Qual o lugar da igreja diante da banalidade do mal?

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08/12/2015

Qual o lugar da Igreja diante da banalidade do mal? | Igreja Batista do Caminho

Qual o lugar da Igreja diante da banalidade do mal? Posted on 4 de dezembro de 2015 by edumaganha

Bem­aventurados os que choram, pois serão consolados. (…) Bem­aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos. (…) Bem­aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. Mateus 5: 3, 6 e 9 Vivemos  tempos  difíceis.  Tempos  em  que  a  indiferença  diante  do  sofrimento  humano  se espalha pelos bairros, cidades, territórios e países. Que a ideia de “banalidade do mal” se faz cada vez mais real e presente no cotidiano. Esta  expressão,  cunhada  pela  filósofa  alemã  Hannah  Arendt  em  1963,  fala  justamente sobre como o mal não é um ente, um conceito ou uma ideia fora da história da humanidade, mas  uma  realidade  concreta,  fruto  de  atos  de  homens  e  mulheres,  sujeitos  históricos  e reais, que agem em direção a esse mal. A expressão foi usada na análise do julgamento de Adolf  Eichmann,  condenado  por  diversos  crimes  durante  o  período  do  regime  nazista  na Alemanha,  onde  Arendt  destaca  o  fato  de  que  Eichmann  não  considerava  os  seus  atos como  crimes  mas,  tão  somente,  o  cumprimento  de  suas  funções  burocráticas  e administrativas. Ai  daqueles  que  fazem  leis  injustas,  que  escrevem  decretos  opressores,  para privar  os  pobres  dos  seus  direitos  e  da  justiça  os  oprimidos  do  meu  povo, fazendo das viúvas sua presa e roubando dos órfãos! Isaías 10:1 e 2 Como é sabido, na noite do dia 28 de novembro, no Complexo da Pedreira, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, cinco jovens moradores da região foram assassinados pela ação http://www.ibcaminho.com.br/home/2015/12/04/qual­o­lugar­da­igreja­diante­da­banalidade­do­mal/

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de  policiais  militares  do  41º  BPM,  do  bairro  de  Irajá.  Seus  nomes:  Roberto,  de  16  anos; Carlos Eduardo da Silva de Souza, também de 16; Cleiton Corrêa de Souza, de 18; Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20; e Wesley Castro Rodrigues, de 25. Segundo informações da própria Polícia, foram disparados pelas armas dos policiais o total de 111 tiros, sendo 81 de  fuzil  e  30  de  pistola.  Desses,  pelo  menos  50  atingiram  o  carro  onde  os  jovens  se encontravam.  Às  famílias,  restou  a  saudade  e  a  necessidade  de,  para  além  de  lidar  com toda a dor, ainda terem de afirmar e reafirmar que seus filhos não eram bandidos, não eram traficantes, não “mereciam” esta morte – aliás, alguém merece? Este caso, que ganhou notoriedade nas mídias e nas redes sociais, não é um caso a parte, isolado. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2013 foram mortas pelas polícias  brasileira  o  total  de  2.212  pessoas,  uma  média  de  06  mortos  por  dia.  De  acordo com o Mapa da Violência 2014, entre 1980 e 2011 a taxa de homicídios entre a população não jovem foi de 14,9 a cada 100 mil habitantes, enquanto entre os jovens de 15 a 29 anos ela chega a 42,9 para cada 100 mil habitantes. O mesmo estudo afirma que, neste período, foram  mortos  20.852  jovens  negros,  um  número  três  vezes  maior  que  o  número  de homicídios  de  jovens  brancos.  Dessa  maneira,  é  possível  perceber  que  o  caso  destes jovens do Complexo da Pedreira faz parte de uma prática cotidiana, de violência sistemática contra a população brasileira, em especial, a sua parcela jovem, negra, pobre, morada de territórios periféricos e de favelas. E que essa violência tem, nos agentes do Estado os seus principais atores. Qual  o  lugar  da  Igreja  cristã  diante  de  tudo  isso?  A  vida  de  Cristo,  das  primeiras comunidades cristãs, os testemunhos dos profetas e as narrativas do povo hebreu tem algo a  nos  ensinar?  A  nossa  leitura  da  Bíblia  e  os  nossos  cultos  podem,  de  alguma  maneira, dialogar com essa realidade? O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim porque o Senhor ungiu­me para levar  boas  notícias  aos  pobres.  Enviou­me  para  cuidar  dos  que  estão  com  o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros. Isaías 61: 1 Tenho  fé  de  que  sim,  temos  algo  a  dizer  –  e  a  fazer.  Não  posso  afirmar  que  temos  uma resposta completa, pronta, final diante desse cenário. Mas penso que podemos trazer uma mensagem  de  Esperança  a  esta  cidade  que  tanto  sofre.  Mas,  acho  que  junto  a  esta mensagem de Esperança, vem junto a necessidade de assumir uma prática de fé que nos aproxime desses dilemas. É preciso usar os templos, os púlpitos, as casas como espaços de  resistência  à  indiferença  generalizada,  à  incapacidade  de  ser  afetado  pelo  Outro,  à banalidade do mal. É  necessário  assumir  nossa  responsabilidade  histórica  e  nossa  vocação  profética.  É necessário  chorar  com  os  que  choram,  nos  aproximar  e  sermos  tocados  por  essas  dores. Precisamos  denunciar  essas  violências  a  partir  de  nossa  fé  e  das  nossas  vidas.  Assim como,  é  preciso  anunciar  a  boa  nova,  a  mensagem  de  esperança  no  futuro  –  mas  que começa  desde  agora.  Desenvolver  uma  vida  em  comunidade,  uma  experiência  de  Igreja, que  construa  esse  novo  lugar,  desde  já.  “Não  só  esperar  pelos  céus,  mas  construir  hoje http://www.ibcaminho.com.br/home/2015/12/04/qual­o­lugar­da­igreja­diante­da­banalidade­do­mal/

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uma nova terra.” E se lançar ao desafio cotidiano de, com os olhos em Cristo, não perder a concretude das contradições da vida humana. — Uma primeira atitude nesse sentido pode ser a carta “Evangélicas e Evangélicos contra as políticas  de  segurança  pública”,  disponível  na  plataforma  http://change.org,  no endereçohttps://goo.gl/7ya5IX.  É  necessário  denunciar  essa  violência  e  anunciar  a  vida plena e a justiça. Assine, compartilhe, divulgue! Por: Guilherme Lopes

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