Processos de Inovação no Design de Produtos Processes for Innovation in Product Design

July 13, 2017 | Autor: P. Nascimento | Categoria: Graphic Design, Inovação, Design gráfico
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Processos de Inovação no Design de Produtos

Processos de Inovação no Design de Produtos Processes for Innovation in Product Design Junior, Marcos Brod; Mestre; Centro Universitário Ritter dos Reis [email protected] Porto, Renata Gastal; Pós-Graduada; Universidade Federal de Pelotas [email protected]

Resumo Este artigo é direcionado ao estudo dos processos de inovação de produtos industriais e serviços. Pretende-se listar uma série de produtos inovadores desenvolvidos durante o século XIX por profissionais de Design, denominados como inovadores a partir dos requisitos de Barbosa (1996) que determina que qualquer invenção de produto ou de processo deve ser nova, envolver um passo inventivo e ser passível de aplicação industrial. Os dados tratados neste artigo estão estruturados nas Técnicas Analíticas Saussarianas (BRITO, 2004), baseada na Linguística moderna de Ferdinand de Saussure, expressas na dicotonia diacrônicasincrônica. Palavras Chave: Desenho Industrial; Inovação; Produtos Inovadores.

Abstract This article is directed to study the processes of innovation in industrial products and services.The aim is to list a series of innovative products developed during the nineteenth century by design professionals, known as innovators from the requirements Barbosa invention which provides that a product or process must be new, involve an inventive step and be capable of industrial application. The data discussed in this article are structured in Saussarianas Analytical methods based on modern linguistics Ferdinand de Saussure, expressed in dicotonia diachronic-synchronic. Keywords: Industrial Design; Innovation; Innovative Products.

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1. Introdução No Brasil, pesquisas em inovação na área do Desenho Industrial permanecem estagnadas na área gráfica. Desde o início da produção gráfica em meados do século XIX, quando foram instaladas as primeiras gráficas, responsáveis pela circulação de folhetos e pequenos jornais, pouco vimos alterações de paradigmas nesta área. Percebemos mudanças nos acabamentos de impressos, na tecnologia de materiais e maquinaria, mas não no pensamento criativo do desenhador. O fato de termos a nossa área, o Desenho, exposta a nãodesenhadores, temos enfraquecida a produção nacional de Desenho Gráfico. A grande maioria dos projetos tem seus objetivos no campo da Programação Visual (...). Isso decorre, entre outras coisas, de uma estrutura de dependência tecnológica, se se considerar que a tecnologia dos meios de comunicação é de menor variedade (...) e portanto de domínio mais fácil, do que a tecnologia dos meios de produção. Uma variedade restrita de sistemas tecnológicos é mais fácil de se produzir, ou de se copiar, do que uma extensa variedade. Assim, as tecnologias dos meios de comunicação são, em média, mais dominadas no Brasil, do que as tecnologias dos meios de produção (REDIG, 1983, p.24).

A tendência do mercado brasileiro tem se caracterizado pela produção de tecnologia baseada na cópia de pesquisas de países desenvolvidos, ou ainda na adequação desses conhecimentos à nossa realidade. Segundo Redig (2001), somos um país que precisa aprender a desenvolver nossas potencialidades naturais e humanas, extrair as matérias-primas disponíveis com responsabilidade e explorar o conhecimento obtido pela experiência, com o objetivo de afirmar-nos material e culturalmente. Barroso Neto (1981) afirma que o Desenho Industrial dos países periféricos tem demonstrado uma atuação marginal, com pouca participação das estruturas que definem uma política tecnológica, estabeleçam prioridades e invistam em projetos industriais. A elite brasileira aliada à falta de consenso político seria uma das causas para a dificuldade do crescimento industrial do país. (...) Ela se contenta sempre com os caminhos mais fáceis, de menores riscos que consequentemente também são os caminhos mais curtos que não levam ao crescimento sustentável nem à autonomia da nação. A falta de projeto das elites nacionais e a impossibilidade de formulação de consenso político sempre trouxe grandes dificuldades para o crescimento industrial do país (CALVETE, 2003, p.122).

No Brasil, muito se copia ou no máximo se adapta. Com o sentido de que nós desenhadores temos a responsabilidade sobre a vida, a interação entre homens e artefatos, este artigo pretende conhecer o desenvolvimento diacrônico dos produtos industriais, os tipos de inovação adotados por empresas e os produtos resultantes do processo de inovação ao longo do século XX.

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2. Método Pretende-se com este artigo explanar o desenvolvimento de produtos industriais no meio empreendedor, verificando as vertentes de produção em produtos inovadores, redesenho ou ainda adaptações projetuais. Considerando o tema central deste paper, o interesse inclina-se em conhecer os produtos inovadores e classificações, e a gestão da inovação em projetos de Desenho Industrial. O estudo presente se concentra para: a) conhecer as classificações de inovações para a compreensão dos processos de inovação destinados aos produtos industriais e serviços; e b) conhecer os fundamentos para a gestão da inovação em Desenho Industrial. A forma de abordagem da pesquisa é qualitativa e descritiva, e tem como objetivo ser uma pesquisa explicativa, pois requer um método observacional. Para a revisão de literatura, o procedimento técnico utilizado é a pesquisa bibliográfica em livros eruditos; artigos com enfoque sobre a percepção de especialistas contemporâneos; periódicos e sítios virtuais com temas análogos ao tema central. Para a coleta de dados o procedimento padrão é a observação e medição através de técnica visual de Análise de Produto, baseado em Análises Linguísticas, para o desenvolvimento da dicotomia diacronia e sincronia de produtos inovadores. Os dados tratados neste artigo estão estruturados nas Técnicas Analíticas Saussarianas, baseada na Linguística moderna de Ferdinand de Saussure, expressas na dicotonia diacrônicasincrônica. Em Brito (2003) a utilização de técnicas analíticas saussarianas ampliam o vocabulário verbal e visual do desenhista industrial, pois permitem a visualização preliminar organizada e sistematizada do projeto. A Teoria de Dados se dá pela pesquisa acerca da evolução temporal dos produtos inovadores, as análises diassincrônicas, que configuram a pesquisa histórica visual dos produtos. O estudo histórico se refere à análise diacrônica e o não-histórico à análise sincrônica. A diacronia, naturalmente dinâmica, supõe o estudo das relações que unem termos sucessivos em função da evolução dos tempos. A sincronia, por sua vez, “serve para reconhecer o universo do produto em questão e para evitar reinvenções”, conforme Bonsiepe et all., (1984, p.38) apud Brito (2003, p.51). Na primeira dicotomia, Análise Linguística diacrônica, são apresentados alguns artefatos que foram criados a partir do século XIX, e por parâmetros como fabricação serial, adequação à estética industrial e emprego de tecnologia são caracterizados como produto industrial e passíveis de patenteamento. Segue uma lista dos produtos que foram analisados e considerados produtos inovadores a partir do que cita Barbosa (1996), qualquer invenção de produto ou de processo, deve ser nova, envolver um passo inventivo e ser passível de aplicação industrial.

3. Fundamentação teórica A distinção entre inventos e produtos industriais que incorporam inovações tecnológicas é necessária para perceber que inovações resultam do equacionamento, ponderação e negociação numa intricada rede social, econômica e técnica, visando a respostas que satisfaçam a problemas previamente identificados. Enquanto as inovações envolvem processos coletivos de tomada de decisões, as invenções são processos individuais nem sempre interessados no retorno financeiro (Medeiros, 2004). A inovação é algo novo que agrega valor social ou riqueza, está além de um produto novo. Algo de inovador pode estar por trás de tecnologias novas, novos processos operacionais, novas práticas mercadológicas, pequenas mudanças, adaptações, ou seja,

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novidades que gerem um ganho para quem as pôs em prática, ou em termos econômicos, que gere lucro. Tidd (2008) comenta que a inovação pressupõe ainda um processo, quase uma cronologia que envolve conhecimento, informação e criatividade. Ao longo do tempo um conjunto de inovações promovem alterações radicais nos produtos e processos utilizados socialmente. Com isso, Quintella (2000) aponta que as inovações modificam radicalmente a cultura organizacional, a cultura de uma nação e dos grupos humanos. Em Barbieri (1997) apud Pereira (1998), na área produtiva, inovação significa o estabelecimento de novidades materializadas através dos produtos, processos e serviços, tanto os novos como os modificados. Inovação tecnológica pode ser vista também como um processo realizado por uma empresa para introduzir produtos e processos que incorporem novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas. Sobre esta definição, é adicionado o conceito ambiental, onde só se caracteriza como uma verdadeira inovação tecnológica aqueles processos que levem em conta a introdução de técnicas e conceitos que estejam de acordo com os preceitos do desenvolvimento sustentável, obviamente quando existe a necessidade de tal inclusão.

4. Tipos de Inovação A inovação algumas vezes envolve uma mudança completamente nova ou profundamente alterada. Geralmente ela ocorre de forma incremental, Tidd (2008). Os produtos raramente são novos; a inovação é basicamente centrada na otimização ou na eliminação de “pragas do sistema”. Barbieri (1997), por sua vez, classifica as inovações como: a) novo processo produtivo ou alteração no processo existente, são alterações com o objetivo de reduzir custos, melhorar a qualidade ou aumentar a capacidade de produção; b) modificações no produto existente ou a substituição de um modelo por outro, que cumpra a mesma finalidade básica, acrescidas de outras complementares; c) introdução de novos produtos integrados verticalmente aos existentes, ou seja, fabricados a partir de um processo produtivo comum; d) introdução de novos produtos que exigem novas tecnologias para a empresa. Os projetos de desenvolvimento de produtos são definidos por Amaral (2006) nos seguintes tipos: a) projetos radicais ou breakthrough: envolvem significativas modificações no projeto do produto ou do processo existente, podendo criar uma nova categoria de produtos para a empresa; b) projetos plataforma ou próxima geração: representam alterações significativas no projeto do produto e/ou do processo, com a introdução de um novo sistema de soluções para o cliente, que pode ser a próxima geração de um produto existente; c) projetos incrementais ou derivados: envolvem projetos que criam produtos e processos que são derivados, híbridos ou com pequenas modificações em relação aos projetos já existentes. Amaral (2006) apresenta uma segunda classificação de projetos de desenvolvimento, dependendo do escopo da nova tecnologia ou de velocidade e mudança de plataforma. É baseada em quatro tipos: 1) novo projeto: é desenvolvida uma nova plataforma tecnológica; 2) transferência de tecnologia simultânea: um novo projeto utiliza a plataforma de um projetobase, antes que o desenvolvimento deste tenha sido concluído; 3) transferência de tecnologia sequencial: um novo projeto utiliza a plataforma de um projeto base, que já encontra-se em fase de produção; 4) Modificação de projeto: não há transferência de tecnologia ou de plataforma de um projeto para outro; o projeto é modificado, mas sem que haja mudança na plataforma. Tidd (2008) define a inovação em quatro tipos: 1) Inovação de produto: mudanças em produtos/serviços que uma empresa oferece; 2) Inovação de processo: mudanças na forma em 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

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que os produtos/serviços são criados e entregues; 3) Inovação de posição: mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos; 4) Inovação de paradigma: mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz.                                                                                 Pahl e Beitz (1999) apud Medeiros (2004), informa que o projeto pode ser: a) o projeto original envolve a elaboração de uma solução nova; pode gerar uma inovação radical por modificar significativamente o que existia em termos de produto ou processo; b) o projeto adaptativo envolve a adequação de princípios de solução já conhecidos, incorporando a eles melhorias incrementais. A ênfase é sobre questões de forma, desempenho, produção e material; c) o projeto rotineiro exige mudanças de tamanho ou rearranjo no produto que agregue melhorias ao existente. Apresenta mudanças de materiais ou componentes do produto, alterações morfológicas que reduzem custos de fabricação, distribuição, estoque e descarte. As inovações radicais possuem mais material na literatura especializada, embora inovações adaptativas e incrementais sejam de grande importância para a indústria e economia do país, pois provocam mudanças em conceitos de uso, fabricação e comercialização de produtos. 5. Gestão da Inovação Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o desenvolvimento de produtos se concentra nas adaptações e melhorias de produtos existentes. Novos produtos tendem a ser concebidos e projetados quase exclusivamente nos países desenvolvidos e são difundidos via transferência internacional de tecnologia. O Brasil se dedica à adequação do produto e do projeto às condições do mercado local, à estrutura de fornecedores existentes e aos processos de produção disponíveis. Amaral (2006) explica que para gerar superávits nas contas do Brasil, o país necessita exportar produtos de maior valor agregado, e não matérias-primas e produtos semiprocessados. Para tal alteração de postura internacional econômica, é necessário maior capacitação e esforço de desenvolvimento de produto, para dispor ao mercado local produtos brasileiros com padrões equivalentes aos importados, e proporcionar ao país a exportação de produtos de padrão internacional. Para isso é essencial que ocorram melhorias na qualificação do corpo técnico e gerencial das empresas em gestão do Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP). Quanto à Estratégia de negócios, muitas empresas de postura tradicional no mercado, a inovação pode parecer desnecessária, colocando em risco os seus negócios. Para solucionar este impasse, deve-se estabelecer uma política de inovação para a empresa, questionando as possibilidades de inovação mais adequada, que Baxter (1998) identifica do seguinte modo: i) introduzir produtos econômicos, simplificando e cortando os custos de produção; ii) deslocarse para um mercado mais sofisticado, mudando o estilo dos produtos e com o uso de materiais mais nobres; iii) redesenhar a linha de produtos existentes, no sentido de prolongar a vida dos mesmos e reduzir os custos. As estratégias de inovação são classificadas em quatro tipos, conforme Baxter (1998): a) Estratégias ofensivas: adotadas pelas empresas que desejam manter liderança no mercado; dependem de investimentos pesados em pesquisa e desenvolvimento para introduzir inovações radicais ou incrementais em seus produtos; b) Estratégias Defensivas: usadas pelas empresas que querem seguir as empresas líderes; deixam que outras empresas arquem com custos maiores de desenvolvimento; esse tipo de estratégia depende da rapidez com que as empresas conseguem absorver as inovações lançadas por outras e introduzir melhorias naqueles produtos pioneiros; c) Estratégias Tradicionais: adotadas por empresas que atuam 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

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em mercados estáveis, com uma linha de produtos estáticos, onde existe pouca ou nenhuma demanda de mercado para mudanças; as inovações são pouco relevantes, limitando-se a mudanças mínimas no produto para reduzir custos, facilitar a produção ou aumentar a confiabilidade do produto; d) Estratégias Dependentes: adotadas por empresas que não tem autonomia para lançar seus próprios produtos, pois dependem de suas matrizes ou de seus clientes para a introdução de inovações; as inovações geralmente se limitam às melhorias de processo. A inovação está associada a uma gama de conhecimentos que são arranjados em uma dada configuração, e não somente a uma tecnologia ou mercado. O êxito na Gestão da Inovação (GI) depende da capacidade de mobilizar e utilizar o conhecimento sobre “componentes”, mas também sobre como podem ser combinados – o que é denominado “arquitetura” de uma inovação. Com isso, Tidd (2008, p.62) sugere três questões fundamentais para a GI: como estruturar o processo de inovação adequadamente; como desenvolver padrões de comportamento eficazes (rotinas) que definam como se opera diariamente; como adaptar ou desenvolver processos paralelos para lidar com os diferentes desafios de inovação descontínua ou de “condição estável”. 6. Produtos Inovadores A ideia de incentivar as invenções mediante a concessão do monopólio de uso – a patente – surgiu na República de Veneza, em 1477, segundo relatos de Macedo (2000). Tal prática foi retomada após um século e meio pelo Estatuto dos Monopólios e difunda pela Europa até a América no fim do século XVIII. No decorrer do século XIX inúmeros países tinham suas leis nacionais de patentes, sendo o Brasil, em 1830, o primeiro dos países em desenvolvimento a conceder proteção patentária às invenções. A patente pode ser conceituada, inicialmente, tendo por base os princípios do “Contrato Social” de Rousseau, como um acordo entre o inventor e a sociedade. O Estado concede o monopólio de invenção, isto é, a sua propriedade inerentemente caracterizada pelo uso exclusivo de um novo processo produtivo ou a fabricação de um produto novo vigente por um determinado prazo temporal e, em troca, o inventor divulga a sua invenção, permitindo à sociedade o livre acesso ao conhecimento desta (MACEDO, 2000, p.18).

Um aspecto importante que contribui para o desenvolvimento industrial é a condição obrigatória de que o produto ou processo seja industrializável. Barbosa detalha que qualquer invenção de produto/processo, deve ter ose seguintes requisitos: a) Novidade: o produto ou processo deve ser novo, a invenção não pode ter sido divulgada num prazo superior a 12 meses, contados retroativamente a partir da data do pedido de patente, nem ser decorrente de processos naturais; b) Passo inventivo: deve situar o produto ou processo, para o qual se requer a patente além do “estado da técnica” atualmente conhecido; a invenção necessita representar um progresso não óbvio ao atual estado da técnica; c) Aplicação industrial: o produto ou processo deve ser industrializável, ser útil para o consumo e para o processo de produção. Embora a ciência e tecnologia tenham objetivos e metodologias diferentes, há um vínculo histórico e lógico entre ambas que se evidencia a partir do século XIX nos primórdios do processo de apropriação do conhecimento científico pelo tecnológico, como explica Macedo (2000). Muitos cientistas que contribuíram para o avanço da ciência também produziram significativas invenções, como Isaac Newton inventando o telescópio refletor, Kelvin 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

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patenteando o galvanômetro de espelho, Louis Pasteur obtendo as patentes para os processos de fabricação de cerveja e levedura e, Alfred Nobel desenvolvendo a dinamite. No século XX, trabalho científico e técnico interagem e são encontrados cientistas como inventores nos documentos de patentes, tais como Einstein, Hahn, Milikan, Soddy, Ziegler, Boyer, Cohen, Gilbert, Leder, Millstein, etc.. Antonio Carlos Souza de Abrantes, técnico do INPI, informa que dados de 2004 da Organização Mundial da Propriedade Industrial mostram que o número de depósitos de patentes de residentes no Brasil é de apenas 21 para cada milhão de habitantes, contra 2.884 do Japão, 2.189 da Coréia e 645 dos Estados Unidos, em Nítolo. O Brasil, de modo geral, tem se mostrado um fraco investidor em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Somos portanto um país que, para sobreviver tecnologicamente, ou seja, material e culturalmente, necessita criar sua própria tecnologia, de acordo com suas potencialidades naturais, em nível de matérias-primas e humanas, em nível de knowhow (REDIG, 1983, p.62).

Atualmente, existe uma capacidade de geração de inovações muito rápida e com isso, se adotou uma tática de reduzir o tempo de vida útil de um produto, lidando deste modo com a introdução sistemática de novos produtos, como diz Quintella (2005). A tarefa torna-se mais árdua quando se percebe que a vida média dos produtos do mercado está cada vez mais curta, como indica Baxter (1998). O redesign ou o desenvolvimento continuado de produtos ocorre quando: há declínio do mercado de atuação do produto; surgem novas tecnologias, materiais e processos; desenvolvem novas formas de funcionamento – do mecânico para o eletrônico; a miniaturização de componentes; facilitadores de uso do produto; mudanças em padrões estéticos e formais; ou ainda, mudanças das necessidades dos usuários. Lobach (2001, p.115) afirma que o projeto mais requisitado para os desenhistas industriais é a adaptação de produtos obsoletos a condições atuais, “já que em uma sociedade industrial tão desenvolvida é quase impossível lançar um produto totalmente novo”. A diversificação de desenvolvimento de novos produtos nas empresas pode ocorrer em expansão no sentido horizontal, ou seja, criar novos produtos dentro da mesma linha de produção da empresa, buscando o aumento da oferta ao mercado, ou ainda buscar novas versões a partir dos modelos já existentes, ampliando ainda a sua abordagem a diferentes nichos sociais.

7. Análise Lingüística Diassincrônica de Produtos Inovadores Na Análise Linguística diacrônica, são apresentados alguns artefatos que foram criados a partir do século XIX, e por parâmetros como fabricação serial, adequação à estética industrial e emprego de tecnologia são caracterizados como produto industrial e passíveis de patenteamento. Para tal seleção (tabela 1) foram considerados produtos inovadores, a partir do que cita Barbosa (1996), qualquer invenção de produto ou de processo, deve ser nova, envolver um passo inventivo e ser passível de aplicação industrial. Tabela 1 – Produtos Inovadores Criado por Isaac Merrit Singer, modelo em ferro, revolucionou a moda ao Máquina de instaurar tamanhos-padrão e o sistema de linha de montagem para costura Singer vestimentas, mudando também costumes. O desenho da Singer permitiu a (1851) adaptação da agulha curvada pela reta, mudando a forma de penetração da

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linha no tecido. Inventado por Alexander Graham Bell, os primeiros modelos de telefone Telefone (1876) eram fixos na parede. Consistia em um fonógrafo cilíndrico foi desenvolvido por Thomas Gramofone Edison. Captava vibrações de um cilindro através de uma agulha ligada a (1878) uma corneta amplificadora. Escova de Eram objetos caros, feitos de ossos e cerdas que possuíam comprimento dentes (1900) menor do que as atuais. Criado por Peter Behrens para a AEG, era feito de ferro e latão. Sua Ventilador de característica é a função estética, por trabalhar com espaços vazios e mesa (1908) efeitos de transparência. O televisor era constituído de metal e baquelita, com a tela posicionada à Televisor (1926) direita. Criado por George Blaisdell para Zippo Manufacturing Company. O nome Isqueiro Zippo é uma homenagem à inovação popular da época, o zíper. Durante a (1933) Segunda Guerra Mundial, a adoção dos isqueiros pelos militares americanos difundiu-o pelo mundo. Escova dentes Modelo radical em relação à original, que dispensa a escovação manual. elétrica (1940) Inventado pelos laboratórios Bell, foi das inovações mais notáveis no Transistor campo dos equipamentos eletrônicos. Feitos de silicone e ligado a corrente (1947) elétrica de baixa voltagem, eram usados em artigos como rádios, televisores e toca-discos, substituindo a válvula eletrônica. Com design da Décolletage Plastique Design Team, era extremamente Caneta funcional, durável e descartável. A forma sextavada do corpo foi esferográfica Bic desenhado para impedir o rolamento da caneta. De uso facilitado devido a (1950) transparência que permite controlar a quantidade de tinta. Criado por Ole Kirk Christiansen. A maior virtude do brinquedo é a Lego Bricks (1953) simplicidade dos blocos de plástico colorido, sem recursos excessivos. Criado por Hans Gugelot para a Kodak. Ilustra funcionalidade, desprezo Projetor de pelo ornamento e exaltação aos aspectos mecânicos. A única função era Slides Carousel projetar imagens, sem nenhum tipo de proteção nos slides. O objetivo era (1963) melhor observar a operação da máquina. Concebido por Jack Kirby, da Texas Instrument. Com o desenvolvimento Microchip (1970) do microchip, os componentes eletrônicos reduziram de dimensões. Computador O primeiro Computador Pessoal (PC) foi desenvolvido pela IBM. Pessoal (1970) Walkman Sony Criado por Notuboshi Kihara, o Walkman é um aparelho portátil (1979) miniaturizado que permite ouvir música em qualquer lugar. Compact Disc Revolucionou a indústria da música. A informação é gravada digitalmente, (1982) como uma série de números, e lida por um raio laser. Criado por Gunpel Yokoi para Nintendo. A tela do console possuía quatro GameBoy (1989) tonalidades de cinza, o que redefiniu o conceito de game portátil. Feito de plástico, vidro e componentes eletrônicos. Os espremedores anteriores eram compostos de duas peças de cerâmica Espremedor que comprimiam as frutas para extrair o sumo. O espremedor Juicy Salif Juicy Salif de alumínio criado por Phillippe Starck para Alessi, apresenta mais uma (1990) estrutura simbólica do que funcional.

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Rádio Freeplay (1995)

Ipod (2001)

Criado por Trevor Baylis, consiste em um rádio mecânico que gera sua própria energia. Lançado pelo fabricante BayGen, o modelo é utilizado atualmente na África. Criado por Jonathan Ive e Apple Design Group, de tecnologia inovadora, revolucionou o mercado de tocadores de música portátil e se tornou um objeto de sofisticação. Possui um menu circular de 5cm de diâmetro, acionado com o dedo polegar e acessa músicas, fotos e vídeos. Feito de plástico e componentes eletrônicos.

8. Considerações finais Este trabalho desde a sua concepção tem como proposta original conhecer a produção dos artefatos industriais, precisamente, e a produção nacional ao longo de nossa história. Durante o processo de pesquisa, aos poucos ficou claro que a nossa produção enquanto Desenho Industrial pouco se destaca nacionalmente. No Brasil, estamos limitados a copiar tecnologia ou adaptar às necessidades, pouco se investindo em desenvolvimento tecnológico e inovação. Ou ainda, faz-se Design, termo este amplamente utilizado em território nacional e facilmente confundido com o real argumento do Desenho Industrial. No Brasil vem-se adotando o termo design para expressar a área de conhecimento do domínio do desenho industrial ou, em inglês, o termo industrial design. Os desenhistas industriais brasileiros costumam chamar-se designers, para expressar os profissionais que atuam no domínio de ergonomia, expressão e estética do produto. No Brasil, (...) adotam-se os termos projetar e projetista para expressar a atividade e o profissional que desenvolve produtos industriais (BACK et al., 2008, p.5).

Como sugestões para futuros trabalhos, é proposto o desenho de artefato inovador englobando o ciclo de vida total do produto, relevando as questões ambientais, e conceber produtos pensando em Projeto Integrado de Produtos, valendo-se desde o planejamento, concepção, modelagem, descarte e reutilização do mesmo, em conjunto com profissionais de outras áreas. Assim como uma postura mais ativa do desenhista industrial frente às necessidades e deficiências sociais, econômicas, tecnológicas e ecológicas nacionais, através da compreensão das necessidades de desenvolvimento de produtos inovadores para o mercado brasileiro com a finalidade de obter alavanco tecnológico e econômico.

Referências AMARAL, Daniel [et all]. Gestão de Desenvolvimento de Produtos: uma referência para a melhoria do projeto. São Paulo: Saraiva, 2006. BARBOSA, Maria de Fátima De O. ABC da propriedade industrial: patentes, desenho industrial e marcas. 2. ed. Rio de Janeiro: CNI / DAMPI, 1996. BAXTER, Mike. Projeto de Produto: guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1998. BRITO, Andréia Bordini de. Ampliação do vocabulário em desenho industrial: considerações para o projeto de produto. 2004. 123p. Dissertação (Mestrado em

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Engenharia de Produção) - Faculdade de Engenharia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2004. CALVETE, Cássio da Silva. Caminhos e obstáculos à industrialização brasileira: do início do século XX até os dias atuais. Análise, v.14, n.1, p. 105-123, 2003. LOBACH, Bernd. Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. MEDEIROS, Ligia. Desenhística: a ciência da arte de projetar desenhando. Santa Maria: sCHDs Editora, 2004. PEREIRA, Mauricio Fernandes; CUNHA, Myriam Siqueira da. Qualidade ambiental e inovação tecnológica. Revista de Ciências da Administração, n.0, p. 61, ago 1998. QUINTELLA, Heitor M. Gestão total do produto: inovação, estratégia e gestão do produto. Rio de Janeiro: Tama, 2000. 136 p. REDIG, Joaquim. Sentido do Design. Rio de Janeiro: Imprinta, 1983. _____________. Sobre Desenho Industrial: Desenho de Produto de Comunicação Visual. Porto Alegre: Editora UniRitter, 2001. TIDD, Joe. Gestão da Inovação. Porto Alegre: Bookman, 2008.

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