Programa do Curso de \"Leituras e Escritas Etnográficas\", para graduação em Ciências Sociais, UFRGS, 2015/2

July 5, 2017 | Autor: Patrice Schuch | Categoria: Ethnography
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de Antropologia Disciplina: HUM05045– Leituras e Escritas Etnográficas, turma U Semestre: 02/2015 Carga Horária: Teórica: 60 horas; Prática: 30 horas Professora: Patrice Schuch ([email protected]); Estagiários Docentes: Deissy C. Perilla Daza ([email protected]), Jorge Holanda ([email protected]) e Liziane Gonçalves de Matos ([email protected]) Objetivos: A disciplina visa desenvolver um espaço de problematização e de exercício do fazer etnográfico, entendido como uma atividade inventiva que implica reflexões sobre a epistemologia, método e condições variadas de produção de teorias e dados em Antropologia. Dada a centralidade da etnografia no modo de produção da Antropologia, o curso focaliza as experiências e os desafios da produção etnográfica através da leitura de etnografias clássicas e contemporâneas, focando-se na discussão de questões tais como: o texto e os estilos etnográficos; a autoria e a autoridade antropológica; o trabalho de campo e a escrita antropológica; a refuncionalização e ressignificação da etnografia em contextos variados de produção. A disciplina parte do pressuposto da importância da reversibilidade da etnografia para a formação de conhecimento em antropologia e entende relacionalmente o processo de pesquisa e a produção de teorias e dados antropológicos. Nesse sentido, a disciplina objetiva também exercitar de forma contínua a produção e a experimentação de/com artefatos antropológicos variados, tais como a descrição etnográfica em seus variados estilos, focos e contextos; o diário de campo; a produção de monografias; etc. Tópicos Programáticos: 1) Antropologia e Ficção 2) Etnografias e seus Modos de Escrita e Leitura: experimentações, tensões e redimensionamentos; 3) Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Antropológico Sistemática das Aulas: Para carga horária teórica: aulas expositivas dialogadas, seminários com apresentação e discussão de textos, crítica textual; reflexões orientadas por interrogações sobre o texto; Para a carga horária prática: observações e descrições etnográficas; crítica textual; produção de textos com diferentes estilos narrativos; produção de diário de campo e outros artefatos da produção antropológica. Avaliação: Os alunos receberão conceitos A (ótimo), B (muito bom), C (regular), D (insuficiente) ou FF (falta de frequência), de acordo com seu desempenho em cada uma das seguintes atividades: 1) Participação em aula e apresentação de seminários sobre os textos do programa de ensino (30%); 2) Entrega dos exercícios solicitados ao longo do semestre (70%); Os critérios para avaliação da participação nas atividades propostas serão: correção, capacidade argumentativa, bom uso da literatura antropológica e criatividade na produção de experimentações estilísticas, assim como na formação de questões acerca dos desafios e possibilidade do fazer etnográfico. Atividades de Recuperação Previstas: uma prova individual, sem consulta, sobre as problemáticas tratadas na disciplina. O aluno que ficar em recuperação terá como conceito final, no máximo, C. Conteúdo: 1. Apresentação da disciplina (05/08) Apoio: DELEUZE, Gilles (1990). “Carta a um Crítico Severo”. In: Conversações. SP. Ed. 34, 2007, p. 11-22. DELEUZE, Gilles (1993). “A Literatura e a Vida”. In: Crítica e Clínica. SP, Editora 34, 1997, p.11-16. BLOCO I: Antropologia e Ficção 2. Antropologia e Ficção: aula aberta com Gabriel Noel (UNSAM) (12/08) NOEL, Gabriel. “La Caída de Anakin Skywalker: de la Tentación a la Profecía” (mimeo). Buenos Aires, 2015 (favor não divulgar ou citar o texto, ainda em produção). 3. Imaginação, Ficção e Realidade (19/08) Seminário de Apresentação, pelos estagiários docentes, dos seguintes trabalhos: Sociabilidade no Consumo Imagético: HOLANDA, Jorge. Sofrimentos Explícitos: subjetividade bizarreira e as imagens de horror real. Monografia de conclusão de curso de Ciências Sociais. Fortaleza, UFC, 2004.

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Fronteiras entre Etnografia e Ficção: FASSIN, Didier. “True life, real lives: revisiting the boundaries between ethnography and fiction”. American Anthropologist, 2014, v. 41, n. 1, pp. 40-55. Histórias em Quadrinhos: SPIELGEMAN, Art. MAUS. A História de um Sobrevivente. Vol. 1. RJ, Editora Brasiliense, 1987. Apoio: STRATHERN, Marilyn. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia. São Paulo: Terceiro Nome, 2013, p.27-85. 4. 26/08 – Não haverá aula presencia. Atividade: EXERCÍCIO 1: A SER FEITO EM CASA, EM GRUPO DE, NO MÁXIMO, 4 PESSOAS, A SER ENTREGUE EM 02/09: Produzir um texto de, no máximo, 5 páginas em espaço 1,5, letra times new roman, que apresente uma das seguintes possibilidades: a) a análise antropológica de uma temática de sua livre escolha (gênero, agência, política, religião, ciência, etc) a partir do estudo de uma narrativa ficcional fílmica, literária ou musical; b) o entrecruzamento entre imaginação, ficção e realidade. Apoio: CAPRANZANO, Vicent. “A Cena: lançando sombra sobre o real”. In: Mana, 11 (2), 2005, p. 357-383. KUNDERA, Milan (1986). “Primeira Parte: a herança depreciada de Cervantes”. In: A Arte do Romance. SP, Companhia das Letras, 2009. Exemplos: a) MALUF, Sonia. “Corporalidade e desejo: tudo sobre minha mãe e o gênero na margem”. In: Revista Estudos 5. O Mundo da Vida1/2002,p. e suas Afetações Feministas, 142-153.(02/09) INGOLD, Tim. Caminhando com dragões: em “Ficção direção eaoetnografia: lado selvagem. In: STEIL, C.; CARVALHO, I. C. M. (Org.) Cultura, b) MORAES, Anita Martins Rodrigues. o problema da representação em Os papéis do inglês, Percepção ede Ambiente: diálogos com Tim Ingold. Paulo, Nome, 2012. In: Via Atlântica. SP, n. 21, julho de 2012, p. Ruy Duarte de Carvalho, e NoveSão noites, deTerceiro Bernardo Carvalho”. 155-172. GOLDMAN, Márcio. “Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, c) Bahia”. In: Revista de Antropologia. Vol. 46, n. 2. SP, USP, 2003, p. 445-476. SAADA, Favret. “Ser afetado”. In: Caderno de Campo, n.13, 2005, p. 155-161.

Apoio: INGOLD, Tim. “That’s Enough About Ethnography!”. In: Hau: Journal of Ethnographic Theory. 4 (1), 2014, 383–395 (texto traduzido em português como: Chega de Etnografia!, PUCRS).

BLOCO II: Etnografias e seus Modos de Escrita e Leitura: experimentações, tensões e redimensionamentos 6. Comparando dois “Clássicos”: Malinowski e Geertz (09/09) GEERTZ, Clifford. “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galos Balinesa”. In: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1989, p. 278-321. MALINOWSKI, Bronislaw. (1926) Crime e Costume na Sociedade Selvagem. Brasília, Editora da UNB, 2003 (Parte I), 1-56. Discussão crítica sobre o exercício 1. Apoio: CLIFFORD, James. “Sobre a automodelagem etnográfica: Conrad e Malinowski”. In: A Experiência Etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1998, p. 100-131. CONRAD, Joseph (1902). Coração das Trevas. SP, Companhia das Letras, 2008. GEERTZ, Clifford. (1988). “Estar lá: a antropologia e o cenário da escrita”. In: Obras e Vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2002, p. 11-39.

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7. O Surrealismo Etnográfico e as Etnografias Surrealistas (16/09) EXERCÍCIO 2: EM TRIOS, A SER ENTREGUE E APRESENTADO EM AULA: Produzir um artefato etnográfico surrealista, no sentido evocado por James Clifford (máximo 3 páginas). A justaposição de cenas/cenários/personagens pode ser realizada pelo aluno(a) a partir de trechos de literatura, filme, música, instalações, etc, de modo a compor sua produção. Tempo de apresentação em aula: 10 min. Apoio: CLIFFORD, James. “Sobre o Surrealismo Etnográfico”. In: A Experiência Etnográfica. Antropologia e Literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999, p. 121-162.

8. A Autoridade etnográfica em foco: as etnografias experienciais, interpretativas, dialógicas, polifônicas e os dilemas da etnografia “em casa” (23/09) – Seminário de Apresentação de Textos CLIFFORD, James. “Sobre a autoridade etnográfica”. In: A Experiência Etnográfica. Antropologia e Literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999, p. 17-62. FONSECA, Claudia. “O Anonimato e o Texto Etnográfico: dilemas éticos e políticos da etnografia ‘em casa’”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010b, p. 205-226. SCHUCH, Patrice. “Antropologia com Grupos Up, Ética e Pesquisa”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 29-48. Apoio: CALDEIRA, Teresa. "Uma incursão pelo lado 'não respeitável' da pesquisa de campo". Ciências Sociais Hoje, 1. Trabalho e cultura no Brasil. Recife, Brasília, CNPq ANPOCS, 1981. CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. "A presença do autor e a pós-modernidade em Antropologia". In: Novos Estudos do CEBRAP. n 21, julho 1988.

9. Etnografia, Intersubjetividade, Experimentação (30/09) – Não haverá aula presencial EXERCÍCIO 3: Escolha um trecho da etnografia de Hélio Silva ou Loïc Wacquant, de sua livre escolha, e comente à luz da questão: como produzir teorias antropológicas em ação? (máximo 5 páginas, times new roman, espaço 1,5) – ENTREGA E APRESENTAÇÃO NA AULA DE 07/10– Trabalho em duplas; Tempo de apresentação em aula: 10 min. SILVA, Hélio. Travesti. A Invenção do Feminino. RJ, Relume Dumará, 1993. WACQUANT, Loïc. Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro, Relume- Dumará, 2002.

10. Apresentação e discussão do Exercício 3 (07/10). 11. Etnografias de uma Vida: Taso, Esperanza e Catarina e (14/10) - Seminário de Apresentação de Textos BEHAR, Ruth. “Prólogo: Víbora que Habla”. In: Cuéntame Algo Aunque Sea una Mentira: las Historias del la Comadre Esperanza. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 2009. BIEHL, João. “A vida cotidiana das palavras: a história de Catarina”. Cadernos da APPOA. Porto Alegre, nº 140, 2005, p. 1429. MINTZ, Sidney. “Encontrando Tasso, me descobrindo”. In: DADOS - Revista de Ciências Sociais, vol. 27, nº1, 1984, Pp. 45 – 59.

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12. A Etnografia de Rua (24/10): caminhada etnográfica pela manhã de sábado, em local a ser definido. EXERCÍCIO 4: Produzir um texto coletivo a respeito da caminhada etnográfica (Finalização do texto em: 24/11) + Produzir um diário de campo da caminhada etnográfica, a ser discutido na aula 14 (máximo 3 páginas). Apoio: ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza. Etnografia de rua e câmera na mão. Revista Eletrônica Studium. http://www.studium.ar.unicamp.br/oito/2.htm?= FOUCAULT, Michel. “O que é um Autor?!”. In: Ditos e Escritos. Estética. Literatura e pintura, música e cinema (Vol. III). RJ, Forense universitária, 2001, p. 264-298. SILVA, Hélio. “A Situação Etnográfica. Olhar e Ver”. In: Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, ano 15, n. 32, p. 171-188, jul./dez. 2009.

13. Escrita do Texto sobre Caminhada Etnográfica (28/10) – Não haverá aula presencial. 14. Diário de Campo (04/11) EXERCÍCIO 5: Trazer à aula o diário de campo da caminhada etnográfica e, se desejar, também algum outro trecho de diário de sua pesquisa. (máximo de 3 páginas). BONETTI, Aline e FLEISCHER, Soraya. “Diário de Campo: (sempre) um experimento etnográfico-literário?”. In: BONETTI, Aline e FLEISCHER, Soraya (Orgs). Saias Justas e Jogos de Cintura. Ilha de SC, Editora Mulheres/EDUNISC, 2007, p. 9-40. Apoio: BONETTI, Aline. “O Rei está Nú! O Diário de Campo Cru e a Exposição das Etnografias”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 165-176. FONTANARI, Ivan Paolo de F. “Nú, em Público: o diário de campo fora de lugar”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 145-156. MALINOWSKI, Bronislaw (1967). Um diário no Sentido Estrito do Termo. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1997.

Bloco III: Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Antropológico 15. Antropologia e seus Espelhos: problematizações (11/11) - Seminário de Apresentação de Textos DA SILVA, Vagner Gonçalves et alli. A Antropologia e Seus Espelhos. SP. USP, 1994. DA SILVA, Vagner Gonlçalves.”Política das Citações: outras academias, outros escritos”, “Construindo Textos, Tecendo Tradições”, “Etnografias Domésticas”, “Das Folhas ao Mel Proibido de Oxóssi”, “Escudos e Fugas: na contramão da representação” e “O Antropólogo e sua Magia”. In: O Antropólogo e sua Magia. SP, Ed. da USP, 2000, 140-184. GORDON, Cesar. “Prefácio: a bola dentro da tora” e HIPARIDI TOP’TIRO. Auwê Xavante. “Uma Outra Apresentação: pesquisador e pesquisado”. In: VIANNA, Fernando de Luiz Brito. Boleiros do Cerrado. Índios Xavantes e o Futebol. SP, Annablume/FAPESP?ISA, 2008, p. 9-14 e 15-16. 16. A Etnografia em Colaboração (18/11) – Seminário de Apresentação de Textos SOARES, Luis Eduardo; MV Bill e ATHAYDE, Celso. Cabeça de Porco. Ed. Objetiva, 2005 (partes selecionadas). ALBERT, Bruce e KOPENAWA, Davi. A Queda do Céu. Palavras de um Xamã Yanomami. Companhia das Letras, 2015 (partes selecionadas). Apoio: RAPPAPORT, Joanne - Más Allá de la Escritura: la epistemología de la antropología en colaboración. In: Revista Colombiana de Antropología. Vol. 43. 2007, p. 197-229.

17. Análise do Texto Final da Caminhada Etnográfica (25/11) 18. Prova de Recuperação (09/12)

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