Projeto-Mestrado

May 22, 2017 | Autor: André Uzêda | Categoria: Humor Studies, Jornalismo, Jornalismo Esportivo
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ANDRÉ CAMARGO RODRIGUES UZÊDA

OS CAMINHOS DA RUPTURA E CONSAGRAÇÃO DO HUMOR NA LINGUAGEM DO JORNALISMO ESPORTIVO

PRETENSÃO: Mestrado LINHA DE PESQUISA: Análise de Produtos e Linguagens da Cultura Mediática

Salvador – Ba 2015

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RESUMO Este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar produtos jornalísticos baianos para estabelecer uma análise diacrônica do humor em momentos distintos no subcampo da imprensa esportiva. Incialmente como ruptura da linguagem nos anos 1930 e, posteriormente, sua consagração como modelo hegemônico nos dias atuais. Por meio da Análise de Conteúdo (HERSCOVITZ, 2010) e da Análise do Discurso (BENETTI, 2010) pretende-se buscar nos periódicos A Tarde e Correio as implicações desses recursos de linguagem para caracterizar e diferenciar a área esportiva de demais temas cobertos pelo jornalismo impresso. Palavras-chave: jornalismo esportivo - humor - campo jornalístico - discurso

1. INTRODUÇÃO "Deu Piolho na juba do Leão". Foi assim que o jornal A Tarde registrou em suas páginas esportivas a conquista do Bahia no campeonato estadual de 1974, ante o maior rival, o Vitória. O texto do periódico naquele 19 de dezembro é a concretização de uma ruptura na linguagem dada décadas antes pelo jornalismo esportivo brasileiro -- e acompanhada de perto pelo jornalismo baiano, um dos pioneiros no registro da popularização do futebol no país. O chiste apresentado no título de A Tarde remete ao atacante Piolho, autor do gol que resultou na conquista do Bahia, e dialoga comicamente com o mascote do Vitória, representado pela ferocidade de um leão. Este tipo de humor, mesmo que marcadamente infantil, carece de um repertório mínimo para ser entendido, sob o risco de se perder na análise mais rasa da premissa apresentada (POSSENTI, Sírio, 1998. P.54). Atualmente, sites esportivos, revistas especializadas, jornais e programas de TV apostam no humor como uma linguagem própria do jornalismo esportivo. Na Rede Globo, principal emissora do país e detentora dos direitos de transmissão das partidas do Campeonato Brasileiro e também da seleção nacional, o futebol faz parte da área de entretenimento -- núcleo que abrange também novelas, programas de auditório e de

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comédia.1 Há casos que o excesso dos chistes e hipérboles geram críticas na cobertura jornalística. Algumas análises consideram o tom da TV Globo excessivamente caricatural e que, muitas vezes, o lúdico vence a disputa em detrimento da informação. O objetivo do trabalho que pretendemos seguir é percorrer o caminho histórico do humor dentro do subcampo do jornalismo esportivo, com o recorte na imprensa escrita baiana no século XX. Queremos entender a razão das expressões humorísticas -- como a sátira, a paródia, a hipérbole, o duplo sentido e mesmo a ironia -- terem sido forjados como linguagem preferencial para tratar do futebol nas páginas do jornalismo impresso, de modo a se aproximar do público e promover campanhas em favor dos clubes e da ida aos estádios em dia de grandes jogos. Quais as motivações que fizeram do jornalismo esportivo habitué do humor? Por que em outros subcampos do jornalismo -- com a política, a economia ou a cobertura de cidades -- o noticiário dedica um tom mais sóbrio? E até que ponto a linguagem mais leve e romântica do jornalismo esportivo, aliado ao próprio tema retratado, não influencia na marginalização da própria editoria de esportes? Como retrata Paulo Vinícius Coelho, em seu livro Jornalismo Esportivo, a área é historicamente uma das mais segregadas dentro do próprio campo social da imprensa, na partilha de símbolos e valores culturais. Não é na editoria de esporte que se concentram os melhores salários das grandes redações, mas é para lá que seguem os focas, novatos que chegam sedentos de trabalho e de crescimento profissional. É assim desde que o jornalismo escreveu sua primeira página. (COELHO, Vinícius, 2009, p.27) A quantidade de vezes que o jornalismo esportivo estampa a manchete (espaço mais nobre de um jornal impresso) é historicamente inferior ao número de vezes 1

Ler mais na coluna “O padrão Globo de entretenimento”, disponível em: http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2013/03/29/o-padrao-globo-de-entretenimento/

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que o espaço é cedido para temas políticos, econômicos ou mesmo policial. Isto pode ser entendido como um signo de diferenciação no campo social da imprensa. São estas disputas de poder que o sociólogo francês Pierre Bordieu analisa no entendimento do campo jornalístico e na hierarquia entre os pares. O campo jornalístico é então o lugar de uma lógica específica, propriamente cultural, que se impõe aos jornalistas através de restrições e dos controles cruzados que ele impõe uns aos outros e cujo respeito (por vezes designado como deontologia) funda as reputações de honorabilidade profissional. (BORDIEU, Pierre 1996, p. 105)

Até que ponto o humor não influencia na degradação pública do próprio jornalismo esportivo? Os cadernos de esporte são os que possuem mais cores, fazem uso de jargões e expressões populares e dimensionam maiores fotos para valorizar o fato. Esta realidade é abarcada no contexto em que o jornal impresso tradicional impõe uma sobriedade como linguagem e deontologia. E colhe os frutos disso. Em pesquisa divulgada pelo Instituto Ibope, em junho de 2015, os impressos foram declarados os campeões de credibilidade pelo leitor brasileiro, com 53% de confiança. São seguidos por TV (42%), rádio (42%), revistas (36%), sites (23%), redes sociais (22%) e blogs (19%).

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O trabalho que pretendo desenvolver finca inicialmente análise no jornal A Tarde nos anos 1930, pois é o período de transformação da imprensa esportiva brasileira -- e, a reboque, baiana. Até então, os jornais usavam uma linguagem sisuda para retratar resultados de jogos e estampar títulos sobre o assunto. A partir da chegada de Getúlio Vargas ao poder, em outubro de 1930, uma vasta ação política, econômica e social vai se abater sobre o Brasil em nome do discurso do moderno. O período coincide com a profissionalização do futebol e as campanhas jornalísticas em defesa desta ação. Um segundo momento deste trabalho seria um salto, observando uma análise 2

Ver pesquisa publicada na Associação Brasileira de Imprensa, disponível em: http://www.abi.org.br/pesquisa-mostra-que-a-credibilidade-dos-jornais-se-estende-a-varias-plataformas/

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diacrônica, para o ano de 2016. Este pulo temporal, tendo como objeto também o jornal A Tarde e seu principal concorrente, o jornal Correio, estabelece como meta entender a consagração do humor da imprensa escrita baiana e suas responsabilidades na caracterização dos signos do próprio jornalismo esportivo.

2. OBJETIVOS: 2.1 PRINCIPAL Através da análise do jornal A Tarde estudar o caminho do humor como ruptura da linguagem nos anos 1930 para depois, em uma análise diacrônica, tendo como objeto também o jornal Correio, entender os efeitos da sua consagração como "dialeto oficial" da cobertura esportiva.

2.2 ESPECÍFICOS: * Analisar os conceitos de notícia e critérios de noticiabilidade no jornalismo esportivo brasileiro; * Fazer o estado da arte dos estudos do jornalismo esportivo no Brasil; * Percorrer o caminho histórico do humor como ruptura e, posteriormente, consagração na linguagem esportiva brasileira; * Compreender a transformação da linguagem dos jornais na virada social, política e econômica que foram os anos 1930 e o apoio dado pela imprensa na profissionalização do futebol; * Trabalhar o conceito de humor nos estudos de jornalismo, por meio da editoria de esporte; * Analisar como o humor fortalece o estigma contra o profissional de esporte dentro do subcampo da imprensa

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3. JUSTIFICATIVA Este trabalho justifica-se por uma temática que pretende entender a linguagem jornalística vinculada ao humor e fazer o estado da arte sobre os estudos do futebol e do jornalismo esportivo na Bahia e no Brasil. O trabalho proposto, na condição de atingir a almejada profundidade científica, poderá contribuir para futuras pesquisas acadêmicas no campo da linguagem jornalística e sua perspectiva histórica de ruptura e consagração no jornalismo esportivo brasileiro a partir dos anos 1930. Diante do exposto, a escolha pelo programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia se dá na observação da “cultura contemporânea naquilo que ela se explica pela presença abrangente dos meios de comunicação”.3 Outrossim,

diante

da

tradição

acadêmica

deste

programa

e

de

sua

interdisciplinaridade, no que concerne a existência de três linhas de pesquisa, este projeto aproxima-se da Análise de Produtos e Linguagens da Cultura Mediática, por se tratar do exame e da observação da linguagem jornalística. Não poderia deixar de externar meus objetivos pessoais dentro do tema proposto em consonância à minha trajetória profissional como jornalista, formado pela Facom-UFBA, no ano de 2010. Por quatro anos trabalhei nas páginas esportivas do jornal A Tarde e pude observar a leveza e o tom humorístico adotado no trato com o futebol -- bem como, no mesmo período, dos concorrentes Correio e Tribuna da Bahia. Em 2013, me transferi para o jornal Folha de S. Paulo, onde atuei como correspondente contratado do jornal no Ceará. Na rotina produtiva de jornalista -- único da equipe, e responsável por todos os temas disponíveis no estado (política, economia, cidade, saúde, turismo etc.) -- pude observar a mudança da linguagem.

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Disponível em: http://www.poscom.ufba.br/poscom/

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Observei a necessidade de um tom sóbrio para tratar estes assuntos, o que não acontecia quando o tema era o futebol e o ambiente que o envolve, a despeito da existência de um manual de redação da Folha, que padroniza formatos exigidos pelo jornal. Desta forma, este projeto tenta entender a permissão dada ao humor no campo esportivo em detrimento de outras áreas jornalísticas, que também atendem aos mesmos cuidados de valor notícia, apuração, desconfiança da fonte, imparcialidade etc. É objetivo deste trabalho analisar a trajetória do jornalismo esportivo para afinar seu discurso com a linguagem humorística, como também as implicações de aceitar esta ferramenta discursiva lúdica na própria imagem do jornalismo esportivo, partindo da visão de campo social proposto por Pierre Bordieu. Propostas que podem contribuir para os estudos sobre linguagem jornalística e aprofundar a discussão teórica no campo da Análise de Produtos e Linguagens da Cultura Mediática.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Do mesmo modo que o futebol sofreu modificações profundas desde que foi introduzido no Brasil (entre o final do século XIX e o início do século XX), a linguagem jornalística também acompanhou a tiracolo estas transformações, sejam elas no formato ou mesmo na aceitação do produto retratado. Em muitos aspectos -- que denotam uma retroalimentação -- o jornalismo esportivo foi, inclusive, força motriz para os próprios saltos que seriam dados na direção da profissionalização do esporte e nas campanhas para construção de grandes estádios antes da Copa de 1950 -- primeiro Mundial de futebol realizado no país.4 Os primeiros registros da relação do jornalismo baiano com o futebol, por exemplo, é como instrumento de denúncia e correção social. (LEANDRO, Paulo, p.35).

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A Copa de 1950 foi o primeiro Mundial de futebol realizado no Brasil. E entrou para a história como uma tragédia nacional, após a perda da final para o Uruguai, no Maracanã.

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O responsável por trazer o esporte para a Bahia foi o jovem aristocrata José Ferreira Júnior, apelidado de Zuza, que voltou ao Brasil em 1901, após um período de intercâmbio na Inglaterra. Zuza trouxe em suas malas uma bola de couro e amealhou outros de sua faixa etária para a prática do iniciante esporte. O Campo da Pólvora foi o local escolhido para o início das atividades. E, como um rastilho, outros espaços de Salvador também aderiram àquela coqueluche inglesa em pouco tempo. A novidade não agradava as famílias ricas, afeitas ao cricket e ao remo. Estes esportes, acreditavam, traziam símbolos condizentes ao modelo europeu que a elite brasileira teimava em copiar (RODRIGUES FILHO, Mario, p.46). Os jornais baianos passaram, então, a noticiar as reclamações dos soteropolitanos com os transtornos causados pelo futebol. Em agosto de 1904, também pelos jornais, a Intendência Municipal -- estrutura que antecede a Prefeitura de Salvador -- baixa um decreto indicando em quais locais o futebol deveria ser praticado. O que incluía, tão somente, o Campo da Pólvora, Nazaré, Barra, Vitória, Fonte do Boi, Brotas, Barbalho, Santo Antônio, Largo do Papagaio e Distrito da Penha. Fora destes espaços, o futebol estava relegado à clandestinidade (LEANDRO, Paulo, p.38). A partir da década 1910, os clubes sociais de todo o país iniciam um movimento de agregar o futebol como um segmento da prática esportiva. Clubes que nasceram das regatas de remo, como o Flamengo, Vasco e Botafogo, no Rio de Janeiro, ou mesmo de cricket, no caso do Vitória, aqui em Salvador, incorporam o ludopédico como modalidade esportiva, dando início às ligas amadoras de futebol. (RODRIGUES FILHO, Mário). O jornalismo deste período vai ser marcadamente ancorado no colunismo social. O resultado dos confrontos, as jogadas bem executadas e o desempenho dos atletas são relegados a segundo plano. O que interessa nas crônicas é retratar a nobreza das famílias e elegância das senhoras que vão ao jogo acompanhar os rapazes na prática do desporto. (MARQUES, José Carlos). Expressões inglesas abundam dos textos jornalísticos neste período o que reforça o

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caráter elitista do público retratado, tendo em vista uma população brasileira majoritariamente analfabeta, recém-saída da escravidão naquela primeira década do século XX. Desta forma, o termo partida passa a ser chamada de "match". Estádio se transforma em "stadium". Treinamento vira "tranning" e placar é chamado de "score". Estes dois primeiros recortes históricos -- tanto a crítica à prática do futebol pelos jornais quanto, anos depois, a valorização deste mesmo desporto por famílias nobres -podem ser entendidas à luz da teoria funcionalista das comunicações de massa (WOLF, Mauro). Neste tocante, se atribui prestígio a grupos transformados em objeto de ação pela mídia. Desta forma, reafirmando normas sociais e restabelecendo o status quo. Em um primeiro momento, por uma ação elitista, o futebol é relegado como objeto menor e os meios de comunicação reforçam este estigma. Uma década depois, os jornais passam a propagar a elegância do esporte por meio das famílias abastadas que frequentam o ambiente de jogo. Esta função que consiste em conferir um status, entrar na atividade social organizada, legitimando certas pessoas, grupos e tendências selecionadas, que recebem o apoio dos meios de comunicação de massa (LAZARSFELD-MERTON, IN: WOLF, Mauro, 1948, P.82).

Os anos 1930 são definidores para mudar o Brasil, a imprensa e a linguagem do jornalismo esportivo. A chegada de Getúlio Vargas ao poder, por meio de um golpe orquestrado em apoio dos militares, vai reorganizar o estado brasileiro, trazendo a modernidade e a industrialização como conceito mestre nos anos seguintes. (FAUSTO, Boris, p.30). A imprensa brasileira acompanha o desenvolvimento capitalista introduzido por Vargas. Como expõe Nelson Werneck Sodré (1966, p.1) "a história da imprensa é a própria história do desenvolvimento da sociedade capitalista". Embora a Era Vargas seja um contexto de censuras, empastelamento de jornais oposicionistas e controle da imprensa por meio do DIP (Departamento de Imprensa e

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Propaganda) é também neste período que muitos jornais vão modernizar seus parques gráficos e expandir o número de circulação dos seus diários. No jornalismo esportivo é o momento histórico em que o humor começa a triunfar como linguagem para atingir o maior número de leitores possíveis. Em 13 de março de 1931, por iniciativa dos jornalistas Álvaro Nascimento e Argemiro Bulcão, é criado no Rio de Janeiro o primeiro jornal brasileiro dedicado inteiramente ao esporte. É batizado de Jornal dos Sports -- evidenciando também o estrangeirismo em voga no período. Em 1936, o jornalista Mário Filho adquire a publicação em parceria com o jornalista Roberto Marinho, proprietário de O Globo. (CASTRO, Ruy). Mário Filho vai ser o responsável por revolucionar a imprensa esportiva brasileira trazendo elementos marcantes para a cobertura, como observa Mauricio Stycer. Os textos passaram a ser veiculados de maneira autônoma, dentro da página, cada um com um título próprio. O jornal publicava fotos, ilustrações, charges e caricaturas próprias, realçando eventos e personagens. A linguagem, por fim, também mudou. O texto tornou-se mais simples, coloquial, fazendo uso de diálogos e depoimentos, formas narrativas não usadas pelo jornalismo esportivo até então. (STYCER, Mauricio, 2009, p. 76-77).

No futebol, a década de 1930, é também o período da queda de braço entre as ligas amadoras e a profissionalização do esporte. Os jornais -- com particular vigor e empenho de Mário Filho -- tomam para si a bandeira de profissionalização do futebol, defendendo que os jogadores passem a ganhar como atletas pelas tarefas que executam. Como dito anteriormente, com o apoio dos clubes sociais, a noção do futebol no Brasil é de um esporte de bem nascidos. Em São Paulo, o maior vencedor no período é o Paulistano, clube elitista. No Rio, o fenômeno se repete com o Fluminense, campeão da primeira edição do torneio no estado, em 1906. No estado da Bahia, o Vitória -- nascido Sport Club Victoria e formado em bairros abastados de Salvador -- contempla a demanda dos bem afortunados praticantes do esporte bretão. Neste período do amadorismo, os negros participavam do futebol sob a égide do

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disfarce. O Fluminense, por exemplo, ganhou o apelido dos adversários de "pó de arroz" por obrigar negros e mulatos a usarem a precária maquiagem para esconder a cor. Para entrar no Fluminense o jogador tinha de viver a mesma vida de um Oscar Cox, de um Félix Freitas, de um Horácio da Costa dos Santos, de um Waterman, de um Francis Walter, de um Etchegaray, todos homens feitos, chefes de firmas, empregados de categoria de grandes casas, filho de pai rico, educados na Europa, habituados a gastar. Era uma vida pesada. Quem não tivesse boa renda, boa mesada, bom ordenado, não aguentava o repuxo. (RODRIGUES FILHO, Mário, p. 34).

Em 1923, o Vasco sagra-se campeão carioca com um time formado por negros, mulatos e estivadores do porto. Os atletas humildes recebem ordenados para defender as cores cruzmaltina. Os clubes tradicionais -- Fluminense, Botafogo e Paissandu -- não aceitam e criam uma liga própria de disputa, defendendo a continuidade do amadorismo no futebol. Esta situação vai ser retratada pelos jornais da época, que não se furtam em se posicionar na defesa do profissionalismo do esporte no bojo do discurso moderno apregoado por Vargas. Além de Mário Filho, no Rio, Casper Líbero, em São Paulo, também vai incrementar as páginas de esportes da sua Gazeta para defender tal bandeira. Líbero usa recursos humorísticos para promover campanhas esportivas com intuito de ganhar mais público, defender a profissionalização futebol, do torcedor e também o Governo Vargas. Líbero associou A Gazeta incondicionalmente à ditadura Vargas. No final da década de 1930, usa competições esportivas criadas e patrocinadas pelo jornal para promover Vargas e o governo. Mazzoni, chefe da seção de esportes do jornal, defende em sua coluna um papel mais ativo do Estado como forma de reduzir a desorganização do futebol brasileiro. (STYCER, Mauricio, p.76).

Muito do expediente usado pelos jornais esportivos no período, inclusive recaindo sobre a linguagem do humor, da autopropaganda (SCHUDSON, 2010) e na defesa do profissionalismo do futebol, é ancorado na hipótese da agenda-setting, quando se cria um

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conjunto integrado de assuntos e estratégias dispondo-os na condição privilegiada da "ordem do dia". (WOLF, Mauro). E a "ordem do dia" no governo Vargas era a modernização. A superação de um modelo rural brasileiro (ancorado sobretudo na indústria do café -- que entrara em decadência com a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929) e a implantação de uma cultura urbana, industrial.5 No esporte, isto vem atrelado à profissionalização. E os jornais compraram este discurso, ao passo que modificaram a linguagem para conquistar novos públicos. A profissionalização do futebol rompe os redutos de uma elite dominante e abre espaços para o produto "esporte" como consumo de produto de massa. É uma transformação similar, embora morosa e com diferenças marcantes, ao que ocorreu nos Estados Unidos no século XIX. A transformação do jornalismo americano se dá na perspectiva de atrair público e romper com subsídios políticos. O jornalismo transformou-se num negócio com um número crescente de proprietários que começaram a publicar jornais com o intuito de ter lucros e o objetivo central seria a expansão da circulação (TRAQUINA, Nelson). Nos EUA, esta mentalidade capitalista implantada nos jornais vem acompanhada da diminuição da dependência política nas redações. A linguagem muda para ser mais clara, objetiva e concisa no intuito de conquistar maior fatia do público. No Brasil, o subsídio político ainda continua presente nos jornais durante todo o período Vargas -- que vai até 1945. Já a linguagem, no esporte, ao menos, segue orientações humorísticas para aumentar as vendagens dos diários. Nesta lógica, o humor vai ser uma das ferramentas usadas nesta transformação do jornalismo esportivo no Brasil, mas também vai acentuar sua diferenciação em relação a outras editorias jornalísticas. Schudson lembra há duas modalidades de jornalismo que despontaram nos EUA neste período de transformação dos jornais e busca pela audiência. E ressalta também os diferentes ideais que os movem: um puxado pelo ideal da "estória"; outro pela busca da "informação".

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O primeiro tem o caráter sensacionalista, no sentido de entreter o público -- o que afeta diretamente no estilo discursivo e na seleção dos fatos. Já o segundo almeja a sobriedade do discurso e a seleção dos fatos voltada para o cotidiano, imerso em temas de política, economia e questões internacionais. Schudson (2010, p. 116) lembra que o World, jornal nova iorquino do período, representava o ideal do entretenimento. E usava "caricaturas e desenhos, de diferentes tipos de títulos, e a sua própria ênfase em palavras, conteúdos e estrutura frasal relativamente simples" como forma de atrair e capturar sua audiência. Já o New York Times baseava-se no critério da informação, sendo o jornal preferido das classes ricas de Nova Iorque. Desta apresentação de Schudson, Josenildo Guerra destaca o papel da audiência para definir a própria identidade de cada produto. E as pressões que isto vai estabelecer no campo jornalístico e na partilha de valores e capitais simbólicos. Wilson Gomes (2004, p.52) ressalta que, dentro das transformações da indústria da informação e da indústria cultural, parte dos setores editoriais cumpriu dupla estratégia de produção e venda de produtos. O jornalismo esportivo estaria indubitavelmente inserido no campo social do jornalismo, partilhando do capital acumulado (BORDIEU, Pierre), como também em busca da autoridade e competência jornalística (GOMES, Wilson, p.54). Por outro lado está imerso também na área do entretenimento, cumprindo como híbrido a ponte entre a indústria da informação e a indústria cultural -- isto, por vezes dentro de um mesmo veículo impresso ou televisivo. Estas propriedades mestiças dão ao jornalismo esportivo, muitas vezes, um salvo-conduto para expandir a hierarquização jornalística para além do modelo tradicional do lead -- estruturado através das tradicionais perguntas do quem/o que, fez o que, quando, onde, como, porque/para que a partir da conotação mais importante (LAGE, 2002, p.27) -- e também para quebrar conceitos de objetividade, que fazem parte do ritual estratégico do jornalismo (TUCHMAN, 1999). Não é raro um texto esportivo iniciar com um trocadilho, um ditado, um chiste no lugar do lead tradicional. Os efeitos do humor no campo jornalístico há muito são 5

A crise da bolsa de 1929 quebrou o modelo agroexportador brasileiro e forçou mudanças políticas no intuito de salvar a economia do café (NETO, Lira).

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estudados pela Análise do Discurso. Patrick Charaudeau, por exemplo, destaca a anedota (a quem chama de "ludismo") nos efeitos de captação do receptor. Os efeitos do ludismo se repousam sobre a capacidade de duas instâncias a poder colocar o conteúdo da informação a distância de modo que seja olhada sua encenação discursiva (o que se chama uma atitude meta-discursiva). Desta atitude deve emergir uma satisfação, aquela que produz pela descoberta do jogo da intertextualidade que é proposto ao receptor e a conivência que se segue entre as duas instâncias. (CHARAUDEAU, Patrick, p.18).

Esta linha da "satisfação" provocada pelo discurso humorístico é estudada anteriormente por Freud no seu clássico 'Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente'. O pai da psicanálise classifica os chistes (modalidade humorística) em grupos e na sua relação de "prazer" que impõe ao receptor. Mas Freud lembra também que os chistes dependem da "atualidade", que seriam uma constante modificação no repertório criado a partir de informações pregressas de modo a fazê-lo acionar o gatilho do humor. Neste sentido, o universo esportivo atenderia os quesitos freudianos, tendo visto a quantidade de rodadas e jogos a cada semana ("atualidade") que fariam incidir na história, nos escudos e nos mascotes dos clubes (repertório pregresso). Vale ressaltar que os anos 1930 não são os responsáveis pela criação e propagação do humor nos jornais brasileiros. A tradição caricatural está presente nos periódicos nacionais desde o segundo Império, marcadamente na cobertura política. Nelson Werneck Sodré lembra que elementos como "as charges", "os sarcasmos", "as pilhérias", "o dichotes" e "as malevolências" fazem parte da história cultural da imprensa política brasileira. O historiador ressalta ainda que no início do governo Vargas e, de forma mais implacável, durante o Estado Novo (1937), o humor político sofreu duras restrições. A censura aos termos anedóticos tinha endereço: não se podia fazer cair no ridículo o grande líder personalista do período. A partir de 1937, com a implantação do Estado Novo e a criação do D.I.P. (Departamento de Imprensa e Propaganda), a caricatura política brasileira,

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que dera os mais belos frutos até então, perdeu terreno, arrefeceu o ímpeto, asfixiada por oito anos de pressão policial, notando-se no particular a circunstância de se comemorar justamente naquele ano um século do seu aparecimento entre nós (14 de dezembro de 1837- 10 de novembro de 1937). A falta de liberdade liquidara a caricatura, ou melhor, o que aparecia, então, era a caricatura da caricatura. (SODRÉ, Werneck, p. 440).

Levanta-se a hipótese, a ser estudada com mais afinco, da migração do humor das páginas políticas para as esportivas. Uma mudança que não seria espontânea ou mesmo ingênua. O governo Vargas usa elementos esportivos (como grandes comícios em estádios de futebol -- notadamente em São Januário, de propriedade do Vasco da Gama) para se comunicar com as massas. A conjunção destes elementos de transformação da sociedade a partir dos anos 1930 no Brasil, a própria transformação da imprensa para atender novos públicos em face da produção capitalista industrial que começava a se impor, a tomada do discurso da profissionalização do futebol pelos mass media vão ajudar a romper a linguagem esportiva no período e inaugurar uma fase de consagração nos anos vindouros. O que, objetivamente, passa a ser o objeto de pesquisa deste trabalho.

5. METODOLOGIA Para o estudo e análise da linguagem jornalística há uma densa literatura sobre o assunto que este trabalho pretende se debruçar. Por meio de artigos, livros e textos científicos o projeto em tela pretende percorrer uma revisão bibliográfica, caminhando na perspectiva da Análise do Discurso, das Teorias do Jornalismo e da Análise de Conteúdo em Jornalismo. O projeto, por meio de uma pesquisa de campo no acervo disponível na Biblioteca Pública dos Barris, pretende analisar inicialmente o jornal A Tarde em dois momentos distintos partindo por uma análise diacrônica. O primeiro ponto é na estrutura da linguagem humorística pré e pós golpe de 1930 e, o segundo ponto, no ano de 2016. O jornal A Tarde foi o veículo escolhido por ser o mais antigo em atividade no

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estado, tendo iniciado suas publicações em outubro de 1912, perdurando até os dias atuais. É também um dos primeiros diários baianos a adotar um suplemento destacado para a página de esporte, o que, em boa medida, facilita o recorte da pesquisa. Para este segundo momento, a análise também vai se estender pelo jornal Correio, que, após uma ampla reforma editorial em 2008, modificou seu formato (passou de standard para berliner) e passou a apostar em capas bem humoradas, notadamente no campo esportivo. Cabe, deste modo, a Análise de Conteúdo em Jornalismo por mesclar uma análise quantitativa e qualitativa para entender o significado implícito do humor, o contexto onde ele ocorre, o meio de comunicação que o produz e o público ao qual ele é endereçado. Na definição de Herscovitz, a análise quantitativa possibilita "a contagem de frequências do conteúdo manifesto". Empregando este método é possível, por exemplo, medir a quantidade de charges, cartuns, títulos contendo sátiras pré-golpe de 1930 (antes da transformação da imprensa esportiva). Deste modo, pode-se comparar, em números, com o período imediato pós-golpe, estendendo também, em um salto temporal, para os dias atuais -- quando a linguagem humorística já atinge sua consagração e goza das premissas de uma hegemonia estabelecida. Já uma análise qualitativa traz o horizonte de avaliar o "conteúdo latente" do humor nas páginas esportivas, a partir do sentido geral dos textos. Como mostrado no outro capítulo deste trabalho, o humor nos anos de 1930 tinha o interesse de promover o futebol e associar o governo as grandes conquistas dentro das quatro linhas -- em face da diminuição das charges políticas no período do recrudescimento do governo Vargas, a partir do Estado Novo, em 1937. A necessidade de integração dos campos quantitativo e qualitativo decorre do reconhecimento de que os textos são polissêmicos – abertos a múltiplas interpretações por diferentes públicos – e não podem ser compreendidos fora de seu contexto (HERSCOVITZ, 2010, p. 126).

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Para os dias atuais, a análise do texto humorístico nas páginas de A Tarde e Correio -- desde que obedeça uma alta proporção superior a 80%, como sugere Babbie (1989, p 301) -- pode ser visto como peça para atrair novos mercados de consumo e garantir a circulação dos jornais. A análise qualitativa, neste caso, pode ser por cotas, buscando edições específicas em um período também específico, como as Olimpíadas de 2016, que acontecerão no Brasil. Como este trabalho objetiva entender dois momentos diferentes do humor vinculado ao jornalismo esportivo faz-se necessário uma pesquisa de campo para atender esta última demanda. A ideia é uma entrevista em profundidade como os editores e repórteres do jornal A Tarde e Correio para entender a descrição dos processos da fabricação do humor dentro do jornalismo esportivo. De acordo com Duarte, a entrevista em profundidade como recurso de pesquisa ajuda a "identificar problemas, microinterações, padrões e detalhes, obter juízos de valor e interpretações, caracterizar a riqueza de um tema e explicar fenômenos de abrangência limitada". Vale tentar entender quais são as influências das rotinas produtivas e organizacionais no processo de produção da notícia jornalística, que influenciam seu produto final e a escolha criativa do humor na construção de cada processo deste. Desde a década de 1970 do século passado, influenciada pela Mass Communication Research, o newsmaking se preocupa em entender como o ritmo imposto pelas modernas empresas de comunicação (o que inclui planejamento de ações, economia de tempo e recursos) influencia na coleta seleção e edição da notícia. Wolf sistematiza esta teoria partindo de uma análise combinada entre cultura profissional e processo de produção: A articulação principalmente em dois binários: a cultura profissional dos jornalistas; a organização do trabalho e dos processos de produção. As conexões e as relações entre os dois aspectos constituem o ponto central desse tipo de pesquisa. (WOLF, 2008, p. 194)

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Pois é importante ressaltar ainda que, mesmo na editoria de esportes, nem todas as notícias sobre futebol cabem o uso das técnicas humorísticas -- por exemplo, para publicar um texto sobre a lesão grave de um atleta não seria prudente o uso da sátira ou mesmo da ironia, tendo em perspectiva o drama vivido por este jogador. Deste modo, será importante também uma revisão bibliográfica dos clássicos sobre o humor para entender o uso e a implicação de cada técnica no processo de captação do enunciado. O humor, como a literatura, é um campo em que se praticam gêneros numerosos, da comédia à charge, passando pelas "crônicas" e narrativas, histórias em quadrinhos, tiras, pelas. Além de os gêneros humorísticos serem muito numerosos, pode haver manifestações humorísticas no interior de todos os tipos de texto. (POSSENTI, Sírio, 2010, p. 175)

Diante desta concepção faz-se necessário, sobretudo, aprofundar a pesquisa na Análise do Discurso, utilizando-a como ferramenta para interpretar os significados dos textos jornalísticos e a linguagem do humor. De acordo com Benetti (2010, p. 108) no jornalismo há a circulação e a produção de sentidos, porque “o fato de o discurso ser construído de forma intersubjetiva exige compreendê-lo como histórico e subordinado aos enquadramentos sociais e culturais”. Por fim, com base no arcabouço teórico fornecido pela Análise de Conteúdo, Análise do Discurso e das Teorias do Jornalismo pretende-se problematizar o objeto deste trabalho compreendendo as fases metodológicas envolvendo fases distintas da pesquisa. 6. CRONOGRAMA ANO 1: ATIVIDADES Março Abril

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Definitiva Defesa Dissertação

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