Produção orgânica de linhagens de tomate cereja tolerantes ao calor

September 26, 2017 | Autor: Ana Carolina Castro. | Categoria: Fruit Quality
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Produção orgânica de linhagens de tomate cereja tolerantes ao calor. Cândido Alves da Costa1; Regynaldo Arruda Sampaio1; Ernane Ronie Martins¹; André Costa da Silva1, Cléber da Mota Pereira2, Silma Leite Rocha1, Ana Carolina Ribeiro de Castro1; Fabrício Leonardo Alves Ribeiro1, Filipe Pereira Giardini Bonfim1 1

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UFMG - Cx. Postal 135 - CEP 39.404-006 - Montes Claros, MG; IMA – Av. João Teixeira Filho, 169, Jaíba

- MG - CEP 39.508-000. [email protected]; [email protected].

RESUMO O objetivo do presente trabalho foi o de avaliar o desempenho produtivo de linhagens de tomate cereja tolerantes ao calor sob o sistema orgânico de produção. O experimento foi realizado no Núcleo de Ciências Agrárias da UFMG, Montes Claros - MG. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados com onze tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram de onze linhagens de tomate do tipo cereja tolerantes ao calor obtidos na Asian Vegetable Research and Development Center, China: CLN1561A, CLN1555C, CLN1555B, CLN1555A, CLN1558B, CLN1558A, CH151, CH152, CH154, CH157, CH155. Houve uma relação inversa entre o peso médio dos frutos e o número de frutos produzidos por planta. As linhagens CLN1561A, CLN1558B, CLN1558A, CH152 e CH157, seja pelo maior número de frutos produzidos ou pelo maior peso médio dos frutos obtidos, foram superiores as demais linhagens, apresentando potencial para pesquisas de melhoramento genético e cultivo em sistemas orgânicos de produção em condições de temperatura mais elevada. Palavras-chave: Licopersicon esculetum, produção, qualidade de frutos. ABSTRACT – Organic yield of heat tolerance cherry tomato lines. An experiment was carried out to evaluate the yield of heat tolerance cherry tomato lines grown under organic system in the Núcleo de Ciências Agrárias da UFMG, Montes Claros - MG (Brazil). The experimental design was a randomized complete block with eleven treatments and four replications. The treatments had consisted of eleven heat tolerance cherry tomato lines gotten in the Asian Vegetable Research and Development Center, China: CLN1561A, CLN1555C, CLN1555B, CLN155A, CLN1558B, CLN155A, CH151, CH152, CH154, CH157, CH155. There was an inverse relation enter the average weight of the fruits and the number of fruits produced for plant.

CLN1561A, CLN1558B,

CLN155A, CH152 and CH157 lines was bigger on number of produced fruits and average weight of the fruits, presenting potential for research of genetic improvement and crops in organic systems of production in heat condition. Keywords: Licopersicon esculetum, yield, fruits quality.

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INTRODUÇÃO O tomateiro é considerado a segunda hortaliça de importância econômica no Brasil, sendo em função disso, explorado nas mais diversas regiões. No entanto, para que os rendimentos sejam ótimos, esta cultura tem requerimentos específicos quanto às condições climáticas. Em localidades baixas e quentes, sob altitudes inferiores a 400 m, as melhores produções são obtidas no outono-inverno, onde a temperatura é mais baixa (Makishima e Miranda, 1995). Fora dessa época as condições climáticas são consideradas adversas ao cultivo do tomateiro, uma vez que favorece, entre outros, o desenvolvimento de pragas e doenças (Souza e Rezende, 2003), induzindo o uso intensivo e sistemático de agrotóxicos na cultura. O desenvolvimento de variedades de tomate tolerantes ao calor poderia contribuir não apenas para ampliar o período de cultivo e incorporar novas regiões de exploração, mas também para a seleção de genótipos para cultivo em sistemas orgânicos de produção. Apesar do tomate orgânico ser considerado uma boa oportunidade de investimento para o produtor

(Tamiso,

2005),

não

existem

recomendações

técnicas

ou

genótipos

desenvolvidos para esse sistema, nem mesmo nas regiões tradicionais de cultivo. Dentre as cultivares de tomate, tem sido crescente a demanda pela variedade Cereja, mini-tomate de grande aceitação pelo consumidor. Tal variedade tem despertado grande interesse aos agricultores devido aos valores compensadores (Trani et al., 2003). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho produtivo de linhagens de tomate cereja tolerantes ao calor sob o sistema orgânico de produção em Montes Claros MG. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de junho a outubro de 2004, na Universidade Federal de Minas Gerais campus regional de Montes Claros. O cultivo foi realizado em ARGISSOLO

VERMELHO-AMARELO

no

delineamento

experimental

em

blocos

casualizados, com onze tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram de onze linhagens de tomate do tipo cereja tolerantes ao calor obtidos na Asian Vegetable Research and Development Center, China: CLN1561A, CLN1555C, CLN1555B, CLN1555A, CLN1558B, CLN1558A, CH151, CH152, CH154, CH157, CH155. Cada parcela foi composta por nove plantas, espaçadas em 1,0 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas. Antes do transplante das mudas foi feita uma aplicação de composto orgânico (50 t ha.-1) e farinha de osso calcinada (1,9 t ha.-1). Ao longo do ciclo da cultura foram feitas três

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pulverizações foliares de biofertilizante à base de leite bovino cru + cinza vegetal + esterco bovino + água. As plantas foram irrigadas por microaspersão. Foram avaliadas as seguintes características: Número médio de frutos por cacho, número médio de cachos por planta, número médio de frutos por planta, peso médio dos frutos, produtividade média de frutos, pH e sólidos solúveis totais das diferentes linhagens de tomate estudadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme se observa na tabela 1, as diferentes linhagens de tomate cereja tolerantes ao calor, quando cultivadas em sistema orgânico, apresentaram variação em relação às características produtivas e de qualidade dos frutos. As linhagens do grupo CH apresentaram maior número de frutos por cacho, maior número de cachos por planta e maior número de frutos por planta, porém, com menor peso médio dos frutos, quando comparadas às linhagens do grupo CLN. Houve uma relação inversa entre o peso médio dos frutos e o número de frutos produzidos por planta. As maiores produtividades de frutos foram obtidas com as linhagens CLN1561A, CLN1558B, CLN1558A, CH152 e CH157. A produtividade total destas linhagens foi inferior à obtida por Trani et al. (2003), entretanto, o peso médio dos frutos do grupo CLN foi, em geral, superior aos encontrados por estes mesmos autores. De acordo com Stertz et al. (2005), o tomate cereja cultivado em sistema orgânico, em razão da maior riqueza do solo em substâncias orgânicas, maior retenção de água do solo e teores equilibrados de potássio e fósforo, apresenta maior massa e volume quando comparado ao tomate cultivado em sistema hidropônico e convencional. Em relação à qualidade dos frutos, apenas a linhagem CLN1561A apresentou pH diferenciado quando comparada às demais linhagens. De todo modo, os valores de pH dos frutos de todas as linhagens estão abaixo de 4,5, valor abaixo do qual os frutos de tomate são classificados como ácidos por Gould (1974). O baixo pH em fruto de tomate é importante para o seu processamento, uma vez que reduz o risco de crescimento de bactérias. Além disso, a acidez mais elevada está relacionada a um melhor aroma e sabor do fruto (Panagiotopoulos e Fordham, 1995). As linhagens CLN1561A, CLN1555C, CLN1555A, CH154 e CH157 apresentaram maior percentagem de sólidos solúveis totais em relação às demais linhagens. Diante do exposto, conclui-se que as linhagens CLN1561A, CLN1558B, CLN1558A, CH152 e CH157, seja pelo maior número de frutos produzidos ou pelo maior peso médio dos frutos obtidos, foram superiores as demais linhagens, sendo recomendadas para pesquisas de melhoramento genético e cultivo em sistemas orgânicos de produção em condições de temperatura mais elevada. 3

AGRADECIMENTOS Ao Dr. L. M. Engle do Asian Vegetable Research and Development Center - AVRDC, Taiwan, China, pelas sementes das linhagens utilizadas neste estudo. LITERATURA CITADA GOULD, W.A. Tomato production, processing and quality evaluation. Westport: The AVI Publishing Company, 1974. 445p. MIKISHIMA, N.; MIRANDA, J.E.C. O cultivo do tomate (Lycopersicon esculentum Mill.). Instruções Técnicas do CNPHortaliças, junho, 1995. 22p. PANAGIOTOPOULOS, L.J.; FORDHAM, R. Effects of water stress and potassium fertilization on yield and quality (flavour) of table tomatoes (Lycopersicon esculentum Mill.). Acta Horticulturae, v.379, p.113-120, 1995. SOUZA, J.L.; RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgânica. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. 564 p. STERTZ, S.C; ESPÍRITO SANTO, A.P. do; BONA, C.; FREITAS, R.J.S. de. Comparative morphological analysis of cherry tomato fruits from three cropping systems. Scientae Agricola, v.62, n.3, p.296-298, 2005. TAMISO, L.G. Desempenho de cultivares de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) sob sistemas orgânicos em cultivo protegido. Botucatu, 2005. 86p. Tese (Doutorado) – ESALQ/USP. TRANI, P.E.; PASSOS, F.A.; MELO, A.M.T.; RIBEIRO, I.J.A. Avaliação da produtividade e qualidade comercial de quatro Genótipos de tomate do tipo “cereja”. In: Workshop Tomate na Unicamp: Pesquisas e tendências, Campinas, 2003. Tabela 1 – Número médio de frutos por cacho (NFC), número médio de cachos por planta (NCP), número médio de frutos por planta (NFP), peso médio dos frutos (PMF), produtividade média de frutos, pH e sólidos solúveis totais (SST) das diferentes linhagens de tomate estudadas. Montes Claros, MG, NCA-UFMG, 2004. Linhagem CLN1561A CLN1555C CLN1555B CLN1555A CLN1558B CLN1558A CH151 CH152 CH154 CH157 CH155

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NFC 5,33c 4,72c 6,23c 4,79c 7,47b 6,72c 7,30b 11,19a 7,73b 9,48a 9,10a

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NCP 11,00b 21,32a 7,58b 6,63b 17,83a 17,50a 26,79a 20,38a 29,71a 31,99a 24,95a

NFP 58,66b 109,40b 54,62b 33,39b 134,65b 121,65b 198,64a 249,21a 243,83a 304,29a 248,51a

PMF (g) 20,81a 10,16b 11,33b 17,35a 11,71b 9,89b 4,68c 6,35c 2,92c 4,01c 5,75c

PT (t/ha) 27,13a 17,78b 12,27b 13,07b 33,29a 22,56a 19,65b 27,58a 15,36b 26,38a 21,04b

pH 3,10b 4,24a 4,00a 4,21a 3,97a 3,96a 3,84a 3,91a 4,12a 4,03a 3,79a

SST (%) 4,34a 4,51a 3,73b 4,43a 4,01b 4,11b 4,09b 3,76b 4,95a 4,27a 4,18b

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Para análise de variância e teste de médias os dados foram transformados para x . Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste Scott-Knott.

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