PROJETO “ADULTERAÇÃO DE ALIMENTOS: O CASO DO LEITE” DESENVOLVIDO EM UMA ESCOLA

June 23, 2017 | Autor: Eliezer Alvesmartins | Categoria: Aulas Praticas Experimentais
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XIII Encontro Sobre Investigação na Escola A potencialidade da escrita, da leitura e da interação dialógica na formação de professores

PROJETO “ADULTERAÇÃO DE ALIMENTOS: O CASO DO LEITE” DESENVOLVIDO EM UMA ESCOLA Karla dos Santos Terra (1), Eliezer Alves (2), Roseli de Oliveira Otesbelgue (3), Tatiani Silva (4), Valesca Augé (5), Débora Tavares Ianeczek (6), Fábio André Sangiogo (7), Bruno Pastoriza (8). (1) [email protected], (2) [email protected], (3) [email protected], (4) [email protected], (5) Valesca,[email protected], (6) [email protected], (7) [email protected], (8) [email protected]. Universidade Federal de Pelotas- UFPel, Instituto Estadual de Educação Assis BrasilIEEAB

Resumo Esse trabalho relata um projeto intitulado: “Adulteração dos alimentos: o caso do leite” desenvolvido, após estudos dos PCN, pelo (PIBID/Química da UFPel), em uma escola estadual e com o intuito de ser desenvolvido a outras escolas estaduais onde o PIBID atua. O tema foi escolhido após várias notícias envolvendo adulteração e contaminação de alimentos que foram mostradas na mídia e, assim, compreendemos que o assunto é importante de estar presente na escola, podendo facilitar o ensino e a aprendizagem de Química. Foram realizados três encontros com atividades centrais: no primeiro apresentamos um vídeo “História da comercialização e industrialização do leite ao longo do tempo”; no segundo, trabalhamos com leitura e interpretação de rótulos de leite; e no terceiro, realizamos a simulação da adulteração do leite, com peróxido de hidrogênio. As considerações finais demonstram a importância da contextualização no ensino básico e das atividades experimentais, de acordo com respostas obtidas pelos estudantes. Palavras-Chave: adulteração do leite, ensino de química, relato de experiência.

Resumen

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Este artículo describe un proyecto titulado: "La adulteración de los alimentos: el caso de la leche", desarrollado por PIBID/Química da UFPel, después de los estudios de los PNC en base a los ejes de destrezas y habilidades. Con el fin de desarrollar a los estudiantes de secundaria en escuelas públicas, donde actúa el PIBID. El tema fue elegido después de varias noticias que implica la adulteración y contaminación de los alimentos, que se muestra en los medios y son parte de nuestra vida diaria y por lo tanto debe estar presente en la escuela, lo que facilita la enseñanza y el aprendizaje como la comprensión de la química. Se celebraron tres reuniones, la primera se presentó un video "Historia de comercialización e industrialización de la leche con el tiempo." En el segundo, se trabaja con la lectura e interpretación de etiquetas de leche. En la tercera, experimentalmente simulado la adulteración de la leche con peróxido de hidrógeno. Las consideraciones finales destacan la importancia de las actividades experimentales en la enseñanza a través de preguntas contestadas por los estudiantes.

Palabras Clave: de la adulteración de la leche, la educación química, contaminación de los alimentos. INTRODUÇÃO Os conhecimentos químicos são apresentados nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) na forma de competências e habilidades em Química (BRASIL, 2000, 2002). Segundo os documentos, a aprendizagem não deve ficar restrita apenas ao conhecimento técnico, mas também deve desenvolver a compreensão do mundo. A contextualização referendada nos PCNs tem um papel principal de formar cidadãos com uma reflexão crítica sobre os acontecimentos do cotidiano social e profissional. Além disso, o processo da construção do conhecimento necessita de um diálogo entre a teoria e a prática, evidenciando um conhecimento que venha ao encontro de uma melhor qualidade de vida. Esse projeto foi desenvolvido em uma escola pública localizada na cidade de Pelotas – RS, com uma turma de 1º ano do Ensino Médio Politécnico durante o Seminário Integrado, no turno da tarde. O projeto foi desenvolvido

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em três encontros com noventa minutos de duração cada, tendo como objetivo contextualizar o ensino de química com acontecimentos do cotidiano do estudante, bem como inserir o acadêmico das licenciaturas no ambiente escolar. Em virtude dos estudos e reflexões realizados nos encontros semanais do PIBID/Química, com objetivo de desenvolver um projeto de ensino que ao mesmo tempo viesse ao encontro com o interesse de estudantes do ensino médio e o aprendizado em Química, chegou-se à conclusão de elaborarmos uma oficina com o título: Adulteração de Alimentos: O caso do Leite, devido o tema ser tão comentado em diferentes meios de comunicação. Além disso, quando estávamos escrevendo o projeto, as notícias sobre adulteração de leite aconteciam a todo instante, sendo mais específicos os acontecimentos em território gaúcho. Isso nos motivou a escrita e a elaboração do projeto, com a finalidade de informar e desenvolver o senso crítico dos estudantes para assuntos importantes do nosso cotidiano. Sendo assim, o projeto procurou contemplar diferentes aspectos que abordam os compostos do leite, como: a química que existe no leite, diferentes sais dissolvidos no leite, gorduras, valor energético, leitura de rótulos e uma prática experimental simulando a adulteração do leite, com vistas a atentar sobre as informações que vivenciamos todos os dias, mas que pouco (ou nada) se reflete no cotidiano. Portanto, a adulteração do leite é um tema atual a ser discutido devido aos acontecimentos constantes na mídia e que tem ocorrido com diferentes nomes de marcas de distribuidores de leite. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS ENCONTROS No primeiro encontro, ao chegarmos na escola, conversamos com a professora titular da turma, e nos dirigimos para a sala de vídeo, onde preparamos um mural com reportagens de diferentes notícias de adulteração de alimentos para o conhecimento dos estudantes (Figura 01), e organizamos o Datashow para apresentação de um vídeo elaborado pelos bolsistas.

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Figura 01: Mural com diferentes notícias sobre a adulteração de alimentos.Fonte: “os autores”.

Assim que a professora chegou com a turma iniciamos o encontro com a apresentação de cada integrante do grupo e relatamos brevemente sobre o projeto PIBID, do que se tratava, quais os objetivos. Na sequência falamos sobre o projeto Adulteração dos alimentos: o caso do leite a ser desenvolvido, como iríamos trabalhar com a turma, quantos encontros seriam e um breve apanhado do mesmo. Dado início ao primeiro encontro, realizamos um levantamento de dados sobre quais informações os estudantes tinham sobre a adulteração do leite, como: se eles já haviam escutado falar sobre adulteração do leite, o meio de comunicação responsável pela notícia, e quais adulterantes foram usados. Estavam presentes 23 estudantes e, destes, 16 estudantes já ouviram falar sobre adulteração e citaram como adulterantes o formol, o amido, e também o caso do Toddynho® que não foi uma adulteração e sim uma contaminação com Hidróxido de Sódio. Os pibidianos explicaram a diferença entre adulteração e contaminação. A maioria dos estudantes citou como meios de informação a televisão. Após essa breve conversa com os estudantes apresentamos um vídeo (com duração de aproximadamente dez minutos) que mostra a industrialização e comercialização do leite ao longo da história. Foram distribuídas folhas de ofícios aos estudantes para que ao longo do vídeo fizessem anotações sobre dúvidas, curiosidades ou algo que chamasse atenção para ser discutido ao final do mesmo.

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Após o vídeo retomamos as anotações realizadas pelos estudantes entre as quais foram: tipos de leite A, B e C; tipos de ordenhas; e datas de acontecimentos, como: a primeira fábrica de leite; as notícias sobre adulterações de leite; as embalagens descartáveis; e o processo de pasteurização do leite. Os pibidianos foram respondendo as questões levantadas pelos estudantes a respeito do vídeo e atendendo ao objetivo principal desse primeiro encontro. Após, houve um questionamento sobre o que acharam do vídeo e as respostas foram: “Muito cansativo, professor”, “Me deu sono”, “Não entendi nada. Foi muito longo”, “Não deu tempo para anotar”. Outros deram a sugestão de diminuir o tempo e colocar uma voz explicando cada conceito que aparecia nos slides da apresentação. No final do encontro, os estudantes se dirigiram até o mural para ler as informações, onde alguns tiraram fotos com o celular. Agradecemos a participação de todos e solicitamos para o próximo encontro que levassem recortes ou embalagens de leite, para analisarmos os rótulos. No segundo encontro estavam presentes 21 estudantes. Foi explicado a respeito dos rótulos de leite, sobre como ler os significados de cada componente presente no leite e a sua concentração em cada copo (200mL = 1 copo), e o valor energético (em KJ) correspondente a cada copo de leite ingerido. Então a turma foi dividida em grupos, onde para cada grupo foi disponibilizado embalagens de leite (Figura 02) e uma folha (xerox) explicando a composição do leite em termos de água, valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, sódio e cálcio. Também se colocou a tabela periódica no quadro, onde perguntávamos a localização de cada elemento químico, a exemplo do sódio (Na) e cálcio (Ca), os grupos e períodos que pertenciam e como eram encontrados na natureza. Cada grupo ficou responsável pela leitura de um item do xerox disponibilizado, mas nem todos queriam ler, pois se sentiram envergonhados. Logo após, a próxima tarefa foi desenvolver com eles os cálculos que corresponderiam às concentrações de cada constituinte do leite. Então começamos a fazer com

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eles a leitura nos rótulos de caixinhas de leite e os de saquinho logo após utilizamos a lousa branca para fazer o cálculo de Concentração Comum e a conversão das unidades por regra de três. Os pibidianos se dividiram para auxiliar os grupos, e pode-se observar que eles participaram muito desse momento da aula. Na atividade eles pareciam gostar de utilizar o caderno para copiar e fazer os cálculos, alguns utilizaram a calculadora e outros os celulares.

Figura 02: Embalagens levadas pelos pibidianos e pelos estudantes da escola.Fonte: “os autores”.

Deixamos claro que não precisam ficar sem beber leite, mas que antes de comprar e ingerir qualquer alimento orientamos quanto à importância da informação contida nos rótulos, bem como a data de validade e, caso tiverem algum problema com alimentos, procurem orientação médica. Como tarefa para o próximo encontro, solicitamos uma pesquisa sobre o significado e a escala de pH, a fim de entenderem qual o valor de pH ideal do leite e qual o valor de um leite adulterado, conhecendo e identificando na escala os valores de pH no meio ácido e básico. No terceiro encontro desenvolvemos um experimento no laboratório da escola, referente a uma simulação de adulteração do leite, participaram 21 estudantes e foram divididos em cinco grupos. Foi exposto no quadro a escala de pH e a reação do experimento realizado. Primeiramente foi retomado, com os grupos a curiosidade do encontro anterior com relação à explicação na tabela periódica sobre a reatividade do sódio metálico (Na(s)). Então, devido à solicitação dos estudantes, demonstramos a reatividade do Na(s) em contato

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com a água, onde foi colocado com uma espátula um pedaço de sódio enrolado num papel, em uma placa de Petri com água para que os alunos observassem a reação acontecer com uma grande liberação de energia. Logo após iniciamos com uma breve explicação sobre a escala de pH e o procedimento da parte experimental sobre o leite. Ao analisar as amostras de leite, primeiramente se usou fitas de pH para verifica se as amostras se encontravam com o mesmo valor de pH e anotar os respectivos valores, para então consultar a escala que foi escrita no quadro negro e saber identificar qual das amostras encontrava-se mais ou menos ácidas. Após, cada grupo recebeu a solução de Iodeto de potássio (KI(aq)) onde foi adicionado cinco gotas, desta solução, em cada uma das duas amostras: uma com e outra sem adulteração (Figura 03). Solicitou-se que os estudantes observassem a mudança de coloração, resultante da reação ocorrida na amostra adulterada, com peróxido de hidrogênio (H2O2(aq)) com o referido nome comercial (água oxigenada). Os Pibidianos auxiliavam nas explicações da reação ocorrida bem como as questões que acompanhavam o roteiro junto à prática experimental.

Figura 03: Material envolvido no experimento. Fonte: “os autores”.

Após o término do terceiro encontro os estudantes responderam a uma ficha de avaliação do Projeto Adulteração dos alimentos: o caso do leite, possibilitando opiniões e sugestões sobre o desenvolvimento do mesmo. Dentre os vinte e três (23) estudantes que responderam a ficha de avaliação do Projeto, vinte (20) marcaram que a atividade que lhes chamou

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mais atenção foi a prática experimental, “porque é interessante”; “interage com o assunto”; “propicia um melhor entendimento”; e é a primeira vez que tiveram contato com o laboratório de ciências da escola, mostrando a importância de explorar outros espaços da escola. Apenas um estudante marcou a atividade mais interessante a dos rótulos: “foi mais legal e a gente é que fez”. Com base na apresentação do projeto, os estudantes responderam como pontos positivos: o aprendizado sobre o leite adulterado e não adulterado; o trabalho em equipe; interessante a leitura e entendimento de rótulos dos alimentos; e a boa explicação e atuação dos pibidianos com a turma. Como pontos negativos alguns destacaram a falta de atenção e colaboração de alguns colegas, acharam poucas aulas práticas. Entre as sugestões apareceram mais aulas práticas e experimentais e a realização de outros projetos na escola. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que a apresentação do tema do Projeto foi satisfatória, visto que a aceitação por parte dos estudantes mostrou-se positiva e o aprendizado (no planejamento e desenvolvimento do Projeto) por parte dos pibidianos foram importantes para a formação como professores de química. Consideramos que o encontro em que assistimos ao vídeo não alcançou nossas expectativas, pois os estudantes acharam cansativo, talvez um dos motivos seja a grande quantidade de informações, e também a música instrumental que eles não aprovaram. Para o desenvolvimento do projeto na próxima escola, neste 1º encontro, o vídeo será assistido em três etapas, com pausa e explicações do assunto. Quanto ao encontro de análise dos rótulos, nosso objetivo foi alcançado, pois os estudantes demonstraram interesse em entender o cálculo de Concentração Comum em g/L de componentes do leite, e pareceram despertar para o hábito de ler o rótulo de alimentos ingeridos. Foi gratificante ver o entusiasmo e a motivação dos estudantes com o experimento, pois

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ficaram responsáveis por manipular e observar os resultados, chegando as suas próprias conclusões. Quanto à participação durante os encontros, os estudantes demonstraram interesse, e pareceu evidente que ao propor situações em que eles saiam da rotina de estudos para participar de atividades diferenciadas, como o experimento no ambiente do laboratório, há possibilidade do desenvolvimento de atividades de ensino que relacionem a teoria e a prática, com um maior entendimento da química em nosso dia a dia. O PIBID, que está inserido nas escolas, tem possibilitado abrir espaços para que os acadêmicos das licenciaturas tenham a oportunidade de conhecer o ambiente escolar e tenham contato com as realidades, rotinas, tempos e espaços de uma escola. Assim, avaliamos que a colaboração entre a escola e a universidade vem possibilitando momentos de aprendizagens tanto para estudantes, como para acadêmicos.

REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares nacionais: Ensino Médio. Parte III Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: MEC, 2000. Dísponivel em: . Acesso 18 Abril 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) - Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Brasília: MEC, 2002. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de orientação aos consumidores Educação para o Consumo Saudável, p. 10-11. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/662e6700474587f39179d53fbc4c6 735/manual_consumidor.pdf?MOD=AJPERES

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