Programa do Curso \"Teorias Antropológicas II\", para a pós-graduação em Antropologia Social, UFRGS, 2015/1

July 6, 2017 | Autor: Patrice Schuch | Categoria: Social and Cultural Anthropology
Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL ANP25: Teorias Antropológicas II Professora: Patrice Schuch Horário: Quartas-feiras, das 14:00h às 18:00h 1º Semestre 2015 4 Créditos

“Uma teoria é como uma caixa de ferramentas. Nada tem a ver com o significante... É preciso que sirva, é preciso que funcione. E não para si mesma. Se não há pessoas para utilizá-la, a começar pelo próprio teórico que deixa então de ser teórico, é que ela não vale nada ou que o momento ainda não chegou. Não se refaz uma teoria, fazem-se outras; há outras a serem feitas. É curioso que seja um autor que é considerado um puro intelectual, Proust, que o tenha dito tão claramente: tratem meus livros como óculos dirigidos para fora e se eles não lhes servem, consigam outros, encontrem vocês mesmos seu instrumento, que é forçosamente um instrumento de combate. A teoria não totaliza; a teoria se multiplica e multiplica. É o poder que por natureza opera totalizações e você diz exatamente que a teoria por natureza é contra o poder. Desde que uma teoria penetra em determinado ponto, ela se choca com a impossibilidade de ter a menor conseqüência prática sem que se produza uma explosão, se necessário em um ponto totalmente diferente” (Gilles Deleuze, Os Intelectuais e o Poder, Conversa entre Michel Foucault e Gilles Deleuze, 1972).

Ementa: Apresentação do debate teórico e metodológico atual da antropologia. Análise das transformações na construção do conhecimento antropológico. Exame de novas óticas sobre questões clássicas do pensamento antropológico. Análise da produção antropológica em diferentes contextos geográficos e nacionais. Identificação de questões, recursos analíticos e repertórios conceituais no debate antropológico atual. Objetivos: Oferecer uma incursão nos principais debates e reconfigurações metodológicoconceituais referentes à produção do conhecimento antropológico nas quatro últimas décadas. Proporcionar elementos teóricos para o discernimento de algumas das perspectivas mais relevantes do campo antropológico. Discutir questões atuais sobre as práticas e políticas da antropologia, com ênfase nas formas de produção da etnografia e da teoria antropológica e seus contextos de realização e circulação. Possibilitar aos alunos o aprofundamento e atualização de temas clássicos do pensamento antropológico. Avaliação: A avaliação constará dos seguintes itens: 1) uma prova escrita na 10a sessão (40% da nota); 2) Entrega das fichas das leituras obrigatórias para cada aula, apresentação de seminários e participação em aula (30% da nota); 3) uma prova escrita na 15a (30%). Método de Trabalho: Apresentação oral dos temas, leituras dos textos, elaboração de fichas de leitura, e discussões em sala de aula e organização em grupo de seminários temáticos. Conteúdo Programático: O programa está centrado em quatro eixos articuladores: BLOCO 1: Revisões e Debates; BLOCO 2: Os Debates sobre Cultura; BLOCO 3: O Conceito de Sociedade: críticas e novas propostas; BLOCO 4: Antropologia, suas Práticas e Políticas

1

BLOCO 1: Revisões e Debates 1a. Sessão: Apresentação do Programa e Discussão da Bibliografia 2a. Sessão: Balanços e Novas Propostas ASAD, Talal. Introduction. In: Talal Asad (org.). Anthropology and the Colonial Encounter. New York, Humanities, 1973, p. 9-19. FABIAN, Johannes. O tempo e o outro emergente. In: _____. O tempo e o outro: como a antropologia estabelece seu objeto. Petrópolis: Vozes, 2013 [1983], p.39-70. ORTNER, Sherry. Teoria e Antropologia desde os Anos 60. In: Mana. 17(2), 2011 (1984), p. 419-

466. Leituras Complementares: MUNN, Nancy. The cultural anthropology of time: a critical essay. Annual Review Anthropological, v. 21,1992, p. 93-123. ORTNER, Sherry. Uma atualização da Teoria da Prática e Poder e Projetos: reflexões sobre a agência. In: GROSSI, Miriam; ECKERT, Cornelia; FRY, Peter. Conferências e diálogos: saberes e práticas antropológicas. Blumenau: Nova Letra/ABA, 2007, p.19-80. BLOCO 2: Os Debates sobre Cultura 3a. Sessão: A Cultura na Berlinda TROUILLOT, Michel-Rolph. Adieu, Culture: A new duty arises. In: _____. Global Transformations: anthropology and the Modern World. New York: Palgrave, 2003, p.97-116. ABU-LUGHOD, Lila. Writing against Culture. In: FOX, R. (ed.) Recapturing Anthropology. Santa Fe: School of American Research, 1991, p.137-162. Leituras Complementares: BOGGS, James P. The Culture Concept as Theory in Context. Current Anthropology, v.45, n.2, 2004, p.187-209. OVERING, Joanna. Culture. In: RAPPORT, Nigel e OVERING, Joanna. Social & Cultural Anthropology: The key concepts. Londres: Routledge, 2000, p.92-102. 4a. Sessão: A Cultura como Criatividade WAGNER, Roy. A presunção da cultura e A cultura como criatividade. In: _____. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.27-72. CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In: _____. Cultura com aspas. São Paulo: Cosac Naify, p.311-373. Leituras Complementares: SAHLINS, Marshall. Dos o tres cosas que sé acerca del concepto de cultura. Revista Colombiana de Antropología, v.37, 2001, p.290-327 [The Journal of the Royal Anthropological Institute, v.5, n.3, 1999, p.399-421].

2

SAHLINS, Marshall. “O ‘pessimismo sentimental’ e a experiência etnográfica: porque a cultura não é um ‘objeto’ em via de extinção” (Parte I). In: Mana, vol. 3, n° 1, 1997. STRATHERN, Marilyn. The nice thing about culture is that everyone has it. In: _____. Shifting Contexts: Transformations in anthropological knowledge. Londres: Routledge, 1995, p.153-176. WAGNER, Roy. “Are There Social Groups in the New Guinea Highlands?”. In: Murray J. Leaf (Ed). Frontiers of Anthropology: an introduction to Anthropological thinking. New York, D. Van Nostrand Company, 1974. (tradução: “Existem grupos sociais nas terras altas da Nova Guiné?”. In: Cadernos de Campo, 2010). 5a. Sessão: Mais Além da Natureza e Cultura DESCOLA, Philippe. La gran division. In: ______. Más allá de naturaleza y cultura. Buenos Aires: Amorrortu, 2012 [2005], p.102-144. HARAWAY, Donna. Simians, Cyborgs and Women: the reinvention of nature. New York, Routlegde, 1991. VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena. In: _____. A inconstância da alma selvagem: e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002, p.347-399. BLOCO 3: O Conceito de Sociedade: críticas e novas propostas 6a. Sessão: A Sociedade é um Conceito Teoricamente Obsoleto? INGOLD, Tim; STRATHERN, Marilyn; e outros. The concept of society is theoretically obsolete: debate. In: INGOLD, T. (org.). Key Debates in Anthropology. Londres: Routledge, 1996, p.46-98. BARTH, Fredrik. Towards greater naturalism in conceptualizing Adam. Conceptualizing society. Londres: Routledge, 1992, p.17-33.

society.

In:

KUPER,

Leituras Complementares: VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O conceito de sociedade em antropologia. In: _____. A inconstância da alma selvagem: e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002, p.297316. 7ª Sessão: Antropologia Simétrica LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994 – partes selecionadas. LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-Rede. Salvador: Edufba; Bauru: Edusc, 2012 [2005], p.41-69, 205-249, 351-372. 8ª Sessão: Relações e Socialidades STRATHERN, Marilyn. The Gender of the Gift. Problems with women and problems with society in Melanesia. Berkeley, University of California Press, 1988 – partes selecionadas. STRATHERN, Marilyn. Parts and Wholes: refiguring relationships in a Postplural World. In: KUPER, Adam (ed.). Conceptualizing Society. London: Routledge, 1992, p.75–103.

3

STRATHERN, Marilyn. “Cutting the Network”. The Journal of the Royal Anthropological Institute. Vol 2. No. 3, set. 1996, 517-535. (tradução em PontoUrbe). 9ª Sessão: As Malhas no Mundo da Vida INGOLD, Tim. The perception of the environment: essays in livelihood. London: Routledge, 2000, p.1360. INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, v.18, n.37, 2012, p.25-44 . INGOLD, Tim. That’s Enough About Ethnography!. In: Hau: Journal of Ethnographic Teory. 4 (1), 2014, 383–395. Leituras Complementares: BATESON, Gregory. Form, substance and difference. In: _____. Steps to an ecology of mind. Chicago/London: The University of Chicago Press, 2000 [1972], p.454-471. VELHO, Otávio. De Bateson a Ingold: passos na constituição de um paradigma ecológico. Mana, v.7, n.2, 2001, p.133-140. STEIL, Carlos Alberto; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura . Epistemologias ecológicas: delimitando um conceito. Mana (UFRJ. Impresso) , v. 20, p. 163-183, 2014. 10a. Sessão: PROVA BLOCO 4: Antropologia, suas Práticas e Políticas 11ª. Sessão: Etnografia e seus Contextos e Ficções ABU-LUGHOD, Lila. Locating Ethnography. In: Ethnography. 1(2), 2000, p. 261-267. STRATHERN, Marilyn. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia (seguido de comentários e resposta). São Paulo: Terceiro Nome, 2013, p.27-85 [Current Anthropology, v.28, n.3, 1987, p.251-281]. ENGLUND, Harri; LEACH, James. Ethnography and the meta-narratives for modernity. Current Anthropology, v.41, n.2, 2001, p.225-248. Leituras Complementares: BRUNER, Edward M. Ethnography as narrative. In: TURNER, Victor W.; BRUNER, Edward M. (eds.). The Anthropology of experience. Urbana; Chicago: University of Illinois Press, 1986, p.139-155. CERTEAU, Michel de. “Etno-grafia. A oralidade ou o espaço do outro: Léry. In: _____. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1992, p.211-242. FISCHER, Michael M. J.. Etnografia renovável: seixos etnográficos e labirintos no caminho da teoria. Horizontes Antropológicos, v.15, n.32, 2009, p.23-52. PEIRANO, Mariza A favor da etnografia. In: ____. A favor da etnografia. Rio de Janeiro: RelumeDumara, 1995, p.31-58.

4

12a. Sessão: Cenários e Problemas Pós-Coloniais BHABHA, Homi. DissemiNação: o tempo, a narrativa e as margens da nação moderna. In: ____. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998, p.198-238. COMAROFF, Jean; COMAROFF, John. Ethnography on an Awkward Scale: Postcolonial Anthropology and the Violence of Abstraction. Ethnography, v.147, n.4, 2003, p.147-179. FANON, Frantz. Da Violência no Contexto Internacional. In: Os Condenados da Terra. RJ, Editora Civilização Brasileira, 1979, p. 75-85. SAID, Edward. Cultura e Imperialismo. SP, Companhia das Letras, 1995 (cap 1). Leituras Complementares: ASAD, Talal. Two European Images of Non-European Rule. In: ASAD, Talal (Org.) Anthropology and the Colonial Encounter. Humanity Books, 1995, p. 103-118. SAID, Edward. Orientalismo. O Oriente como Invenção do Ocidente. SP, Companhia das Letras, 1990. 13a. Sessão: Perspectivas da Subalternidade BAHRI, Deepika. Feminismo e/no Pós-Colonialismo. In: Revista Estudos Feministas. Vol. 21, n. 2, maio/agosto de 2013 (2004), p. 659-688. GRUPO LATINO AMERICANO DE ESTUDIOS SUBALTERNOS. Manifesto Inaugural. In: CASTROGOMEZ, Santiago e MENDIETA, Eduardo (Org). Teorìas sin Disicplina (Latinoamericanismo, poscolonialidad y globalización em debate). México, Miguel AngelPurrua, 1996. SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Can the Subaltern Speak? In: NELSON, Cary; GROSSBERG, Larry (Ed). Marxism and the Interpretation of Culture. Urbana, University o Illinois Press, 1988, p. 271-313. 14a. Sessão: Colonialidade do Poder, Decolonidade e Antropologias Mundiais MIGNOLO, Walter. Desobediência Epistêmica: retórica de la modernidade. Lógica de la Colonialidad y Gramática de la Descolonialidad. Buenos Aires, Ediciones del Signo, 2010. (partes selecionadas). RIBEIRO, Gustavo Lins e ESCOBAR, Arturo (Org). Antropologias Mundiais. Transformações da Disciplina em Sistemas de Poder. Brasília, Editora da UnB/Letras Livres, 2012 (partes selecionadas). 15ª Sessão: PROVA

5

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.