Produção de morangueiro na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

July 4, 2017 | Autor: Ana Paula Cecatto | Categoria: Horticulture, Strawberry
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Produção de morangueiro na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Ana Paula Cecatto(1), Edson Eduardo Becker(2), Claudinei Marcio Schmidt(3), Francine Busanello(4) (1)

Professora do Curso de Agronomia; Sociedade Educacional Três de Maio - SETREM; Três de Maio, RS; E- mail: [email protected]; (2) Engenheiro Agrônomo; Produtor Rural de Santa Rita, Alto Paraná – Paraguai, E-mail: [email protected]; (3) Professor do Curso de Agronomia; SETREM, E-mail: [email protected]; (4) Engenheira Agrônoma; Cooperativa de Técnicos do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, E-mail: [email protected] .

Resumo: O morango tornou-se um dos frutos mais apreciados e valorizados no mundo por ser amplamente utilizado na indústria alimentícia e como matéria-prima na indústria de cosméticos, aromas e fragrâncias. O objetivo geral do trabalho é avaliar a produção de frutos de morangueiro, das cultivares de dias curtos Camarosa e Camino Real, em sistema de túnel baixo. O experimento foi realizado no período de 01 de março de 2013 a 31 de dezembro de 2013, na área experimental de horticultura do campus da Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM. O delineamento utilizado foi o em blocos casualizados, com 4 repetições, com arranjo em parcelas subdivididas no tempo (épocas de colheita expresso em dias após o transplante). Cada linha da parcela foi constituída por 17 mudas, espaçadas 0,3 m x 0,3 m, totalizando 51 plantas por parcela. Todas as plantas foram consideradas nas avaliações. Determinou-se, semanalmente, o número e massa fresca de frutos total, comerciais e deformados. Os resultados foram submetidos à análise de regressão. Para ambas as cultivares os atributos de rendimentos apresentaram comportamento quadrático. O pico produtivo das cultivares Camarosa e Camino Real ocorre aos 183 e 189 dias após o transplante, respectivamente, onde há maior número de frutos produzidos. A cultivar Camino Real mostrou-se a cultivar mais adaptada às condições de Três de Maio/RS, apresentando maior produtividade. Termos de indexação: Camarosa, Camino Real, túnel baixo. INTRODUÇÃO O morango é considerado um fruto de grande apelo junto ao mercado consumidor e sua produção encontra-se em crescente expansão, devido as suas peculiaridades, como sua coloração, aroma, sabor e versatilidade na culinária e gastronomia (Santos & Medeiros, 2003). Desta forma, os frutos de morangueiro são altamente demandados para consumo in natura quanto para processamento industrial. A produção nacional de frutos girava, em 2007, em torno de 3 mil toneladas, porém observa-se um crescente avanço, devido às condições naturais favoráveis para o cultivo e pela produção em quase todos os meses do ano (Antunes & Reisser Júnior, 2007). Os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul são responsáveis por 40, 25 e 15%, respectivamente, de toda a fruta produzida no Brasil (Reisser Júnior et al., 2010). O Rio Grande do Sul tem uma área ocupada de 385,6 hectares, concentrados no Vale do Rio Caí, que é a principal região produtora de morangos de mesa, seguido de Caxias do Sul e Farroupilha, enquanto Pelotas e municípios vizinhos, se destacam também na produção de morango para indústria (Santos & Medeiros, 2003). A região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul é considerada uma região inapta ao cultivo do morangueiro, conforme zoneamento agroclimático realizado pela Embrapa Clima Temperado. Entretanto seu cultivo, na região, apresenta-se como uma alternativa de diversificação da produção agrícola, pois há produtores investindo na cultura. No entanto, há uma série de desafios para que a cultura se torne uma oportunidade lucrativa e competitiva para os produtores rurais desta região. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a produção de frutos de morangueiro de cultivares de dias curtos, Camarosa e Camino Real, em sistema de túnel baixo na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de 01 de março de 2013 a 31 de dezembro de 2013, na área experimental de horticultura do campus da Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM, localizado no município de Três de Maio (RS), Brasil, cujas coordenadas geográficas são: latitude 27°47,07'87" S, longitude 54°14,55'66" WO e altitude média de 343 metros. O solo foi preparado em abril de 2013, com a preparação dos canteiros. Os quais foram preparados com 26 m de comprimento, 1,25 m de largura e 0,25 m de altura, com espaçamento entre

esses de 0,30 m. Os canteiros foram dispostos no sentido sudeste a noroeste, permitindo a saída da água por meio do desnível existente na área. Para irrigação e fertirrigação, utilizou-se de sistema localizado por gotejamento, com gotejadores espaçados a cada 20 cm. Foram instaladas três linhas de gotejadores por canteiro, espaçadas 30 cm entre as linhas. A adubação de base foi realizada conforme a interpretação da análise de solo, ajustando-se a adubação conforme a necessidade da cultura. A aplicação dos fertilizantes foi realizada via fertirrigação, seguindo-se o programa nutricional da YARA BRASIL 2008/2 para cultura do morango. A fertirrigação foi realizada uma vez por semana, pela parte da manhã. Em maio colocou-se o mulching de polietileno dupla face (branco e preto), com 25 micras e 1,60 m de largura, deixando-se a área preta em contato com o solo. Os túneis utilizados consistiam-se de ferro galvanizado de 5 mm de espessura, com altura de 0,8m e distância entre arcos de 2,0 m. O plástico utilizado foi o polietileno de baixa densidade (PEBP), de 100 micras e aditivo anti-UV. As mudas foram previamente classificadas segundo Santos & Medeiros (2003) de acordo com o diâmetro da coroa. Mudas grandes apresentam diâmetro superior a 8 mm, mudas médias, possuem diâmetro entre 6 a 8 mm e a muda pequena, possuem diâmetro entre 4 a 6 mm. Para não haver influência no rendimento das parcelas, estabeleceu- se o critério de utilização de 33 % de mudas grandes, 34% de mudas médias e 33% de mudas pequenas. Também se realizou a poda do sistema radicial. O transplante das mudas de morangueiro de dias curto ocorreu na segunda quinzena de maio de 2013. Cada linha da parcela foi constituída por 17 mudas, espaçadas 0,3 m x 0,3 m. Os tratamentos consistiram em duas cultivares de morangueiro de dias curtos, Camarosa e Camino Real oriundas do viveiro Patagônio Agrícola S.A (Argentina) e as épocas de colheitas, expressas em DAT. Como delineamento empregou-se o em blocos casualizados, com quatro repetições, arranjados em subparcelas, usando como unidades experimentais as duas cultivares de morangueiro. Na parcela principal foram consideradas as cultivares e na subparcela a época de colheita (DAT). Cada parcela foi constituída por 51 plantas, sendo consideradas todas as plantas nas avaliações. Análises de rendimento foram realizadas semanalmente durante o período de cultivo. Determinouse o número e a massa fresca de frutos total, comercial e deformados. Como frutos comerciais consideraram-se frutos com mais de 6 g, desprovidos de injúrias, doenças e deformações. Os resultados foram submetidos à análise de variância. A significância das diferenças entre as médias foi avaliada pelo teste de regressão a 5 % de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Efeitos positivos foram encontrados para os atributos de rendimento: número de frutos total, comercial e deformados, massa fresca de frutos totais, comerciais e deformados em função da época de colheita (Figura 1). Em todos os atributos avaliados, ambas cultivares apresentaram comportamento quadrático, assim como no estudo de Cecatto et al. (2013). Para a cultivar Camino Real, nas condições de cultivo descritas, há um crescimento do número e na massa fresca de frutos até os 189 DAT, o que corresponde a segunda quinzena de novembro. Após esse período, a produção começa a reduzir. Observou-se que do transplante até os 183 DAT, a produção foi de 7.490 g e 486 frutos. No entanto, a cultivar Camarosa, tem produção acentuada de frutos até 178 DAT, o que corresponde ao final do mês de outubro, produzindo 6.431 g de frutos. Esses resultados, contrapõem o estudo realizado por Cecatto et al. (2013), os quais observaram que quando cultivado em sistema de cultivo convencional, em solo, a cultivar Camino Real apresenta pico produtivo em dezembro e a cultivar Camarosa em novembro. A produção de frutos classificados como comerciais, na cultivar Camino Real, se estende até os 185 DAT, enquanto que na cultivar Camarosa esse período vai até os 177 DAT. Em relação a produção total de frutos, durante o ciclo produtivo, 47% da produção de frutos oriundos da cultivar Camino Real são classificados como comerciais, enquanto que apenas 28% dos frutos da cultivar Camarosa podem ser classificados como tal. Com a proximidade do verão e do aumento das temperaturas, há maior incidência e frutos deformados, em virtude, principalmente, da dificuldade de polinização. Observa-se que a incidência de frutos com algum tipo de deformação cresce ao longo do ciclo da cultura, acompanhando o aumento das temperaturas. Os picos de produção para as cultivares Camino Real e Camarosa foram aos 195 e 186 DAT, respectivamente. Aproximadamente 39% dos frutos produzidos pela cultivar Camino Real são classificados como sendo deformados, não podendo ser empregados para a venda in natura. Já 67% dos frutos da cultivar Camarosa estão desclassificados para a venda in natura. Os resultados observados para os morangueiros de dias curtos confirmam a literatura, que relata que, à medida que aumenta a temperatura e o fotoperíodo, há decréscimo da produção de frutos e aumento do desenvolvimento dos estolões (Duarte Filho et al.,1999; Branzanti, 1989). Dessa forma, pode-se observar claramente a superioridade produtiva da cultivar Camino Real frente a cultivar Camarosa nesse sistema de cultivo na região estudada. CONCLUSÕES

O cultivo do morangueiro na região Noroeste do estado do RioGrande do Sul sob túneis baixos é viável. A cultivar Camino Real mostrou-se a cultivar mais adaptada às condições de Três de Maio/RS, apresentando maior rendimento. REFERÊNCIAS ANTUNES, L. E. C.; REISSER JR, C. Produção de morangos. Jornal da Fruta, Lajes, v. 15, n. 191, p. 22–24, 2007. BRANZANTI E. C. La fresa. Madri: Mundiprensa. 1989. 386 p. CECATTO, A. P.; CALVETE, E. O.; NIENOW, A. A. et al. Culture systems in the production and quality of strawberry cultivars. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 35, n.4, p. 471-478, 2013. DUARTE FILHO, J.; CUNHA, R.J.P.; ALVARENGA, D.A.; et al. Aspectos do florescimento e técnicas empregadas objetivando a produção precoce em morangueiros. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 20, n. 198, p. 30 - 35, 1999. REISSER-JÚNIOR, C.; VIZZOTTO, M.; BARBIERI, R. L. et al. Palestras e resumos. V Simpósio Nacional do Morango e IV Encontro Sobre Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul. Embrapa Clima Temperado: Pelotas, 2010. 216 p. SANTOS, A. M.; MEDEIROS, A. R. M. Morango: produção. Embrapa Clima Temperado (Pelotas). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. Frutas do Brasil, v. 40, p. 9-11, 2003.

Figura 1: Número de frutos (NF) (A), massa fresca de frutos (MFF) (B), número de frutos comerciais (NFC) (C), massa fresca de frutos comerciais (MFFC) (D), número de frutos deformados (E), massa fresca de frutos deformados (F), de duas cultivares de dias curtos produzidas sob túneis baixos, em função da época de colheita (DAT). SETREM, 2014.

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