PSIU PROFESSOR

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Psiu Professor! Pesquisa Científica em Sala de Aula ENSINO EXPERIMENTAL No caminho da vida, não busco a perfeição, posto que é chegada; mas a aprendizagem, posto que é a estrada! O autor

Se você já faz experiências científicas em sala de aula, veja como publicar seus experimentos através de artigos científicos! Se você ainda não pratica pesquisa científica em sala de aula, veja como pode começar e envolver seus alunos!

Claudio de Musacchio

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© by Cláudio de Musacchio Direitos autorais reservados Revisão: do autor Editoração eletrônica e capa: Rafael Porto Ilustrações: Rubens Renato Abreu Arquivo digitado e corrigido pelo autor, com revisão final do mesmo, autorizando a impressão da obra Editor: Rossyr Berny Contato com o autor: [email protected] Para conhecer mais autores da Alcance acesse: www.youtube.com e procure por Editora Alcance

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P839h

Musacchio, Claudio de. Psiu! Professor / Claudio de Musacchio. – Porto Alegre : Alcance, 2012. 176p. 1. Literatura brasileira. 2. Contos. I. Título. CDU: 869.0(81)-34 CDD: 869.937 Bibliotecária: Simone da Rocha Bittencourt – 10/1171

ISBN: 978-85-7592-237-8

Editora Alcance - Rua Bororó, 5 - CEP 91.900-540 - Vila Assunção Porto Alegre/RS - Fone/Fax: (51) 3307 0221 / 3307 0233 www.editoraalcance.com.br - [email protected] Contatos MSN: [email protected] - Skype: editora.alcance

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A arte de ensinar consiste em aceitar-se eterno aprendiz. O autor

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Agradecimentos Primeiro eu quero agradecer a todas as pessoas que de uma maneira ou de outra contribuíram para permitir a impressão desta obra. É sempre uma caminhada apaixonante até chegar a sua publicação. E outra caminhada, é o da divulgação, dos contatos, da participação dos congressos e feiras para levar esta ideia a todo lugar. Quero agradecer imensamente a todos os profissionais que trabalharam na orientação e na produção deste livro. Aos colaboradores e professores que nos auxiliam, nos incentivam, e nos colocam o tempo todo em contato com o nosso senso crítico para que possamos adornar com beleza plástica, os ensinamentos para uma vida repleta de novas aventuras aonde as letras e as palavras como notas musicais, vão pouco a pouco entoando a música do saber. Quero agradecer imensamente ao Professor e amigo Zaro que além de meu orientador no doutorado, é um grande amigo e parceiro nesta caminhada. Ao professor e amigo Fernando Schnaid, que juntamente com o professor Zaro, oportunizaram o projeto de pesquisa para incentivar o ensino experimental nas escolas de ensino básico, fundamental e médio. Agradecer ao amigo Rubens Renato Abreu, pela produção de todos os objetos constantes deste livro. Quero agradecer especialmente a minha esposa Maria de Los Angeles, a quem muitas vezes, negligenciei uma atenção maior e cuidados, aos meus sogros Carmem e Victório, que torcem pelo meu sucesso, aos amigos que conhecem meu trabalho e vêem minha preocupação diária com a qualidade do nosso ensino e da nossa aprendizagem. E finalmente, agradecer a vida que levei até aqui, todas as conexões, contribuições, colaborações, cooperações, interações, sabores, dissabores, encontros e desencontros, aprendendo com as pessoas que elevam a nossa estima e reconhecendo àquelas que precisamos evitar, e muitos momentos de recomeço da vida atribulada, mas sempre na constante dose diária de aprendizagem que não se cansa de me surpreender e me fazer feliz.

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Prefácio Tentando pretensiosamente aproximar o professor da realidade e da sociedade, dei a este livro o título de Psiu Professor – Pesquisa científica em Sala de Aula – ENSINO EXPERIMENTAL, na tentativa de chamar o professor na intimidade das relações sociais. Psiu Professor é um chamamento, para que o professor pense a respeito do ensino experimental como uma atividade que possa aproximar seus alunos das suas realidades, dos seus desafios, e do mercado de trabalho, buscando contextualizar o mundo do aluno através da experimentação, da observação e da constatação dos fenômenos observáveis. Mais do que urgente é imprescindível que se aproxime a escola da realidade, da sociedade e do mercado de trabalho. Mas como essa aproximação pode ser conseguida e perseguida? É uma caminhada que a escola deve trilhar, bem como professores, alunos, administração, tecnologias disponíveis, programa pedagógico, práticas docentes, e muita, muita disposição para aprender e fazer ciência do seu conhecimento e da maneira como este conhecimento pode chegar até aos alunos e transformar seu modo de aprender e compreender o mundo. Hoje, muitos professores, educadores e gestão de escola, absorvem com tanta rapidez as tecnologias que estão na sociedade, no mercado de trabalho, no dia a dia de nossos alunos, que muitas vezes não a contextualizam no processo de ensino e aprendizagem, dentro de uma proposta pedagógica que aproxime a escola da sociedade, que diminua a distância em relação ao mercado, e que faça o aluno pensar, refletir, questionar, problematizar, colocálo como agente de mudança, provocar no aluno a ação sobre os objetos que os cerca. Soluções? Podem ser muitas, sugerimos neste livro uma maneira para melhorar a práxis do professor, através da pesquisa científica, da publicação de seus trabalhos, e mostrar aos alunos que eles mesmos podem produzir seus conhecimentos através da pesquisa dos fenômenos observáveis.

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O ensino promovido pela atividade experimental requer do professor profundas reflexões sobre a sua maneira de ver o mundo, de entender o conhecimento, e de como ele pode ser transmitido aos alunos para que o ensino lhes faça sentido. E este sentido é fundamental se queremos que este conhecimento dure mais tempo do que o período escolar. Este livro está longe de ser uma obra completa sobre como realizar pesquisa em sala de aula e de como o professor pode publicar artigos científicos de seus experimentos, mas o que se pretende é despertar o professor para práticas educativas e pedagógicas que contemplem atividades experimentais em sala de aula. O desafio dessa modalidade de ensino consiste em buscar outras maneiras de se observar as ocorrências, os fenômenos, as evidências, e que a educação, de uma maneira geral, possa responder de outra maneira as perguntas, além do quadro-negro ou branco, do giz ou pincel e da saliva ou livro. Desenvolver pesquisa em sala de aula requer que o professor pesquise antes como esta abordagem pode ser empregada, que materiais podem ser utilizados, como se farão os questionamentos para se produzir hipóteses e experiências que as comprovem ou que as refutem. A proposta principal deste livro é fornecer as condições ideais de como a pesquisa científica em sala de aula pode ser escrita, com a participação efetiva dos alunos em todo o processo e culminar na produção de artigos científicos que possam ser publicados em revistas e periódicos especializados nacionais e internacionais. O livro parte do pressuposto que o professor já fez a discussão anterior da metodologia do ensino experimental e das vantagens desta prática educativa. Mostra todas as etapas de como produzir a pesquisa científica em sala de aula, respeitando as normas de como escrever a pesquisa experimental, segundo as regras da ABNT. E, em seguida, mostra como escrever o artigo científico sobre as pesquisas realizadas, também conforme as normas técnicas da ABNT. Mostra também as principais residências dos bancos de artigos publicados no Brasil e de como publicar em revistas e periódicos. Este tema do ensino experimental sempre instigou professores a buscar um projeto de pesquisa que pudesse transformar a sala de aula num

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imenso laboratório de experimentos, onde se buscasse a melhor maneira de se aprender e entender os fenômenos químicos, físicos, matemáticos, linguísticos, históricos, geográficos, biológicos, mas nem sempre encontraram uma referência que os ajudasse a realizar esta trajetória. E assim, escrevendo este livro e oportunizando para todos que o lerem, que é possível ensinarem de tal maneira, e que produza no aluno uma aprendizagem que lhe seja significativo, e que ele aprenda de fato, através da compreensão desses fenômenos. Não é nada difícil, temos que trabalhar apenas um músculo, aquele que leva o seu saber até o papel através de uma linguagem que você irá aprimorar e se desenvolver, eu garanto. E para ajudar a importância do que tento mostrar cito as palavras de Paulo Freire, quando diz: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. É isso que busco nesta obra, chamar a atenção dos professores para que estes transformem a sociedade deixando seus legados escritos nos anais dos congressos, das feiras, dos periódicos e revistas. Se os professores fazem dentro das salas de aula os projetos acontecerem, as feiras de ciências, de história, de matemática, de física, de química e de todas as demais disciplinas, então são possíveis também que estes saberes possam ser levados aos outros professores que precisam dessas informações, que precisam buscar estas ideias para que juntos com as deles toda a sociedade evolua, se desenvolva, e melhore. Adoraria ver meu livro nas melhores estantes do país, nas gôndolas principais das livrarias e chegando a todas as mãos que precisam destas dicas para se impulsionar frente a um novo momento em suas vidas. Mas também torço para que mais tarde, exemplares deste livro estejam nos sebos de todo o país e serem descobertos por professores que buscam ali sementes adormecidas só aguardando suas mentes para se florescerem e transformarem, como diz FREIRE, à sociedade. Quero provocar no docente uma nova pedagogia. A Pedagogia da Descoberta. Vou ficar aqui torcendo para que cada professor que conseguir sair da sala de aula e compartilhar com a comunidade o seu saber, a sua experiência e a sua expertise, possa ver a sua realização causar terremotos do outro lado do mundo com o bater das asas de uma borboleta. Suas pesquisas se multiplicarão e suas ideias irão transformar sua rua, sua cidade, seu estado e

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seu país. Seus experimentos e suas aplicações pedagógicas irão se conectar a milhões de outros experimentos e a outras aplicações pedagógicas e essa sinergia e simbiose proporcionada pela literatura e pela descoberta terá realizado as grandes transformações que o mundo espera pacientemente desde que a escrita mudou a velocidade da evolução humana. Mãos à Obra Professor! Ninguém está pedindo para realizares o impossível, mas apenas a concretização do seu possível, da sua genialidade, da sua competência. Construa a sua vida pública intelectual, já que construístes com sucesso a sua vida profissional. E aos que ainda não tiveram a oportunidade de criar seus inventos e experimentos na sala de aula, comecem hoje mesmo, depois também escrevam, e parafraseando Martin Buber (1878-1965), pois o Homem só constrói o EU através da interação com o TU. Mas é no NÓS que ele aprende e se desenvolve cognitivamente.

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Sumário Introdução................................................................................................................ 15 Correntes Epistemológicas....................................................................................... 17 Corrente Epistemológica Empirista............................................................... 17 Corrente Epistemológica Racionalista........................................................... 19 Corrente Epistemológica Interacionista......................................................... 21 Construtivista - Dialética............................................................................... 21 Corrente Epistemológica Sócio-Histórica..................................................... 24 Autores e suas contribuições à Aprendizagem......................................................... 25 Criando Ritos para Escrever.................................................................................... 36 O que você anda fazendo em Sala de Aula?............................................................ 38 Pesquisa Bibliográfica................................................................................... 38 Mapa conceitual para Pesquisas Científicas Escolares............................................ 41 Problematização............................................................................................. 42 Hipóteses ou Questões Norteadoras.............................................................. 43 Experimentação Científica............................................................................. 45 Metodologia empregada na Pesquisa....................................................................... 53 Refutar ou Comprovar a(s) hipóteses(s).................................................................. 56 Análise dos Dados da Pesquisa................................................................................ 58 Resultados da Pesquisa............................................................................................ 59 Atividades com Magnetismo......................................................................... 60 Atividades com Ímãs..................................................................................... 60 Atividades com Eletroímãs............................................................................ 61 Atividades em Comunicações....................................................................... 62 Texto Técnico da Pesquisa....................................................................................... 64 Que fim está tendo as suas Pesquisas na Escola?.................................................... 72 O Hábito faz o Monge.............................................................................................. 75 Mas como começar o Artigo Científico?................................................................. 76 As Subdivisões Clássicas do Artigo Científico........................................................ 80 Artigos Científicos de Pesquisas Escolares.............................................................. 93 Escrevendo seu Primeiro Artigo.................................................................... 94 Formação do Professor Pesquisador.............................................................. 96 Premissas para um Ambiente de Pesquisa na Escola.................................... 98 Onde Publicar meus Artigos Científicos?.............................................................. 101 Mas como escolher onde publicar?........................................................................ 104 Como funcionam os Periódicos?........................................................................... 108 Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos............................................ 109 Criando Periódicos na Escola...................................................................... 109 Procedimentos para Solicitação de um Número ISSN................................ 113

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PUBLICAÇÃO IMPRESSA....................................................................... 114 PUBLICAÇÃO JÁ EM CIRCULAÇÃO.................................................... 114 PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA.................................................................. 114 CD-ROM..................................................................................................... 115 ONLINE...................................................................................................... 115 A Rede Mundial de ISSN............................................................................ 116 Escolhendo uma Revista para Publicação.............................................................. 117 Publicar em Feiras e Congressos........................................................................... 120 Procedimentos Iniciais para a Pesquisa na Escola................................................. 121 O que é Pesquisa científica?........................................................................ 121 Iniciando a Pesquisa científica na Escola.................................................... 127 Aprendendo a Fazer Pesquisa................................................................................ 129 Elementos Pré-Textuais............................................................................... 131 Capa da Pesquisa......................................................................................... 131 Folha de Rosto............................................................................................. 133 Folha de Aprovação..................................................................................... 134 Dedicatória................................................................................................... 135 Agradecimentos........................................................................................... 136 Resumo em Língua Vernácula..................................................................... 137 Resumo em Língua Estrangeira................................................................... 138 Sumário........................................................................................................ 139 Lista de Ilustrações...................................................................................... 140 Lista de Tabelas........................................................................................... 141 Elementos Textuais................................................................................................ 142 Introdução.................................................................................................... 142 Desenvolvimento do Trabalho..................................................................... 144 Conclusão.................................................................................................... 145 Elementos Pós-Textuais......................................................................................... 147 Referências Bibliográficas........................................................................... 147 Apêndices.................................................................................................... 149 Anexos......................................................................................................... 150 Regras para Produção de Trabalhos Científicos em Ambiente Escolar................. 151 Formação de Professores à Pesquisa Científica........................................... 153 A História do Violão – A Busca da Verdade.......................................................... 157 Referências Bibliográficas e Consultadas.............................................................. 161

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Introdução Para começar a entender o processo que o levará a escrever é preciso voltar algum tempo em seu passado, não muito distante, e verificar em que momento de sua vida você abandonou esta prática, ou se ela nunca aconteceu, porque não foi incentivado a escrever. Pense bem! Ou foi na graduação, ou foi na pós-graduação ou mesmo no mestrado. Em algum momento, esta prática não encontrou mais tempo em sua vida e você pouco fez caso dela. Talvez até não tenha nem percebido que a escrita não ocupou mais as suas noites. Pois bem, se começarmos deste momento, teremos certeza que não ficará nada sobre nada, ou melhor, pedra sobre pedra. Vamos desconstruir todo este movimento ou a falta dele e partir do zero, do segundo imediatamente após o seu último contato com a escrita, quer seja no seu último trabalho ou mesmo na sua última contribuição de trabalho em grupo. Durante a leitura desta obra você vai se encantar com suas reais possibilidades e se descobrir, naquilo que nós chamamos na psiquiatria, que você vai encontrar-se consigo mesmo, frente a frente. E fazer descobertas incríveis. Todo este potencial está dentro de você, nós só vamos, pouco a pouco, colocando isto em evidência e fazer com que você não se assuste, pois a caminhada tem que ser segura, correta, e principalmente, equilibrada. Sem traumas. Neste livro nós vamos inicialmente buscar o que você faz hoje em sala de aula, na sua práxis docente. Para isso vamos realizar nossa primeira tarefa perguntando: 1. Qual é a sua pedagogia? 2. Qual ou quais as correntes epistemológicas que a escola adota? 3. E quais as suas correntes epistemológicas preferidas? 4. E quais são as práticas pedagógicas que a escola trabalha? Behaviorista? Construtivista? Empirista? Pós-construtivista? E outras? 5. Quais são os seus instrumentos de trabalho? Você tem laboratório na escola? Gostaria de ter? Você sabe como providenciar para conseguir montar o seu laboratório? Quais os fomentos governamentais para a realização de laboratórios de pesquisa em escolas? 6. Quais são os seus objetos de aprendizagem? Você utiliza ambiente virtual de aprendizagem? A escola possui um site onde você poderia interagir com os alunos? 7. Como seus alunos percebem esta pedagogia e estes objetos de aprendizagem?

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São tantas as perguntas e questionamentos. Procure descrever neste primeiro movimento em seu computador ou mesmo na sua máquina de escrever, se é que ainda existem por este Brasil afora, responder estes questionamentos. Escreva no mínimo umas dez linhas de cada pergunta. Seja minucioso, paulatino, vai num crescendo, deixe sair de você toda esta definição. Se você quiser consulte a sua coordenação pedagógica, discuta em grupo com seus iguais. Descobrir atentamente qual é a sua corrente vai auxiliar muito as suas futuras pesquisas, posto que tenha que mencionar esta ou estas escolas epistemológicas e as práticas pedagógicas numa parte dos artigos que intitulamos de pressupostos teóricos ou correntes epistemológicas. Não se esqueça que o trabalho de produção de artigos é científico, temos que nos embasar nos teóricos, pensadores e autores que norteiam nossas práticas e nossa episteme. Após a escrita deste primeiro passo podemos avançar. O professor não deve ficar preocupado quanto à forma com que estas perguntas foram respondidas. Isto agora não é relevante. É como se estivéssemos experimentando analisar não o seu desenho da árvore, nem como foram feitos os traços, as folhas e os galhos, mas como você concebe as suas pesquisas, e o que estão por trás delas. Quais são os pensadores da educação que mais se aproximam do seu fazer. Só o fato de você construir um texto explicando esta natureza intrínseca à sua atividade já denota que existe uma explicação por trás de seus movimentos pedagógicos. O passo seguinte é fazer uma pesquisa bibliográfica em casa, para saber que livros você tem sobre estas escolas epistemológicas e práticas pedagógicas. Se você não tem estes livros, então vamos realizar uma pesquisa de campo, na própria biblioteca da escola, ou na biblioteca da cidade, ou mesmo na rede de computadores Internet. Para que o professor possa conhecer um pouco das correntes de educação, mencionaremos as quatro principais correntes epistemológicas que explicam como se dá a aprendizagem.

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Correntes Epistemológicas Neste capítulo vamos abordar alguns pensamentos e correntes epistemológicas para explicar a aprendizagem e de como o ser humano aprende e se desenvolve intelectualmente. A seguir as quatro principais correntes:

Corrente Epistemológica Empirista O conceito de aprendizagem, primeiramente emergiu das investigações empiristas em Psicologia, que fundamentalmente apregoava que todo o conhecimento provinha da experiência. Nesta concepção, o sujeito é considerado como tabula rasa, isto é, as impressões do mundo são formadas essencialmente, pelos órgãos dos sentidos, cujas características individuais são determinadas por fatores externos ao indivíduo. Esta maneira de conceber o conhecimento influenciou amplamente teorias psicológicas e pedagógicas que se traduziram em concepções de ensino e aprendizagem também empiristas. Tais investigações formaram o corpo de conceitos e construtos chamado de Associacionismo, no qual o expoente maior foi o Behaviorismo, que vem a ser uma teoria psicológica derivada da concepção empirista, que tinha como meta a construção de uma psicologia científica, livre das introspecções, fundada numa metodologia materialista, cuja premissa considerava o sentido da aprendizagem como uma mudança de comportamento resultante do treino e da experiência. Como consequência desta corrente empirista, o processo de ensino e aprendizagem é centrado no professor, pois este organiza as informações do meio externo que deverão ser internalizadas pelos alunos, sendo estes apenas receptores de informações. Nesta concepção, o modelo de ensino é fechado, acabado, dito como livresco, e que o conhecimento consiste de acúmulo de informações isoladas, imerso em simbolismos, quadros cheios de cálculos e fórmulas ou definições que devem ser memorizadas, sem um significativo real. Nesta concepção, é forte a ideia de que se o professor ensinar bem, o aluno irá aprender. Se todo o conhecimento está fora do sujeito, no professor e nos livros, o aluno é meramente um recipiente vazio, onde é necessário “despejar” o conhecimento. A ênfase desta corrente é caracterizada pelo conhecimento científico, onde a o saber é adquirido por percepções, isto é, pela origem das ideias pelos canais por onde o ser humano percebe o meio ambiente, independente de seus Cláudio de Musacchio

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objetivos e significados. O empirismo é visto como resultante do uso da ciência, através do método científico tradicional (originário do empirismo filosófico), onde determina que as teorias científicas sejam baseadas na observação do mundo, ao invés da fé. O termo empirismo é oriundo de uma etimologia advinda de dois caminhos. A palavra deriva do latim experientia, de onde vem a palavra experiência, originária da palavra grega εμπειρισμός. E, por outro lado, o uso mais específico da palavra empírico, vem do uso médico, cuja habilidade é derivada da experiência prática e não da instrução da teoria. O conceito na ciência, segundo método científico é que toda a evidência deve ser empírica, dependendo assim, de comprovação realizada pelos sentidos. Os termos utilizados como método empírico, ou pesquisa empírica serve para diferenciar do uso do empirismo filosófico, utilizado nas ciências sociais e humanas, denominando assim, métodos de pesquisa que são realizadas através da observação e da experiência. Outros usos também são aceitos, como o uso realizado pelas Ciências como sinônimo de experimental. Sendo assim, o empirismo seria o resultado de uma observação experimental. O termo também é usado com frequência para designar métodos teóricos que empregam leis científicas preestabelecidas e que só depois se utilizam da experiência. Mas o empirismo utilizado na filosofia, foi definido explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke no século XVII. Locke apregoava que a mente humana era uma tabula rasa, isto é um quadro em branco, sobre o qual seria colocado o conhecimento, através das sensações. Desta maneira, é explicado que todo o ser humano ao nascer, não possui absolutamente nenhum conteúdo genético ou hereditário, e que todo o processo de conhecer e do saber é apreendido pela experiência, pela tentativa e erro. Alguns filósofos associados a esta corrente epistemológica são: Aristóteles, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, George Barkeley, David Hume e John Stuart Mill. Historicamente, na antiguidade, a definição de que o conhecimento era proveniente das experiências aparece pela primeira vez citado pelos filósofos sofistas, que tinham uma visão relativa do mundo, sintetizada por Pitágoras: o Homem é a medida de todas as coisas. Essa máxima mostra que o mundo é conhecido de uma forma particular e muito pessoal por cada indivíduo, sendo a experiência, certamente, fator preponderante para a aquisição desse 18

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conhecimento. Esta corrente epistemológica sofreu seu declínio com o discurso de Sócrates, quando combatia o relativismo apregoado pelos sofistas. Tanto Sócrates quanto Platão enxergavam os sentidos como incapazes de aprender a realidade como verdadeiramente ela é, e trabalharam os conceitos absolutos de cada coisa. Este processo de pensamento desembocaria na teoria platônica do mundo das ideias. Aristóteles retoma mais tarde o empirismo, para explicar a consideração da experiência e da observação do mundo como base da indução, ou seja, partindo-se de dados particulares, através da observação empírica, poder-se-ia obter conclusões de verdades absolutas. Na Idade Média, o pensamento religioso, que subordinava a filosofia à religião, privilegiava o fato de que nem Deus nem a Trindade poderiam ser comprovados cientificamente ou refutada experimentalmente. No século XIV, houve tentativas de separar a filosofia da religião, para poder admitir que a filosofia, agora seria apenas obtida por dados advindos da experiência. Já na Idade Moderna, o empirismo, através dos trabalhos de Francis Bacon, a delimitação do empirismo foi reforçada por este estudioso que salientava mais fortemente que o método dos antigos não era sistemático, e nem rigoroso à luz da metodologia científica. No empirismo britânico, o expoente foi John Locke, que descrevia a mente humana como uma tabula rasa, aonde por meio da experiência, vão sendo gravadas ideias. Já no século XIX, várias escolas filosóficas foram influenciadas pelo empirismo: positivismo (caracterizado como empirismo lógico) e o fenomenalismo. Em todos os conceitos através dos tempos para entender a aquisição do conhecimento, o foco foi sempre a construção epistemológica de que o conhecimento era produto de experiências e observações advindas pelos sentidos e através deles. Muitas das ciências científicas se fortaleceram no conceito da experiência como uma síntese para se chegar ao conhecimento.

Corrente Epistemológica Racionalista Também chamada de psicologia da GESTALT, este fundamento epistemológico pressupõe que todo o conhecimento é anterior à experiência e que este é fruto do exercício de estruturas racionais, pré-formadas no sujeito. Esta concepção desprezava a ação do sujeito sobre o objeto. No Racionalismo também chamado de Inatismo, considerava que são as variáveis biológicas e a situação imediata é que explicam a conduta do sujeito. Cláudio de Musacchio

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Esta corrente lida com o conceito de estruturas mentais, enquanto totalidades organizadas, numa extrema oposição ao atomismo behaviorista. Nesta concepção, o professor é auxiliar do aluno, um facilitador, e o aluno traz em si um saber que ele já possui, restando apenas, organizar, rechear de conteúdo. O professor deve interferir o menos possível. Entretanto, o professor acredita que o aluno aprende por si só, auxiliando a aprendizagem, despertando o conhecimento que já existe dentro dele. A epistemologia que sustenta este modelo pedagógico é também chamada de Apriorista. Apriorista significa “posto antes”, ou seja, bagagem genética e ou hereditária. Acredita que o ser humano nasce com o conhecimento já programado na sua herança genética. Já estaria determinado assim, quando a criança nasce, se ela será inteligente ou não. Pensando assim, espera-se que algumas crianças nasçam com aptidões e facilidades para a aprendizagem e aprendem facilmente, enquanto outras, não nasceriam para os estudos, e se por um acaso fracassarem, o fracasso estaria explicado. Como o fracasso escolar é comum nas faixas mais pobres da população, os mal nutridos, os marginalizados, poder-se-ia pensar que isso ocorre devido a falta de bagagem genética adequada, o que seria um grande absurdo. Este modelo imagina que as interações sócio-culturais estão excluídas na formação das estruturas comportamentais e cognitivas do sujeito. O entendimento que se tem deste pensamento é de que a educação pouco ou quase nada altera as determinações inatas. O que é outro absurdo. Muito se diz que este tratamento dado a aprendizagem é reducionista: pois enquanto afirma que o empirismo reduz o sujeito ao objeto; o racionalismo reduz o objeto ao sujeito. Estas duas correntes epistemológicas empiristas e racionalistas, apesar de terem suas bases epistemológicas distintas, são consideradas semelhantes, do ponto de vista pedagógico, pois afirmam que: RACIONALISMO – as estruturas são pré-formadas e não fruto da ação do sujeito sobre o objeto, não havendo nenhuma atividade deste sujeito para a obtenção do conhecimento, bastando que o professor lhe desperte o conhecimento que já está dentro do sujeito. EMPIRISMO – admite que todo o conhecimento está fora do sujeito, bastando apenas que este fique inerte, sem atividade alguma, e simplesmente absorva, passivamente, o conhecimento. O Racionalismo é a doutrina que afirma que tudo que existe tem uma causa inteligível, mesmo que não possa ser demonstrada pela experimentação, como o Universo, por exemplo. Privilegia, portanto, a razão em detrimento da experiência, como sendo a via de acesso ao conhecimento. 20

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O Racionalismo considera a dedução como o método superior de investigação filosófica. Os pensadores que vão introduzir o racionalismo na filosofia moderna são: René Descartes (1596-1650), Benedictus de Spinoza (1632-1677) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Para todos estes pensadores, filósofos, o racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento anteriores, ou seja, conhecimentos não vindos da experiência e são elaborados somente pela razão. A maioria dos filósofos racionalistas utilizou a matemática como instrumento da razão para explicar a realidade. Sendo assim, Descartes elaborou um método baseado na Geometria. Leibniz, filósofo, matemático e político, afirmou que algumas ideias e princípios existem dentro de nós e são percebidos pelos sentidos, mas não provém deles. E cita como exemplo de conhecimentos inatos, a Geometria, a Lógica e a Aritmética.

Corrente Epistemológica Interacionista Construtivista - Dialética Esta concepção é representada pelo seu maior expoente, JEAN PIAGET (1896-1980). Piaget postula a Epistemologia Genética, cuja teoria é uma síntese do empirismo (behaviorismo) e do racionalismo (Apriorismo). Piaget não acreditava que o conhecimento fosse inerente ao próprio sujeito, nem que era adquirido totalmente das observações do meio que o cerca. Piaget estava interessado em investigar como o conhecimento se desenvolvia na criança. Biólogo por formação estudou Psicologia com seu mestre Édouard Claparède (1873-1940), de quem foi aluno. Claparède programou a Pedagogia Experimental e estudou fortemente a Psicologia da Criança. Seus estudou influenciaram fortemente os trabalhos de Piaget. Mais tarde, Piaget influenciaria Maria Montessori (1870-1952) que viria a programar o modelo Montessori, isto é, as crianças agrupadas desenvolvendo pesquisa, aprendem mais e melhor. É dela a afirmação de que as crianças trazem dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam o seu aprendizado. A corrente interacionista consegue juntar autores como Piaget, Paulo Freire, Sigmund Freud, Henry Wallon, Mikhail Bakhtin, Célestin Freinet, Cláudio de Musacchio

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Lev Vygotsky e Alexander Romanovich Luria, quando a aprendizagem é explicada como resultante da ação do sujeito sobre o objeto, isto é, o sujeito constrói o conhecimento na interação com o meio físico e social. Piaget irá colocar, pois, em xeque, a questão primordial de que o conhecimento não nasce com o indivíduo nem é dado pelo meio social. O conhecimento não é resultante da experiência única dos objetos, nem da ampla programação inata, pré-fornada no sujeito. A obra de Piaget, apesar de não poder ser considerada uma teoria da aprendizagem, e sim do desenvolvimento, contribuiria para explicar ou melhorar o entendimento que se possa ter do processo de aprendizagem. Na epistemologia interacionista, o aluno só aprenderá alguma coisa, se ele agir e problematizar a sua ação. Este processo será realizado por reflexionamento e reflexão. Aprendizagem é construção, ação e tomada de consciência da coordenação das ações. Segundo Piaget, não se pode, portanto, exagerar na importância da bagagem genética ou hereditária, nem a importância do meio social. Piaget apregoa duas verdades fundamentais para o entendimento sobre a aquisição ou construção do saber: todo o conhecimento é um empreendimento coletivo, não podendo ser produzido na solidão do sujeito, e todo conhecimento provém da prática social e a ela retorna. Para os estágios do desenvolvimento, Piaget, afirma que o desenvolvimento humano obedeceria a certos estágios hierárquicos, que decorreriam desde o nascimento até se consolidarem por volta dos 16 anos. O mais interessante do trabalho de Piaget foi à experiência em afirmar que estes estágios são invariáveis, podendo ocorrer pequenas variações quanto ao tempo de duração de cada estágio, devido às diferenças de indivíduo para indivíduo, do ambiente e de aspectos culturais. Os estágios são: estágio sensório-motor, estágio pré-operatório, estágio operatórioconcreto e estágio operatório-formal. Nascimento até dois anos – estágio sensório-motor. A criança desenvolve um conjunto de esquemas de ação sobre o objeto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. A criança só concebe a existência dos objetos enquanto estes estão em sua área de visão, é o chamado conceito de permanência do objeto. Nesta fase constrói esquemas sensóriomotores e é capaz de fazer imitações, iniciando a construir representações mentais. Nesta fase o ensino experimental na escola pode ser muito eficiente se considerarmos que os experimentos científicos na sala de aula ajudam sobremaneira à criança elaborar seus esquemas. Dos dois anos aos seis anos – estágio pré-operatório. A criança 22

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começa a estabelecer a construção da relação de causa e efeito, bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz de conta. Os professores no ensino experimental devem instigar a criança a perguntar sempre, e oportunizar nas respostas a experimentação. Assim a criança saberá que quando fizer uma pergunta terá como resposta uma experiência científica em sala de aula. É muito importante que o professor saiba através da publicação dos trabalhos científicos realizados com os nascidos até dois anos, para que se possa dar continuidade aos experimentos. Dos sete aos onze anos – estágio operatório-concreto. Começa a construir conceitos através de estruturas lógicas, consolidando a sua observação de quantidade e constrói o conceito de número. Nesta fase a criança ainda está com o seu pensamento lógico-matemático incipiente. Embora já tenha um pensamento lógico, ainda se centra muito nos conceitos do mundo físico. Nesta fase os experimentos científicos no ensino experimental devem ser potencializados para que a criança possa estabelecer conceitos de quantidades através de amostras e populações. Explorar através da experiência científica a natureza dos números, das fórmulas e das equações encontradas na natureza, nos objetos e no dia a dia. Dos onze aos dezessete anos – estágio operatório-formal. Nesta fase a criança entra na adolescência e constrói o pensamento proposicional, já reformulando algumas hipóteses, diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente. Nesta fase a criança ou adolescente já se encontra completamente ambientado para realizar experiências científicas bastante sofisticadas, e pode construir relatório técnico sobre os experimentos e artigos científicos sobre os resultados apurados. Na concepção piagetiana, a aprendizagem é produto da consolidação das estruturas do pensamento, neste caso, a aprendizagem é consequência do esquema que a suporta, ou seja, é na construção de novos esquemas que a aprendizagem se consolida. Para Piaget a construção do conhecimento é produto do desequilíbrio das estruturas mentais, os conceitos vão sendo assimilados, causando necessidades de reorganização das estruturas para que os novos esquemas possam ser reestruturados, havendo a equilibração das estruturas mentais. Este assimilar, acomodar e equilibrar é o mecanismo responsável, segundo Piaget para se entender o movimento que é causado na mente da criança a cada nova ação exercida por ela sobre os objetos, reavaliando seus esquemas e reconstruindo novos esquemas, cada vez que um novo objeto lhe é apresentado.

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Corrente Epistemológica Sócio-Histórica Esta concepção é representada pelo seu maior expoente, LEV WYGOTSKY (1896-1934). Igualmente Vygotsky e Piaget são contrários as concepções epistemológicas empiristas e racionalistas. Entretanto, por razões diferentes. Vygotsky criou o conceito que o notabilizaria intitulado ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal, que é a distância entre o desenvolvimento real e o desenvolvimento potencial de aprender. Em outras palavras, é o caminho que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Seria necessário, portanto, a intervenção pedagógica que lhe provoca avanços, o que sem a qual não ocorre espontaneamente. A criança não é capaz de aprender sozinha. Vygotsky segue uma psicologia materialista, de pensamento marxista, sofreu forte influência de Marx e Engels, inserindo em seus estudos as contribuições de Pavlov. Em sua máxima, apregoava que o meio social era fator preponderante para o desenvolvimento humano, e que este se dava pela linguagem, ocorrendo através da imitação. Vygotsky concebe o ser humano como um ser histórico e produto de um conjunto de relações sociais, onde os fatores sociais modelam a mente e constroem o psiquismo. Numa perspectiva semiológica, no qual o signo, como produto social, tem função geradora e organizadora dos processos psicológicos. Desta maneira admite que a consciência seja construída no social, a partir das relações que se estabelecem entre si, por meio de atividade sígnica, através da linguagem. Os signos são os instrumentos pela qual agindo internamente no sujeito, provocam transformações internas que o faz passar de ser biológico para ser sócio-histórico. Por isso, alguns autores classificam melhor a sua epistemologia como sendo sócio-histórico por vincular fortemente a sua teoria à construção de ideias que explicam o desenvolvimento humano fortemente associado ao ambiente e ao meio físico.

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Autores e suas contribuições à Aprendizagem Alexander Sutherland Neill (1883-1973) – De origem escocesa, Forfar, Escócia, morou nos Estados Unidos. Educador, escritor e fundador da escola Summerhill. Ficou famoso por defender a liberdade das crianças na educação escolar. Sofreu forte influência de John Dewey. Criou o conceito SUMMERHILL, escolas onde as crianças escolhiam o que aprender. Respeito à velocidade da criança e a frequência era voluntária. Existem atualmente mais de cinquenta estabelecimentos americanos que seguem esta doutrina ou teoria de ensino e aprendizagem. No Brasil, ultimamente, algumas escolas já estão implantando esta corrente, embora ainda muito discutida no meio educacional. Carl Rogers (1902-1987) – Americano de Chicago, figura como uma das pessoas mais influentes na Psicologia mundial. Autor da Pedagogia Experimental. Fundador da terapia não-diretiva. De corrente humanista, privilegiava a auto-educação e atribuía à noção de uma melhor aprendizagem quando esta assumia um papel de aprendizagem necessária. Afirmava que o professor era um facilitador do aprendizado e que o ensino deveria ser centrado no aluno. A pedagogia experimental baseava-se na aprendizagem que faz sentido para o aluno. Ao executar uma tarefa específica, o professor deve levar o aluno a se entregar a esta aprendizagem porque este compreenderia sua resolução, sua utilidade e seu propósito. O conceito de aprendizagem experimental está ligado à valorização do real, verdadeiro, controle sobre sua natureza e direção, a criança aprende a resolver problemas e aprende a se auto-avaliar. Célestin Freinet (1896-1966) – Francês, educador, pedagogo, também dizia que o ensino deveria ser centrado no aluno. A educação é vista como uma realização para um trabalho real. Para Freinet o trabalho é visto como pesquisa, documentação e experimentação. Freinet considerava a escola teórica demais e desligada da vida, ou seja, longe da realidade da sociedade. Freinet era adepto da Cláudio de Musacchio

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aprendizagem via experiência, dizia que quando o aluno fizer um experimento e der certo, ele o repetirá e avançará; porém não avançará sozinho, precisará da cooperação do professor. A interação entre professor-aluno é o ponto forte de sua proposta pedagógica. Estar em contato com a realidade do aluno é fundamental (contextualização). Entre suas ideias estão às práticas de jornal escolar, troca de correspondências, trabalhos em grupo, aulas-passeio, são ideias de Freinet ainda nos anos 20 do século passado. Outra proposta ousada para a época de Freinet eram as técnicas pedagógicas voltadas para o aspecto político e social na formação dos alunos. Dizia que o professor deveria mesclar seu trabalho com a vida da comunidade, criando associações, os conselhos, eleições. Há princípios no saber pedagógico que Freinet considerava invariáveis, postulando desta maneira, as “Invariantes Pedagógicas” consideradas pilares de sua proposta pedagógica e que colocamos aqui na íntegra por ser fundamental para um ensino experimental: 1. A criança é da mesma natureza que o adulto. 2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros. 3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional. 4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias. 5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto significa obedecer passivamente uma ordem externa. 6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante. 7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa. 8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas nas quais não participa. 9. É fundamental a motivação para o trabalho. 10. É preciso abolir a escolástica.   1. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo.   2. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho. 11. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola - as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência tateante, que é uma conduta natural e universal. 12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando está integrada no tateamento experimental, onde se encontra verdadeiramente a serviço da vida. 26

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13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro as regras e leis são colocar o carro na frente dos bois. 14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica. 15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e idéias. 16. A criança não gosta de receber lições autoritárias. 17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua vida. 18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente. 19. As notas e classificações constituem sempre um erro. 20. Fale o menos possível. 21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa. 22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula. 23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo. 24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador. 25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico. 26. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras. 27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas. 28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade. 29. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la. 30. É preciso ter esperança otimista na vida. Técnicas desenvolvidas por Freinet que hoje em dia poderiam ser consideradas como atividades que complementariam o ensino experimental: l A Aula-Passeio: aulas de campo, voltadas para os interesses dos alunos. Cláudio de Musacchio

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l A Auto-avaliação: fichas criadas por Freinet, preenchidas pelos alunos, como forma de registrar a própria aprendizagem. l A Auto-correção: modalidade de correção de textos feita pelos próprios autores, no caso os alunos, sob a orientação do educador. l A Correspondência Interescolar: atividade largamente utilizada por Freinet, na qual os alunos se comunicavam com outros estudantes de escolas diferentes. l O Fichário de consulta: fichas criadas por alunos e professores, para suprir as lacunas deixadas pelos livros didáticos convencionais. l A Imprensa escolar: os textos escritos pelos alunos tinham uma função social real, já que não serviam meramente como forma avaliativa, já que eram publicados e lidos pelos colegas. l O Livro da vida: caderno no qual os alunos registram suas impressões, sentimentos, pensamentos em formas variadas, o qual fica como um registro de todo o ano escolar de cada classe. l O Plano de trabalho: atividade realizada em pequenos grupos que sob a orientação do educador, com base em um dado tema, desenvolvem um plano a ser realizado num certo intervalo de tempo. l O Texto Livre: tipo de texto em que o aluno não é obrigado a escrever como nas escolas tradicionais. É livre em formato e em tema. Relacionase com a técnica da Imprensa Escolar, Livro da vida e Correspondência Interescolar. Introduziu o conceito das três pedagogias: Pedagogia para o Trabalho – formar cidadãos para o trabalho livre e criativo. Pedagogia do êxito – não via valor didático no erro. O fracasso desequilibra e desmotiva o aluno, professor deve superar o erro. Pedagogia do Bom Senso – a aprendizagerm resulta de uma relação dialética entre ação e pensamento, teoria e prática. Freinet foi elogiado por Piaget pelo seu entendimento sobre os mecanismos do aprendizado. David Paul Ausubel (1918-2008) – Americano, de Nova Iorque, mudou-se para o Canadá, onde construiu sua Teoria Cognitivista. Dedicou-se a educação no intuito de investigar uma aprendizagem que fosse significativa para a criança, que lhe fizesse sentido. E o aluno só encontra sentido quando ele parte dos conceitos que já possui; parte 28

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das experiências que já tem; e relaciona entre si os conceitos apreendidos. Propõe, portanto, uma aprendizagem explicada através da estrutura cognitiva da criança. Esta aprendizagem seria interpretada como um processo de armazenamento de informações que, ao agrupar-se no âmbito mental do indivíduo, seja manipulada e utilizada adequadamente no futuro, através da organização e integração dos conteúdos aprendidos significativamente. Segundo Ausubel, a aprendizagem significativa seria verificada quando informações no plano mental do aluno fosse revelada, através da aprendizagem por descoberta e por recepção. O processo inicial nas crianças menores seria o da formação de conceito, envolvendo generalizações de interesses específicos, para que mais tarde, já na idade escolar, e tendo construído um conjunto de conceitos, favoreceria o desenvolvimento da aprendizagem significativa. Estes conceitos seriam adquiridos através da assimlação, diferenciação progressiva e reconciliação integrativos de conceitos. Sugere para isso, a utilização de organizadores prévios, levando o aluno ao desenvolvimento de conceitos subsunçores, facilitando, portanto, a aprendizagem seguinte ou subsequente. Os organizadores prévios seriam informações e recursos introdutórios, que percebidos antes dos conteúdos, serviriam como pontes entre o que o aluno já sabe e o que ele deseja ou precisa saber para que o aprendizado seja significativo. Estes organizadores seriam considerados como elemento atrativo para o aluno, visando provocar no aluno o interesse e desejo de aprender. O fato mais importante da teoria de Ausubel é quando ele mesmo afirma que o que é mais importante do que a informação na aprendizagem é aquilo que o aluno já conhece. Cabe ao professor descobrir o que ele já sabe e fazer disso um processo de aquisição do conhecimento do aluno, buscando tecer em seus ensinamentos. Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi (1936.......) – Argentina, psicóloga e pedagoga, estudou na Universidade de Genebra, sob a orientação de Piaget. Atualmente é professora titular do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional na cidade do México. Trabalhou a escrita e a leitura de crianças em seu periódo de alfabetização. A partir de seu trabalho foi produzido uma experimentação pedagógica suficiente para, a partir dela, criar uma nova didática. Cláudio de Musacchio

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Propôs à mudança radical na forma como era exercida a metodologia de Alfabetização, propondo uma sistemática que contemplasse não somente uma cartilha do bê-á-bá, mas textos contextualizados e do cotidiano de cada criança. Howard Gadner (1943- .......) – Americano, psicológo cognitivista, neurologista. Conhecido em especial pela sua Teoria das Inteligências Múltiplas. È professor de Cognição e Educação na Universidade de Harvard, professor adjunto de neurologia na Universidade de Boston. Gardner escreveu o livro Estruturas da Mente, onde descreve as sete dimensões da inteligência: inteligência visual, espacial, inteligência musical, inteligência verbal, inteligência lógica / matemática, inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência corporal / cinestésica. Posteriormente propôs mais duas dimensões: inteligência naturalista, inteligência existencialista. Jacques Delors (1925- .......) – Francês, estudou em Sorbonne. Autor do Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI: Educação, um Tesouro a descobrir (1996), onde explora os Quatro Pilares da Educação. Propõe uma educação direcionada para os quatro tipos fundamentais de educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. A seguir o texto da íntegra: “O ensino, tal como o conhecemos, debruça-se essencialmente sobre o domínio do aprender a conhecer e, em menor escala, do aprender a fazer. Estas aprendizagens, direcionadas para a aquisição de instrumentos de compreensão, raciocínio e execução, não podem ser consideradas completas sem os outros domínios da aprendizagem, muito mais complicados de explorar, devido ao seu caráter subjetivo e dependente da própria entidade educadora. Proceder-se-á de seguida a uma breve dissertação sobre cada tipo de aprendizagem deloriana.

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APRENDER A CONHECER Esta aprendizagem refere-se à aquisição dos “instrumentos do conhecimento”. Debruça-se sobre o raciocínio lógico, compreensão, dedução, memória, ou seja, sobre os processos cognitivos por excelência. Contudo, deve existir a preocupação de despertar no estudante, não só estes processos em si, como o desejo de desenvolvêlos, a vontade de aprender, de querer saber mais e melhor. O ideal será sempre que a educação seja encarada, não apenas como um meio para um fim, mas também como um fim por si. Esta motivação pode apenas ser despertada por educadores competentes, sensíveis às necessidades, dificuldades e idiossincrasias dos estudantes, capazes de lhes apresentarem metodologias adequadas, ilustradoras das matérias em estudos e facilitadoras da retenção e compreensão das mesmas. Pretende-se despertar em cada aluno a sede de conhecimento, a capacidade de aprender cada vez melhor, ajudando-os a desenvolver as armas e dispositivos intelectuais e cognitivos que lhes permitam construir as suas próprias opiniões e o seu próprio pensamento crítico. Em vista a este objetivo, sugere-se o incentivo, não apenas do pensamento dedutivo, como também do intuitivo, porque, se é importante ensinar o “espírito” e método científicos ao estudante, não é menos importante ensiná-lo a lidar com a sua intuição, de modo a que possa chegar às suas próprias conclusões e aventurar-se sozinho pelos domínios do saber e do desconhecido. APRENDER A FAZER Indissociável do aprender a conhecer, que lhe confere as bases teóricas, o aprender a fazer refere-se essencialmente à formação técnico-profissional do educando. Consiste essencialmente em aplicar, na prática, os seus conhecimentos teóricos. Atualmente existe outro ponto essencial a focar nesta aprendizagem, referente à comunicação. É essencial que cada indivíduo saiba comunicar. Não apenas reter e transmitir informação mas também interpretar e selecionar as torrentes de informação, muitas vezes contraditórias, com que somos bombardeados diariamente, analisar diferentes perspectivas, e refazer as suas próprias opiniões mediante novos fatos e informações.Aprender a fazer envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas. • Aprender Cláudio de Musacchio

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a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiarse das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. APRENDER A VIVER COM OS OUTROS Este domínio da aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores, pois atua no campo das atitudes e valores. Cai neste campo o combate ao conflito, ao preconceito, às rivalidades milenares ou diárias. Se aposta na educação como veículo de paz, tolerância e compreensão; mas como fazê-lo? O relatório para UNESCO não oferece receitas, mas avança uma proposta baseada em dois princípios: primeiro a “descoberta progressiva do outro” pois, sendo o desconhecido a grande fonte de preconceitos, o conhecimento real e profundo da diversidade humana combate diretamente este “desconhecido”. Depois e sempre, a participação em projetos comuns que surge como veículo preferencial na diluição de atritos e na descoberta de pontos comuns entre povos, pois, se analisarmos a História Humana, constataremos que o Homem tende a temer o desconhecido e a aceitar o semelhante.Hoje em dia os alunos tem que respeitar os professores como eles são respeitados em casa assim deve ser a manifestação do aluno. APRENDER A SER Este tipo de aprendizagem depende diretamente dos outros três. Considera-se que a Educação deve ter como finalidade o desenvolvimento total do indivíduo “espírito e corpo, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade”. À semelhança do aprender a viver com os outros, fala-se aqui da educação de valores e atitudes, mas já não direcionados para a vida em sociedade em particular, mas concretamente para o desenvolvimento individual. Pretende-se formar indivíduos autônomos, intelectualmente ativos e independentes, capazes de estabelecer relações interpessoais, de comunicarem e evoluírem permanentemente, de intervirem de forma consciente e proativa na sociedade.” 32

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Johann Friedrich Herbart (1776-1841) – Alemão, psicólogo, filósofo, fundador da pedagogia, como disciplina acadêmica. Surgimento das escolas de aplicação. Argumentava que a doutrina pedagógica para ser realmente científica precisa comprovar-se experimentalmente. Seu pensamento irá influenciar fortemente Piaget, e Sigmund Freud (1856-1939). Jerome Symour Bruner (1915- .......) – Canadense, psicólogo, considerado o pai da Psicologia Cognitiva, pois desafiou o Behaviorismo. Atualmente leciona na New York University. Sua teoria é que o aprendizado é um processo ativo, no qual os alunos constroem novas ideias, baseados em seus conhecimentos passados e atuais. O aluno seleciona e transforma a informação, contrói hipóteses e toma decisões, contando, para isso, com uma estrutura cognitiva. A estrutura cognitiva (esquemas, modelos mentais) fornece significado e organização para as experiências. A aprendizagem é um processo interno e não um produto direto do ambiente, das pessoas ou de fatores externos àqueleque aprende. Situação de interação entre um sujeito de maior experiência e outro de menor experiência e o objetivo é transformar o novato em esperto. A atividade de se resolver colaborativamente. Lawrence Stenhouse (1926-1982) – Inglês, educador, pedagogo, dedicou-se ao estudo do Currículo Escolar. Adepto do Professor Pesquisador. Utilizar a investigação como recurso didático. Pesquisa-ação – transformar a sala de aula em laboratório e o professor em investigador. Defende um posicionamento investigativo por parte dos professores. Tem trabalhos publicados na área de formação de professores. Uma de suas máximas é que não pode haver desenvolvimento curricular sem desenvolvimento profissional de professores. Maria Montessori (1870-1952). Montessori criou as casas das crianças, deixando bem claro onde estava o centro da Cláudio de Musacchio

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aprendizagem. Em seus estudos, criou os chamados materiais pedagógicos que hoje são imensamente empregados em muitas escolas brasileiras. Em suas salas de aula, Montessori incentivava a pesquisa feita pelos próprios alunos e os trabalhos eram mostrados e discutidos por todos na escola, numa atitude de demonstração as demais crianças de que se desenvolver era algo do que elas poderiam se orgulhar, afinal a aprendizagem, como dizia Montessori, era para a vida toda. William Kilpatrick (1871-1965) - Sofrendo forte influência de John Dewey, outro entusiasta do movimento pelo ensino significativo. Nascido na Geórgia, Estados Unidos, torna-se professor da Universidade de Mercer, e seu mestrado na Johns Hopkins Universisity. Inspirado por Pestalozzi e Parker, que em suas teorias dizia que “a melhor maneira de aprender e produzir um resultado em experiências significativas é participar de forma verdadeira na execução do planejamento e produção e compreensão de / e através de experiências em sala de aula”. É fundador do método de projetos, que parte de problemas reais dos alunos. Todas as atividades escolares realizam-se através de projetos. Quando Kilpatrick conhece Dewey, produz uma revolução no sistema educacional americano. Para que o professor entenda a obra de Kilpatrick, o seu objetivo baseava-se na metodologia de projetos, ou seja, as crianças deveriam realizar projetos de investigação, que em outras palavras, representa um ensino experimental, onde o foco da metodologia recaia na produção de experiências científicas em sala de aula. Kilpatrick acreditava que ao aplicar este modelo de ensino, através de projetos, estava incentivando os alunos a desenvolverem suas habilidades e a despertar novas. Sua teoria de ensino procurava respeitar a individualidade dos alunos, sem, obviamente, se descuidar dos interesses gerais do grupo. Foi muito criticado pelos defensores do método Montessori, que naquela ocasião era muito popular nos Estados Unidos. De posse dos autores da sua corrente educacional já podemos avançar para o próximo tópico. Se você já sabia dessa corrente desde o início deste capítulo, nos perdoe, estávamos apenas sendo didáticos e iremos avançando aos poucos capítulo por capítulo. Também nesta introdução não podemos esquecer para quem estamos escrevendo. Nós não escrevemos para nós, escrevemos para o outro que vive 34

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fora de nós, mas que possui outra história semelhante a sua e as suas (as dele) experiências serão conectadas com as suas, assim que ele começar a ler os experimentos de seus alunos. Desta maneira, quando escrevemos para os outros temos que ter em mente a clareza necessária de que o outro entenda da mesma forma o que queremos disser. Para isso a escrita têm que fluir livremente, as palavras devem traduzir um crescendo com as ideias, uma a uma, até formarem um corpo coeso, crescente, de preceitos, conceitos e significados sobre a experiência do que estamos falando.

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Criando Ritos para Escrever E falando em escrita, busque um lugar que seja forte, que lhe transmita bons fluidos, pode ser no quintal da sua casa, na sala, na cozinha, na garagem. Não importa, o lugar é você quem vai descobrir. Mas o detalhe que quero ressaltar é que esse lugar passará daqui pra frente a ser mágico. Toda vez que fores escrever, será neste lugar, como num santuário religioso em que você fecha os olhos e fala com o seu Deus, seja ele qual for. Busque não ser interrompido, pois que as ideias são formadas em nossa mente através de circuitos elétricos e eles acontecem numa velocidade muito grande. Se você for constantemente interrompido, este ruído pode perturbar o nascimento de novas ideias e as suas traduções em nosso simbólico. Ao se traduzir na linguagem já há uma perda considerável do que pensamos e imaginamos. Portanto, a interrupção é danosa, e você deve buscar que ela aconteça o menos possível. Daí muitos escritores famosos no mundo todo preferirem escrever durante a madrugada quando todos os demais da casa estão dormindo. Esta questão da hora da escrita é o nosso próximo tópico. A hora que você escolher para escrever deve estar dentro do seu fator ótimo de produção. O que quer dizer isso? Não podemos escrever bem, se estivermos demasiadamente cansados por causa do dia atribulado e preocupados porque devemos acordar cedo daqui a algumas horas para outro dia de trabalho. Busque uma hora que seja prazerosa, e que a família saiba que neste momento você ficará incomunicável, tecendo a sua escrita sem ser interrompido. Faça deste momento escolhido uma rotina agradável. Lembre-se, portanto, que para escrever qualquer lugar serve, basta que você encontre neste lugar e momento a inspiração necessária para a sua produção científica. Busque hábitos saudáveis para quem quer passar a escrever sistematicamente. Ande sempre com papel e caneta no bolso. Quando a ideia vier a sua cabeça, escreva, pois ela vai sair da sua cabeça mais rápido que chegou e provavelmente você não se lembrará dela mais tarde. Outro hábito saudável é a leitura. Quem deseja escrever precisa ler muito e principalmente a área que você está tentando escrever. Pois que lendo as suas ideias estão sendo reconstruídas, reequilibradas, provocando novas sinapses em sua mente. Se não quiser adquirir os livros, pegue-os nas bibliotecas ou frequente as casas de leituras espalhadas por sua cidade. Se fores comprar, utilize as pesquisas pela Internet para verificar onde estão os exemplares. Crie uma biblioteca digital de artigos de outros autores para que você 36

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veja através do exemplo de outros autores a maneira como eles constroem o pensamento científico para que você se acostume com a formalidade e com a substância. Promova na sua escola a leitura coletiva, isto é, todos lêem os mesmos livros e depois trocam, comentam e discutem seus pontos de vista. Esta é uma ótima técnica para perceber como os outros professores entenderam os conteúdos. Colecione periódicos na sua área de atuação e comece a vislumbrar um mundo da qual logo a seguir você começará a participar. Alguns periódicos são digitais, isto é, só são conseguidos por computador. Mas você pode conseguir através de alguns minutos numa lan-house e copie para um pendrive ou imprima para ler mais tarde. Se você tiver computador em sua residência, crie uma pasta através do seu sistema operacional e colecione os arquivos nesta pasta. E como último hábito podemos dizer que escrever é um exercício continuo de escrever, reescrever, várias vezes, arrumando, consertando, excluindo, arrumando de novo, até que você ache que está bom. Guarde para fazer algumas leituras daqui a alguns dias. É bem provável que você ainda fará modificações. Quanto mais escrever, mais parecido com o que você quer o texto ficará. E não se preocupe com a escrita formal. Primeiro escreva com o auxílio da alma, depois modele segundo a razão. Não se critique no início, apenas escreva. Não apague o que você escreveu. Escreva mais a frente, pois que você poderá a todo o momento precisar do que já escreveu para dominar a ideia novamente. Nunca diga que está ruim, diga que vai melhorar. Não julgue a sua escrita, você ainda não tem esta capacidade de juízo. Apenas escreva, e muito, e boa sorte. Seja bem vindo. A seguir vamos conhecer um pouco mais a sua pesquisa em sala de aula.

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O que você anda fazendo em Sala de Aula? Neste capítulo vamos descrever as etapas do seu trabalho e dividir em pedacinhos para que sejam possíveis de serem observados e analisados separadamente. Isto é necessário porque a sua pesquisa possui vários ângulos, possui várias observações. Ou você observa as crianças, ou os objetos, ou você analisa os sujeitos ou o meio, ou ainda a metodologia empregada. As pesquisas podem mostrar ao mesmo tempo vários resultados, e estes podem ser observados pelo professor ou pelos alunos. Como podem ter vários pontos de observação é aconselhável designar grupos de alunos para anotar suas observações para posterior discussão. Por exemplo: o professor promove uma pesquisa científica em sala de aula para demonstrar o ponto de ebulição de alguns materiais. Enquanto alguns alunos anotam os resultados da experiência, outros estão anotando as colaborações e interações promovidas durante a experiência. Assim pode-se ter como resultado da experiência vários objetos de estudo ao mesmo tempo. Para realizar pesquisa é preciso formalizar uma análise do que se pretende, como se pretende, que materiais têm-se a mão que irão nos ajudar a realizar a pesquisa e fazer as anotações da forma correta, culta, científica, seguindo os preceitos da pesquisa científica. Inicie a sua análise desde o início, isto é, desde que a pesquisa começou e anote os passos dados até chegar ao final da pesquisa. Qual foi a contribuição dada pelo professor, quais foram às participações dos alunos, quais são os objetos que se envolveram com a experiência, de onde eles vieram? Sofreram transformações de estados? Que outras observações são necessárias para responder a análise pretendida? Descreva, portanto detalhadamente todas as etapas realizadas ou que serão realizadas se a pesquisa ainda não foi executada. Lembre-se o que foi que motivou a pesquisa, pois esta ideia é a principal informação do seu futuro artigo científico. Para entender todos os passos necessários à sua realização, vamos descrever a seguir, passo a passo, todas as informações necessárias.

Pesquisa Bibliográfica Antes de tudo, vamos rever alguns conceitos para ajudá-lo a desenvolver pesquisa científica na escola. O conceito de pesquisa na maioria dos pensadores e professores catedráticos direciona para a busca de novos conhecimentos, através de formatos impressos ou eletrônicos, executando 38

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assim um levantamento minucioso e exaustivo, que permitirá conhecer o que já temos publicado na área e como estas publicações poderão nos ajudar a complementar a pesquisa que se deseja realizar. Esta pesquisa deve ser realizada através de levantamento de materiais nos bancos de dados de diversas universidades, entidades e institutos de pesquisas, livros, artigos científicos, páginas na Web e outros. As fases para o levantamento bibliográfico são: identificação das fontes, localização e compilação. As fontes de informação para buscar referenciais bibliográficos podem ser: primárias, secundárias e terciárias. Fontes Primárias As fontes chamadas de primárias são aquelas que possuem informações originais, isto é, são informações que são julgadas pelas entidades que a recebem de publicação em primeira mão. As fontes primárias obrigam que os seus autores publiquem material inédito. As principais fontes primárias que encontramos são: l Congressos e conferências l Periódicos l Projetos de pesquisa l Relatórios técnicos l Teses e dissertações l Traduções l Normas técnicas l Nomes e marcas comerciais l Legislação pública l Patentes Fontes Secundárias As fontes chamadas de secundárias são consideradas por facilitar o acesso aos documentos originais dispersos nas diferentes fontes primárias. As fontes em geral se organizam para permitir o acesso através de diversos filtros possíveis e são considerados no geral grandes depósitos de dados. Entre as principais fontes secundárias conhecidas podemos citar: l Bases de dados / bancos de dados l Bibliotecas públicas / bibliotecas virtuais l Bibliografias l Biografias l Catálogos de bibliotecas Cláudio de Musacchio

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l Centros de pesquisas l Fontes históricas l Feiras e exposições l Museus l Coleções científicas l Dicionários e enciclopédias l Livros, manuais, internet l Filmes e vídeos Fontes Terciárias As fontes terciárias são locais que armazenam acessos aos usuários para as fontes primárias e secundárias. As fontes terciárias podem ser: l Guias de Literatura l Bibliografias de bibliografias l Centros de informação l Catálogos l Serviços de indexação e resumos Existem ainda fontes de órgãos públicos que coletam informações gerais de diversos autores e obras: l PORTAL DO GOOGLE l PORTAL DA CAPES l SCHOLAR GOOGLE O próximo passo para desenvolver pesquisa científica em sala de aula é colocar a pesquisa de tal maneira que seja ou possa ser interpretada cientificamente pelos professores leitores, isto é, que a comunidade científica possa entender o experimento. Para isso deve ser realizado o mapa conceitual para pesquisas científicas escolares conforme mostra a figura a seguir.

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Mapa conceitual para Pesquisas Científicas Escolares

Neste capítulo vamos descrever como podemos realizar pesquisa científica em sala de aula. Não esperamos ser completos nem esgotar o assunto, mas apenas abordar alguns pontos que devem ser considerados quando se deseja começar a desenvolver projetos de pesquisa científica em sala de aula. Este mapa conceitual não é a única metodologia adotada para a construção de pesquisa científica, mas pode ser de muita ajuda para aqueles que estão começando neste tipo de ensino experimental. O mapa demonstra que pesquisa científica é cíclica e que quando chegamos ao final de uma pesquisa estamos na verdade começando outra posto que o conhecimento que adquirimos de um recorte do fenômeno estudado apenas nos instiga para pesquisa outro ponto de vista e de outro detalhe adiante.

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Problematização Sempre que se depara com o termo Problematização e sua importância para a pesquisa científica, o professor de ensino básico, fundamental ou médio lembra a obra de Freire (1987, 1980, 1977), que retrata a condição do sujeito que se sente desafiado a captar e compreender a sua realidade. Neste esforço de procurar entender a realidade os problemas da pesquisa o levam para um esforço cognitivo para construir suas perguntas. São perguntas científicas que levam o professor e os alunos a buscar as respostas. Nesta busca inicial as respostas, a problematização é a representação da realidade, um recorte que é feito para que se possam compreender os objetivos da pesquisa e de como estas irão ser realizados. É na problematização que as possibilidades são vistas, bem como as situações-problemas, que são trabalhadas. Conforme Freire (1977) afirma, o saber científico deve ser problematizado e desafiado o tempo todo, para ser investigado, segundo a sistematização científica e a metodologia científica para se chegar as conclusões. Gaston Bachelard (1884-1962) observa que o conhecimento científico não está claro na natureza, é preciso ser construído, através da pesquisa científica, e seu objetivo principal é problematizar a realidade para se chegar alguns aspectos desconhecidos das quais se pretende investigar. O centro da pesquisa científica é a busca pelas respostas as nossas inquietações, e a forma que se encontra para pesquisar é procurando saber como interpretar a natureza dos objetos observados. Quanto mais se problematizam os alunos, mais se sentirão desafiados a encontrar as soluções. Quando o aluno é problematizado, ele se torna mais participativo. Ele mesmo busca explicitar o objeto de estudo, enquanto procuram respostas as suas indagações. A problematização não é necessariamente as perguntas, mas o que se conhece do objeto de pesquisa. Por exemplo: se estamos estudando a fotossíntese das plantas, o aluno precisa conhecer antes algumas informações. Estas informações são consideradas problematização se colocadas como questionamentos iniciais que vão instigar o aluno a procurar pelas respostas da pesquisa. Problematizar é levar o aluno a ser curioso e ter vontade de saber a respeito do que está sendo estudado e principalmente se perguntar por que as coisas acontecem, ou são assim, ou que fenômenos ocorrem em determinadas situações. E esta curiosidade poderá contribuir para que o aluno possa chegar 42

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à resolução dos problemas. Neste sentido, quando se adota a postura para realizar pesquisa científica em sala de aula o primeiro desafio do professor é a problematização. É produzir nos alunos a vontade de saber, de conhecer, de buscar pelas informações que respondam as dúvidas iniciais.

Hipóteses ou Questões Norteadoras A pesquisa científica tem início quando se coloca um problema solucionável para os alunos resolverem. Logo em seguida, oferece-se aos alunos uma possível solução ao problema, por meio de uma proposição que possa ser comprovada ou refutada, verdadeira ou falsa. Desta maneira, hipótese é a preposição testável que pode ser pesquisada e servir de solução ao problema proposto. Somente hipóteses que possam ser comprovadas ou refutadas podem dar ao objeto analisado a prerrogativa de se transformar em pesquisa científica, ou seja, o objeto estudado tem que ser passível de estudo, comprovação das hipóteses criadas ou refutadas a estas mesmas hipóteses. As hipóteses podem ser classificadas como: casuísticas - são aquelas que podem ocorrer em determinados casos específicos; hipóteses por frequência dos acontecimentos – são aquelas que podem ocorrer em um determinado grupo analisado; hipóteses que se estabelecem relações entre variáveis – são as hipóteses que possuem variáveis que interfere uma na outra; hipóteses que se estabelecem relação de dependência entre duas ou mais variáveis. Como elaborar hipóteses para uma pesquisa científica em sala de aula? O processo de elaboração deve ser de natureza criativa e experiência na área a ser pesquisada. Normalmente as pesquisas científicas de sala de aula se iniciam, normalmente, de inquietações dos alunos frente a um tema que está sendo estudado. Neste momento, o professor deve não responder as questões, mas permitir aos alunos levantar as hipóteses e realizar a pesquisa científica. Quando as hipóteses são criadas, todos passam a participar da pesquisa, levantando as primeiras informações, escrevendo o projeto, o texto técnico, levantamento da revisão bibliográfica e assim por diante. As principais características de uma hipótese ou de várias hipóteses devem seguir alguns cuidados: hipóteses conceitualmente claras e bem definidas; hipóteses específicas, dependendo da amplitude deve-se dividir em sub hipóteses a fim de obter resultados palpáveis e principalmente observar que elas são possíveis de serem comprovadas ou refutadas; hipótese com referências empíricas, para se evitar julgamentos de valor (maior ou menor, Cláudio de Musacchio

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bom ou ruim, simples ou complexo; hipóteses com certa dose de parcimônia, visto que hipóteses mais simples são melhores de serem perseguidas do que as complexas. Entre as características que se pode perseguir em relação às hipóteses estão: Consistência lógica – as hipóteses devem estar dentro de uma perspectiva que se possam atender as exigências das experimentações científicas. Verificabilidade - é a possibilidade de que, através da experiência científica, se possa verificar a hipótese levantada. Simplicidade – as experiências científicas em sala de aula devem estar no nível condizente com a série educacional. As hipóteses criadas devem ser simples, precisas, condizentes com a maturidade da série educacional. Relevância – as hipóteses criadas para o projeto de pesquisa devem ser relevantes na medida em que suas comprovações ou refutações esclareçam dúvidas importantes na caminhada ao saber dos alunos. Apoio teórico – toda a pesquisa requer embasamento teórico. as hipóteses criadas para o projeto de pesquisa precisam ser analisadas à luz das teorias, das práticas científicas e dos autores reconhecidos pela sua contribuição na área. Especificidade – As hipóteses devem ter níveis bastante específicos para que a pesquisa possa ser realizada e respondida. Hipóteses generalistas, em geral, não respondem as indagações e deixam muito a desejar quanto aos seus objetivos finais que é instruir. Plausibilidade – as hipóteses devem ser plausíveis de ocorrência. Hipóteses impossíveis não são comprovadas, nem refutadas. Desta maneira a pesquisa é dada como impossível. Clareza – as hipóteses devem deixar bem claras qual o problema que se está investigando e não deixar dúvidas para a sua comprovação ou refutação. Profundidade – as hipóteses criadas levam em consideração o nível da série que o projeto está sendo estudado. Séries mais adiantadas tendem a criar hipóteses mais consistentes. Fertilidade – esta característica indica a possibilidade desta pesquisa poder gerar outras pesquisas no futuro. As hipóteses devem ser férteis e provocar outras curiosidades humanas. Originalidade – a pesquisa deve ser original ou quanto muito ser a continuação de outras pesquisas realizadas anteriormente. Para tanto as hipóteses devem conter questionamentos originais. O número médio de hipóteses vai depender muito do propósito 44

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da pesquisa, mas em geral, pode atingir até quatro ou cinco hipóteses, no máximo. Mas também deve ter mais de duas hipóteses, para que a pesquisa não seja demasiadamente simples que perca o interesse dos leitores no futuro. Quanto à escolha das hipóteses é sempre bom deixar os alunos criarem suas hipóteses a respeito da pesquisa e posteriormente, em consenso, escolher àquelas hipóteses que podem contemplar mais precisamente a pesquisa científica que se deseja realizar.

Experimentação Científica Conforme mostra o mapa conceitual para experiências científicas escolares, este é o momento em que ocorre a pesquisa propriamente dita. Nesta fase do projeto de pesquisa, se dá a experimentação para comprovação da hipótese criada. Utilizando-se os materiais especificados e levantados anteriormente, os alunos e professores executam a experiência científica em sala de aula. A alfabetização científica é considerada por muitos autores e pesquisadores da educação como a responsável pelo desenvolvimento integral da criança e do cidadão. Recente, somente a partir do século XIX, a ciência em sala de aula foi inserida como currículo escolar. Este processo foi discutido no século XX por autores como John Dewey (1859-1952), em seus estudos iniciais, defendia a importância da educação científica no contexto educacional. Entretanto tais estudos só se tornaram significativos a partir de 1950, durante o movimento cientificista, que dava um caráter muito grande na valorização do conhecimento científico em relação às demais disciplinas. Apesar de o movimento ter iniciado nos Estados Unidos, logo acarretou uma grande discussão favorecendo assim o surgimento do movimento mundial em defesa pela educação científica. No Brasil este movimento se deu mais tarde, pois ainda no século XIX, os currículos escolares eram predominantemente de cultura literária e clássica. Somente em 1930 é que o ensino de ciências foi incorporado ao currículo escolar e, a partir daí, o processo foi sendo atualizado e tendo uma importância cada vez maior até alcançar o status de experimentação científica não só nas ciências físicas, químicas e biológicas, mas também em todas as demais disciplinas da grade escolar. À cada nova inserção de tecnologia na escola, nascia uma nova perspectiva também nas experimentações e novos ajustes nos processos de Cláudio de Musacchio

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reestruturação a fim de se ajustar e adaptar-se a modernidade. As velocidades de inserção da tecnologia na escola sempre estiveram a frente da metodologia, ou seja, primeiro a tecnologia era utilizada nas pesquisas científicas e, posteriormente, sua aplicação era discutida e avaliada para então sim, adaptarse a prática pedagógica e as atividades docentes. Os professores do ensino puderam observar nas últimas décadas a contínua exploração pela educação científica, com o uso cada vez mais intensivo das tecnologias de informação e comunicação, constituindo-se em novas concepções estratégicas pedagógicas, alterando significativamente o cenário escolar. Com a criação de material instrucional em meio digital, e distribuído gratuitamente pelo governo nas três instâncias: municipal, estadual e federal, pode-se observar gradativamente a construção e desenvolvimento do processo de aprendizagem instrucional dos professores para novos conteúdos disciplinares, levando-se em conta estas novas tecnologias. Uma dessas novas aquisições pelas novas tecnologias foram à introdução de ferramentas pedagógicas presentes em AVA, ambiente virtual de aprendizagem. Nestes ambientes virtuais utilizados pela escola e por alguns professores, pode-se verificar a existência de experimentações científicas nas aplicações e no modo de ensinar e aprender. Centenas de trabalhos de mestrados e doutorados falam a respeito desses ambientes e algumas escolas da rede pública já estão utilizando estas plataformas educacionais como apoio ao ensino e a aprendizagem. Na rede particular estas aplicações estão a muito mais tempo implantadas e já estão completamente inseridas na vida escolar, participando ativamente da vida dos alunos dentro e fora dos portões da escola. Mesmo com a introdução de novas tecnologias no cenário escolar, o Brasil vem alcançando níveis alarmantes em relação aos programas de avaliação, segundo o Sistema de Avaliação de Educação Básica (SAEB), e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, sigla da referência em Inglês de Program for International Student Assessment) Na última avaliação o Brasil ocupou o último lugar de cinquenta países que participaram do evento, nas disciplinas de física, matemática e idioma nativo. Diante disso, fica claro que a reformulação didático-pedagógica passa pela avaliação do sistema educacional como um todo e principalmente no que tange a utilização de experimentação científica em sala de aula como recurso indispensável para uma aprendizagem de maior significância bem como, a integração das TIC´s e o aprimoramento dos laboratórios para que mais disciplinas, além daquelas que normalmente faz pesquisa, possam usufruir 46

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dos modelos pedagógicos que privilegiam a experimentação científica ao currículo. APRENDIZAGEM QUE FAÇA SENTIDO Com a introdução das novas tecnologias na educação, se discutem os novos papeis de cada ator no universo escolar. Professores, alunos, e pessoal de apoio da escola se organizam para conviver com uma infinidade de aparelhos eletrônicos que inundam as salas de aula e provocam necessidades de se repensar como a escola pode se ajustar aos novos tempos cibernéticos. A aprendizagem que faça sentido aos alunos já é tempo de discussão de algumas décadas, desde a introdução do computador nos programas educacionais, através dos laboratórios de informática. A tese defendida por muitos autores como David Ausubel, Joseph Donald Novak (1932- ....) (mapas conceituais) e Helen Hanesian, que a aprendizagem mais efetiva, conseguida pelo uso de estratégias que visam incorporar em seus construtos educacionais e práticas pedagógicas, uma acentuada melhora nos programas de avaliação, passam necessariamente por modelos que contemplem um ensino mais experimental, onde professores e alunos possam observar os fenômenos observáveis de diferentes ângulos e vieses. Potencializar as estruturas cognitivas dos alunos através do uso das mídias de conhecimentos que utilizam de todos os sentidos, de todas as formas de armazenamento das informações e de promoção das relações entre os saberes de forma mais interdisciplinar, incorporando mais de um professor em sala de aula para dar aos alunos mais de um olhar sobre o problema analisado. Não se trata de revolucionar o programa ementário das séries escolares e, sim, mostrar como cada tema estudado pode ser experimentalmente comprovado através do uso de materiais simples do cotidiano como réguas, papel, cartolina, cola, lápis, barbante, etc. O desafio maior é fazer o aluno utilizar o conhecimento que ele já tem em sua estrutura cognitiva, e entrelaçar com o conhecimento de outras disciplinas para que ele faça os nós e construa a rede de conexões necessária em sua mente, tornando assim a aprendizagem significativa. Ao conhecer o novo e relacioná-lo através das associações possíveis, inter-relacionando e possibilitando a transformação e criação de novas estruturas cognitivas. Desta maneira, o desenvolvimento cognitivo passa a ser considerado como um processo ágil e dinâmico, em que novas aquisições de saber, Cláudio de Musacchio

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modificam o conhecimento anterior, por meio de assimilação e acomodação, reequilibrando o sujeito. A este processo de construção do conhecimento Jean Piaget chamou de “Equilibração Majorante”. Toda vez que a criança se desequilibra diante de um novo saber, ela cria novos esquemas para poder acomodar o novo aos esquemas já existentes. Ao conjunto de esquemas existentes formam o que se chama de estrutura cognitiva. De outra maneira, a criança ao reconhecer um objeto, ela assimila aquele objeto, reconhecendo-o e utilizando seus atuais esquemas para acomodá-lo. Ao não reconhecer algum objeto, não encontrando uma razão para sua existência, a criança cria um novo esquema para assimilar e acomodar esta nova informação, promovendo assim, um novo reequilíbrio das estruturas cognitivas. A cada novo objeto, novos esquemas e reestruturações cognitivas. Entretanto a criança só assimila o novo objeto através da ajuda de um indivíduo, colega, professor, que diga a ela qual a utilidade do novo objeto. Uma vez entendida esta razão do existir, uma assimilação será providenciada pelos esquemas existentes. Não havendo como acomodar, novo esquema então será construído, para que possa ser acomodado o novo objeto ou conceito, refazendo mais uma vez as estruturas cognitivas. O que se acredita é que através das experimentações científicas em sala de aula, a criança produz uma assimilação de tal ordem significante, que estas informações são armazenadas contando com outros substratos da informação, tais como relação com forma, cor, cheiro, proposta científica, comprovação da experiência, ou seu refutamento. São muitas as informações que acompanham o resultado da pesquisa e lhe dão o caráter deliberado e definitivo para suas compreensões intelectuais. As contribuições de Jean Piaget ajudam a entender como a criança aprende e se desenvolve intelectualmente. Quando um novo conceito, elemento ou informação é dado ao aluno e este não consegue assimilar a nova informação, então suas estruturas mentais criam novos esquemas para permitir o entendimento do novo, de tal maneira, que a partir dessa experiência, haverá uma nova acomodação das estruturas cognitivas e, por conseguinte uma nova equilibração. O sujeito já não será o mesmo diante do objeto observado, através da sua ação sobre este objeto, modificando o seu pensar a respeito deste. A experimentação científica em sala de aula potencializa estas associações que permitem que o aluno tenha uma aprendizagem que dure mais tempo em sua mente e que o ajude nesta construção do conhecimento e do seu desenvolvimento intelectual. 48

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MELHORANDO A PESQUISA CIENTÍFICA ATRAVÉS DA CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR Ao expor novas pedagogias na escola o que se constata é que a grande revolução não ocorre somente do lado da aprendizagem, mas também do lado do ensino. Os professores precisam entender o que está acontecendo com os alunos, a escola, a sociedade e as transformações sociais por conta do uso das tecnologias e equipamentos eletrônicos, alterando a forma de se comunicar e de gerar informação. Com a introdução da modalidade de EAD na educação continuada de professores, o governo introduziu em 2005, a partir da criação pelo Ministério da Educação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), com a finalidade de democratização e interiorização da oferta de cursos e programas de educação superior para lugares de difícil acesso aos cursos superiores presenciais. Nestes cursos de EAD, o que se contata é a necessidade dos professores de, primeiro, aprender para ele mesmo utilizar, e de em segundo lugar, aprender para ensiná-los sobre o equipamento ou ferramenta que aprender, e num terceiro momento, ensinar as disciplinas da escola utilizando as tecnologias que aprendeu. Não se trata mais de analisar se o professor quer ou não quer utilizar estas tecnologias e, sim, da premência de que venham a incorporar estes conceitos e práticas pedagógicas devidamente integradas ao novo modelo educacional que já utiliza as tecnologias da informação e da comunicação nesta relação ensino-aprendizagem. O professor que está sendo preparado para um ensino experimental, também se prepara para refletir sobre as experiências em modalidade de ensino pelas quais deverá dominar para colocar em prática em seu fazer docente. Além do aspecto das exigências escolares a fim de acompanhar o avanço tecnológico impulsionado pelos alunos, também se tem o aspecto das novas tecnologias pressionando o mercado de trabalho para que estes alunos hoje, se tornam cidadãos aptos para o mercado de trabalho completamente dominado pela nova sinergia eletrônica. A prática docente experimenta nos últimos anos diferentes aportes tecnológicos e epistemológicos alterando substancialmente as práticas pedagógicas. Na característica de ensino experimental o que se verifica é uma procura cada vez maior por espaços interdisciplinares na escola para promover uma educação de qualidade diferenciada e duradoura para o aluno. Neste sentido, vemos os laboratórios da escola cada vez mais requisitados para Cláudio de Musacchio

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experiências nas disciplinas de química, biologia e física. Mas são também intensificadas as outras disciplinas que não possuem histórico experimental de pesquisa, mas que já ensaiam seus primeiros passos. É o caso de história e geografia, que se unem para estudar os fatos e lugares da história. Desta maneira, aumenta as chances do aluno de esquecendo o fato lembrar-se do local ou vice versa, esquecendo o local possa através da lembrança do fato, refazer todo o conhecimento construído. Algumas escolas já estão experimentando através de suas oficinas de arte e programação complementar a utilização maciça de recursos de laboratório científico. É o caso de oficinas de construção de objetos conhecidos como utensílios domésticos, da fabricação de equipamentos eletrônicos, de processos de engenharia, eletrônica, robótica, cosmologia, e até artes plásticas, música e estudos da tradição de povos. Nestas oficinas, as escolas envolvem mais de um professor em sala de aula para experimentações científicas, onde cada saber profissional irá contribuir com sua fatia de informação, permitindo que o aluno possa unir os conceitos, discuti-los, implantá-los, verificá-los e avaliá-los. Este é o sentido maior da experimentação científica em sala de aula – poder responder seus questionamentos não mais com uma simples pergunta ao professor muitas vezes fora de sala de aula, mas agora tratada à dúvida com rigor científico e para todos os alunos da classe. Outras possibilidades nas oficinas é a multidisciplinaridade, envolvendo diversos professores em projetos conjuntos, elevando o entendimento dos alunos sobre o objeto estudado. Mas também os professores aprendem a lidar com este novo paradigma menos cartesiano, especializado, e mais completo, global, com uma visão sistêmica proporcionada pela visualização de outros ângulos, outros enfoques. A transdisciplinaridade trata-se de uma abordagem científica que permite unir o conhecimento fragmentado numa solução mais completa. Desta maneira, esta modalidade, estimula uma compreensão da realidade articulando elementos que perpassam entre, além e através das disciplinas, buscando explicar mais eficientemente a complexidade. Não se trata de unificar as disciplinas, mas obter de cada uma delas a sua especificidade da realidade e da interpretação dos fatos. Quanto mais o professor aprende a unir-se aos demais professores para produzir e explorar novos matizes do saber e desvelar complexidades, não procurando combater a especialização, posto que seja necessário, mas buscando tecer os diferentes olhares, reorganizando e reintegrando para formar o pensamento complexo, 50

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mas este professor adquire o pensamento completo, global, sistêmico. Este é um paradigma no modo do ensino que precisa ser trabalhado, discutido, exercitado. E a pesquisa científica pode criar um ambiente propício para estas observações trans e multidisciplinares. Enquanto a interdisciplinaridade une os professores para discutir um determinado tema ou problema, a transdisciplinaridade, mais integradora, une os professores para discutir os temas, buscando novos acordes para o pensamento complexo, permitindo maior comprometimento dos professores na criação de novos saberes. Podem-se distinguir três graus de interdisciplinaridade: O grau de aplicação – é quando a participação de uma disciplina melhora substancialmente o serviço da outra. Por exemplo: os métodos da física nuclear são transferidos para a medicina, acarretando no surgimento de novas curas para o câncer. O grau epistemológico – transferência de lógica formal de uma ciência para outra. Por exemplo: a educação emprestando para a área da administração corporativa os preceitos de educação, quando tenta explicar como o sujeito adquire conhecimento. O grau de geração de novas disciplinas – é quando métodos de uma ciência são emprestados para a outra e isso resulta no nascimento de uma nova ciência. Por exemplo: métodos da matemática foram transferidos para a física gerando a física matemática, ou quando se transfere métodos da física de partículas para a astrofísica, gerando a cosmologia quântica, e assim, por diante. Já a multidisciplinaridade é um conjunto de disciplinadas em que se expõem juntamente para se relacionarem e co-existirem mutuamente, tentando encontrar um só nível de soluções possível e único, sem que sejam alteradas ou modificadas em suas estruturas disciplinares. As oficinas por terem o caráter livre, fora do ementário dos engessados programas do ensino educacional, podem promover estas diferentes participações e cooperações em diversos níveis. Ao se expor um determinado problema para os alunos, cada disciplina encontra a sua própria natureza epistemológica para fazer as suas contribuições, não necessitando de nenhuma preocupação na interligação das disciplinas entre si. Esta cooperação pode trazer novamente a discussão de que para resolver certos problemas devemos recorrer a mais de uma ciência ou setores do conhecimento, para encontrar respostas que façam melhor sentido para o professor e para o aluno. A multidisciplinaridade apenas procura juntar o que Cláudio de Musacchio

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o modelo cartesiano e cientificista separou algum dia lá atrás na história. Diferentemente da multidisciplinaridade, a pluridisciplinaridade busca, apesar de considerar o sistema de disciplinas em um só nível, analisarem as relações que possam existir entre elas, nomeando diferentes aspectos da observação e buscando cruzar estes aspectos, mas respeitando também, como o faz a multidisciplinaridade, os aspectos individuais da análise. Um exemplo clássico de pluridisciplinaridade é uma pintura de Giotto, que pode ser estudada não apenas pelo aspecto da história das artes, mas também pelo aspecto religioso das artes, da história européia e da geometria na matemática. Outro exemplo o estudo da filosofia marxista, que pode ser estudada por diferentes enfoques: filosofia, economia, psicanálise, literatura, física.

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Metodologia empregada na Pesquisa O rigor científico é necessário para que o aluno tenha a aprendizagem não só do objeto estudado, mas de como este estudado é executado. Assim sendo, uma vez que a dúvida levantou necessidade de descoberta, é preciso que a caminhada até a análise seja minuciosa e utiliza-se de todas as etapas do projeto de pesquisa. Seguindo, portanto, o mapa conceitual para pesquisas escolares, a metodologia estabelece os parâmetros pelas quais a pesquisa será executada. Nesta fase já estão estabelecidos os materiais que serão utilizados, definidos os processos da experimentação, escolhido o local para a experimentação, e todos os recursos necessários para se anotar, gravar, ou relacionar o resultado apurado da experimentação. A metodologia compreende as ferramentas ou técnicas que serão utilizadas para atingir os objetos traçados e poder refutar ou validar as hipóteses levantadas no projeto de pesquisa. O método científico possui um conjunto de regras bem definidas de como realizar conhecimento científico, sendo este um novo conhecimento, ou apenas uma contribuição para um conhecimento já existente. Em outras palavras, consiste em juntar evidências empíricas verificáveis, baseadas na observação sistemática e controladas. Neste sentido, o projeto de pesquisa científica em sala de aula, no nível do ensino básico, fundamental ou médio guardado as suas proporções, tratase especificamente na observação empírica de objetos, fatos, verdades ou campos de análise, que possam esclarecer as dúvidas do aluno diante das hipóteses declaradas. O método científico é composto dos seguintes elementos: Caracterização – quantificações, observações e medidas. Hipóteses – explicações hipotéticas das observações e medidas. Previsões – deduções lógicas das hipóteses. Experimentos – testes dos três elementos acima. O método científico consiste de três aspectos: l Observação – os projetos de pesquisa podem ser caracterizados por uma simples observação sobre o objeto estudado. Ou pode exigir a utilização de instrumentos sofisticados como binóculos, estetoscópios, microscópios, telescópios, e tantos outros. l Descrição – Todo experimento precisa ser replicável, isto é, capaz de ser reproduzido, a fim de se poder testar as hipóteses. Cláudio de Musacchio

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l Previsão – hipóteses válidas. As observações podem ser feitas no passado, no presente ou no futuro. Controle – Todas as experiências precisam ser controladas. Pesquisas controladas são aquelas que permitem a retirada de variáveis que possam adulterar o resultado. Falseabilidade – toda a hipótese tem que poder ser testável, e seu resultado comprovado ou refutado. Ou seja, ela deve ser construída de tal maneira que permita a atribuição de falsa ou verdadeira. Explicação das causas – quando se faz pesquisa científica tem-se que a causalidade é o fator preponderante para se chegar a comprovação das hipóteses ou a sua negação. São vistos dois aspectos científicos: correlação de eventos e ordem dos eventos. Os passos para se seguir o método científico é dado a seguir sem o rigor de que possam outros exemplos, mostrar um ou outro item faltante: definir o problema, recolher dados, propor hipóteses, realizar a experiência na forma controlada, analisar os resultados, interpretar os resultados, publicar os resultados. A interpretação dos resultados poderá gerar novas hipóteses o que transforma a pesquisa científica em um movimento circular de busca de conhecimento no formato espiral, promovido por novas hipóteses e questionamentos. Podem-se compreender as etapas da pesquisa científica através de perguntas que o professor deve fazer para o projeto a fim de adequar ou equacionar os modelos de metodologia existentes, escolhendo aquele que melhor irá representar o caminho a ser perseguido. Etapas da pesquisa científica: Como se dará a pesquisa? – de uma maneira geral, explicite nesta opção como a pesquisa será realizada. Quais os caminhos para se chegar aos objetivos detalhados no projeto de pesquisa? Qual o tipo de pesquisa que mais se encaixa ao objeto que o professor quer investigar com os alunos? Qual o universo observável da pesquisa científica? O quão representativo serão os dados da pesquisa, ou seja, como será feita a amostra dos dados utilizados na pesquisa? Detalhar quais os instrumentos utilizados para a coleta de dados? Distinguir como foram construídos os instrumentos de pesquisa? 54

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Dentre os modelos existentes, escolher uma para definir a tabulação de dados. Na fase de interpretação como serão analisados e interpretados os dados e informações? Como o professor e os alunos irão acessar as fontes de consultas, fichálas, lê-las e resumi-las e como será construído o texto? Qual o universo da pesquisa? Nesta opção o professor deve aproximar o valor relativo a quantidade de indivíduos que possuem as mesmas características observadas na pesquisa? Se for utilizada parte deste universo, a pesquisa irá separar uma parte que se chama de amostra. Qual será a quantidade utilizada nesta amostra? Os instrumentos de pesquisa mais utilizados são: a observação e a entrevista. Outro instrumento muito utilizado é o questionário, com perguntas abertas, fechadas e de múltipla escolha. E por último, alguns formulários de preenchimento de dados são, geralmente, utilizados para dar um caráter mais organizado ao levantamento de dados e informações ao projeto de pesquisa. Na coleta de dados as perguntas são: Como será realizado o processo de coleta de dados? Como? Através de que meios? Por quem? Quando? Onde? Muitas perguntas devem ser respondidas com muito critério e, se possível, com a ajuda de mais professores. Com relação à tabulação de dados, existem duas perguntas também: Como organizador os dados conseguidos para a pesquisa? E como utilizar os recursos de índices, cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos. Com relação à análise e discussão dos resultados, como os dados coletados serão analisados? Confirmar ou refutar as hipóteses anunciadas. Para a conclusão da análise dos resultados: A primeira tarefa é sintetizar os resultados obtidos, evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo e indicar as limitações e as recomendações para futuros trabalhos. Deve-se na recomendação apontar a relação deixar bem claro qual foi a contribuição da pesquisa para o meio acadêmico escolar, empresarial ou desenvolvimento da ciência e tecnologia. E finalmente, escolher o grupo de alunos que irão redigir o relatório de pesquisa. No caso do ambiente escolar, deve-se mencionar o ensino: básico, fundamental ou médio. Não se deve esquecer-se da maneira correta de redigir segundo as normas da ABNT. Cláudio de Musacchio

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Refutar ou Comprovar a(s) hipóteses(s) A comprovação científica é um conjunto de processos e métodos teóricos e práticos, conhecidos como método científico, que são realizados para que se possa averiguar sistematicamente se são verdadeiras ou falsas. Em outras palavras comprovar significa confirmar, corroborar, evidenciar, demonstrar algo. A comprovação científica é o ato de comprovar experimentos, sejam eles diretos ou indiretos, ou ainda por métodos que utilizam a probabilidade para verificar a veracidade plausível de que tal evento é passível que ocorra, dando a determinada hipótese o resultado que ela espera. O que é importante salientar é que a veracidade de alguma hipótese ou teoria deve ser sempre testada com rigor e método científico. O método científico não estabelece uma única maneira de proceder, entretanto, seu pensamento se baseia em procedimentos que norteiam as pesquisas científicas, da mesma maneira a comprovação científica nem sempre segue o mesmo procedimento ou caminho. É possível encontrar outras formas comuns para comprovar ou refutar experiências científicas. Como medida eficiente de continuidade de trabalhos científicos, a publicação de resultados contribui para a comunidade de professores, pois que muitas vezes criam-se as hipóteses para pesquisas de outros professores e através disso, são realizados novos experimentos a partir de uma ideia anterior realizada ou mesmo trabalho executado. A ciência tenha demonstrado que ao se realizar experiências científicas em sala de aula, o professor deve publicar seus experimentos, e assim o fazendo, acaba expondo a pesquisa, como ela foi realizada, que metodologias mais se adequaram, quais foram as hipóteses construídas, e tantos outros dados. Estes trabalhos anteriores muito contribuem para que mais professores e alunos acabem executando novamente a pesquisa científica e encontrando resultados que podem não expressar cento por cento de trabalhos anteriores. Isso se deve porque a pesquisa científica não é uma receita de bolo onde toda vez que for executada tem que necessariamente apresentar os mesmos resultados. É através da realização de várias experiências sobre o mesmo objeto e contendo as mesmas hipóteses que as pesquisas ganham outros olhares, são acrescentadas outras observações, outros materiais, e o campo de pesquisa sofre alterações desde o seu início. Ao serem apresentados os resultados e confrontados com experiências anteriores pode-se melhorar alguns pontos, introduzir novos olhares, modificar a teoria, mantendo seu caráter principal 56

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ou até mesmo refutar como já aconteceu com inúmeros trabalhos acadêmicos que culminaram em mudar a teoria ou a prática em determinado assunto. É exatamente por apresentar resultados diferentes que faz da pesquisa científica uma ciência não exata, proporcionando nos alunos o gosto pela descoberta, culminando em sua comprovação ou refutamento.

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Análise dos Dados da Pesquisa O ciclo de pesquisa científica em sala de aula compõe-se de três momentos: a fase exploratória da pesquisa, onde os alunos levantam as informações e os materiais necessários para a sua produção; o trabalho de campo, que compreende a execução da pesquisa e, o tratamento do material. Todo o processo de pesquisa inicia-se com esta primeira fase que é a exploratória, em que são interrogados aspectos referentes ao objeto, aos pressupostos, às teorias referentes a pesquisa, à metodologia a ser empregada e às questões operacionais que vão permitir o trabalho de campo. Ao se estabelecer o trabalho de campo, que é baseado no recorte que se fez empiricamente da construção teórica elaborada da pesquisa. Neste instante são escolhidas as formas e técnicas escolhidas para a coleta de dados tais como: entrevistas, pesquisa documental e ou bibliográfica, observações sobre os objetos da pesquisa. Após a coleta de dados, a próxima etapa é a análise e interpretação dos dados ou dos objetos observados. A análise compreende a organização e sumarização dos dados de tal forma que permitam o fornecimento de respostas aos problemas propostos para a investigação. Já a interpretação dos dados tem como objetivo a busca pelas respostas de uma forma mais ampla e em geral busca ligações com outros conhecimentos abordados anteriormente. A análise dos dados é a compreensão que se tem sobre o objeto observado e a formação de algum significado que se possa compreender e estabelecer em relação às hipóteses levantadas e os dados apurados. Dado a sua complexidade no entendimento dos seus resultados, podese avançar ou retroceder sob os dados concretos e a formação de conceitos abstratos, entre o raciocínio que se faça indutivamente e o dedutivo, entre a sua descrição e definição final e a interpretação subjetiva. Estes significados construídos dos entendimentos finais constituem o estudo propriamente dito da pesquisa científica. Entre as várias técnicas de análise, em relação a pesquisa qualitativa pode-se destacar: análise narrativa, método comparativo constante, análise etnográfica, análise fenomenológica, análise de conteúdo e indução analítica. Quando o estudo realizado pelo professor em sala de aula se tratar de estudo qualitativo, a maneira correta de analisar os dados é de maneira contínua a coleta de dados, desta maneira os dados não perdem o foco da observação da pesquisa. Tanto a coleta quanto a análise ocorrem ao mesmo tempo dentro e fora do campo observável. 58

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Resultados da Pesquisa O resultado da pesquisa deve ser escrito de tal maneira que os leitores possam ter as seguintes observações contempladas: Clareza, Inteireza, Imparcialidade, Ordem, Acuidade, Objetividade e Simplicidade. Frases que devem ser evitadas ao se escrever o relatório final da pesquisa: Frases introdutórias: As pessoas razoáveis pensam assim... Por motivos óbvios, os resultados da pesquisa... A maioria concorda com... Como é bem sabidos de todos, ... Talvez seja verdade que os resultados apurados... Como já foi dito anteriormente... Ater onde sabemos sobre este assunto... O exemplo mais típico é este... Como os senhores já sabem, ... É evidente que tal ocorrência... Em relatório de pesquisa científica, não expomos posições pessoais, nem em tom vulgar, muito menos sem a devida licença poética. Certos termos não são utilizados em relatório técnico por seus resultados foram obtidos através de metodologia científica e seus resultados foram analisados à luz das metodologias científicas indicadas. Os exemplos que devem ser evitados são: Eu acho... Não tenho certeza quanto a natureza dos dados, mas... Não temos uma palavra final sobre isso... Outra evidência nos textos científicos e que deve ser evitada é a Tautologia, isto é, dizer a mesma informação duas vezes, com palavras diferentes. Alguns exemplos de Tautologismos: Como fato real pode descrever... Em minha própria opinião pessoal... Um após o outro, sucessivamente, ... Outra dificuldade muito comum encontrada nos relatórios técnicos de pesquisa é o uso de circunlóquio, isto é, o uso de muitas palavras quando poucas seriam preferíveis. Cláudio de Musacchio

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Exemplos de circunlóquios: Eu, de minha parte, tenho esperanças... Trabalhando para que haja uma situação de acordo unânime... Tomando em consideração... Via de regra... A fim de que... No presente momento...

- Espero... - Tentando o acordo... - Considerando... - Usualmente... - Para... - Agora...

A seguir vamos mostrar um exemplo de como professores e alunos podem apresentar seus trabalhos de experimentação científica. A página a seguir foi consultada na Internet e mostrada na íntegra neste livro como modelo para professores e alunos realizarem suas pesquisas. O endereço é: http://www.feiradeciencias.com.br/sala02/02_magn_00.asp

Atividades com Magnetismo Prof. Luiz Ferraz Netto [Léo] - [email protected] Apresentação do projeto Esta Série de Atividades, especialmente desenvolvida para alunos do ensino fundamental de ciências (atualmente até a 9a série) tem por objeto o estudo do magnetismo, eletromagnetismo e seus derivados. Com ela, os alunos aprenderão muita coisa sobre o comportamento dos ímãs, dos eletroímãs e o como usá-los para lhe proporcionar conhecimento científico, alegria e divertimento. Este projeto, por ordem de dificuldades de abstração, está dividido em três partes, a saber: Série A - Atividades com ímãs Série B - Atividades com eletroímãs Série C - Atividades sobre comunicações Apresentemos, separadamente, cada uma das Séries e seus conteúdos:

Atividades com Ímãs (Série A) Introdução - Qual a natureza do magnetismo e dos ímãs? Ímãs e algumas de suas propriedades, ou seja, as do magnetismo são 60

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conhecidas há milhares de anos, todavia, não há documentação suficiente para garantir quem foi o descobridor dessa maravilhosa oferta da Natureza. Mesmo sendo conhecido há tanto tempo, sua verdadeira natureza ainda é, nos dias atuais, objeto de pesquisas e hipóteses. Entretanto, apesar de sabermos tão pouco a respeito de verdadeira natureza do magnetismo, o homem de ciência já aprendeu muita coisa sobre o comportamento dessa manifestação, a ponto de usá-la de inúmeros modos, para aumentar seu conforto e seu prazer de vida. De fato, podemos dizer que o magnetismo é o pai da maioria de nossos aparelhos eletrodomésticos. Ele comparece, por exemplo, no liquidificador, na batedeira, na máquina de lavar, no acendedor elétrico, nos alto falantes, nos relógios, nos reatores das lâmpadas, nos motores em geral, no ar condicionado, etc. Tópicos desta Série A 1. Como podemos fazer um ímã usando outro ímã? 2. Como agem os pólos de um ímã? 3. Como construir bússolas magnéticas? 4. O magnetismo passa através dos corpos? 5. Qual a natureza dessa ‘força invisível’ que cerca um ímã? 6. De que modo a Terra age como um ímã? 7. A Terra imanta os objetos? 8. Algumas demonstrações curiosas com ímãs. 9. Como fabricar ímãs usando uma pilha comum?

Atividades com Eletroímãs (Série B) Introdução - Como são feitos e usados os eletroímãs? Você gostaria de fazer um ímã que fosse suficientemente forte para levantar você ou um dos seus colegas? Parece bobagem sugerir que é possível fazer tal coisa, porque os ímãs com os quais você lidou só eram capazes de levantar objetos pequenos como pregos, parafusos, clipes, arruelas etc. Você gostaria de construir um aparelho que fosse um ímã num dado momento e no outro não? Você gostaria de possuir um ímã tão obediente à sua vontade que você pudesse colocá-lo longe de você, como em outro quarto ou no quintal de seu amiguinho, e controlá-lo, fazendo-o levantar objetos ou deixá-los cair novamente, ou então fazer uma série de ruídos, de modo que seu amiguinho soubesse o que você está pensando, mesmo estando longe dele? Cláudio de Musacchio

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Todas estas coisas podem ser feitas por causa de uma descoberta maravilhosa, feita em 1820, na Dinamarca, por um professor de ciências, enquanto trabalhava com seus alunos. Seu nome era Hans Christian Oersted. Será suficiente, dizer aqui que a descoberta de Oersted tornou possível o tipo de ímã mencionado acima — ímãs que levantam grandes pesos, ímãs que obedecem à sua vontade, ímãs que lhe permitem enviar mensagens pelo telégrafo e pelo telefone, e que nos prestam inúmeros outros serviços sem os quais mal poderíamos viver hoje em dia. Este tipo de ímã é chamado eletroímã. Com as atividades que se seguem você fará vários tipos de eletroímãs e aprenderá alguns modos interessantes de utilizá-los. Assim você poderá compreender o valor da descoberta que Oersted fez, enquanto realizava experimentações com sua classe. Tópicos desta Série B 10. Como podemos fabricar eletroímãs? 11. Como podemos aumentar a força de um eletroímã? 12. Por que é preciso uma corrente elétrica para fabricar um eletroímã? 13. Como fazer um eletroímã capaz de levantar uma pessoa?

Atividades em Comunicações (Série C) Introdução - Como os ímãs e as correntes elétricas são usados nas comunicações? Durante algum tempo o eletromagnetismo serviu apenas como brinquedo. Joseph Henry, um professor da cidade de Albany, Nova York, no início do século XIX, provavelmente, sabia mais sobre os eletroímãs do que qualquer outra pessoa de sua época. Foi-lhe pedido, por algumas grandes universidades, que construísse tais ‘ímãs’ para elas, de modo que pudessem tê-los em seus laboratórios, a fim de estudarem suas curiosas propriedades. Naquela época, o eletroímã era ainda uma curiosidade e um brinquedo. Entretanto, nesta, como em todas as descobertas, os homens começaram logo a imaginar de que modo esse eletroímã poderia ser usado para servir a uma necessidade prática. Henry foi o primeiro a descobrir que um eletroímã podia ser controlado à distância. Descobriu que um eletroímã poderia ser colocado em outro aposento, ou no porão e, com fios saídos dos mesmos, ele podia fazer com que o ímã pegasse objetos e os soltasse à sua vontade. Ele observou, também, que, 62

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por este processo, podia fazer um objeto produzir sons ao tocar no eletroímã e tornar a se desprender. Os homens, muito tempo antes disso, já sonhavam em enviar mensagens com a velocidade da luz, usando a tal de ‘eletricidade’. Inúmeros projetos fantásticos tinham sido imaginados, mas foi o eletroímã que veio solucionar o problema. Henry e outros não tardaram a perceber suas possibilidades. Logo nasceu o telégrafo. A campainha elétrica e a cigarra seguiram-se depois. O telégrafo, a campainha e a cigarra, todos utilizam eletroímãs para enviar mensagens. Com as Atividades que se seguem, você aprenderá muita coisa a respeito destes aparelhos simples. Você ficará surpreso ao ver como são realmente simples. Você ficará ainda mais surpreendido por poder construí-los você mesmo, facilmente, com materiais que custam pouco ou nada e por poder enviar mensagens reais de um quarto para outro, ou de uma casa para outra, para seus colegas e amigos. Já pensou nas belas exposições e apresentações que poderão ser feitas nas Feiras de Ciências? Tópicos desta Série C 14. Qual é a base dos instrumentos telegráficos simples? 15. Como montar uma ligação telegráfica bi-lateral? 16. Como é construída uma cigarra simples? 17. Como é feito e como funciona uma campainha elétrica? 18. Uma campainha didática, mas que funciona de verdade. 19. Como fazer um modelo de telefone? 20. Como usar dois carvões e lápis para fazer um telefone? 21. Dois tipos interessantes de ‘telefones’, de caixas de charuto. 22. Como funciona o telefone de verdade? 23. Como construir uma linha telefônica e usá-la nos dois sentidos? Inúmeros trabalhos podem ser pesquisados no ensino experimental e adequados a realidade de sua escola, de sua disciplina e de suas experiências científicas em sala de aula. O importante é que sejam feitas à luz das normas da ABNT e registradas para que todos possam utilizar desse conhecimento.

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Texto Técnico da Pesquisa Os textos técnicos pesquisados podem ser enquadrados em todos os níveis de conhecimento: graduação, especialização, mestrado e doutorado. Mas também pode existir perfeitamente no ensino básico, fundamental e médio. Este primeiro contato com a pesquisa na construção do texto técnico vai permitir dimensionar o trabalho a ser realizado, ou seja, identificar o que será colocado na investigação da pesquisa e o que ficará deliberadamente de fora da pesquisa. Assim os alunos focam apenas o que está inserido na pesquisa para ser realizado. Os próprios alunos podem redigir o texto técnico como forma de atividade para desenvolvimento da escrita científica. Para saber que pesquisas os alunos irão realizar, o professor pode solicitar que todos, individualmente, escrevam um texto técnico preliminar, com uma ideia sobre o que investigar. A organização do texto técnico segue os seguintes itens: Título – é a referência principal do que se deseja pesquisar. Os alunos devem ter bem claros esta parte do texto técnico. Muitas vezes escolhemos para a pesquisa um título que realmente nos faça encorajar diante do assunto escolhido. O título deve ser claro, sucinto e objetivo, que crie no leitor a vontade de ler na íntegra toda a pesquisa. Por isso, o nome do título é fundamental. Mas o título deve ter também a preocupação de ser completo. Não deve ser escrito de forma muito técnica ou científica a ponto de não despertar a curiosidade em seus leitores, mas deve contemplar ao mesmo tempo a curiosidade necessária. Deve-se evitar como título o formato de perguntas, por exemplo: Você sabe o que é fotossíntese? O que são marés? Porque os rios correm para o Mar? E uma infinidade de outras perguntas. Este tipo de pesquisa, em geral, fecha muito o leque da observação e pode induzir o leitor a querer buscar a resposta a pergunta, e ficar decepcionado, se no interior da pesquisa a resposta não for encontrada, porque a hipótese foi refutada. O mais correto seria levar o leitor a querer buscar as respostas por ele mesmo através da leitura da pesquisa. O exemplo então poderia ser assim colocado: A importância da Fotossíntese nas plantas; Contribuições das Marés para o Planeta; A Geografia dos Rios. E assim por diante. O título sempre deve deixar claro quais são as suas intenções e o delineamento do escopo a ser pesquisado. Imagine uma pesquisa com o nome de Reino Animal. É muito vago e ao mesmo tempo muito amplo. Espectros 64

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muito amplos podem induzir ao leitor a realizar confusões e acabar por desistir da leitura da pesquisa. Mas também não pode fechar muito o campo da observação para que, também os leitores, não fiquem sugestionados a uma especificidade que possa ser incompleta ou demasiadamente superficial. Portanto, o título pode parecer a parte mais fácil da escrita do texto técnico, mas não o é. É de suma importância. Uma boa prática de pesquisa é elaborar um título no início da pesquisa e observar durante o andamento da mesma se a proposta foi perseguida, ou se no caminho, outras ideias surgiram e foram alterando paulatinamente o sentido do que se queria pesquisar. Introdução – o texto da introdução deve seguir com a contextualização inicial, uma motivação central bem descrita, os objetivos claros para realização da pesquisa. Deve ser colocado neste momento qual o principal problema de pesquisa e finalmente a descrição das limitações da pesquisa, até onde ela vai ser pesquisada. Quando os leitores lêem uma pesquisa buscam na introdução saber para que a pesquisa foi criada, qual o seu propósito principal, o que ela espera dos resultados, qual foi o campo específico da observação, para quem a pesquisa se destina e, finalmente, os resultados esperados. Se o leitor julgar que a partir da leitura da introdução, quiser continuar sua leitura, então todas as promessas feitas na introdução devem estar contempladas no texto técnico. Por isso, uma boa revisão do texto técnico deve estar atenta ao que foi escrito na introdução e verificar minuciosamente se foram realizados todos os esclarecimentos descritos, prometidos e observados. A introdução não deve ser longa o bastante para desestimular o leitor. Mas também não encurta o bastante que falte às informações citadas anteriormente. Normalmente a introdução deve possuir no máximo duas páginas no formato A4. Revisão bibliográfica – o aluno deverá descrever as definições dos conceitos básicos, os cenários de possibilidades e o modelo a ser seguido. O que já se fez parecido ou que norteia a pesquisa que se quer fazer. Se já existe pesquisa no tema escolhido, busque algo mais que ainda não foi devidamente pesquisado ou que vai além da pesquisa existente e encontrada pelo aluno. Os alunos devem mencionar brevemente os trabalhos relacionados que possam auxiliar a pesquisa. Entre o levantamento das hipóteses, questões norteadoras, as pesquisas existentes podem ser a grande inspiração para novas pesquisas. Um dos critérios é buscar desvantagens numa pesquisa que só viu vantagens, como exemplo a ser seguido. Cláudio de Musacchio

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A revisão bibliográfica é considerada, por muitos educadores, a principal questão norteadora do ensino experimental. Quando realizamos pesquisa em sala de aula, estamos na verdade, realizando um recorte da realidade observada, e de um ângulo muito específico de observação, e por isso, queremos saber como pesquisas anteriores foram realizadas, sobre aquele determinado assunto. Hoje com a Internet é muito fácil se chegar a trabalhos anteriores e é por isso que devemos ter uma atenção redobrada para não cometer os mesmos erros que outras pesquisas anteriormente realizadas, puderam avisar os seus leitores. Não há obrigatoriedade alguma para que a pesquisa seja inédita ou inovadora. Pelo contrário, os alunos devem realizar as pesquisas, mesmo que elas já tenham sido realizadas em outras escolas. O importante da revisão bibliográfica não está ligado ao número de vezes que a pesquisa já foi realizada, mas sim, o aspecto de como a pesquisa foi feita, o que se pesquisou exatamente e quais foram os resultados obtidos. Encontrar resultados díspares ou conflitantes é o que vai causar maior impacto no leitor. Um exemplo clássico de como abordar a revisão bibliográfica no texto técnico é buscar na Internet o número de pesquisas realizadas, bem como o endereço e o nome das entidades que realizaram determinada pesquisa e quais os resultados encontrados nestas pesquisas. Assim, podem-se comparar os resultados anteriores com a pesquisa que se pretende analisar e através das respostas encontradas, poderem também comprová-las ou refutá-las. A revisão bibliográfica, assim como a introdução, não deve ser muito grande, principalmente se o objeto de pesquisa já tiver sido realizado inúmeras vezes. Não devemos colocar centenas de pesquisas anteriores e seus resultados na pesquisa que se deseja. O que se espera saber da revisão bibliográfica é que alguns resultados foram considerados importantes e que estes são representativos para a pesquisa. Em geral, a revisão não deve ultrapassar também o tamanho de duas páginas. Materiais e métodos a serem empregados – É como o aluno irá descrever a pesquisa e quais serão os materiais empregados tais como equipamentos, tipos de materiais, ambiente, metodologias empregadas, procedimentos técnicos, teóricos e tecnológicos. Neste quesito do texto técnico é colocado de forma bem clara e sucinta o que precisamos para realizar a pesquisa, local da pesquisa, descrição dos sujeitos e objetos e sua relação relevante para a pesquisa, que tecnologias serão utilizadas para fornecer dados ou medições, se for importante para a pesquisa, 66

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os materiais empregados devem ser descritos com todo o rigor necessário. Como na receita de um bolo, todos os ingredientes e o modo de fazer devem estar claramente expostos, considerando que se fizermos inúmeras vezes as pesquisas obterão sempre o mesmo resultado. Outro fator importante com relação aos materiais empregados é quanto a sua origem e estado de conservação. Objetos perecíveis ou que seu estado requer cuidados de refrigeração, por exemplo, deve-se obter o máximo de atenção possível, a fim de não prejudicar o resultado da pesquisa, por conta deste quesito. Quanto à metodologia empregada na pesquisa, o texto técnico deve ser redigido de tal maneira que possa ser interpretado de uma única maneira, sem deixar margem para segundas interpretações. Uma das orientações positivas de se fazer uma revisão bibliográfica a mais completa possível, é poder observar como as pesquisas foram realizadas e que metodologias e materiais foram empregados, dando-nos uma orientação correta do procedimento que devemos perseguir. Resultados esperados – Nesta parte devem ser retratados os resultados encontrados e as informações do levantamento dos dados, tabelas, figuras, se houver mapas ou gráficos que indiquem claramente por onde a pesquisa deverá encaminhar sua análise. As tabelas em geral são utilizadas para descrever números exatos ou inteiros do resultado da pesquisa. Quando isso não for possível, utilize gráficos através do Excel para expressar tendências, histogramas, ou outros. Nos resultados também são colocadas as discussões dos resultados apurados ou observados. Nos resultados devem ficar bem claro as intenções dos autores da pesquisa em relação às interpretações e se elas refutam ou comprovam as hipóteses levantadas e se os objetivos foram alcançados. Devem ser discutidas também as implicações teóricas e possíveis aplicações em futuros trabalhos. Os resultados esperados são uma parte muito importante da pesquisa. É ela que vai dizer se o que encontramos comprovam ou refutam a(s) hipótese(s). Mas devemos ter o cuidado de não confundir os resultados da pesquisa com a análise que fazemos desses resultados. Após constatar os resultados da pesquisa e verificar os resultados das pesquisas anteriores colocadas na revisão bibliográfica, pode-se então construir a análise dos dados, segundo as orientações existentes para os tipos de análises: qualitativa ou quantitativa ou ambas, dependendo da pesquisa. De qualquer maneira, a análise da pesquisa deve ser colocada à parte dos resultados encontrados, deixando bem claro para o leitor, o que é dado de Cláudio de Musacchio

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resposta e o que é análise. As análises podem ser apresentadas, como mencionamos anteriormente, de diferentes maneiras e grafias, que vão desde o texto, propriamente dito, figuras, fotos, mídias de áudio e vídeo, gráficos que demonstrem curvas de intenção, tabelas com comportamentos pontuais, histogramas, gráficos de pizza, colunas ou barras, etc. Muitas pesquisas podem demonstrar por diversas maneiras os mesmos resultados dando assim, uma beleza plástica e permitindo que a leitura dos dados e da análise seja prazerosa e que, principalmente, possam melhorar nosso entendimento sobre a pesquisa. Conclusão – Nesta etapa do texto técnico devem ser colocadas as principais contribuições para a comunidade científica da pesquisa realizada. Mostrar claramente que os objetivos foram atingidos e que as aplicabilidades dos resultados devem ser interpretadas de determinada maneira, ou que os resultados não foram satisfatórios e mencionar seus motivos. As pesquisas científicas em sala de aula nem sempre recebem o foco principal em seus resultados, sendo o caminho percorrido pela pesquisa o motivo central da pesquisa. Nesta categoria, muitos projetos de pesquisa demonstram como os alunos buscaram as informações, elaboraram o projeto, escreveram o texto técnico, executaram a metodologia e realizaram no final a análise. Outro dado importante para os leitores da pesquisa é conhecer as sugestões que a pesquisa possa mencionar para dar continuidade em projetos futuros. Esta informação poderá ser bastante útil se os professores em geral estiverem buscando nos projetos alguns exemplos para os alunos realizarem. Referências Bibliográficas – devem ser listados todos os autores colocados no texto. Busque por publicações desses autores mais modernas e atuais. Procure seguir as normas técnicas da ABNT na elaboração do texto técnico. Todos os autores citados no texto técnico devem estar na listagem das referências bibliográficas e todos os autores colocados nas referências bibliográficas devem estar no texto. Isto quer dizer que não se podem colocar autores nas referências que não estejam no texto. Mas uma relação de referências consultadas pode fazer parte da pesquisa, e, neste caso, os autores citados são apenas referências lidas pelos autores da pesquisa, não havendo obrigatoriamente necessidade de constá-las diretamente no texto técnico. E finalmente explique para os alunos que fazer pesquisa não é realizar cópia. É necessário criação, tanto dos textos quanto da pesquisa propriamente dita. E que a descoberta dos seus resultados é o verdadeiro motivo da 68

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pesquisa. O aluno deve cuidar do formato da escrita que deve ser no formato culto da língua, que citações devem seguir os padrões da ABNT e que erros de português não são tolerados, tanto os erros gramaticais quanto os erros de ortografia. Algumas DICAS para os alunos: l Não escrever textos na primeira pessoa. Não usar expressões do tipo eu acho, eu tenho a impressão, meu sentimento diz... Estas expressões idiomáticas não são científicas. l Gírias não são suportadas a menos que estejam sendo o objeto da pesquisa em si. l Obediência as regras de concordância verbal e tempos verbais. l Palavras em outro idioma devem ser grifadas ou digitadas em itálico. l No caso de siglas, utilizar o extenso na sua primeira incidência. l Uma imagem vale por mil palavras, mas imagens devem ser explicadas em seu contexto mais restrito. Após realizar o texto técnico podemos iniciar a pesquisa propriamente dita. As anotações dessas etapas precisam ser vistas aos olhos da ciência, portanto escreva-as sequencialmente, fase por fase, etapa por etapa. Construa para os alunos um instrumento que chamamos de questionário com perguntas do que eles acham da experiência pela qual vão passar. Cite os detalhes e colha as impressões, se possível, de todos os alunos. Guarde bem, porque estes dados serão analisados posteriormente. Muitos alunos, ao responderem os questionários após a pesquisa, deixam bem claros, suas ideias sobre o objeto analisado. A pesquisa então passa a ter uma importância fundamental para o meio científico. O que as crianças observaram da pesquisa, quais são os impactos que esta experiência causou em suas mentes e qual foi à contribuição real para as suas aprendizagens. Fizeram algum sentido para os alunos? Eles compreenderam os motivos procurados no início da pesquisa? Esta busca foi encontrada, se realizou? Trouxe contribuições para o entendimento total da pesquisa? Você já deve ter observado que um manancial de perguntas e respostas é fundamental em todos os momentos de experiências cientificas em sala de aula. E muitas vezes o foco da análise não está na resposta que a pesquisa proporciona, mas no caminho que os alunos fizeram para se chegar até o fim. Por isso, a pergunta inicial para a pesquisa deve ser anotada, perseguida e encontrada. Aos professores que não realizam pesquisas científicas em sala de aula, vai aqui um conselho: - se desejam escrever artigos científicos, o caminho para esta escrita é a pesquisa, pois que a maioria dos trabalhos nas revistas Cláudio de Musacchio

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e periódicos científicos são trabalhos que envolvem a confrontação empírica de fenômenos observáveis, quer estes utilizem materiais ou são apenas experiências de comportamentos, análises de contextos, avaliações e práticas pedagógicas ou simplesmente análises epistemológicas sobre as correntes educacionais. Os trabalhos científicos em sala de aula geralmente assumem contextos de estudos de caso. Em geral, as escolas contemporâneas estão cada vez mais se utilizando de feiras como projeto pedagógico para os alunos construírem e reconstruírem seus entendimentos dos programas curriculares. As feiras nas escolas possuem efeitos mágicos nas pedagogias utilizadas, haja vista as feiras de ciências que mobilizam, por vezes, toda a estrutura da escola, tendo no dia da apresentação dos eventos, um motivo de festa e confraternização dos alunos, professores, pais e comunidade. Em algumas escolas americanas e européias as feiras de ciências estão se tornando motivo até para reconhecimento pelas comunidades educacionais de âmbito internacionais. Nos países asiáticos, as feiras tornaram-se um assunto tão sério que as empresas industriais locais assistem os eventos na esperança de produzirem novas ideias, dando aos seus inventores bolsas e fundos extras para seus estudos até a universidade. Em algumas escolas brasileiras as feiras de ciências e os encontros de matemática estão se tornando o ponto máximo das demonstrações dos alunos. Busque os professores de sua área na escola e promova um evento científico com as crianças. E mais desafiador ainda, promova a interdisciplinaridade. Junte os professores de outras áreas e construam os diferentes olhares e vieses sobre um determinado tema. Já está mais do que na hora de executarmos o que proferimos nos discursos. Os alunos precisam encontrar sentido em suas aprendizagens. E observando o tema através das diferentes disciplinas pode-se ter uma aprendizagem realmente significativa e que lhes faça sentido para a vida. Mas ao mesmo tempo em que o trabalho de pesquisa interdisciplinar potencializa e enriquece os dados da pesquisa também adiciona mais detalhes e cuidados, além das análises em separado por ciência, também agora proporciona relações que só podem ser observáveis quando colocamos frente a frente às diferentes disciplinas. Mais e mais os alunos estão presenciando em sala de aula professores de diferentes disciplinas, cada um explicando em suas áreas de conhecimento, os fenômenos que estão sendo observados, tornando assim a aula potencialmente enriquecedora. A grande diferença nos trabalhos interdisciplinares com relação aos artigos publicados é a possibilidade de se escrever vários ângulos da pesquisa, 70

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cada um deles descrevendo uma área de conhecimento. Em um dos artigos descreve-se a pesquisa como um todo abordando principalmente os aspectos da interdisciplinaridade propriamente dita. Assim procedendo a sua pesquisa ganhará em volume, característica, profundidade, e objetividade. Em outro artigo, pode-se ressaltar outro ângulo da pesquisa e descrever assim, outra atividade observada da mesma pesquisa. Como já dissemos anteriormente, muitas abordagens podem ser observadas por vários grupos de alunos. Vários artigos podem nascer da observação do experimento: análise dos grupos de alunos buscando informações, interação promovida entre alunos e objetos da pesquisa, comportamento dos alunos diante da descoberta empírica, até um artigo de como os alunos escreveram a pesquisa pode ser de interesse de muitos estudiosos do ensino experimental. Nesta discussão sobre a interdisciplinaridade pode-se citar o grande JOHN DEWEY (1859-1952), norte-americano, filósofo, da corrente empirista, inspirou-se na pedagogia libertária de FRANCISCO FERRER (1849-1909), que criou a escola moderna. DEWEY, em seus trabalhos deixava sempre muito claro que não existe pensamento isolado da ação, ou seja, por mais que o professor busque ensinar aos seus alunos através dos movimentos científicos e de trabalhos que expliquem os fenômenos observáveis, a educação deve ser voltada para resolver os problemas da vida. Neste sentido, ao criar a teoria e a prática, o professor está buscando problematizar e este comportamento tem de ser publicado, exposto, dividido com a comunidade científica, para que possamos evoluir, todos, enquanto aprendizes. Agora que você construiu ou vai construir uma pesquisa na sua escola e nas suas turmas, vamos conversar um pouco sobre os trabalhos que são utilizados nas feiras e como eles podem se tornar interessantes trabalhos de artigos científicos. A pesquisa experimental, diferente do ensino tradicional, precisa da publicação, precisa da demonstração para os leitores, que os resultados, segundo as hipóteses criadas, foram comprovadas ou refutadas. A publicação pode ocorrer através de diferentes meios: via jornal, revistas, periódicos científicos, artigos publicados no formato livro, publicação em feiras e congressos, ou mesmo nas feiras de ciências da escola. Vamos ver a partir de agora como elaborar os artigos, as regras da ABNT, as revistas e periódicos nacionais, locais de bancos de artigos e como publicar suas experiências científicas realizadas em sala de aula. Cláudio de Musacchio

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Que fim está tendo as suas Pesquisas na Escola? Todos os anos as escolas amontoam os trabalhos de pesquisas em quartos de depósitos nas grandes escolas pelo país a fora. Muitos desses trabalhos poderiam estar fazendo parte de grandes feiras e congressos por representarem importantes momentos didático-pedagógicos que muitas vezes não conseguimos alcançar nas aulas normais do dia a dia. Desta maneira vale aqui a reflexão de que os seus experimentos científicos em sala de aula podem estar sendo procurados por dezenas de feiras e congressos nacional e internacionalmente. Para iniciar esta análise devemos considerar em primeiro lugar que todo o trabalho de sala de aula é rico por excelência e possui a sua devida importância. Para algumas coordenações esta visão de importância e prioridade pode estar escondida num fino véu sobre os olhos devido muitas vezes a gama enorme de compromissos assumidos pelas atribuições de nossos profissionais nessas coordenações. Cabe ao professor chamar para si a atenção necessária para esta questão e elevar o nível de seu trabalho a ponto dele ser mencionado fora da escola em alguma feira na sua cidade, no seu estado e fora dele. Em geral os aspectos que são considerados nesta análise é o ineditismo do trabalho, a coerência epistemológica com o evento para a qual se deseja levar o trabalho, e a prerrogativa de ter um artigo bem escrito e que espelhe grande contribuição nos ensinamentos a que se deseja. Para isso, uma boa política da escola seria a realização cada vez mais acentuada das feiras internas dando ênfase para aquelas que escrevessem um artigo. Este artigo em princípio seria apenas para a escola. Assim os professores já começariam a desenvolver esta postura diante da ciência. A de que não basta fazer ciência, é preciso escrever ciência e mostrar ao mundo a ciência que faz. Comumente, esta atitude levará os professores a se desenvolverem como pesquisadores e como pessoas de ciências que são. Os melhores trabalhos e escritos podem participar de trabalhos externos tendo sempre a chancela da escola. Mas é de suma importância que esta atividade interna fique registrada numa revista da escola com publicação própria e elencando todos os trabalhos existentes na escola todos os anos, separados por assuntos e áreas de conhecimento. Assim, estaremos desenvolvimento nos professores uma atitude mais científica, transformando a práxis docente em uma atividade que chamamos na universidade de PESQUISADOR. 72

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Esta determinação projeta a escola para o mundo, projeta o professor para a sua construção enquanto crescimento pessoal e profissional e distingue aqueles que podem se desenvolver em outra seara da atividade docente que é a produção de livros didáticos e científicos. Daí a importância da escola em promover esta atividade, construir um solo capaz de ser fertilizado pelas atividades docentes, e de promover anualmente a construção paulatina de pesquisas científicas. As feiras de ciências não podem acabar no sótão ou no porão das escolas, com aquelas imensas cartolinas, gessos, isopores, madeiras e todos os materiais utilizados. Claro que foram de tamanha importância, por que em dado momento acrescentaram para aquelas crianças um momento fantástico de aprendizado, de ludicidade, da participação coletiva, de construção e desenvolvimento cognitivo. Não é disso que estamos tratando. É a importância maior que isso pode ter se levarmos adiante a pesquisa e mostrarmos para mais pessoas e divulgarmos os seus resultados em ambientes que podem compreender as intenções de seus idealizadores e das impressões que seus alunos tiveram quando das suas criações. Mais do que contribuir significativamente para a aprendizagem de seus alunos, está à responsabilidade pela experiência científica, que passa a pertencer a um grupo maior de estudiosos e outros alunos interessados em suas experiências. É isto que justifica nosso esforço, nosso apreço, e, sobretudo, nossa compreensão de avanço e evolução das ciências. O que seria do mundo se as experiências de Leonardo da Vinci, Newton, Copérnico, Galileu e outros tivessem sido colocados num quarto escuro da garagem ou num canto qualquer do celeiro. Nossas pesquisas não são nossas na medida em que elas são importantes para quem delas necessita. Sob este ponto de vista podemos citar o pensamento de PAULO FREIRE frente à responsabilidade do que ensinamos e o que fazemos com o que aprendemos do nosso aluno. FREIRE nos diz: “O Educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo, com o educando que, ao ser educado, também educa.” O FREIRE quer dizer com seu pensamento é que devemos ser pesquisadores enquanto professores de sala de aula. Todas as trocas promovidas em sala de aula, as pesquisas, os exercícios, os momentos Cláudio de Musacchio

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lúdicos, as constantes perguntas e respostas, a busca pelas informações nos livros, revistas, Internet. Tudo isso se traduz numa caminhada, num constante ensinar e aprender. Não mais só educamos, mas também aprendemos com os alunos. E neste vai e vem, ora ensinando e ora aprendendo e que precisamos refletir e estudar cientificamente este viés. Assim, através da pesquisa de sala de aula, das feiras e congressos e dos periódicos, podemos mostrar aos nossos iguais pesquisadores como estamos fazendo ciência. Nossa responsabilidade não termina quando acaba o tempo de aula. Ela continua além dos portões da escola, se transcende além das fronteiras. Nossa busca pela pesquisa e pelos experimentos só é completa quando este trabalho é dito ao mundo, divulgado amplamente, discutido pela comunidade de sua área de conhecimento. Só assim você terá como pesquisador as respostas que procurava para novas orientações em suas práticas pedagógicas, como num jogo de xadrez que a cada movimento, reposiciona nosso pensar para a próxima estratégia. Não deixe seu trabalho e sua pesquisa ser guardada em alguma gaveta da escola, não permita que após a feira de ciência de sua escola, a sua pesquisa termine num quarto escuro da escola, ilumine com ela, escreva artigos, publique nos periódicos e participe dos congressos.

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O Hábito faz o Monge Se muitos professores hoje possuem dificuldades em escrever isso se deveu aos velhos costumes educacionais de dar pouca importância ao crescimento individual dos alunos na produção de escritos. Os trabalhos escolares eram sempre acompanhados de muita cópia e reprodução. Hoje em dia então com a Internet e a pesquisa generalizada, esta possibilidade se multiplicou na rede. Muitos alunos entendem que realizar pesquisa escolar é se debruçar sobre a Internet e produzir colagens de textos, figuras, PowerPoint e mídias de áudio e vídeo. É preciso uma reeducação completa nos mecanismos cognitivos das crianças mostrando-lhes a beleza que é escrever, de criar textos, de conseguir externar suas ideias através das frases que vão se formando no papel. Historicamente, o grande trabalho de EMILIA FERREIRO (1937), desenvolvido na área da leitura e da escrita, permitindo novos olhares para os processos de alfabetização e buscando sempre a via da contextualização para tornar o cotidiano da criança mais autêntico, nos mostra a importância de se introduzir desde cedo o hábito da leitura e da escrita, sobretudo da escrita realizada pelo aluno sobre o que leu e interpretou. Todos os professores que um dia começaram a escrever fazem uma análise dessa caminhada e percebem os avanços significativos que ocorrem após cada trabalho publicado. Quer seja pelos erros cometidos, quer seja pelas inúmeras possibilidades que a escrita vai proporcionando aos seus autores. Não se abstenha de escrever após cada pesquisa que realizar em sala de aula. Inaugure uma nova postura diante do conhecimento. Se tiver que compartilhá-lo então o faça com muita propriedade, com métrica, com normativas sobre sua apresentação. E escreva todos os dias, o hábito faz o monge. A melhoria e a facilidade de se expressar vêm com a prática, à dedicação e muita leitura. E quanto ao ato da escrita pelos alunos, é importante ressaltar que quanto mais eles escreverem sobre os eventos científicos mais oportunidades eles terão de se expressarem, de se exercitarem na arte de escrever. Uma maneira de fazer os alunos escreverem é interpretar cada experiência científica ocorrida em sala de aula, permitindo que eles se expressem. Tão importante quanto o que o aluno escreve é a ação propriamente dita de escrever.

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Mas como começar o Artigo Científico? A característica de um artigo científico é que ele é métrico, sistêmico, segue um ritual, possui um propósito declarado, justificado, pensado, pesquisado. Após inúmeras pesquisas e relatórios dos resultados apurados, é preciso agora dispôlos na métrica necessária, apurar e depurar as hipóteses, estruturar os constructos teóricos da(s) corrente(s) pedagógica(s) que você pratica. Alguns julgamentos serão feitos pelo leitor do seu artigo. Assim sendo o que se espera de um artigo sob a ótica de quem está lendo é que ele tenha um mínimo de completude, que seja fundamentado, o assunto conciso, claro, objetivo. Que tenha significado científico e embasado pelas teorias e práticas das qual você está inserindo na pesquisa. O que vai qualificar se seu artigo é um bom artigo é o mérito desta contribuição, a quem ela vai atingir, que classe de leitores, qual a contribuição que irá representar para uma determinada área de conhecimento. Assim, uma contribuição inovadora, inédita e relevante irá qualificar o seu artigo, aumentando substancialmente as chances de que venha a ser publicado em um fórum científico de grande impacto. Após todo este cuidado inicial, devemos levantar as informações antes e depois da pesquisa, de buscar através de instrumentos de coleta de informações e do saber dos alunos as impressões sobre os fenômenos ocorridos na pesquisa, é hora de arregaçar as mangas e começar a escrever o artigo científico. Comece escrevendo um artigo sobre o que será feito com os alunos e qual o assunto que será pesquisado. Assim a pesquisa encontra seu início ainda em semente. Se a pesquisa ainda não foi realizada, pode-se escrever um artigo sobre o que se espera da pesquisa. Faça um levantamento bibliográfico coletando as fontes para o devido embasamento, para não correr o risco de mostrar um artigo que já tenha sido explorado. Isso não significa dizer que você não vá escrever o artigo. Só porque alguém já publicou este assunto não quer dizer que ninguém mais o fará. Muito já se falou em educação à 76

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distância, só para dar um exemplo, mas cada abordagem, cada novo viés é capaz de tornar o artigo inédito. É preciso certamente revisar a literatura da área para se constatar o quão inovador aquele determinado assunto é, ou se já existem abordagens escritas e de como a sua pesquisa pode ressaltar um ângulo ainda obscuro para os leitores. Lembre-se, por exemplo, que apesar de muito se falar em educação à distância, muitos artigos trazem estudos de caso, experiências locais, com estudos realizados sobre metodologias, tecnologias, práticas pedagógicas, objetos de aprendizagem, ou mesmo para retratar o uso das tecnologias de informação e comunicação modificando a maneira como as pessoas se relacionam, se comunicam e interagem utilizando equipamentos e máquinas nesta mediação. Uma dica importante para ajudar a definir o levantamento bibliográfico é construir já no começo do artigo quais são as palavras chaves que irão definir o artigo como um todo. Este conjunto de termos ajudará você a procurar nos livros, periódicos, bibliotecas e outras bases de dados os assuntos que se referem ao assunto de sua pesquisa. È uma primeira tentativa de fechar o foco da observação e evitar que o assunto central fique disperso. Os artigos científicos podem abordar diferentes contextos da sua pesquisa. Podemse mencionar as escolas e correntes a que ela pertence, podem-se escrever artigos apenas para discutir a importância da pesquisa no cenário de sala de aula. Infinitas discussões sobre este tema são escritos e publicados em centenas de periódicos todos os dias por este mundo afora. Por isso, escrever um artigo vai depender muito do grau de penetração que você queira dar ao assunto abordado. E este é o principal passo para a realização do artigo, pois ele vai permear o tipo de consulta que será feito as bibliotecas de informações, aos livros de apoio sobre o assunto, aos resultados da pesquisa quando este item for relevante, e, sobretudo, aos teóricos de suas práticas para que eles possam apoiá-lo a todo o momento em sua escrita, pois são eles que dão ao seu artigo o aspecto científico necessário. O segundo momento, após escolher o grau de profundidade, e definir claramente o tema a ser transcrito, é estabelecer a finalidade principal do artigo. Ele será publicado numa revista periódica, ou vai participar de um fórum de debates, de uma feira ou mesmo congresso. Este dado é importante porque seu artigo deverá estar inserido num contexto. Por exemplo, se irás publicar num Cláudio de Musacchio

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congresso de educação à distância, o seu artigo deverá especificar a existência dessa modalidade de ensino e aprendizagem bem como de seus resultados, sejam eles positivos ou negativos. Se a sua pesquisa não se utilizou desse recurso à distância, nem em sala de aula presencialmente, então não é para este tipo de evento que você deverá enviar seu artigo. Desta maneira temos que ter em mente que quando escrevemos artigos estamos pensando na sua publicação em algum cenário previamente estudado. Se o congresso é de ciências aplicadas nas séries fundamentais, e a sua pesquisa se enquadra nesta modalidade, então seu artigo já possui um destino, um propósito e deverá ser escrito para esta finalidade. O artigo deve atingir objetivamente aquele público a que se destina. É preciso ter em mente o que exatamente deverá ser escrito. Ora, para escrever um artigo de pesquisa é necessário que tenha havido uma pesquisa. Mas não significa dizer que a pesquisa tenha terminado. Ela pode estar subdividida em vários momentos. Assim sendo, um artigo de pesquisa pode conter a primeira parte da pesquisa, e em outro artigo conter o restante final da pesquisa já considerando, portanto, os dados levantados, analisados e divulgados. Em seguida, é necessário desenhar um mapa conceitual geral sobre o assunto que será transcorrido. O mapa conceitual em outras palavras significa dizer como será colocado o planejamento do artigo. O mapa conceitual funciona como um exercício de juntar todos os ingredientes que se tem na mão para fazer um trabalho científico: agrupar desenhos, objetos da pesquisa, depoimentos, os resultados do experimento, os textos explicativos. Como se fosse um roteiro de um filme os cada cena é composto de que personagens, pano de fundo, diálogos, música, etc. Normalmente fazemos um esboço no papel colocando primeiro o título provisório do artigo. Esta métrica já deverá enquadrar o artigo quanto ao assunto a ser transcorrido, e ao tipo de artigo, se será pesquisa, estudo de caso, descrição epistemológica. Em seguida, deve-se tentar elaborar um pequeno resumo colocando em primeiro ligar o que motivou a produção do artigo, logo após a descrição bem curta quanto a metodologia a ser empregada seguida dos resultados alcançados e finalmente os seus prováveis resultados ou o desfecho do assunto que está sendo debatido. Outro item que o ajudará ainda na fase da elaboração do mapa conceitual são as palavras chaves do artigo. Ela vai contribuir significativamente para enquadrar o artigo e não deixará você fugir do tema proposto.

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A figura mostra a ordem das seções. No corpo principal podem existir vários subtítulos conforme o assunto permitir e as seções podem ser numerados. O resumo não deve ter mais do que um parágrafo. É normalmente subdividido em quatro partes, podendo ser redigidos em frases. Você irá observar que todo o artigo estará transcorrendo estas quatro etapas. Assim sendo, o mapa conceitual ajuda a elaborar o pensamento geral do artigo. Entretanto alguns pesquisadores preferem ir escrevendo o artigo e deixar para o final esta etapa. De qualquer maneira o mapa conceitual é uma importante metodologia na construção de artigos porque nos ajuda a não se esquecer de nenhum ponto importante. A seguir vamos descrever as partes clássicas do artigo e como cada etapa deve ser pesquisada, escrita e avaliada para que o resultado final seja considerado um artigo científico.

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As Subdivisões Clássicas do Artigo Científico Os relatos em geral transformados em artigo científico possuem em torno oito a 12 páginas. Alguns periódicos ou eventos como feiras ou congressos podem determinar o seu tamanho mínimo e máximo, conforme elabora o corpo organizador. Em linhas gerais, o artigo é a expressão resumida de um trabalho muito maior que está a caminho de uma publicação em forma de livro. Por questões de tempo e viabilidade, e para não perder o ineditismo, nos apressamos em publicar no formato de artigo para que a comunidade científica fique sabendo rapidamente o que se passa em sua área de conhecimento. Mais tarde com a publicação do livro sobre o assunto, todos os detalhes da pesquisa são amplamente discutidos e abordados. O contrário também é válido e muito utilizado pelos autores – ou seja, primeiro lança-se o livro e posteriormente, é colocado na comunidade científica, o artigo. Os artigos podem ser resultados de pesquisas realizadas, neste caso, os dados do resultado são mencionados. Mas existem artigos que apenas são comentados pesquisas futuras. As seções de um artigo são: 1. TÍTULO 2. AUTORES, INSTITUIÇÃO E EMAIL 3. RESUMO 4. PALAVRAS CHAVES 5. ABSTRACT e KEY WORDS 6. INTRODUÇÃO 7. MOTIVAÇÃO 8. MÉTODO EMPREGADO 9. RSULTADOS APURADOS 10. CONCLUSÕES 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12. APÊNDICES (opcional) 13. ANEXOS (opcional) 80

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Qualquer que seja o tipo de artigo deve-se contemplar estas partes muito nitidamente e obrigatoriamente nesta ordem apresentada. Assim os leitores conhecedores do texto científico poderá rapidamente identificar a parte que deseja ler. A seguir vamos ressaltar breves comentários a respeito de cada uma das seções do artigo. TÍTULO DO ARTIGO - Comumente se diz que se o título não expressar a ideia geral do artigo corre-se o risco dos leitores nem lerem o resto do artigo. Portanto a ideia do título é que deixemos bem claro quais são notas intenções ao elaborar o artigo. Se for uma pesquisa epistemológica deve deixar bem claro que se trata de uma análise referente a uma corrente ideológica ou um aprofundamento da epistemes de um determinado assunto. Por exemplo, um artigo que fale da origem de algumas espécies de plantas amazonenses. Este assunto em questão pode gerar três assuntos distintos: a origem das plantas naquele lugar, os efeitos daquelas plantas na evolução das outras espécies, ou um estudo da evolução da planta propriamente dita. Veja que neste exemplo comentamos apenas três possíveis assuntos, mas existe uma infinidade de possibilidades para cada pesquisa que se deseja elaborar. Portanto, o título é a principal porta de entrada para que um leitor deseje ler o seu artigo. Esta parte é tão importante que em geral o autor troca o nome do título várias vezes durante a sua construção, até que encontre exatamente a expressão que traduza o seu conteúdo. Devemos lembrar sempre que o nome do artigo é também a principal porta de entrada para quem esta procurando um determinado assunto e busca pelo título numa relação. Devemos facilitar, portanto a busca dos leitores que logo identificarão o assunto pelo título. Se houver um subtítulo deverá expressar alguma linha a ser seguida mais específica. Em hipótese alguma o subtítulo deverá designar uma nova ideia do artigo, pois que isto poderá confundir o leitor. AUTORES E INSTITUIÇÃO A QUE PERTENCEM – Em geral os trabalhos de pesquisa são realizados por mais de um autor. Mas quando se tratar de um só autor deve-se colocar o nome completo, a instituição à Cláudio de Musacchio

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qual pertence se é que pertence a alguma, e uma nota de rodapé na mesma página designando a sua função principal na instituição e informações sobre a pesquisa, isto é, se existe financiamento próprio ou se foi através de fomento científico. Outro dado importante é o seu email institucional.

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No caso de existirem mais autores eles devem ser colocados na ordem de maior participação até a menor e em grau de títulos decrescente, isto é, primeiro os de mais alto título acadêmico, e assim até o final da lista. E todos os nomes devem estar com nota de rodapé designando o cargo, departamento as quais pertencem e o nome da instituição. Em geral estas informações contribuem para que os autores possam ser encontrados pela comunidade científica no caso de querem saber mais a respeito da pesquisa realizada. Um dos itens que cada vez se tornam mais importantes nos trabalhos científicos é a possibilidade de se encontrar pessoalmente os autores e o EMAIL tem se tornado ferramenta importante para se construir uma rede de interlocuções e trocas entre os pesquisadores. Entre o título do artigo e os nomes dos autores devemos deixar espaçamento duplo e os nomes dos autores devem estar alinhados à direita. Conforme mostra a figura B, o resumo deve estar logo abaixo dos nomes dos autores e seu alinhamento à esquerda. Pode estar opcionalmente em negrito, mas deve ter um número de tamanho superior ao texto. RESUMO – Nesta seção, como já foi dito no capítulo anterior, é uma parte muito lida do artigo. Os leitores em geral lêem o título, depois o resumo e a introdução. Se satisfeitos por terem encontrado o que buscavam, lêem todo o artigo. Por isso, o resumo deve sintetizar completamente o objetivo do artigo. Seja claro, objetivo, sucinto, mas completo, abrangendo a motivação, o método utilizado, quais foram os seus resultados e as conclusões. Claro que nesta seção é uma rápida e breve informação, pois que durante o desenrolar do artigo estes assuntos serão mais detalhadamente mencionados. Uma dica importante: a cada nova inserção no artigo, releia o resumo e veja se ele ainda traduz completamente a ideia global.

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O tamanho do resumo deve estar contido num único parágrafo e ter aproximadamente entre 100 a 250 palavras. (ABNT NBR - 6028, 2003) PALAVRAS CHAVES – Em geral não há um número exato de palavras chaves que se pode colocar aqui para enquadrar este artigo. Um número segundo a norma NRB varia entre 3 a 6 palavras. Esta seção serve muito para os agentes de depositório de trabalhos científicos poderem catalogar as obras. Mas é muito importante que não fique faltando nenhuma ideia principal, mas também não coloque palavras que nada tem com o assunto do artigo, pois isto irá frustrar a pesquisa de quem estiver procurando artigos e se deparar com o seu onde esta palavra pesquisada foi encontrada. As palavras compostas devem ser colocadas conforme o regime formal do idioma utilizado. Atenção especial para o uso de hífens, plurais compostos e classificação que designe nomes científicos. (NBR 6022). ABSTRACT E KEY WORDS – Nestas duas seções são colocadas as versões em inglês dos dois tópicos anteriores. A tradução deve ser realizada de forma a não possuir erros gramaticais, de concordância e principalmente de sentido. Em geral as traduções automáticas realizadas por robots de translator disponíveis na rede costumam praticar erros grosseiros. Se você não domina o idioma peça para alguém corrigir o inglês da tradução automática. É melhor ter certeza de que está correto do que ir para a publicação com erros e deixando bem claro a falta de cuidado neste quesito.

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INTRODUÇÃO – A introdução é a ante-sala do sucesso de seu artigo. Ela deve anunciar claramente a importância do artigo para a comunidade científica sem perder o foco logicamente da pesquisa. Esta motivação pela qual a pesquisa foi construída deve estar bem clara e acentuada nesta seção. Mostrar para o leitor como a ideia nasceu e evoluir até chegar a sua publicação. Mas deve-se tomar cuidado nesta seção para não caracterizar a introdução como sendo parte da pesquisa ou fase do experimento científico. Introduzir é preparar o leitor para o assunto que se quer debater, é motivá-lo para a leitura, daí a seção se caracterizar por MOTIVAÇÃO. Segundo Azevedo (2001) esta parte estabelece a delimitação da pesquisa bem como o problema que irá dissertar e os seus objetivos propostos. Muitos autores transcorrem na Introdução todos os passos que serão observados no artigo tais como: motivação, metodologia, resultados e conclusões. Esta escolha deve ser bem feita sob pena de recair em duplicidade de intenções. Em geral e de forma mais correta é simplesmente introduzir o leitor ao assunto. Deve-se ter o cuidado de não expor a esta seção os aportes teóricos oriundos para a pesquisa deixando estas contribuições de pensadores, autores renomados e teóricos para um item logo a seguir da introdução. O leitor que está buscando por informações ao folhar os artigos espera ler na introdução o tipo de pesquisa realizada, o ambiente onde ela se concretizou, os grupos que dela participaram, possíveis trabalhos anteriores que originaram esta pesquisa, e possíveis interesses que o leitor terá ao ler este artigo. Assim sendo, fica caracterizado quais são os objetivos da pesquisa. Muitos autores de artigos utilizam o recurso da numeração de seções quando entram na introdução e levam esta numeração até o final do artigo que é a conclusão. O fato de numerar cada seção leva o leitor a imaginar que existe uma ordem natural desta leitura e que ele deve seguir. Se este for o objetivo a ser alcançado com o seu artigo, então é de bom alvitre que assim o Cláudio de Musacchio

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faça. Se o local para onde será enviado o artigo determinar este padrão, siga-o. Caso contrário, faça conforme o seu sentimento e sensibilidade. Quando as normas da ABNT, as seções numeradas não são obrigatórias, mas se forem colocadas devem seguir a normativa preestabelecida: números arábicos e não romanos. MOTIVAÇÃO – Dentro da seção INTRODUÇÃO, a motivação já caracteriza o início da descrição da pesquisa realizada ou a ser realizada. Em geral os autores de artigos chamam esta parte do artigo de desenvolvimento e é a parte principal do artigo onde colocam nesta seção os constructos teóricos, aportes científicos, embasamentos dos pensadores e autores que está sendo mencionado no artigo. Após a colocação dos referenciais teóricos deve ser mencionado os procedimentos metodológicos no caso de pesquisa de campo, deve-se considerar os resultados atingidos bem como as análises. Conforme menciona a NBR 6024 (2003), as divisões das seções e subseções podem ser descritas na motivação, obedecendo-se o caráter informativo e científico da pesquisa. A descrição detalhada da pesquisa começa nesta seção e a lista dos materiais empregados, das tecnologias utilizadas ou dos princípios norteadores epistêmicos que estão sendo discutidos no artigo. Qualquer que seja o assunto abordado é aqui que você coloca como a pesquisa aconteceu, contando desde o início todos os aspectos importantes. A motivação pode se desdobrar em vários parágrafos e possuir como ajuda ao entendimento tabelas, gráficos, desenhos, mapas, demonstrativos de resultados, e uma infinidade de outras características.

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MÉTODO EMPREGADO – Nesta seção o autor do artigo deverá citar detalhadamente qual a metodologia empregada para realizar a pesquisa. Ao se descrever o método que será utilizado para atingir determinado objetivo, o leitor irá compreender como e porque a pesquisa foi feita. Como o método deve produzir seus resultados esperados, a análise deverá comprovar ou não as hipóteses levantadas e colocadas no artigo, mencionadas no resumo. O pesquisador e autor do artigo devem relatar com muita clareza o método empregado, os procedimentos realizados e se houver critérios subjetivos de eficácia deverá explicitar os níveis de subjetividade da pesquisa atentando para os critérios mensuráveis. O objetivo principal da pesquisa é a comprovação de suas hipóteses iniciais e o artigo deve contemplar este caminho claramente. Se a hipótese se confirma esta confirmação deve ser medida e dita ao leitor. Se a hipótese não se confirma, pela mesma razão deve ser explicada. Em geral estudos que analisam pequenas amostras devem relatar qual ou quais os critérios adotados para se realizar a pesquisa com a amostra tão pequena e se esta característica não irá prejudicar o resultado para qualquer que seja o tamanho da amostra. Neste sentido o autor deverá conhecer bem a natureza do seu experimento. Geralmente na metodologia é vista a questão da população estudada na pesquisa, a justificativa explícita deste tamanho, período analisado, método da coleta dos dados bem como os dados foram analisados. Neste momento a descrição da pesquisa deve ser minuciosa, criteriosa e bem sucedida para que o leitor tenha a compreensão total do que está sendo feito, compreender os seus resultados e análises. Mesmo que o artigo seja construído para um determinado tipo de leitor, ou seja pesquisadores da área, outros professores que estudam o mesmo assunto, o texto referente a metodologia empregada e os resultados apurados devem ser escritos da maneira mais leiga possível, buscando assim uma população maior de leitores que compreenderão o que se está tentando explicar. Cláudio de Musacchio

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Muitos artigos apenas informam parte dos resultados relatando que as observações sobre o fenômeno estudo ainda vai se prolongar por um tempo bem maior. Neste caso os resultados são apresentados na sua maioria em percentagens do que já foi concluído na observação e levantamento das análises. Nas pesquisas escolares geralmente isso não ocorre, podendo, portanto ser divulgado o início, meio e o fim da pesquisa bem como dos seus resultados. PARTES CLÁSSICAS DO MÉTODO CIENTÍFICO PRIMEIRA PARTE: OBSERVAÇÃO - A primeira parte da metodologia científica é a observação, isto é, o entendimento que se tem do objeto que está sendo estudo pelo pesquisador. SEGUNDA PARTE: HIPÓTESE – São questionamentos que devemos realizar sob o objeto observado. As hipóteses podem ser comprovadas ou refutadas, porém jamais indiferentes a pesquisa. Hipóteses refutadas devem acrescentar significativamente algo para a comunidade científica. Se uma determinada pesquisa não pode ser comprovada e sua hipótese refutada, a conclusão que não comprova a hipótese deve ser explicitamente diagnosticada. TERCEIRA PARTE: FUTURAS PESQUISAS – Nesta terceira parte da metodologia empregada deve-se ressaltar que contribuições podem ser relevantes para futuras observações. Mesmo para os casos em que a hipótese não tenha sido comprovada a indicação de futuros trabalhos é de suma importância para a continuação desta pesquisa. Muitos trabalhos futuros irão se basear nestes pareceres. QUARTA PARTE: EXPERIMENTOS CIENTÍFICOS – Na metodologia empregada na pesquisa deve ser mencionada detalhadamente como se dará o desenvolvimento da observação e como serão executados os testes. Caso houver diversas execuções, todas as incursões devem ser mencionadas na pesquisa e detalhadamente descritas no artigo. Muitas vezes as repetições de experimentos científicos servem para fortalecer os procedimentos descritos na pesquisa. QUINTA PARTE: TEORIZANDO – Nesta última parte da metodologia deve-se explicar o fenômeno observável estudo segundo a teoria compreendida na pesquisa. Esta teoria bem como seus constructos e autores devem estar muito bem explicadas na pesquisa e no artigo, visto que os aportes teóricos colocados no desenvolvimento do artigo devem estar afinados com a teoria aplicada na metodologia. 88

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RESULTADOS APURADOS – A publicação dos resultados muitas vezes parece incompleta ou inconclusiva dado que a sua comprovação da hipótese não é demonstrada satisfatoriamente. Nestes casos, uma reavaliação da experiência ou da pesquisa deve ser realizada desde o início para se verificar em que momento houve a denúncia de um resultado inesperado. Muitos trabalhos sugerem para que outras pesquisas complementem esta considerando até então os resultados apurados e solicitando que outras experiências evidenciem novamente os resultados apurados e neste caso se caracteriza numa resposta real da pesquisa ou que se apontem novos horizontes para novas pesquisas. Um clássico exemplo de pesquisas que não puderam ser levadas até o final é a pesquisa de eventos que não se repetem, por exemplo, comportamento de um grupo de pessoas para um determinado encontro. Podemos repetir a experiência centenas de vezes, mas sempre com pessoas diferentes. Nem sempre os resultados da pesquisa são esperados, e para continuar em outras pesquisas, futuras experiências levarão em conta os dados até o momento apurados até o presente momento. CONCLUSÕES – A conclusão de trabalhos científicos em geral deve salientar os resultados apurados, os benefícios que estes resultados podem significar para a comunidade científica e principalmente apontar para aqueles que estiverem indo mais além na pesquisa, novas direções a serem testadas e pesquisadas. Alguns autores utilizam outras terminações como discussões finais ou considerações finais, por se tratar que a pesquisa nada concluir, mas nos releva a permitir que pesquisadores continuem de onde paramos. Cláudio de Musacchio

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A conclusão deve apenas explicar os resultados da pesquisa sem muitas polêmicas ou deliberar controvérsias. Não se trata de relatar o que se acha, mas o que foi constatado pela pesquisa. Quando se tratar de revisão de literatura e os objetivos forem comparar conclusões deve-se ter a atenção para resultados que em nada contribuiriam para o conhecimento. Outro fator importante na apresentação das conclusões é que os resultados apurados estejam separados da opinião conclusiva do autor. Assim os leitores cientistas que buscam por respostas específicas podem encontrar separadamente estes dois momentos. O ideal é que se crie uma seção chamada de resultados apurados e outra chamada de conclusão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – As referências bibliográficas são os elementos descritivos, retirados de documentos e que permitem identificação. Sempre que citamos algum pensador, autor ou teórico citamos a sua obra e de onde saiu a ideia que estamos tentando fortalecer com o nosso argumento. É necessário que o artigo tenha este embasamento teórico, daí fazermos uso dessa prerrogativa. Segundo as normas técnicas da ABNT NBR 6023 (2002), as referências seguem uma normativa e instruções para o seu preenchimento. Podem-se referenciar vários tipos de documentos, a saber: periódicos, livros, citações na Internet, eventos, publicações em revistas, folhetins e tantas outras formas. As referências devem trazer a autoria, o nome do objeto, número da edição quando for pertinente, ou número da publicação quando houver numeração, como periódicos, catálogos, revistas numeradas. Outro fator importante é que todos os autores mencionados na obra devem ser citados, de preferência na ordem em que estiverem na obra. O ano da publicação da obra é importante porque dá a noção de quando as informações referenciais fazem menção. O leitor poderá procurar pela obra citada nas referências e se tiver o ano ajuda a encontrá-lo nas livrarias e bibliotecas. Também pela mesma importância devemos colocar o número da edição, caracterizando-se assim em que edição a obra foi consultada pelo pesquisador. Veja mais adiante a forma de como estas referências devem ser colocadas na seção específica. 90

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APÊNDICES – Os apêndices em geral são documentos formais da pesquisa como relatórios, autorizações, declarações das instituições para a realização da pesquisa, documentos que esclarecem parte da pesquisa. São consideradas seções opcionais criadas para dar suporte elucidativo e esclarecedor ao texto. Os apêndices devem ser numerados com letras maiúsculas indo de A até Z, acompanhadas de travessão e em seguida, o título. Em geral, os apêndices consistem de documentos elaborados pelo autor, a fim de complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho. (ABNT, 2002a). As regras são as mesmas do item ANEXO. Não se deve confundir Apêndice com Anexo. Apêndice são documentos oficiais da pesquisa e como tal devem ser colocados para explicar os modelos existentes no trabalho que está sendo desenvolvido. Já o Anexo são documentos de autoria do professor e documentos que ilustram alguns fatores da pesquisa. ANEXOS – Também são considerados como documentos opcionais à pesquisa e servem para comprovar ou ilustrar o artigo. Também, como os apêndices, os anexos são numerados com letras maiúsculas indo de A até Z e acompanhadas de travessão e em seguida, o título. Tanto os apêndices quanto os anexos, são comprovantes ou materiais que estão sendo referenciados e que dão a pesquisa e ao artigo a devida satisfação quanto à sua seriedade e competência. Muitos trabalhos de pesquisa exigem esta documentação. Por exemplo: se o professor está investigando procedimentos de como proceder para preencher documentos oficiais tais como formulários oficiais, é necessário que estes documentos sejam colocados na pesquisa, como documentos oficiais. Cláudio de Musacchio

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Pesquisas que envolvam formatos de contratos, dossiês técnicos, relatórios técnicos, mapas oficiais de informações, fluxos de informações, mapas conceituais e tantos outros documentos também devem estar neste item da pesquisa. Também são colocados nos Anexos os formulários de preenchimento da própria pesquisa com todos os dados que serão apurados para o levantamento de informações. Os formulários preenchidos pela população / amostra da pesquisa não deve ser inserido. Entretanto deve-se guardar este resultado para posterior utilização.

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Artigos Científicos de Pesquisas Escolares A primeira vez que vamos publicar um trabalho científico é sempre motivo de muita preocupação e nervosismo. Em geral os professores de escolas, em qualquer dos três níveis, básico, médio e fundamental, sentem um constrangimento por não estarem publicando suas pesquisas nas revistas especializadas de suas áreas de conhecimento. O grande mérito dos professores estarem realizando pesquisas já denota uma preocupação considerável com a qualidade do ensino, com a consciência contemporânea por uma educação que faça sentido para os alunos e uma indubitavelmente conduta de professor pesquisador mesmo que este professor ainda não tenha publicado. Mais e mais escolas privilegiam iniciativas de publicação de pesquisas de sala de aula, quer sejam públicas ou privadas e que acompanham seus professores à participarem de movimentos em feiras e congressos com suas experimentações científicas de pesquisas de seus alunos. Assim sendo, o primeiro trabalho deve ser realizado de preferência em grupo e por professores que já tenham passado por esta experiência. Muitos dos trabalhos realizados pelos professores em sala de aula podem traduzir em excelentes trabalhos científicos e dignos de publicação por refletirem resultados tanto do ponto de vista do experimento propriamente dito, quanto das aprendizagens conseguidas pelo professor através desta metodologia e prática pedagógica. A primeira etapa para o professor publicar seu primeiro artigo é investigar inúmeros artigos existentes nos bancos de dados da Internet. O professor toma conhecimento das seções do artigo, de como foi feita a abordagem da pesquisa, de modelos de pesquisas realizadas, das metodologias empregadas, e de como colocar todas estas informações no formato de artigo científico, que segue um rigoroso método para ser elaborado. Muitos depositórios estão nas universidades de todo o país. Hoje em dia quase todas as bibliotecas já estão funcionando na modalidade virtual, que permitem consultas a distância através da rede mundial de computadores – a Internet. O principal buscador hoje em dia empregado é o GOOGLE, por ser o mais simples e o mais rápido, não necessitando de mecanismos complexos de procura.

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As principais bibliotecas estão vinculadas aos programas de pósgraduação nas diferentes áreas de conhecimento e os acervos disponibilizados para o público em geral bastando apenas navegar através dos links que o levarão diretamente aos artigos. Outra rica fonte de consultas são as próprias revistas especializadas em sua área de conhecimento. Normalmente estas revistas deixam disponíveis na Internet os números interiores com os referidos artigos disponíveis para downloads (carregar o artigo para nosso computador). As publicações de teses e dissertações são mais outra fonte de informações científicas que podem auxiliar o professor pesquisador a levantar informações sobre a sua pesquisa e o atual momento das publicações sobre o tema. As próprias feiras e congressos disponibilizam após o evento os conteúdos enviados de trabalhos científicos. Pode-se adquirir o conteúdo no formato CD ou simplesmente percorrer o banco de dados contendo todos os trabalhos. Ao pesquisar por trabalhos na rede de computadores deve-se ter o cuidado de pesquisar endereços que sejam chancelados por entidades científicas, pois assim os trabalhos serão aprovados e relevantes, evitando-se publicações de artigos em blogs, sites pessoais e endereços não cientificamente comprovados. Isto não significa dizer que um determinado professor não possa publicar seus artigos em sua página pessoal e que possamos pesquisar seus artigos para realizar nossas pesquisas. Apenas temos que ter o cuidado para saber se este artigo foi publicado e em que revista, periódico ou evento, até para que possamos mencioná-lo em nosso trabalho, se desejo for. Agora que o professor já tem em mãos um número expressivo de trabalhos em sua área de atuação, vamos considerar a próxima etapa de sua futura publicação: o exercício de escrever o primeiro artigo.

Escrevendo seu Primeiro Artigo Antes de buscar a publicação de seu primeiro artigo numa revista de renome nacional e internacional, o professor poderá dar os primeiros passos com publicações dentro da própria escola onde ele realiza suas pesquisas. Somente com a prática de escrever se poderá amadurecer, tornando o artigo cada vez melhor elaborado. Uma atividade que pode ser executada é programar na escola a publicação interna dos trabalhos dos professores. Assim, se formaliza um compêndio periódico de trabalhos que podem ser consultados a qualquer 94

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momento por todos os professores da escola. Algumas escolas do Brasil já estão adotando esta prática com vistas a melhoria nos trabalhos apresentados e uma seleção no final de cada ano escolhe os melhores trabalhos e publica em revista especializada. Para introduzir esta prática na escola é preciso que a escola estabeleça algumas premissas para a qualidade dos trabalhos apresentados. A cada nova pesquisa realizada pelo professor em sala de aula, deve ser preenchido um formulário a ser desenvolvido pela coordenaria da escola com os seguintes cuidados: DADOS DA PESQUISA – nome da pesquisa, elementos utilizados, tempo de execução, participação dos alunos, resultados esperados, hipóteses para ser verifica e conclusão. O conteúdo deve estar escrito conforme as práticas de construção de artigo, estar no tamanho adequado (aproximadamente de 8 a 12 páginas), o conteúdo expressar exatamente a pesquisa realizada, a integridade e ética dos autores quanto a veracidade da pesquisa bem como de seus resultados, perseguir um estilo adequado as normativas de artigo, elaborar um texto culto e condizente com pesquisa científica. Sempre mencionar trabalhos correlatos referentes a pesquisa colocando as conclusões de trabalhos semelhantes para dar uma ideia ao leitores de que a pesquisa alcançou seus objetivos. O artigo deve mencionar com destaque a sua importância para a comunidade científica, esclarecendo qual a importância para a área, a sua originalidade e ineditismo, as abordagens realizadas no quesito análise. TIPOS DE ARTIGOS - Os artigos podem ser motivados para diferentes fins: artigos teóricos, relatos de experiência e artigos que abordam estudos de caso. Os artigos teóricos descrevem análise sobre correntes epistemológicas, discussões sobre práticas pedagógicas, compreensões de modelos didáticopedagógicos empregados, e avaliação dos trabalhos de pensadores e teóricos da área de conhecimento do artigo. Os relatos de experiência normalmente são artigos que querem ressaltar mais a caminhada durante toda a pesquisa do que propriamente dita a pesquisa em si. Informações como a equipe evoluiu nas metodologias empregadas de fazer pesquisa em sala de aula, como os processos de avaliação se sucederam e evoluíram ao longo de várias pesquisas e como as participações dos alunos foram sendo analisadas ao longo do tempo. Os relatos em geral concentram maior atenção na ideia do que no próprio experimento. Os artigos intitulados estudos de caso possuem a característica de Cláudio de Musacchio

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mostrar ao leitor exemplos de aplicações das instituições de ensino. Como foi realizada a pesquisa na escola tal, como os professores conseguiram levar adiante uma proposta de experimentação científica em sala de aula, como os alunos reagiram a estas experiências e como eles participaram, desenvolvendo o crescimento e o desenvolvimento individual.

Formação do Professor Pesquisador O processo de formação do professor em pesquisador é uma caminhada que deve ser encarada como complexa, profunda e global, na qual todas as esferas da educação devem estar comprometidas com os seus resultados. A própria palavra FORMAÇÃO já denota um aspecto da questão – FORMA. Assim, a formação do professor deve ser um movimento que lhe confere um contorno, uma profundidade e uma identidade própria e indivisível. Indo mais longe ainda ao conceito, poderíamos dizer que a formação do professor é um processo de construção coletiva, onde cada um individualmente busca suas próprias autorias para então compor com seus iguais um conhecimento mais globalizado conforme sua área de pesquisa. Ocorre que as oportunidades para esta autoria é dada pelo espaço que a escola oferece e privilegia. Esta precedência coloca em cheque toda a administração escolar quando percebe que o professor pesquisador pode fortalecer os pilares da instituição escola trazendo benefícios diretos e indiretos a sua administração, conceito e ética. Neste momento tão conturbado das instituições escolares onde os índices do Sistema Nacional de Avaliação Básica têm demonstrado uma média muito baixa. Segundo o suplemento do Jornal O Estado de São Paulo, publicado em 26 de abril de 2007, mostrou os seguintes índices nacionais para: l Os alunos de 1ª a 4ª séries a média era de 3,8 l Os alunos de 5ª a 8ª séries a média era de 3,5 l E no ensino médio a série era de 3,4 O governo naquela época prometia: l Para os pequenos pular de 3,8 para 6 l Para os de 5ª a 8ª séries, pular para 5.5 l E os de ensino médio ir para 5.2 Portanto, não se pode descuidar desses aspectos de qualidade, avaliação e pesquisa no ensino público e privado do país. Não há ensino de qualidade se não houver espaço para o professor se desenvolver, estudar e se capacitar. E esta melhora se reflete na sua prática pedagógica, na sua melhor remuneração 96

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e consequentemente no seu crescimento pessoal levando-o à publicação de artigos científicos. Assim sendo, reforma no ensino abrange qualidade, formação de professores, inovação pedagógica, pesquisa em sala de aula, experimentos científicos e visibilidade de seu trabalho no meio científico. Diante dessas premissas a escola deve ser a primeira a permitir os avanços criando sistemas que busquem a pesquisa, a interdisciplinaridade, a educação continuada de professores, a produção reflexiva sobre suas práticas pedagógicas, e através de sistemas de auto-avaliação os professores podem se colocar diante das oportunidades para se constituírem agentes de mudança, transformação e inovação. A tomada de uma postura para a publicação levará automaticamente os professores a se conhecerem e reconhecerem como pesquisadores e cientistas que trabalham o ensino e a aprendizagem voltada para o aluno e pelo aluno. A inserção dessas autonomias produzirá em muitos momentos que o professor observe o que está acontecendo a sua volta, em outros contextos de sala de aula, outras práticas e metodologias, outras pedagogias e outras formas de fazer ciência. A consciência deste conhecimento produz no pesquisador uma constante autocrítica de sua produção e pontua consequentemente uma constante melhoria baseada na leitura e observação dos seus iguais. A escola deve também privilegiar na formação e capacitação dos professores através dos conhecidos programas já existentes tais como: E-Proinfo, Pró-formação, Mídias na Educação, Webeduc e tantos outros. Estes programas ajudam os professores na sua capacitação com relação ao uso das tecnologias, das mídias, utilizando para isso a educação à distância como modalidade ao professor. De 1996 até 2007 estes projetos foram criados pelo SEED / MEC. Além dos projetos citados acima temos, Pró-Infantil, Pró-Letramento, Pró-Licenciatura (pró-Licen), e a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Muitos desses programas capacitam o professor a desenvolver pesquisas em sala de aula e ensinar como os professores e alunos podem publicar seus resultados. Em geral, a modalidade que está sendo cada vez mais escolhida para esta interação é a educação Cláudio de Musacchio

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à distância, por favorecer os professores em se dedicarem conforme seus horários e turnos, propiciando uma maior elasticidade e acesso à distância. Não se pode deixar de citar a iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina que por ser a pioneira no oferecimento de cursos em nível de pós-graduação na modalidade à distância através do seu Laboratório de ensino à Distância, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, desde o ano de 1995. A formação de professores para a pesquisa em sala de aula é cada vez mais incentivada pelas organizações educacionais, pelos órgãos públicos na área da educação e é oportunizada pelos programas do governo para habilitar / capacitar ensinando os professores não só a desenvolver a pesquisa, mas como ensinando os professores a publicarem seus resultados.

Premissas para um Ambiente de Pesquisa na Escola Nas escolas onde a pesquisa não é considerada uma forma de aprendizagem lúdica, eficiente, significativa ainda tem uma caminhada bastante árdua até chegar a ter professores pesquisadores em seus quadros funcionais. O trabalho de iniciação científica é uma tomada de consciência que pode levar algum tempo para florescer na escola, mas quando acontece tem seus frutos reconhecidos através dos resultados apurados em índices governamentais ou até mesmo nos vestibulares ainda tão comuns pela maioria das instituições do país. Em outras escolas que a pesquisa já é um fato cotidiano e são incentivados pela direção, os trabalhos tendem a surtir seus efeitos na maneira como professores e alunos fazem e entendem a ciência. Entretanto, algumas escolas apesar de estar com suas pesquisas a pleno vapor, não publicam seus trabalhos e suas conclusões, ficando meramente expostos nos curtos espaços de tempo patrocinados por feiras semanais tais como feira de ciências, matemática, história, geografia, etc. Estas escolas por não guardarem cientificamente os seus resultados, sofrem constantemente avanços e retrocessos, quer pela troca constante de professores, ou pela realização das mesmas pesquisas várias vezes. Outra classe de escolas são aquelas que produzem pesquisa e publicam artigos científicos de seus resultados. Possuem revistas científicas internas e estão sempre colocando seus artigos nos principais periódicos e revistas especializadas em suas áreas de conhecimento. Quando novos professores assumem nestas escolas são convidados a tomarem conhecimento das pesquisas 98

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que já foram realizadas na escola e como estas podem ser melhoradas pelas novas turmas, promovendo assim um significativo e constante avanço científico e tecnológico. Nestas escolas comprovadamente, estão contemplados técnicas que compreendem uma multidisciplinaridade constituída para encontrar respostas as suas hipóteses, levando-se em consideração os diferentes ângulos e análises decorrentes das atividades realizadas pelos alunos. Levando-se em consideração, portanto, que a escola promove a interdisciplinaridade, através dos temas transversais envolvendo professores das áreas humanas com as áreas científicas, produzindo assim uma educação cuja aprendizagem seja considerada para toda a vida, existe um conjunto de premissas que favorecem o surgimento de um ambiente para a pesquisa no ensino médio e fundamental e que cujos trabalhos possam ser levados à publicação: • Criar dentro da escola espaço para a pesquisa científica compreendendo tanto os aspectos de estudo das metodologias bem como das experiências em sala de aula dos diferentes fenômenos estudados. • Criar os espaços dentro dos currículos escolares para privilegiar a experimentação científica e as atividades interdisciplinares. • Preparar os estudantes para uma postura voltada para a pesquisa, à comprovação de hipóteses e a elaboração de trabalhos publicáveis tais como artigos, resenhas, relatórios científicos e pareceres. • Deixar os estudantes escolherem os temas a serem pesquisados, dando-lhes total autonomia na busca e no interesse às informações, nas experimentações e na elaboração dos artigos científicos. • Permitir e contemplar obrigatoriamente em todos os contextos de pesquisa o trabalho multidisciplinar, colaborativo entre os jovens e promoção das interações cognitivas, afetivas e psicomotoras. • Elaborar uma revista com periodicidade curta contemplando todos os trabalhos dos professores, sem exceção a fim de catalogar toda a produção de iniciativa científica na escola. • Promover feiras e congressos internos para debater os resultados apresentados nestas revistas. • Promover publicações em conjunto em revistas e periódicos renomados, elaborando-se um tema comum a todos os trabalhos e propondo diversos olhares sobre o mesmo tema. Para a escola a aprendizagem deve ser considerada significativa, centrada no aluno, e fortemente posicionada na perspectiva construtivista, onde o trabalho simbólico de dar significado a realidade do aluno. Esta Cláudio de Musacchio

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atitude implica quase sempre num processo ousado, diante dos desafios que professores enfrentam quando solicitam aos alunos a comprovar suas hipóteses e a experimentá-las. Mais ainda se os resultados destas experimentações terminam com uma produção intelectual realizada pelos professores, com a anuência da escola, da direção, e dos alunos. O papel da escola é promover a aprendizagem dos alunos e dos professores. E a pesquisa deve ser incluída em todas as idades nos três ensinos: básico, fundamental e médio. Mesmo os muito pequenos, nas séries iniciais devem fazer ciência e experimentações, e devem aprender também a dizer formalmente como o experimento se comportou e que conclusões se chegaram. Esta prática irá desenvolver nos jovens o gosto pela pesquisa, pela experimentação científica e pela comprovação das hipóteses elaboradas anteriormente. Não há idade determinada para se fazer ciência.

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Onde Publicar meus Artigos Científicos? Desde os primórdios da história, quando o homem já sabia ler e escrever, os pesquisadores trocavam correspondências a fim de conhecerem os seus trabalhos e poderem aprender uns com os outros. Já na Idade Média, o objetivo dessas correspondências era compartilhar as descobertas e explicar como eles chegaram a determinados conhecimentos. A ideia principal é fazer com que seus colegas pudessem reproduzir o evento, para que chegasse a mesma resposta. Daí a preocupação em escrever de uma maneira que se pudesse fazer entender. Surge então um padrão na escrita, formalizando o modo de apresentar as ideias, propor as metodologias e divulgar seus resultados. O sucesso da reprodução da experiência por um colega habilitado era conseguido graças a esta clareza da exposição do trabalho. Assim se elaborou ao longo da história, uma regra clara sobre o procedimento da escrita de documentos científicos. No que diz respeito à elaboração de um artigo as suas regras de construção são bem claras e rigorosas não havendo, portanto margens para dúvidas quanto a interpretação dos textos. Ao longo do tempo, estes escritos foram sendo divulgados por entidades representativas de classes, centros de pesquisa e entidades governamentais que catalogavam os estudos e publicavam através do que chamamos hoje de periódicos. Em qualquer área de conhecimento encontramos hoje uma infinidade de publicações nos mais variados tipos, a saber: revistas, compêndios, livros contendo uma coleção de artigos chamados de livros periódicos, em diferentes mídias como CD´s, DVD´s, publicações em feiras, congressos, palestras, seminários, workshops, e tantas outras modalidades. Em cada uma dessas formas de apresentação dos artigos científicos, existem características importantes para o pesquisador prestar muita atenção antes de ofertar o seu artigo à publicação. Quanto ao número de publicações existentes no Brasil, como artigos científicos, estamos em 15ª posição no ranking mundial, segundo a base de dados Cláudio de Musacchio

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da Thomson Scientif, esta posição até o ano de 2007. Segundo estes dados, só para fazermos uma comparação entre os países de primeiro mundo, o Brasil está a frente da Suíça e da Suécia e se aproxima da Holanda e da Rússia. Em 2004 estávamos em 17º. Em três anos, andamos 4% ou 5%. E em 2010, já estamos em 13º e a expectativa para 2012 é que estejamos em 10º, embora muitos afirmem que a cada ano menos artigos são publicados no Brasil em relação ao número crescente de doutores. Outra base de dados chamada de editora Elsevier também confirma esta posição brasileira diante do número de artigos científicos. De qualquer maneira, a tendência brasileira de produção de artigos científicos é crescente tanto na língua portuguesa, quanto na língua inglesa. Embora esse número crescente deva oscilar entre 0% e 2%, pois que o número de cientistas que produzem artigos é basicamente a mesma nos últimos anos, demonstrando certa acomodação nos índices. Em termos comparativos, os países emergentes, apresentam uma maior melhora no número de artigos, até compreensível, tendo em vista as pressões dos órgãos educacionais em produção contínua, atrelada aos programas de pós-graduação, sistemas de fomento para pesquisas científicas e formação de mestrado e doutorado financiados por órgãos públicos. Quanto às áreas de conhecimento que mais publicam no Brasil estão a Biologia e as ciências médicas, como medicina, agricultura, bioquímica, genética e biologia molecular, seguida pela física e a astronomia. Com relação às instituições que mais produzem estão a Universidade de São Paulo (USP), a Estadual de Campinas (UNICAMP) e a Universidade do Estado do RS (UFRGS), a Universidade do Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Minas Gerais. Paralela a esta análise do número de publicações, nós temos um dado que distorce esta realidade: o aumento substancial de doutores formados no Brasil. Houve um crescimento expressivo no período de 1980 a 2006, passando de 1.000 para cerca de 10.000 ao ano. Segundo o diretor científico da FAPESP, Sr. Carlos Henrique de Brito Cruz, a curva de crescimento na produção científica esta sincronizada com o crescimento do número de doutores e com a qualificação das instituições acadêmicas. O número de doutores está aumentando a cada ano, mas na velocidade cada vez menor, ou seja, a cada novo ano, menos doutores em relação ao ano anterior se formam no Brasil. Ou seja, o boom ocorreu no início do Plano criado pelo Presidente Fernando Henrique referente às Diretrizes e Bases para a Educação Superior que preconizava a necessidade de fortalecer os programas de pós-graduação com níveis de mestrado e doutorado. Como grande parte dos professores matriculados nos programas de Pós-Graduação 102

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já são mestres ou doutores, a tendência é que o número de artigos cresça a passos decrescentes, ano após ano. Por outro lado, campanhas das instituições de ensino superior estão enfatizando para a produção científica, o que de uma maneira geral, deve aumentar significativamente, principalmente porque os artigos devem começar a serem publicados fora dos programas superiores de ensino, configurando uma busca pela publicação dos professores de ensino médio, fundamental e até básico. Hoje o número de artigos dos programas de pós-graduação ocupa o cenário em 85% das publicações. O Brasil, formando em média 10.000 doutores por ano, é comparado aos países como a Inglaterra, Índia e Coréia do Sul. Em números relativos comparados a população, o Brasil produz 5 doutores por grupo de 100 mil habitantes, enquanto o Japão forma 12,1, a Coréia do Sul forma 13,6, os Estados Unidos forma 14, o Reino Unido forma 24 e a Alemanha forma 3. Segundo o presidente da CAPES, Jorge Guimarães, o país é deficitário em pesquisadores. Cresce no estudo das ciências, mas sua publicação é baixa relativamente. Se compararmos o número de pesquisadores, conforme afirmou no 60º Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), os estados do Sudeste registram de 30 a 35 doutores para cada 100 mil habitantes, no Norte e no Nordeste ela não ultrapassa 10 doutores. O índice do Distrito Federal é o mais alto do Brasil alcançando o percentual de 41,3 doutores por 100 mil habitantes. O mais baixo é o estado de Tocantins com 3,8 doutores para cada 100 mil habitantes. Segundo Guimarães, o grande desafio é formar especialistas nas regiões desfavorecidas. Quanto ao número de doutores que são formados por ano, por universidade, tem-se que a Universidade de São Paulo (USP) forma por ano cerca de 2.000 doutores, e a Universidade de Campinas (UNICAMP), forma 870 por ano. Estes índices ultrapassam em muito os índices americanos só para se ter um exemplo. A média da Universidade de Berkeley é de 769 doutores, da Universidade do Texas, em Austin, é de 702 e da Universidade da Califórnia, em Los Angeles é de 664. Para você que quer ser um pesquisador, veja os dados de pesquisadores no Brasil por tipo de trabalho. Apenas 23% dos doutores do Brasil trabalham em laboratórios industriais, comparativamente na Coréia do Sul e nos Estados Unidos é respectivamente, 54% e 80%. Neste sentido é meta do governo brasileiro melhorar significativamente a capacitação para pesquisadores na ciência básica e acelerar a capacitação para a pesquisa aplicada. Portanto professor, seja pesquisador, participe em sua escola de projetos de pesquisa e publique seus resultados em revistas e periódicos brasileiros. Cláudio de Musacchio

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Mas como escolher onde publicar? Existem diversos sites na Internet que ajudam o professor pesquisador a encontrar revistas, periódicos e feiras e congressos. 1. O Scientif EWlectronic Library Online – SCIELO da FAPESP. www.scielo. org É um dos melhores sites de banco de dados, contendo mais de 870 periódicos para publicações de artigos científicos em muitas áreas de conhecimento. Possui artigos nos idiomas: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, México, Portugal, Venezuela. Segundo consulta feita ao site em outubro de 2011, 875 periódicos, distribuídos em 23.179 fascículos, 341.889 artigos. 2. Coleção de livros eletrônicos da editora Atheneu, a mais importante editora de autores nacionais em Medicina. Oferece 361 títulos publicados nas mais diversas especialidades da Medicina e demais áreas da Saúde, publicados em português e com texto completo dos capítulos. Conteúdo de alta qualidade e credibilidade para médicos, profissionais e estudantes. www.dotlib.com.br 3. Outro site grande em volume e importância da CAPES cujo endereço www. periodicos.capes.gov.br. O Portal de Periódicos da Capes foi lançado em novembro de 2000 e é uma das maiores bibliotecas virtuais do mundo, reunindo conteúdo científico de alto nível disponível à comunidade acadêmico-científica brasileira. O Portal de Periódicos da Capes oferece acesso a textos selecionados em mais de 29 mil publicações periódicas internacionais e nacionais e às mais renomadas publicações de resumos, cobrindo todas as áreas do conhecimento. Inclui também uma seleção de importantes fontes de informação científica e tecnológica de acesso gratuito na Web. 4. Outro site é o IEEEE Xplore com mais de três milhões de endereços entre artigos, periódicos, livros e revistas. É apresentado em um novo design dinâmico que redefine como publicações. A partir deste lançamento piloto, apresenta artigos selecionados em publicações com layout HTML que fornece a mais rica e completa 104

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experiência em pesquisa interativa. 5. SBPC – Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência é outra rica fonte de consulta aos professores pesquisadores. Ao escolher o link na pagina referente aos acervos, escolha o item PERIÓDICO. Estão cadastrados até este momento (setembro / 2011), 866 periódicos. 6. PERGAMUM – Sistema Integrado de Bibliotecas é o outro endereço para consulta a periódicos existentes nacionais e internacionais. Através da iniciativa da PUC-PR. Hoje conta com aproximadamente 24.000 periódicos, 97 instituições cadastradas, 350.000 artigos científicos, quase 20.000 artigos online. O endereço para consulta de periódicos, trabalhos de teses e dissertações é: http:// www.pergamum.pucpr.br/redepergamum/exclusividade_crp.php?ind=1 Fora da consulta aos grandes depósitos e banco de dados contendo uma infinidade de revistas científicas e periódicas, o professor pesquisador pode buscar na Internet através da publicação de eventos em feiras e congressos de sua área de pesquisa. Normalmente estes encontros são anuais e os envios de artigos para o evento são em geral enviados com três a quatro meses de antecedência. Portanto, fique atento aos períodos e as datas marcadas. Ao submeter artigos científicos para publicação numa revista científica temos que atentar para vários itens necessários, em tese é uma caminhada que pode ser morosa, tendo em vista que a apresentação do artigo obedece à exigência de determinados períodos do ano. Fora deste período, o autor envia o artigo e deve aguardar a próxima edição da revista ou periódico. Outro fator é a subjetividade da correção e avaliação do artigo buscando seguir a linha editorial da revista ou periódico. Muitas vezes o artigo é importante, pertinente, inédito, mas não condiz com a linha editorial, sendo assim recusada. Por isso é muito importante que o professor tenha sempre muito claro onde publicar para evitar uma recusa constrangedora. Para publicação em feiras e congressos, a linha editorial segue geralmente o tema do evento e a sua publicação se dá apenas com a realização da inscrição. Normalmente, os eventos solicitam que o autor apresente para o público presente através de painéis, como o assunto se originou, foi realizado e quais os seus resultados. O site da CAPES é responsável em classificar os periódicos em todo o Brasil e periódicos estrangeiros. A classificação é dada com letras: Cláudio de Musacchio

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A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5, C. Normalmente esta classificação leva em consideração o valor científico das pesquisas, a abrangência territorial que a revista ou periódico cobre nacionalmente e fora do país, e a pertinência dos seus resultados para o mundo científico. Outros critérios mais subjetivos são resguardados ao corpo decisório da CAPES e busca manter a qualidade de excelência nos trabalhos apresentados. O email para tirar dúvidas é qualis@ capes.gov.br, e o endereço na Internet para a consulta das bases de dados da WebQualis é: http://qualis.capes.gov.br/webqualis/Index.faces Os periódicos científicos possuem veiculação com ISSN (Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas do Inglês). International Standard Serial Number (ISSN), identificador aceito internacionalmente para individualizar os títulos de publicação, tornando-o único e definitivo e também para auxiliar as bases de dados de catalogação nacionais e internacionais. Além disso, a qualidade é necessária e exigida pela equipe editorial a fim de melhorarem esta classificação ou pelo menos manterem-na junto à avaliação da CAPES. Um artigo publicado em um periódico cuja avaliação é de A1, este artigo terá 100 pontos na avaliação, se for publicado num periódico de avaliação b5, receberá 10 pontos e assim por diante. A classificação dos periódicos é dividida em estratos indicativos de qualidade, conforme citado acima. As letras possuem o seguinte significado: A1 – estrato 7, A2 – estrato 6, B1 – estrato 5, considerados como estratos superiores. A estratificação é atualizada anualmente pela comissão do Qualis Periódicos, a partir dos índices de impactos dos periódicos consultados. Os pontos da classificação completa são:

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Dentro das bases da CAPES, dependendo do assunto e da área de pesquisa, tem-se atualmente (2011), uma quantidade de periódicos bastante significativos, conforme mostra a tabela a seguir:

Este quadro mostra apenas algumas áreas para que o professor pesquisador tenha uma ideia da quantidade de periódicos para onde se possam enviar os artigos científicos. Lembrando, é claro, que esta gama enorme de periódicos está contemplada os nacionais e internacionais. Lembrando, obviamente, que estes valores são atualizados constantemente todos os anos. Outro dado interessante, segundo o quadro mostrado, é a questão das disciplinas voltadas para a pesquisa por excelência, que é o caso de ciências biológicas, agrárias e educação. O maior desafio das escolas é a implementação de pesquisa nas áreas de ciências sociais aplicadas, geografia e matemática, embora esse quadro esteja se revertendo em vista de mais escolas estarem revendo suas posições em relação a pesquisa científica em sala de aula. Segundo o site da CAPES, Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. Classificando os periódicos, automaticamente a CAPES também classifica os artigos enviados para os periódicos. Todo o ano a CAPES reclassifica conforme os estratos indicativos da qualidade, sendo o A1, o de nível mais elevado, e o C, com peso zero. Alguns periódicos podem estar classificados em mais de um estrato, não designando inconsistência, mas porque o periódico atende ao mesmo tempo outras áreas e expressa o valor atribuído, em cada área, à pertinência do conteúdo veiculado. Assim sendo, para efeito de contagem a publicação num determinado periódico que possui duas classificações, o artigo será considerado o de mais baixo nível. Este procedimento da CAPES denota que a avaliação é bastante subjetiva e não pretende definir a qualidade de forma absoluta. Cláudio de Musacchio

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Como funcionam os Periódicos? Os periódicos são publicações seriadas que se apresentam na forma de revistas. São editadas em fascículos, com designação numérica e cronológica, com intervalos definidos segundo a política dos seus editores, e declarados abertamente na revista, e podem ter ou não a colaboração externa de artigos, podendo tratar em cada número, de um assunto específico, obedecendose evidentemente a uma linha editorial previamente definida pelos seus idealizadores. No caso da escola criar um periódico, a sua representatividade será feita através de um colegiado escolhido pela escola para definir as regras gerais de como irá funcionar o periódico. A maior parte dos periódicos registra os estudos de doutores e alunos dos programas de pós-graduação. Algumas iniciativas são substratos de revistas já existentes e que encontra nesta modalidade de publicação uma forma de aproximar professores pesquisadores da linha editorial da revista. Os espaços entre uma publicação e outra é determinada pelo tempo com que os seus organizadores recebem os artigos de colaboradores e conseguem analisar um a um. Em geral, a periodicidade é trimestral, quadrimestral, bimestral e até anual. Para envio de originais, os periódicos disponibilizam nos seus sites formulários de cadastramento, onde o professor passa a pertencer àquele periódico, geralmente uma senha é criada e uma parte do site protegida por senha é disponibilizada ao professores para envio de suas publicações. Não é bem visto pela comunidade científica o envio do mesmo artigo a vários periódicos na tentativa de que em algum deles, o artigo seja aprovado. Quando criar o seu artigo, envie para um único periódico. A recusa, como já foi dito anteriormente, se deve a diversos critérios: assunto não alinhado ao editorial do periódico, o artigo não condiz com a qualidade exigida pelo periódico, entrega de artigo fora do período estabelecido, o tipo de artigo caracterizado não está completo, por exemplo, ao se tratar de estudo de caso, é necessário pontuar a instituição trabalhada, os dados da pesquisa bem esclarecidos, a metodologia utilizada e as conclusões sobre o estudo. Alguns periódicos se utilizam de eventos específicos, determinando um assunto ou tema que será abordado, e todos os artigos daquela impressão extra, devem seguir. Estas iniciativas têm sido cada vez mais bem quistas pela comunidade científica, pois trabalhos que envolvam a multidisciplinaridade 108

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e interdisciplinaridade estão cada vez mais sendo incentivadas pela escola, universidades e programas de pós-graduação no Brasil e no mundo.

Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos O programa de apoio à aquisição de periódicos foi uma iniciativa da CAPES, em 1995, com intuito de organizar, centralizar e fortalecer as produções científicas das instituições de ensino superior. Inicialmente, os periódicos são disponibilizados no formato impresso. A partir de 2000, já são aceitos a modalidade virtual ou eletrônica. Este programa sofreu regulamentação em julho de 2001, bem como as suas normas foram constituídas para deliberar sobre o uso de Publicações Eletrônicas disponíveis no Portal de Periódicos na Internet. Esta iniciativa permite o acesso aos professores, pesquisadores e alunos das instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o território nacional. Esta iniciativa visa fortalecer os programas de pós-graduação, promovendo o acesso imediato ao acervo científico e tecnológico atualizado, produzidos em todo o mundo. O conteúdo disponibilizado no Portal está sempre sendo atualizado e conta hoje com aproximadamente mais de 11.000 revistas científicas nacionais e internacionais e mais de 125 bases de dados com referências e resumos de documentos em todas as áreas de conhecimento. Conta também com um acervo de consulta de mais de 150.000 livros publicados no século 18. O Portal é hoje acessado por mais de 1,3 milhões de professores, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação de 181 instituições de todas as regiões do país. Mais e mais professores de ensino básico, médio e fundamental também passaram a pesquisar dados neste Portal. Veja no site da CAPES quais as instituições cadastradas no sistema. Todas as instituições federais estão automaticamente cadastradas, mais as estaduais e municipais com seus respectivos programas de pós-graduação, avaliadas pela CAPES e universidades particulares com programas de pós-graduação com conceitos entre 5, 6 e 7 da CAPES. Qualquer “instituição pode fazer parte do acervo através de adesão ao Portal na categoria pagante, com acesso restrito às coleções contratadas.

Criando Periódicos na Escola Após a escola institucionalizar os programas de pesquisa em sala de aula e os professores escreverem seus artigos contendo os resultados, a escola Cláudio de Musacchio

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pode imprimir os artigos criando um periódico interno. Para a criação de um periódico é necessário obter um número ISSN destinado as publicações seriadas. Não existe a obrigatoriedade dos editores providenciarem o ISSN, mas veja as vantagens de se ter periódicos mesmo para uso interno da escola: • O sistema ISSN é único, e pode identificar uma publicação seriada independentemente de seu idioma ou país de origem, distinguindo entre publicações seriadas com o mesmo nome ou para títulos diferentes; • Caso a escola tenha que apresentar o periódico em uma feira ou congresso poderá fazê-lo; • Poderá incluir seu periódico em banco de dados nacionais para que outros pesquisadores e professores de pesquisa acessem os trabalhos. Para solicitar um número ISSN para suas publicações, basta a escola enviar uma carta ou mesmo um email pedindo para o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT, um ISSN para cada publicação seriada que a escola crie. Siga todos os procedimentos para obtenção do ISSN no próprio site do IBICT no endereço www.ibict.br Mas cuidado para não confundir com ISBN (International Standard Book Number), que é um número internacional padrão que identifica numericamente os livros segundo o título, o país, autor, editora, individualizando-o. Este sistema é utilizando também para outras necessidades tais como: software, a sua métrica pode ser também representada em código de barras o que facilita a sua aplicação em diferentes idiomas. O ISBN é controlado pela Agência Internacional do ISBN, que orienta, coordena e delega poderes às Agências nacionais designadas em cada país. A Agência Brasileira, com a função de atribuir o número de identificação aos livros editados no país, é desde 1978, a Fundação Biblioteca Nacional representante oficial no Brasil. O endereço da Agência do ISBN no Brasil é: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL Divisão de Depósito Legal Av. Rio Branco, 219 – 3º andar Rio de Janeiro – RJ CEP 20040-008 Tel.: (21) 2220-1892 / 3095-3951 Email.: [email protected] Site: http://www.bn.br

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O ISSN é atribuído por centros nacionais e regionais da rede internacional do ISSN. Este sistema é coordenado pelo Centro Brasileiro do ISSN (CBISSN) sob a responsabilidade do Instituto, que é membro da rede e representante brasileiro junto ao Centro Internacional com sede na França. O número padrão é composto de oito dígitos, mais o dígito verificador, precedido pelo prefixo ISSN de (International Standard Serial Number). Seu número é único mundialmente e reconhecido para publicações seriadas. Exemplo de um número ISSN: ISSN 1812-1956 O endereço para correspondência é: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT Centro Brasileiro do ISSN SAS Quadra 5 Lote 6 Bloco H, 4º andar 70070-912 Brasília – DF Email: [email protected] Mas o que é uma publicação seriada? Uma publicação é denominada seriada quando suas partes são impressas periodicamente. Cada publicação possui a designação numérica cronológica, por exemplo: volume, número, ano de publicação. O meio pela qual será publicado é variável podendo ser impresso em papel, CD, online através da Internet. Cada nova mídia escolhida um novo número deverá ser providenciado. ATENÇÃO: Os números extras que forem programados contendo um determinado assunto, e impresso por ocasião de alguma data homenageada ou um assunto uniforme para todos os artigos daquela tiragem, precisam também de um número especial de ISSN. Esta característica de números especiais tem sido cada vez mais comum na vida dos periódicos e é muito bem visto pela comunidade científica por permitir, sobre o mesmo tema, vários olhares, viés e interdisciplinaridade. Os tipos denominados publicações seriadas são: periódicos, magazines, jornais, anuários, publicações de sociedades e séries monográficas, feiras e congressos. Com relação aos anuários, eles podem ser: livros do ano, relatórios bimestrais, anuais e diretórios de documentos, etc. Toda vez que a publicação sofrer uma alteração editorial, incluindo-se uma nova composição, ou mesmo a mesma edição, mas em mídia diferente, deve ser solicitado um novo número para esta nova composição. Mas a escola pode providenciar a impressão e deixar a capa por último, pois o ISSN é publicado em algum lugar na capa. O encaminhamento ao CBISSN dos dados necessários para a criação do periódico é: capa, folha Cláudio de Musacchio

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de rosto, expediente, apresentação do editorial, sumário, um artigo, mais os comprovantes relativos aos pagamentos das taxas administrativas. Na impressão do periódico, é impresso também o código de barras referente ao ISSN. Quando o sistema de código de barras foi elaborado para os periódicos, foi instituído o número ISSN como parte do código de barras. A formação do código de barras é configurada conforme modelo a seguir:

Tanto o número ISSN quanto o Código de Barras, devem ser providenciados separadamente e através de seus próprios órgãos de responsabilidade. Para o ISSN a responsabilidade é do Centro Brasileiro do ISSN, no IBICT. Para o Código de Barras a responsabilidade é do GS1 Brasil, antigo EAN BRASIL. Quanto a posição da impressão do código de barras e do número do ISSN é na capa do periódico e na parte superior direito. Para os periódicos com formato de mídia em áudio ou vídeo, a impressão deve ser realizada no rótulo, na capa do CD ou DVD e na apresentação. A impressão do número ISSN mais o código de barras garantem o periódico contra piratarias ou cópias indevidas. O código de Barras é construído a partir do número fornecido CBISSN. Com este número pode-se construir o código através do software Corel Draw e do sistema SGN. O software está disponível no endereço: http://gs1brasil. org.br, no link Serviços Online SGN / TPNQ. A sigla GS1 BRASIL é a nova sigla para Associação Brasileira de Automação, em substituição a antiga EAN BRASIL. 112

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O endereço da SG1 BRASIL é: Rua Dr. Renato Paes de Barros, 1017 – 14º 04530-001 São Paulo – SP Central de Atendimento – SP +55 (11) 3068-6229 Demais localidade: 0800-110789 Site: http://www.gs1br.org Email: [email protected]

Procedimentos para Solicitação de um Número ISSN Antes de solicitar o ISSN, leia atentamente as observações: • Um código ISSN é intransferível não podendo ser utilizado por outro título que não aquele ao qual foi atribuído. • Quaisquer mudanças no periódico deverão ser informadas ao Centro Brasileiro do ISSN (CBI) que avaliará a necessidade de atribuição de novo código ISSN ao periódico. • Versões em meios físicos diferentes deverão cada uma, ter seu próprio código ISSN. • Versões em diferentes idiomas de uma mesma publicação online deverão ter cada uma seu código ISSN próprio. • O código ISSN somente será atribuído a publicações online cujo primeiro fascículo já esteja disponível na internet (inclusive um artigo). • O ISSN somente será atribuído aos anais de congresso, seminário, encontro, etc. e não ao site ou folder dos eventos. • O ISSN atribuído aos anais de eventos é único para todas as edições desde que não haja alteração no título ou na mídia da publicação. Exemplo: Anais do ... Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação - ISSN 2236-9066 • ANTES DE FAZER O PAGAMENTO DAS TAXAS ADMINISTRATIVAS, FAVOR VERIFICAR NO CENTRO BRASILEIRO DO ISSN SE A EDITORA/AUTOR CORPORATIVO JÁ POSSUI CADASTRO NO ISSN. (texto acima extraído da página www.ibict.br) Para publicações a sem realizadas na modalidade impressa os itens a serem enviados para o Centro Brasileiro do ISSN / IBICT são:

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PUBLICAÇÃO IMPRESSA

O Formulário de solicitação de código ISSN deverá estar rigorosamente preenchido. A seguir os itens solicitados: Lançamentos • Formulário de solicitação de código ISSN devidamente preenchido • Boneco definitivo (sem emendas ou rasuras) das seguintes partes do primeiro número da publicação: 1. Capa 2. Folha de rosto 3. Expediente 4. Sumário 5. Editorial ou apresentação 6. Um artigo • Cópia do depósito bancário no valor apropriado (ver item “taxas administrativas”), legível, e com anotação de forma clara, do título e/ou editora ou instituição a que se refere o pagamento.

PUBLICAÇÃO JÁ EM CIRCULAÇÃO

Formulário de solicitação no quesito publicação em circulação, deve conter os itens a seguir: • Formulário de solicitação de código ISSN devidamente preenchido • Exemplar do primeiro número da publicação e do número mais recente, ou cópia das seguintes partes 1. Capa 2. Folha de rosto 3. Expediente 4. Sumário 5. Editorial ou apresentação 6. Um artigo • Cópia do depósito bancário no valor apropriado (ver item “taxas administrativas”), legível, e com anotação de forma clara, do título e/ou editora ou instituição a que se refere o pagamento.

PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA

Formulário de solicitação De código ISSN, cópia do depósito bancário no valor apropriado das taxas administrativas, partes da publicação conforme tipos a seguir:

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CD-ROM

Para solicitar publicação em CD-ROM, os itens abaixo devem ser providenciados: • Formulário de solicitação de código ISSN devidamente preenchido • Cópia do depósito bancário no valor apropriado (ver item “taxas administrativas”), legível, e com anotação de forma clara, do título e/ou editora ou instituição a que se refere o pagamento. • Capa do CD-ROM (prova definitiva); • Rótulo do CD-ROM (prova definitiva); • Impressão da tela de abertura da publicação no CD-ROM.

ONLINE

Impressão das primeiras telas onde o título e a designação numérica aparecem, impressão das telas de expediente e sumário. Para solicitar ISSN com publicações pela Internet na modalidade online, o endereço do site bem como o endereço da página onde está hospedada a publicação já deverá estar existindo para ser testada e visualizada pelo órgão responsável. • Formulário de solicitação de código ISSN devidamente preenchido • Cópia do depósito bancário no valor apropriado (ver item “taxas administrativas”), legível, e com anotação de forma clara, do título e/ou editora ou instituição a que se refere o pagamento. • Impressão das primeiras telas onde o título e a designação numérica e/ ou cronológica apareçam; • Impressão das telas de expediente e sumário. Observação: O ISSN somente será atribuído à publicações online que já estejam disponíveis na internet (1º volume completo). Não é atribuído ISSN para publicações cujo todo o conteúdo é disponibilizado em PDF A página principal da publicação online deverá conter links para: • Apresentação • Corpo editorial • Normas para publicação • Endereço de contato • Edição atual • Edições anteriores

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A Rede Mundial de ISSN A rede ISSN (ISSN Network) é uma organização intergovernamental representada por mais de 70 países e possui a coordenação geral do Centro Internacional do ISSN, sediada em Paris. Esta rede foi criada em 1971, durante a reunião do INISIST – Sistema Mundial de Informação Científica, da UNESCO. Mas só foi implantada três após, em 1974. Seu principal objetivo foi o de controlar a produção mundial bibliográfica de publicações seriadas, facilitando o acesso aos seus registros e permitindo a construção de bases de dados uniformes para busca e pesquisa em inúmeros idiomas. O Centro Internacional funciona como a mantenedora e criadora de todas as normas e padrões estabelecidos para as publicações seriadas, adotando para isso a ISSO 3297 – para normatizar através de instruções às atribuições do número ISSN. Hoje os registros na França já ultrapassam a casa de 1.000.000 de títulos de publicações seriadas impressos em todo o mundo, em mais de 120 idiomas. Este Centro possui integralmente e é considerada fonte única para consulta e pesquisa de informações aos periódicos mundiais.

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Escolhendo uma Revista para Publicação Existem muitos critérios de análise antes de sair escolhendo uma determinada revista para publicação de suas pesquisas. Nesta obra nós já mencionamos a classificação dos periódicos quanto a sua importância. Mas esta deve ser a primeira pergunta ou questionamento ao escolher um periódico. Não necessariamente a análise deva recair na pontuação que a revista irá lhe dar. Muitas vezes é importante uma publicação local onde podem ser feitas muitas conexões com outros professores. Podem ser criadas discussões através de fóruns, workshops, seminários promovidos para discutir as informações que foram colocadas nos artigos. Se o professor publica em revistas distantes estas discussões podem ser um tanto dificultadas pela necessidade de movimentação que requer grandes planejamentos de tempo e recursos financeiros. A pergunta se a revista é importante ou de primeira linha deve ser relevante quando se tratar de matéria cujo assunto seja mais amplo e de espectro geral. Normalmente, tais assuntos interessam a comunidade científica de toda uma região e quiçá, nacional. Por exemplo, se o professor descreve uma pesquisa sobre a fotossíntese, interessa ao mundo inteiro. Mas se você está analisando uma determinada planta, o interesse passa a ser local. Por exemplo, quais os resultados da fotossíntese quando ela está diretamente no sol ou criada na sombra? Esta pesquisa perde em importância global, embora possa ser fundamental para a região. Nestes casos precisamos escolher com cuidado o local onde será impresso ou publicado a sua pesquisa. Não que ela não seja importante. Toda a pesquisa é importante para todo o mundo. O que parece que temos que chamar a atenção é para o espaço curto dos periódicos que tem que escolher entre dezenas de artigos, quais os que serão contemplados, tendo em vista fundamentalmente o editorial do periódico. Desta maneira, a pergunta que devemos fazer é, se após escolher o periódico, onde queremos publicar o artigo se o nosso artigo este dentro da linha editorial do periódico. Antes de escolher o periódico devemos ler os números anteriores e pesquisar se o assunto da sua pesquisa já foi contemplado no periódico e com que profundidade. Este procedimento ajuda a entender porque o periódico irá aceitar ou rejeitar o artigo. A próxima análise que devemos realizar é quanto a periodicidade do periódico e se estamos dentro do prazo para envio do artigo. Artigos Cláudio de Musacchio

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enviados fora do prazo correm o risco de ficarem defasados ou perderem o ineditismo. Devemos lembrar que as pesquisas que realizamos são sempre renovadas, a todo o momento, no mundo editorial dos periódicos, e sofrem constante atualização. A demora em publicar o artigo pode tornar o assunto desestimulante uma vez que já estamos realizando outras pesquisas no momento de sua publicação. Outra observação que sempre nos chama a atenção é para a quantidade de leitores que a revista se propõe. Normalmente a tiragem é baixa e local, ou alta e geral. Devemos analisar a área que queremos abranger com o nosso trabalho. Seguindo nesta linha, temos que considerar também o tipo de leitor que a revista possui e qual a formação em geral do público. Se pretendermos atingir as instituições que estão trabalhando nossa área de interesse, temos que enviar para determinadas revistas que possuem clientela específica para analisar bem o nosso trabalho. Outra preocupação que o professor tem que ter quando começa a publicar seus trabalhos é quanto às fases da pesquisa e suas intenções de continuação. Por exemplo. Pode-se escrever um artigo inicial produzindo apenas o interesse da pesquisa a ser realizada num futuro muito próximo e que variáveis serão analisadas. Este artigo irá criar uma expectativa muito grande nos leitores da revista. No próximo artigo, portanto, será a pesquisa propriamente dita, e ela irá causar um determinado impacto na comunidade científica, produzindo necessariamente um terceiro artigo para explicar as razões e a continuação da pesquisa. Muitas revistas de periódicos possuem sua própria metodologia de normas técnicas, variando um item aqui, outro ali. Devemos ficar atentos antes de enviar para saber se existe tal elenco de regras para publicação. São pequenas variações sobre o tema, mas que podem perturbar nos padrões exigidos e acabar retornando o seu artigo para tais consertos. Os artigos devem ser enviados, num primeiro momento, sem a devida identificação dos seus autores. Isto se deve porque a revista entrega para seus colaboradores, geralmente aos pares, uma cópia do seu artigo para verificarem os detalhes necessários para uma análise científica sobre sua relevância, pertinência, aparência e ineditismo. A isto chamamos de sistema peer review ou revisão por pares ou ainda revisão paritária e possui por princípio ser cega, isto é não se conhece o autor do artigo para evitar qualquer forma de facilidade ou prejuízo dos autores. O artigo é enviado a dois pares (para que seja feita esta análise). 118

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Nos meios acadêmicos este método garante a lisura e a integridade. Os trabalhos são submetidos à apreciação de escrutinadores ou especialistas no assunto como você, e na maioria das vezes, permanecem no anonimato. Quando são feitos comentários ou sugerem alterações, os artigos retornam para a origem e os seus autores devem avaliar as solicitações e devolverem para a revista. Esta postura permite que se persiga a qualidade dos trabalhos. No meio acadêmico, existe a figura do revisor (ad hoc), que é o pesquisador que irá executar a revisão final do seu artigo colocando-o no formato exigido pela revista. Correções de pequenos erros de ortografia, concordâncias verbais e outros. Logo em seguida é entregue para o grupo editorial que irá colocar o artigo na aparência final para impressão da revista. Neste momento é exigido do(s) autor(es) os nomes, as instituições para quem trabalham, se houver, e os endereços eletrônicos (email). Isto significa que um novo envio do artigo é sugerido pela revista, mas agora, com identificação de seus autores. Quanto à autoria dos trabalhos científicos, todos os seus participantes devem aparecer na ordem em que tiveram maior participação até o último autor que teve uma menor participação. Deve-se evitar colocar o nome de participantes que nada tiveram com a construção da pesquisa realizada ou que são apenas orientadores, tais como coordenadores da escola, diretores ou até mesmo gestores da escola.

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Publicar em Feiras e Congressos Depois de ter passado pela elaboração da pesquisa, da construção científica do artigo, agora vem a parte destinada a publicação. Nesta fase é necessário realizar um levantamento detalhado para saber em que feira ou congresso seu artigo pode ser aceito. Se a decisão de publicar não for os periódicos já abordados nos capítulos anteriores, então vamos ver agora, os caminhos tortuosos e difíceis para publicar nas feiras ou congressos. Em primeiro lugar temos que aguardar o momento em que os eventos abram suas inscrições para o envio dos artigos. Depois, verificar se determinada feira ou congresso está discutindo ou permite o tema de sua pesquisa. Em seguida, fazer a inscrição através de um formulário pela Internet e depositar o valor da inscrição. Enviar o artigo em email anexado e aguardar o aceite do artigo. Quando a data do evento se aproximar, a organização irá entrar em contato com os autores para avisá-los de suas participações nos painéis que serão abertos durante o congresso. Temos ainda que providenciar estadia, hotel enquanto o evento durar. No caso de congressos fora do país é preciso ainda o visto de permanência pelo devido consulado do país do local do evento. O professor deve buscar ajuda nos custos de cada evento através dos fomentos governamentais existentes no país e na sua cidade. A ideia dos bancos de Anais de congressos, seminários, simpósios e encontros nacionais de pesquisa ajudam muito a localizar os inúmeros eventos que ocorrem em sua área de atuação. Diferente dos periódicos, as feiras e congressos não disponibilizam os conteúdos dos artigos, pois estes são comercializados na forma de CD´s ou DVD´s no endereço da empresa organizadora do evento.

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Procedimentos Iniciais para a Pesquisa na Escola A primeira observação para fazer pesquisa, desenvolver ciência e produzir artigos científicos é entender o conceito de pesquisa científica.

O que é Pesquisa científica? É o procedimento controlado, crítico, organizado, sistemático e reflexivo, que permite o descobrimento de novos fatos ou dados ou comportamentos, relações e leis em qualquer área de conhecimento. Através de metodologia com tratamento científico e que se constitui pelo reconhecimento de novas verdades ou de verdades conhecidas. Ao se fazer pesquisa científica utiliza-se um processo formal e sistemático de desenvolvimento através de método científico, a fim de encontrar respostas para os problemas que levantamos sobre os fenômenos observáveis. O ciclo básico é fazer perguntas que levem a pesquisa e que consequentemente interpretamos os resultados apurados e posteriormente apontamos ao divulgar os seus resultados. As pesquisas podem ser básicas ou aplicadas, do ponto de vista de sua natureza científica. Podem ser qualitativa ou quantitativa, do ponto de vista da abordagem. E exploratório, descritiva ou causal, se pensarmos em seus objetivos. Assim sendo, a pesquisa básica será interpretada, aqui neste livro, como sendo a pesquisa destinada ao ensino básico e sua aplicação será o de incentivar e iniciar as séries iniciais a fazer ciência. E a pesquisa aplicada, será considerada aqui, como sendo a pesquisa destinada ao ensino fundamental, ressaltando não só os aspectos observáveis, mas a sua aplicação em diferentes contextos. E a pesquisa experimental, considerada neste livro como sendo a pesquisa voltada para o ensino médio, onde os jovens já serão capazes de interpretar os dados de forma qualitativamente e quantitativamente. Consideraremos qualitativa a pesquisa indissolúvel da análise objetiva com a subjetiva e que os experimentos não podem se justificar em quantidades, mas de sentido interpretativo dos resultados apurados. Nas pesquisas com as séries iniciais a classificação das pesquisas não tenderá a ser conclusivas e sim exploratórias, buscando-se apenas os resultados que podem ser observados pelas crianças de 5 a 12 anos. Cláudio de Musacchio

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Já as pesquisas com a série fundamental e média os estudos serão focados principalmente nas descrições dos fenômenos estudos e seus estudos experimentais traduzirão em análise do comportamento da pesquisa, sendo seus resultados delineados descritivamente. Do ponto de vista dos objetivos da pesquisa elas podem ser classificadas como: pesquisa exploratória, descritiva, explicativa. PESQUISA EXPLORATÓRIA – É a pesquisa que o professor faz em sala de aula com seus alunos através do levantamento bibliográfico, entrevistando pessoas, visitando lugares, conhecendo museus, locais de artes, laboratórios. As pesquisas exploratórias em geral assumem características de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Pode ser um início para os alunos excelente, pois irá estimular a busca das informações, coleta e escolha dos dados e agrupamento de informações. Este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com o problema. PESQUISA DESCRITIVA – A pesquisa descritiva assume características específicas para coleta de dados através de questionários e observação sistêmica. Muito utilizando quando se pretende fazer levantamentos de dados ou informações a respeito de algum assunto. Da pesquisa descritiva parte-se em geral para a pesquisa explicativa. O que pesquisador neste tipo de pesquisa levanta fatos, registra, analisa, classifica e interpreta, entretanto, não se envolve com a pesquisa a fim de manter a maior neutralidade possível sobre os dados. Neste tipo de pesquisa utilizamse as técnicas padronizadas de coleta de dados (questionários e observação sistemática). PESQUISA EXPLICATIVA – Esta é a pesquisa científica propriamente dita e é nesta opção que os professores irão desenvolver o estudo aprofundado dos fenômenos observados. Quando as experimentações exigem método científico se faz necessário o uso de materiais e laboratório adequado. O pesquisar identifica fatores determinantes para a ocorrência dos fenômenos observados. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, as pesquisas podem assumir as seguintes características: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA – é a pesquisa que os alunos devem aprender em primeiro lugar. Aprender a pesquisar dados e informações na rede de computadores Internet são fundamentais. Através desta característica o professor introduz o espírito da pesquisa nos alunos e passar para as outras características mais facilmente. PESQUISA DOCUMENTAL – Nesta característica, os alunos 122

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aprendem a realizar pesquisa analítica sobre a história de autor, livro, pesquisa ou assunto qualquer. PESQUISA EXPERIMENTAL – Pequenos exercícios desta característica podem levar o aluno a buscar a metodologia necessária para realizar pesquisa científica, desde o seu início quando separa o objeto de estudo, seleciona as variáveis, determina as formas de controle e observação e estuda seus efeitos sobre o objeto. LEVANTAMENTO – Pesquisa voltada para estudar tipicamente o comportamento de pessoas que se deseja conhecer, geralmente renomadas ou bastante conhecidas. ESTUDO DE CASO – Nesta modalidade o aluno pode desenvolver uma análise mais profunda, mais focada sobre o objeto estudado. Observação de comportamento animal, planta, sistema, ou fenômenos observáveis. PESQUISA EXPOST-FACTO – são pesquisas que experimentamos após realizar o levantamento dos fatos necessários a sua observação e análise. PESQUISA-AÇÃO – Nesta modalidade de pesquisa a referência do estudo recai sobre uma ação ou estreita associação com uma ação ou problema coletivo. Um exemplo desta característica é o estudo de metodologias de ensino, de aprendizagem, ou de ambos, em diferentes contextos educacionais, ou pesquisas de época, ou regências históricas de uma determinada ação. PESQUISA-PARTICIPANTE – Nesta pesquisa o pesquisador se envolve com o objeto que está sendo estudado. Que reflexos têm o pesquisador quando estuda determinado objeto cientificamente. A pesquisa, em seu momento de planejamento, vai depender basicamente de três fases: fase decisória, fase construtiva e a fase redacional. Primeiro o professor reúne os alunos e debatem sobre o tema que será pesquisado. Neste momento ou fase é delimitado o problema de pesquisa. Logo após, vem a fase construtiva, isto é, a fase de construção da pesquisa propriamente dita. E por último, a fase redacional, que diz respeito a fase da análise dos dados, estudo das informações, organização das ideias de forma sistematizada, que culmina na realização de relatórios científicos sobre os resultados apurados. É feita nesta fase a parte escrita da pesquisa, que deve seguir os moldes da escola, com vistas a se transformar posteriormente num artigo científico. Quanto a sua forma de abordagem, a pesquisa assume dois pólos distintos, ou ainda podem ser consideradas, dependendo do tipo da pesquisa, as duas abordagens: Pesquisa quantitativa – traduzida em quantidades, números ou opiniões Cláudio de Musacchio

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e informações para serem classificadas e analisadas quantitativamente. Para este tipo utilizam-se várias técnicas estatísticas, que buscam em geral, trabalhar por amostragem. Pesquisa qualitativa – nesta modalidade a pesquisa é descritiva, e as informações obtidas não podem ser mostradas em número, quantificáveis. O método utilizado é o indutivo e a interpretação dos fenômenos e as atribuições dos significados são de resposta subjetiva. A veracidade dos resultados dependerá, muitas vezes, do apoio de uma ou mais teorias que irão dar o devido suporte epistemológico. Existem três tipos de estudos: estudos transversais, estudos de caso controle e estudos de Coote. Estudos transversais – se caracterizam por estudos de população estudada para um determinado histórico pessoal ou exposição a fatores causais suspeitos. Nos estudos transversais todas as medições são feitas num único momento, não existindo, portanto, período de seguimento dos indivíduos. As vantagens dos estudos transversais é que eles não se prendem a prontidão com que se podem tirar conclusões e com a não existência de seguimento. Estas questões tornam os estudos transversais mais rápidos, mais baratos, mais fáceis e em termos logísticos. Em compensação, a grande desvantagem dos estudos transversais, é o seu poder de medir prevalência, e não a incidência, o que torna esta modalidade de pesquisa bastante reduzida em seu aspecto e prognóstico. Estudos de Caso Controle – nesta modalidade de pesquisa o pesquisador seleciona um grupo que tem uma determinada característica e interesse e se compara com outro grupo, ou outros grupos analisados que não possuem tais características. Geralmente utilizado para professores e alunos que queiram estudar um determinado estudo epidemiológico local, observacional, em que um grupo de casos, é comparado, quanto a exposição a um ou mais fatores, a grupo de indivíduos semelhante ao grupo de casos, chamado de controle (sem a doença ou o sintoma estudado). O passo a passo para a elaboração de um estudo caso-controle são os seguintes: 1) Selecionar uma amostra de uma população de pessoas com o caso que se queira estudar. 2) Selecionar uma amostra de uma população sob o risco sem doença ou caso a ser estudado. 3) Medir as variáveis estudadas As vantagens desta abordagem de pesquisa é utilizar hipóteses sobre 124

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o que ocorre quando expostos a determinados ambientes ou medicamentos, ou qualquer outro argumento de experimentação do caso estudado. Outra vantagem é o seu custo extremamente baixo para realizar este tipo de pesquisa. Esta modalidade de experimentação é muito utilizada na educação para medir práticas didático-pedagógicas. Ao se desejar investigar um grupo de pessoas contendo a condição específica, e um grupo de pessoas que não possuem tal recurso, e então, se faz as análises encontradas por diferença de grupos. Estudos de Coorte – nesta modalidade de pesquisa, recruta-se um grande número de indivíduos o se divide em dois grupos distintos, conforme tenham ou não o fato que se deseja investigar. Depois de um determinado período, contam-se os indivíduos que adquiriram o fato estudado. Nesta modalidade de pesquisa o tempo a ser considerado varia conforme a necessidade de se estabelecer o tempo desejável para que os dados possam ser representativos. Pesquisas que possuem a variável tempo devem ser previstas no início do semestre, para que estas possam ter uma massa crítica de informações bastante razoáveis para a análise e interpretação. MÉTODO INDUTIVO O método indutivo é aquele que partindo de dados particulares, suficientemente constatados, podem-se inferir verdades, de modo geral ou universais, que não estão contidas nas partes examinadas. Os professores devem praticar bastante o método indutivo nos alunos para que eles saibam, durante a pesquisa, qual o método a ser utilizado, dependendo do caso estudado. Muitos exemplos e exercícios podem ser feitos para praticar o pensamento indutivo. Exemplo: Cobre é bom condutor de energia elétrica Zinco é bom condutor de energia elétrica Cobalto é bom condutor de energia elétrica Cobre, Zinco e Cobalto são metais. Logo, (todo) metal conduz energia. O método indutivo é realizado em três etapas: Na primeira etapa se dá a observação dos fenômenos estudados. Posteriormente, a descoberta da relação que possa existir entre os fenômenos. E finalmente, a possível generalização que se possa construir da relação. Um exemplo clássico é: Cláudio de Musacchio

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Pedro é mortal João é mortal Maria é mortal É verificado, portanto, a relação entre pessoas e ser imortal, generalizase informando que todos os homens são imortais. Nem todas as inferências para a generalização podem estar corretas. Quando o professor utiliza o método indutivo numa experiência científica, existem duas perguntas que surgem: Qual a justificativa para as inferências indutivas? Qual a justificativa para a crença de que o futuro será como o passado? MÉTODO DEDUTIVO No método dedutivo, se todas as premissas são verdadeiras, então a conclusão deve ser verdadeira. Esta afirmação está baseada no argumento de que toda a informação ou conteúdo explorado da conclusão estava implicitamente, nas premissas. Diferentemente do método indutivo, que preconiza que se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, mas não necessariamente verdadeira. Logo, a conclusão encerra a informação que não estava, nem implicitamente, nas premissas. Comumente, o método é retratado nas pesquisas científicas como sendo de argumentos condicionais, dependendo de validação, ou seja, afirmação do antecedente e negação do consequente. Exemplos de antecedente: AFIRMAÇÃO 1: Se p, então q. Ora, p. Então, q. Se Maria tirar nota inferior a 5, será reprovada. Maria tirou nota inferior a 5. Maria está reprovada. AFIRMAÇÃO 2: Se um homem for frustrado em seus esforços para conseguir algo, então reagirá através da agressão. Ora, este homem sofreu frustração. Então, reagirá com agressão. Exemplos de consequente: AFIRMAÇÃO 1: 126

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Se p, então q. Ora, não-q. Então, não-p. Se a água ferver, então a temperatura alcança 100º. A temperatura não alcançou 100º. Então a água não ferverá. AFIRMAÇÃO 2: Se João estudar e for bem aos exames, então tinha conhecimento das matérias. Ora, João não tinha nenhum conhecimento das matérias. Então, João não foi bem aos exames. Na pesquisa científica trabalha-se com diferentes tipos de dados. Existem três tipos, a saber: Primários, Secundários e revisões bibliográficas. Os tipos primários são pesquisados pelo próprio pesquisador professor e pelos alunos. Ou as variáveis são observadas por pelo menos um dos pesquisadores. Os dados, em geral, estão no formato questionários. Já nos secundários, a análise de dados é realizada por outra pessoa, aluno ou até mesmo outro professor. E revisões bibliográficas, toda a equipe participa da análise dos dados, de ensaios múltiplos que houver e os dados se integram aos resultados obtidos.

Iniciando a Pesquisa científica na Escola Para a escola iniciar-se na metodologia de pesquisa básica e aplicada em sala de aula, os professores devem estar integrados por grupos de conhecimento, e realizarem suas pesquisas através de normativas que a própria escola delibera e constrói em comunhão com os professores. Estas normativas serão construídas para ditar os procedimentos, o fornecimento de materiais, locais apropriados para sua concepção (laboratórios próprios), evidenciando-se os controles necessários à integridade do professor, dos alunos e da escola enquanto objeto de patrimônio a ser preservado intacto. As pesquisas podem ser elencadas primeiramente em cada área de conhecimento. Posteriormente, trabalhos transversais, começavam a denotar atividades interdisciplinares e multidisciplinares, agrupando diversos professores e ciências para novos olhares e, vieses potencializando seus resultados e promovendo forte impacto na significação dos conceitos, das hipóteses levantadas e dos seus resultados e conclusões. Cláudio de Musacchio

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Esta determinação de se elencar as pesquisas, já abre os meios pelas quais os professores pesquisadores irão suportar a construção de seus escritos, desenvolvendo os artigos que irão compor a parte intelectual de produção de todos os trabalhos editados. Uma solução inicial seria a criação de programas internos de produção científica elencando os tempos dedicados a estas atividades, recursos físicos necessários, meios de fomento para o fornecimento de máquinas e equipamentos mais complexos e custosos. Também devem ser elaboradas as diretrizes das atividades de pesquisa e de publicação dos trabalhos científicos idealizados. Uma vez elencados os programas que nortearão a pesquisa na escola, o próximo passo é educar os professores para a pesquisa, ensinando-os os procedimentos necessários para fazer pesquisa, preparar as informações, a redação necessária para a construção do artigo e a sua publicação.

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Aprendendo a Fazer Pesquisa O trabalho de pesquisa deve seguir uma metodologia rígida para que se tenham todas as informações em todas as etapas, cumprindo assim as exigências das normativas da escola previamente elaboradas. A primeira etapa é a escolha dos temas que serão trabalhados na escola. O professor deve ter todas as pesquisas estudadas desde a sua concepção até os momentos finais que é a apresentação dos resultados e a publicação no formato em artigos. O professor deve buscar, inicialmente, as fontes conhecidas, como livros, revistas, jornais, periódicos e Internet. Depois, as fontes mais específicas, como bibliotecas e banco de dados nacionais e, finalmente, as revistas e periódicos especializados no tema que está sendo proposto. Outra informação fundamental para o levantamento das informações iniciais é encontrar na rede Internet trabalhos correlatos. O passo seguinte é a seleção das informações encontradas, buscando aquelas que contemplem melhor os objetivos da pesquisa. No caso de encontrar, em vários lugares, as mesmas informações é preciso selecionar aquelas que possam melhor interpretar e responder aos anseios da realização da pesquisa. O professor deve ter o cuidado de não perder a fonte das informações porque estas informações deverão fazer parte mais tarde da pesquisa. Uma maneira muito eficiente e rápida de pesquisar informações é através da rede mundial de computadores. Esta importante fonte possui muita informação sobre quase tudo o que se pesquisa hoje em dia, mas nem todas as informações podem ser colocadas nas pesquisas da escola por não serem de fontes fidedignas. Somente material oriundo de bancos de dados e bibliotecas públicas virtuais ou digitais pode ser mencionado nos trabalhos científicos. Após a separação detalhada das informações, é o momento de produzir uma redação organizada de todas as informações encontradas. Estas informações podem estar em diferentes mídias; textos, áudios, vídeos, fotos, desenhos, tabelas, mapas, gráficos e outros. Deve-se ter o cuidado quanto à forma e o conteúdo dos textos elaborados. Quanto ao conteúdo, elabore o roteiro da pesquisa, pontuando os materiais que serão utilizados, as hipóteses do que se pretende provar, e os resultados esperados previamente declarados. Utilize a escrita formal e condizente com um documento científico, sem gírias, com ortografia correta e sentido gramatical sem erros. Não utilize os tempos verbais da primeira pessoa. São recomendados sempre os verbos no infinitivo. Quanto à forma o texto deve seguir os padrões da ABNT ou das normas constitutivas da escola para trabalhos de pesquisa. Lembre-se de quem Cláudio de Musacchio

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vai ler o seu trabalho. Geralmente são outros professores que devem ter o mesmo entendimento que você. Vejam também quais são os padrões para inserir objetos, figuras, desenhos, tabelas, gráficos e outros. Todos os objetos inseridos no texto devem ser numerados, colocando-se o título do objeto logo após a sua inserção. Segundo os padrões ditados pela Associação Brasileira de Notas Técnicas para apresentação de trabalhos escolares, os tópicos a serem utilizados são: elementos pré-textuais, elementos textuais, elementos pós-textuais.

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Elementos Pré-Textuais São aquelas informações que antecedem o texto principal da pesquisa. São informações introdutórias e que classificam as pesquisas quanto ao nome, título da pesquisa entre outros dados. A lista dos elementos que fazem parte dos elementos pré-textuais se compõe de capa, folha de rosto, folha de aprovação, dedicatória, agradecimentos, resumo em língua vernácula, resumo em língua estrangeira, sumário, lista de ilustrações e lista de tabelas.

Capa da Pesquisa A capa é a primeira informação a respeito da pesquisa e nela são colocadas as informações de identificação. Ela identifica o trabalho, deve conter as informações conforme a norma NBR 14724. Na capa estão as seguintes informações: ü Nome da instituição – colocada na parte superior, centralizado, letras maiúsculas, fonte 16 e em negrito. ü Nome completo do dos autores do trabalho – especificação idem, tamanho 14. ü Titulo da pesquisa – especificação idem. ü Subtítulo da pesquisa (se houver) ü Nome da disciplina ou das disciplinas para o caso de interdisciplinaridade ü Nome do professor ou dos professores em caso de interdisciplinaridade Cláudio de Musacchio

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ü Local da pesquisa (nome da escola, laboratório) – deve ser colocado na parte inferior da página, tamanho 12 e em negrito. ü Ano e mês da pesquisa (colocar uma classificação de número cronológico quando houver), especificação idem conforme item anterior.

A distribuição dos itens pela página deve ter distância homogênea ocupando-se toda a página. Não há uma regra específica das distâncias, mas a sua distribuição segue os critérios subjetivos do bom gosto.

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Folha de Rosto A Folha de Rosto é elemento obrigatório em todos os trabalhos científicos. É a repetição da capa mais a descrição da natureza e objetivo do trabalho, contendo assim detalhes da identificação do trabalho. A natureza e objetivo do trabalho é uma nota explicativa e deve ser impresso em espaço simples, fonte 10, com o texto alinhado a partir do meio da régua para a direita.

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Folha de Aprovação Esta folha é impressa na parte inferior da página ( do meio para baixo), escrito com caracteres maiúsculos, fonte 12, em negrito. Deixar quatro espaços e então colocar os nomes para assinaturas. Este procedimento adotado pela escola pode ser assinado pelo professor, pela coordenação da área de conhecimento, pela coordenadora pedagógica de ensino (básico, fundamental ou médio), pela coordenação geral.

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Dedicatória Esta é a parte do trabalho científico em que o professor pesquisador dedica seu trabalho. Deve fazer as homenagens no formato parágrafos. O texto deve estar em itálico, fonte 10, na parte inferior da folha (do meio para baixo), à direita e a folha possui o título DEDICATÓRIA, centralizado, em maiúsculo, fonte 14 e em negrito.

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Agradecimentos Esta página é opcional. Mas se for utilizada deve seguir os agradecimentos na ordem de maior importância para a menor. Os parágrafos são escritos em fonte normal, tamanho 12, e não em negrito. Possui o título AGRADECIMENTO, em letra maiúscula, centralizado, fonte tamanho 14, e em negrito.

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Resumo em Língua Vernácula Este elemento é um resumo do trabalho de pesquisa que ora se realiza. Deve conter os quatro pontos importantes: motivação, metodologia empregada, resultados esperados ou discussão e as conclusões. A escrita deve ser curta contendo no máximo um único parágrafo de 10 linhas. A ideia passada ao leitor deve ser clara, objetiva, sucinta, mas completa. O título RESUMO deve ser colocado no alinhamento centralizado, letras maiúsculas, fonte 14 e em negrito.O texto será apresentado em três espaços abaixo do título, em espaço simples entrelinhas. O tamanho do resumo deve conter entre 120 e 250 palavras. É redigido na terceira pessoa do singular, com o verbo na voz ativa e não deve haver citações bibliográficas. Este elemento é obrigatório, acompanha também neste elemento as palavras chaves que são escritas, logo abaixo do parágrafo único.

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Resumo em Língua Estrangeira Esta reprodução é referente ao parágrafo anterior, devidamente traduzido para a língua desejada. Cuidado com as traduções automáticas dos sistemas TRANSLATOR, pois estes não traduzem da forma culta, correta, devendo ser consultado por um profissional do idioma. A palavra ABSTRACT deve estar também no alinhamento centralizado, letra maiúscula, fonte 14 e em negrito. Em espanhol é RESUMEN, em francês é RÈSUMÉ. A escola deve obrigar este procedimento para que os professores pesquisadores se acostumem aos modelos normativos de trabalhos científicos.

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Sumário No sumário são colocadas todas as divisões do trabalho da pesquisa. As divisões no sumário são títulos, subtítulos, seções e subseções. Através do sumário pode-se ter a noção de como o trabalho será organizado e estruturado. No sumário é mostrado também o número da página acompanhando cada título e subtítulo.

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Lista de Ilustrações Este elemento é opcional e se destina a identificar os elementos gráficos inseridos no trabalho científico. A listagem deve ser colocada na ordem em que aparecem no texto, deve indicar o número da página em que aparecem. O título do elemento é LISTA DE ILUSTRAÇÕES, deve ser colocada no alinhamento centralizado, em maiúsculo, fonte 14 e em negrito.

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Lista de Tabelas A lista de Tabelas é um elemento opcional. Mas se for inserido no trabalho escrito deve listar as abreviaturas, siglas, símbolos e ou grandezas. Possui a mesma característica da lista de ilustrações, indicando a página de sua ocorrência no texto.

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Elementos Textuais Os elementos textuais consistem da pesquisa propriamente dita. A lista dos elementos que fazem parte dos elementos textuais se compõe de introdução, desenvolvimento do trabalho e conclusão.

A partir deste item o trabalho já recebe paginação, começando do algarismo arábico (1). O número deve aparecer no topo da página e à direita. A partir do item INTRODUÇÃO também se pode optar em colocar uma numeração cronológica em todos os títulos e subtítulos respeitando-se o recurso de vários níveis.

Introdução É a parte introdutória do trabalho de pesquisa. Neste item os autores expõem os objetivos do trabalho, os recursos utilizados e os resultados esperados. Segundo a ABNT, uma boa introdução deve colocar o leitor a par de tudo o que será realizado na pesquisa. O assunto será exposto aqui neste local com detalhes de todas as etapas da pesquisa.

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Deve estar escrito à esquerda, na margem normal (sem parágrafo), em letras maiúsculas, fonte 14, e em negrito. A introdução é a primeira significativa parte do trabalho e deve contemplar as seguintes informações: ü Uma breve descrição da situação anterior a pesquisa, alguma referência bibliográfica, pertinência e importância da pesquisa, pontos críticos apontados e características do tema. ü Uma breve descrição formulando o problema, colocando as informações que dimensionam a problemática. ü Devem ser mencionados os objetivos da pesquisa e os resultados esperados. ü Também deve ser inserida neste elemento a justificativa da pesquisa, dando sinais de sua importância, relevância e principais contribuições. A introdução é o capítulo por onde se deve iniciar a descrição da pesquisa colocando inicialmente a problemática, importância do assunto, e em seguida, uma breve descrição da pesquisa, comentando os tópicos seguintes de como a pesquisa será transcrita, os principais aspectos, as hipóteses prováveis, a localização da pesquisa, as pessoas envolvidas e os órgãos a que pertencem e finaliza com os aspectos mais importantes dos resultados. A introdução possui, portanto, uma visão geral do que se pretende com a pesquisa e com a publicação. Nos capítulos seguintes será detalhada cada etapa da pesquisa desde a sua concepção, até as conclusões. Haverá necessariamente um capítulo para referendar os aportes teóricos que vão fundamentar sua pesquisa científica. Os capítulos a partir da Introdução podem ser numerados. O tipo de número a ser adotado é o algarismo arábico, cronológico. Se houver necessidade de se criar subtítulos, deve-se colocar numeração com vários níveis. A partir da Introdução também se começa a numerar as páginas do artigo. A numeração é colocada na parte superior da página, na área denominada CABEÇALHO. A numeração é algarismo arábico.

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Se o texto tiver citações de outros autores devem-se seguir as Normas Técnicas da ABNT. As normas referentes à elaboração de pesquisa científica bem como de produção de artigos encontram-se no final deste livro.

Desenvolvimento do Trabalho É a parte principal da pesquisa, onde todas as etapas acontecem, É o conteúdo de sua pesquisa. Como esta parte explica todas as etapas, a metodologia e os resultados esperados, é considerada pela ABNT como sendo a mais longa da pesquisa. A exposição deve ser ordenada, pormenorizada.

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O desenvolvimento pode se subdividir em seções e subseções e pode também ter tópicos numéricos do tipo arábico. Deve conter os seguintes itens ao elemento: ü Revisão de literatura – uma pesquisa minuciosa sobre os pensadores, teorias e conceitos abordados na pesquisa. Esta revisão pode demandar vários capítulos e seções. ü Métodos de coleta de dados – é a descrição detalhada da metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho, especificando quais os procedimentos adotados nas etapas do trabalho no que se refere aos diagnósticos e ou estudo de caso. ü Análise dos resultados – também é neste elemento que são mencionados como se dará a análise dos mesmos, bem como os resultados alcançados, relacionando-os com a revisão bibliográfica, incluindo as análises da pesquisa e suas recomendações. ü As hipóteses do trabalho devem ser aqui comprovadas ou refutadas. E no caso de ser refutado o resultado da pesquisa deve mostrar os caminhos alternativos para a constituição dos trabalhos. ü Conclusões – as considerações e conclusões finais devem estar afinadas com os objetivos da pesquisa, propondo novos olhares e recomendando para novos experimentos científicos.

Conclusão Na conclusão a pesquisa deve se explicar para que o leitor saiba se os objetivos foram atingidos, as hipóteses comprovadas e se os resultados Cláudio de Musacchio

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Elementos Pós-Textuais Os elementos pós-textuais devem seguir os padrões pré-estabelecidos pela norma da ABNT. Entre as informações fornecidas estão às referências bibliográficas, apêndices, anexos e glossários, quando houver necessidade de comprovação de documentos ou fornecer dados existentes em fontes previamente declaradas na pesquisa, tais como relatórios, listagens oficiais, links na Internet, etc.

Referências Bibliográficas As referências bibliográficas são obrigatórias e são uma lista com todas as indicações, pensadores, autores, teóricos, periódicos citados na pesquisa, jornais citados, revistas e outros. Mas a principal citação são os livros. O título REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS deve ser digitado em letra maiúscula, fonte 14, centralizado e em negrito.

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As regras fundamentam para a construção dessas listagens são: ü Todos os tipos de referência citadas nos textos devem fazer parte desta listagem. Todos os livros, jornais, revistas, periódicos, devem estar aqui contemplados, em ordem alfabética. ü Após o professor fazer a pesquisa inicial para a pesquisa e selecionar os objetos de consulta, deve construir esta listagem para não se esquecer de incluir nenhum item nem colocar itens que não sejam mencionados no texto. ü Para cada tipo de documento citado no texto, deve ser colocado conforme mostra a normativa da ABNT. ü Quando houver citação no texto deve ser mostrado ao lado o nome do autor, o ano de publicação da obra e a página onde existe o texto. 148

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Apêndices O elemento Apêndice é opcional. Mas quando for citado no trabalho deve seguir a norma técnica. O apêndice deve ser identificado por letras maiúsculas, iniciando pela letra A até Z, seguida de travessão e os respectivos títulos. Quando ultrapassar as 26 letras, começar a dobrar (AA).

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Anexos Este elemento é opcional. Os documentos colocados neste elemento não pertencem ou não são elaborados pelo autor. Geralmente servem para fundamentar, ilustrar ou confirmar o trabalho do autor. O Anexo é identificado por letras maiúsculas, iniciando de (A) até (Z), no caso de ultrapassar 26 letras, recomeça com (AA).

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Regras para Produção de Trabalhos Científicos em Ambiente Escolar A seguir vamos demonstrar cada tipo de documento bem como a sua notação na listagem bibliográfica. Os itens apontados são exemplos retirados das próprias normas técnicas e da Associação Brasileira de Normas Técnicas, cuja referência é o NBR 6023. Para as regras de normatização foram consideradas as normas da ABNT: NBR 6023, NBR 6024, NBR 6027, NBR 6028, NBR 10520 e NBR 14724. Esta orientação é uma ideia geral de aplicação, não significando existir apenas esta forma ou que os trabalhos científicos só sejam válidos se estiverem nos formatos mencionados abaixo. FORMATOS DE PAPEL, TIPO FONTE, TAMANHO E OUTRAS CARACTERÍSTICAS l FORMATO Os textos devem ser impressos em papel branco, formato A4 (21,0 cm x 29,7 cm), e a fonte utilizada é o Arial ou Times New Roman, justificado por ambas as margens. O tamanho sugerido na maioria das publicações é 12 para o texto e 10 para as citações longas e notas de rodapé, espaçamento simples. l MARGENS A medida para as margens deve estar em: margem superior em 3,0 cm, margem inferior em 2,0 cm, margem esquerda em 3,0 cm, margem direita em 2,0 cm. Pode ser exigida outra medida dependendo para onde estamos enviando o material para sua publicação. Em geral para periódicos a unidade de medida é colocada pelos editores e para os livros vai depender do tamanho da página do livro e dos objetivos que se pretende. Se não for exigida nenhuma formatação para as margens devemos utilizar as medidas mencionadas anteriormente. l ESPACEJAMENTO O padrão par ao texto e 1,5 de tamanho entre linhas, mas algumas publicações pedem tamanho 2,0. Para as demais posições do texto tais como citações longas, notas de rodapé, referências e os resumos em vernáculo e em língua estrangeira, devem assumir o espacejamento simples. Quanto ao título e subtítulos a medida é entrelinha dupla. Para os indicativos de seção o espacejamento desejado é alinhamento esquerdo e separado por um parágrafo simples, ou seja, o tamanho de um Cláudio de Musacchio

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caractere. Deve-se ter cuidado com caracteres especiais no indicativo de seção. Não se pode utilizar ponto, hífen, travessão ou qualquer outro sinal. Todas as seções devem estar acompanhando texto relacionado a elas e os títulos, sem indicativo numérico tais como sumário, resumo, referências e outros, devem estar centralizados. l PAGINAÇÃO Todas as páginas são numeradas exceto a primeira (folha de rosto). A numeração colocada a partir da introdução deve ser em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha. Se o trabalho tiver mais de um volume, a numeração deve ser contínua até o último volume. Os apêndices e anexos também devem estar numerados sequencialmente e de maneira contínua seguindo a numeração do texto principal. l ABREVIATURAS E SIGLAS A ABNT sugere que na primeira vez que aparecer no texto deve ser colocado por extenso o nome e logo em seguida a sigla entre parênteses. Por exemplo: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Todas as citações da sigla a partir da primeira vez devem estar em maiúscula e sem os parênteses. l ILUSTRAÇÕES Sempre que se forem inserir figuras, fotos, gráficos, tabelas, desenhos, mapas e outros objetos devem-se colocá-los no formato centralizado. Após a impressão do objeto deve-se identificar com a palavra designativa, seguida de seu número sequencial de ocorrência no texto, em algarismos arábicos, e com um texto esclarecedor. Caso o objeto não seja de domínio público deve-se colocar a fonte obrigatoriamente. l TABELAS As tabelas em geral inseridas no texto principal sugerem informações estatísticas e classificação de um modo geral. Quanto à aparência deve ter os seguintes cuidados: ü A numeração da tabela é sequencial e obedece a entrada no texto. ü O título da tabela é colocado na parte superior da tabela e de modo centralizado precedido da palavra TABELA e em seguida, a numeração em algarismo arábico. As fontes utilizadas para o título e eventuais necessidades de notas de rodapé possuem tamanho 10. ü Não deve haver espaço em branco (parágrafo entre o título e a tabela propriamente dita, ficando bem colado um do outro. 152

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l TÍTULO

Os títulos colocados no texto principal podem estar em negrito e caixa alta, mas o seu tamanho deverá seguir o tamanho padrão do texto de 12. Devem-se ter os seguintes padrões colocados: ü Títulos de capítulos devem ser impressos em letra maiúscula, negrito, fonte tamanho 14, e numerados com algarismos arábicos opcionalmente. ü Os subtítulos, se houver, devem ser impressos com a primeira letra em maiúscula e as demais letras em minúscula, também em negrito e tamanho da fonte 12. ü Se existirem mais níveis o procedimento é o mesmo do anterior. ü Todos os títulos devem iniciar obrigatoriamente no topo da próxima página.

Formação de Professores à Pesquisa Científica Uma série de informações sobre inovação científica e tecnológica deve ser contemplada como formação necessária aos professores para cuidar dos aspectos relevantes para a realização da pesquisa. Conceitos como interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade, inovação, propostas didático-pedagógicas, avaliação tecnológica, aprendizagem significativa entre outros temas deverão estar no escopo de preparação dos professores pesquisadores. Na pesquisa básica levam em consideração os primeiros passos para que os pequenos comecem a pensar a ciência como uma descoberta dos fenômenos observáveis. Na pesquisa aplicada alguns conceitos mais abrangentes são levados em consideração e destinados as séries seguintes do ensino fundamental. Nestas pesquisas já se denotam certo aprofundamento das experiências vivenciadas e seus resultados já podem conter forte conteúdo de análise sobre os seus resultados, preparando-se assim os alunos para a elaboração do artigo científico que traduza a pesquisa. Assim como na pesquisa básica, os experimentos científicos elaborados não empreendem demasiado esforço das crianças em entender os complexos meandros da pesquisa, ressaltando apenas os resultados visíveis, lúdicos e interessantes sob o ponto de vista da descoberta, as pesquisas aplicadas já incrementam fundamentação teórica para que os alunos possam discorrer sobre como a pesquisa se comportou e quais foram os resultados apurados. Um exemplo clássico das experiências observáveis para as séries iniciais são Cláudio de Musacchio

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os estados diferentes da água: líquido, gasoso e sólido. Nesta experimentação as crianças observam os efeitos da experiência embora não entendam muito bem como estas passagens se dão. A pesquisa deverá passar um bom tempo explicando como utilizando a temperatura pode-se passar de estado para outro. Na experimentação aplicada à mesma experiência pode denotar observações mais complexas dos estados da água, envolvendo experiências com a mistura de outros líquidos que corroboram ou dificultam a passagens dos estados. Os textos a serem produzidos para a construção dos artigos devem ressaltar como as crianças entenderam a pesquisa, se comportaram diante dela e como elas aprenderam sobre os fenômenos naturais. Enquanto na pesquisa básica as crianças são motivadas para uma expectativa de resultado, nas pesquisas aplicadas o propósito está na conjugação do estudo das bases de conhecimento que levam o aluno a resolver os problemas utilizando os materiais, os elementos da tabela periódica e as situações propostas pelo professor. Já na pesquisa experimental endereçada para o ensino médio, os trabalhos já ganham conotações bem mais científicas e os seus resultados já pode ser estudada à luz das teorias físicas, químicas e biológicas conforme a pesquisa em si. Trabalhos de pesquisa na área da história e geografia e os elementos naturais estudados são compreendidos pelos alunos levando-se em consideração os desastres terrestres, a participação do homem na degradação natural, os aspectos políticos das leis que tentam corrigir os procedimentos inadequados dos seres humanos frente à natureza. Um exemplo destas aplicações são as atuais discussões sócio-políticas das reservas indígenas e seus comportamentos bem como seus desdobramentos frente às leis de proteção e as mudanças necessárias que devem ser contempladas para dirimir os males da civilização nas tribos indígenas brasileiras. Estas e outras ideias podem ser levadas para os laboratórios científicos e estudadas á luz da ciência para que deste estudo possamos refletir sobre seus resultados. Assim como na pesquisa aplicada é possível trabalhar com novos conhecimentos e pesquisas inéditas que podem culminar em trabalhos científicos de importância, também os trabalhos e experimentações de fatos já observados e de conhecimentos publicados podem resultar em novas pesquisas e olhares sobre os resultados, os alunos e a aprendizagem e a escola deve privilegiar muito fortemente esta tendência. O caminho da escola deve ser da pesquisa básica inicialmente. E 154

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posteriormente desenvolver a pesquisa aplicada que nada mais é do que a aplicação da pesquisa básica. E culminando na pesquisa experimental que envolveria maior envolvimento teórico e epistemológico dos agentes que compõem a experimentação científica e da rigorosa interpretação dos seus resultados e sua consequente publicação na forma de artigos em revistas e periódicos da área de atuação do professor pesquisador. Se a escola elabora as normas para a pesquisa científica na sala de aula, desenvolve os programas para a pesquisa contendo as normas de cuidados, de materiais, de fomentos, e de publicação, só falta o professor estar preparado para esta postura investigativa junto aos alunos e produzir conhecimento científico em todas as séries. O papel da escola é prover as condições ideais para o aluno fazer ciência. Mas cabe ao professor transformar e estimular o aluno a verdadeira pesquisa científica. Primeiro o professor precisa saber e seus alunos também que a metodologia de pesquisa científica se aplica a todas as áreas de conhecimento. Ela deve ser contemplada nas áreas comumente científicas como ciências, biologia, química, física, mas também nas letras, na história, na geografia. Imagine estudar um projeto de pesquisa científica envolvendo a história do violão através dos tempos. Teremos que estudar a música, os diversos contextos das bandas, a evolução do equipamento propriamente dito, e a sua influência nas diferentes bandas e tipos de música pelo mundo afora. A pesquisa pelos dados já é uma pesquisa ao natural, mas quando metodologicamente introduzimos a interdisciplinaridade para buscar os diferentes aspectos da evolução do violão é que nos surpreendemos. O termo pesquisa científica está fortemente vinculado as ciências exatas e este paradigma os professores precisam trabalhar muito para resignificar os sentidos e as profundidades que a pesquisa irá proporcionar. Se a escola não possui esta prática instituída e exercida por todos os professores poderá fazê-las aos poucos introduzindo inicialmente nas séries iniciais do ensino básico e pouco a pouco ir evoluindo, ano a ano, série a série, até que toda a escola tenha passado por este aprendizado e a pesquisa esteja institucionalizada. Mas este é só o começo do longo caminho a ser trilhado até chegar a uma escola que tenha seus trabalhos publicados nas principais revistas brasileiras de educação. Antes disso a escola deverá mostrar aos professores como se produz os escritos científicos das pesquisas realizadas. Criar uma revista interna que seja utilizada para expor os trabalhos de todos. Que esta vitrine dos trabalhos possa significar novos avanços na maneira de fazer ciência, de Cláudio de Musacchio

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mostrar aos alunos como realizar pesquisa, de correr atrás de suas hipóteses e procurar respondê-las. Outro caminho necessário para aumentar a aprendizagem é as ações voltadas para a interdisciplinaridade, onde na sala de aula mais de um professor explica os fenômenos estudados por diferentes ângulos. Estas ações produzem espantosos resultados porque fecham os conceitos que cada especialização (disciplina) deixa em aberto na cabeça dos alunos. Entender como a química explica os átomos e a física os movimentos retilíneos ou não que ela produz, entender como o estudo das forças que o impelem para junto uma das outras concebe ainda a ajuda da biologia para explicar os efeitos da biodiversidade, dos seres vivos, do eco-sistema criado a partir da junção dos movimentos e dos átomos. Buscar entender as ciências das coisas pelos olhares de diferentes observadores é no mínimo aumentar o foco, utilizar várias câmaras objetivas, que ora aumentam muito para ver o hiper pequeno e ora como telescópio amplia a visão para ver as coisas muito grandes. Interdisciplinaridade é isso, é se permitir dizer algo que não é o todo, mas que é parte importante desse todo e que sem ele não concebemos e não compreendemos o todo. Formar professores para a pesquisa tornando-os pesquisadores é uma caminhada que busca elevar o ensino para que a aprendizagem dos alunos se torne significativa e para toda a vida. Só para experimentar através de um exemplo como seria uma pesquisa interdisciplinar envolvendo toda a escola para descobrir sobre um assunto interessante, instigante e atual.

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A História do Violão – A Busca da Verdade Exemplo de como realizar pesquisa envolvendo ensino básico, fundamental e médio No ensino básico, os alunos irão pesquisar aspectos que envolvem o instrumento Violão: as figuras na Internet, os sons que um violão possui e quais as diferenças em relação aos outros instrumentos de corda, ensaios para tocarem algumas notas ou músicas. PESQUISA – ENSINO BÁSICO – PRIMEIRAS SÉRIES 1) FIGURAS DE VIOLÃO, BANDAS, FÁBRICAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS 2) PESQUISAR SONS DE VIOLÃO, VIOLÃO E OUTROS INSTRUMENTOS ASSEMELHADOS 3) PESQUISAR OUTROS INSTRUMENTOS DE CORDA

O trabalho consiste basicamente em realizar colagens das figuras encontradas na Internet. Gravar num CD os sons característicos de cada instrumento. História do Violão e assemelhados – Como surgiram as primeiras unidades, evolução, quem são os principais fabricantes da atualidade. Realizar a colagem em cartolinas de todas as fotos, objetos e figuras encontradas.

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EXEMPLO DE PESQUISA PARA ENSINO FUNDAMENTAL No ensino fundamental, os alunos irão pesquisar informações sobre os tipos de violões, diferenças em relação às manuais e elétricas, elencar as bandas e os tipos que elas escolheram de violões e, se possível, descobrir por que, construção de uma banda para explicar a importância do violão na banda e o que cabe a ela na sinfonia dos sons produzidos. PESQUISA – ENSINO FUNDAMENTAL – TODAS AS SÉRIES 1) TIPOS DE VIOLÕES 2) DIFERENÇAS ENTRE MANUAIS E ELÉTRICAS 3) TIPOS DE CORDAS 4) QUEM FABRICA AS MELHORES CORDAS DO MUNDO 5) BANDAS E SEUS INSTRUMENTOS 6) APRENDIZAGEM DAS NOTAS MUSICAIS 7) VIOLÃO ATRAVÉS DOS SÉCULOS O trabalho consiste basicamente em pesquisa de história e informações interessantes sobre o violão. Montar uma banda com os principais instrumentos de cordas e ensaiar alguns números para ser apresentado na feira de Música Instrumental.

EXEMPLO DE PESQUISA PARA ENSINO MÉDIO No ensino médio, os alunos irão pesquisar os aspectos científicos da história do violão. Como surgiu o instrumento, como ele derivou de outros objetos até chegar ao que é hoje. Pesquisa da história das notas musicais e dos estilos das bandas. Como os gregos concebiam as notas musicais e as diferenças de estudos. Estudo de partituras. Como escrever músicas.

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PESQUISA – ENSINO MÉDIO – TODAS AS SÉRIES 1) TECNOLOGIA NA FABRICAÇÃO 2) PRINCIPAIS FABRICANTES DURANTE OS SÉCULOS 3) PRINCIPAIS EMPRESAS DA ATUALIDADE 4) VARIAÇÕES DE CORDAS (6-12) E OUTROS 5) INSTRUMENTOS SEMELHANTES E HISTÓRIA 6) ORIGEM DAS CORDAS E NOTAS GREGAS O trabalho consiste basicamente em pesquisa de informações científicas a respeito da fabricação, utilização, notas musicais, origem, evolução. Estudo de partituras. História dos instrumentos mais parecidos do violão. Depois que todos os envolvidos nesta pesquisa terminarem as suas partes, é hora de publicar o artigo científico. Para esta tarefa os alunos do ensino médio, juntamente com os professores da pesquisa, devem escrever sobre a pesquisa realizada, ressaltando especialmente como os alunos superaram cada etapa, problemas encontrados. O aporte teórico mais indicado para explicar o fenômeno da construção conjunta ou colaborativa da pesquisa na área da educação. Este artigo deverá ser publicado no veículo da escola, se houver, ou então buscar uma revista especializada neste assunto. Para todos os alunos da escola foram distribuídas as orientações conforme as normativas pré-estabelecidas: a escolha do tema referente ao ensino (básico, fundamental e médio), definição dos objetivos, a metodologia a ser empregada (coleta dos dados, experimentação, análise, verificação), fundamentação teórica (quais são os autores e pensadores na história que contribuíram de alguma maneira para o entendimento deste assunto), resultados obtidos, discussão plena do assunto, referências bibliográficas. Todos os professores devem ser convidados a participarem tornando a Cláudio de Musacchio

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pesquisa interdisciplinar e promovendo vários olhares sobre o mesmo tema. Nesta pesquisa podem ser envolvidas várias disciplinas: música (história das notas musicais e evolução até os dias de hoje), história (invenção do violão, evolução do instrumento e instrumentos mais parecidos), geografia (locais no mundo onde surgiram e se desenvolveram), matemática (as questões matemáticas das notas musicais, decibéis, decímetros, ouvido humano, acústica, frequências), física (instrumentos de medição dos sons, estudo dos sons do violão, aparelhos para medição). Para alguns professores será até desafiador encontrar vieses que possam ser explorados e colocados na pesquisa. Imaginem os professores de geografia comentando a importância das estações para a produção do violão nos países nórdicos, ou para os professores de história mostrando como o violão sobreviveu aos movimentos revolucionários da Europa nas fases que antecederam as duas grandes guerras e assim por diante. Já deu para se ter uma ideia de como as pesquisas científicas podem envolver professores e alunos numa alucinante corrida para o conhecimento, tornando-o lúdico, e promovendo sensações capazes de tornar a aprendizagem para toda a vida. Este é o principal desafio da escola e dos professores, do governo, da família, dos pais e dos próprios alunos. MÃOS À OBRA PROFESSOR! E BOAS PESQUISAS! MAS NÃO DEIXE DE PUBLICÁ-LAS!

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Referências Bibliográficas e Consultadas ALVES, Maria B. M; ARRUDA, Susana M. Como fazer referências bibliográficas, eletrônicas e demais formas de documentos. Santa Catarina: UFSC, 2001. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10719: Apresentação de relatórios técnico-científicos. Rio de Janeiro, 1989. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12225: informação e documentação: lombada: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6022: apresentação de artigos em publicações periódicas. Rio de Janeiro, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento: procedimento. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: informação e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6029: apresentação de livros. Rio de Janeiro, 1993. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6034: informação e documentação: índice: apresentação. Rio de Janeiro, 2004. ASTI VERA, A. Metodologia da pesquisa científica. Porto Alegre: Globo, 1983. AZEVEDO, Israel Belo. O prazer da produção científica: descubra como é fácil e agradável elaborar trabalhos acadêmicos. 10ª edição. São Paulo: Hagnos, 2001. BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

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BARROS, A.; LEHFELD, N. Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Makron Books, 2000. BECKER, F. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001. DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 1995. DEMO, P. (1992). Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez. DENCKER, A. F. M.; DA VÍA, S. C. Pesquisa empírica em ciências humanas com ênfase em comunicação. Normas técnicas para o trabalho científico. 11ª edição. Porto Alegre: [s.n], 2000. DELIZOICOV, D. A. J. A. Metodologia do ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1991. DELIZOICOV, D. A. J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. FERRARI, A. T. Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: McGrawHill, 1982. FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas “Estado da Arte”. Educação & Sociedade, ano 23, n. 79, p. 257-272, ago. 2002. FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnicocientíficas. 8ª edição. rev. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009. FREIRE, P. Ação Cultural para a Liberdade. 6ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. _____. Conscientização: teoria e prática da liberdade. 3ª edição. São Paulo: Moraes, 1980. _____. Extensão ou Comunicação. 18ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. _____. Pedagogia do Oprimido. 29ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. _____. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 20ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996. _____. A epistemologia. Lisboa/Portugal/ Edições 70, LTDA, 1971. GEWANDSZNAJDER, Fernando. O que é o método científico. São Paulo: Pioneira, 1989. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. 162

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GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1999. GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Artigos Científicos. São Paulo: Editora Avercamp, 2004. KERLINGER, Fred N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. São Paulo: EPU, 1980. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1993. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1991. LUNA, Sergio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo: EDUC, 1997. NÓVOA, A. O passado e o presente dos professores. In: NÓVOA, A. Profissão Professor. Portugal: Porto, 1995, 13-34. MAIA, D. R. A. Curiosidade epistemológica e a formação inicial do professor e pesquisador em Ensino de Física. Dissertação. (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, 2008. MION, R. A. Investigação-ação e a formação de professores em Física: o papel da intenção na produção do conhecimento crítico. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. MOURA, G. A. C. de. Citações e referência a documentos eletrônicos. Disponível em: http://www.elogica.com.br/users/gmoura/refere.html. Acesso em: 19 mar. 2004. OLIVEIRA, Silvio Luiz. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 1997. PESSOA, Walter. A coleta de dados na pesquisa empírica. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 1999. POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1993. REA, L. M. Metodologia da pesquisa: do planejamento a execução. São Paulo: Pioneira, 2000. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 2000. SALVADOR, A.D. 11ª Edição. Metodologia da pesquisa bibliográfica. Porto Alegre: Sulinas, 1986. SEVERINO, A. J. 21ª Edição. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2000. Cláudio de Musacchio

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Editora Alcance - Rua Bororó, 5 - CEP 91.900-540 - Vila Assunção Porto Alegre/RS - Fone/Fax: (51) 3307 0221 / 3307 0233 www.editoraalcance.com.br - [email protected] Contatos MSN: [email protected] - Skype: editora.alcance

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