PROJETO DE TCC : VERIFICAÇÃO DE PERDAS NOS PROCESSOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SANTA ROSA

May 29, 2017 | Autor: Joao Paulo Ames | Categoria: Planning, Civil and Construction Engineering, Wasting time
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Descrição do Produto

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ



JOÃO PAULO AMES



VERIFICAÇÃO DE PERDAS NOS PROCESSOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SANTA ROSA








Santa Rosa
2016


JOÃO PAULO AMES





VERIFICAÇÃO DE PERDAS NOS PROCESSOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SANTA ROSA


Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.



Orientadora: Marcelle Engler Bridi


Santa Rosa
2016




















Dedico este trabalho aos meus pais, que nunca mediram esforços para me dar a melhor educação possível, sempre me incentivando e me guiando pelo caminho do bem.

AGRADECIMENTOS
À minha família por acreditar em mim e minha capacidade para perseguir essa profissão. Mãe Clarice, seu carinho e incentivo me deram conforto para eu continuar esta caminhada. Pai Vilson, sua presença na minha vida me aconselhando e me guiando foi de incalculável importância para eu seguir o caminho certo e conseguir concluir este curso.
À Sáskia, minha namorada, que foi o melhor presente que esta faculdade poderia ter me dado, pelo seu amor, carinho e companheirismo. Pela ajuda nos trabalhos e nos estudos das provas mais complicadas!
Gostaria de agradecer a todos os professores que passaram pela minha vida, todos eles foram muito importantes para a minha formação acadêmica, eles não apenas transmitiram seus conhecimentos, mas também me mostraram o gosto pelo aprender.
Agradeço também à minha orientadora Marcelle, que me incentivou para realização deste trabalho, dando-me ideias, proporcionando conhecimento, pacientemente revisando e orientando para a concretização do mesmo.
























Quando o trabalho é prazer, a vida é uma grande alegria. Quando o trabalho é dever, a vida é uma grande escravidão.
Máximo Gorki

RESUMO
AMES, J.P. Verificação de perdas nos processos da construção civil em Santa Rosa. Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2016.
Muito se discute nos últimos anos as inúmeras perdas que ocorrem na construção civil, estas que aumentam os custos e afetam o meio ambiente. O conceito de perda é, frequentemente, ligado à perda de materiais. No entanto, qualquer ineficiência no uso de equipamentos, mão de obra, além de desperdício de materiais, deve ser tratado como perda. Não há estudos sobre o assunto realizados na cidade de Santa Rosa, portanto é objetivo deste trabalho identificar e caracterizar as perdas que ocorrem nas obras na cidade. Para tal, será realizado um estudo observatório em três construtoras na cidade. Paralelamente às observações, será feito um levantamento de campo com os operários e entrevistas com os responsáveis pelos empreendimentos. A partir dos dados coletados objetiva-se obter um panorama da situação na cidade, buscando evidenciar aos gestores medidas para a redução das perdas e consequentemente melhorias nos processos construtivos. Esses valores posteriormente serão comparados com o total produzido, e com o potencial de produção - em concordância com a bibliografia atual - que poderia ocorrer para ter uma melhor dimensão das perdas que ocorrem durante os processos e atividades de conversão.
Palavras-chave: Planejamento. Perdas. Construção Civil.


ABSTRACT
AMES, J.P. Verificação de perdas nos processos da construção civil em Santa Rosa. 2016. Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2016.

There is debate in recent years the numerous wastes that occur in construction sector, those that increase costs and affect the environment. The concept of waste is often associated with the loss of materials. However, any inefficiency in the use of equipment, labor, and material waste should be treated as a waste. No studies on the subject conducted in the city of Santa Rosa, so the goal of this work was to identify and characterize the wastes that occur in the constructions in the city. Thereunto, will be held an observatory study in three construction in the city. In parallel with the observations, a field survey will be done with the workers and interviews with those responsible for the projects. From the data collected, the objective is to obtain an overview of the situation in the city, seeking evidence to show to managers, measures to reduce wastes and therefore improvements in construction processes. These values are then compared with the total production, and the production potential - in accordance with the current literature - what might happen to have a better extent of wastes that occur during the process and conversion activities.
Keywords: Planning. Waste. Civil Construction


LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Exemplos de perdas. 18
Figura 2: Chance de reduzir o custo de falhas do edifício em relação ao tempo 20
Figura 3: Relação do custo mensal do empreendimento pelo tempo 21
Figura 4: Ciclo PDCA 32
Figura 4: Delineamento da pesquisa 35
Figura 5: Cronograma das atividades 36



LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Princípios de Fayol 28
Tabela 2: Definições de qualidade 30



LISTA DE SIGLAS
BDI - Bonificação de Despesas Indiretas
CII - Construction Industry Institute
TQC - Total Quality Contro
PDCAl



Sumário
1 INTRODUÇÃO 13
1.1 CONTEXTO 13
1.2 PROBLEMA 14
1.2.1 Questões de Pesquisa 14
1.2.2 Objetivos de Pesquisa 14
1.3 DELIMITAÇÃO 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16
2.1 CONCEITO DE PERDAS 16
2.1.1 Classificação das perdas 16
2.1.2 Atividades de fluxo e de conversão 18
2.2 INFLUÊNCIA DO PLANEJAMENTO NO CUSTO DA OBRA 19
2.2.1 Planejamento 19
2.2.2 Qualidade no projeto 21
2.2.3 Orçamento 22
2.2.4 Controle e tomada de decisões 23
2.2.5 Índice de perdas 23
2.3 DA ORIGEM AOS MÉTODOS CONTEPORÂNEOS DE ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................................24
2.3.1 A escola da eficiência 25
2.3.1.1 Taylorismo 26
2.3.1.2 Fayolismo 27
2.3.1.3 Fordismo 28
2.3.2 Foco na Qualidade 30
3 METODOLOGIA 34
3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA 34
3.2 DELINEAMENTO 35
3.3 CRONOGRAMA 36
4 RESULTADOS 37
5 ENTREVISTAS E LEVANTAMENTO DE CAMPO 38
5.1 ENTREVISTAS 38
5.2 RESULTADOS DO LEVANTAMENTO EM CAMPO. 38
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
REFERÊNCIAS 40


Introdução
O setor da construção civil no Brasil está marcado por altos índices de perdas. Segundo Pinto (1995) as perdas materiais giram em torno de 30%, praticamente o dobro se comparado com alguns países europeus. Ainda de acordo com o autor, na França este tipo de desperdício está em 12% e na Bélgica chega a 17%.
De acordo com Formoso (1993), o conceito de perdas é frequentemente associado unicamente a perdas materiais, porém as perdas devem ser relacionadas a qualquer tipo de ineficiência no uso de equipamentos, mão de obra, materiais e capital em quantidades superiores às necessárias a produção da edificação. Ainda, conforme o autor, as perdas não só resultam em aumento dos custos, mas também refletem na qualidade final do produto entregue ao cliente.
Conforme Koskela (1992), as perdas no setor construtivo normalmente são relacionadas com perdas de materiais, porém existem diversos tipos de perdas que não são levados em conta ou controlados. Todavia algumas atividades não podem ser eliminadas, pois são essenciais quanto à eficácia do processo global, como, por exemplo, controle dimensional, treinamento de mão de obra e instalações de dispositivos de segurança (FORMOSO, 1993).
contexto
Mattos (2010), diz que A construção civil é uma atividade que envolve muitas variáveis, e que tem uma característica peculiar, onde o ambiente é dinâmico e mutável. O autor ainda diz, o gerenciamento de obras não é uma tarefa simples e em muitos canteiros de obras ocorrem muitas improvisações.
O planejamento de obras é um dos principais pontos do gerenciamento de obras, que envolve uma gama abrangente de itens como: orçamento, compras, gestão de pessoas, comunicação, etc (MATTOS, 2010). Ainda segundo o autor, quando se planeja, o gestor tem uma ferramenta da qual consegue dar ênfase nas suas ações e monitorar os processos realizados, referenciando com os padrões estabelecidos previamente.
O setor da construção civil vem sofrendo muitas alterações nos últimos anos. Com a intensificação da competitividade e a globalização dos mercados, os clientes se tornaram mais exigentes (MATTOS, 2010). Segundo o autor, a redução dos recursos financeiros disponíveis, fez com que as empresas se reorganizassem, e investissem em sistemas gerenciais de controle a fim de garantir prazos, lucros e diminuição nos custos.
problema
Conforme Formoso (1993), na literatura internacional informa-nos que na construção civil as atividades que não agregam valor correspondem, em média, a um terço do tempo total gasto pela mão de obra, podendo atingir valores ainda maiores, em torno de 55 a 60% para algumas atividades específicas como alvenaria. Ainda segundo o autor, o esforço para melhoria do desempenho na construção civil deve considerar o conceito mais amplo de perdas, isto é, visar à minimização do dispêndio de quaisquer recursos que não agreguem valor ao produto, sejam eles vinculados às atividades de conversão ou fluxo. É importante observar que deve-se valorizar ao máximo as etapas que antecedem a execução: o planejamento, o estudo, a concepção, o projeto, para alcançar melhores resultados no produto final conforme as instruções do Construction Industry Institute CII (1987 apud MELHADO, 1994).

Questões de Pesquisa
A partir do exposto foram formuladas algumas questões:
Questão principal: Quais os percentuais de perdas da construção civil na cidade de Santa Rosa?
Questões secundárias: O que os empresários do ramo da construção civil tem feito para a melhoria dos processos construtivos em relação ao planejamento das obras? Tem-se inseridos engenheiros responsáveis pelo gerenciamento das atividades no canteiro de obra?
Objetivos de Pesquisa
Objetivo Geral: Este trabalho tem como objetivo identificar e caracterizar as perdas, a fim de possibilitar um desenvolvimento no desempenho do setor da construção civil no que tange à qualidade do produto e à produtividade das construtoras.
Objetivos específicos:
Identificar quais fatores que influenciam mais na produtividade e consequentemente acarretam em maior custo;
Caracterizar o perfil das empresas de Santa Rosa quanto ao planejamento das obras;
Fazer uma comparação entre o produzido efetivamente, com o potencial de produção.

Delimitação
Este estudo delimita-se a investigar as perdas nas atividades de fluxo que uma atividade de conversão, no caso, levantamento de alvenaria, em obras de médio porte na cidade de Santa Rosa, Rio Grande do Sul.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo será abordado: o conceito de perdas; influência do planejamento no custo da obra; análise dos sistemas administrativos que se desenvolveram na história.
Conceito de perdas
Formoso (1993) revela que o conceito de perdas é muito associado com o desperdício de materiais, mas as perdas devem estar relacionadas a qualquer ineficiência que se refere ao uso em excesso de materiais, mão de obra, capital e equipamentos. "[...] Neste caso, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto à execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor" (FORMOSO, 1993, p.1).
Classificação das perdas
Formoso (1993) adaptou e classificou os tipos de perdas para a construção civil. Conforme o autor são nove categorias de perdas.
Perdas por superprodução: refere-se às perdas que ocorrem pela produção maior do que a necessária. Um exemplo disso pode ser a quantidade fabricada de argamassa maior do que a usada em um dia de trabalho, o excesso do produto vai para descarte.

Perdas por substituição: são as perdas que ocorrem pelo uso de materiais com valor de mercado maior do que o necessário, um exemplo é o uso de argamassa com um traço superior para o reboco de uma parede, utilização de tijolos maciços no lugar de blocos cerâmicos furados.

Perdas por espera: estas perdas ocorrem pela falta de sincronização e nivelamento das atividades dos trabalhadores, materiais e equipamentos. Um exemplo disso pode-se dizer que é quando a equipe de obra fica esperando pelos tijolos que estão em falta para o levantamento de alvenaria.

Perdas por transporte: este tipo de perda ocorre pela ineficiência de layout do canteiro de obras ou pelo manuseio excessivo de materiais e componentes em função de má programação de atividades. Exemplo disso pode ser quando o estoque do material está muito longe de onde ele será usado, acarretando em quebras e perdas decorrentes do duplo manuseio.

Perdas no processo em si: essas perdas são decorrentes da natureza do processo, por falta de padronização, ineficiência no método de trabalho, falta de treinamento da mão de obra ou deficiências no detalhamento do projeto. Um exemplo dessa perda é a quebra de paredes já finalizadas para a execução de sistema elétrico.

Perdas por estoque: essas perdas ocorrem quando a quantidade de material fica em estoque por muito tempo, ocupando espaços maiores. Esse estoque excessivo pode ocasionar perdas por deterioração e perdas do capital investido .Muitas vezes é associada em função da falta de programação de entrega ou erro de orçamentação.

Perdas por movimento: decorre pela falta de organização de layout do canteiro de obras, onde os trabalhadores, durante a execução de suas atividades, realizam movimentos desnecessários. São exemplos desse tipo de perda, a locomoção de trabalhadores entre postos de trabalhos muito distantes ou esforços físicos excessivos gerando condições ergonômicas desfavoráveis.

Perdas por elaboração de produtos defeituosos: mais conhecido por retrabalho, este tipo de perda ocorre quando o produto não atinge as qualidades necessárias para o uso. Geralmente estas perdas ocorrem pela falta de interação entre projeto e execução, por falta de detalhamento de projeto. Também podem ser ocasionadas pela falta de treinamento de mão de obra ou ainda materiais defeituosos. Um exemplo disso é o deslocamento de azulejos, ou má execução da concretagem.

Outras: perdas que não se encaixem nas outras classificações, podem ser, roubo, vandalismo, acidentes, etc.
Formoso ainda desenvolveu um quadro (Figura 1) onde exemplifica-se a natureza da perda juntamente com um exemplo, o momento de incidência e a suas origens.
Figura 1: Exemplos de perdas.

Fonte: Formoso (1993).
Atividades de fluxo e de conversão
Para melhor entendimento do conceito, Formoso (1993) diz que deve ser observada a natureza do processo de produção. "[...] Um processo pode ser entendido como um fluxo de materiais e informações desde a matéria prima até o produto final. Neste fluxo, os materiais são processados, inspecionados, movimentados ou estão em espera" (FORMOSO, 1993, p.1). Ainda segundo o autor, atividades se encaixam em duas categorias: atividades de conversão, que são aquelas que transformam uma matéria prima em um produto final e as atividades de fluxo, onde ocorre a movimentação, inspeção e espera de materiais.
A nova filosofia de produção, segundo Koskela (1992), a eficiência dos processos produtivos é melhorada quando ocorre eliminação, ou se não puder, a diminuição ao máximo das necessidades das atividades de fluxo (transporte, espera e inspeção de materiais) e não apenas as melhorias nas atividades de conversão e de fluxo. Entretanto, Formoso (1993) deixa claro que não é possível eliminar todas as atividades de fluxo, posto que muitas dessas atividades são importantes para o desenvolvimento do processo, como por exemplo, treinamento da mão de obra, instalação de dispositivos de segurança e controle dimensional.
De modo geral as empresas não levam em conta, em seus orçamentos e planejamento, o controle das atividades de fluxo (FORMOSO, 1993). Ainda conforme o autor, o esforço para a melhoria na produção da indústria da construção, deve levar em conta um conceito mais amplo de perdas, ou seja, controlar os gastos com quaisquer atividades que não agregam valor ao produto final.
influência do planejamento no custo da obra
Para que uma empresa tenha sucesso, é indispensável que haja harmonia entre os recursos físicos e financeiros, e isso ocorre através de uma série que pensamentos estratégicos, visando o planejamento racional do empreendimento (ARAÚJO; MEIRA, 1998). Os autores indicam que, a deficiência na administração da produção pode ocasionar desperdícios de recursos materiais, humanos e ainda a interrupção dos processos produtivos.
De acordo com Assed (1986 apud ARAÚJO; MEIRA, 1998), quanto mais se pensa no planejamento de um empreendimento, os gastos decrescem, pois ocorre um controle nas atividades e diminuem as ocorrências de improvisações, perdas e baixa produtividade. No entanto, planejar e controlar também geram custos, e por isso deve se levar em conta uma análise de custo x benefício para que esse parâmetro não seja negativo (ARAUJO; MEIRA, 1998).
Planejamento
Hammarlund e Josephson (1992 apud MALHADO, 1994) defendem a ideia de que as decisões tomadas na fase inicial do empreendimento são importantíssimas, estas decisões reduzem muito os custos relativos a falhas.
Como forma de ilustrar o pensamento, os autores mostram no gráfico (Figura 2) uma relação da chance de modificar o projeto a fim de evitar maiores custos, pelo passar do tempo em relação ao empreendimento.
Figura 2: Chance de reduzir o custo de falhas do edifício em relação ao tempo

Fonte: Hammarlund e Josephson (1992) apud Melhado (1994).
Apenas com efeito comparativo, num contexto da indústria automobilística, Ferreira (1993) elucida a importância do planejamento para a obtenção de sucesso no produto, o autor diz que fazer investimentos na etapa de projeto, pode reduzir os custos de produção em 60%, ainda diminuir o tempo de produção em 40%.
O investimento em prazo e custo de um projeto deve assumir um papel muito importante, apesar de não ser o que acontece atualmente (MELHADO, 1994). O autor ainda diz que é necessário uma série de investimentos na elaboração de um projeto, pois se tem um trabalho mais detalhado, ocorre um deslocamento do custo inicial da obra. A ideia é mostrada no gráfico proposto na figura 3, onde relaciona o tempo de desenvolvimento de um empreendimento e o custo mensal das atividades, com a ideia de um maior "investimento" na fase de projeto.


Figura 3: Relação do custo mensal do empreendimento pelo tempo

Fonte: Melhado (1994).
Segundo Melhado (1994), não tem um tempo nem uma cifra exata para investir em projeto e planejamento, mas em países desenvolvidos o tempo de projeto chega, muitas vezes, na mesma ordem de grandeza do tempo de execução, com isso evitando as deficiências e os desperdícios comuns na fase de execução e obter um produto final de melhor qualidade.
Qualidade no projeto
O pensamento para se ter mais qualidade no produto vem de outras industrias da economia, é mais fácil perceber isso quando na construção civil a geração do projeto do produto edifício fica em segundo plano (MELHADO; AGOPYAN, 1995). Ainda de acordo com os autores, essa característica do setor é evidenciada particularmente em empresas de construção e incorporação onde normalmente o empreendimento ocorre de maneira truncada, desfavorável à aplicação de sistemas de qualidade.
As relações da empresa com agentes financeiros e com os órgãos de aprovação, a viabilização do lançamento do produto e outros aspectos vinculados à geração do empreendimento são elementos predominantes no ciclo praticado pela maioria das empresas, relegando o projeto a segundo plano (MELHADOS; AGOPYAN, 1995, p.8).
Melhados e Agopyan (1995), ainda lembram que com a mudança no enfoque ocorrida pela indústria japonesa, o projeto foi gradativamente sendo valorizado em relação aos esforços de inspeção e controle, portanto entende-se que ocorre uma diferença nesse sentido na indústria da construção civil em relação aos outros ambientes industriais.
Os autores ainda indicam que para mudar de enfoque na busca de qualidade, devem seguir os seguintes elementos:
Aumentar os laços entre as atividades de projeto e do planejamento, utilizando de forma estratégica o projeto, considerando as necessidades dos clientes e buscando políticas de marketing coerentes ao produto;
Usar o feed back dos usuários como fonte de informação para futuros projetos, bem como na operação e manutenção de produtos já entregues;
Integrar de forma mais racionalizada o projeto e a execução;
Tratar o projetista como participante efetivo na busca de qualidade do projeto, fazendo uma ligação fornecedor-cliente na contratação e acompanhamento e controle dos projetos;
Estreitar a relação do projeto com os suprimentos permitindo inovações, buscando sempre novas tecnologias que se mostram em especificações e detalhamento no projeto.
Orçamento
O orçamento é uma dos principais itens do planejamento, uma vez que é nele que o gestor irá entender a viabilidade de seu empreendimento (SOUZA, 1987 apud ARAÚJO; MEIRA, 1998). O orçamento deve ser realizado pela seguinte ordem: levantamento de quantidades, cotação de insumos, composição de preços unitários, composição de BDI (Bonificação de Despesas Indiretas) e, por fim, a montagem da planilha orçamentária (ARAÚJO; MEIRA, 1998). Os autores ainda informam que é no orçamento que os custos são calculados com maior riqueza de detalhes, a fim de calcular o mais próximo da realidade.
A orçamentação é o guia para a realização de um cronograma físico-financeiro, para a programação das atividades dos colaboradores, para abastecer os postos de trabalhos com os insumos necessários ao dia a dia de trabalho, além de facilitar o acompanhamento e o controle das atividades já realizadas (ARAÚJO; MEIRA, 1998).


Controle e tomada de decisões
O planejamento e controle de obras são fundamentais em qualquer setor da economia (ARAÚJO; MEIRA, 1998). Ainda os autores enfatizam que na construção civil não é diferente, a execução de uma obra necessita combinação de recursos (mão de obra, materiais, equipamentos e capital) dos quais estão sempre restritos. Araújo e Meira (1998) informam que só é possível a locação de todos esses recursos com um sistema eficiente de planejamento e programação.
O controle é o que vai direcionar o empreendimento para as ações dos gerentes (ARAÚJO; MEIRA, 1998). "[...] Controlar é identificar e quantificar os desvios relativos às previsões originais e adotar ações corretivas para se obter os resultados desejados." (ARAÚJO; MEIRA, 1998, p.3)
Segundo Araújo e Meira (1998) o controle do empreendimento é uma forma de verificação do que foi previsto e do que foi realizado, e com isso fornecer informações, físicas, econômicas e financeiras para estabelecer critérios lógicos na tomada de decisões.
Índice de perdas
Conforme Formoso (1993), o índice de perdas tem um papel importante para a indicação de desempenho e produtividade nos processos produtivos. No geral esses indicadores tem como função indicar o baixo desempenho no setor da construção civil em relação à produtividade (FORMOSO, 1993).
Entretanto não é essa a única função dos indicadores de perdas, Formoso (1993) elege quatro funções básicas. Como uma função auxiliar pode-se citar a visibilidade, onde esses dados obtidos mostram o desempenho de uma organização, mostrando pontos fortes e fracos. Como segunda função os indicadores mostram informações que devem ser comparadas com padrões estabelecidos e levadas em conta no controle das operações. O autor ainda informa que a partir de um planejamento os indicadores permitem avaliar o desempenho das atividades possibilitando a correção e a tomada de decisões nas horas certas. Em terceiro lugar, esses indicadores servem como metas para o desenvolvimento de atividades, assim, visando uma melhoria da qualidade. E como última função, é esses indicadores servirem como motivação dentro da empresa, estes dados devem ser amplamente divulgados internamente gerando um marketing interno.
Formoso (1993) conclui que os indicadores de perdas devem ser referenciados, realizando benchmarks, para avaliar o desempenho da empresa com a produtividade de outras organizações. O autor ainda diz que para isso, devem ser evidenciados os métodos de cálculo adotados.
da origem aos métodos conteporâneos de administração
Neste tópico veremos o desenvolvimento do processo administrativo em relação ao tempo, e as inovações trazidas pelos empreendedores pioneiros.
Conforme Nogueira (2007), a composição da reflexão administrativa origina-se de certa lógica econômica e financeira, mas envolvem percepções de tempo, eficiência, organização, controle e produtividade, sobrepostas às perspectivas da organização técnica e social das corporações.
Uma empresa é composta por duas partes, a parte objetiva que é formada tanto por aspectos físicos - produtos, máquinas, registros e dinheiro - quanto por itens como regras, ordens, planejamento, objetivos, etc (NOGUEIRA, 2007). E ainda segundo o autor, esta dimensão citada subordina-se pela dimensão subjetiva, que é composta pelos trabalhadores, ou seja, as pessoas que realizam o trabalho.
"No paradigma técnico-administrativo, os elementos objetivos e técnicos precedem os elementos subjetivos, que se referem às pessoas. Essa potencialidade do paradigma também é sua fraqueza, porque são as pessoas que produzem os resultados reais de qualquer organização" (NOGUEIRA, 2007).
Na história temos o período pré-administração, onde se subdividem em três períodos, antiguidade, era servil e artesanal, e época da formação capitalista e industrial (NOGUEIRA, 2007).
Segundo Nogueira (2007), na antiguidade as primeiras comunidades, civilizações e impérios onde as atividades foram marcadas pela mão de obra escrava. As técnicas de administração não se desenvolveram por diversos fatores, mas o principal deles está relacionado à força produtiva, onde o trabalho era escravo, esses dominados pela elite que desperdiçavam e acumulavam riquezas, não permitindo a ampliação das necessidades sociais além da sobrevivência.
A era servil e artesanal, mais conhecida como feudalismo, tem como características a ruralização da sociedade, enrijecimento da hierarquia social e fragmentação do poder central, desenvolvimento de relações de dependência pessoal, privatização da defesa e transformação das mentalidades (NOGUEIRA, 2007).
Ainda segundo o autor, no sistema a troca de serviços pela proteção militar era o enfoque central, os donos das terras eram chamados os senhores feudais, sob sua proteção encontravam-se os vassalos que lhe eram fieis, e todos eles dependiam da força de trabalho servil, baseada na produção agrícola. Segundo Nogueira (2007) mais tarde o feudalismo foi se desestruturando e começou a surgir as companhias de navegação, o arsenal de Veneza e as grandes plantações coloniais, as monarquias e as primeiras fábricas. De todas essas organizações o exército é o que mais se caracteriza nos aspectos da administração, pois continha uma estrutura vertical e hierárquica de organização (NOGUEIRA, 2007).
Conforme Nogueira (2007) o período entre o século XV e XIX ocorreu o a crise do sistema feudal, vindo à tona a Revolução Industrial (1760) e a Revolução Francesa (1789), e com isso resultou na transformação da indústria de artesanal para manufatureira.
A escola da eficiência
Segundo Maximiano (1997), o primeiro objetivo que fez com que as ideias da concepção da administração moderna surgissem, foi a de que as organizações precisavam funcionar com mais eficiência.
"Eficiencia." Segundo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa:
Qualidade do que é eficiente;
Capacidade para produzir realmente um efeito;
Qualidade de algo ou alguém que produz com o mínimo de erros ou de meios.
Fazer as coisas de forma eficiente é fazer corretamente, usar produtivamente os recursos em prol de um objetivo, sem desperdícios ou ineficiências, sem perda ou subutilização de recursos (MAXIMIANO, 1997).
Conforme Maximiano (1997) um dos objetivos da administração é aumentar a eficiência dos processos produtivos, quanto maior a qualidade da administração, menores as perdas.
Taylor, Fayol e Ford são os maiores representantes da filosofia técnico-administrativa, os três autores fundamentam um conjunto de práticas empresariais que com a contribuição das ciências e tecnologias marcaram o campo da administração (NOGUEIRA, 2007)
Taylorismo
Foi por volta dos anos 1880 que Taylor começou a se interessar por questões de eficiência, nessa época ele começou a observar problemas nas operações fabris (MAXIMIANO, 1997), o autor elenca alguns:
A administração não sabia suas responsabilidades com o trabalhador;
Não havia incentivos para melhorar o desempenho do trabalhador;
Em todos os postos de trabalho havia malandragem;
Grande parte das decisões eram tomadas a partir de palpites e intuição;
Não havia integração entre os diversos departamentos da empresa;
Os colaboradores eram colocados em postos de trabalho sem observar suas habilidades pessoais;
Era ignorada a excelência no desempenho;
Havia discordâncias entre capatazes e operários quanto à produção.
Conforme Maximiano (1997), das experiências e observações de Taylor, surgiram algumas ideias, como um sistema de remuneração, sistema de administração de fábricas, e a doutrina da administração científica.
Maximiano (1997) informa que, um dos problemas dos empresários da época era que os trabalhadores eram pagos por dia, sabendo disso eles trabalhavam em um ritmo lento. Ainda segundo o autor quando eram pagas por peças produzidas e a fábrica produzia muito o empregador diminuía o valor pago pela peça, sabendo disso os trabalhadores mantinham o nível de produção, propositalmente baixo.
Então, em 1895 Taylor propôs um sistema de produção: A piece-rate system (Um sistema de pagamento por peça), nesse sistema era proposto que se descobrisse quanto tempo levaria para que um homem, dando o melhor de si, completasse uma tarefa (MAXIMIANO, 1997). Segundo o autor, a administração poderia estabelecer um pagamento por peça de forma que o trabalhador conseguisse assegurar uma remuneração razoável.
Na segunda fase da administração cientifica, o enfoque dado por Taylor foi na produtividade do trabalhador, aprimorando o método de trabalho, Taylor ainda acrescentou que deveriam procurar pessoas mais qualificadas para cada tarefa (MAXIMIANO, 1997).
Na terceira e última fase, a principal mudança recomendada era a criação de um departamento especializado para o planejamento das atividades, onde caberia o trabalho de desenvolver e propor aprimoramentos no chão de fábrica.
Fayolismo
Henri Fayol nasceu em Istambul, de família francesa, estudou engenharia na escola de minas de Saint-Etienne, segundo Nogueira (2007) sua obra mais importante é a Administração industrial e geral, elaborada a partir de observações quando ele trabalhava com engenheiro de minas nos anos 1860. Em sua obra, Fayol fala sobre a doutrina ou escola dos chefes, com a ideia de organizar a empresa de modo racional (NOGUEIRA, 2007). Ainda segundo o autor, se para Taylor no procedimento cientifico o foco era as tarefas dos trabalhadores, Fayol preocupava-se na capacidade administrativa dos chefes.
Conforme Nogueira (2007), no pensamento fayolista, o administrador é o chefe geral do grupo e não apenas seu supervisor, e não deve-se confundir as funções da administração com a direção. Assim, segundo o autor, administrar é prever, comandar, coordenar e controlar.
Assim, o processo administrativo sugerido por Henri Fayol é um conjunto desses procedimentos, não dependendo do grau de hierarquia que o administrador ocupa dentro da empresa (NOGUEIRA, 2007). O autor ainda informa que a tarefa de racionalizar tem um sentindo muito mais amplo do apenas na execução do trabalho, como pensava Taylor, e sim na estrutura geral da organização.
Nogueira (2007) ainda fala que ao identificar as responsabilidades dos chefes, o autor francês elenca 14 princípios da administração, mostrada na Tabela 1.
Tabela 1: Princípios de Fayol
Princípio
Descrição
Divisão do trabalho
O trabalhador deve ser alocado de modo específico;
O trabalhado é mais eficiente se utilizado de maneira especializada.
Autoridade e responsabilidade
A autoridade é o direito de dar ordens e ser obedecido;
Responsabilidade e autoridade caminham juntas e deve existir um equilíbrio entre elas.
Disciplina
Obediência às regras estabelecidas;
Supõe a aplicação de sanções justas pelo superior.
Unidade de comando
Um chefe para cada empregado.
Unidade de direção
Todas as unidades da empresa devem seguir os mesmos objetivos, mediante um esforço coordenado.
Subordinação do interesse pessoal ao interesse geral
Os interesses da organização são prioritários em relação aos interesses dos empregados.
Remuneração
Salários e benefícios devem ser justos para ambas as partes.
Centralização
Equilíbrio entre envolvimento pessoal e autoridade final.
Cadeia de comando ou linha de autoridade hierárquica
Canais de autoridade e comunicação vindos de nível mais alto até o nível mais baixo da organização.
Ordem
Pessoas e ferramentas em locais predeterminados, para garantir a eficiência dos processos.
Equidade
Justiça e bom censo no tratamento pessoal.
Estabilidade funcional
Para garantir eficiência, evitar a rotação excessiva de mão de obra.
Iniciativa
Os funcionários devem ser estimulados a criar planos de melhorias.
União pessoal
Harmonia e união entre as pessoas para assegurar o sucesso da empresa.
Fonte: Nogueira (2007).

Fordismo
Filho de fazendeiros irlandeses, o engenheiro americano Henry Ford foi um dos mais famosos industriais da história (NOGUEIRA, 2007). Ainda segundo o autor, com base nas ideias de Taylor e outros pioneiros do pensamento administrativo, ele criou um verdadeiro império.
Assim como Taylor está associado à administração científica, Ford está associado à linha de montagem móvel, mas esse foi apenas uma das ideias implementadas pelo empreendedor americano (MAXIMIANO, 1997). Segundo o autor, Henry Ford elevou ao máximo dois princípios da produção em massa.
O primeiro princípio é a utilização de peças e componentes padronizados e intercambiáveis. Para alcançar um processo produtivo de melhor desempenho, Ford usou peças e componentes de mesmo tamanho que cabiam em qualquer sistema ou produto final. Além da padronização, o americano simplificou, reduzindo o número de peças nos seus produtos.
O segundo princípio é de que o trabalhador deve ter especialização. Cada pessoa ou grupo de pessoas, no sistema de produção em massa, tem uma tarefa fixa dentro do processo predefinido.
Segundo Maximiano (1997), no começo Ford trabalhava artesanalmente, o tempo médio de ciclo de um montador chegava a 514 minutos. Nessa época da fábrica de Ford, cada trabalhador ficava em uma área especifica fazendo uma tarefa especializada (por exemplo, colocar rodas, ou molas), porém era responsabilidade do trabalhador buscar as peças no estoque cada vez que acabasse no posto de trabalho (MAXIMIANO, 1997). Ainda conforme o autor, Ford, a fim de tornar o processo mais eficiente, entregava as peças em cada local de trabalho. Com essa modificação no sistema produtivo o tempo médio do ciclo do montador passou a ser de 2,3 minutos.
A linha de montagem móvel se desenvolveu rapidamente, e em 1914 a montagem de um chassis que demorava 12 horas e 28 minutos, no sistema artesanal, passou a consumir apenas 1 hora e 33 minutos, utilizando da técnica de linha de montagem móvel e mecanizada (MAXIMIANO, 1997).
Ainda segundo Maximiano (1997), em 1923 foram produzidas 2,1 milhões de unidades do Modelo T, e em1926 montava automóveis em 19 países, além dos Estados Unidos. Ford não fazia segredos em relação às técnicos do processo produtivo em massa. O período da Segunda Guerra interrompeu o plano de se utilizar o sistema de produção em massa pela indústria civil, mas nos anos 50 este processo foi retomado na Europa, e no final dessa década, Volkswagen, Renault, Fiat e Mercedes-Benz produziam em escala comparável às empresas americanas, das quais eram copias virtuais (MAXIMIAN, 1997).
Foco na Qualidade
O movimento da qualidade muda o assunto da gestão dos processos para o cliente, em particular no Japão (NOGUEIRA, 2007). Ainda segundo o autor, a busca pela qualidade nos processos e produtos foi a grande saída para a reorganização dos negócios, e definiu uma nova base para a competição internacional.
O enfoque na qualidade surgiu para resolver o problema da uniformidade. Com uma grande expansão da produção em massa, as fábricas necessitavam de uniformidades nas grandes quantidades de produtos idênticos, e daí surgiu o controle estatístico de qualidade (MAXIMIANO, 1997). Ainda conforme o autor, foi a partir dessa ideia passando por diversos estágios, chegou-se à administração da qualidade total.
Segundo o autor, há muitas definições para qualidade, e Maximiano (1997), elenca as mais importantes na Tabela 1.
Tabela 2: Definições de qualidade
Excelência
Qualidade significa o melhor que se pode fazer o padrão mais elevado de desempenho.
Valor
Qualidade significa ter mais atributos, usar materiais ou serviços raros, que custam mais caros.
Especificações
Qualidade planejada, definição de como o produto ou serviço deve ser.
Conformidade
Qualidade significa o produto ou serviço estar de acordo com as especificações do projeto.
Regularidade
Qualidade significa uniformidade; os produtos ou serviços serem idênticos.
Adequação ao uso
Qualidade significa qualidade de projeto e ausência de deficiências.
Fonte: Maximiano (1997).

Qualidade de projeto são as características do produto que atendem as necessidades do cliente, quanto mais capaz o produto for de cumprir com os interesses ou necessidades do usuário, maior o nível de qualidade (MAXIMIANO, 1997). O autor elenca três aspectos da qualidade de projeto:
Clientes satisfeitos com o produto ou serviço;
Produtos e serviços mais competitivos;
Melhor desempenho da empresa.
Maximiano (1997) enfatiza que a falta da qualidade pode acarretar em prejuízos, ou ainda aumento dos custos em relação ao produto para o cliente e para a empresa. O autor indica alguns custos da falta de qualidade:
Custos de retrabalho;
Produtos que não podem ser recuperados e devem ser destruídos e trocados;
Cumprimento das garantias oferecidas ao cliente;
Perda de encomendas;
Processamento de devoluções
Custos de eventuais processos nos organismos de defesa do consumidor;
Comprometimento da imagem da organização na sociedade;
Perda de clientes e mercado.

Segundo Maximiano (1997) três aspectos levaram o conceito moderno de qualidade, que leva em consideração o cliente em primeiro lugar, a fim dos produtos e serviços ser livres de deficiências:
Inspeção
Controle estatístico
Qualidade total
A inspeção existe a muito tempo. Desde os primórdios da indústria moderna, a inspeção era realizada pelo próprio artesão a fim de verificar ou encontrar algum produto defeituoso (MAXIMIANO, 1997). Ainda segundo o autor essa prática continua sendo usada pelos consumidores nas feiras livres, a fim de encontrar o que melhor atende suas necessidades ou interesses. No início do século XX, as grandes empresas substituíram o supervisor de operação pelo inspetor de qualidade a fim de desvincular a inspeção do processo produtivo, e assim o julgamento era independente, mais tarde as empresas criaram o departamento de controle de qualidade, com a mesma ideia de julgamento independente (MAXIMIANO, 1997).
Com o grande crescimento da produção em massa, ficou impraticável que o controle de qualidade inspecionasse todos os produtos, então surgiu o controle estatístico (MAXIMIANO, 1997). Conforme o autor, até antes da Segunda Guerra, o controle estatístico não era muito usado, mas com a produção em massa que as forças armadas americanas estavam demandando, modificou esse quadro radicalmente.
O termo Total Quality Control (Controle da qualidade total - TQC), foi usado pela primeira vez por Armand Feigenbaum, em 1956, mas em 1961 Feigenbaum publicou uma versão mais evoluída de sua livro, onde ele dizia que a qualidade quem estabelece não são os engenheiros, o pessoal do marketing ou a alta administração, quem estabelece são os cliente (MAXIMIANO, 1997).
Nos anos 70, os japoneses começaram a penetrar no mercado ocidental, principalmente através da indústria eletrônica e automobilística (MAXIMIANO, 1997). Ainda segundo o autor, a reação foi de perplexidade quando os americanos descobriram que os japoneses atribuíam o sucesso de suas empresas a um americano, William Edwards Deming.
Segundo Maximiano (1997), Deming também foi divulgador do ciclo de Shewhart, mais tarde conhecido por ciclo de Deming ou ciclo PDCA mostrado na Figura 4.
Figura 4: Ciclo PDCA

Fonte: Adaptado de Maximiano (1997).

O ciclo PDCA foi amplamente utilizado por corporações a fim de melhorar o nível de gestão através do controle eficiente de processos e atividades internas e externas, padronizando informações e minimizando as chances de erros na tomada de decisões importantes. No caso, Plan (planejar), Do (desenvolver), Check (checar) e Action (agir) (NOGUEIRA, 2007).
METODOLOGIA
Nesse capítulo será classificado o tipo de pesquisa, explicado a metodologia que será utilizada para chegar aos resultados finais e apresentado o cronograma previsto para o término da pesquisa.
eSTRATÉGIA DE PESQUISA
Será feito uma pesquisa utilizando alguns métodos, como pesquisa bibliográfica com o tema proposto, observando alguns dados já obtidos por outros autores. Ainda será realizado levantamento de campo, entrevistas, coleta de dados e observações de atividades de algumas construtoras da cidade de Santa Rosa - RS.
De acordo com Gil (2008), os levantamentos têm como principais vantagens: o conhecimento direto da realidade, economia e rapidez, e obtenção de dados agrupados em tabelas que possibilitam uma riqueza na análise estatística.
Paralelamente ao levantamento de campo será realizada uma entrevista com diversos responsáveis pelos empreendimentos, como engenheiros de obra, engenheiros de planejamento e coordenadores de obras, bem como com os donos das construtoras. Conforme Gil (2008), as entrevistas têm como objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. Ainda segundo o autor, entrevista é, portanto, uma forma de interação social. É também uma forma de coletas de dados, onde o entrevistado é a fonte de informação, através de um diálogo (GIL, 2008).
Como fonte de embasamento teórico esta pesquisa terá uma fonte na bibliografia, de acordo com Gil (2008), este tipo de pesquisa é feita através do material já elaborado. Como o autor informa, uma vantagem é que a pesquisa bibliográfica permite que o estudo aborde uma quantidade muito maior de fenômenos do que se fosse apenas embasada nos dados obtidos em campo.
Para ilustração mais detalhada dos processos a que a pesquisa está engajada, será feito um estudo de observação simples. Em concordância com Gil (2008), este tipo de observação o pesquisador permanece alheio ao grupo a que ele está atento. Conforme o autor, o pesquisador é mais um espectador das atividades do que o autor das mesmas, para que os fatos ocorram de forma espontânea. De acordo com o autor, este método é fundamental para a pesquisa, "[...] Desde a formulação do problema, passando pela construção de hipóteses, coleta, análise e interpretação dos dados, a observação desempenha papel imprescindível no processo de pesquisa" (GIL, 2008, p.100).
delineamento
O Delineamento da pesquisa segue a Figura 65.
Figura 5: Delineamento da pesquisa

Fonte: Autoria própria.
Durante todo o processo de desenvolvimento da pesquisa serão abordados assuntos pertinentes, que compõe a literatura atual.
Será feita uma carta de apresentação do projeto para as construtoras onde serão realizados os estudos, mostrando os objetivos e os métodos para a realização da pesquisa. Obtendo aceitação se passará à fase de obtenção dos dados nas obras, como podemos ver na Figura 2, na observação A, B e C.
Durante essas observações, serão cronometrados os tempos das atividades produtivas, auxiliares e das atividades improdutivas. Com esses dados obtidos será realizada uma análise das perdas que são resultados das atividades de fluxos implicadas nas atividades de conversão.
Paralelamente às observações, ocorrerão os questionamentos em campo, com o intuito de levantamento de dados juntamente com os colaboradores no canteiro de obras. Ao final das observações, se procederá às entrevistas com os responsáveis pela obra, sejam eles os engenheiros de obra, de planejamento, encarregados, bem como o dono da construtora.
Por fim, nas últimas etapas os dados obtidos na pesquisa serão processados e passarão por uma análise a fim de quantificar estas perdas. Serão produzidas então comparações dos dados obtidos com os que já estão presentes na bibliografia. Com esses dados processados e a comparação efetivada, se passará à etapa de conclusão do trabalho.
cronograma
O cronograma das atividades para a elaboração do TCC segue a figura 6.
Figura 6: Cronograma das atividades

Fonte: Autoria própria.
RESULTADoS
Neste capítulo serão apresentados os resultados das análises e comparações feitas a partir dos dados obtidos durante as observações. Estas análises serão demonstradas a partir de imagens e gráficos juntamente com explanações comentadas para facilitar a compreensão do leitor.
Entrevistas e Levantamento de campo
Neste capítulo serão apresentadas as entrevistas, bem como os resultados do levantamento em campo.
entrevistas
resultados DO LEVANTAMENTO EM CAMPO.

CONSIDERAÇÕES FINAIS



















REFERÊNCIAS
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FERREIRA, A.B. Produto total e projeto total: processo para qualidade do projeto a partir da voz do cliente. São Paulo, 1993. Tese (Doutorado). Escola Politécnica – Universidade de São Paulo.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Positivo, 2010. 2272 p.
FORMOSO, Carlos Torres; FRANCHI, Cláudia de Cesare; SOIBELMAN, Lúcio. As perdas de materiais na indústria da construção civil. Anais: II Seminário da Qualidade. Porto Alegre, RS: UFRGS, 1993.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. - São Paulo : Atlas, 2008.
KOSKELA, Lauri. Application of the new production philosophy to construction. Stanford, EUA, CIFE, 1992. Technical Report 72.
MATTOS, Aldo Dórea. Planejamento e controle de obras. Pini, 2010.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade em economia globalizada. São Paulo: Atlas, 1997. 371 p. (2º tiragem).
MELHADO, Silvio Burrattino. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. São Paulo. 1994. 294p Tese (Doutorado). Departamento de Engenharia de Construção Civil da EPUSP.
MELHADO, Silvio Burrattino; AGOPYAN, Vahan. O conceito de projeto na construção de edifícios: diretrizes para sua elaboração e controle. São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil da EPUSP, 1995. 20 p. BT/ PCC/139.
NOGUEIRA, Arnaldo José França Mazzei. Teoria geral da administração para o século XXI. São Paulo: Ática, 2007. 376 p.
PINTO, Tarcísio. De volta à questão do desperdício. Construção. São Paulo, n.271, p.34-35, dez. 1995.
SOUZA, Francisco Petersen de.; FORMOSO, Carlos Torres. Levantamento de estratégias de produção e aspectos de modernização em empresas de construção de edificações. Seminário qualidade na construção civil: Gestão e Tecnologia, 2., Porto Alegre, 1993. Anais. Porto Alegre, NORIE/UFRGS, 1993.


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