Proposta de ensino da disciplina de Farmacologia sob a visão das novas DCNs-2014

July 22, 2017 | Autor: Lívia Paula Calado | Categoria: Clinical Epidemiology, Medicina, Farmacologia, Sistema ÚNico De Saúde
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Acadêmica: Lívia Paula Freitas de Calado- 11º período de Medicina, FCMMG

O ENSINO DA FARMACOLOGIA E A VISÃO DO TRABALHO EM REDE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

O curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) figura-se como o segundo mais antigo de toda Minas Gerais, existindo desde o ano de 1951. Sua metodologia de ensino preserva-se sob uma sólida base tradicional, sendo dividido em ciclo básico, ciclo clínico e ciclo prático (internatos), seguindo, assim, as diretrizes ditadas pelo famigerado "Relatório Flexner". Dessa forma, nos anos iniciais de curso, não há integração entre as várias disciplinas, havendo apenas a transmissão de conteúdo de forma passiva e descontextualizada da futura realidade profissional do estudante, o qual necessita encontrar sentido em meio àquela "chuva de informações". Para sanar essa lacuna, foi-se instituído dentro de cada disciplina os chamados "Grupos de Discussão - GDs". Eles são mediados por alunos monitores que buscam discutir temas pré-definidos pelos professores de forma a fazer conexões entre outras disciplinas e a prática clínica. Essa metodologia tem guiado o aluno ao longo do curso. Dentro desse contexto, a disciplina Farmacologia, a qual é ministrada durante o terceiro ano de curso, imediatamente antes do início da prática clínica-ambulatorial, surgiu com uma nova proposta metodológica para a realização dos GDs, o "ABG"- aprendizado baseado em grupos. Ele acontece da seguinte forma: uma vez por semana a turma inteira é submetida a uma avaliação baseada em um assunto determinado previamente pelo professor (no início do semestre é dado um cronograma da disciplina) e essa avaliação acontece em duas etapas; a primeira corresponde à realização da avaliação individualmente, e, a segunda, à realização da mesma prova em grupo ( escolhido pelo professor). Após o término das etapas, a avaliação é corrigida em sala de aula pelo mesmo monitor que elaborou as questões. Essa iniciativa tem como objetivo principal promover o treinamento da comunicação inter-profissional dos acadêmicos, já que o somatório da avaliação contribuirá para a nota final, e, o grupo não é escolhido por afinidade. Essa proposta corrobora com a implantação das Novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina (Novas DCNs) na CMMG, estando de acordo com o artigo 5º letra f. O objetivo secundário desse método é o de instigar o aluno a ser protagonista de seu próprio aprendizado, fugindo aos moldes tradicionais da visão do professor como detentor absoluto do conhecimento e o aluno como seu fiel discípulo. Este objetivo é respaldado pelo artigo 26 das Novas DCNs.

BELO HORIZONTE 2015

No que tange ao conteúdo das avaliações, são pautados temas recorrentes do contexto epidemiológico de um grande centro urbano, como a cidade de Belo Horizonte- MG. Apesar de não corresponder exatamente aos preceitos de médico generalista apto ao trabalho na Unidade Básica de Saúde, preconizado pelas Novas DCNs, essa abordagem visa arquitetar fundamentos no raciocínio clínico dos alunos para que os mesmos tenham a capacidade de enxergar o paciente nos vários fluxos do Sistema Único de Saúde (SUS): atenção primária, secundária e terciária. Traçam-se, assim, habilidades para o trabalho no sistema de referência e contra referência do SUS. Incluída em um curso que possui o Internato de Saúde Coletiva no formato do exercício da profissão de um médico da família, a disciplina de Farmacologia da CMMG concede ao aluno a competência de se adaptar sem transtornos na nova realidade a qual será uma cidade do interior, colaborando para o trabalho em Rede. Em essência, o trabalho em Rede de Atenção à Saúde corresponde à articulação entre serviços e sistemas de saúde, e às relações entre atores que aí atuam, mediante relações de interdependência entre os pontos da Rede. Ou seja, caracteriza-se pela formação de relações horizontais entre os pontos de atenção com o centro de comunicação na Atenção Primária à Saúde (APS), pela centralidade nas necessidades em saúde de uma população, pela responsabilização na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados sanitários e econômicos. Indo além, pode-se dizer que essa disciplina tem a colaborar na formação de um médico humanizado. De acordo com a cartilha HUMANIZA SUS- 2009: "Por Humanização compreendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde. Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a corresponsabilidade entre eles, os vínculos solidários e a participação coletiva nas práticas de saúde". Dessa forma, a Farmacologia da CMMG além de dar margens à formação de um aluno apto às atividades coletivas, também insere conceitos de Saúde à visão do mesmo, pois, como diz a cartilha HUMANIZA SUS- 2009: "Se produzir saúde é também cuidar de nossas relações, começamos, assim, por tecer uma rede viva que sustenta as ações coletivas, substituindo os esforços individuais que se mostram pouco eficazes."

REFERENCIAS: - http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/trabalho_redes_saude.pdf - Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina- 2014 - http://189.28.128.100/nutricao/docs/evento/pnan10/rede_a_basica.pdf BELO HORIZONTE 2015

BELO HORIZONTE 2015

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