Projeto de revitalização da Praça Mauá de B+ABR

June 13, 2017 | Autor: Francesco Santoro | Categoria: Urban Design, Rio 2016 Olympics, Porto Maravilha
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" Projeto de revitalização da Praça Mauá de B+ABR"

di Francesco Santoro
pubblicato su "AU. Arquitetura e Urbanismo", n.262, 2016

A nova Praça Mauá foi recentemente inaugurada no Rio de Janeiro em Setembro de 2015.
O novo espaço urbano faz parte do projeto do Porto Maravilha, importante operação de revitalização do "waterfront" da cidade carioca em vista das Olimpíadas de 2016.
O projeto foi elaborado pelo escritório de arquitetura carioca BLAC de João Pedro Backheuser em parceria com a filial brasileira do escritório catalão de Alonso Balaguer Riera arquitectes associats.
A praça, situada na confluência entre a Avenida Rio Branco e a Avenida Rodrigues Alves (futuro Boulevard), em correspondência do pier Mauá, ocupa uma área onde estava localizada uma das primeiras instalações portuárias da cidade de Rio de Janeiro.
Originalmente caracterizada como área paludosa situada na base do morro da Conceição, a praça se encontrava em posição proxima ao mercado dos escravos e aos cais do porto.
A área, caracterizada pela presença das armazens do porto e das escolas de samba, ao lado do desembarque dos navios de passageiros e da Marinha Mercante, foi descaracterizado por décadas devido a construção do Elevado da Perimetral no 1950, que determinou a marginalização da área e a sua sucessiva degradação urbana.
A demolição da Via Elevada da Perimetral, ocorrida no 2013, constituiu o primeiro passo no projeto de recuperação urbana da praça, em conjunto com a intervenção bem sucedida do projeto do Museu de Arte Moderna (MAR) do escritório Bernardes Jacobsen (AU n.229, Abril 2013) e da obra do Museu do Amanhã de Santiago Calatrava.
O desenho de "waterfront" urbanos, ocupados por complexas infraestruturas portuárias e interditados à fruição pública, foi um dos temas de intervenção urbana mais debatidos nas últimas décadas, a partir da recuperação da frente marítima de Barcelona em ocasião das Olimpíadas de 1992.
A interveção na cidade catalã do "Moll de la Fusta" de Manuel de Solà-Morales foi o projeto gerador de toda uma série de intervenções que caracterizou os "waterfront" de inúmeras cidades históricas, de Valência a Palermo, de Gênova a Buenos Aires.
Como corretamente observado por Rem Koolhaas e Stefano Boeri na publicação "Mutations/ Multiplicity/ Docks in the city" de 2001, o aumento do tráfego marítimo mudou a relação entre portos e cidades históricas, determinando uma perda da identidade generalizada das áreas mais nobres das cidades e das suas frentes marítimas, ocupadas por viadutos e áreas de armazenamento de containers dos portos comerciais.
A divêrgencia entre as exigências das autoridades portuárias e as prefeituras determinou ao longo dos anos a proliferação de planos de recuperação urbana caracterizados pela deslocalização dos portos comerciais em áreas externas às cidades e a reconversão das frentes históricas para uso turístico e de fruição cultural coletiva.




Em este âmbito se coloca o "masterplan" do Porto Maravilha que, como o projeto do Embarcadero de San Francisco e do porto de Genova de Renzo Piano, previu a demolição do Elevado da Perimetral, verdadeira cesura entre a cidade histórica e o mar.
A demolição da Perimetral e a sucessiva escavação do túnel Rio 450, tem permitido de facto de livrar a frente marítima da infraestrutura viária, abrindo espaço para a circulação do trem de superfície VLT.
A desapropriação da frente do 1° Distrito Naval tem liberado a fruição dos pedestres ao longo de todo o "waterfront" desde a Praça Mauá até o Museu Histórico Nacional, restabelecendo a relação entre a cidade histórica e a Baía.
O espaço da praça, originalmente oprimido e negado pela incumbente infraestrutura viária da Perimetral, se desenvolve como um grande espaço vazio central, entre os edifícios representativos em torno dela, o edifício pós-moderno Rio Branco I no lado sul, o primeiro arranha-céu em concreto armado do Brasil em estilo art deco "A Noite" no lado oeste, o Museu do MAR e o Arsenal da Marinha no lado norte com o terminal dos passageiros, e o recém-inaugurado Museu do Amanhã de Calatrava no lado leste.
A intervenção projetual se configura como uma operação de costura do tecido urbano, ressaltando de forma quase didáscalica os alinhamentos perdidos, e recalibrando a posição dos diferentes elementos urbanos, com a finalidade de restituir uma imagem coerente e respeitosa das estratificações históricas do lugar.
Com a mesma sensibilidade adotada no vizinho Museu de Arte de Rio, a Praça Mauá opera uma releitura atenciosa do novo vazio urbano, relacionando as emergências arquitetônicas que a caracterizam com as travessias de pedestres, colocando as áreas arborizadas em posição periférica e deixando livres os prolongamentos visuais das diferentes artérias que convergem nela.
Emblemática em este sentido é a nova colocação do monumento do Barão de Mauá acima do pedestal circular, ponto focal de encontro e dobradiça de rotação visual e geométrica dos eixos da Avenida Rio Branco e da Promenade arborizada, abrindo o espaço para a linha do trem de superfície que attravessa a praça e reforçando a sinuosidade e a leveza do seu desenho contemporâneo.
O projeto paisagístico, individuando a arborização em três principais áreas no entorno da praça e na oásis central atrás do monumento, acrescenta a diferenciacão entre áreas sombradas de espera, colocadas na frente das entradas dos museus, e áreas abertas em direção à Baía.
O mobiliário dos elegantes bancos de concreto em balanço, projetado por Guto da Índio da Costa, caracteriza unitariamente o desenho da orla do inteiro Porto Maravilha, enquanto a pavimentação em granito com três diferentes tipos de acabamento, serrado, polido e levigado, em vários tamanhos e com sutis diferenciações de nÍveis, define a variedade dos espaços da praça, distintos em áreas de lazer e vias de serviços.
A utilização do mesmo acabamento em granito colocado no acesso do museu do Amanhã permite de estender idealmente as atividades museais ao seu esterno, incorporando o espaço da praça para a fruição pública.
O redesenho da Praça Mauá é resolvido através da comparação atenta do passado e do presente, reinterpretando os elementos históricos e deixando eles livres de se expressar de acordo com as exigências atuais e com as futuras transformações.
Como explicado pelos projetistas, a praça recupera, na abertura dos seus novos espaços, a antiga solenidade e se configura como um ponto de encontro contemporâneo, ocasião de descanso e de contemplação da cidade na frente da Baía, palco de atividades urbanas da renovada frente marítima do centro histórico da cidade carioca.


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