PROJETO INTEGRADO DE DESENHO URBANO, ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E SISTEMA VIÁRIO, BASEADO NA ACESSIBILIDADE TOTAL PARA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, CAMPUS ARAPIRACA

June 19, 2017 | Autor: Thaisa Sarmento | Categoria: Acessibilidade, Ergonomía Aplicada
Share Embed


Descrição do Produto

PROJETO INTEGRADO DE DESENHO URBANO, ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E SISTEMA VIÁRIO, BASEADO NA ACESSIBILIDADE TOTAL PARA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, CAMPUS ARAPIRACA SARMENTO, Thaisa Francis César Sampaio (1); VITORINO, Natiele Vanessa (2); SILVEIRA, Danilo Veríssimo da (3) (1) Universidade Federal de Alagoas, Professora Mestre em Arquitetura e Urbanismo e-mail: [email protected] (2) Universidade Federal de Alagoas, Professora Graduada em Arquitetura e Urbanismo e-mail: [email protected] (3) Universidade Federal de Alagoas, Graduando em Arquitetura e Urbanismo e-mail: [email protected]

RESUMO A acessibilidade refere-se aos elementos arquitetônicos, de percepção e usabilidade dos espaços. Em ambiente escolar, o atendimento pleno da acessibilidade reflete nas condições de ensino-aprendizagem e também na convivência social dos grupos, gerando autonomia e bem-estar aos usuários. Esta trabalho objetiva demonstrar como diretrizes de planejamento urbano, qualidade ambiental e acessibilidade foram utilizadas para definir propostas de ambientes de convivência no Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas. Os resultados apontam para o alcance de melhores condições de convívio social, fortalecimento de identidade coletiva e de desempenho de aprendizagem, baseados na melhoria da qualidade ambiental de espaços educacionais.

ABSTRACT Accessibility refers to architectural elements, usability and spatial perception. In school scene, full compliance of accessibility condictions reflects a improvement in learning, and also a better social life of groups, specialy to community self-reliance and welfare. This study aims demonstrate how urban planning, environmental quality factors and accessibility guidelines were used in order to propose better leisure squares at Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca. The results indicate to achieving of a better social interaction, strengthening collective identity and learning performance, based on the upgrading environmental quality in educational spaces.

1.

INTRODUÇÃO

A Norma Brasileira, NBR 9050/2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos define o termo acessibilidade como: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos (ABNT, 2004). Analisando essa definição, percebe-se que o termo acessibilidade refere-se não somente aos elementos arquitetônicos, mas também aos elementos de percepção e usabilidade dos espaços internos e externos as edificações. No ambiente escolar, o atendimento pleno às questões relativas à acessibilidade pode funcionar enquanto componente definidor da utilização dos espaços de ensino e de convivência, gerando sensação de autonomia e bem-estar aos estudantes e aos demais usuários. No ambiente universitário em especifico, essas condições são fundamentais ao processo de amadurecimento individual e profissional do aluno com deficiência, contribuindo para a consolidação da sua formação, para sua valorização pessoal e psicossocial.

2.

ACESSIBILIDADE EM AMBIENTES DE ENSINO

Projetos para espaços públicos devem considerar a facilidade de circulação de grandes fluxos, a acessibilidade e a comunicação visual adequada aos usuários, quando da escolha dos destinos. Para planejar espaços educacionais, de forma que os mesmos se adaptem às capacidades e às necessidades de todos os usuários. É preciso adotar, durante todo o processo de elaboração do projeto, uma série de critérios estabelecidos pela NBR 9050/2004, que trata da acessibilidade no espaço construído. A Lei Federal da acessibilidade 10.098/2000, Art. 5°, estabelece que todos os espaços públicos e privados devem ser adaptados ao acesso das pessoas com deficiências ou com mobilidade reduzida, isso inclui espaços comerciais, de serviços públicos e também espaços educacionais (BRASIL, 2000). A acessibilidade não está apenas ligada a fatores físicos e espaciais, mas também a aspectos políticos, sociais e culturais, que influem na realização das atividades desejadas. Para que os espaços sejam acessíveis, devem-se considerar quatro componentes da acessibilidade: Orientação e informação; Deslocamento, Uso, e Comunicação (DISCHINGER & BINS ELY, 2006). No espaço universitário isso pode ser traduzido em atendimento das demandas por comunicação visual e tátil, circulação livre de barreiras, utilização de equipamentos de circulação vertical como rampas, elevadores e plataformas sempre que necessários a fim de que a totalidade e o funcionamento dos espaços sejam compreendidos integralmente; além da gestão dos serviços educacionais, preparação de profissionais para atendimento dos alunos com igualdade e participação social na discussão dos problemas relativos ao espaço acessível e à convivência discente. O acesso aos conteúdos educacionais precisa ser realizado de modo diversificado e eficiente, assim como o acesso aos ambientes e aos equipamentos de ensino-aprendizagem. As deficiências, as características do meio ambiente e as restrições estão diretamente relacionadas. Isto significa que a presença de uma eficiência implica na existência de determinados níveis de limitações para a realização de atividades. No entanto, o grau de dificuldades pode ser minimizado através de soluções acessíveis e pela presença de equipamentos de tecnologia assistiva, da mesma forma que pode ser agravado devido às características ambientais e ao despreparo dos profissionais envolvidos nos processos educacionais, podendo levar o estudante com deficiência a reprovação, desmotivação e até mesmo desistência do curso.

3.

O CAMPUS DA UFAL EM ARAPIRACA E A ELABORAÇÃO DO SEU PLANO DIRETOR

O Campus Arapiraca, teve sua criação aprovada através da resolução do Conselho Universitário da Universidade Federal de Alagoas nº 20/2005 de 01 de agosto de 2005, inaugurado em 16 de setembro de 2006 e autorizado para funcionamento fora da sede através do parecer do CNE/CES nº 52/2007 (UFAL, 2005). A inauguração do Campus Arapiraca se deu em setembro de 2006, e a partir disso começaram a

funcionar onze cursos de graduação na sede, em Arapiraca, e mais cinco cursos distribuídos nos demais polos nas cidades de Palmeira dos Índios, Penedo e Viçosa. A implantação da Sede do Campus Arapiraca ocorreu nas instalações de uma ex-escola-fazenda, que estava desativada, situada na comunidade de sementeira, localizado à rodovia al 115 – km 6,5, bairro Bom Sucesso, Arapiraca – AL. O edifício que lá havia encontrava-se bastante deteriorado. Foi realizada sua primeira reforma e ampliação para as condições mínimas de funcionamento da universidade, entretanto ainda hoje, após seis anos de ocupação apenas modificações pontuais foram feitas para atender ao crescimento da comunidade acadêmica, por isso, percebem-se graves problemas relacionados à infraestrutura física, dimensionamento dos ambientes, de conforto ambiental, e principalmente de acessibilidade (UFAL, 2012).

(a) (b) Figura 1 – (a) Mapa esquemático do Estado de Alagoas, localizando o município de Arapiraca ao centro. Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, sd; (b) Vista do acesso principal do Campus Arapiraca. Atualmente, a estrutura da Sede do Campus Arapiraca comporta 14 cursos de graduação (Administração, Agronomia, Arquitetura, Ciência da Computação, Biologia – Licenciatura, Educação Física – Licenciatura, Enfermagem, Física - Licenciatura, Matemática – Licenciatura, Química – Licenciatura, Pedagogia, Letras, Administração Pública e Zootecnia) onde convivem, trabalham e estudam cerca de 3400 alunos, 67 técnicos e 211 docentes. Este campus universitário encontra-se numa ocasião privilegiada, pois elaborou seu Plano Diretor de modo socialmente participativo, em dois anos de levantamento de dados e elaboração de propostas. Obteve a aprovação do mesmo no Conselho da Unidade em dezembro de 2012, e encontra-se no início da implantação das propostas. O atual esforço de planejamento se mostra urgente e necessário. Materializados no espaço físico do campus, os equipamentos universitários produzem uma dinâmica de uso e ocupação dos espaços. Se esses equipamentos não forem adequadamente projetados, podem ocasionar problemas irreversíveis, comprometendo o desenvolvimento do Campus, tanto nos aspectos acadêmicos, sociais, econômicos e também ambientais (UFAL, 2012). Um fato diretamente relacionado com esse estágio inicial de implantação é o conjunto de demandas emergenciais por infraestrutura. Para desempenhar as atividades de forma adequada, os cursos instalados no Campus dependem do planejamento e construção de uma série de equipamentos universitários. As demandas por tais equipamentos são emergenciais, e portanto, precisam ser edificados no espaço universitário num curto espaço de tempo. No bojo dessas discussões, as questões de acessibilidade são prementes. Do ponto de vista da educação inclusiva, amplamente defendida pelas políticas públicas de educação no país, entende-se que o Campus Arapiraca não poderia deixar de oferecer à comunidade acadêmica, as condições adequadas de acesso aos ambientes de ensino, de trabalho, de convivência e de lazer. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão. O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial

desenvolveu a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos (MEC/SEESP, 2007). Para que o funcionamento de novos cursos de graduação nas Instituições de Ensino Superior no Brasil, o Ministério da Educação disponibiliza no contexto do processo da implantação desses cursos, uma avaliação criteriosa acerca das condições de seu funcionamento. Essa avaliação é regulamentada pela Portaria Nº 1.081/2008, que aprova o Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES. No Art. 2º desta portaria, define-se que haverá um instrumento de avaliação para os cursos de graduação, nas modalidades presencial ou a distância, a ser disponibilizado na íntegra pelo MEC, através do Inep. O instrumento para a avaliação de cursos de graduação compõe-se de 3 dimensões de avaliação: 1Organização didático-pedagógica – com peso de 40%, 2 - Corpo Docente, Discente e Técnicoadministrativo – com peso de 35% e 3 - Instalações físicas - com peso de 25%. Na Dimensão 3 – Instalações físicas, a tabela abaixo detalha os indicadores utilizados para a avaliação do espaço físico. Nesta dimensão avaliativa, o instrumento contempla o item: Condições de acesso para pessoas com deficiência (rampas com inclinações adequadas ou elevadores com espaços suficientes para cadeira de rodas, instalações sanitárias apropriadas, vagas especiais em estacionamento), e recomenda uma avaliação por conceito numa escala de três pontos: 

Muito fraca – quando as condições de acesso para pessoas com deficiência atendem ou atendem precariamente à maioria das condições;



Regular – quando as condições de acesso para pessoas com deficiência atendem parcialmente à maioria das condições;



Muito boa – quando as condições de acesso para pessoas com deficiência atendem satisfatoriamente a todas as condições (MEC/SINAES, 2008).

Para o item Condições de Acesso para pessoas com deficiência é imprescindível que seja atingida uma nota entre regular e muito boa, na avaliação presencial realizada pelos consultores do MEC, quando da visita técnica obrigatória para reconhecimento dos cursos. Esta avaliação é realizada nos primeiros quatro anos de funcionamento. Sem a aprovação final nesta avaliação, o curso pode sofrer sanções, desde ter que adequar-se a um termo de ajuste de conduta, ficar impedido de expedir diploma de graduação, e até de realizar novos vestibulares. A avaliação in loco acerca deste ponto é ainda bastante insipiente, já que, os avaliadores utilizam apenas a observação superficial dos condicionantes citados para emitir um resultado. Além disso, a formação desses avaliadores é a mesma daquela emitida pelo curso avaliado, ou seja, são professores graduados naquele curso que avaliam as condições de funcionamento do mesmo. Isto ameniza os resultados encontrados nas avaliações da dimensão infraestrutura, uma vez que nem todas as avaliações são feitas por profissionais da arquitetura e do urbanismo.

4. DIRETRIZES ESTRUTURANTES E DE QUALIDADE AMBIENTAL PARA O CAMPUS ARAPIRACA A metodologia proposta para a elaboração do Plano Diretor do Campus Arapiraca foi baseada num diagnóstico dividido em sete grandes temas – Corpo Social, Assistência Estudantil, Infraestrutura e Serviços Urbanos, Extensão e Cultura, Instalações Física e Recursos Humanos e Gestão. Este diagnóstico foi elaborado para cada unidade de ensino. Ao final do Diagnóstico Geral das Unidades foram elaboradas Diretrizes Estruturantes para a execução do Plano Diretor, de caráter geral e imprescindível; além de Diretrizes Setoriais de acordo com os temas analisados no diagnóstico. No tema Instalações Físicas, as condições de acessibilidade foram contempladas enquanto importante critério de qualidade do espaço universitário. O quadro a seguir mostra as diretrizes estruturantes e as principais diretrizes setoriais relativas as ações de acessibilidade e qualidade ambiental.

Quadro 1. Quadro de Diretrizes Estruturantes para a Sede do Campus Arapiraca, e Diretrizes Setoriais de Mobilidade e Acessibilidade, e de Infraestrutura e Serviços Urbanos

QUADRO DE DIRETRIZES - SEDE DO CAMPUS

PRAZO

DIRETRIZES ESTRUTURANTES

 A desativação do Presídio Desembargador Luiz de Oliveira Souza e a requalificação de suas instalações para novos usos é a condição fundamental para a consecução das demais diretrizes definidas neste Plano Diretor para a Sede do Campus;

Emergencial

 A criação de novos cursos e a expansão de vagas no Campus Arapiraca estão condicionadas Emergencial, ao provimento prévio da infraestrutura e do quadro de servidores necessários para o seu funcionamento, de modo a garantir a qualidade das atividades acadêmicas;

 A implantação dos edifícios a serem construídos deve observar a localização, o zoneamento e o prazo de conclusão das obras estabelecidos no Plano Geral de Desenvolvimento FísicoTerritorial da Sede do Campus.

Curto, Médio e Longo Emergencial, Curto, Médio e Longo

DIRETRIZES SETORIAIS . MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE 1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

Estabelecer diálogo com o poder público e demais agentes envolvidos, objetivando ampliar a oferta de transporte público intra e intermunicipal, interligando os diversos bairros da cidade e localidades rurais à Sede do Campus em diferentes horários nos três turnos de funcionamento da Universidade, assegurando a qualidade do serviço e o direito do estudante à meia passagem;

Emergencial

Estabelecer diálogo com o poder público e demais agentes envolvidos, com vistas à interligar a Sede do Campus ao centro da cidade e demais bairros a serem atendidos, através do sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em processo de implantação no município de Arapiraca, assegurando a qualidade do serviço e o direito do estudante à meia passagem;

Longo

Elaborar os novos projetos arquitetônicos e urbanísticos e adequar as instalações físicas existentes às recomendações da NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos;

Médio

Implantar sistema ciclo viário pavimentado na Sede do Campus, composto de ciclovias, bicicletários e dispositivos de proteção ao ciclista, de acordo com as recomendações contidas no Caderno de Referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, publicado pelo Ministério das Cidades, em 2007;

Curto

Estabelecer diálogo com o poder público visando à implantação do sistema ciclo viário no Município de Arapiraca, interligando diversos bairros e a Sede do Campus ao centro da cidade, observando as recomendações contidas no Caderno de Referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, publicado pelo Ministério das Cidades, em 2007;

Médio

Estabelecer diálogo com o poder público com vistas a melhorar a iluminação pública, a acessibilidade e as condições dos abrigos nos pontos de espera dos ônibus, garantindo conforto e proteção contra as intempéries;

Curto

Implantar um sistema de comunicação visual na Sede do Campus, com vistas a sinalizar e informar de modo rápido e eficiente os usuários e visitantes, facilitando a legibilidade e o senso de orientação no espaço universitário;

Médio

Estabelecer diálogo com os órgãos competentes objetivando a implantação de soluções que tornem seguro o acesso à Sede do Campus pela Praça da UFAL, segregando o tráfego da rodovia AL-115 do tráfego de entrada e saída da Sede do Campus.

Curto

INFRAESTRUTURA E SERVIÇOS URBANOS

1.

2.

3.

Pavimentar o leito carroçável e as calçadas ao longo de todo o sistema viário da Sede do Campus, possibilitando o tráfego seguro dos veículos e pedestres através de soluções de traffic calming e de um sistema de sinalização eficiente;

Curto

Arborizar os espaços físicos do Campus de forma intensiva e melhorar o tratamento paisagístico, assegurando a manutenção periódica das áreas ajardinadas e o provimento de espaços de permanência com mobiliário urbano e com qualidade ambiental para uso ativo da comunidade acadêmica;

Curto, médio e longo

Adequar o espaço universitário às normas técnicas e a legislação vigente com relação à Segurança Contra Incêndio e promover a expansão das instalações em conformidade com essa normatização.

Curto

Fonte: UFAL, 2012.

5.

ELABORAÇÃO DAS PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO ESPACIAL

Em 2010, o Curso de Arquitetura e Urbanismo realizou uma Avaliação Pós-Ocupação no Campus Arapiraca. A metodologia adotada foi baseada em avaliação técnica dos ambientes principais: Biblioteca, Laboratórios de Informática, Pátio, Bloco de salas de aula e Setor Administrativo, além da avaliação da satisfação do usuário, que coletou e interpretou a opinião dos mesmos, através da aplicação de entrevistas face-a-face e em grupos focais. Foram aplicados 70 questionários com os usuários e 2 grupos focais com servidores, para identificar o nível de satisfação dos usuários. Os questionários continham perguntas relacionadas aos dados socioeconômicos, e também com relação à estrutura física do campus de forma geral, e especificamente quanto aos acessos, circulação externa e interna. Com relação à avaliação de aspectos de acessibilidade no campus, 40% dos entrevistados consideraram a acessibilidade péssima, sendo este o pior item avaliado, seguido das condições de qualidade do estacionamento e sinalização, somados formam o bloco com maior frequência de respostas negativas. Os itens avaliados considerados com maior frequência razoável foram: aparência e segurança pessoal. Os itens avaliados com maior frequência positiva foram: segurança contra roubo, iluminação externa e circulação (figura 2a).

468

A - ALUNOS (PEDESTRES) Frequência absoluta

C - AUTOMÓVEIS D - VANS E - MOTOS

F - VISITANTES (PEDESTRES)

45 8 A B

35 4

1

C D E F

7:30 - 8:30h

(a)

B - SERVIDORES (PEDESTRES)

341

10 A B

37

2

29

0

C D E F

13:00 - 14:00h

TOTAL DA AMOSTRA - 980 PESSOAS

(b)

Figura 2 – (a) Respostas obtidas a partir dos 70 questionários sobre a avaliação de aspectos do acesso ao Campus como um todo; (b) Fluxo de usuários no acesso ao campus, em números absolutos conforme contagem nos horários escolhidos. Fonte: MORAES, 2012.

O diagnóstico da APO também apontou para a predominância da circulação de pedestres, em detrimento da circulação de automóveis e motocicletas. Ao analisar a circulação externa foi possível determinar os percursos utilizados pelos usuários para se deslocar, desde o desembarque no ponto do ônibus até o pátio da universidade, identificando as regiões com maior e menor fluxo de pessoas. A análise foi realizada por meio da observação no dia 25 de agosto de 2010 em horários distintos, ou seja, das 7 h e 30 min. às 8 h e 13 h às 14 h. Os horários escolhidos correspondem aos horários de maior fluxo de pessoas, sendo estes

próximos ao início dos turnos de aulas. Apesar de o levantamento comportamental deixar evidente que o número de usuários pedestres é superior ao número de automóveis (motos/vans/carros/ônibus) (figura 2b), no espaço estudado a prioridade no uso do solo têm sido dos veículos. Os dados demonstrados anteriormente embasaram a proposta do Plano Diretor para o Zoneamento (figura 3) e o Ordenamento Urbano da Sede do Campus Arapiraca (figura 4), na adoção dos princípios de qualidade de ambiência urbana:      

Efetivação da Diretriz Estruturante Principal: desativação do Presídio Estadual Des. Luís de O. Silva, contíguo ao terreno da Universidade, e a doação desta edificação a comunidade acadêmica, para fins educacionais e extensionistas; Priorização do pedestre e de ciclistas, em detrimento de veículos particulares nos grandes fluxos e concepção de circulações livres, amplas e sombreadas ao longo do sistema viário principal; Elaboração de proposta setorial em grandes quadras de edificações, sendo estas de uso comum a dois ou três cursos para práticas de ensino e laboratoriais, favorecendo a livre convivência e integração acadêmica; Definição da quadra central como espaço de convivência coletiva principal, onde serão locados equipamentos e edificações de uso comum, cultural, extensionista e coletivo; Proposição de espaços de convivência amplos e sombreados entre os blocos de ensino, administrativos e de equipamentos coletivos e culturais; Integração visual e física entre os blocos de edificações e os espaços externos, possibilitado por locação de acessos em várias faces, sempre agenciado por paisagismo adaptado ao clima local, com uso de espécies vegetais nativas.

Figura 3 – Zoneamento proposto para a Sede do Campus Arapiraca. Fonte: UFAL, 2012

Figura 4 – Planta de ordenamento territorial proposto para a Sede do Campus Arapiraca. Fonte: UFAL, 2012.

6. PRINCIPIOS DE ACESSIBILIDADE APLICADOS AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO CAMPUS ARAPIRACA A fim de estabelecer parâmetros projetuais para as fases emergencial, curto, médio e longo prazo, que permaneçam em vigor ao longo dos primeiros 15 anos de implantação do Campus Arapiraca, elaborou-se diretrizes especificas para melhorias das condições de acessibilidade dos ambientes internos e externos aos edifícios: 

Melhorar acesso ao Campus, com a construção de uma guarita coberta exclusiva para pedestres, em separado do acesso de automóveis;



Pavimentar os acessos de pedestres ao Campus, e internamente entre os blocos, garantindo que a norma NBR 9050/2004 seja amplamente atendida quanto a pavimentação, ao dimensionamento e a disposição de equipamentos de auxílio a pessoa com deficiência;



Garantir que banheiros acessíveis estejam disponíveis ao uso em todos os períodos de funcionamento do Campus;



Implementar um projeto de comunicação visual e tátil acessível a deficientes visuais, através da implantação de piso tátil mapas táteis, localizados em pontos importantes de circulação;



Adaptar todos os espaços de ensino e de convivência, tais como pátio principal, secretaria, estacionamento, coordenações de curso, salas de informática, biblioteca e laboratórios, a fim de proporcionar ensino igualitário a todos;



Adaptar as instalações esportivas – ginásio e piscina a acessibilidade total;



Implantar comunicação no trânsito nas proximidades e dentro do Campus favorecendo a circulação de pedestres, ciclistas e de pessoas com deficiência com segurança e autonomia;

7.



Instalar equipamentos de auxílio a circulação de pessoas com deficiência a fim de proporcionar o uso do espaço universitário com autonomia plena;



Desenvolver projeto de sistema viário para acessibilidade total, favorecendo o pedestre, pessoas com deficiência, ciclistas, idosos, gestantes e pessoas com dificuldade de locomoção;



Desenvolvimento de projeto para áreas de convivência entre os blocos educacionais e laboratórios, a fim de promover a integração social e física, incorporando paisagismo e uso de espécies da flora local.

PROJETO DE ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E PAISAGISMO

O desenho proposto para as Áreas de Convivência propõe que a interação social aconteça com conforto, segurança e qualidade ambiental. As propostas apontam para a importância de locação de assentos fixos em locais sombreados, ou protegidos de condicionantes climáticos adversos como sol e calor excessivos, através da instalação de tendas em lona, pergolados e árvores de médio e grande porte, inseridos a fim de proteger os percursos e os assentos fixos. O piso proposto é constituído por uma combinação de cimento rústico nas rotas acessíveis e amplas, entre as edificações, para facilitar o acesso a pessoas com mobilidade reduzida e deficiência motora e piso intertravado em áreas adjacentes para composição de um desenho agradável e colorido (figura 5a). As jardineiras e áreas verde são propostas com borda de proteção em alvenaria, com 10 centímetros de altura, a fim de funcionar como guia para deficientes visuais (figura 5b). O uso de piso tátil de alerta é proposto em todos os obstáculos e barreiras. Lixeiras, luminárias e placas devem ser fixadas nas bordas de áreas verdes, fora da circulação de pessoas. Em situações de diferença de nível, o uso de rampas é obrigatório, em detrimento de desníveis e degraus. Em estacionamentos, as vagas acessíveis tem prioridade na locação próximos ao acesso das edificações (figura 6a).

(a) (b) Figura 5 – (a) Perspectiva da tenda em lona, com assentos na Praça de Convivência entre Blocos de Ensino; (b) Perspectiva do tratamento de circulações em rota acessível e bordas elevadas nas jardineiras.

(a) (b) Figura 6 – (a) Perspectiva de faixa de travessia de pedestre elevada; (b) Perspectiva de estacionamento de vaga acessível junto as quadras.

Para o desenvolvimento do projeto de paisagismo levou-se em consideração tanto a localização quanto o clima da região. Trata-se do clima Tropical semiúmido caracterizado por períodos chuvosos e verão seco, as temperaturas são elevadas no verão (podendo atingir até 40ºC) e amenas no inverno (média de 20ºC). O período chuvoso começa no outono, tendo início em fevereiro e termino em outubro. Considera-se que o projeto de paisagismo não só se integra harmoniosamente com a arquitetura como também se caracteriza como um importante complemento para a criação de todo o conjunto, garantindo uma unidade estética entre os edifícios e as áreas externas (figuras 7 e 8). Outro aspecto importante do projeto está relacionado com a melhoria da convivência entre os indivíduos que se relacionam com o espaço, criando condições de melhoria estética, espacial, social e climática.

Figura 7 – Projeto de Área de Convivência entre os Blocos de Ensino. Espécies sugeridas: 1 Ipê amarelo (Tabebuia chrysotrioha), 2 Ipê roxo (Tabebuia impetiginosa), 3 Brasileirinho (Erythrina veriegata), 4 Aroeira mansa (Schinus terenbithifolius), 5 Flamboyant (Delonix regia),6 Amendoeira (Terminalia catappa), 7 Rabo de gato vermelho (Acalypha reptans), 8 Ixora chinesa (Ixora chinensis),

e 9 Pingo de ouro (Duranta erecta aurea), e 10 Grama esmeralda (Zoysia japonica). Materiais sugeridos: (A) Pavimentação em cimentado rústico (1:3), (B) Pavimentação em blocos intertravados nas cores terracota, amarelo ocre e cinza, (C) Argila expandida nº 3, (D) Pedrisco branco nº 3, e (E) Vaga de estacionamento acessível.

Figura 8 – Projeto de Área de Convivência entre Laboratórios de Ensino. Espécies sugeridas: 1 Ipê amarelo (Tabebuia chrysotrioha), 2 Ipê roxo (Tabebuia impetiginosa), 3 Brasileirinho (Erythrina veriegata), 4 Aroeira mansa (Schinus terenbithifolius), 5 Flamboyant (Delonix regia),6 Amendoeira (Terminalia catappa), 7 Rabo de gato vermelho (Acalypha reptans), 8 Ixora chinesa (Ixora chinensis), e 9 Pingo de ouro (Duranta erecta aurea), e 10 Grama esmeralda (Zoysia japonica). Materiais sugeridos: (A) Pavimentação em cimentado (1:3) com juntas, (B) Pavimentação em blocos intertravados nas cores terracota, amarelo ocre e cinza, (C) Argila expandida nº 3, (D) Pedrisco branco nº 3, (E) Piso tátil para obstáculo, e (F) Vaga de estacionamento para idosos.

Foram escolhidas espécies vegetais de altura, forma de copa, densidade e diâmetro de copas diferentes, com vista a um melhor aproveitamento do espaço. Para tal tratamento escolheu-se espécies propicias ao tipo de clima e solo da região, além daquelas ornamentais já utilizadas, cujo processo de adaptação é evidente na região. Na tabela abaixo se encontra as espécies utilizadas no projeto de paisagismo (Quadro 2). Quadro 2 - Espécies vegetais de pequeno porte para bordaduras e maciços de canteiros e jardineiras. NOME POPULAR

NOME CIENTÍFICO

Mini-ixora

Ixora coccínea

Jasmim Manga

Plumeria rubra

Pingo-de-ouro

Duranta erecta aurea

Dracena vermelha

Cordyline terminalis

Trapoerabaroxa

Tradescantia pallida purpúrea

JUSTIFICATIVA

Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada à pleno sol e não é muito exigente em fertilidade. Dispensa maiores manutenções. Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada a pleno sol. Pode ser cultivada isolada ou em grupos, em amplos espaços. Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada a pleno sol. Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada a pleno sol ou meia sombra. Utilizada para formação de maciços, conjunto e bordaduras no jardim. Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada a pleno sol ou meia sombra.

Lança-de-sãojorge Camarão amarelo Acalifa

8.

Sansevieria cylindrica Pachystachys lutea Acalypha hispida

Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada sob sol pleno e bastante tolerante a estiagem. Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada a pleno sol ou meia sombra. Utilizada para bordaduras. Espécie propícia ao clima Tropical, cultivada a meia sombra.

CONCLUSÃO

O Campus Arapiraca encontra-se em processo de consolidação de suas práticas de ensino, em tempo que constitui sua estrutura física e de equipamentos educacionais. Muitas ações de gestão central inicialmente foram tomadas com base em improvisações. A tomada de consciência coletiva por parte da comunidade acadêmica, destacando os importantes papeis dos estudantes e dos servidores locais, estão se refletindo em mais participação coletiva nos processos decisórios fundamentais. A busca de qualidade nos espaços é uma intenção que começa a nortear o crescimento e o desenvolvimento nessa instituição, visto as condições precárias em todas as unidades da UFAL. A elaboração do Plano Diretor do Campus Arapiraca foi um marco no consolidação da interiorização do ensino superior em Alagoas, pela participação coletiva na elaboração do diagnóstico e também das propostas, e pela clareza das escolhas por estratégias de melhorias das condições de convivência, considerando esta uma solução para efetiva transformação da qualidade de ensino na região. O desejo coletivo pela melhoria das áreas de convivência pode ser compreendida pela necessidade de permanência dos estudantes em horários opostos as aulas, para realização de atividades complementares e de lazer, além de existir uma necessidade de consolidação de uma cultura universitária, com rotina, práticas e atividades próprias, com o atendimento pleno das condições de conforto ambiental e acessibilidade. Foi primordialmente para atender a esta demanda, que este projeto foi desenvolvido.

9.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050:2004 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, Rio de Janeiro, 2004. AUDI, E. MANZINI, M. Protocolo para a avaliação da acessibilidade física em escolas de ensino fundamental: um guia para gestores e educadores. Marilia: ABPEE, 2006. 118p. BRASIL. Lei Federal nº 10.098 - Normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, Brasília, 2000. DISCHINGER, Marta; BINS ELY, Vera H. M. Promovendo acessibilidade nos edifícios públicos: Guia de avaliação e implementação de normas técnicas. Santa Catarina: Ministério Público do Estado, 2006. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SEESP. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SINAES. Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, Brasília, setembro de 2008, 28p. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS. Plano Diretor do Campus Arapiraca, construindo nosso campus juntos. Diagnóstico da Sede Arapiraca, elaborado para discussão com a comunidade acadêmica, novembro de 2012, Arapiraca. Disponível em: http://www.ufal.edu.br/campusarapiraca

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.