QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA PELA POPULAÇÃO DE SÃO GERALDO DO BAGUARI, DISTRITO DE SÃO JOAO EVANGELISTA E A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS CAUSADAS PELA INGESTÃO DE ÁGUA CONTAMINADA.

June 6, 2017 | Autor: Valdirene Costa | Categoria: Contaminación del Agua
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1- INTRODUÇÃO
Assim como a água irriga e alimenta a Terra, que tem 70%
de sua superfície formada por água; o sangue irriga e alimenta nosso corpo
que é constituído também por 70% de água.Quando o corpo perde líquido,
aumenta a concentração de sódio que se encontra dissolvido na água. Ao
perceber esse aumento, o cérebro coordena a produção de hormônios que
provocam a sede. Se não beber água, o ser humano entra em processo de
desidratação e pode morrer de sede em cerca de dois dias. O corpo humano
possui muita água, pode-se até dizer que ele é um tanque d'água em que
estão dissolvidas várias substâncias. Para se ter uma idéia, um bebê na
barriga da mãe tem 95% do seu peso em água, o recém nascido tem 80% e o
ser humano adulto tem cerca de 70% de água; sendo a desidratação uma das
particularidades da velhice, o idoso tem apenas cerca de 40% do peso em
água.
A água do nosso corpo é como um rio navegável, ela
propicia nas células, no sangue das veias e artérias, no líquido
intersticial e na linfa que corre nos vasos linfáticos, as condições
favoráveis para o transporte e ação de diversas moléculas indispensáveis à
vida. Na verdade, ao tomarmos água, estamos repondo também sais minerais
como o sódio, o potássio, o cálcio, entre outros dissolvidos nela.

As alterações na qualidade, distribuição e qualidade de
água podem ameaçar a sobrevivência dos seres vivos,
estando o desenvolvimento econômico e social dos países
fundamentados na disponibilidade de água de boa qualidade
e na capacidade de sua conservação e proteção dos recursos
hídricos.


Toda água que tomamos não fica parada em nosso organismo,
ela está sempre em constante movimento; um adulto pode trocar de 5% a 10%
da água consumida por dia.


AMARAL, L.A. & Vários. Água de consumo humano como fator de risco à saúde
em propriedades rurais,. Revista de Saúde Pública 37 (4): 37-40, L.S.S.
2003
[1]

Podemos eliminar de 1,0 a 20 litros de urina por dia, através dos rins e
aparelho urinário. Diariamente um adulto perde cerca de 1,5 litro de água,
ou seja: por meio da urina-1 litro; da transpiração - 200 ml; da respiração
- 100 ml e da evacuação - 200 a 300 ml. Para suprir essa falta e manter o
bom funcionamento orgânico, o mecanismo da sede é acionado. No cérebro, um
centro nervoso controla a sede. Por meio de receptores sensíveis à
concentração do sangue é possível saber se há ou não líquido no organismo.
Nesse caso, é disparada a vontade de beber. Ao beber, sensores detectam a
presença de água indicando ao cérebro se a sede está ou não saciada. Nos
rins, outros receptores "fiscalizam" o nível de hidratação do organismo. Se
estiver baixo, a ordem é "economizar", então a pessoa pára de urinar.
Enquanto desce pelo tubo digestivo, uma porcentagem mínima de água é
consumida. O máximo da sua absorção ocorre no intestino, onde a corrente
sanguínea é amplamente irrigada. O sangue "hidratado" beneficia todo o
corpo porque distribui melhor os nutrientes que transporta. Quando o nível
da água diminui, a pressão cai, a circulação fica lenta e o organismo sofre
deixando de receber a energia necessária. O coração faz mais esforço na
tentativa de bombear o sangue para todo o corpo, as células cerebrais
recebem pouco oxigênio e diminuem sua atividade e o rim filtra menos
toxinas.
É recomendável a ingestão diária de 300 ml de água por
quilo de peso para os adultos; e para as crianças, de seis meses a um ano
de vida, de 100 a 120 ml por quilo de peso.






















Fonte: Hospital das Clinicas e
Unidade de Nefrologia da UNIFESP

2- ÁGUAS NA VIDA E VIDA NA ÁGUA

Todos os animais e plantas têm muita água em sua
constituição, entretanto a quantidade é que pode variar. A água viva tem
95% de água, o tomate 94%, a Minhoca 80%, o Abacaxi 87%, a Galinha 74%, o
Peixe 67%. Nos animais em geral, a água é o componente principal do sangue,
transportando alimentos e oxigênio a todas as partes do corpo. Nos vegetais
a água dissolve os elementos essenciais do solo e os transporta na forma de
seiva, das raízes às folhas. Até mesmo dentro de algumas pedras tem água,
as chamadas águas fossilizadas. Hoje, mais do que nunca, a vida do homem
depende da água. Para produzir um quilo de papel, são usados 540 litros de
água, um litro de leite 4 mil litros de água, para fabricar uma tonelada de
aço, são necessários 260 mil litros de água; para obtenção de 1 quilo de
carne são necessários de 20 a 60 mil litros de água; enfim, para satisfazer
suas necessidades básicas uma pessoa gasta até 300 litros de água por
dia.





































2.1- Mundo microscópico numa gota d'água
Em apenas uma gota d'água podem existir até cerca de 50
mil espécies diferentes. Existe dentro de uma gota d'água um universo
totalmente diferente, que só pode ser visto com microscópio, porque alguns
seres têm por volta de 0,001 milímetros de tamanho. Algas e protozoários
constituem a maior parte destes seres microscópicos, as algas são muito
importantes porque produzem oxigênio e servem de alimento, mas em ambiente
poluído podem causar cheiro, gosto e toxinas na água.

3-VIGILÂNCIA



O termo vigilância pressupõe a avaliação freqüente e
continuada de aspectos diversos, objetivando a identificação de riscos
potenciais à saúde humana, com vistas a possibilitar formas de intervenção
ou controle, assumindo, assim, caráter rotineiro e preventivo. Quando
aplicada à qualidade da água para consumo humano, o caráter preventivo
torna-se um desafio para os profissionais da vigilância, já que a qualidade
da água é dinâmica no tempo e no espaço, sendo o monitoramento realizado ao
mesmo tempo em que a água é captada, distribuída e consumida.
A busca por metodologias que permitam a identificação
precoce de possíveis riscos à saúde associados a diferentes formas de
abastecimento de água, com o intuito de controlar ou minimizar os possíveis
impactos à saúde, em tempo hábil, traduz-se, na prática, como um dos
grandes desafios para pesquisadores e profissionais que atuam na Vigilância
de Qualidade da Água para Consumo Humano. Nesse sentido, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) recomenda na última edição do Guia para Qualidade da
Água de Consumo Humano , a utilização da metodologia de Avaliação de Risco,
que consiste na caracterização e estimativa, quantitativa ou qualitativa,
de potenciais efeitos adversos à saúde devido à exposição de indivíduos e
populações a fatores de risco (físicos, químicos e agentes microbianos, ou
situações).




Essa metodologia é parte constituinte da Análise de Risco, a qual engloba,
também, o Gerenciamento de Risco e a Comunicação de Risco.




São deveres e obrigações das Secretarias Municipais de
Saúde (...) efetuar, sistemática e permanentemente,
avaliação de risco à saúde humana de cada sistema de
abastecimento ou solução alternativa, por meio de
informações sobre as características físicas dos sistemas,
as práticas operacionais e de controle da qualidade da
água, o histórico da qualidade da água produzida e
distribuída, a associação entre agravos à saúde e
situações de vulnerabilidade do sistema .



A utilização da metodologia de Avaliação de Risco
pressupõe quatro etapas fundamentais (i) identificação do perigo, (ii)
avaliação da dose-resposta, (iii) avaliação da exposição e (iv)
caracterização do risco. O Guia da OMS ressalta a
importância da avaliação e gerenciamento do risco durante todo o processo
de produção, desde a captação até o consumo, enfatizando a utilização do
princípio das múltiplas barreiras, da identificação e gerenciamento de
perigos, culminando com a elaboração de um plano preventivo, o Plano de
Segurança da Água. Sendo assim, a metodologia de Avaliação de Risco é parte
integrante de uma cadeia de procedimentos e estratégias para assegurar que
o consumidor receba água segura, entretanto a mesma ainda não se encontra
estruturada como ferramenta de fácil e rotineira utilização pelos
profissionais da vigilância da qualidade da água para consumo humano.Por
outro lado, essa também tem sido a perspectiva adotada nas legislações e
instrumentos legais brasileiros que tratam da qualidade da água para
consumo humano, conforme explicitado no Inciso VI do Art. 7º da Portaria MS
nº 518/2004 (Brasil, 2004), que integra o Programa Nacional de Vigilância
Ambiental em Saúde relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano
(VIGIAGUA):


MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria no1469 de 29/12/2000. Normas e padrões 2 de
potabilidade da água para consumo humano. Diário Oficial da União; 2001
[2]

O presente trabalho apresenta uma sugestão de abordagem de identificação e
categorização de perigos associados aos sistemas de abastecimento de água,
tendo como cenário um sistema de abastecimento de um município de pequeno
porte do vale do Rio doce.

Art. 22. Toda água fornecida coletivamente deve ser
submetida a processo de desinfecção, concebido e operado
de forma a garantir o atendimento ao padrão microbiológico
desta Norma.


3.1-Identificação de perigos
A qualidade da água consumida resulta da qualidade da
água bruta, do estado de conservação de equipamentos e instalações da
estação e do rigor no controle operacional dos processos de tratamento.
Além disso, do tratamento ao consumo, também podem ocorrer as mais variadas
interferências e alterações na qualidade da água, ou seja, do ponto de
captação da água, no manancial, até o ponto de consumo, no interior da
residência, podem ser identificadas diversas situações caracterizadas como
perigo.
É importante se fazer a distinção entre perigo e
risco. Risco é um conceito que se refere à probabilidade de ocorrência de
um evento. A idéia de risco indica a existência de uma associação entre uma
exposição e um determinado efeito que, em saúde, poderia ser entendido como
óbito, incapacidade, doença ou desordem. Perigo refere-se a uma
característica intrínseca de uma substância ou situação. A água para
consumo humano que contenha agentes patogênicos caracteriza um perigo,
enquanto seu fornecimento à população traz um risco, que pode ser
quantificado e expresso em termos de probabilidade de ocorrência de um
agravo, por exemplo, casos de diarréia.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria no1469 de 29/12/2000. Normas e padrões 2 de
potabilidade da água para consumo humano. Diário Oficial da União; 2001
[3]
Em cada etapa do processo de abastecimento de água podem ser identificadas
situações caracterizadas como perigo, podendo expor a população a situações
de risco.

A presença contínua de uma população microbiana na água
potável que passa pelo sistema de distribuição pode acabar
resultando no surgimento de camadas de biofilme. Outras
formas freqüentes de contaminação da água dos
reservatórios podem estar relacionadas com infiltração,
vazamentos na rede de água, bem como por microrganismos
suspensos na atmosfera, que afetam diretamente a água
destinada ao consumo humano.




Conforme descrito no Manual de Procedimentos de Vigilância em Saúde
Ambiental Relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano, exemplificam-
se algumas situações de perigo: (i) captação de manancial subterrâneo:
ausência ou infiltrações no revestimento de poços tubulares; poços situados
nas proximidades de sistemas de esgotos e fossas; (ii) captação de
manancial superficial: existência de focos de poluição pontuais ou difusos,
tais como, ocupação residencial na bacia de captação, atividades
agropecuárias e industriais; (iii) tratamento: inadequação da qualidade da
água bruta aos processos de tratamento existentes; falhas de projeto ou
deficiências de instalações e equipamentos; não atendimento ao plano mínimo
de amostragem para o controle da qualidade da água preconizado pela
legislação; (iv) reservação: reservatórios em mau estado de conservação,
apresentando fendas e, ou, falta de cobertura apropriada; negligência no
controle da qualidade da água no interior dos reservatórios; (v)
distribuição: serviços intermitentes, acarretando diminuição da pressão ou
pressão negativa na rede; estado de conservação precário ou material
impróprio da rede; formação de biofilmes.


HERMES, L. C. & SILVA, S. A. Avaliação da qualidade das águas: manual
prático. Brasília,DF:Emprapa Informações Tecnológica, 2004. 55p.
[4]

Em todas as situações apresentadas, é nítida a existência de perigos das
mais variadas naturezas e origens que podem expor a população a riscos,
notadamente os relacionados aos microrganismos patogênicos e às
substâncias/produtos químicos. Essas questões ressaltam a necessidade de se
ampliar a abordagem tradicional que fundamenta a prática do controle da
qualidade da água, centrada na coleta e análise de amostras, adotando-se
uma visão holística do abastecimento. Nesse sentido, a metodologia de
avaliação de risco pode ser útil na tentativa de operacionalizar essa
'nova' abordagem.

4- BIOINDICADORES

O termo bioindicador pode ser definido como o uso
sistemático de respostas biológicas para avaliar mudanças ambientais com o
objetivo de utilizar esta informação em um programa de controle de
qualidade. A água deve apresentar certas características físicas, químicas
e biológicas, que lhe dão a qualidade, não só para o consumo, como também
para o desenvolvimento da biota aquática. Tendo em vista as elevadas
densidades populacionais nas últimas décadas e ausência de tratamentos de
esgoto domésticos em algumas regiões do país, que compromete a qualidade da
água com a contaminação por microorganismo patógenos.
Desde o início da bacteriologia sanitária, marcada
pela observação de Escherich em 1885, de que o Bacillus coli (Escherichia
coli) poderia ser usado como indicador de na avaliação da contaminação
fecal da água – as bactérias do grupo coliforme tem sido extensivamente
utilizadas na avaliação da qualidade das águas, sendo até hoje o parâmetro
microbiológico básico incluído nas legislações relativas a águas para
consumo humano.Para a avaliação das condições sanitárias de uma água,
utilizam-se bactérias do grupo coliforme, que atuam como indicadores de
poluição fecal, pois estão sempre presentes no trato intestinal humano de
outros animais de sangue quente, sendo eliminadas em grandes números pelas
fezes. A presença de coliformes na água indica poluição, com o risco
potencial da presença de


organismos patogênicos, e uma vez que são mais resistentes na água do que
as bactérias patogênicas de origem intestinal.

A água pode ser perfeitamente límpida, inodora e insípida
e ainda constituir-se em água imprópria para o consumo.




4.1-ESCHERICHIA COLI
Escherichia coli é um dos microrganismos tido como
habitante natural da flora microbiana do trato intestinal de humanos e da
maioria dos animais de sangue quente, sendo portanto, normalmente
encontrado nas fezes destes animais. Muitas cepas de Escherichia coli não
são patogênicas.São classificados como bastonetes retos, Gram negativos,
não formadores de esporos, 2.0 – 6.0 m, x 1.1 – 1.5 m, possuem motilidade
através de flagelos ou são imóveis. São anaeróbios facultativos e utilizam
D-glicose e outros carboidratos com a formação de ácido e gás. São oxidase
negativa, catalase positiva, vermelho de metil positivo, Voges-Proskauer
negativo e geralmente citrato negativo. São negativos para H²S, hidrólise
de uréia e lípase.Existem basicamente quatro diferentes grupos
de Escherichia coli que tem sido relacionados com surtos de infecção
alimentar, sendo classificados de acordo com as propriedades de virulência;
Sorotipos O:H; Interações com a mucosa intestinal; Síndrome clínica;
Epidemiologia.
Os principais grupos de Escherichia coli são:

4.1.1-Escherichia coli enteropatogênica ( EPEC )
A primeira delas é conhecida como Escherichia Coli
 enteropatogênica (EPEC), e é conhecida como causadora de surtos de
diarréia neonatal que ocorre freqüentemente em berçários hospitalares.


[5]PELCZAR, Michael Jr. & vários. Microbiologia das águas naturais,
potáveis e dos esgotos in: Microbiologia,Conceitos e Aplicações. São Paulo
: ed. Pearson Education do Brasil,1997. pag. 350.


Muitos adultos possuem EPEC no trato intestinal, porém não expressam os
sintomas da doença. Acredita-se que adultos adquirem imunidade a este
microrganismo.O mecanismo de patogenicidade da EPEC não esta completamente
definido, mas acredita-se que a aderência à mucosa intestinal seja um
importante fator para a colonização do trato intestinal.

4.1.2-Escherichia coli enteroinvasiva ( EIEC )
Outro grupo de Escherichia coli patogênicas são as
enteroinvasivas ( EIEC ). A EIEC tem um comportamento patológico muito
semelhante a Shigella. Os sintomas são calafrio, febre, dores abdominais e
disenteria. A dose infectante é alta, geralmente 10 6 – 10 8
microrganismos/g ou ml. O período de incubação varia de 8 a 24 horas com
média de 11 horas e a duração da doença é usualmente de vários dias. O
curso da infecção é muito semelhante ao daShigelose. O microrganismo invade
células do epitélio intestinal, multiplica-se dentro destas células e
invadem células epiteliais adjacentes provocando ulcerações do cólon,
resultando finalmente em diarréia de sangue. Aproximadamente 11 sorotipos
são responsáveis por infecções de EIEC.

4.1.3-Escherichia coli enterotoxigênica ( ETEC )
A Escherichia coli enterotoxigênica ( ETEC ) é geralmente
mais associada à " diarréia do viajante" do que a doenças alimentares nos
Estados Unidos. Os sintomas de ETEC são similares aos da cólera: diarréia
aquosa, desidratação, possivelmente choque, e algumas vezes vômito. A dose
infectante é muito alta estando entre 10 8 e 10 10 microrganismos. O
período de incubação varia de 8 a 44 horas, com média de 26 horas e a
duração da doença é curta, aproximadamente 24 a 30 horas. O microrganismo
coloniza a superfície epitelial do intestino delgado e de toxinas. conter o
plasmídio codificante para a produção de uma Três fatores são necessários
para que ETEC cause diarréia em um hospedeiro. Primeiro, o microrganismo
deve ser toxigênico, ou seja, deve ter uma ou duas toxinas e finalmente, o
microrganismo deve estar em contato com a mucosa do intestino delgado.


4.1.4-Escherichia coli enterohemorrágica ( EHEC )

O quarto grupo de Escherichia coli é o das
enterohemorrágicas. Entre os grupos patogênicos de Escherichia coli, este é
provavelmente o mais importante em termos de infecções alimentares, e o
principal sorotipo envolvido é o O157:H7.A maioria das características
bioquímicas da Escherichia coli O157:H7 são típicas de Escherichia coli,
porém com algumas exceções importantes. As características bioquímicas
da Escherichia coli são mostradas na tabela 1.
TABELA 1 Características bioquímicas da Escherichia coli
"Aspectos "Positivo (+) / Negativo (-) "
"Gram "- "
"Oxidase "- "
"Indol "+ "
"Voges-ProsKauer "- "
"Citrato "- "
"Motilidade "+ "
"Formação de Gás "+ "
"Utilização Acetato "+ "
"Produção Catalase "+ "
"Fermentação Sorbitol "+ "
"Atividade B-glucoronidase "+ "



Fonte: Manual Bergey's

Estudos sobre a inativação térmica de Escherichia
coli O157:H7 em carne moída revelaram que o microorganismo não apresenta
intensa resistência ao calor, com valores D* de 270, 45, 24 e 9.6 segundos
a 57.2,

60.0, 62.8 e 64.3°C respectivamente O microorganismo é mais sensível ao
calor que isolados típicos de Salmonella.

TABELA 2 Valores D* para inativação de Escherichia coli O157:H7
"Temperatura (°C) "Tempo (segundos ) "
"57,2 "270 "
"60,0 "45 "
"62,8 "24 "
"64,3 "9,6 "



Fonte: Doyle e Schoeni, 1984.

Além disso, no caso de leite o processo de pasteurização é
capaz de inativar Escherichia coli O157:H7.O microorganismo pode sobreviver
bem em carne moída congelada durante estocagem à –20°C. A tolerância do
microorganismo ao ácido tem sido previamente documentada. Em experimento
realizado por Arocha et. Al. (1992), foi demonstrado que Escherichia
coliO157:H7 pode sobreviver na presença de baixo pH e alta acidez produzida
por bactérias láticas durante a fabricação de queijo "cottage". Pode
sobreviver à fermentação, desidratação, e estocagem de embutidos
fermentados a pH 4,8 por mais de dois meses (Glass et al. 1992 apud Zhao e
Doyle, 1994).

4.1.4.1-Aspectos Epidemiológicos

Escherichia coli O157:H7 foi isolada pela primeira vez em
1975 na Califórnia, de uma mulher com diarréia de sangue. O microrganismo
foi reconhecido como causador de doenças em humanos em 1982 quando foi
associado à dois surtos de colite hemorrágica nos estados de Oregon e
Michigan . Ambos os surtos foram relacionados epidemiologicamente à
ingestão de hamburguer contaminado em uma cadeia de "fast-
food". Escherichia coli O157:H7 foi encontrada nas fezes de aproximadamente
metade do número de afetados e em nenhuma das pessoas do grupo controle. A
partir deste momento, vários surtos de Escherichia coli O157:H7 foram
registrados nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha. Com o aumento da
inspeção para Escherichia coli O157:H7, diversas infecções tem sido
reconhecidas em todas partes do mundo, como por exemplo no México, China,
Argentina e Bélgica. Recentemente, em janeiro de 1993, no estado de
Washington, ocorreu um incidente fatal, envolvendo a contaminação de
hamburguer por Escherichia coli O157:H7 em uma cadeia de restaurantes
chamada "Jack In The Box". Várias crianças adoeceram e duas faleceram. O
surto foi relacionado à ingestão de hamburguer mal-cozido ( Kushner, 1993;
Marks e Roberts, 1993; Mermelstein, 1993).
Bovinos, principalmente animais jovens como bezerros e
novilhos, têm sido identificados como reservatórios naturais de Escherichia
coli O157:H7. O microrganismo foi isolado, em várias ocasiões, das fezes de
bezerros e novilhos, incluindo de bezerros, de 1 a 3 semanas de idade.
Diversos alimentos de origem animal, principalmente produtos derivados de
carne bovina, tem sido considerados veículos de transmissão de Escherichia
coli O157:H7. Pesquisas revelaram a presença do microrganismo em 2 a 4 % em
carne moída, 1,5 % em carne de aves, 1,5 % em carne de porco, e 2 % em
cordeiros. Considerando que o microrganismo também foi isolado de carnes de
porco, cordeiro e veado, é possível que suínos, ovinos e cervos também
possam ser reservatórios de Escherichia coliO157:H7.
Entre alimentos relacionados como veículo de
transmissão estão principalmente a carne moída e o leite não pasteurizado.
Porém cidra de maçã não pasteurizada, batatas cruas, carne de peru e
maionese tem sido associados com surtos de Escherichia coli O157:H7.
Outro veículo tem sido notificado como responsável
por surtos de Escherichia coli O157:H7, que é a ingestão de água
contaminada. Um grande surto por ingestão de água contaminada ocorreu em
Cabool, MO, USA, durante o inverno de 1991. Foram documentados 243 casos,
incluindo 32 hospitalizações e 4 mortes .




Casos de transmissão pessoa a pessoa também tem sido reportados como
responsável por surto de infecção por Escherichia coli O157:H7.

A doença atinge principalmente pessoas muito novas ou
pessoas muito velhas, e aqueles com sistema imunológico
enfraquecido, porém todas as idades podem apresentar a
doença. Existem casos registrados de pessoas de 11 meses
de vida até 78 anos de idade .




Em estudo realizado por Marks e Roberts (1993),
foi estimado uma taxa de incidência de 3 a 8 por 100.000 americanos
anualmente. Multiplicando-se este valor pela população dos Estados Unidos
(255,6 milhões em 1992), esta incidência resulta em 7668 a 20.448 pessoas
por ano com a doença provocada por infecção com Escherichia coli O157:H7 .

4.1.4.2-Sintomas
O período de incubação da doença varia de 3 a 9 dias, com
média de 4 dias, e duração da doença varia de 2 a 9 dias, também com média
de 4 dias.
A doença causada por infecção por Escherichia
coli O157:H7 é bastante severa e pode ser expressa por três manifestações
diferentes: Colite hemorrágica, síndrome urêmica hemolítica (HUS), e
trombocitopenia trombótica púrpura (TTP). Esta dor abdominal é descrita
como de igual intensidade com a "dor do parto" e pior que as dores de
apendicite.Pode ocorrer vômito, mas há pouca ou nenhuma febre (Padhye e
Doyle, 1992).
Os sintomas da colite hemorrágica começam com o súbito início de uma forte
dor abdominal, seguindo, dentro de 24 horas, de uma diarréia aquosa que
mais tarde se torna diarréia de sangue, descrita com "All blood and no
stool" (somente sangue sem fezes).



PRADO ,Cristiano Sales, Escherichia coli o157:h7 e sua importância nos
alimentos - universidade federal de goiás - escola de veterinária -
departamento de medicina veterinária - centro de pesquisa em alimentos -
goiânia l997.[6]


4.1.4.2.1Síndrome urêmica hemolítica (HUS)
Síndrome urêmica hemolítica (HUS) é a complicação mais
severa da infecção entérica com Escherichia coli O157:H7, é a principal
causa de insuficiência renal aguda em crianças . É diagnosticada em média
7+/- 2 dias após o estabelecimento da diarréia .A síndrome é um conjunto de
alterações que envolvem: anemia hemolítica microangiopática,
trombocitopenia e neufropatias agudas (disfunção renal). Clinicamente,
pacientes com HUS apresentam-se seriamente doentes ou algumas vezes com
icterícia e frequentemente com hipertensão. Necessitam de hemodiálise
frequentemente e de transfusões de sangue. Os pacientes podem apresentar
problemas no sistema cardiovascular e sistema nervoso central com infartes
cardíacos, ataques repentinos de apoplexia, coma e encefalopatias
hipertensivas. Pode levar à morte.

4.1.4.2.2Trombocitopenia trombótica púrpura (TTP)

Pacientes com trombocitopenia trombótica púrpura
(TTP) exibem características clínicas e patológicas semelhantes a de
pacientes com HUS, porém o envolvimento do sistema nervoso central é a
principal característica. É uma síndrome que geralmente ocorre em adultos,
e consiste de anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia profunda,
sinais neurológicos, febre e azotemia. Ocorre formação de coágulos
sanguíneos, o que resulta frequentemente em morte.

4.1.4.2-Patogenia
O mecanismo de patogenicidade da Escherichia
coli O157:H7 ainda não foi completamente definido, entretanto vários
fatores de virulência tem sido identificados. Foi demonstrado que o
microrganismo produz uma ou mais toxinas. Estas toxinas são citotóxicas à
célula Vero (rim de macaco verde africano ) e também à células HeLa. Duas
toxinas foram purificadas e caracterizadas, sendo denominadas "verotoxina 1
(VT-1)" e "verotoxina 2 (VT-2)". O proposto modo de ação em células de
mamíferos envolve a seguinte sequência de eventos. A sub-unidade B da
toxina liga-se a receptores glicolipídicos na célula. Após internalização,
a subunidade A é enzimaticamente
reduzida para um fragmento A1. Este fragmento liga-se então a ribossomos
60S para inibir a síntese protéica e causar a morte celular ( O'Brien e
Holmes, 1987 apud Doyle, 1991). Não se sabe ainda se a Escherichia
coli O157:H7 pode produzir verotoxinas em alimentos, ou se a ingestão de
verotoxinas pré-formadas nos alimentos pode provocar doenças nos seres
humanos.
A maioria das Escherichia coli O157:H7 carregam um
plasmídio de 60 Mda (mega-daltons). Várias interessantes e conflitantes
observações tem sido feitas por diversos autores sobre o papel do plasmídio
de 60 Mda conferindo propriedades de aderência ao microrganismo,
entretanto, o processo de colonização do trato intestinal não está
totalmente elucidado ( Doyle, 1991).Estudos têm revelado que existe um
padrão de colonização bastante definido, coloniza difusamente o ceco,
superfícies do cólon e o epitélio das criptas. Microvilosidades são
destruídas e células epiteliais são irregularmente formadas ou destacadas
no local de fixação bacteriana. Alguns estudos tem revelado a penetração de
bactérias dentro de células epiteliais, entretanto, a intensiva invasão e
multiplicação intracelular, como ocorre nos casos de infecção por Shigella.
Pacientes com infecção por Escherichia coli O157:H7 apresentam pouca ou
nenhuma febre, o que sugere que o microrganismo não é invasivo e não
penetra no sistema circulatório. Há uma colonização do trato intestinal,
onde são elaboradas toxinas, as quais são subsequentemente ativas no cólon.
A patogenia da síndrome urêmica hemolítica (HUS), também
está associada com estas toxinas que provocam danos às células endoteliais
e deste modo disparam um mecanismo de coagulação, que resultará na formação
de microtrombos que poderão obstruir completamente ou parcialmente alguns
capilares dos rins e de outros órgãos, o que provocará um acúmulo de
resíduos no sangue. Estes coágulos podem também obstruir pequenos capilares
no cérebro, o que frequentemente leva à morte. Em trabalho realizado por
Tarr (1994), foi encontrado Escherichia coli O157:H7 nas fezes de 96 % dos
pacientes com HUS. As fezes foram colhidas seis dias após o início da
diarréia


4.2-Coliformes Totais E Fecais
Coliformes fecais, atualmente chamado de coliformes
termotolerantes, são bactérias que estão presentes em grandes quantidades
no intestino dos animais de sangue quente.Os coliformes fecais
(termotolerantes) podem contaminar a água através das fezes de animais. As
bactérias coliformes fecais reproduzem-se ativamente à temperatura de
44,5 °C, temperatura suficiente que lhes permite também fermentar
o açúcar e a lactose, com produção de ácidos e gases.São muitas vezes
usadas como indicadores da qualidade sanitária da água, e não representam
por si só um perigo para a saúde, servindo antes como indicadores da
presença de outros organismos causadores de problemas para a saúde. Os
coliformes fecais (termotolerantes) inclui três gêneros, Escherichia,
Enterobacter e Klebsiella, sendo a cepas de Enterobacter e Klebsiella de
origem não fecal. A E. coli tem seu habitat no trato gastrintestinal sendo
indicadora de contaminação fecal.

A poluição das águas pode indicar a sua contaminação,
ocasionando doenças chamadas de veiculação hídrica, sendo
as mais comuns, a febre tifóide, disenterias, cólera,
hepatites infecciosas, leptospirose, entre outras e, ou
doenças de origem hídrica como a escabiose, e outros.

Quando se faz a análise da água e se encontra
contaminação por coliformes fecais significa que naquele local houve
descarga de esgoto em período recente, o que aumenta a probabilidade de
haver ali ovos e larvas de parasitas intestinais, visto que, estas formas
também podem ser eliminadas com as fezes. Desse modo, a presença de
coliformes fecais, que são mais facilmente detectáveis em exames de rotina
de laboratório do que as formas parasitárias,indica que a água não deve ser
utilizada, porque há um risco aumentado de contaminação.





MORAES, A.J. Manual para avaliação da qualidade da água. São
Carlos:Rima,2001.44p.[7]

5-DOENÇAS CAUSADAS POR ÁGUA CONTAMINADA

5.1-Amebíase
Algumas amebas, como a Entamoeba histolytica, podem causar
doenças no homem. Ela faz parte de um grupo maior de amebas, da família
Endamoebidae, que são parasitas comuns da nossa espécie. Elas vivem no
nosso aparelho digestivo ou infectam tecidos, são pequenas e têm a
capacidade de formar cistos, que são uma forma resistente às condições
desfavoráveis do ambiente.
A Entamoeba histolytica geralmente convive bem com nossa
espécie, não causando problemas. Por isso ela é colocada no grupo das
Endamoebas, que significa amebas interiores, geralmente encontradas no
interior de animais vertebrados. Mas em determinadas condições ela se torna
patogênica: começa a engolir ou fagocitar células do nosso organismo (como
as hemácias), ou começa a invadir órgãos e tecidos, como o fígado ou o
intestino.
A amebíase pode provocar de uma simples disenteria
(diarreia) até o comprometimento de algum órgão ou tecido. Ela ocorre em
todo o mundo e geralmente está associada a condições econômica e de higiene
precárias, pelo simples fato de que só se pega amebíase ingerindo cistos
que contaminam a água e os alimentos. Quando o saneamento básico e as
condições de higiene das populações são precárias, a possibilidade de
contaminação das águas por fezes humanas aumenta. Esta mesma água poderá
ser utilizada, rio abaixo, para a irrigação de hortaliças e frutas ou mesmo
para o consumo humano direto. Para piorar o quadro, os cistos que vão
contaminar o ambiente ainda por cima são resistentes,eles duram em média 30
dias na água, 12 dias em fezes frescas, 24 horas em pães e bolos e 20 horas
em laticínios.Mas felizmente pode-se quebrar esta cadeia de transmissão:
basta que possamos assegurar condições mínimas de saneamento básico às
populações e proporcionar a elas água tratada, já que o cloro adicionado
nas estações de tratamento mata os cistos desta e de outras amebas. Além
disso, devemos possuir, em nosso ambiente, hábitos de higiene como: Lavar
bem as mãos antes e após as refeições,lavar bem frutas e hortaliças e deixá-
las de molho em uma solução de

água com água sanitária (1 colher de sopa de água sanitária de boa
qualidade para cada litro de água), ferver (por pelo menos 20 minutos) e
filtrar águas de poço ou rios antes de bebê-las,evitar o contato direto e
indireto com fezes humanas.

5.2-Ascaridíase
A ascaridíase é uma verminose intestinal, causada pelo
parasita Ascaris lumbricóides. A ascaridíase, popularmente conhecida como
lombriga, é a verminose mais difundida no mundo. O parasita tem um corpo
cilíndrico e alongado. De aspecto liso e brilhante, sua cor varia entre o
branco e o amarelo. Sua boca, em uma das extremidades, possui três grandes
lábios. Sua reprodução é sexuada. Os machos são menores que as fêmeas, e
apresentam a cauda enrolada. O comprimento do parasita varia entre 15 e 40
centímetros, sendo que o número de parasitas em um mesmo hospedeiro pode
chegar a 600.
A contaminação por Ascaris lumbricóides ocorre pela
ingestão de água ou alimentos contaminados por seus ovos. O ciclo tem
inicio a partir de um hospedeiro. A fêmea é capaz de produzir 200 mil ovos
por dia, sendo que parte desses ovos é eliminada através das fezes. A
contaminação ocorre quando as condições de higiene e de saneamento básico
favorecem o contato desses ovos com a terra, a água, e com alimentos que
são ingeridos. As crianças são a população mais atingida, já que não
entendem e respeitam as regras de higiene. Após a ingestão, os ovos liberam
larvas que caem na circulação sanguínea. Essas larvas passam pelo fígado,
coração e pulmões. Ao atingirem os pulmões, instalam-se nos alvéolos
pulmonares, onde absorvem mais oxigênio e nutrientes para crescerem. Nessa
fase, podem aparecer alguns sintomas como tosse seca, irritação brônquica,
dificuldade respiratória e febre. As larvas permanecem nos alvéolos
pulmonares até crescerem, para então subirem em direção a faringe, de onde
são engolidas novamente. Passam pelo tubo digestivo, e completam seu
desenvolvimento ao chegarem ao intestino delgado, atingindo a fase adulta,
se reproduzindo e dando início ao ciclo novamente.
Outros sintomas são: dor abdominal, flatulência, cólica,
diarréia, náuseas, vômito e presença de vermes nas fezes. Algumas reações
como alergias, pneumonia e choque anafilático podem ocorrer, embora sejam
mais raras. Nas crianças, grandes infestações podem causar oclusão
intestinal, o que pode, inclusive, levar a morte.
O tratamento da ascaridíase é feito através de medicação.
No entanto, a medicação deve ser acompanhada de cuidados de higiene pessoal
(lavar as mãos, por exemplo), medidas de higiene em relação aos alimentos
(lavar as frutas e verduras em água corrente) e a água (ferver, caso a água
não seja tratada), e saneamento básico.

5.3-Giardíase
A giardíase é uma doença que provoca diarréia causada por
um parasita microscópico chamado giardia intestinalis. Uma vez que o
indivíduo ou animal sofre infecção pela giárdia o parasita vive no
intestino e passa pelas fezes. A giárdia pode viver fora do corpo no
ambiente por longos períodos de tempo. Durante as últimas duas décadas a
giardíase tem sido reconhecida como uma causa comum de doença proveniente
da água. A giárdia pode ser encontrada no mundo todo.A giardíase pode
causar uma variedade de sintomas intestinais, como: Diarréia,Gases ou
flatulência,fezes oleosas que tendem a boiar,Cólicas abdominais e náuseas.
O parasita giárdia vive no intestino de humanos ou animais
infectados. Milhões de germes podem ser liberados nas fezes de pessoas ou
animais com giardíase. A giárdia pode ser encontrada em superfícies, no
solo, comida ou água contaminada com fezes. A pessoa pode ser infectada
depois de ingerir acidentalmente o parasita. A giárdia pode contaminar a
pessoa ao:Beber água ou gelo de fonte contaminada.,comer alimento
contaminado não cozinhado com giárdia.
Para fazer o diagnóstico da giardíase o médico
provavelmente pedirá exame de fezes para procurar pela giárdia. Uma vez que
giardíase pode ser difícil de diagnosticar, o médico pode pedir várias
amostras de fezes coletadas durante alguns dias.
Para prevenir a giardíase pratique a boa higiene: Lave
cuidadosamente as mãos com água e sabonete depois de usar o banheiro e
antes de manusear ou comer alimentos.Lave as mãos depois de tocar algo que
possa estar contaminado como lixeira, solo, animais e suas fezes e
brinquedos.Oriente suas crianças a também lavar as mãos.Evite beber água
não tratada ou com gelo de fonte não tratada.

6-TRATAMENTO DA ÁGUA

A água oferecida à população deve ser submetida a uma
série de tratamentos apropriados que vão reduzir a concentração de
poluentes até o ponto em que não apresentem riscos para a saúde. Cada etapa
do tratamento representa um obstáculo à transmissão de infecções. A
primeira destas etapas é a COAGULAÇÃO, quando a água bruta recebe, logo ao
entrar na estação de tratamento, uma dosagem de sulfato de alumínio. Este
elemento faz com que as partículas de sujeira iniciem um processo de união.
Segue-se a FLOCULAÇÃO, quando, em tanques de concreto, continua o processo
de aglutinação das impurezas, na água em movimento. As partículas se
transformam em flocos de sujeira. A água entra em outros tanques, onde vai
ocorrer a DECANTAÇÃO. As impurezas, que se aglutinaram e formaram flocos,
vão se separar da água pela ação da gravidade, indo para o fundo dos
tanques ou ficando presas em suas paredes. A próxima etapa é a FILTRAÇÃO,
quando a água passa por grandes filtros com camadas de seixos (pedra de
rio) e de areia, com granulações diversas e carvão antracitoso (carvão
mineral). Aí ficarão retidas as impurezas que passaram pelas fases
anteriores. A água neste ponto já é potável, mas para maior proteção contra
o risco de infecções de origem hídrica, é feito o processo de DESINFECÇÃO.
É a cloração, para eliminar germes nocivos à saúde e garantir a qualidade
da água até a torneira do consumidor. Nesse processo pode ser usado o
hipoclorito de sódio, cloro gasoso ou dióxido de cloro. O passo seguinte é
a FLUORETAÇÃO, quando será adicionado fluossilicato de sódio ou ácido
fluorssilícico em dosagens adequadas. A função disto é prevenir e reduzir a
incidência de cárie dentária, especialmente nos consumidores de zero a 14
anos de idade, período de formação dos dentes. A última ação neste processo
de tratamento da água é a CORREÇÃO de pH, quando é adicionado o cal
hidratado ou barrilha leve (carbonato de sódio) para uma neutralização
adequada à proteção da tubulação da rede e da residência dos usuários.Entre
a entrada da água bruta na ETA e sua saída, já potável, decorrem cerca de
30 minutos.
7- MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido no distrito de São Geraldo do
Baguari , município de São João Evangelista, Minas Gerais,População total
de .2.000 habitantes ,e o uso de água é para o abastecimento público e
irrigação, contando com o tratamento feito pela Companhia de Saneamento de
Minas Gerais – COPASA, .Para a avaliação da qualidade de água,foram
georreferenciados quatro pontos., As coletas foram realizadas em uma única
etapa pelos funcionários da Vigilância Sanitária da cidade de São João
Evangelista,na data 14de fevereiro de 2011, totalizando quatro amostras .
As amostras foram coletadas em garrafas de polietileno de dois litros
sendo que cada frasco foi r devidamente identificado, contendo as seguintes
informações, escritas de forma legível:Tipo de água(Água purificada por
osmose reversa,destilada ou deionizada,água potável proveniente de poço
artesiano, água de abastecimento, água de mina), nome do cliente,
local,data da coleta.As amostras foram condicionadas em caixa de isopor
com gelo e levadas para laboratório na cidade se Governador Valadares, sob
a orientação do responsável da Vigilância Sanitária do Município. Para
análise de O2 utilizou-se o método de Winkler modificado. Na primeira etapa
foram avaliados aspectos relacionados ao padrão de potabilidade exigido
pela legislação e aspectos de caráter geral, descritos a seguir: Aspectos
relacionados ao padrão de potabilidade exigido pela legislação, para saída
do tratamento e rede de distribuição- atendimento ao plano mínimo de
amostragem para os parâmetros: coliformes totais, turbidez e CRL. A
avaliação da qualidade da água (coliformes totais e E. coli)- avaliação da
qualidade da água (turbidez e CRL).
Cabe salientar que águas poluídas são aquelas que
apresentam baixa concentração de O2, isso devido ao consumo de O2 na
decomposição e águas de boa qualidade apresentam concentrações elevadas de
O2. Na prática, é um parâmetro utilizado na caracterização da qualidade de
água como um indicativo de poluição orgânica.







8- CONSIDERAÇÕES FINAIS




No confirmatório, contando com duas amostras da Escola
Carmela Dutra, uma da torneira baixa e outra do bebedouro,apenas amostra
apresentou coliformes totais , mas em quantidades toleráveis, que não
colocaria em risco a saúde dos discentes e docentes da escola.Na amostra
coletada na torneira da praça são Geraldo , o resultado apresentou
coliformes totais, indicando falhas ou insuficiência no tratamento, A
detecção de coliformes totais na rede de distribuição não guarda uma
relação conclusiva com contaminação ou recontaminação de origem fecal,
assim, a detecção eventual de coliformes totais no sistema de distribuição,
em um percentual das amostras analisadas (50%), é indicativa de
contaminação,esse resultado serve também como indicador da integridade do
sistema de distribuição, como, por exemplo, ocorrência de infiltrações e
rupturas na rede, podendo resultar em contaminação da água, nesse sentido,
amostras positivas podem significar situações de perigo mesmo não
implicando em problemas para a saúde dos moradores.Uma das amostras,
referente ao posto médico, não apresentou nenhuma presença de coliformes
nem E.coli. A avaliação da qualidade da água não revelou a existência de
perigos nítidos, sobretudo com relação aos parâmetros físicos e químicos
(turbidez e CRL) que apresentaram atendimento integral às exigências da
legislação. Conclui-se que a água procedente do e das torneiras, são
próprias para o consumo humano. E com os resultados em mãos, pôde aplicar
um questionário para os discentes da Escola Carmela Dutra, totalizando dez
alunos e dez moradores do povoado para verificar o ocasionamento de doenças
de veiculação hídrica.
Para finalizar esse projeto, foi feito um paralelo entre as
pessoas que utilizam somente dessas fontes de água que recebem tratamento
e as que não usam de água tratada pela Companhia de Saneamento de Minas
Gerais – COPASA, chegando –se à conclusão de que a penas as pessoas que
usavam de outras fontes em suas residências que não passavam por nenhum
tratamento apresentaram algumas patologias. Cem por cento dos casos que
utilizam água sem tratamento em suas residências, quer seja para ingestão
ou preparo de alimento, apresentaram patologias, como diarréias,
amebíase,infecção urinária e enjôos constantes ao ingerir a água.E isso
levou a concluir que há a necessidade, explicitada na Portaria MS nº
518/2004, de que os serviços de vigilância da qualidade da água para
consumo realizem sistemática e permanente avaliação de risco de cada
sistema de abastecimento de água nesse distrito. Nesse sentido, reside a
sugestão de uma abordagem de identificação de perigos e categorização do
grau de risco associado aos sistemas de abastecimento de água, incorporando
elementos da metodologia de Avaliação de Risco e trazendo subsídios
importantes para a atuação da vigilância junto aos responsáveis pelo
controle da qualidade da água, nas diferentes esferas de governo. A
aplicação da metodologia de identificação e classificação de perigos e
categorização do grau de risco permitiu uma visão abrangente da realidade
do sistema de abastecimento estudado, apontando prioridades em termos de
ação da vigilância e dos responsáveis pelo sistema. Recomenda-se a
continuidade de estudos nesse sentido, inclusive no aperfeiçoamento e
validação da referida proposta, de forma a facilitar e desenvolver, em
pleno potencial, as ações de vigilância da qualidade da água para consumo
humano.Conclui-se também no final desse trabalho que os utilizam da água
que não passa por nenhum tipo de tratamento, constitui-se impróprias para
o consumo por apresentarem alto índice de contaminação por patógenos, pois
apresentam riscos à saúde da população.



























9-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de 2005. Brasília: D.O.U., 2005.

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Ambiental;Universidade Federal de Minas Gerais; 1996, p: 243.



Questionário

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA PELA POPULAÇÃO DE SÃO GERALDO DO
BAGUARI, DISTRITO DE SÃO JOAO EVANGELISTA E A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS
CAUSADAS PELA INGESTÃO DE ÁGUA CONTAMINADA.


1.IDENTIFICAÇÃO
Nome do entrevistado:
________________________________________________________
Idade:________ anos Sexo: ( M ( F

Nome do pai ou responsável: _______________________________________
Nome da mãe ou responsável:________________________________ _____
Endereço:_______________________________________Bairro: ________
Local:__________________________________________________________
Cidade__________________________________________________________
Série: ______ Nível: ( fundamental ( médio
Profissão:____________________________

2.Questionário
1) Há Quanto tempo você utiliza dessa água?
_______________________________________________________________
2) Além dessa fonte utilizada para consumo de água, existe outra fonte
também utilizada? ( Sim ( Não
3) Esta outra fonte utilizada , retém água tratada? _____________( Sim (
Não
4) Se a resposta for não, qual o tratamento feito com a água?
______________________________________________________________
5) A água desta outra fonte também é usada para o preparo de alimentos?
6) Você apresentou alguma doença nos últimos 12 meses? _____( Sim ( Não
7) Qual o tipo da doença?
____________________________________________________________________________
_________________________________________________

8) Quais foram os sintomas?
____________________________________________________________________________
__________________________________________________
9) Além desses sintomas você apresentou estes sintomas a seguir?
a) Diarréia?_______________ ( Sim ( Não
b)Infecção urinária?_________( Sim ( Não
C)Doença respiratória?______ ( Sim ( Não
d)Pneumonia?_____________ ( Sim ( Não

10)Você fez algum tipo de tratamento?______________________ ( Sim ( Não
11) Qual tratamento feito?
____________________________________________________________________________
__________________________________________________
12) Com o tratamento feito, foi obtido o resultado esperado? _____( Sim (
Não
14) Você continuou a ingerir da mesma água da fonte?________ ( Sim ( Não







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