Projeto Educação Onipresente: Produção de mini-documentários com celulares

June 8, 2017 | Autor: Suintila Pedreira | Categoria: Education, Educational Technology, Science Education, Mobile Learning, Cellphones
Share Embed


Descrição do Produto

Governo do Estado de Mato Grosso do Sul Secretaria de Estado de Educação Escola Estadual Dona Consuelo Müller Campo Grande - MS

Projeto “Educação Onipresente” Produção de minidocumentários com celulares

Prof. Suintila V. Pedreira março de 2012

“Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e voltar a aprender ”

Alvin Toffler

1

Sumário

• • • • • • •

Introdução ......................................................................................... Objetivos ........................................................................................... Planejamento das Atividades ........................................................... Cronograma ...................................................................................... Avaliação .......................................................................................... Considerações Finais ....................................................................... Bibliografia ........................................................................................

pág. 3 pág. 7 pág. 8 pág. 9 pág. 10 pág. 11 pág. 14

2

Introdução

Hoje em dia nossas escolas e nossos professores parecem estar vencendo o preconceito que sempre existiu para com o possível uso dos celulares como um recurso pedagógico, mas nem sempre foi assim. O uso de celulares em sala de aula se tornou um verdadeiro caso de amor e ódio entre os professores, com alguns deles elencando uma série de problemas que estes trariam para o ambiente de ensino, enquanto outros destacavam as vantagens em se aproveitar a portabilidade e outros recursos tecnológicos desses aparelhos.

Segundo ANTONIO, José Carlos. in Uso pedagógico do telefone móvel (Celular), Professor Digital, SBO, 13 jan. 2010 ¹, dentre os vários argumentos contrários ao uso dos celulares como ferramenta pedagógica, estes seriam os mais recorrentes:

I. Celulares distraem os alunos; II. Alunos usam celulares para colar; III. Alunos usam os celulares para “zoarem” nas aulas; IV. Celulares permitem “violações” às regras e normas éticas e morais; V. Constrangedor para quem não têm celular conviver com outros que os têm;

Se observarmos com calma todos esses argumentos, poderemos perguntar: afinal, no que os celulares são de fato responsáveis por esses problemas? Os alunos já não se distraiam, antes de existir celulares? Os alunos já não colavam, e ainda colam, mesmo sem os celulares? Eles não faziam bagunça, não atrapalhavam as aulas e não violavam regras de conduta e comportamento mesmo sem os celulares? Se pensarmos desapaixonadamente, notaremos que os celulares não são os responsáveis por essas ocorrências, e nem as agravam tanto quanto acreditamos. 1. Disponível em:

3

Talvez o último argumento listado tenha de fato um fundo verdadeiro. Poderemos até concordar que para um aluno que possua um celular simples, ou nem possua celular, seja constrangedor estar diante de um outro que possua um aparelho de última geração. Mas se formos pensar assim, também deveríamos proibir em nossas salas de aula os tênis de marcas famosas, as calças caríssimas de grife, as roupas, bonés, perfumes, relógios e calçados de estilístas importados, etc... então, perguntamos: Será que somente os celulares causariam esses constrangimentos? Porque proibimos somente eles?

Mas aqueles que criticam o uso dos celulares na educação, ao verem seus argumentos contrários vencidos, acabam recorrendo a um fato aparentemente inquestionável: usar celulares nas escolas é proibido por lei.

De fato, a lei estadual nº 2.807, de 19 de fevereiro de 2004, possui o seguinte teor:

“Art. 1º. Fica proibido, em todo o território do Estado de Mato Grosso do Sul, o uso de telefones celulares, walkmans, diskmans, Ipods, MP3, MP4, game boy, aparelhos portáteis de TV, agendas eletrônicas e quaisquer outros aparelhos portáteis capazes de produzir sons e ruídos, nos seguintes ambientes: I - postos de gasolina; II - cinemas, teatros e concertos; III - salas de aula, audiências e conferências; IV - bibliotecas. Parágrafo único. Caso o ambiente esteja em estabelecimento de ensino, ou evento com fins pedagógicos, a utilização dos aparelhos referidos poderá ser permitida pelos responsáveis pelo estabelecimento ou evento.” Felizmente, nossos legisladores deixaram uma brecha que pode ser explorada por aqueles que enxergam nos celulares um aliado no processo ensinoaprendizagem. Se a direção e a coordenação da escola autorizarem o uso pedagógico, os celulares poderão ser utilizados pelos professores... é o que está dito no paragrafo único da lei.

4

O fato é que, quer gostemos ou não, os celulares vieram para ficar permanentemente no meio de nós, e por mais que se proiba o seu uso, eles sempre estarão lá, nos bolsos e mochilas dos nossos alunos, e o quanto antes nos apropriarmos dessa tecnologia e seus segredos, e a utilizarmos a favor dos nossos objetivos educativos, mais chances de atingirmos significativamente os nossos alunos nós teremos, além de diminuirmos muito as chances desses equipamentos terem um uso pretensamente “inadequado” ao ambiente escolar.

Então, porque não começarmos a discutir possíveis usos pedagógicos dos celulares e elaborarmos projetos para a utilização dos mesmos?

Neste projeto buscaremos utilizar um dos maiores recursos que os aparelhos celulares de hoje em dia possuem, para finalidades de fixação de conteúdos trabalhados em sala de aula, na disciplina de Física, que são suas câmeras digitais e sua conectividade com outros aparelhos através do protocolo de transmissão de dados Bluetooth, mas também utilizaremos a possibilidade de se instalar applets java para a realização de quizzes nos aparelhos.

Não utilizaremos aqui a possibilidade de navegação na internet com celulares, e nem a troca de mensagens via SMS's entre os aparelhos, pois defendemos dois princípios na utilização dos mesmos: a inclusão digital dos celulares que nossos alunos já trazem para sala de aula, e o modo offline de utilização dos mesmos, e quando adotamos estes princípios, temos como consequencia que não são os aparelhos celulares que devem se adaptar à atividade desenvolvida, mas o contrário, isto é, é a atividade planejada que deve levar em conta a qualidade dos equipamentos e as características técnicas dos celulares que nossos alunos já trazem para sala de aula, além de considerarmos a situação sócio-econômica dos nossos alunos (vide PEDREIRA, Suintila Valiño. in Inclusão digital e modo offline: novas tendências para o uso de celulares e tablets na educação, Serão Extra, 12 fev. 2012 ²).

2. Disponível em:

5

Também buscaremos neste projeto iniciarmos nossos alunos na produção de documentários sobre fenômenos da Física no dia-a-dia, de modo que esses “minidocumentários” possam expressar a visão que eles possuem desses fenômenos, além de servirem para estimular neles a pesquisa e produção de documentação científicas. Claro, ao longo da realização deste projeto, diversos conceitos físicos envolvidos nos fenômenos registrados, e na produção dos documentários em sí, também serão trabalhados, o que acreditamos que colaborará na fixação de tais conteúdos.

Para o treinamento da produção dos videos e uso dos celulares, e a finalização e edição dos mesmos, utilizaremos a sala de Tecnologia Educacional (sala de informática) de nossa escola e os recursos que o sistema operacional Linux tem a nos oferecer. O registro do andamento do projeto e a mostra das atividades criadas serão feitos no website de nossa escola, no Blog pessoal que mantemos na internet, e em um jornal a ser criado por um dos projetos pedagógicos interdisciplinares de nossa escola.

Não é um objetivo claramente explícito do nosso projeto, mas se as produções e os documentários feitos ao longo dele mostrarem que temos condições de competir em alguma das inúmeras mostras de vídeo que existem no nosso e em outros países, inscreveremos os trabalhos dos alunos para que disputem prêmios nas categorias compatíveis.

6

Objetivos

1. Atender o disposto na proposta político-pedagógica da escola, no tocante aos objetivos da disciplina de Física;

2. Mostrar de maneira prazerosa e intuitiva os diversos conteúdos da disciplina de Física do Ensino Médio;

3. Desmistificar o uso dos aparelhos celulares em sala de aula e mostrar algumas utilidade pedagógica que eles tem a oferecer;

4. Produzir videos sobre diversos fenômenos físicos e divulgar esses trabalhos na comunidade escolar e na sociedade brasileira;

5. Interligar algumas disciplinas do currículo, tais como Arte, Matemática, Língua Portuguesa e outras, atravéz da exploração de conteúdos multi-disciplinares, além de colaborar com outros projetos pedagógicos em andamento na unidade escolar;

6. Mostrar aos alunos a relação dos conteúdos trabalhados em sala de aula com situações do dia-a-dia;

7

Planejamento das Atividades

Por se tratar de um projeto que não tratará de um assunto específico, mas sim permeará vários conteúdos da disciplina de Física ao longo do ano escolar, plenejamos atividades a serem desenvolvidas em todos os meses do ano letivo, com culminância prevista para dezembro, em uma mostra de vídeos no ambiente de nossa escola, onde pretendemos premiar os três melhores videos produzidos.

Podemos dividir suas atividades nas sequintes etapas:

1. Discussão com os alunos sobre o projeto, seus objetivos e características;

2. Mini-curso na sala de informática sobre a produção de vídeos com os celulares, e de edição dos mesmos através do software OpenShot, no sistema operacional Linux;

3. Tomada de imagens e criação de outros materiais necessários à produção e layout dos videos, dentro e fora do ambiente escolar;

4. Sessões de edição e produção dos videos na sala de informática;

5. Reprodução e distribuição de cópias dos videos para todos os alunos, e registro deles nos locais de acompanhamento do projeto;

6. Troca de experiências e contatos com outras escolas e profissionais do video, para aprimoramento das produções;

7. Pós-produção dos videos e a realização de uma mostra dos mesmos, em nossa escola.

8

Cronograma

A tabela a seguir é uma previsão de ações que pode vir a sofrer adequações, conforme o andamento do projeto, disponibilidade da sala de informática, e a necessidade de se interligar à agenda de outros projetos em andamento na unidade escolar.

Atividade (etapa)

Mês de execução (2012) 03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

1. Discussão 2. Mini-cursos 3. Criação de conteúdo 4. Edição e produção 5. Troca de videos 6. Troca de contatos 7. Mostra de Vídeos

9

Avaliação

Consideraremos os objetivos deste projeto atingidos se:

1. Nossos alunos e nossos colegas professores se dispuserem a utilizar os celulares em sala de aula para produzirem videos educativos e atingirem seus objetivos pedagógicos;

2. For comprovado certo domínio na produção de videos de boa qualidade com os aparelhos celulares, através da escolha pelos próprios alunos dos melhores e mais criativos videos;

3. Muito material for criado para a produção e edição dos videos dos celulares;

4. Ficar comprovado certo domínio na utilização do software de edição OpenShot;

5. Os temas escolhidos para os videos atenderem às solicitações de conteúdo proposto pelo professor, e também se esforçarem para explicar os fenômenos retratados;

6. Houver interação entre as equipes de alunos e destes com outros profissionais da área de produção de videos, seja por meio da internet ou visitas às emissoras de TV e produtoras da cidade;

7. Houver continuidade de modo espontâneo da idéia de uso de celulares para a produção de conteúdos significativos, tanto por parte dos alunos, quanto dos demais professores.

10

Considerações Finais

A utilização dos celulares como recurso pedagógico tem vantagens e desvantagens na prática educacional, e pode ou não facilitar a aprendizagem. Como qualquer outro recurso pedagógico, também é necessário um bom planejamento e um certo domínio das características de uso do equipamento, quando pensamos em aproveitar todos o potencial que eles podem nos oferecer. Repassamos as regras a seguir (ANTONIO, José Carlos, 2010): A. propor atividades que envolvam o uso de celulares para grupos de alunos em que pelo menos um aluno do grupo disponha do celular com o recurso que será utilizado; B. permitir que os alunos aprendam a usar o recurso antes de propô-lo como parte de uma atividade. Geralmente os alunos dominam os celulares melhor do que seus professores e aprendem rápido a usá-lo, por isso é uma boa ideia “deixar que eles mesmos ensinem e aprendam a usar o recurso entre eles mesmos” (e aproveite para aprender também!); C. discutir as questões éticas e morais envolvidas no uso de imagens e registros, bem como o uso indevido dos celulares e de outros equipamentos de mídia; D. estabelecer claramente no planejamento da sua atividade, e descrever em detalhes no seu planejamento de aula, os objetivos do uso do celular nas atividades propostas. Haverá sempre alguém para se indignar com o fato do celular estar sendo usado na sua aula, infelizmente; E. e, por último, estabelecer claramente as regras de uso dos celulares na escola de maneira geral e, em particular, durante as aulas em que não estarão usando o celular “como parte da aula”.

Mas a criação de bons videos também é uma outra atividade que requer cuidados e habilidades que vão muito além do que é tradicionalmente trabalhado na disciplina de Física do Ensino Médio. Seria uma pretensão irresponsável de nossa 11

parte que fossemos capazes de desenvolver nos nossos alunos, em tão curto período de tempo, essas habilidades. Longe disso. Aqui, nos propomos tão só a, de certo modo, mostrarmos o potencial educacional dos celulares, e despertar aquele salutar hábito de registrarmos os acontecimentos do nosso dia-a-dia e alguns fenômenos físicos, organizando-os na forma de um video. Mesmo assim, para que os videos tenham uma boa qualidade, repassamos as recomendações a seguir (LIDO, Maurício, 2009 ³): Roteiro “Uma história com começo, meio e fim tende a ganhar muito mais visibilidade. Principalmente se contada de uma forma inteligente. O ideal é que ela dure no máximo três minutos.” Planos “Busque priorizar planos fechados e de detalhe. Lembre que seu filme será exibido em sites como YouTube, geralmente em telas de 320×240. Portanto, evite o uso dos planos gerais e tente detalhar o máximo possível os elementos em cena. Cuidado com movimentos bruscos!” Edição “Vale usar qualquer software, até mesmo o Windows Movie Maker. A edição de filmes feitos com celular deve ser dinâmica, nada de ficar estendendo cenas em excesso.” Trilha sonora “Essa etapa é essencial para dar ritmo ao filme, uma das coisas mais importantes em qualquer vídeo, seja rodado em câmera 35mm ou num celular. Nem preciso lembrar que a trilha sonora deve ter coerência com a ideia que o vídeo que passar, não é?!” Resolução “Para fazer um bom vídeo com celular, procure uma câmera com no mínimo 1.3 megapixels de resolução. E não abuse do zoom. Ele deve ser usado apenas quando necessário, desde o início do vídeo, ou trocado quando a gravação estiver pausada. Zoom pra lá e pra cá definitivamente não fica legal.” 3. Disponível em:

12

Finalização “Salve seu vídeo de preferência em AVI, pois esse formato possui uma boa qualidade, além de ser permitido em sites de armazenamento. O vídeo deve ter uma resolução entre 320×240 e 480×320, no mínimo. Não é necessário muito mais do que isso, levando-se em conta o tamanho usado para exibição”.

Em um país onde somos aproximadamente 193 milhões de habitantes, e mais de 230 milhões de linhas telefônicas móveis ativas (dados IBGE 2010), impossível não pensar no potencial pedagógico dessa imensa massa de telefones móveis. E o que é melhor... não precisamos investir em compra de equipamentos, nem em treinamento de usuários, já que nossos alunos já trazem para a sala de aula seus próprios celulares, e, honestamente, eles os dominam muito melhor do que nós próprios!

Diversos educadores do Brasil e de várias partes do mundo já apontam para o futuro da educação: mobilidade digital. Não fugiremos disso, e não devemos temer esse futuro, mas sim tratarmos de, o quanto antes, dominarmos as ferramentas que hoje estão nos apontando para esse caminho... esse é o grande objetivo deste modesto projeto.

13

Bibliografia

1. ANTONIO, José Carlos. Uso pedagógico do telefone móvel (Celular), Professor Digital, SBO, 13 jan. 2010;

2. PEDREIRA, Suintila Valiño. Inclusão digital e modo offline: novas tendências para o uso de celulares e tablets na educação, Serão Extra, 12 fev. 2012;

3. LIDO, Maurício. Como fazer filmes pelo celular, VivoBlog, 21 set. 2009;

4. NTE de Nova Andradina. Aprendendo a Utilizar o OpenShot, SlideShare, 12 jul. 2010.

Este projeto tem todo o seu conteúdo protegido por uma licença da Creative Commons Attribution-Noncommercial-Share Alike 3.0 Br

14

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.