As unidades de mapeamento da legenda encontramse na FIGURA 3)

GEOLOGIA

Em termos de arcabouço geológico a área da Embrapa, mais precisamente Sete Lagoas esta situada no grupo Bambuí que é um conjunto de rochas bem antiga, embasamento arqueano entrando no proterozóico, entre 600 e 900 milhões de anos. O grupo Bambuí é constituído por rochas sedimentares de baixo grau formado por deposição no mar. Posterior houve a deposição de sedimentos químicos que formaram as áreas de carste. O Grupo Bambuí recobre grandes áreas do Cráton do São Francisco e na área em questão estão representadas as cinco formações clássicas do Grupo Bambuí, compreendendo da base para o topo as formações Sete Lagoas (carbonática), Serra de Santa Helena (pelitocarbonática), Lagoa do Jacaré (carbonática), Serra da Saudade (pelítica) e Três Marias (psamítica). A Formação Sete Lagoas aflora, exclusivamente, na margem esquerda do rio São Francisco, coincidindo com os altos do embasamento. (FIG. 2).

FIGURA 2 - Observa-se o espessamento para leste da Formação Sete Lagoas, coincidindo com o afundamento do embasamento cristalino.

A formação ocorreu no final do proterozóico, a região foi diversas vezes invadida pelo mar, esses ciclos de invasão e recuo do mar tem como uma possível explicação as eras glaciais que fizeram o nível do mar variar bastante no período, o que possibilitou a deposição química do calcário por cima do Cratón São Francisco. Acima das camadas de calcário, foram depositados os sedimentos de material pelítico provenientes da erosão da serra Santa Helena, que recobriu o calcário dando origem as rochas metapeliticas. O solo é formado por sedimentos finos, silte, argila, sedimentos que sofreram metaformismo o que deram origem a rochas metapeliticas como a ardosia. O calcário da região esta localizado no subterrâneo, denominado de endocarste e ocasionalmente é possível observar afloramentos. Na maior

parte, cerca de 20 ou 30 metros do solo é composto por material alterado ou colúvios de rochas metapeliticas proveniente do material do Grupo Santa Helena. É por isso que não é correto afirmar que todos os solos férteis da região de Sete Lagoas são devidos ao calcário. Apesar da região de Sete Lagoas ter predominância de calcário, possui afloramentos gnáissicos e afloramento de rochas fosfáticas pontuais.

"A Formação Sete Lagoas (Costa e Branco 1961) é a unidade basal do Grupo Bambuí,

sendo

constituída

por

uma

sucessão

carbonática

de

idade

Neoproterozóica. Sua sedimentação sucedeu a um evento glacial de ocorrência global, representado pelos diamictitos da Formação Jequitaí. A deposição das rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas deu-se, para grande parte da seqüência, em ambiente marinho raso, em resposta a uma transgressão que afogou a seqüência de rochas de provável origem glacial. Nas regiões de Itacarambi e Lontra, tendo por base a descrição dos furos de sondagem, o Grupo Bambuí assenta-se diretamente sobre as rochas cristalinas do embasamento" (Brandalise et al. 1980; Abreu-Lima 1997).

"Nas regiões cársticas o teor de CaCO³ varia de 64% a 98%".(Castany, 1971. p 672.), Em termos de litologia são encontrados aglomerados, lateritas, depósitos de areia, depósitos de argilas, calcarenito, calcessilito, siltito, micrito, depósitos de areia, depósitos de cascalho, gnaise e Folhelho.

CLIMA

Na região de Sete Lagoas, "segundo a classificação climática de Köppen, o clima é do tipo Cwa - clima subtropical ou clima tropical de altitude, com inverno seco apresentando temperatura média do mês mais frio superior a 18°C, e verão chuvoso" (Patrus et al., 2001). Domina a região de Sete Lagoas o clima tropical de altitude, com verões quentes e chuvosos e invernos secos. Estação chuvosa de outubro a março e estiagem de maio a agosto. O índice médio pluviométrico anual é de 1.403 milímetros. Naturalmente, há anos mais chuvosos ou menos chuvosos em relação a outros. Também têm ocorrido algumas variações desse tipo para cada mês em anos diferentes. O mesmo pode acontecer com relação às temperaturas médias mensais e anuais. Alguns anos podem ser um pouco mais quentes ou um pouco mais frios do que outros. Algo um tanto similar pode ser observado em relação a cada mês específico em anos diferentes. Em conformidade com dados do INMET, a temperatura média da cidade entre os anos de 1961 até 1990 foi de 20,9°C. O mês mais frio (julho) apresenta

uma média de 17,5°C enquanto que o mês mais quente (fevereiro) apresenta uma média de 23,0°C. (GRAF. 1)

GRÁFICO 1 - Climograma - Sete Lagoas (1961 - 1990) - A Organização Meteorológica Mundial (OMM) define Normais como “valores médios calculados para um período relativamente longo e uniforme, compreendendo no mínimo três décadas consecutivas” e padrões climatológicos normais como “médias de dados climatológicos calculadas para períodos consecutivos de 30 anos.

GRÁFICO 1 - Balanço Hídrico Climatológico - Normal (1961-1990)

VEGETAÇÃO

Sete Lagoas esta situada em uma área de transição entre cerrado e mata atlântica, a Norte predominância de cerrado, a Sul predominância de mata atlântica. A vegetação é composta por fragmentos florestais que fazem parte da transição e são bem variada, com características mais similares de mata atlântica contendo algumas espécies perenifólias porém a maioria é subcaducifólia, que caracterizam espécies do cerrrado. Os topos de morros possuem vegetação de campo nativo, nunca foi desmatado. A região é bastante rica por ter boa variação fitosociologica. A vegetação é muito importante para identificarmos peculiaridades locais. Nas áreas de afloramentos de calcário a vegetação é de mata seca, bem característica desses afloramento.

"Segundo Carneiro (2010), a área do Centro Nacional de Pesquisa Milho e Sorgo está inserida no domínio da Savana (cerrado). A Savana gramíneo-lenhosa (Cerrado) - natural ou antrópica - caracteriza-se por formações campestres que se alternam com pequenas árvores isoladas, capões florestados e galerias florestais ao longo dos rios, mostrando, assim, uma grande variabilidade estrutural e, em conseqüência, grandes diferenças em porte e densidade, no que também influi a intensidade da ação antrópica. Apresenta dois estratos distintos, um arbóreo xeromorfo, lenhoso; com árvores que variam de pequeno a médio porte e que possuem troncos e galhos tortuosos, folhas coriáceas e brilhantes ou revestidas por uma densa camada de pêlos; e outro estrato gramíneo lenhoso" (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Biomas. 2014).

O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade de flora que possui cerca de 4.400 espécies exclusivas, de fauna que apresenta cerca de 837 espécies de aves, 67 gêneros de mamíferos, 150 espécies de anfíbios e 120 espécies de répteis. Somente a partir da década de 90 que o governo e diversos setores da sociedade começaram a se preocupar com a conservação e preservação do que restou desse bioma devido, principalmente, à ocupação desordenada e aos sucessivos incêndios. Em Sete Lagoas, a implantação de pastagens e de áreas cultivadas é a principal causa da devastação do cerrado. "A classe de uso da terra mais dominante de Sete Lagoas é a pastagem, que representa 40,45% do território municipal" (CARNEIRO, Qualidade de um Latossolo Vermelho sob diferentes tipos de usos e manejos em área do cerrado. Belo Horizonte, 2010.).

Entre as fisionomias da vegetação que podem ser encontradas na região de Sete Lagoas estão, campo, campo cerrado, cerrado, floresta estacional semidecidual montana e eucalipto.

SOLOS

Um levantamento sistemático de solos realizado em 2010 pela Universidade Federal de Viçosa, Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais, Universidade Federal de Lavras e a Fundação Estadual do Meio Ambiente classificou e mapeou os solos do Estado de Minas Gerais com a escala de 1:500.000. Dentro do municio de Sete Lagoas foram identificado os seguintes solos: CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico A moderado textura siltosa/argilosa, pedregoso/não pedregoso + NEOSSOLO LITÓLICO distrófico típico A moderado ; ambos fase campo cerrado, relevo ondulado; CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico e léptico A moderado textura média/argilosa, pedregoso/ não pedregoso + NEOSSOLO LITÓLICO distrófico típico A moderado + LATOSSOLO VERMELHOAMARELO distrófico típico A moderado textura média/argilosa; CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico A moderado textura média/argilosa, cascalhento/ não cascalhento + ARGISSOLO

VERMELHO-AMARELO

distrófico

típico

A

moderado

textura

média/argilosa, cascalhento/não cascalhento + NEOSSOLO LITÓLICO distrófico típico A fraco; todos fase floresta subcaducifólia, relevo ondulado a forte ondulado; CAMBISSOLO HÁPLICO eutrófico típico e léptico A moderado textura argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico A moderado textura argilosa + ARGISSOLO VERMELHOAMARELO distrófico típico A moderado textura média/argilosa; todos fase floresta subcaducifólia, relevo ondulado e forte ondulado; LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A fraco/moderado textura argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico A fraco/moderado textura siltosa/argilosa, cascalhento/não cascalhento; ambos fase floresta subperenifólia,

relevo

ondulado

e

forte

ondulado

e

montanhoso;

LATOSSOLO

VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura argilosa + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura média/argilosa; ambos fase floresta subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado e forte ondulado; LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico A moderado textura argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico A moderado textura siltosa/argilosa, fase cascalhenta/não cascalhenta; ambos fase cerrado, relevo plano e suave ondulado; LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico A moderado textura argilosa + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura média/argilosa; ambos fase floresta subcaducifólia, relevo plano e suave

ondulado; ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura média/argilosa + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico A moderado textura siltosa/argilosa; todos fase floresta subcaducifólia, relevo ondulado e forte ondulado e NEOSSOLO LITÓLICO distrófico típico A moderado/proeminente + CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico e léptico A moderado textura média/argilosa, pedregoso/não pedregoso; ambos fase campo cerrado, relevo ondulado e forte ondulado. (FIG. 3)

FIGURA 3 - Mapa da Área de estudo Sete Lagoas Embrapa Milho Sorgo

RESULTADOS Perfil 1, na Lat. 19°25'56.62"S; Long. 44° 9'28.94"O com altitude de 725m.

FIGURA 3 - Perfil da Mata

Observamos uma vegetação bem abundante e desenvolvida de porte arbóreo, transição de mata atlântica e cerrado com características caducifólia e subcaducifólia. O solo aparenta ser muito fértil, por ser bem desenvolvido. Conforme explicado anteriormente, a vegetação é muito importante para identificarmos peculiaridades locais. O solo possui sedimentos coluviais de rochas metapeliticas. Os Argissolos ocupam 15% da área do Cerrado. Anteriormente chamados de Solos Podzólicos, estes solos têm como característica principal a presença de um horizonte (Bt). Este horizonte é formado pela movimentação de argila dos horizontes superiores para os inferiores através de um processo conhecido como translocação.

Para que ocorra a podzolização de argila é necessário principalmente que o material de origem seja mais argiloso. Outro fator importante é o clima que deve ser quente e úmido de forma que facilite a dispersão da argila, mas sem que essa saia completamente do perfil. Além disso, o relevo deve ser suave a ondulado a fim de facilitar a infiltração e drenagem de água. Caso contrário, a argila não seria descolada para a camada Bt. Devido essa característica, os Argissolos tendem a ocupar o terço inferior das colinas e morros do Cerrado, como no caso da área de estudo. Como conseqüência, os horizontes acima do Bt(horizonte A ou E) ficam com

maiores teores de areia, ou seja, textura mais arenosa. Embora existam Argissolos de todas as colorações, a maioria deles tem cores amareladas. Eles não são tão profundos quanto os Latossolos, mas são mais profundos que os Cambissolos.

O acúmulo de argila no horizonte Bt reduz muito a permeabilidade dos Argissolo o que ocasiona maior escoamento superficial. Isso somado ao fato do horizonte superficial ser muitas vezes arenoso faz com que os Argissolos sejam altamente suscetíveis à erosão e movimentos de massa. Essa concentração de argila também será responsável por dar origem ao que chamamos de cerosidade, que é um aspecto brilhante e ceroso que ocorre na superfície dos agregados.

Perfil 2, na Lat. 19°26'31.90"S; Long. 44°10'24.00"O com altitude de 725m.

FIGURA 4 - Perfil do afloramento de calcário

Foi identificado como Neossolo Litólico. Este solo está sobre um afloramento de rocha calcária sendo assim possui uma presença significativa de Ca²+ o que influencia positivamente na quantidade de matéria orgânica deste solo. Observamos assim a existência do horizonte A sobre R, no qual podemos notamos que o processo de transporte é superior a deposição. È um solo pouco desenvolvido, com presença de raízes finas e algumas bem desenvolvidas e restos de alguns animais como formigas que auxiliam na transformação desta rocha. O ambiente cárstico é altamente suscetível a processos de intemperismo e erosão que originam o processo de pedogênese. O relevo forte, ondulado que forma rampas é um dos agravantes para deixar o local e o material bem instáveis. No entorno notamos a presença de vegetação bem

desenvolvida de porte arbóreo e logo acima do afloramento de calcário tinha a vegetação de cactáceos. A cor deste solo é um marrom bem escuro no qual está relacionado com significativa presença de matéria orgânica. Podemos deduzir que é um solo fértil devido a presença de raízes, porém está localizado em uma Área de Proteção Permanente (APP) , e também o seu difícil acesso uma vez que está sobre um afloramento de rocha calcaria faz com que este solo não se desenvolva como os demais. Perfil ,3 Lat. 19°26'31.21"S; Long. 44°10'22.71"O com altitude de 718m.

FIGURA 5 - Perfil da região do afloramento de calcário

Chegamos a conclusão que o solo em questão tem ótima fertilidade devido a influência do afloramento de calcário no entrono, é um solo maduro (profundo) apresentando boa drenagem devido a presença dos macroporos que facilitam a infiltração da água e um horizonte Bt O solo foi CLASSIFICADO como: NITOSSOLO. É um solo homogêneo no teve ação efetiva do intemperismo, sua textura é argilosa a muito argilosa juntamente com a existência de cerosidade faz com que observamos a ocorrência de podzolização ou seja translocação de materiais do horizonte A, que se acumula no horizonte B. Quando úmido é um solo pegajoso e friável. È um solo rico em nutrientes ou seja muito fértil e excelente para plantio em geral, sendo assim não precisa de correções do tipo adubo, calagem, fertilizantes etc. Entretanto devido a proximidade do afloramento cárstico passa a ser considerado uma área de preservação e não pode ser adotada para manejo.

Perfil 4, lat.19°26'27.49"S; Long. 44°10'17.03"O com altitude de 731m.

FIGURA 6 - Perfil da área sobre rochas metapelítica

Trata-se de um Neossolo Rególitico que é caracterizado por um horizonte A sobre C ou seja A/C/R. Observamos uma vegetação bem desenvolvida de porte arbóreo entretanto é um solo de difícil manejo devido a sua má drenagem com influência direta da sua granulometria que está entre silte e areia dificultando a infiltração acarretando um escoamento superficial. Este solo é resultado do intemperismo da rocha sã que modificada tornou se siltito com estrutura folheada e possui alto teor de alumínio. O que torna esse solo incógnita do ponto de vista fitossociológico uma vez que além ser distrófico também é alumínico, e possui grande variabilidade de espécies, tanto de porte arbustivas como arbóreas.

Perfil 5, Lat. 19°27'18.66"S; Long. 44°10'9.79"O com altitude de 718m.

FIGURA 7 - Perfil na área de milho sorgo

O último perfil estudado (Perfil 5), foi classificado como Latossolo. Para a formação do Latossolo é preciso que a região apresente clima quente e úmido, relevo suave ondulado a plano, assim como na área estudada onde a média de precipitação anual é de 1.403mm. Isto se deve ao fato a elevada precipitação aliada a um relevo pouco declivoso e com drenagem livre, favorecendo o intemperismo químico, onde há uma redução dos minerais primários. Com a intensificação do intemperismo, há uma forte lixiviação de sílica (SiO2) e bases(em particular Ca, Mg e K), e conseqüentemente uma concentração relativa de óxidos de ferro e de alumínio que são agentes agregantes, dando à massa do solo aspecto maciço poroso. São definidas sete diferentes classes de Latossolos, diferenciadas com base na combinação de características com teor de Fe²O³, cor do solo e relação Ki (SiO²/Al2O³). As cores podem variar desde vermelhas muito escuras a amareladas, geralmente escuras no A, e cores mais vivas no B e mais claras no C. No perfil estudado, a cor foi classificada segundo a notação Munsell como 2,5 YR 2,5/3 DarkReddish Brown(Bruno-avermelhado) quando úmido e de 2,5 YR 3/4 DarkReddish Brown(Bruno-avermelhado) quando seco. Outra característica dos latossolos é sua pequena reserva de nutrientes para as plantas, representados normalmente por sua baixa a média capacidade de troca de cátions (CTC). Fator esse que está relacionado ao fato de que estes são solos muito intemperizados. Portanto, são em geral solos com grandes problemas de fertilidade. Mais de 95% dos latossolos são distróficos e ácidos, com pH entre 4,0 e 5,5 e teores de fósforo disponível são extremamente

baixos, quase sempre inferiores a 1mg/dm³ (D.M. G. Sousa e E. Lobato – EMBRAPA). Entretanto a CTC desses solos pode ser melhorada quando práticas de manejo que possibilitem a elevação da matéria orgânica no solo são adotadas. Isso porque a matéria orgânica possui cargas negativas, o que faz com que a mesma atraia elementos que possuem cargas positivas, favorecendo na troca de cátions (Ca2+ K2+ Mg2+ H+ Al3+ Zn2+ Mn2+), que por sua vez constituem nutrientes fundamentais para o desenvolvimento das plantas.

CONCLUSÂO

No intuito de buscar a melhor compreensão da formação dos solos que recobrem regiões influenciada pelo calcário, analisamos que apesar da região ser conhecida por sua geomorfologia cárstica, essa formação não exerce grande influência na pedogênese dos solos da região, salvos em alguns afloramentos pontuais. Os solos são relativamente pobres do ponto de vista de agrícola devido a grande presença de alumínio, proveniente de sedimentos coluviais da Serra de Santa Helena. Esses solos possuem uma grande quantidade de potássio, porém estruturalmente esta preso na argila e não esta disponível para a planta. Porém do ponto de vista ecológico e da preservação da fauna são áreas muito importantes porque possui uma vasta fitossociologia. Além desse fator, os Latossolos da região são muito importantes do ponto de vista hidrológico porque funcionam como uma caixa d'água porque possuem uma alta capacidade de armazenamento de água no solo e são bons para recarga. O último solo em que

analisamos possui uma alta capacidade de drenagem em conseqüente da

macroporosidade ser boa. A região sofre um grande déficit hídrico entre os meses de Abril a Setembro, porém ocorre uma grande retirada de água entre os mesmo meses. É possível enxergar esse cenários nos Gráficos 1 e 2, respectivamente Climograma e Balanço Hídrico Climatológico.

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