Proposta de uso de marchas na estimulação de fala de crianças com síndrome de Down

May 24, 2017 | Autor: M. Baia | Categoria: Fonética, Musicoterapia, Prosodia, Fonologia, Sindrome De Down
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PROPOSTA DE USO DE MARCHAS CANTADAS NA ESTIMULAÇÃO DE FALA DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN *Maria de Fatima de Almeida BAIA, Marian OLIVEIRA Vera PACHECO, Gláubia Ribeiro MOREIRA Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia– UESB

Objetivo

Síndrome de Down e particularidades linguísticas

Apresentar uma proposta de intervenção na estimulação de fala de crianças com síndrome de Down (SD), focando o nível fônico, i.e. fonético e fonológico, de 2 a 5 anos, com uso de marchas cantadas.

No nível do desenvolvimento articulatório, atrasos são reportados. Segundo Oliveira (2011, p. 278), os sujeitos com SD apresentam especificidades anatômicas tais como hipotonia muscular, o que faz com que haja um desequilíbrio de força nos músculos da boca e face. Possibilidade de disfluência rítmica na fala – velocidade muito acelerada e/ou reduzida.

Sistemas Adaptativos Complexos e Psicolinguística

Para a teoria tudo está em constante adaptação e mudança. Todo o sistema é composto outros subsistemas (LARSENFREEMAN & CAMERON, 2008). O sistema em desenvolvimento não é resultado de predisposições inatas, pois ele é estável e ao mesmo tempo plástico e gradual (BAIA, 2014). Este paradigma, devido ao seu caráter holístico, permite a realização de propostas de trabalho de estimulação de fala que dialogam com outros aspectos do desenvolvimento, como, por exemplo, o motor e sua relação com o desenvolvimento das rotinas articulatórias iniciais da criança (THELEN & SMITH, 1994).

Proposta Com o foco em aspectos rítmicos iniciais de fala - os quais atuam no desenvolvimento inicial de fala, por exemplo, na tarefa de aquisição do acento primário e secundário de palavras, acento frasal, entoação, etc (SANTOS, 2007) - apresentamos uma proposta de intervenção e estimulação de fala de crianças com SD por meio de uso marchas cantadas. Nossa proposta é de uso do método de improvisação de versos/palavras em marchas de acordo com a dificuldade articulatória apresentada pela criança na sessão. A seguinte ordem é proposta na intervenção: 1. Habituar a criança com o ritmo de marcha por meio de atividade lúdica de expressão corporal, com uso de marcha instrumental de compositores como Schubert e Haydn e outras peças que mostrem regularidade rítmica em compasso binário; 2. Canto de marchas infantis; 3. Improvisação com vocalizações do cuidador musicista e criança de peças com batida forte seguida de fraca, com uso de instrumentos de percussão, como maraca e pandeiro, e instrumento de cordas; 4. Improvisação de versos com palavras com aspectos articulatórios segmentais de acordo com o que precisa ser trabalhado com a criança assistida.

Figura 1: Funcionamento de um sistema dinâmico

Sistemas Adaptativos Complexos e Musicoterapia

(...) a new paradigm was emerging – one based on process, wholeness, and nonlinear reactions. This new paradigm holds beliefs that include chaotic movement, wholeness of events, and most importante, the inherent complexity of the real world. (p.26) I found that complexity science [...] greatly informs the full process I see in music therapy. (p. 29) Crowe (2004)

Aspectos linguísticos rítmicos a serem trabalhados *Fonologia Métrica (HAYES, 1995) e estudos de aquisição de acento (SANTOS, 2007) - Sílaba. - Relação entre sílabas átonas e tônicas. - Pé métrico: repetição de uma sequência rítmica com duas ou mais sílabas tônicas/átonas. - Auxiliar a criança na tarefa, por exemplo, de pronunciar o ritmo acentual predominante da língua portuguesa – ritmo trocaico, i.e. palavras dissilábicas paroxítonas.

Considerações Finais É importante acentuar que a tarefa linguística proposta é composta também por meios de intervenção que promovem expressividade, criatividade e autoestima na criança assistida, tão necessários na intervenção por meio da arte, como Crowe (2004) pontua.

Reference BAIA, M.F.A. O papel do balbucio na formação dos templates. Estudos Linguísticos. 43(2): p. 679-695, 2014. CROWE, B. J. Music & soulmaking: toward a new theory of music therapy. Oxford: The Scarecrow press, 2004. HAYES, B. Metrical Stress Theory – Principles and Case Studies. UCLA, 1995. LARSEN-FREEMAN, D.; CAMERON, L. Complex systems and applied linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2008. OLIVEIRA, M. S. Sobre a produção vocálica na síndrome de Down: descrição acústica e interferências articulatórias. 2011. 309 f. Tese (Doutorado em Linguística. Área de concentração: Fonética). IEL, Universidade de Campinas, Campinas. SANTOS, R.S. A aquisição prosódica do português brasileiro de 1 a 3 anos: padrões de palavra e processos de sândi externo. São Paulo: Universidade de São Paulo. Tese de pós-doutorado, 2007. THELEN, E.; SMITH, L. B. A Dynamic Systems Approach to the Development of Cognition and Action. Cambridge, MA: MIT Press, 1994.TOMASELLO, M. Do young children have adult syntactic competence? Cognition, 74, 209-253, 2000.

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