Qualidade da Paisagem e Fitodiversidade - Contributo para o ordenamento e gestão de áreas costeiras de elevado valor natural
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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA
QUALIDADE DA PAISAGEM E FITODIVERSIDADE CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL
TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM ARQUITECTURA PAISAGISTA
Orientador: Doutor Javier Loidi Arregui Co-orientador: Doutor Luís Paulo Ribeiro Co-orientador: Doutor José Carlos Costa
JÚRI Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais: Doutor Javier José Loidi Arregui, professor catedrático da Universidade do País Basco, Espanha; Doutor Carlos Silva Neto, professor associado do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa; Doutora Maria Cristina da Fonseca Ataíde Castel-Branco, professora associada do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutor José Carlos Augusta da Costa, professor associado do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutora Teresa Dulce Portela Marques, professora auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; Doutor Luís Paulo Almeida Faria Ribeiro, professor auxiliar do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.
PEDRO MIGUEL RAMOS ARSÉNIO
Lisboa 2011
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA
QUALIDADE DA PAISAGEM E FITODIVERSIDADE CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL
TESE APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM ARQUITECTURA PAISAGISTA
Orientador: Doutor Javier Loidi Arregui Co-orientador: Doutor Luís Paulo Ribeiro Co-orientador: Doutor José Carlos Costa
JÚRI Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais: Doutor Javier José Loidi Arregui, professor catedrático da Universidade do País Basco, Espanha; Doutor Carlos Silva Neto, professor associado do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa; Doutora Maria Cristina da Fonseca Ataíde Castel-Branco, professora associada do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutor José Carlos Augusta da Costa, professor associado do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa; Doutora Teresa Dulce Portela Marques, professora auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; Doutor Luís Paulo Almeida Faria Ribeiro, professor auxiliar do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.
PEDRO MIGUEL RAMOS ARSÉNIO Lisboa 2011
RESUMO A presente tese pretende discutir metodologias de ordenamento e gestão da paisagem, em particular no contexto das áreas costeiras de elevado valor natural e paisagístico. Nela se discutem conceitos, aplicam metodologias de avaliação da paisagem e se propõem novas formas de delinear estratégias de planeamento e gestão visando conciliar as actividades humanas com a conservação e gestão sustentável dos recursos naturais e de ordenamento e gestão da paisagem. Em concreto: a) é discutido o conceito de paisagem com recurso à abordagem ontológica; b) são estudados métodos de avaliação de qualidade visual da paisagem; c) é discutida a utilidade da Fitossociologia como ferramenta útil ao estudo e avaliação da qualidade ecológica da paisagem; d) são aplicadas ao litoral do Sudoeste Alentejano metodologias de avaliação da qualidade visual, bem como de qualidade ecológica da paisagem. Como principais resultados obtiveram-se: d.1) o modelo espacial de qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano; d.2) o modelo espacial da qualidade ecológica (ou natural) baseado na caracterização detalhada da flora e vegetação do Sudoeste Alentejano; e) são discutidas estratégias de ordenamento e gestão da paisagem que garantam a salvaguarda dos valores naturais em presença, num quadro de desenvolvimento económico consentâneo com a preservação da identidade cultural da região e da qualidade visual da paisagem. Palavras-chave:
Paisagem,
Ontologia,
Percepção,
Q-Sort,
Qualidade
Ecológica, Qualidade Visual, Fitossociologia, Cartografia de Vegetação, Gestão da paisagem, Ordenamento do Território.
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ABSTRACT This thesis aims to discuss the planning and landscape management methodologies, particularly in the context of high natural value coastal areas. It discusses concepts, applies landscape assessment methodologies and proposes innovative ways to formalize planning and management strategies aimed at reconciling human activities with the conservation and sustainable management of natural resources. Specifically, this thesis: a) discusses the concept of landscape using an ontological approach; b) studies how to assess landscape visual quality; c) investigates the usefulness of Phytosociology as a tool for studying and assessing landscape’s ecological quality; d) applies the studied assessment methodologies, both in visual and in ecological landscape quality, to the Southwest Alentejo coastal area. The main results of these applications are: d.1) a spatially explicit model of Southwest Alentejo’s landscapes visual quality; d.2) a spatially explicit model of the study area’s ecological value, based on a thorough description of its flora and vegetation; e) some planning and management strategies are discussed, as means of insuring the preservation of the study area’s landscape qualities and cultural identity within a context of economic development. Keywords: Landscape, Ontology, Perception, Q-Sort, Ecological Quality, Visual Quality, Phytosociology, Vegetation Mapping, Landscape Change, Landscape Planning and Management.
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ÍNDICE 1
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1 1.1
JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS ..................................................... 2
1.2 ESTRUTURA DO DOCUMENTO ................................................... 3 2
SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 5 2.1 O CONCEITO DE PAISAGEM – DISCUSSÃO COM RECURSO À ABORDAGEM ONTOLÓGICA .................................................... 5 2.1.1 As ontologias como ferramentas de organização de conhecimento............................................................................ 9 2.1.2 Mapas conceptuais ................................................................... 12 2.1.3 Componentes da Paisagem ..................................................... 16 2.1.4 Síntese .......................................................................................24 2.2 A QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM ......................................27 2.2.1 Preferência versus percepção da paisagem ..............................27 2.2.1.1 Preferência como fenómeno interno ao observador ........... 28 2.2.1.2 A percepção como fenómeno externo ao observador .......... 32 2.2.2 A qualidade visual da paisagem e o seu estudo ......................33 2.2.3 Síntese .......................................................................................43 2.3 A FITOSSOCIOLOGIA E A SUA UTILIDADE COMO FERRAMENTA DE ESTUDO E GESTÃO DA PAISAGEM ..........44 2.3.1 Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da Fitodiversidade .........................................................................47 2.3.2 Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da dinâmica das fitocenoses .......................................................................... 51 2.3.3 Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da distribuição espacial das fitocenoses ............................................................55 2.3.4 Síntese .......................................................................................57
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QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO .......................................................................................... 61 3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 61 3.2 ESTUDO DA QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM COM RECURSO À METODOLOGIA Q-SORT ....................................... 61 3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ..........................................69 3.3.1 Relação entre qualidade visual da paisagem e procura para recreio .......................................................................................70 3.3.2 Análise inferencial (Regressão linear)..................................... 71 3.3.3 Análise TWINSPAN ................................................................74 3.4 PREPARAÇÃO DA CARTOGRAFIA RELATIVA AOS FACTORES CONSIDERADOS ....................................................... 81
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3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 3.4.5 3.4.6
Visibilidade para massas de água ............................................ 82 Formas de Relevo .................................................................... 86 Densidade da cobertura vegetal .............................................. 89 Estrutura da cobertura vegetal ................................................. 91 Visibilidade para elementos de património construído ........ 93 Carácter tradicional da paisagem ........................................... 96
3.5 CARTA DE QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO ............................................................. 97 4
A PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO ..............103 4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 103 4.2 GEOLOGIA E MORFOLOGIA ...................................................... 104 4.2.1 Considerações gerais .............................................................. 104 4.2.2 A Peneplanície Alentejana e o maciço marginal (serras de Grândola e Cercal) ................................................................. 104 4.2.3 A plataforma litoral ................................................................ 106 4.2.4 Coberturas arenosas, (praias, dunas recentes e antigas) ....... 107 4.2.5 As arribas litorais .................................................................... 109 4.2.6 A circulação hidrológica e as escorrências permanentes de água nas arribas xistosas .......................................................... 111 4.3 CLIMATOLOGIA E BIOCLIMATOLOGIA .................................. 114 4.3.1 Clima regional ........................................................................ 114 4.3.2 Bioclima .................................................................................. 115 4.4 BIOGEOGRAFIA ............................................................................. 119 4.4.1 Província Lusitano-Andaluza Litoral .................................... 120 4.4.2 Província Mediterrânica Ibérica Ocidental ........................... 122 4.5 CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO NATURAL E SEMINATURAL DA ÁREA EM ESTUDO .................................... 123 4.5.1 Flora ........................................................................................ 123 4.5.2 Vegetação ................................................................................ 131 4.5.2.1 Localidades estudadas ..................................................... 132 4.5.2.2 Correspondência entre sintáxones e os habitat NATURA 2000. .............................................................................. 150 4.6 SÍNTESE DA PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO – SÉRIES, GEOSSÉRIES E GEOPERMASSÉRIES DE VEGETAÇÃO ............................................................................ 156 4.6.1 Séries de vegetação climatófilas ............................................. 157 4.6.1.1 Viburno tini-Oleo sylvestris sigmetum ............................. 157 4.6.1.2 Asparago aphylli-Querco suberis sigmetum ...................... 158 4.6.1.3 Oleo sylvestris-Querco suberis sigmetum .......................... 159 4.6.1.4 Lavandulo viridis-Querco suberis sigmetum .................... 161 4.6.1.5 Ulici welwitschiani-Querco broteroi sigmetum................. 162
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4.6.2 Complexos de vegetação ripícola e outros tipos de vegetação aquática (geosséries higrófilas e aquáticas) ........................... 164 4.6.2.1 Cabeceiras de linhas de água ........................................... 165 4.6.2.2 Bosques paludosos ............................................................ 165 4.6.2.3 Ribeiras não torrenciais, de águas lóticas e tendencialmente oligotróficas ..................................................................... 166 4.6.2.4 Outra vegetação aquatica ou helofítica ............................ 169 4.6.3 Vegetação costeira (complexos de vegetação e geopermasséries costeiras, ou halogeopermasséries) ........... 173 4.6.3.1 Complexo de vegetação dunar .......................................... 173 4.6.3.2 Geopermassérie das arribas (Querco cocciferae-Junipero turbinatae geopermasigmetum) ....................................... 174 4.6.3.3 Geopermassérie halófila de sapal ..................................... 176 4.7 QUALIDADE ECOLÓGICA DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO ................................................................................. 180 4.7.1 Aspectos metodológicos da abordagem cartográfica ........... 180 4.7.1.1 Sistema de Referência ...................................................... 181 4.7.1.2 Âmbito geográfico ............................................................ 182 4.7.1.3 Legenda das unidades cartografadas ................................ 184 4.7.2 Avaliação da qualidade ecológica pelo método de Loidi (2008) ...................................................................................... 184 4.7.2.1 Critérios fundamentais: ................................................... 185 4.7.2.2 Critérios complementares: ................................................ 188 4.7.2.3 Índices de qualidade ecológica: Valor Biológico (B) e Interesse para Conservação (CI) ..................................................... 189 4.7.3 Evolução histórica recente da paisagem do Sudoeste Alentejano .............................................................................. 194 4.7.3.1 Relatos históricos da paisagem – o exemplo do Dicionário Geográfico (1758) ............................................................ 195 4.7.3.2 Situação pré-revolução industrial: Carta de Pery (1893)... 198 4.7.3.3 O período do modelo Químico-Mecânico: Cobertura aerofotográfica USAF (1958) ............................................ 202 4.7.3.4 A paisagem actual: cobertura aerofotográfica digital IGP (2005) ............................................................................. 206 4.8 VARIAÇÃO ESPACIOTEMPORAL DO VALOR ECOLÓGICO NO PERÍODO 1958-2005 ................................................................ 216 5
RELAÇÕES ENTRE QUALIDADE VISUAL, QUALIDADE ECOLÓGICA E FITODIVERSIDADE DO SUDOESTE ALENTEJANO – CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL E PAISAGÍSTICO ..............................................................227 5.1 QUESTÕES RELEVANTES IDENTIFICADAS PELO ESTUDO DE CASO ................................................................................................227 5.2 IMPORTANCIA DA DEFINIÇÃO DE PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 231 vii
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CONCLUSÕES E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS ........ 239
BIBLIOGRAFIA............................................................................................. 245 ANEXOS ......................................................................................................... 273 ANEXO I .................................................................................................. 275 ANEXO II................................................................................................. 283 ANEXO III ............................................................................................... 335
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ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Estrutura da tese. ................................................................................4 Figura 2 – Representação hipotética de uma paisagem do período Devónico Inferior (408-390 M.a.) elaborada por M. Parrish (Department of Paleobiology, Smithsonian Institute), apud Hueber (2001). ................. 8 Figura 3 – Representação (teórica) gráfica da ontologia de paisagem proposta por Lepczyk, Lortie & Anderson (2008) .......................................... 12 Figura 4 – Mapa conceptual da componente física da paisagem. ................... 18 Figura 5 – Mapa conceptual da componente biológica da paisagem .............20 Figura 6 – Mapa conceptual da componente cultural da paisagem. .............. 21 Figura 7 – Mapa conceptual do conceito de paisagem. ...................................23 Figura 8 – Representação do conceito gráfico de paisagem apresentada por Steiner (2000), frequentemente designado por “the layer cake model”. ................................................................................................24 Figura 9 – Modelo de interpretação da resposta afectiva/emocional a um ambiente natural (Ulrich 1983). .......................................................28 Figura 10 – Representação da proporção relativa da informação sensorial que aflui instantaneamente ao cérebro humano e da fracção desta que é processada de forma consciente, de acordo com Nørretranders (1999). Fonte da imagem: Introworks (2010) ...................................30 Figura 11 – Representação gráfica do conceito de percepção directa de paisagem. ...........................................................................................32 Figura 12 – Representação gráfica do conceito de percepção indirecta de paisagem. ...........................................................................................33 Figura 13 – Serviços prestados pelos ecossistemas, segundo o quadro de referência estabelecido no Millennium Ecosystem Assessment (Pereira et al. 2010)...........................................................................................42 Figura 14 – Modelo teórico do processo de sucessão ecológica, com base numa tipologia ecofisionómica de comunidades vegetais (Aguiar, inéd.) ..................................................................................................52 Figura 15 – Correlação espacial entre formas simples de relevo, unidades fundamentais da carta de morfologia da paisagem (Magalhães et al. 2007; Magalhães 2001) e unidades fundamentais da Fitossociologia Dinâmico-Catenal. ............................................................................59 Figura 16 – Modelo de alteração da paisagem para a criação de futuros alternativos (Steinitz 2003). Extraído de (Dangermond 2010)........60 Figura 17 – O farol do cabo Sardão, um elemento do património construído com grande valor enquanto ‘landmark’ da região. Foto do autor. .66 Figura 18 – Disposição das fotografias segundo uma matriz rectangular de 10 colunas por cinco linhas, considerando a distribuição forçada das fotografias pelas diferentes classes de qualidade visual (Extraída de Mendes (2010))...................................................................................68
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Figura 19 – Registo fotográfico de alguns dos inquéritos efectuados............. 69 Figura 20 – Representação da função de regressão exponencial encontrada entre o valor da qualidade visual média de cada fotografia e a frequência com que esta foi seleccionada para utilização no âmbito de actividades de recreio................................................................... 70 Figura 21 – Gráfico P-P dos resíduos relativamente à regressão obtida. ........ 72 Figura 22 – Análise de componentes principais dos factores considerados na apreciação da qualidade visual da paisagem. .................................. 73 Figura 23 – Tabela simplificada dos resultados da classificação executada pelo TWINSPAN. ............................................................................. 75 Figura 24 – Grupo de fotografias A: fotografias 14, 20 e 21 dispostas da esquerda para a direita, respectivamente (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN). ........................................................ 76 Figura 25 – Grupo de fotografias C: fotografias 30, 44, 45, 46, 48, 50 e 49 ordenadas da esquerda para a direita e de cima para baixo, respectivamente (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN). .................................................................................... 77 Figura 26 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por género. ................................................................. 77 Figura 27 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por nacionalidade. ..................................................... 78 Figura 28 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por estatuto de residência.......................................... 78 Figura 29 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por nível de instrução. ............................................... 79 Figura 30 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por escalão etário. ...................................................... 80 Figura 31 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por proveniência. ........................................................ 81 Figura 32 – Tipos de visibilidade considerados na análise de visibilidade para massas de água. ................................................................................. 83 Figura 33 – Modelo teórico de análise de visibilidade. ................................... 83 Figura 34 – Carta de visibilidade (potencial) para massas de água (escala 1 / 400 000)......................................................................................... 85 Figura 35 – Carta de formas de relevo (escala 1 / 400 000). ............................ 88 Figura 36 – Carta de densidade da cobertura vegetal (escala 1 / 400 000)....... 91 Figura 37 – Carta de estrutura da cobertura vegetal (escala 1 / 400 000). ...... 93 Figura 38 – Carta de visibilidade para elementos de património construído (escala 1 / 400 000)............................................................................. 95 Figura 39 – Carta do carácter tradicional da paisagem (escala 1 / 400 000). .. 97
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Figura 40 – Troço de costa a norte de Milfontes, constituído por uma faixa de terreno suavemente inclinado para ocidente, favorecendo a visibilidade para o mar. Foto do autor.............................................99 Figura 41 – Laranjais de produção intensiva na localidade de Malavado. Foto do autor. ........................................................................................... 100 Figura 42 – Carta de qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano (escala 1 / 400 000). ........................................................................... 101 Figura 43 – As regiões estruturais do sul de Portugal segundo Ribeiro et al. (1979). ............................................................................................... 105 Figura 44 – Carta Geológica do sul de Portugal segundo Feio (1983). ......... 107 Figura 45 – Esquema teórico do processo de transporte das partículas arenosas da faixa litoral para o interior, ocorrido durante os períodos frios e secos do Quaternário. ........................................... 108 Figura 46 – Geopermasigmetum psamófilo e permasigmetum rupícola das arribas areníticas. .............................................................................. 110 Figura 47 – Comunidades vegetais associadas respectivamente às dunas holocénicas recentes, arribas xistosas com escorrência permanente de água, dunas e coberturas arenosas antigas, dunas consolidadas e depósitos mio-plio-quaternários, segundo a designação utilizada por Ramos (1990). ............................................................................. 112 Figura 48 – Esquema de circulação hidrológica que permite a formação das “microcascatas” permanentemente alimentadas nas arribas xistosas do Alentejo litoral. ........................................................................... 113 Figura 49 – Gráficos termopluviométricos das estações mais representativas da área em estudo. ............................................................................ 115 Figura 50 – Termotipos dominantes no sul de Portugal segundo a classificação de Rivas-Martínez (2005). Extraído de: Mesquita (2009). ............................................................................................... 117 Figura 51 – Ombrotipos dominantes no sul de Portugal segundo a classificação de RIVAS-MARTÍNEZ (2005). Extraído de: Mesquita (2009). ............................................................................................... 118 Figura 52 – Carta biogeográfica da área estudada. Adaptado de Costa et al. (1998). ............................................................................................... 120 Figura 53 – Espectro fisionómico da flora do Sudoeste Alentejano. ............ 125 Figura 54 – Plantago almogravensis, endemismo lusitano de distribuição muito localizada. Foto do autor ..................................................... 127 Figura 55 – Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum, endemismo lusitano. ........................................................................................... 128 Figura 56 – Drosophyllum lusitanicum, um endemismo ibero-mauritânico de singular valor científico (planta carnívora) e beleza. Fotos do autor. .......................................................................................................... 129 Figura 57 – Localidades em estudo................................................................. 132
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Figura 58 – Esquema de uma catena de vegetação na Serra do Cercal (Monte do Sodo), na encosta exposta a Noroeste. ...................................... 134 Figura 59 – Mosaico de comunidades vegetais no Vale da Ribeira da Azenha (Corgo dos Aivados). ....................................................................... 138 Figura 60 – Geopermasigmetum do sapal de Vila Nova de Milfontes próximo da Praia das Furnas. ......................................................................... 139 Figura 61 – Mosaico de comunidades vegetais típico das arribas do Sudoeste Alentejano, com escorrência permanente de água. ....................... 143 Figura 62 – Clissérie topográfica de vegetação no vale da “Ribeira da Cascata”, próximo da Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes). .......................................................................................................... 147 Figura 63 – Sucessão das comunidades vegetais do litoral para o interior até ao contacto com a arriba xistosa na Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes). ........................................................................................ 150 Figura 64 – Cobertura vegetal actual de Monte Chãos, no qual se observa a total destruição da vegetação natural e sua substituição por culturas agrícolas e comunidades nitrófilas associadas. Foto do autor. ................................................................................................ 158 Figura 65 – Contactos catenais da série tempori-higrófila Ulici welwitschianiQuerco broteroi sigmetum. ................................................................. 163 Figura 66 – Bosque de Salix atrocinerea (borrazeira-negra) do sítio da cascata, Milfontes. Foto do autor. ................................................................ 166 Figura 67 – Geossérie ripícola com amial e freixial, na ribeira do Torgal (junto à ponte do Sol Posto). Foto do autor. ................................. 168 Figura 68 – Furnas, a sul de Milfontes, é um dos locais em que a vegetação dunar se encontra em melhor estado de conservação em toda a costa do Sudoeste Alentejano. Foto do autor................................. 174 Figura 69 – Comunidades de Adiantum capillus-veneris, nas áreas de exsurgência de água doce. Foto do autor. ...................................... 175 Figura 70 – Comunidades de Cistus palhinhae no topo das arribas do Sudoeste Alentejano. Foto do autor ............................................... 176 Figura 71 – Perspectiva de uma zona de sapal baixo, nas margens do rio Mira. Foto do autor. .................................................................................. 177 Figura 72 – Limonietum lanceolati, comunidade de sapal alto recentemente descrita a partir de inventários efectuados na foz do rio Mira. ..... 178 Figura 73 – Esboço da carta de séries e geopermasséries de vegetação do Sudoeste Alentejano (escala 1 / 400 000). ....................................... 179 Figura 74 – Sectores em estudo na análise da qualidade ecológica das comunidades vegetais e sua variação espaciotemporal.................. 182 Figura 75 – Tipos de raridade das comunidades vegetais de acordo com Izco (1998). ............................................................................................... 187 Figura 76 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 1893. ................................................................................................. 200
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Figura 77 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 1893. .............................................................................................200 Figura 78 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 1893. .............................................................................................200 Figura 79 – Mosaico de fotografias aéreas de 1958 correspondentes ao sector 3 (Cavaleiro), com indicação das áreas úteis consideradas na fotointerpretação. ............................................................................204 Figura 80 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 1958. ..................................................................................................205 Figura 81 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 1958. .............................................................................................205 Figura 82 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 1958. .............................................................................................205 Figura 83 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 2005. .................................................................................................209 Figura 84 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 2005. ............................................................................................209 Figura 85 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 2005. ............................................................................................209 Figura 86 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 1. ....................................................................................... 212 Figura 87 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 2. ...................................................................................... 213 Figura 88 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 3. ...................................................................................... 214 Figura 89 – A prática da agricultura extensiva de sequeiro pode gerar elevado impacte na cobertura vegetal natural. ............................................ 215 Figura 90 – Zonamento adoptado no estudo da variação espaciotemporal do valor ecológico, para os sectores 1 (em cima), 2 (ao meio) e 3 (em baixo). .............................................................................................. 217 Figura 91 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 1, de acordo com o zonamento proposto. ......................................... 219 Figura 92 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 1, de acordo com o zonamento proposto. . 219 Figura 93 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 2, de acordo com o zonamento proposto. .....................................220 Figura 94 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 2, de acordo com o zonamento proposto. 220 Figura 95 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 3, de acordo com o zonamento proposto. ..................................... 221 Figura 96 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 3, de acordo com o zonamento proposto. 221
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Figura 97 – Instalação de eucaliptais na serra de São Luís, com recurso a maquinaria pesada. ......................................................................... 222 Figura 98 – Sebe de pinheiros-bravos em declínio provocado pela doença da murchidão dos pinheiros, resultante da infecção do lenho pelo nemátodo Bursaphelenchus xylophilus. Foto do Autor. .................. 223 Figura 99 – Actividade agrícola intensiva da plataforma litoral alentejana. Foto do Autor. ................................................................................ 224 Figura 100 – Tarefas fundamentais a desenvolver no âmbito do planeamento sustentável da paisagem.................................................................. 232 Figura 101 – Estratégias de gestão propostas com vista à gestão simultânea da qualidade ecológica e da qualidade da paisagem do Sudoeste Alentejano. ...................................................................................... 234
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ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 – Caracterização dos inquiridos amostrados, por proveniência e género. ...............................................................................................67 Quadro 2 – Sumário do valor explicativo da regressão efectuada. ................. 71 Quadro 3 – Resultados das análises de correlação (factores considerados isoladamente) e regressão linear efectuada. .....................................72 Quadro 4 – Resultados da análise de variância efectuada, considerando as inter-relações entre factores e fotografias. ........................................74 Quadro 5 – Classificação atribuída no âmbito da análise de visibilidade para massas de água. ..................................................................................84 Quadro 6 – Correspondência entre a classificação das formas de relevo de Hammond (1954; 1964a; 1964b) e a classificação utilizada no âmbito do presente estudo de qualidade visual da paisagem. ........87 Quadro 7 – Tabela de conversão do valor de NDVI no sistema de classificação utilizado na carta de densidade de coberto vegetal do Sudoeste Alentejano. .........................................................................90 Quadro 8 – Conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 em classes de estrutura fisionómica da vegetação. ............................................92 Quadro 9 – Classificação atribuída no âmbito da análise de visibilidade para elementos de património construído. ..............................................94 Quadro 10 – Conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 quanto ao carácter tradicional da paisagem. .....................................................96 Quadro 11 – Valores dos Índices bioclimáticos calculados para algumas das estações inseridas na área de estudo (Mesquita, 2005). .................. 118 Quadro 12 – Correspondência entre unidades fitossociológicas (sintáxones) presentes na área de estudo e os habitat da Rede NATURA 2000. 151 Quadro 13 – Caracterização das séries de vegetação higrófilas que integram as galerias ripícolas do Sudoeste Alentejano. ..................................... 170 Quadro 14 – Caracterização das permasséries aquáticas associadas ao leito menor e margens das linhas de água do Sudoeste Alentejano. ..... 171 Quadro 15 – Caracterização da permassérie das lagoas oligotróficas higroturfosas (Habitat 3110 da Rede Natura 2000). ....................... 172 Quadro 16 – Caracterização da permassérie dos charcos temporários mediterrânicos (Habitat 3170* da Rede Natura 2000). ................. 172 Quadro 17 – Valores atribuídos aos diversos critérios e índices, para cada tipo de cobertura de solo utilizado. ........................................................ 191 Quadro 18 – Síntese das alterações das percentagens de ocupação das diversas classes de cobertura de solo verificadas ao longo das três épocas de observação e em relação aos três sectores em estudo. .................... 211 Quadro 19 – Análise quantitativa da variação da qualidade ecológica entre os períodos de 1958 e 2005................................................................... 218
xv
Quadro 20 – Conjunto de medidas de gestão que visam a protecção simultânea das qualidades ecológica e visual da paisagem do Sudoeste Alentejano. ...................................................................... 236
xvi
AGRADECIMENTOS Aos meus orientadores, Prof. Javier Loidi, Prof. José Carlos Costa e Prof. Luís Paulo Ribeiro agradeço a sábia orientação, disponibilidade e paciência sempre demonstradas. Aos professores, técnicos, funcionários e colaboradores do Herbário João de Carvalho e Vasconcellos um sentido agradecimento pelos já longos anos de convivência e pelo muito que com todos aprendi. Um agradecimento especial também para os professores Francisco Rego e Manuela Neves pela inestimável ajuda no tratamento estatístico dos dados. A todos os docentes do ISA, por todo o apoio e simpatia, em especial aos colegas da ex-SAAP (Secção Autónoma de Arquitectura Paisagista), pela franca colaboração e entreajuda. Agradeço ainda a todos os colegas docentes do programa doutoral em Arquitectura Paisagista e Ecologia Urbana (LINK), em particular à Prof.ª Cristina Castel-Branco e restantes membros da sua comissão coordenadora, Prof.ª Teresa Andresen, Prof.ª Helena Freitas e Prof. Carl Steinitz, a confiança que em mim depositaram bem como as experiências proporcionadas pela participação na docência de tão interessante programa doutoral. To Prof. Carl Steinitz, for all the inspirational talks, educational experiences and fruitful collaboration. It was a priviledge to work under your coordination, namely in the visual landscape quality studies carried out during the 2009 curricular year of the LINK Doctoral Programme in Landscape Architecture and Urban Ecology. To Prof. Jusock Koh, for allowing me the opportunity of experiencing three months stay within one most notorious landscape architecture faculty groups in Europe, from Wageningen University. My gratitude extends, naturally, to the head of faculty, Prof. Adri van den Brink, and the colleagues Rudi van Etteger, Sven Stremke, Ingrid Duchhart, Marlies Brinkhuijsen, Paul Roncken, Renee de Waal and Sandra Lenzholzer. Á Universidade Técnica de Lisboa, na pessoa do Magnífico Reitor, Prof. Ramôa Ribeiro, pela concessão da bolsa de curta duração que possibilitou a
xvii
minha estadia de três meses na Universidade de Wageningen, uma experiência enriquecedora tanto a nível pessoal como profissional. Ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB, I.P.), designadamente aos técnicos que responderam aos inquéritos sobre qualidade visual da paisagem, agradecendo também à Dr.ª Maria de Jesus Fernandes,
Directora-Adjunta
Departamento
de
Gestão
de
Áreas
Classificadas do Litoral de Lisboa e Oeste a permissão concedida para a sua realização. A todos os colegas e amigos que no campo na faculdade ou por qualquer outro lado, através de apaixonadas discussões e permuta de informação, contribuíram para a minha formação científica deixo também a minha gratidão. Ao Tiago Monteiro Henriques, Patrícia González, Jorge Capelo e Sandra Mesquita, Carlos Neto, bem como aos inabaláveis amigos Pedro Araújo e Nuno Guerra, um agradecimento especial. Agradeço também a todos os meus alunos, com quem tenho aprendido muito, em particular à Ana Mendes, à Maria João Maurício e ao Luís Monteiro. A meus sogros e cunhada um sentido agradecimento pelo apoio familiar (e logístico), em especial durante as minhas muitas e por vezes longas ausências. Aos meus pais e à minha irmã, cunhado e sobrinhas, muito obrigado pelo carinho, apoio e paciência. Á Teresa, meu esteio em dias bons e maus, e aos meus filhos Laura e António agradeço do fundo do coração o vosso amor incondicional, pedindo perdão pelas minhas muitas ausências e indisposições. Acima de tudo obrigado por encherem a minha vida de luz e cor.
xviii
LISTA DE SIGLAS, LATINISMOS E ABREVIATURAS UTILIZADAS apud – em [num autor], citado por (latim) cf. – conferir, comparar (do latim conferre) com. pess. – comunicação pessoal COS – Carta de Ocupação do Solo (série cartográfica elaborada pelo Instituto Geográfico Português) i.e. – isto é (do latim id est) ibidem – no mesmo lugar (latim) ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I. P. idem – o mesmo (latim) M.a. – Milhões de anos MDE – Modelo digital de elevação m.s.l. – acima no nível médio das águas do mar (da expressão anglo-saxónica [above] mean sea level) s.l. – em sentido amplo (do latim sensu lato) s.str. – em sentido estrito (do latim sensu stricto) SIC – Sítio de Interesse Comunitário (estatuto decorrente da aplicação da Directiva n.º 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos habitat naturais e da fauna e da flora selvagens) spp. – espécies (plural; do latim species) subsp. – subespécie (do latim subspecies) t.a. – tradução do autor v.g. – vértice geodésico var. – variedade (do latim varietas) vd. – ver (do latim vide) ZPE – Zona de Protecção Especial (estatuto decorrente da aplicação das Directivas n.ºs 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de Abril, e 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativas à conservação das aves selvagens e à preservação dos habitat naturais e da fauna e da flora selvagens, respectivamente)
xix
xx
1
INTRODUÇÃO
A paisagem constitui o suporte de todas a actividades humanas. Deste modo, é imperativo para a sobrevivência e bem-estar da humanidade que entre esta e a paisagem se estabeleça uma relação de cumplicidade e respeito, fundamentada em valores éticos e no conhecimento dos mecanismos que regem o funcionamento dos ecossistemas naturais e as respostas destes às intervenções antrópicas. Por outro lado, o arquitecto paisagista intervém sobre um bem público – a paisagem – cuja leitura é complexa e nem sempre consensual. A presente tese pretende também contribuir para melhorar a comunicação entre os diversos grupos profissionais envolvidos no ordenamento e gestão da paisagem, discutindo conceitos, aplicando e aperfeiçoando
metodologias,
integrando
áreas
de
conhecimento
aparentemente desconexas na convicção que daí possam resultar formas mais eficientes e eticamente recomendáveis de planear a paisagem. Assim as questões científicas fundamentais abordadas neste estudo serão: 1.
Como se pode avaliar a qualidade visual da paisagem e quais os factores determinantes nessa avaliação?
2. Pode uma análise fitossociológica detalhada da cobertura vegetal da paisagem constituir uma fonte de informação necessária e suficiente para a apreciação da qualidade ecológica dessa paisagem? 3. Em que medida existem relações entre a qualidade visual da paisagem e a sua qualidade ecológica? 4. Pode a adopção de estratégias adequadas de ordenamento e gestão da paisagem favorecer simultaneamente a qualidade visual e a conservação do valor ecológico e fitodiversidade das paisagens? Para poder dar resposta a estas questões haverá então que clarificar alguns conceitos e preparar um estudo de caso a partir do qual seja possível obter informação que permita investigar as questões acima apresentadas. Consequentemente os trabalhos desenvolvidos do âmbito desta tese incluem:
Reflexão sobre o conceito de paisagem;
Revisão bibliográfica sobre as metodologias de avaliação da qualidade visual da paisagem; 1
Revisão bibliográfica sobre a ciência fitossociológica e a sua utilidade no estudo da paisagem, em particular no que se refere à avaliação da qualidade ecológica das paisagens e à conservação da diversidade biológica das plantas vasculares;
Aplicação de metodologias de avaliação da qualidade da paisagem ao Sudoeste Alentejano, visando obter modelos espacialmente explícitos da sua qualidade visual e também da sua qualidade ecológica. Para tal será também necessário caracterizar a região em estudo quanto a alguns factores físicos, bióticos e culturais da paisagem que influenciam directamente a sua qualidade visual, bem como elaborar uma síntese da paisagem vegetal da região de acordo com o modelo fitossociológico.
Por fim, são discutidas estratégias de ordenamento e gestão da paisagem que garantam a salvaguarda dos valores naturais e paisagísticos (ou da qualidade visual da paisagem) em presença, num quadro de desenvolvimento económico consentâneo com a preservação da identidade cultural da região.
1.1 JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS O autor da presente tese pretendeu com este trabalho explorar áreas de conhecimento aparentemente desconexas, mas que apresentam como elemento comum o seu objecto de estudo primordial: a paisagem. Trata-se pois de um estudo em que o objectivo fundamental não é o de desenvolver novas metodologias de análise da qualidade da paisagem, mas o de utilizar os resultados das aplicações efectuadas para investigar questões científicas relevantes para o ordenamento e gestão da paisagem, tal como foi enunciado no subcapítulo anterior. Foi também intenção do autor aproximar as áreas em que trabalha, por um lado na docência, por outro na investigação científica, pois a experiência obtida no âmbito de ambas as actividades colocou em evidência a necessidade de tirar melhor partido dos modelos de interpretação da paisagem a partir do estudo da sua cobertura vegetal e também de melhorar a comunicação entre os diversos grupos de interessados no recurso paisagem, quer estes sejam a população local, os representantes da administração local e central ou ainda os turistas e população urbana da região. Adicionalmente, 2
é também fulcral para a correcta gestão da paisagem que os referidos grupos de interessados discutam com base nos mesmos conceitos, partilhem a mesma visão no que se refere ao funcionamento da paisagem e participem de modo informado e responsável no estabelecimento de directrizes de gestão eficientes, justas e adequadas à realidade. Finalmente, sobre a escolha da área de estudo, esta fundamenta-se em vários factores: Desde logo pelo facto do troço de litoral atlântico e meridional português constituir uma área de paisagens esteticamente apelativas, nas quais se reconhecem ainda valores naturais e culturais de excepcional qualidade, constituindo um precioso património nacional. Também porque nessa área se apresenta ainda como muito susceptíveis à existência de tensões entre os interesses do desenvolvimento socioeconómico e os da conservação do património natural, na convicção de que é possível concertar ambas as perspectivas numa estratégia integrada. Na perspectiva mais concreta da geobotânica, porque apesar da existência de numerosos estudos sobre a área, esta informação se apresentava ainda bastante fragmentada, sendo útil poder reunir, integrar e apresentar essa informação de forma sistematizada, acessível e actualizada. 1.2 ESTRUTURA DO DOCUMENTO A presente tese apresenta-se organizada em seis partes, materializadas nos seis grandes capítulos apresentados (Figura 1). No primeiro capítulo encontram-se as peças introdutórias do estudo, apresentando
as
questões
científicas
que
se
pretende
estudar
e
fundamentando as escolhas no que respeita às metodologias estudadas e à selecção da área de estudo. No segundo capítulo são apresentados os resultados da revisão bibliográfica efectuada, repartida pelas duas grandes áreas do conhecimento abordadas, nomeadamente o estudo da qualidade ecológica e o estudo da qualidade visual da paisagem. Estes capítulos permitirão ao leitor ter uma ideia concreta do estado da arte do conhecimento nas referidas áreas de conhecimento.
3
Os capítulos terceiro e quarto correspondem à fase das aplicações metodológicas ao estudo da paisagem. Nestes capítulos apresentam-se estudos concretos recorrendo a metodologias robustas de avaliação da qualidade da paisagem, tanto na perspectiva da qualidade visual com na perspectiva da qualidade ecológica. No quinto capítulo é feito o encontro entre as duas abordagens, explorando os modos de integrar as análises anteriormente referidas nos procedimentos de planeamento e gestão da paisagem. Finalmente, no sexto capítulo são discutidas as principais conclusões obtidas e enunciadas algumas das possibilidades de desenvolvimento de trabalhos futuros de investigação, no seguimento da presente tese. 1 - INTRODUÇÃO 2 - SISTEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA •
•
O CONCEITO DE PAISAGEM – DISCUSSÃO COM RECURSO À ABORDAGEM ONTOLÓGICA
A QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM
3 - QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO •
ESTUDO DA QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM COM RECURSO À METODOLOGIA Q-SORT
•
CARTA DE QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO
•
A FITOSSOCIOLOGIA E A SUA UTILIDADE COMO FERRAMENTA DE ESTUDO E GESTÃO DA PAISAGEM
4 - A PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO •
SÍNTESE DA PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO
•
QUALIDADE ECOLÓGICA DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO
5 - RELAÇÕES ENTRE QUALIDADE VISUAL E FITODIVERSIDADE DO SUDOESTE ALENTEJANO – CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL E PAISAGÍSTICO •
QUESTÕES RELEVANTES IDENTIFICADAS PELO ESTUDO DE CASO
•
IMPORTANCIA DA DEFINIÇÃO DE PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
6 - CONCLUSÕES E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS
Figura 1 – Estrutura da tese.
4
2
SISTEMATIZAÇÃO
DE
CONCEITOS
E
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA A actual definição da profissão de arquitecto paisagista estabelece que “o Arquitecto Paisagista investiga e intervém no planeamento, concepção e gestão do ambiente exterior, tanto dentro como fora de espaços construídos, visando a sua conservação e desenvolvimento sustentável.” (t.a.) (International Federation of Landscape Architects (IFLA) 2003, p. 1). A organização responsável pela definição acima transcrita estabelece ainda que ao arquitecto paisagista compete, entre outras actividades, realizar avaliações de qualidade da paisagem, quer na perspectiva ambiental (i.e., ecológica) quer na perspectiva visual, com vista ao desenvolvimento de políticas de gestão ou projectos de desenvolvimento1. Consequentemente, ao arquitecto paisagista é exigido o domínio de uma vasta gama de conceitos nos quais se incluem, antes de mais, o próprio conceito de ‘paisagem’, mas também conceitos relacionados com a ‘qualidade visual da paisagem’ e a ‘qualidade ecológica da paisagem’, cuja discussão se apresentará nos capítulos 2.1, 2.2 e 2.3, respectivamente. A discussão
apresentada
pretende
ainda
contribuir
para
o
estudo
interdisciplinar da paisagem, facilitando a comunicação entre diversas áreas de conhecimento (sem prejuízo da especificidade científica e metodológica de cada disciplina), na convicção de que daí resultará mais e melhor conhecimento, logo, mais e melhor ciência. 2.1 O CONCEITO DE PAISAGEM – DISCUSSÃO COM RECURSO À ABORDAGEM ONTOLÓGICA “Landscape is at once an old and pleasant word in common speech and a technical term in special professions. As (…) [people] become more conscious of and concerned about their visible surroundings – their environment – it is going to crop up more frequently in both realms of conversation and it may be useful occasionally to consider a difficulty that almost inevitably arises as soon as we attempt to communicate beyond very narrow professional circles.” (Meinig 1979, p. 33)
1
De acordo com o especificado na alínea f) da lista de competências profissionais do arquitecto paisagista,
enunciada no referido documento.
5
A questão levantada por Meinig no texto acima reproduzido afecta não apenas o diálogo entre leigos e grupos de profissionais especializados, mas também entre distintos círculos profissionais: tradicionalmente, o conceito de paisagem tem sido apropriado pelas diferentes áreas do conhecimento (Arte, Filosofia, Geografia, Ecologia e Arquitectura Paisagista) tomando distintos significados e sem nunca existir uma preocupação de procurar um significado consensual sobre o termo2. Meinig defende que esta questão sempre existirá e que se deve ao facto de que a paisagem existe “não apenas à nossa frente, mas também nas nossas mentes”, querendo com essa afirmação evidenciar que o conceito de paisagem é um conceito marcado pela cultura e experiência de cada um de nós. Para ilustrar a diversidade de versões de um mesmo cenário que podem resultar dessa ‘observação enviesada pela cultura’3, o autor apresenta de forma sistematizada dez formas diferentes de interpretar uma paisagem: 1.
A paisagem como Natureza: assim entendida por aqueles para quem a obra humana não é comparável ao meio natural, primário, fundamental, dominante, persistente;
2. A paisagem como Habitat: para quem vê no planeta a sua casa e o seu sustento, que há que explorar, ‘domesticando’; 3. A paisagem como Artefacto: para quem vê em cada lugar a marca da mão humana, mesmo nos lugares mais remotos, afectados pelos processos de ‘alteração global’ em curso; 4. A paisagem como um Sistema: para os que vêm o ambiente como um imenso e intrincado ‘sistema de sistemas’; 5. A paisagem como [um] Problema: para quem olha para o planeta e vê, sobretudo, os danos ambientais produzidos e a forma como esses danos nos afectam, ou virão a afectar; 6. A paisagem como [fonte de] Riqueza: para quem vê em todas as coisas um valor monetário, um recurso a explorar com o objectivo de obter lucro;
2
3
A mesma discussão foi suscitada por Farina & Hong (2004), no caso da Ecologia da Paisagem. Entenda-se por ‘cultura’ a complexa trama de experiências pessoais e profissionais inerente a cada
indivíduo.
6
7. A paisagem como Ideologia: [ou Produto Ideológico]: para os que, observando a paisagem, reconhecem os símbolos, a filosofia e a expressão das relações sociais e da governança dos Povos; 8. A paisagem como História: para quem vê na paisagem a expressão cumulativa da passagem do tempo, dos processos naturais e das intervenções antrópicas; 9. A paisagem como Lugar: para quem vê em cada paisagem uma peça individual de um grande e infinitamente variado mosaico global; 10. A paisagem como [Entidade] Estética: para quem busca em cada cenário ou experiência de um lugar a sua ‘qualidade artística’, prestando atenção à composição, cor, harmonia, textura, tensão ou simetria dos seus elementos. A Arquitectura Paisagista é uma profissão de charneira, trabalhando na intersecção das diversas áreas do conhecimento científico (Caldeira Cabral 1993), mediando a comunicação entre os técnicos e o público, intervindo na paisagem com objectivos estéticos, técnicos e de conservação dos recursos naturais. Daí que seja imperativo obter uma definição operativa de paisagem, que facilite o diálogo entre os grupos de profissionais envolvidos no ordenamento e gestão do território, que possa também servir para melhorar a comunicação entre estes e o público em geral. O presente capítulo procurará atingir esse objectivo, baseando-se numa abordagem ontológica ao conceito. A abordagem etimológica do conceito e da forma como o seu significado evoluiu no tempo pode ser encontrada no corpus nacional e internacional das escolas de Arquitectura Paisagista, pela mão de várias gerações de Arquitectos Paisagistas (Andresen 1992; Caldeira Cabral 1993; Telles 1994; Magalhães 2001; Barreiros 2005; Magalhães 2007; Magalhães et al. 2007; Batista 2009; Nunes 2010; Mendes 2010). Consequentemente, mais do que fazer uma abordagem clássica ao estudo do conceito, importa restringir o seu âmbito, buscando maior objectividade através da redução à sua realidade material, isto é, excluindo do âmbito desta discussão o fenómeno da percepção da paisagem. Esta questão será tratada no Capítulo 2.2.1.2. Tomar-se-á como ponto de partida a seguinte premissa: a Paisagem é uma entidade autónoma, com existência própria e independente da 7
existência de um observador. Existem argumentos de natureza lógica e filosófica para suportar esta afirmação: 1.
de um ponto de vista lógico, admitindo que da paisagem fazem parte os elementos que se materializam na superfície física do lugar, ou seja, no caso da Terra, a geosfera, hidrosfera e atmosfera e que o aspecto actual da referida superfície física resulta da interacção (ao longo de várias centenas de milhões de anos) desses constituintes, então teremos de admitir que antes da existência de qualquer forma de vida inteligente (um observador, portanto) já existiria ‘uma paisagem’ (Figura 2), independentemente das diferenças que possam existir entre essa paisagem e a actual. O mesmo raciocínio é também aplicável à biosfera;
Figura 2 – Representação hipotética de uma paisagem do período Devónico Inferior (408-390 M.a.) elaborada por M. Parrish (Department of Paleobiology, Smithsonian Institute), apud Hueber (2001). As estruturas colunares representam indivíduos de megafungos lenhosos atribuídos ao género Prototaxites (família Prototaxaceae, classe Basidiomycota, reino Fungi), os maiores e mais altos elementos da flora (s.l.) terrestre do período Devoniano (Hueber 2001), entretanto extintos.
2. por outro lado, de um ponto de vista filosófico4, há uma clara separação entre o objecto e a sua apreciação estética. Esta premissa é claramente exposta por Lothian (1999):
4
Mais precisamente no âmbito da corrente filosófica que tem por objeto o estudo da natureza do belo e
que se designa por «Estética».
8
“Aesthetics has been a subject of philosophy since at least the time of Socrates (469-399 B.C.). Up to the 18th century the focus of inquiry was beauty but following the invention of the term aesthetics by the German philosopher, Alexander Baumgarten in about 1750, philosophy broadened its inquiry to encompass this more inclusive term. Philosophers distinguish between the aesthetic object, the aesthetic recipient and the aesthetic experience. The aesthetic object is that which stimulates an experience in the recipient. Landscape is but one of many aesthetic objects which philosophy has considered. Regarding human interaction with aesthetic objects, whether music, art, sculpture, human faces, architecture, poetry, or landscapes, philosophers have sought to identify the common principles which operate and which determine the nature of the aesthetic experience.” (Lothian 1999, p. 181) Analisada esta perspectiva, reforça-se também a convicção de que o fenómeno da percepção é um processo externo ao conceito de paisagem, pelo que o conceito de paisagem deve omitir referências à forma como a paisagem é percepcionada, bem como evitar considerar a paisagem de uma perspectiva meramente cénica, ou visual (e.g. “landscape is (...) the appearance of the land” (Brabyn 2009, p. 301); “Extensão de terreno abarcada pelo campo de visão constituindo um quadro panorâmico” (Casteleiro 2001, p. 2717)). Circunscrito o âmbito do conceito, buscou-se uma metodologia que permitisse discutir de forma objectiva o seu significado. Optou-se pelo uso da abordagem ontológica, opção que não sendo inédita (vd. Lepczyk, Lortie & Anderson (2008)) se afigura como promissora pela forma como organiza e apresenta o conhecimento, relaciona conceitos afins e permite inferir características não explícitas no conceito visado mas transmitidas a partir de entidades com que este se relaciona de forma hierárquica. Para melhor se compreender a referida abordagem, apresenta-se no próximo capítulo uma reflexão sobre os aspectos mais relevantes da abordagem ontológica. 2.1.1
As
ontologias
como
ferramentas
de
organização
de
conhecimento “Ontology is a formal way of representing knowledge in which concepts are described both by their meaning and their relationship to each other.” (Bard & Rhee 2004, p. 213) 9
O conceito de «ontologia» tem sido frequentemente investigado nas últimas décadas, nomeadamente no âmbito da investigação científica em Sistemas Periciais5, no entanto o termo não é exclusivo desta área de conhecimento pelo que se apresenta um conjunto de outros significados para o termo publicados por R. Mizoguchi (2003). 1.
Do ponto de vista da filosofia, ontologia é “o estudo da existência”. Através dela busca-se explicação para a natureza do ‘ser’, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas em volta destes.
2. Do ponto de vista da Inteligência Artificial, uma ontologia é definida como "a especificação explícita de uma conceptualização". 3. Do ponto de vista do Raciocínio Baseado em Casos, uma ontologia é definida como "um sistema de conceitos (vocabulário) usado como blocos de construção de um sistema de processamento de informação". Consequentemente, as ontologias são “acordos sobre conceptualizações consensuais”. Estas constituem quadros de referência que permitem modelar conceitos em domínios de conhecimento (áreas científicas) específicos. De um modo geral, as ontologias consistem de conceitos (‘Entidades’ [ou ‘Indivíduos’], que se podem organizar em ‘Classes’), relações hierárquicas entre conceitos (do tipo: ‘é-um’ e ‘parte-de’) e outras relações ou axiomas para formalizar as definições e relações. Para ilustrar o exposto apresenta-se um pequeno exemplo de uma definição ontológica, com base em entidades taxonómicas e relações entre estas (entidades apresentadas em letra maiúscula e relações entre parêntesis): ÁRVORE > (é-uma) > PLANTA > (é-um) > SER VIVO SER VIVO > (parte-de) >POPULAÇÃO > (parte-de) >COMUNIDADE Torna-se evidente que se pode deduzir um conjunto de características a partir desta forma de organizar conhecimento, por exemplo: ‘uma árvore é um ser vivo’, ou ‘uma comunidade contém seres vivos’. Por outro lado, é
5
A área de investigação em Sistemas Periciais procura utilizar sistemas informáticos na representação e
resolução de problemas normalmente resolvidos por humanos, utilizando conhecimento expresso por peritos no assunto (Jackson 1998).
10
igualmente útil a informação obtida pela não verificação das relações estabelecidas entre conceitos: ‘um ser vivo não é uma população’. É de referir que cada um dos conceitos que integra uma ontologia deve também ser devidamente descrito num glossário expressamente construído para o efeito. Pelo acima exposto o recurso a ontologias para organizar conhecimento e aumentar a objectividade dos conceitos tem vindo a observar-se em muitas áreas de conhecimento. Relativamente à Biologia, Bard & Rhee (2004) identificaram 32 websites contendo ontologias ou recursos para a criação de ontologias naquela área de conhecimento. Como exemplos célebres destas, referem-se
os
casos
do
‘Gene
Ontology
(GO)
Consortium’
[www.geneontology.org] (Ashburner et al. 2000) e do ‘Plant Ontology (PO) Consortium’ [www.plantontology.org] (Jaiswal et al. 2005), os quais se propõem elaborar vocabulários controlados que uniformizem conceitos no âmbito das temáticas sobre as quais incidem. Finalmente, a opção pela abordagem ontológica foi reforçada após a consulta dos trabalhos de Madin et al. (2008), que defendem o uso da abordagem ontológica como forma de vencer a ambiguidade gerada pelo uso transdisciplinar de conceitos ecológicos. Lepczyk, Lortie & Anderson (2008), que propuseram uma ontologia para o conceito de ‘Paisagem’ (Figura 3), como forma de: a) promover a interacção entre diversas perspectivas ‘ecológicas’ de estudo da paisagem; b) fornecer um esquema inicial para a discussão ontológica do conceito, visando a sua melhoria; c) constituir um quadro de referência para estudos ecológicos à escala da paisagem. Analisada a ontologia proposta, tornou-se evidente que haveria a possibilidade de propor alterações de modo a torná-la mais próxima da perspectiva da arquitectura paisagista, nomeadamente nos seguintes aspectos:
Atenuar a predominância da ‘visão biológica’ da paisagem, colocando a par dos conceitos relativos à sua componente biótica outros conceitos, nomeadamente os que dizem respeito à sua componente abiótica e também às alterações antrópicas da paisagem. Embora alguns termos relevantes para a presente questão estejam presentes na ontologia em causa (e.g. ‘climate’, ‘abiotic properties’, ou ‘land use’), eles encontram-se descritos 11
como ‘propriedades inerentes’ aos conceitos apresentados. Entende-se que estes também devem ser formalizados como conceitos;
Por outro lado, discorda-se da inclusão do conceito de ‘sampling protocol’ nesta ontologia pois considera-se que este deve ser identificado como um procedimento (de estudo da paisagem) e não como um conceito relativo a uma entidade relevante e necessária para a representação ontológica da paisagem.
Figura 3 – Representação (teórica) gráfica da ontologia de paisagem proposta por Lepczyk, Lortie & Anderson (2008)
2.1.2
Mapas conceptuais
No seguimento da opção pela abordagem ontológica, foi iniciada a pesquisa de ferramentas de suporte à construção de ontologias, aplicáveis às ciências ecológicas e da vida. Apesar da diversidade de oferta de aplicativos (vide Bard & Rhee (2004)), foi feita a opção de formalização do conceito de paisagem utilizando um software de criação de ‘Mapas Conceptuais’. Um «mapa conceptual» pode ser considerado como um precursor de uma ontologia dado que opera num nível superior de abstracção e que, trabalhando com o mesmo tipo de entidades fundamentais [i.e., conceitos e relações], gera representações gráficas que explicitam conhecimento. Para tal, foi utilizado o aplicativo CMap Tools 5.04, do Institute for Human & Machine Cognition 12
(IHMC), o qual pode gerar outputs no formato OWL, um formato standard para representação formal de conhecimento e para comunicação entre sistemas informáticos distintos [i.e., um standard ontológico]. Novak & Cañas (2008) caracterizam o processo de criação de mapas conceptuais do seguinte modo: “(…) concepts and propositions are the building blocks for knowledge in any domain. We can use the analogy that concepts are like the atoms of matter and propositions are like the molecules of matter. There are only around 100 different kinds of atoms, and these make up an infinite number of different kinds of molecules. There are now about 460,000 words in the English language (most of which are concept labels), and these can be combined to form an infinite number of propositions. (…) As people create and observe new or existing objects or events, the creative people will continue to create new concepts and new knowledge. Creating new methods of observing or recording events usually opens up new opportunities for new knowledge creation.” (Novak & Cañas 2008, p. 11) A opção pelo uso dos mapas conceptuais foi também tomada com o intuito de não incorrer em erros correntemente apontados a ontologias elaboradas no âmbito das ciências biológicas ou ecológicas, tais como os apontados por Soldatova & King (2005). Neste trabalho os autores tomaram para estudo de caso
o
‘Microarray
Gene
Expression
Society
(MGED)
Ontology’
[http://mged.sourceforge.net/ontologies/index.php] (Whetzel et al. 2006) de modo a poder enunciar alguns erros comuns na elaboração de ontologias, designadamente: 1.
Existência de classes incorrectamente caracterizadas: todos os membros de uma classe devem partilhar pelo menos uma ‘propriedade intrínseca’, o que nem sempre acontece;
2.
Uso desaconselhável do mesmo nome em diferentes níveis hierárquicos: a utilização de uma subclasse com o nome de ‘Indivíduo’ gera confusão entre elementos desta subclasse e o conceito de indivíduo da própria ontologia;
3.
Alguns conceitos parecem ter nomes incorrectamente atribuídos: o nome de um conceito incluído na classe ‘Tipos de experiencias’ inclui o 13
termo ‘Comentário’, que por sua vez corresponde a uma outra classe da ontologia. Tal situação gera confusões desnecessárias; 4.
Alguns conceitos parecem ter nomes inapropriados: utilizar nomes claramente provenientes do jargão de outras áreas de conhecimento científico, difícil de compreender ou incompreensível para os não iniciados, é também desaconselhável. Assim, termos como ‘Package’ (proveniente da gíria informática) não deve constar numa ontologia do domínio das ciências biológicas;
5.
Existência de classes com nomes incorrectamente atribuídos: é incorrecto atribuir a designação de ‘Protocolo’ a fenómenos que são, claramente, processos físicos [problema que pode estar relacionado com o erro enunciado no ponto 3];
6.
Existência de definições pouco claras: algumas definições indicam, de forma abusiva ou incorrecta, igualdade entre conceitos (e.g. "Uma experiência é, frequentemente, uma publicação") ou descrevem uma classe ou indivíduo de duas ou mais formas, sem que estas sejam compatíveis uma com a outra.
7.
Confusão entre conceitos e procedimentos: a apresentação de procedimentos informáticos (e.g. ligação a outras ontologias através de um ou mais conceitos comuns) sob a forma de classe é incorrecta;
8.
Erro na distinção entre classe e indivíduo: erros que podem dificultar o raciocínio e a compreensão dos conceitos envolvidos [erros possivelmente relacionados com os enunciados nos pontos 1 e 5];
9.
Herança múltipla de conceitos: o facto de alguns indivíduos poderem pertencer a mais de uma classe (o que pode, de facto, acontecer) pode causar a herança de características mutuamente exclusivas. Tais situações devem ser devidamente previstas e acauteladas, caso contrário resultam em ambiguidade ou impossibilidade;
10.
Relações entre conceitos mal definidas: de um total de 109 relações explicitadas, cerca de 104 começam por ‘tem-‘, o que quer dizer que estas poderiam ser modeladas por apenas duas relações, a saber: ‘parte-de’ e ‘propriedade-de’. A drástica redução de relações a explicitar na ontologia
14
levaria sem dúvida a ganhos de eficiência e compreensibilidade consideráveis; 11.
Distinção pouco clara entre o uso das relações ‘é-uma’ e ‘parte-de’: é incorrecto utilizar um subtipo (ou subclasse) de uma classe como um exemplo dessa classe, pois esta deve ser considerada antes como ‘partede’.
Consequentemente a opção de discutir o conceito de paisagem com recurso à abordagem ontológica, designadamente pelo uso de mapas conceptuais é fundamentada pelo seguinte conjunto de razões:
Possibilidade de criação de representações gráficas do conceito e suas relações com conceitos afins: a abordagem gráfica constitui um meio de comunicação eficaz, quer para interpretar como para expressar informação complexa (Gordin, Edelson & Gomez 1996);
Dispensa de conhecimentos técnicos em Sistemas Periciais: o uso de sistemas de representação de conhecimento em linguagem natural e utilizando interfaces amigáveis para utilizadores não especializados permite alargar o fórum de discussão, pois a participação de qualquer profissional não está dependente da detenção de conhecimentos em informática nem do domínio de qualquer tipo de jargão técnico;
Menor exigência em completude e consistência: como se pode depreender do trabalho de Soldatova & King (2005) uma escolha de software demasiado ambiciosa pode gerar resultados pouco satisfatórios e exigir um nível de conhecimentos técnicos difícil de alcançar. Será pois aconselhável optar por aplicações mais simples na fase inicial de desenvolvimento da ontologia, mantendo a perspectiva de migração para soluções mais sofisticadas em fases subsequentes.
Uma vez seleccionado o software, foi possível passar à fase de esboço da referida ontologia. Os outputs gerados nesta fase do estudo serão apresentados no próximo capítulo, ilustrando as diversas componentes do conceito de paisagem.
15
2.1.3
Componentes da Paisagem
São inúmeras as definições de paisagem que se podem obter através de pesquisa bibliográfica, tanto na área científica da Arquitectura Paisagista como em áreas científicas afins. Na área da Ecologia da Paisagem as definições enfatizam a característica da complexidade espacial, sem entrar em detalhe quanto às componentes da mesma: “A landscape is a kilometers-wide area over which local ecosystems recur.” (Forman 1995, p. 19–20) ‘‘Landscape: Area that is spatially heterogeneous in a least one factor of interest.’’ (Turner, Gardner & O’Neill 2001, p. 3) No entanto podem também ser encontradas definições em que, de forma mais ou menos explícita, se considera já a existência de interacção ‘HomemPaisagem’, da qual resulta a componente cultural da paisagem: ‘‘(...) the term ‘landscape’ conjures up different images to different people. The prevalent view, however, is that landscapes are the arenas in which humans interact with their environments on a kilometers-wide scale.’’ (Wiens & Milne 1989, p. 87) Já no que se refere à Arquitectura Paisagista, as diversas definições apresentam recorrentemente referências às componentes natural e cultural da paisagem, em contínua inter-relação. “A expressão visual decorrente da disposição e inter-relação entre componentes naturais e de influência humana, ao longo do tempo, numa determinada área do território.” (Barreiros 2005, p. 15) “O resultado material de todos os processos (naturais e sociais) que ocorrem num determinado sítio.” (Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas s.d.) “A paisagem é um sistema dinâmico, onde os diferentes factores naturais interagem e evoluem em conjunto, determinando e sendo determinados pela estrutura global, o que resulta numa configuração particular, nomeadamente de relevo, coberto vegetal, uso do solo e povoamento, que 16
lhe confere uma certa unidade e à qual corresponde um determinado carácter.” (Cancela d’Abreu, Correia & Oliveira 2004, p. I:32) “A Paisagem é a figuração da biosfera e resulta da acção complexa do homem e todos os seres vivos – plantas e animais – em equilíbrio com os factores físicos do ambiente.” (Caldeira Cabral 2001, p. 1294) Salienta-se ainda que em alguns casos a componente natural da paisagem é separada
em
duas
componentes,
física
(ou
abiótica)
e
biótica,
respectivamente. Reconhecendo a pertinência dessa distinção, considera-se que na definição de paisagem devem constar referências às componentes física, biótica e cultural, as quais se passa a caracterizar de uma perspectiva ontológica: Componente física da paisagem – Considerando a história geológica da Terra pode afirmar-se que, numa perspectiva cronológica, todas as paisagens se iniciam pela sua componente física. Nesta se reúnem os elementos inertes que constituem a superfície da crusta terrestre (substrato geológico + solo + hidrosfera + atmosfera), os quais se encontram representados no mapa conceptual apresentado na Figura 4. O conceito de «substrato geológico» refere-se genericamente à rocha sólida subjacente ao solo ou a qualquer outro tipo de cobertura superficial não consolidada, tal como as grandes massas de água (McGraw-Hill 2002a, p. 43)6. Por coerência com o conceito de solo adoptado, fica excluída a fracção rochosa que integra o solo (e.g. afloramentos rochosos). Relativamente ao conceito de «solo», adopta-se a definição do IUSS Working Group WRB. (2006, p. 8) segundo o qual, solo é “qualquer material a menos de 2 m de profundidade da superfície terrestre e que está em contacto com a atmosfera, excluindo os organismos vivos, as áreas cobertas com gelo permanente não recoberto por outro material, e os corpos de água mais profundos que 2 m7” (t.a.). A definição adoptada inclui rocha contínua (à superfície, i.e., os
6
Entrada no idioma original: bedrock.
7
Tomando como nível de referência o nível de baixa-mar.
17
afloramentos rochosos), solos urbanos pavimentados, solos de áreas industriais, solos de cavernas, assim como os solos subaquáticos, podendo ser interpretada como ‘a epiderme da terra’ (idem, ibidem).
Figura 4 – Mapa conceptual da componente física da paisagem.
A «hidrosfera» compreende a totalidade da água distribuída pela superfície terrestre, incluindo a fracção que se encontra no estado gasoso, dispersa na atmosfera (McGraw-Hill 2002b, p. 170). A «atmosfera» corresponde à envolvente gasosa do planeta, composta por azoto (78%), oxigénio (20%) e muitos outros gases, em pequenas proporções, incluindo os gases raros e o dióxido de carbono (Gaspar 2004). Este elemento é especialmente importante pois é em grande parte responsável pelo regime climático da terra. De acordo com Peixoto (1989): “Na acepção geral, o clima é a síntese do tempo e a nossa expectação sobre as condições meteorológicas futuras. (...) Para compreender os mecanismos e os processos físicos responsáveis pelo clima, é necessário, primeiro, ter uma ideia clara das características, da estrutura e do comportamento do clima. Como a atmosfera é um sistema termo-hidrodinâmico, deve ser caracterizada pela sua composição, pelo seu estado termodinâmico, especificado pelas variáveis termodinâmicas (temperatura, pressão, densidade, etc.), e pelo seu estado mecânico (velocidades, acelerações, etc.). Uma descrição completa do estado da atmosfera deveria ainda incluir 18
outras variáveis, como a nebulosidade, a precipitação, a distribuição da energia, etc., que afectam o comportamento de larga escala da atmosfera. Tradicionalmente os elementos do clima mais importantes são a temperatura e a precipitação. É com base nestes elementos que se faz a classificação dos climas da Terra.” (Peixoto 1989, p. 18) A interacção contínua dos referidos elementos está na base do processo ao qual de atribui a designação de «Dinâmica Geomorfológica», da qual resultam as formas de relevo que constituem um dos aspectos mais perceptíveis da componente física da paisagem. Componente biótica da paisagem – Sobre a componente física da paisagem instala-se o conjunto de todos os seres vivos constituindo a componente biótica da paisagem, a qual é designada por alguns autores como «biocenose» e cujo mapa conceptual se apresenta na Figura 5. Segundo Looijen & van Andel (1999) entende-se por biocenose “o conjunto de organismos de diversos ‘phyla’ ou ‘classes’ taxonómicos(as), que co-ocorrem no espaço e no tempo” (t.a.). Esta definição torna claro que a componente biótica da paisagem corresponde a um conjunto de comunidades, dado que, seguindo os mesmos autores, uma comunidade corresponde ao “conjunto de organismos de um mesmo ‘phylum’ ou ‘classe’ taxonómico(a), que co-ocorrem no espaço e no tempo”(idem, ibidem). Pode mesmo considerar-se que o conceito de comunidade é sinónimo no conceito de «taxocenose»8 proposto por Hutchinson (1978). . Por «população» entende-se: "um grupo de indivíduos da mesma espécie, vivendo numa área de tamanho suficiente para permitir comportamentos de dispersão e de migração normais, e em que as mudanças na população são em grande parte determinadas pela dinâmica entre natalidade e mortalidade." (Turchin 2003, p. 19) Finalmente, relativamente ao conceito de «espécie», este é um conceito difícil e polémico (de Queiroz 2007; de Queiroz 2005; Wilkins 2006).
8
‘Taxocene’, no idioma original, ou ‘Taxocoenosis’ apud van der Maarel (van der Maarel 2005).
19
Optando por evitar participar na discussão do conceito de espécie formulado com base em aspectos da biologia reprodutiva (vd. de Queiroz (2005)) optouse por um conceito mais pragmático de espécie (designado por ‘conceito cínico de espécie’9 ou ‘conceito taxonómico de espécie’10), segundo o qual uma espécie corresponde a “Qualquer conjunto de organismos a que um taxonomista competente preferir chamar espécie” (t.a.) (Kitcher 1984, p. 308).
Figura 5 – Mapa conceptual da componente biológica da paisagem Apesar de pouco objectivo, o conceito evidencia a sua natureza abstrata, salientando que a definição de uma espécie se constrói com base em conjuntos
de
espécimes
considerados
por
um
taxonomista
como
‘pertencentes a uma espécie’, com base na sua afinidade (morfológica ou filogenética) e na suposição de que essa similaridade será mantida pelos seus descendentes próximos (Wilkins 2006). Salienta-se que também esta componente da paisagem, com excepção das paisagens desérticas, influencia fortemente a percepção da paisagem, em particular a sua componente vegetal.
9
10
apud Kitcher (1984). apud Wilkins (2006).
20
Componente cultural da paisagem – Já no período Holocénico surge uma nova componente na paisagem, à qual alguns autores atribuíram a designação de «Noosfera» (Zonneveld 1989; Vernadsky 2005), cujo mapa conceptual se apresenta na Figura 6. Por componente cultural da paisagem entende-se todas as modificações produzidas por mão humana sobre a paisagem prístina, nas quais se incluem os usos do solo e as estruturas antrópicas (i.e., construídas pelo Homem). O «uso do solo» é uma descrição de como as pessoas usam a terra: Fisher, Comber & Wadsworth (2005) salientam que se deve distinguir com clareza o ‘uso do solo’, da ‘cobertura do solo’.
Figura 6 – Mapa conceptual da componente cultural da paisagem.
Para os referidos autores a cobertura do solo é determinada pela observação directa, enquanto o uso da terra exige uma interpretação socioeconómica das actividades que têm lugar naquela superfície. Consequentemente a cobertura do solo é essencial para o desenvolvimento de modelos físicos do ambiente (climáticos e hidrológicos), mas não é tão útil para a maioria dos objectivos de planeamento e gestão (das actividades humanas ou dos recursos naturais), onde o uso é o fenómeno em questão. Relativamente ao conceito de «infraestrutura», a sua definição não é trivial. A definição adoptada define infra-estruturas como “edificações ou sistemas que servem determinado país, cidade ou área [geográfica], tais como sistemas de transportes ou de telecomunicações, instalações de produção de energia ou escolas.” 21
(t.a.) (Webster’s Dictionary 2006). A definição apresentada engloba edifícios, redes de transportes (rodovias, ferrovias e outras infra-estruturas associadas tais como pontes e túneis) e redes de serviços (para abastecimento eléctrico, de água, de combustíveis líquidos ou para telecomunicações). A tipificação destas estruturas estará sempre dependente da escala de observação e do contexto geográfico da área em estudo, no entanto, indica-se como exemplo o caso do sistema de classificação EUNIS (vd. Secção J em Davies, Moss & Hill (2004)) que propõe um sistema de classificação para estruturas construídas, industriais ou outros tipos de estruturas artificiais11. Farina (2010) salienta a forma como esta componente da paisagem se constitui como um elemento de elevado impacte visual: “Human use of land creates mosaics, and this seems the most visible human footprint associated with linear elements like roads and railways.” (Farina 2010, p. 67). Torna-se pois evidente que a componente cultural da paisagem pode ter também um forte impacte na percepção da mesma, mesmo quando esta não é preponderante no que respeita à proporção de área ocupada, ou seja, mesmo quando a ‘matriz da paisagem’12 é natural. Como foi afirmado anteriormente, a ideia de que a paisagem resulta da conjunção, num dado momento e local, destas três componentes pode ser encontrada em muitas definições de paisagem, por vezes de forma mais explícita, noutras vezes de forma implícita. O mapa conceptual de paisagem que resulta da discussão apresentada neste capítulo é apresentado na Figura 7.
11
No seu idioma original, tais estruturas são chamadas de habitat, o que é manifestamente incorrecto,
como se poderá perceber de forma intuitiva. Uma justificação fundamentada sobre a incorrecção do uso de tal designação pode ser encontrada em Monteiro-Henriques (2010, p. 48), em nota de rodapé. 12
Sensu Forman (1995).
22
Figura 7 – Mapa conceptual do conceito de paisagem. 23
A explicitação gráfica do conceito de paisagem também não é inédita: partindo da metodologia proposta por McHarg, Steiner (2000) apresentou no seu livro “The living landscape” uma representação do conceito de paisagem como o resultado da sobreposição (ao longo do tempo) de camadas organizadas, num primeiro nível, de acordo com as componentes aqui referidas (Figura 8).
Figura 8 – Representação do conceito gráfico de paisagem apresentada por Steiner (2000), frequentemente designado por “the layer cake model”.
2.1.4
Síntese
De acordo com o apresentado no capítulo anterior, procede-se então à apresentação de uma ‘definição operacional de paisagem’, segundo a qual «paisagem» é o resultado das complexas dinâmicas espaciotemporais que se estabelecem entre as componentes física, biótica e cultural de um dado espaço geográfico. Para além das características explícitas na definição, referem-se em seguida um conjunto de características inferidas pela análise ontológica do conceito. O conceito de paisagem não é sinónimo de ecossistema, pois este último corresponde a uma entidade abstrata que, apesar de reunir todas as componentes associadas à paisagem, é desprovida de um território concreto, tal como o explicita Farina (2010): 24
“Ecosystem is a term that can be applied to all (spaceless) mechanisms that operate in nature, and can be considered the functional framework. Functions and relationships, flow of energy and material, food chains are some of the distinctive processes connected with the ecosystem concept. The landscape framework couples functioning with the space in which such functioning operates. As a consequence, the landscape framework is inclusive of the ecosystem framework.” (Farina 2010, p. 22) Apesar de ser uma entidade concreta, esta não tem limites definidos, pois as suas componentes tão pouco os têm. Tomando o exemplo da componente biótica da paisagem, poderemos reconhecer o limite geográfico do espaço ocupado pelas populações ou comunidades13, mas passando ao nível da biocenose, à qual corresponde o conjunto de todas as comunidades, esta ocupará (virtualmente) toda a superfície planetária. Isto não nega a possibilidade de definir unidades discretas a partir do estudo da paisagem, mas apenas que este exercício é indissociável dos objectivos dessa delimitação, i.e., a delimitação de entidades discretas de paisagem faz-se sempre em função de objectivos concretos. São exemplos de definição de limites físicos na paisagem os conceitos de unidade de paisagem associados à intelecção sistematizada da paisagem e utilizados com frequência do âmbito da Arquitectura Paisagista, os exercícios de delimitação de áreas com homogeneidade ecológica (para determinada escala de observação e definindo os factores ecológicos a considerar), de delimitação de bacias visuais, de bacias hidrográficas, ou ainda de delimitação de séries e geosséries de vegetação, paisagens culturais, etc. Partindo da análise ontológica do conceito de paisagem pode igualmente esboçar-se14 um sistema de classificação das paisagens (actuais), de acordo com o qual existirão (nos primeiros níveis hierárquicos):
13
O estudo da distribuição (consequentemente, dos limites das áreas de distribuição) de espécies,
populações ou comunidades designa-se por «corologia». 14
Como esboço que é, a presente tipologia não pretende apresentar uma tipologia completa e consistente,
mas apenas demonstrar a potencialidade da sua criação. Admite-se pois que a tipologia apresentada se encontra incompleta e possivelmente mais desenvolvida em alguns ‘subtipos’ do que noutros.
25
1. Paisagens culturais – paisagens nas quais componente cultural é predominante (presença evidente de estruturas antrópicas, usos socioeconómicos do solo predominantes); 1.1. Paisagens culturais desérticas – paisagens culturais em cuja componente biótica é muito escassa, ou não é perceptível; 1.1.1.
Xéricas (e.g. Petra (paisagem relicta); Pirâmides de
Gizé); 1.1.2.
De alta montanha (e.g. La Rinconada15);
1.1.3.
(...);
1.2. Paisagens culturais não desérticas – paisagens culturais em cuja componente biótica é evidente. A uma parte significativa deste tipo de paisagens, com excepção das paisagens urbanoindustriais, corresponde ao conceito de ‘human ecosystem’, proposto por Lyle (1999); 1.2.1.
Tradicionais
(paisagem
relicta);
de
montanha
Paisagens
(e.g.
das
áreas
Machu de
Pichu
pastorícia
transumante de montanha); 1.2.2.
Tradicionais de terras baixas (e.g. montado, lezíria);
1.2.3.
Urbano-industriais (e.g. áreas florestais de produção
(florestas monoespecíficas, equiénias, de crescimento rápido), culturas agrícolas intensivas (estufas, etc.), áreas sociais (cidades), áreas tecnológico-industriais (polígonos industriais)); 1.2.4. 2. Paisagens
(...); naturais
–
paisagens
sem
componente
cultural
predominante (presença pontual de estruturas antrópicas, ausência (ou apenas vestígios) de usos socioeconómicos do solo); 2.1. Paisagens desérticas – paisagens naturais nas quais a componente biótica é muito escassa, não é perceptível ou não existe;
15
Cidade mineira das montanhas do Peru (a uma altitude de 5100 m m.s.l.).
26
2.1.1.
Polares (e.g. Antárctida);
2.1.2.
Xéricas (e.g. Sahara);
2.1.3.
De alta montanha (e.g. topo do Deserto de Atacama);
2.2. Paisagens naturais não desérticas – paisagens naturais nas quais a componente biótica é evidente; 2.2.1.
Estepes e pradarias (e.g. Planalto da Mongólia);
2.2.2.
Savanas (e.g. Parque Nacional Kruger [Bushveld]);
2.2.3.
Matagais mediterrânicos (e.g. Córsega; chaparral
californiano); 2.2.4.
Florestas temperadas (e.g. Florestas do Cáucaso)
2.2.5.
Florestas
tropicais
prístinas
(e.g.
Floresta
do
Amazonas); 2.2.6.
(...);
Em conclusão, considera-se que a opção pela apresentação de um conceito de paisagem por via da abordagem ontológica se revela adequada e cumpre os objectivos inicialmente propostos, dado que foi possível formular uma definição mais consensual, objectiva, fundamentada e de cuja análise resultam propriedades úteis, tanto para a investigação científica como para a melhoria dos estudos aplicados, em particular na área da arquitectura paisagista. 2.2 A QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM 2.2.1
Preferência versus percepção da paisagem
O conceito de percepção apresenta, tal como o conceito de paisagem, múltiplos sentidos, pelo que se revela útil também neste caso tentar aprofundar com objectividade o seu significado. Desta forma, importa separar claramente os conceitos de preferência e percepção, frequentemente tomados como sinónimos.
27
2.2.1.1
Preferência como fenómeno interno ao observador
No que respeita ao estudo da preferência da paisagem, as interpretações apresentadas são fortemente influenciadas pelo trabalho de Ulrich (1983) no âmbito do qual se apresenta um ‘modelo de interpretação da resposta afectiva/emocional a um ambiente natural’ (t.a.), cuja representação gráfica se apresenta na Figura 9.
Figura 9 – Modelo de interpretação da resposta afectiva/emocional a um ambiente natural (Ulrich 1983).
O referido modelo descreve o quadro de referência através do qual decorre o fenómeno, a partir do qual se discutem as seguintes questões:
A preferência é influenciada pelo estado afectivo/emotivo inicial do observador;
Numa primeira fase a resposta resulta essencialmente da informação captada pelos sentidos, com preponderância para a informação visual, de acordo com a qual este atravessa uma fase
28
de reacção afectiva inicial, determinando uma reacção primária de apreciação positiva (o observador gosta do ambiente a que se encontra exposto) ou negativa (o observador não gosta do ambiente a que se encontra exposto);
Numa segunda fase a sua reacção afectiva inicial é modificada pela racionalização da experiência, na qual é determinante a cultura do observador. Atinge-se assim uma fase de reacção afectiva ‘pós-cognitiva’ (ou racional), a qual irá determinar o comportamento do observador (exploração, procura de refúgio, fuga, etc.).
Consequentemente, chama-se a atenção para as seguintes questões levantadas pelo referido trabalho: No que respeita à percepção instantânea da paisagem, o sentido da visão assume um papel preponderante. O autor salienta que este não é o único sentido a receber estímulo e que a percepção da paisagem é multimodal (não se restringindo ao sentido da visão), mas que a virtual ausência de estudos científicos sobre a resposta afectiva (e estética) a estímulos olfactivos, auditivos ou de outro tipo impossibilita a sua consideração no âmbito do estudo desenvolvido. Vários estudos subsequentes suportam a teoria de Ulrich, apresentando-se em seguida uma síntese dos trabalhos considerados mais relevantes no esclarecimento das questões acima abordadas. De acordo com Nørretranders (1999), se for feita a quantificação da informação que aflui a cada instante ao cérebro humano e se equiparar esse fluxo de informação à largura de banda utilizada por um computador para comunicar com o exterior, a qual estipulou ser de cerca de 12 Megabits por segundo (Mbits/s), verificar-se-á que cerca de 10 Mbits/s correspondem a informação visual, ao passo que o sentido do tacto envia cerca de um décimo deste valor (i.e., 1 Mbits/s), valor equivalente à soma dos estímulos enviados pelos restantes três sentidos (Figura 10). Igualmente interessante é o facto do mesmo autor prosseguir, salientando que do total desta informação, apenas 10-40 bits/s são objectivamente utilizados para formar o estado de consciência, ou seja, reforça-se a noção de que há uma distinção clara entre a existência
de
um
estado
pré-consciente
(eminentemente
sensorial,
instantâneo e que utilizada muita informação visual) e um estado consciente (eminentemente racional, bastante mais lento, que utiliza muito menos 29
informação e em que a proporção de informação visual utilizada é drasticamente reduzida, de forma a incorporar maior proporção de outros tipos de informação sensorial (tacto, olfacto, audição e paladar).
Figura 10 – Representação da proporção relativa da informação sensorial que aflui instantaneamente ao cérebro humano e da fracção desta que é processada de forma consciente, de acordo com Nørretranders (1999). Fonte da imagem: Introworks (2010)
Sobre o efeito do ruído na paisagem, verifica-se que: a) a combinação da informação visual da paisagem e do seu ‘perfil acústico emergente’16 aumenta a percepção e compreensão da natureza (Matsinos et al. 2008); b) as apreciações sobre a qualidade estética da paisagem com recurso simultâneo a sons naturais e imagens são consistentes com as apreciações relativas apenas à paisagem visual (Carles, Barrio & de Lucio 1999); c) apenas quando se comparam apreciações estéticas de paisagens utilizando binómios ‘imagem-som’ contendo sons naturais (por exemplo, com registo sonoro do canto de pássaros, ou das águas correntes de um riacho), em contraste com um segundo conjunto de binómios ‘imagem-som’ que utilizam as mesmas imagens e sons urbanos (por exemplo, com registo sonoro do tráfego aéreo, rodoviário, etc.) as apreciações do segundo conjunto de binómios são consistentemente penalizadas, sugerindo que o barulho das actividades humanas em espaço urbano interfere na qualidade
16
No idioma inglês é frequentemente utilizado o neologismo ‘soundscape’ para designar este conceito.
30
da experiência do visitante e até mesmo na percepção estética das paisagens (Mace, Bell & Loomis 1999). No que se refere à interferência do sentido do olfacto na apreciação da qualidade estética das paisagens, a literatura é ainda mais escassa. No entanto, de acordo com Dann & Jacobsen (2003), o sentido geral da interpretação deste fenómeno é bastante semelhante ao anterior. Tomando como ponto de partida uma revisão à ‘literatura de viagem’ publicada em 65 obras (publicadas ao longo dos últimos três séculos), os autores sustentam que as descrições das ‘paisagens odoríferas’17 não urbanas tendem a ser descritas de forma mais favorável do que as ‘paisagens odoríferas’ urbanas, tomando essas descrições como indicativas (e correlacionadas com) da apreciação estética dos ambientes rural e urbano. Como corolário desta investigação, pensando nos potenciais benefícios repercutidos na indústria turística pela apreciação estética das paisagens, os autores afirmam: “(...) if taking the city into the countryside is impractical or undesirable, then aromatically, at least, bringing the countryside into the city is an avenue worth pursuing.” (Dann & Jacobsen 2003, p. 17) O modelo de percepção sugere também que na fase final (i.e., racional, ou pós-cognitiva) do processo de apreciação estética será mais difícil obter apreciações estéticas consensuais dado que estas serão sempre fortemente influenciadas pela experiência passada e cultura de cada observador. No entanto, ao nível da reacção afectiva inicial, a qual depende fortemente da componente visual da paisagem, a possibilidade de sucesso na obtenção de um padrão universal de resposta parece viável. Daí que, doravante, será apenas tratada a questão da qualidade visual das paisagens, a qual não corresponde à totalidade da experiência estética (multimodal) da paisagem, mas corresponde a uma parte significativa desta. Será apresentada no Capítulo 2.3 uma metodologia que pretende obter, de forma objectiva, repetível e espacialmente explícita, um padrão explicativo da variabilidade da apreciação da paisagem e dos factores que nela interferem.
17
‘Smellscapes’, no idioma original.
31
2.2.1.2
A percepção como fenómeno externo ao observador
A percepção pode ser vista como um fenómeno externo ao observador. No que respeita a este capítulo, apresenta-se uma interpretação própria do fenómeno, também feita com recurso a mapas conceptuais. Assim, são propostas duas modalidades de percepção, designadas por ‘percepção directa’ e percepção indirecta’ da paisagem. Por «percepção directa da paisagem» entende-se o fenómeno de contemplação in situ da paisagem, por um ou vários observadores, inevitavelmente de forma multimodal [i.e., multissensorial] e em interacção directa com o ambiente que o(s) rodeia (Figura 11). A este tipo de percepção alguns autores atribuem a designação de ‘experiência imersiva’ (Jallouli & Moreau 2009) ou ‘simultaneous perception’ (Hiss 1990).
Figura 11 – Representação gráfica do conceito de percepção directa de paisagem.
Por «percepção indirecta da paisagem» entende-se o fenómeno de contemplação de uma representação de paisagem, por um ou vários observadores, sem que exista interacção directa com o ambiente que os rodeia (Figura 12). Importa pois definir o que se entende por «representação de paisagem», a qual corresponde ao registo, num qualquer suporte (fotográfico, videográfico, sonoro, textual, gráfico, etc.) de características de uma paisagem
e
que
permitem
a
um
observador
familiarizar-se
(parcialmente) com essa paisagem, sem que exista interacção directa entre ambos (Figura 12).
32
Figura 12 – Representação gráfica do conceito de percepção indirecta de paisagem.
Torna-se evidente que o observador pode assumir um de três papéis no processo de percepção externa da paisagem: a) pode tomar, de forma passiva, o papel de observador directo (i.e., colocando-se em contacto directo com a paisagem); b) pode também assumir o papel, igualmente passivo, de observador indirecto (i.e., familiarizando-se de forma indirecta e parcial com uma paisagem, expressas numa sua representação); c) pode intervir de forma activa, gerando uma representação da paisagem. Neste último caso pode ainda suceder que o observador opte por utilizar um sensor para efectuar a dita representação da paisagem (e.g. câmara fotográfica ou de vídeo), o qual no limite poderá ser dotado de alguma autonomia e proceder ao registo das características da paisagem de forma iterativa e sem requerer a presença do operador humano (e.g. sensor digital multi-espectral em plataforma orbital, ou seja, um satélite de observação da terra). 2.2.2
A qualidade visual da paisagem e o seu estudo
O estudo da qualidade visual da paisagem constitui, no que respeita à investigação científica, uma área de grande actividade pelo menos desde o final da década de 1960. O seu advento está correlacionado com a publicação, em especial no Reino Unido e nos Estados Unidos da América (EUA), de alguns diplomas legais de carácter ambiental dirigidos à salvaguarda de valores associados à qualidade visual (ou cénica) da paisagem. São exemplos 33
de tais diplomas o Water Resources Planning Act, aprovado nos EUA em 1965 (Fabos 1971), o National Environmental Policy Act (NEPA), aprovado nos EUA em 1969 (Daniel & Vinning 1983) e o Countryside Act, aprovado no Reino Unido em 1968 (Zube, Sell & Taylor 1982). O historial das quatro décadas e meia de investigação nesta área do conhecimento científico foi apresentado em diversos artigos de revisão entretanto publicados, nos quais se destacam os de Fabos (1971), Zube, Sell & Taylor (1982), Daniel & Vinning (1983), Dearden (1984) e de Zube, Simcox & Law (1987). Mais recentemente, Ward Thompson & Travlou (2009) prepararam um relatório de revisão sobre o tema, tomando como ponto de partida a revisão preparada cerca de uma década antes por Ward Thompson & Boyd (1998). No que se refere a publicações nacionais, referem-se os trabalhos de Andresen (1992), Saraiva (1999), Barreiros (2005) e Mendes (2010), nos quais se podem também encontrar capítulos de revisão sobre o tema. Finalmente, importa também citar o trabalho de Arbogast (2005), o qual constitui uma extensa e completa lista bibliográfica de publicações sobre gestão de recursos visuais, reunindo mais de 700 referências sobre livros, artigos científicos e páginas de Internet, dispersos pelo período de tempo compreendido entre 1912 e 2004. Dada a complexidade e abrangência do tema da apreciação da qualidade visual da paisagem, a presente revisão bibliográfica será repartida em três blocos, de forma a poder abarcar de forma estruturada as principais questões em discussão: autoria, metodologia e questões emergentes. No que se refere à autoria existem duas grandes correntes de opinião, divergentes no que respeita a quem devem ser os autores das apreciações de qualidade visual da paisagem. A primeira corrente de opinião defende que as apreciações da qualidade visual da paisagem devem ser efectuadas por técnicos com formação estética e/ou ecológica (vd. Gobster et al. (2007)), fundamentando-se no ponto de vista filosófico estabelecido pela argumentação de Carlson (1977) que defende a existência de uma correlação significativa entre a avaliação da qualidade visual da paisagem e sua qualidade ambiental, existindo portanto a necessidade de conhecimento profundo dos recursos que estão na base dessa qualidade. Nesta corrente, na qual se enquadram McHarg (McHarg 1992), Zube (1970), Fabos (1979) e também Sousa da Câmara (1986), a 34
questão da avaliação da qualidade visual da paisagem encontra-se subordinada à questão de gestão global dos recursos. Nesta corrente de opinião encontram-se também os autores para os quais é importante considerar uma escala absoluta de qualidade visual da paisagem, de acordo com a qual se conseguiria obter um mapa de qualidade visual de paisagem para uma região ou país, sendo estes comparáveis entre si. A grande finalidade dos estudos efectuados desta forma é pois a obtenção do mapa final de qualidade visual da paisagem. Exemplos de tais abordagens podem ser consultados tanto em estudos mais antigos, elaborados sem recurso aos modernos sistemas de informação geográfica (SIG) (Fines 1968), como em estudos mais recentes, nos quais os SIG desempenham um papel central no processo (Vizzari 2011). Há ainda que referir alguns estudos em que se faz a comparação entre apreciações feitas por grupos de especialistas e apreciações feitas por grupos de leigos, sendo detectadas diferenças significativas nos valores atribuídos às mesmas paisagens pelos distintos grupos (Vouligny, Domon & Ruiz 2009; Dearden 1984). A segunda corrente de opinião defende que os estudos de qualidade visual da paisagem devem utilizar a opinião do público no processo de apreciação da qualidade visual da paisagem. Esta posição é suportada do ponto de vista filosófico pela posição defendida por Lothian (1999), de acordo com o qual, “a [escala de] beleza encontra-se nos olhos do observador” (t.a.), pelo que este deve ser perscrutado. Para esta corrente de opinião a produção de um mapa de qualidade visual de paisagem constitui um subproduto opcional e não a finalidade do estudo, considerando que a finalidade primeira de tais estudos consiste em perceber qual a sensibilidade do público relativamente à beleza relativa de determinado conjunto de paisagens (Lindemann-Matthies et al. 2010), ou ainda de aspectos particulares dessas paisagens decorrentes de diferentes estratégias de gestão (Ford et al. 2009; Tyrvaiinen, Silvennoinen & Kolehmainen 2003; Misgav & Amir 2001; Ribe 1999) ou de propostas alternativas de intervenção na paisagem (Sullivan & Lovell 2006; Steinitz 1990). Nota-se pois que, em especial nos estudos publicados a partir da década de 1990, o processo de avaliação da qualidade visual da paisagem passa a constituir uma ferramenta adicional no processo de apoio à tomada de decisão na gestão do território, influenciando o modo como se intervém na paisagem (Nassauer 1995; Nassauer 2004).
35
No que se refere à metodologia, adopta-se a estrutura e conteúdo apresentado na revisão efectuada por Daniel e Vinning (1983), de acordo com os quais há cinco abordagens distintas para a avaliação da qualidade visual da paisagem, caracterizando cada uma delas quanto à sua fiabilidade, sensibilidade, validade e utilidade:
Abordagem ecológica: a abordagem ecológica é normalmente levada a cabo por um especialista (ou conjunto de especialistas) com
formação
em
ecologia
ou
ciências
biológicas.
Consequentemente, atribui frequentemente demasiado peso à característica da ‘naturalidade’, penalizando quaisquer sinais de intervenção humana na paisagem. Quanto à sua fiabilidade e sensibilidade desta abordagem, estas dependem em boa parte da coerência e precisão do observador [especializado] encarregue da sua execução, mas apresenta a vantagem de permitir a validação a posteriori por um outro avaliador (ou conjunto de avaliadores) independente(s). Por outro lado, dado que não há garantias de que a intervenção humana não possa contribuir positivamente para a qualidade da paisagem, pelo que a validade da abordagem pode ser posta em causa nestas condições. Apesar disso, nas situações em que a exigência de elevados valores de naturalidade na paisagem seja um objectivo, esta abordagem pode ser considerada útil e desejável;
Abordagem estética [formal]: esta é, segundo os autores, uma das abordagens mais utilizadas na análise da qualidade visual da paisagem. A abordagem estética considera que a qualidade reside nas características formais (i.e., em elementos como composição, textura, cor e disposição espacial de estruturas lineares e pontuais),
independentemente
observadores,
da
escala
de
do
contexto
observação
e
cultural do
grau
dos de
naturalidade/artificialidade da paisagem em causa. Defende-se também que este tipo de avaliação deve ser conduzido por observadores com formação específica para o efeito (i.e., por técnicos especializados). No entanto, a subjectividade de alguns conceitos utilizados nas avaliações efectuadas de acordo com esta abordagem
(e.g.
mistério,
contraste,
unidade,
harmonia,
complexidade) dificulta a avaliação objectiva da fiabilidade e 36
sensibilidade do método. A validade desta abordagem é discutida por Daniel e Vinning (1983), que se questionam se a consideração estrita de aspectos formais (estrutura e composição) da paisagem poderá capturar “todos os aspectos esteticamente relevantes” dessa mesma paisagem, sendo apresentadas referências de estudos que concluem em qualquer dos dois sentidos (vd. Arthur (1977) e Buhyoff et al. (1978), por exemplo). Apesar disso, os autores salientam que o facto de esta ser uma das abordagens mais frequentes na avaliação da qualidade da paisagem sugere que a comunidade de investigadores e técnicos responsáveis pela elaboração desses estudos reconhece a utilidade da mesma;
Abordagem psicofísica: a abordagem psicofísica de avaliação da qualidade da paisagem pretende averiguar a existência de relações matemáticas entre algumas características da paisagem e a medida de apreciação resultante da percepção dessas paisagens por um conjunto de observadores. Por outras palavras, o objectivo desta abordagem é obter uma interpretação (precisa e objectiva) do padrão de qualidade visual da paisagem com base em apreciações expressas pelo público, relacionando-as com características visualmente detectáveis (e.g. forma do relevo, estrutura da vegetação, presença de estruturas construídas, etc.), identificadas como ‘factores’. Para tal os inquiridos são expostos a um conjunto de estímulos visuais (e.g. fotografias coloridas, projecção de diapositivos (Nassauer 1983; Ribe 1999; Tyrvaiinen, Silvennoinen & Kolehmainen 2003) ou de vídeo (Morgan 1999)) representativos das paisagens de uma região, os quais devem ser ordenados ao longo de uma escala [ordinal] de qualidade visual. Considerado um conjunto de características físicas, bióticas, estéticas (ou de outra natureza) representadas em cada imagem exibida, será possível inferir, através de técnicas estatísticas (de ordenação e/ou classificação), relações matemáticas entre as características consideradas e o valor qualidade visual atribuído a cada imagem pelo grupo (ou grupos) de inquiridos. Dada a natureza estatística das análises efectuadas, fica assegurada a fiabilidade da abordagem psicofísica, a qual tem sido testada por diversos autores (Hull IV & Buhyoff 1984; Palmer 2000; Palmer
37
& Hoffman 2001), desde que cumpridos os pressupostos estabelecidos para cada procedimento estatístico utilizado (dimensão mínima da amostra, tipo de escala utilizada, distribuição forçada ou livre, etc.). Quanto à utilidade do método, Daniel e Vinning (1983) defendem que no curto prazo a sua utilidade é limitada, dado que ainda não há consenso quanto ao número e natureza das características das imagens (i.e., factores) a utilizar mas uma vez que esse consenso seja atingido então a abordagem revelar-se-á de grande utilidade pois será possível produzir zonamentos de qualidade visual de paisagem a partir de dados inventariados periodicamente, sem a necessidade de efectuar inquéritos;
Abordagem psicológica: a abordagem psicológica utiliza como indicadores de qualidade visual de paisagem as sensações e atitudes suscitadas pelas paisagens em todos aqueles que as visitam, habitam ou simplesmente as observam. Diversos autores apontam como obra seminal desta abordagem o livro de Kaplan & Kaplan (1989) intitulado “The experience of nature: a psychological perspective”. Consequentemente, o foco da presente discussão está na reacção afectiva (inicial ou pós-cognitiva) que se produz em cada indivíduo que experiencia determinado ambiente, partindo da premissa inicial que sustenta que as paisagens de elevada qualidade visual suscitam no observador sensações
positivamente
conotadas
(conforto,
segurança,
liberdade, descontracção, alegria), ao passo que as paisagens de reduzida qualidade visual suscitam sensações negativamente conotadas (medo, hesitação, insegurança, tensão, desconfiança). Tipicamente, as reacções de cada inquirido são registadas sobre um leque diverso de escalas ordinais de reacção afectiva (e.g. nível de segurança sentido, utilizando um número restrito de classes entre “muito inseguro” e “muito seguro”)18 ou, alternativamente, utilizando outros métodos de análise tais como a «análise semântica diferencial» de Osgood, Suci & Tannenbaum (1971). Este último tipo de análise foi também utilizado por Shafer &
18
Estas escalas correspondem a variantes da escala de Likert (1932).
38
Richards (1974) para comparar as reacções entre observação directa da paisagem e observação indirecta da paisagem (utilizando fotografias coloridas ou projecção de diapositivos coloridos), tendo concluído que quando as representações da paisagem (fotografias ou diapositivos, no caso) ilustram adequadamente a variabilidade dos ambientes naturais e artificiais, a medição da resposta obtida pela ‘análise semântica diferencial’ em ambas as situações é bastante similar, validando deste modo o uso da técnica fotográfica em estudos de avaliação da qualidade visual da paisagem. Estas conclusões foram também verificadas por Nassauer (1983) e Stewart et al. (1984).
Abordagem fenomenológica: esta abordagem coloca ainda mais ênfase na componente individual e subjectiva das reacções, expectativas e interpretações pessoais de cada observador, dado que conceptualiza a percepção da paisagem como “um encontro íntimo entre o observador e o ambiente em seu redor” (t.a.) (Daniel & Vinning 1983, p. 72) e não procede ao tratamento estatístico dos dados, ou os submete a algum outro tipo de análise de fiabilidade. Apesar de ser frequentemente utilizado para a ordenação de conjuntos restritos de paisagens de acordo com escalas relativas de excelência visual (i.e., na pesquisa do ‘sublime’ nas paisagens), a sua incorporação em estudos de gestão do território não é habitual. Como já foi referido, esta abordagem dá grande ênfase à sensibilidade em detrimento da fiabilidade.
Consequentemente,
os
autores
consideram
a
abordagem fenomenológica excessivamente sensível para que seja útil no processo de planeamento e gestão da paisagem, tanto mais que apenas uma pequena fracção da variabilidade nas apreciações expressas poderá ser atribuída a variações na paisagem, sendo a fracção dominante atribuída à individualidade interpretativa de cada observador. Em síntese, Daniel e Vinning (1983) sustentam que as abordagens baseadas em conhecimento pericial (i.e., as abordagens ecológica e estética formal) não são as mais adequadas para elaborar estudos sobre a qualidade visual da paisagem dado que se verifica a existência de discrepâncias significativas entre a apreciação feita por técnicos com formação especializada. Lothian 39
(1999) vai ainda mais longe, afirmando que as abordagens suportadas pelo ‘paradigma objectivista’ de análise da qualidade da paisagem (de acordo com o qual “a beleza é uma característica intrínseca da paisagem”19), são essencialmente subjectivas e não consensuais ao passo que as abordagens suportadas pelo ‘paradigma subjectivista’ (de acordo com o qual “a beleza reside no olhar do observador”20) são essencialmente objectivas e pressupõem a obtenção de critérios consensuais através de métodos rigorosos, replicáveis e suportados por quadros de referência teóricos. Também a abordagem fenomenológica
é
considerada
pelos
supracitados
autores
como
desadequada, embora por razões muito distintas das anteriores (que se prendem fundamentalmente com a subjectividade e complexidade da informação recolhida), o que dificulta o seu tratamento subsequente, designadamente por métodos estatísticos. Consequentemente, apesar de os autores citados considerarem que nenhuma das abordagens responde cabalmente às exigências de fiabilidade, sensibilidade, validade e utilidade exigidas a priori, consideram que as abordagens psicológica e psicofísica se revelam mais robustas e indicadas para a prossecução de estudos de qualidade visual de paisagem, sugerindo mesmo que uma fusão criteriosa das duas abordagens poderá vir a revelar-se a melhor abordagem possível. Finalmente, no que respeita às questões emergentes na investigação científica relacionada com o estudo da qualidade visual da paisagem, a revisão da produção científica produzida desde 2000 até à actualidade em revistas indexadas no ISI Web of KnowledgeSM permite concluir que:
Existe um aumento de publicações sobre o tema na área geográfica da Europa (Arriaza et al. 2004; Cañas, Ayuga & Ayuga 2009; de la Fuente de Val, Atauri & de Lucio 2006; Dramstad et al. 2006; Fyhri, Jacobsen & Tømmervik 2009; Jallouli & Moreau 2009; Junker & Buchecker 2008; Lafortezza et al. 2008; Lindemann-Matthies et al. 2010; Lindemann-Matthies, Junge & Matthies 2010; Matsinos et al. 2008; Ozguner & Kendle 2006; Sevenant & Antrop 2010; Soliva & Hunziker 2009; Surová & Pinto-correia 2008; Tveit 2009; Tyrvaiinen, Silvennoinen &
19
(Lothian 1999, p. 180).
20
(idem, ibidem).
40
Kolehmainen 2003; van den Berg & Koole 2006; Vouligny, Domon & Ruiz 2009; van den Berg & Koole 2006), bem como nos Próximo e Médio Oriente (Ayad 2005; Bulut & Yilmaz 2008; Misgav & Amir 2001; Misgav 2000; Acar et al. 2006). No caso do espaço europeu, este fenómeno deverá, em parte, estar correlacionado com o surgimento, em 2005, da Convenção Europeia da Paisagem, segundo a qual os estados membros são instados a “estabelecer procedimentos para a participação do público, das autoridades locais e autoridades regionais, e de outros intervenientes interessados na definição e implementação das políticas da paisagem”21.
A investigação já não incide nas questões metodológicas que dominaram o debate ao longo das décadas de 1980 e 1990, no decurso das quais se discutia a validade do uso de fotografias em estudos sobre qualidade visual da paisagem (vd. Coeterier (1983), Nassauer (1983) ou Hull IV & Stewart (1992), por exemplo), ou a sua validade e fiabilidade (vd. Hull IV & Buhyoff (1984), ou Palmer (2000) e Palmer & Hoffman (2001), já nos primeiros anos da década de 2000). Actualmente a discussão metodológica centra-se na utilidade do uso das novas tecnologias de informação, designadamente em dois aspectos: elaboração de questionários online (Bishop & Miller 2007; Ode et al. 2009; Ozguner & Kendle 2006; Pfluger, Rackham & Larned 2010) e utilização de simulações digitais de paisagem enquanto estímulo visual (Lange & Hehl-Lange 2005; Bishop & Rohrmann 2003; Lafortezza et al. 2008).
Parte significativa dos estudos consultados procura tirar partido da informação resultante da avaliação da qualidade visual da paisagem com base na preferência expressa pelo público, de forma a melhorar as estratégias de gestão do território ou a garantir uma melhor aceitação das estratégias de gestão
21
Alínea c) do Art.º 5º da Convenção Europeia da Paisagem, concluída a 20 de Outubro de 2000 em
Florença pelos estados-membros do Conselho da Europa, aprovada por Portugal pelo Decreto n.º 04/2005, de 14 de Fevereiro, ratificada a 29 de Março de 2005 (apud Aviso n.º 260/2005, da mesma data) e entrado em vigor a 1 de Julho de 2005.
41
(delineadas pela administração) por parte da opinião pública. Exemplos de tais estudos podem sem encontrados em estudos elaborados em contexto rural (Junker & Buchecker 2008; Ozguner & Kendle 2006; Pfluger, Rackham & Larned 2010; Lindemann-Matthies et al. 2010) e também urbano (Yang et al. 2009; Sullivan & Lovell 2006; Tyrvaiinen, Silvennoinen & Kolehmainen 2003; Lafortezza et al. 2008). Esta situação denota uma certa mudança de atitude nos planeadores, actualmente mais atentos à opinião pública, a qual se tornou também mais exigente e crítica à medida que foi passando a ver a paisagem, através dos ecossistemas em presença, como uma entidade provedora de serviços ambientais (de suporte, produção e regulação) e também de serviços culturais, determinantes para a promoção do bem-estar humano (Figura 13), tal como vem enunciado na avaliação portuguesa do Millennium Ecosystem Assessment (Pereira et al. 2010).
Produção
Regulação
Culturais
Bens produzidos ou aprovisionados pelos ecossistemas
Benefícios obtidos da regulação dos processos de ecossistema
Benefícios não materiais obtidos dos ecossistemas
• alimento • água doce • lenha • fibra • bioquímicos • recursos genéticos
• regulação do clima • regulação de doenças • regulação de cheias • destoxificação
• espiritual • recreacional • estético • inspiracional • educacional • simbólico
Suporte Serviços necessários para a produção de todos os outros serviços • Formação do solo • Ciclos dos nutrientes • Produtividade primária
Biodiversidade Figura 13 – Serviços prestados pelos ecossistemas, segundo o quadro de referência estabelecido no Millennium Ecosystem Assessment (Pereira et al. 2010).
Esta questão encontra-se no cerne do paradigma de ‘paisagem multifuncional’, muito defendido na actualidade.
42
Por fim, emergem ainda questões mais específicas, que se prendem com o impacte visual gerado por tipos específicos de estruturas como sejam aerogeradores (Bishop 2002; Lothian 2008) ou também como a observação da paisagem a partir de estruturas lineares como sejam as rodovias (Clay & Smidt 2004; Eby & Molnar 2002).
2.2.3
Síntese
A avaliação da qualidade cénica das paisagens tem sido alvo de investigação científica desde a década de 1960, em particular nos países anglo-saxónicos. A revisão bibliográfica efectuada distingue recorrentemente duas abordagens diferentes: a abordagem baseada em sistemas de avaliação criados por especialistas e a abordagem baseada na preferência expressa pelo público (ou sectores específicos deste). Desde o início do presente século assistiu-se ao ressurgimento da investigação nesta matéria, bem como à sua expansão aos países europeus e do Próximo Oriente, com especial ênfase nas abordagens baseadas na preferência expressa pelo público. Este fenómeno foi essencialmente motivado pelo seguinte conjunto de razões: 1.
a mudança de paradigma de uso dos espaços produtivos (florestais e agrícolas)
e
também
não
produtivos
(naturais),
da
monofuncionalidade para a multifuncionalidade, expandindo a noção de uso recreativo a toda a paisagem rural (Buijs, Pedroli & Luginbühl 2006); 2.
o
reconhecimento
do
valor
da
paisagem,
num
contexto
socioeconómico e político de abrandamento da função produtiva de algumas terras (seguindo as actuais orientações da PAC) e de incentivo à prestação de outros tipos de serviços ambientais (conservação dos recursos solo e água, sequestro de carbono, combate à perda de biodiversidade, contribuição para o bem-estar físico e psíquico das populações) (Maulan, Mohd. Shariff & Miller 2006; Stoate et al. 2009);
43
3.
o surgimento da Convenção Europeia da Paisagem, através da qual os estados signatários são instados a estabelecer e aplicar políticas da(s) paisagem(s), visando a sua protecção, gestão e ordenamento, bem como a promover a crescente participação do público, das autoridades locais e regionais e de outros intervenientes interessados na
definição
e
implementação
das
medidas
anteriormente
mencionadas (Steinitz & Muñoz Criado 2009). As abordagens de uso mais generalizado na actualidade são as que exploram o modelo psicofísico de interpretação do conceito de qualidade visual da paisagem, com base na preferência expressa pelo público. 2.3 A
FITOSSOCIOLOGIA
E
A
SUA
UTILIDADE
COMO
FERRAMENTA DE ESTUDO E GESTÃO DA PAISAGEM “Plants dominate the biosphere. Plants feed all of humanity. They provide food and shelter for nearly all wildlife, and even regulate the climate. More than 99.9% of the biomass on Earth is plants, (…), of which 30% to 50% are at risk of extinction (…). That we understand and appreciate plants is an imperative for human survival.” (Keddy 2005, p. 145) A «Geobotânica» é uma ciência ecológica que estuda a relação entre a vida vegetal e o ambiente terrestre, tanto na geobiosfera – fitocenoses22 terrestres – como na hidrobiosfera – fitocenoses aquáticas – (Rivas-Martínez 2007). Uma das suas disciplinas, ou ciências básicas, é a «Fitossociologia» (a par da Taxonomia Vegetal, da Bioclimatologia e da Biogeografia), através da qual se procura classificar e ordenar as fitocenoses num sistema hierárquico. Dividese, normalmente, em três níveis de estudo (de crescente complexidade, gerada pela consideração da dinâmica temporal e dos gradientes ambientais existentes
a
diversas
escalas
espaciais):
A
Fitossociologia
s.str.,
a
Fitossociologia Dinâmica e a Fitossociologia Dinâmico-Catenal (idem, ibidem).
22
i.e., comunidades vegetais.
44
O conhecimento dos fundamentos desta provecta ciência23 pode obter-se pela consulta de um elevado número de publicações, tanto em língua portuguesa (Capelo 2003; Aguiar 2000; Capelo 2007; Monteiro-Henriques 2010) como noutras línguas ocidentais, com destaque para a língua inglesa (Braun-Blanquet 1965; Rivas-Martínez 2005; Rivas-Martínez 2007), francesa (Géhu 2006a; Géhu & Rivas-Martínez 1981) e espanhola (Alcaraz 1996; Alcaraz 1999; Asensi 1996; Rivas-Martínez 2007; Rivas-Martínez 1996). A presente revisão pretende apresentar alguns dos conceitos fundamentais da ciência fitossociológica de modo a tornar evidente a utilidade e adequabilidade do uso da Fitossociologia enquanto ferramenta de gestão do território (fundamentalmente no caso dos territórios não urbanos), tanto por arquitectos paisagistas como por técnicos com várias outras formações académicas. A opinião anteriormente proferida não é recente, tendo já sido mencionada por outros autores, o que atesta a sua importância na área da Arquitectura Paisagista. Já em 1950 Caldeira Cabral defendia o mesmo ponto de vista, tal como se pode atestar na passagem constante do texto da 1.ª lição proferida aos alunos do curso livre de Arquitectura Paisagista desse ano: “Igualmente indispensável se nos afigura a fitossociologia não só porque, trabalhando sempre com conjuntos de espécies, temos de ter uma noção das suas possibilidades de vida em comum, mas porque nos dá indicações preciosas sobre as possibilidades da paisagem e sobre o sentido da sua evolução.” (Caldeira Cabral 1993, p. 43) Esta afirmação de Caldeira Cabral reflecte a sua sabedoria, a actualidade dos seus conhecimentos científicos e também o facto da sua formação em arquitectura paisagista ter sido obtida na Alemanha, entre 1936 e 1939 (Andresen 2001), em pleno período de consolidação e difusão da Escola de Fitossociologia Moderna ou Sigmatista24, que decorreu entre 1930 e 1945 (Géhu 2010) e no qual participaram ilustres botânicos alemães como sejam
23
Relativamente à evolução e história desta ciência centenária, vd. Géhu (2010).
24
A designação é uma clara alusão à Station Internationale de Géobotanique Méditerranéenne et Alpine,
instituição bem conhecida pelo seu acrónimo «S.I.G.M.A.», que sob a carismática liderança do Dr. Josias Braun-Blanquet foi a instituição no âmbito da qual surgiram os trabalhos que impulsionaram a ciência fitossociológica no meio académico e científico de então.
45
Reinhold Tüxen (então presidente da Comissão Nacional Alemã de Fitossociologia) e também Heinz Ellenberg. De igual modo se podem recolher referências à utilidade da fitossociologia nos estudos da paisagem por parte de alguns dos mais reputados arquitectos paisagistas norte-americanos: McHarg (1992) menciona que no seu trabalho de 1967 relativo à elaboração de um plano de paisagem para a cidade de Washington25, se socorreu do conceito de ‘associação vegetal’ como conceito fundamental para explicitar as mudanças que ocorrem ao nível do coberto vegetal natural ou seminatural da região, as quais resultam de processos de adaptação às alterações das condições ambientais de cada local. O autor defende mesmo que o conjunto das associações vegetais resultante desta análise deve constituir a ‘paleta’ de comunidades a utilizar por todos os profissionais envolvidos no desenho da paisagem, ou na gestão da mesma. Também Lyle (1999) escreveu no seu livro “Design for Human Ecosystems” (originalmente publicado em 1985) que de entre os sistemas de classificação das comunidades vegetais o da escola do Dr. Josias Braun-Blanquet, era dos mais utilizados, baseando os critérios de classificação em medidas relativas de abundância de cobertura, sociabilidade, fertilidade, frequência e fidelidade, permitindo identificar as combinações de espécies que constantemente aparecem juntos em determinada posição de um ou vários gradientes ambientais. De igual modo, reconhecia a importância prática do sistema por este constituir uma sólida base conceptual para a concepção de ‘ecossistemas humanos’ estáveis e sustentáveis. Torna-se pois evidente que a utilização sustentável da paisagem implica, na perspectiva de uma vasta gama de técnicos gestores do território nos quais se incluem
os
arquitectos
paisagistas,
o
conhecimento
profundo
e
cientificamente fundamentado da sua cobertura vegetal. Exemplos de estudos nos quais essa preocupação é evidente são frequentes, em particular em estudos sobre planeamento e gestão à escala municipal (Magalhães et al. 2007) ou mais especificamente em estudos de ordenamento e gestão de áreas protegidas (Ribeiro et al. 2002; Ribeiro et al. 2003). São aspectos particularmente relevantes neste contexto o conhecimento da estrutura, composição florística, sinecologia e comportamento perante a perturbação
25
O referido plano designou-se, no idioma original, “A Comprehensive Landscape Plan for Washington D.C.”
46
(antrópica ou natural) das comunidades vegetais. Dado que é precisamente este o âmbito do conhecimento no qual opera a Fitossociologia, esta revelase como uma ferramenta de grande utilidade no estudo, mas também no apoio à gestão da paisagem, em especial em contextos não urbanos. 2.3.1
Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da Fitodiversidade
O conceito de «diversidade biológica», ou «biodiversidade», encontra-se definido no Artigo 2º da Convenção sobre a Diversidade Biológica26, segundo o qual: “Diversidade Biológica significa a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre as espécies e dos ecossistemas” (Decreto-Lei n.º 21/93 (D.R. I Série), de 21 de Junho, 3369) Constata-se que o conceito se reveste de grande amplitude, abarcando diversos níveis de complexidade, o que dificulta a sua compreensão. No entanto, defende-se que todos os humanos terão uma ideia (pelo menos intuitiva) do significado do conceito e de que este é actualmente, considerado um dos critérios primordiais na definição de áreas prioritárias para a conservação da natureza, frequentemente apoiados na premissa de que áreas com elevada diversidade biológica merecem maiores esforços para a sua conservação (Loidi 2004). Por outro lado, dado que a ciência fitossociológica estuda apenas uma parte da componente biológica do meio – a parte respeitante ao Reino Vegetal, ou seja, à vegetação – estaremos na prática a referir-nos a uma parte da diversidade biológica dos ecossistemas, a qual se poderá designar por «fitodiversidade». No que respeita à sua aplicação existem diversas linhas de investigação bastante activas, designadamente no que respeita a: diversidade de
26
A Convenção sobre a Diversidade Biológica foi adoptada, em 20 de Maio de 1992, pelo Comité
Intergovernamental de Negociação, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e aberta à assinatura em 5 de Junho de 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, tendo sido ratificada por Portugal através do Decreto-Lei n.º 21/93, de 21 de Junho, e entrado em vigor a 21 de Março de 1994.
47
interpretações do conceito e de abordagens para a sua quantificação (Araújo 1998; Moreno 2001; Loidi 2004); perda de biodiversidade por alteração das condições ambientais, por acção antrópica ou por combinação de ambas (Fernández-González, Loidi & Moreno Saiz 2005; McNeely et al. 1995; Millennium Ecosystem Assessment 2005; Proença et al. 2009); formulação de estratégias para mitigar as perdas de biodiversidade, em especial as provocadas por acção antrópica (Comissão das Comunidades Europeias 2006; Novacek & Cleland 2001). Sobre as diversas abordagens para a quantificação da biodiversidade (e por analogia, da fitodiversidade), considera-se que o conceito de diversidade tem sido associado a dois componentes distintos: riqueza e equitabilidade (Araújo 1998; Loidi 2004). Araújo (1998) defende que a preferência entre as duas abordagens varia consoante o peso que se pretende conferir a espécies raras e comuns, referindo que riqueza e equitabilidade representam dois extremos do mesmo conceito, dando a primeira medida mais peso relativo às espécies raras e a segunda maior ponderação às espécies comuns. Também Loidi (2004) salienta a complementaridade entre as duas estratégias de quantificação e, partindo da sistematização proposta por Whittaker (1972) para a caracterização da diversidade a diversas escalas espaciais, enuncia diversos tipos de diversidade (neste caso conotados com o conceito de riqueza específica), considerando os seguintes níveis: «Diversidade Alfa» (α-diversidade) – a diversidade associada a uma dada comunidade (ou unidade de amostragem); «Diversidade Beta» (β-diversidade) – a diversidade associada a um mosaico de comunidades; «Diversidade Gama» (γ-diversidade) – a diversidade associada a uma região, dentro da qual alguns autores incluem ainda: «Diversidade Delta» (δ-diversidade) – a diversidade associada a complexos de paisagens (grandes amplitudes territoriais, ou geográficas); «Diversidade Ómega» (ω-diversidade) – a diversidade associada à totalidade do planeta. Sobre o nível de complexidade a que o estudo da diversidade vegetal por via da Fitossociologia se efectua, este ocorre em simultâneo a dois níveis: ao nível das espécies e ao nível das comunidades. Ao nível das espécies, dado 48
que no cerne da metodologia fitossociológica está o procedimento de elaboração de inventários fitossociológicos, no decurso dos quais se elaboram listagens dos táxones (ao nível mínimo de discriminação taxonómica
da
espécie,
mas
considerando
com
frequência
níveis
taxonómicos infra-específicos) e se registam os respectivos coeficientes de abundância-dominância, a par de um conjunto de outras informações sobre a área inventariada, como sejam a sua dimensão, caracterização estrutural da comunidade e variáveis de habitat e de paisagem (Capelo 2003). Será também evidente que a Fitossociologia estuda a diversidade vegetal ao nível das comunidades, dado que são este o seu objecto de estudo. Saliente-se que Monteiro-Henriques (2010), reflectindo sobre o conceito de nicho ecológico e suas características27, deduziu que os nichos das comunidades vegetais são menores e mais homogéneos do que os nichos das entidades a outros níveis de complexidade (sejam estes o nível espécies ou o das séries ou mosaicos de vegetação). Esta característica confere ao nível das comunidades vegetais elevado poder discriminativo no que respeita à tipificação de indivíduos e respectiva caracterização ecológica. Finalmente, coloca-se ainda o problema das lacunas de conhecimento, designadamente ao nível do conhecimento taxonómico: uma parte bastante significativa da diversidade da vida na Terra permanece desconhecida. De acordo com Heywood & Watson (1995), as estimativas para o número total de espécies varia entre os improváveis valores de 3,6 milhões a 100 milhões, sendo o valor mais plausível da ordem dos dez milhões. Destas, apenas cerca de 1,5 a 1,8 milhões foram descritas pela ciência (Wilson 2003). Mesmo os organismos mais complexos esperam por uma contabilidade exacta. No que se refere às plantas vasculares, um dos grupos preferidos dos naturalistas durante séculos, estas não devem atingir as 300 000 espécies descritas, sendo que a cada ano 2000 novas espécies são adicionadas à lista mundial do International Plant Names Index (IPNI) (idem, ibidem). No caso dos animais, a situação foi recentemente retratada por Carbayo & Marques (2011), através da seguinte afirmação:
27
Por analogia com o conceito de nicho realizado de uma espécie, tal como enunciado por Hutchinson
(1957), o nicho realizado de uma associação foi definido por Monteiro-Henriques (2010) como um hipervolume teórico n-dimensional que contém a nuvem de pontos cujas coordenadas são os valores medidos para cada uma das n variáveis ambientais consideradas. A este hipervolume o autor chamou ‘sinhabitat’.
49
“(…) the main immediate obstacle to cataloging animal diversity is undoubtedly the small and inadequate number of proficient taxonomists (the ‘taxonomic impediment’). At the current rate (average of 16,000 species per year), the present generation of trained taxonomists would take around 360 years to fully catalogue world animal diversity. Increasing the number of working taxonomists would take a significant amount of time because it takes a long time to train and develop taxonomists.” (Carbayo & Marques 2011, p. 155) No caso da fitossociologia, o panorama será um pouco mais animador: no quadro da Península Ibérica, a checklist das comunidades vegetais até ao nível da associação preparada por Rivas-Martínez et al. (2001) enumera mais de 2500 associações para o território peninsular. A lista nacional de sintáxones, cuja preparação está em curso sob a orientação de J. C. Costa, totaliza 755 associações, repartidas por 236 alianças, 114 ordens e 64 classes (J.C. Costa, com. pess.). Ainda que esta lista possa crescer um pouco nos próximos anos, estará seguramente menos incompleta que as listas de espécies relativas à maioria dos grupos de seres vivos28. Conclui-se assim, analisando os atributos da informação fitossociológica, a sua representatividade e completude, que é possível não apenas estimar índices de diversidade biológica (fitodiversidade) com base nessa informação, mas fazê-lo em diversas escalas espaciais, tomando em consideração os conceitos e unidades hierárquicas geradas pela Fitossociologia. Como exemplos, referem-se os estudos de cartografia de séries de vegetação elaborados a diversas escalas e âmbitos geográficos, desde os estudos de caracterização de todo o espaço europeu (Bohn & Neuhäusl 2000), aos estudos de âmbito nacional (Blasi 2010; Rivas-Martínez 1987; Rivas-Martínez 2007; Lawesson 2004), passando pelo âmbito territorial das regiões autónomas espanholas (Loidi & Báscones 2006; Loidi et al. 2009) e finalizando em estudos locais, à escala de uma área protegida (Costa, Espírito-Santo & Arsénio 2010) ou de um município (Lousã et al. 2005; Lousã et al. 2006). Para além de enunciar as séries de vegetação presentes nos territórios estudados, estes trabalhos caracterizam de forma aprofundada cada unidade tipificada, incluindo a sua corologia, enquadramento
28
Atente-se, por exemplo, nas estatísticas globais, segundo as quais a taxa total de organismos vivos já
descritos varia entre 2% e 50%, com um valor mais plausível à volta dos 20%. E quanto mais pequenos os organismos, pior o cenário.
50
bioclimático e biogeográfico, conteúdo florístico (com referência a espécies indicadoras, diferenciais e também as espécies com interesse para conservação), os usos do solo característicos para cada série e o seu estado de conservação. 2.3.2
Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da dinâmica das
fitocenoses Foi nas décadas de 1970-1980 que se produziu a evolução da Fitossociologia clássica (ou Sigmatista) para a Fitossociologia Dinâmica (ou Paisagista), a qual tem como conceito central a «série de vegetação» (Géhu & RivasMartínez 1981; Rivas-Martínez 1976), conceito este que se encontra estreitamente associado ao de «sucessão ecológica» (Clements 1916; Clements 1928). Através do conceito de ‘sucessão ecológica’ reconhece-se que a componente vegetal da biosfera é dotada de dinamismo, o qual ocorre numa escala temporal da ordem de séculos (ou pelo menos de largos decénios) e que, fruto desse mesmo dinamismo, é possível detectar mudanças nas comunidades vegetais que ocorrem num território (em certa medida)29 ecologicamente homogéneo, nomeadamente ao nível da estrutura, composição florística e abundância relativa das espécies vegetais em presença. Essa lenta evolução decorre percorrendo ‘patamares [ou estádios] metaestáveis’ correspondentes a distintas comunidades (identificáveis pela metodologia fitossociológica clássica). A transição entre esses patamares é determinada por um complexo conjunto de mecanismos ditos ‘de sucessão’, com origem natural ou antrópica, que podem produzir alterações no sentido do aumento da complexidade estrutural, da biomassa e da riqueza específica, conduzindo à saturação cenótica do cenótopo30 (mecanismos de sucessão progressiva), ou do seu decréscimo (mecanismos de sucessão regressiva) (vd., por exemplo, Capelo (2003) ou Loidi (2009)). Ao conjunto das fitocenoses
29
Naturalmente, as relações que se estabelecem entre biosfera e geosfera determinam também o
comportamento dinâmico da geosfera, ou seja, haverá sempre alguma alteração do contexto ecológico do espaço em questão, nomeadamente em termos de desenvolvimento pedogenético, e condições higrométricas, microclimáticas, etc., ainda assim, dentro de certos intervalos de variação, esse território poderá ser considerado ecologicamente homogéneo. 30
A avaliação da saturação cenótica pode ser efectuada pela razão entre a produtividade primária da
fitocenose e os seus gastos energéticos em respiração. Nas fitocenoses ‘saturadas’, essa razão tenderá para o valor um, sendo este comportamento típico dos bosques naturais bem desenvolvidos.
51
que podem ser encontradas em espaços tesselares afins (i.e. ecologicamente similares), que se encontram relacionadas entre si por mecanismos de sucessão (Figura 14), dá-se o nome de ‘Série de Vegetação’ (Rivas-Martínez 2007). Neste conjunto encontram-se tanto a fitocenose que corresponde ao estado final da sucessão, designada por «etapa madura» ou «cabeça de série», como as que correspondem aos estados iniciais e intermédios do processo de sucessão, também designadas por «etapas subseriais». Dominant plant life form Meso-phanerophytes
Slow growing secondary forests
Micro-phanerophytes
Heliophyllous tall shrub communities
Nano-phanerophytes Chamaephytes
Fast growing secondary forests
Low scrub communities Chamaephytic succulent communities
Chamaephytic shruby communities Loose soils perennial grasslands
Hemi-cryptophytes Therophytes
Climactic forest
Therophytic succulent communities
Oligotrophic and/or pioneer perennial grasslands
Mesotrophic perennial grasslands
Annual forb/grass communities Primary productivity (ordinal scale)
Figura 14 – Modelo teórico do processo de sucessão ecológica, com base numa tipologia ecofisionómica de comunidades vegetais (Aguiar, inéd.)
A série de vegetação constitui a unidade teórica fundamental da Fitossociologia Dinâmica, resultando da união de uma tessela (espaço geográfico de ocorrência da série) com o seu «habitat» (espaço abstracto multidimensional do conjunto dos factores ecológicos, ocupado pela série) e com o conjunto de comunidades, associadas entre si pelos processos de sucessão, que ocupam esses espaços (comunidades subseriais + respectiva ‘cabeça de série’). Por tal razão, para nomear correctamente uma série de vegetação, importa mencionar não apenas o seu nome (de acordo com o código internacional de Nomenclatura Fitossociológica (Weber, Moravec & Theurillat 2000)), mas também as suas características ecológicas e geográficas mais importantes através de uma frase que indique ordenadamente: âmbito biogeográfico, carácter bioclimático, afinidades edáficas, assim como a espécie dominante na associação denominada ‘cabeça de série’ (RivasMartínez 2007). No sentido estrito, o nome de uma série de vegetação corresponde ao nome da associação que constitui a ‘cabeça de série’, à qual se substitui o sufixo -etum pelo sufixo -eto, seguido do epíteto sigmetum.
52
No estádio final da sucessão – em condições ecológicas médias para determinado contexto climático e sobre solos zonais – atinge-se a fase final da sucessão ecológica, a qual se caracteriza pela existência de comunidades vegetais no estado máximo de maturidade ecológica (máximo de biomassa e diferenciação estrutural) designadas por «comunidade clímax» ou «vegetação climácica». Com base nos trabalhos de Rivas-Martínez (1976) e Capelo (2003), apresenta-se uma síntese dos principais conceitos relacionados com a noção de ‘clímax’.
«Clímax climatófilo»: último estágio da vegetação que se desenvolve sobre solos que retêm apenas água da chuva (i.e., perfazendo a capacidade de campo do solo e drenando a água restante), profundos e sem excesso de iões fitotóxicos, mantendose em equilíbrio com o macrobioclima regional. Em termos fisiográficos, correspondem às situações planas ou de meia encosta («euclimatopos», apud Capelo (2003)).
«Clímax (edafófilo) edafoxerófilo»: último estágio da vegetação que se desenvolve no âmbito climático anteriormente referido mas em situações fisiográficas em que se verifica a redução da espessura de solo vivo (cristas ou paredes rochosas, por exemplo), o que resulta numa reduzida capacidade de retenção da água proveniente da precipitação. Nestes biótopos desenvolvem-se comunidades com menores necessidades em água (comunidades xerofíticas). A secura anormal tem portanto origem nas condições topográficas e de solo.
«Clímax (edafófilo) edafo-higrófilo»: último estágio da vegetação que se desenvolve sobre solos pedogeneticamente evoluídos, mas em fundos de vale ou bacias endorreicas com drenagem hídrica deficiente. Nestas situações existe um excesso de água de origem freática que se soma à água proveniente da precipitação. Correspondem, por exemplo, às florestas de galeria ripícola, as quais foram anteriormente também designadas por Subclímax (Rivas-Martínez 1976).
«Clímax paraclimácico»: último estágio da vegetação que se desenvolve sobre solos oligotróficos (i.e., muito pobres em nutrientes minerais) (Tüxen 1956; Rivas-Martínez 1976). Géhu 53
(2006b) afirma que alguns autores franceses utilizaram, de forma errada, o termo ‘paraclimácico’ para se referirem a comunidades resultantes de perturbações humanas de longa duração, mas que esse não é o sentido original do termo, devendo evitar utilizar-se no referido caso.
«Clímax disclimácico»: apesar do conceito de clímax de Clements (1936) não ser o mesmo dos autores europeus (vd. Capelo (2003)), o conceito de disclímax tem sido utilizado indistintamente para designar comunidades sucessionalmente evoluídas, distintas do clímax, que resultam de processos de perturbação recorrentes e frequentemente (mas não obrigatoriamente) associados a actividades humanas. São exemplo deste tipo de vegetação as formações pirófilas, i.e., adaptadas à passagem frequente de fogos, que por essa causa se estabelecem com grande dominância e resiliência, constituindo um ‘impasse sucessional’ difícil de suplantar.
Um conceito adicional que importa discutir é o de «permassérie de vegetação». Este conceito corresponde a uma versão particular de série de vegetação, normalmente associada a um contexto ecológico muito localizado e específico31 («microtessela», ou «permatessela»), no qual a sucessão em direcção ao clímax se viu bloqueada numa etapa perene geralmente mal estratificada e pobre em estágios subseriais não anuais (Rivas-Martínez 2005). Este é o caso de vários locais com contextos climáticos particulares (territórios polares, hiperdesertos, topos de altas montanhas) ou situações geomorfológicas muito específicas (cristas rochosas, paredes ou escarpados rochosos e respectivas fissuras, dunas móveis, arribas costeiras, turfeiras, margens de rios, margens de lagos e charcos, nascentes, sapais e charcos temporários). Nestas condições, além das comunidades constituídas por espécies anuais efémeras e outras que possam estabelecer-se temporariamente em zonas abertas ou degradadas, apenas a comunidade perene original pode subsistir, reorganizando-se de forma cíclica e permanente (idem, ibidem).
31
De acordo com Loidi et al. (2009, p. 79), a especificidade ecológica das permatesselas decorre da
existência no local de (pelo menos) um factor limitante do desenvolvimento vegetal, ou seja, indutor de stress. São exemplos desses factores a elevada salinidade, a higromorfia ou o vento excessivo.
54
2.3.3
Sobre a utilidade da Fitossociologia no estudo da distribuição
espacial das fitocenoses Naturalmente, o dinamismo temporal não constitui o único processo que determina a existência de mosaicos de fitocenoses na paisagem. Esse mosaico, evidente em diversas escalas de observação, é também determinado pela heterogeneidade natural da geosfera, resultante da combinação de condições particulares de Geologia/Geomorfologia, Litologia/Pedologia e Clima. Como tal, existe uma diversificada paleta de combinações de elementos e de processos geológicos, a qual actualmente se designa por «geodiversidade», que constitui a ‘fundação’ de qualquer contexto ecológico. A vegetação (inter)relaciona-se com essa realidade, resultando assim num novo nível de complexidade a que é necessário atender no momento de ‘ler a paisagem vegetal32’ e dela obter um conjunto valioso e diversificado de informação sobre a mesma. As «geosséries de vegetação», as quais se identificam pelo epíteto geosigmetum, constituem a unidade básica e objecto de estudo da Fitossociologia Dinâmico-Catenal. Para tal importa discernir, ainda que sinteticamente, um conjunto de situações ecológicas particularmente importantes para a distribuição espacial das fitocenoses. Considerando a macroescala,
salientam-se
a
existência
de
gradientes
ecológicos,
fundamentalmente de natureza climática, que influenciam a distribuição da vegetação à escala global: os «gradientes altitudinais» e os «gradientes latitudinais». São estes os gradientes os que justificam as alterações observáveis na vegetação, à medida que se percorre um continente no sentido
N-S,
ou
se
sobe
uma
montanha33,
respectivamente.
Consequentemente, porque cada série de vegetação tem uma circunscrição bioclimática própria, estas estarão dispostas ao longo dos gradientes climáticos altitudinais e latitudinais, formando «andares de vegetação». A
32
Sem prejuízo de outras definições mais complexas e objectivas de ‘paisagem vegetal’ existentes (vd.
Capelo (2003)) o termo será utilizado neste texto tomando o significado de ‘mosaico de comunidades vegetais (de origem natural, seminatural ou antrópica) que num deternimado instante recobrem a superfície de uma dada paisagem’. 33
O gradiente altitudinal é mais evidente que o latitudinal pois, atentando apenas na temperatura, por
cada 100 m de ascensão ao longo da vertente de uma montanha produz-se uma descida de temperatura de
55
uma sequência de pisos de vegetação, dispostos ao longo de um gradiente climático (altitudinal ou latitudinal), dá-se o nome de «catena clisserial» ou «geossérie clisserial». Há também que referir a existência de um segundo tipo de catena de vegetação cuja observação é patente a outra escala de observação (a mesoescala): a «catena topográfica», ou «geossérie topográfica». Refere-se este conceito ao zonamento que se produz ao longo do modelo topográfico (ou geomorfológico) genérico, do tipo ‘cabeço-encosta-vertente-vale’ e que se encontra fortemente relacionado com um conjunto de gradientes edáficos observáveis no modelo. Rivas-Martínez (2007) refere-se aos referidos gradientes, discutindo as suas principais características, nos seguintes termos: “Tal marco topográfico elemental de referencia [a catena topográfica] permite destacar los tres aspectos geomorfológicos más generales de cualquier catena completa. Las estaciones más xéricas coinciden con las crestas o zonas abruptas, las más húmedas o higrófilas siempre se hallan en valles, depresiones o surgencias de agua, en tanto que las situadas entre ambas, las mesofíticas, y submesofíticas, corresponden a lo que denominamos ladera poco inclinada o piedemonte. El agua de lluvia por gravedad tiende a desplazarse hacia los valles tanto por escorrentía como por percolación, creando con ello una secuencia de humedad creciente en los suelos por aporte oblicuo. Al mismo tiempo, la erosión hídrica debida a la lluvia favorece la disgregación y arrastre de partículas y solutos hacia abajo, lo que hace incrementar el espesor y trofia de los suelos hacia los piedemonte y los valles. En el marco elemental descrito -que naturalmente se puede diversificar mucho según sea la escabrosidad del relieve, la litología y composición de los suelos- es donde se ubican armónicamente las comunidades vegetales y donde se producen los fenómenos sucesionales y catenales tendentes a equilibrar el biosistema. La distribución de la vegetación en el modelo general ‘cresta-ladera-piedemonte-valle’, va desde la más resistente a la xericidad, que ocupa las crestas y los suelos más secos (series edafoxerófilas), a la más exigente en humedad que se sitúa en los valles y depresiones
cerca de 0.65º C. Para obter semelhante descida na temperatura média ao longo de um trajecto N-S, será necessário percorrer uma distância de cerca de 100 km (Alcaraz 1999).
56
adyacentes a los ríos y a las capas freáticas superficiales, que suelen anegar temporalmente los suelos (series edafohigrófilas), quedando la intermedia en aquellos espacios más acordes con lo estrictamente aportado por las lluvias a lo largo del año o con un incremento estacional moderado de agua en suelo durante las épocas de lluvia (series climatófilas: submesofíticas, mesofíticas y temporihigrófilas).” (Rivas-Martínez 2007, p. 81) Fica patente nesta descrição o conjunto de factores edáficos cuja variação determina a alteração da vegetação e cujo gradiente se encontra correlacionado com a posição topográfica dentro do modelo descrito: higromorfia, grau de trofia e profundidade do solo. Neste aspecto, o modelo é de resto bastante semelhante (e possivelmente inspirado) no modelo de ‘Catena de Solo’ proposto por Milne (1935). Por analogia com o exposto no que se refere às séries e permasséries de vegetação, importa referir a existência de versões particulares de geosséries, às quais se atribui o nome de ‘Geopermassérie de vegetação’34, a qual se refere a uma catena de permasséries dispostas ao longo de um marcado gradiente ecológico decorrente de situações topográficas ou edáficas específicas, geralmente expressas à microescala, tais como paredes e escarpas rochosas, rochedos litorais batidos pelo mar, sapais, campos dunares, turfeiras, margens de lagoas, etc. 2.3.4
Síntese
A Fitossociologia Dinâmico-Catenal constitui uma ferramenta de grande utilidade para os Arquitectos Paisagistas (e demais gestores do território), dado que o estudo das comunidades vegetais através desta ciência permite:
inferir a geodiversidade do território, bem como a sua diversidade climática;
34
Este conceito, outrora conhecido pelo termo microgeosigmetum, tem sido alvo de grande discussão,
nomeadamente porque apenas admitia permasséries (ou microsigmeta) i.e., séries constituídas por uma única comunidade permanente na série, o que deixava de fora alguns ‘complexos de vegetação’ que, ocupando microtesselas de elevada especificidade ecológica, continham séries não climatófilas com mais de uma comunidade permanente. Consequentemente, alguns autores sugerem que se abdique do conceito de geopermassérie, utilizando em todas as situações a designação de geossérie (vd. Alcaraz (1996) ou Monteiro-Henriques (2010), por exemplo) .
57
conhecer a diversidade do património natural vegetal, o qual constitui a maior parte da biomassa presente na paisagem, é responsável pela sua produtividade primária e presta serviços ambientais e sociais de indiscutível relevância;
perceber as relações de dinamismo que se estabelecem entre as comunidades vegetais presentes, independentemente da origem da força motriz (natural ou antrópica), facilitando a análise retrospectiva (e também prospectiva) da evolução da paisagem;
perceber a influência dos factores ecológicos que determinam o arranjo espacial dos mosaicos de comunidades na paisagem. Tal característica é fulcral para a interpretação do funcionamento da paisagem, da qual depende o seu uso sustentável;
relacionar todo o conhecimento obtido com outras abordagens ao estudo da paisagem. A título de exemplo, refere-se a total compatibilidade entre o zonamento decorrente da análise fitossociológica (catenal) da paisagem, quando comparada com o zonamento obtido pela análise da morfologia da paisagem proposta por Magalhães (2001; Magalhães et al. 2007) (Figura 15).
58
Figura 15 – Correlação espacial entre formas simples de relevo, unidades fundamentais da carta de morfologia da paisagem (Magalhães et al. 2007; Magalhães 2001) e unidades fundamentais da Fitossociologia Dinâmico-Catenal. I – Formas simples de relevo; II – Unidades fundamentais da carta de morfologia da paisagem; III – Unidades fundamentais da Fitossociologia Dinâmico-Catenal.
Pelas razões acima apontadas, a Fitossociologia Dinâmico-Catenal é, no contexto na gestão do espaço rural, um excepcional modelo de explicação/antevisão das alterações produzidas no coberto vegetal, quer por causas naturais, quer por causas antrópicas. No âmbito do planeamento ambiental a utilização de modelos reveste-se de grande importância, tal como o evidencia a metodologia proposta por Steinitz (2003), a qual estabelece um quadro de referência para a realização de estudos de gestão da paisagem à escala regional. A referida metodologia defende o estabelecimento de cenários de gestão alternativos como forma de apoio à tomada de decisões, considerando os impactes ecológicos e económicos mais significativos (Figura 16).
59
Figura 16 – Modelo de alteração da paisagem para a criação de futuros alternativos (Steinitz 2003). Extraído de (Dangermond 2010)
Para tal o conhecimento pericial dos diversos especialistas envolvidos tornase determinante na correcta previsão dos padrões de alteração da paisagem, com base em diferentes conjuntos de hipóteses sobre a quantidade e o tipo de pressões que a região enfrenta no médio prazo, de acordo com distintas estratégias e políticas de desenvolvimento e conservação. No que se refere à modelação das alterações no coberto vegetal (i.e., à utilização de um ‘vegetation change model’) o recurso à fitossociologia paisagista afigura-se não apenas como possível mas também recomendável.
60
3
QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE
ALENTEJANO "Belo não é ‘o gosto pessoal’, é ‘todos os gostos pessoais’." (Almada Negreiros 1982, p. 250) 3.1 INTRODUÇÃO No presente capítulo será desenvolvido um estudo da qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano recorrendo a uma metodologia psicofísica, que permitirá obter um modelo espacialmente explícito da qualidade visual da paisagem tendo por base as apreciações expressas pelo público. O dito estudo utilizará como estímulo um conjunto de fotografias coloridas representativas das paisagens da área em estudo, as quais serão ordenadas ao longo de uma escala ordinal de qualidade visual. A partir da informação obtida deste modo será então possível elaborar, através de análise inferencial, um modelo matemático capaz de produzir uma interpretação genérica do padrão de preferência expresso pelo conjunto dos indivíduos inquiridos, em função de um conjunto de características físicas, bióticas e culturais da paisagem, de modo a permitir a sua tradução num mapa final de qualidade visual da paisagem. Assim sendo, o procedimento metodológico adoptado consistirá na sequência acoplada dos seguintes procedimentos: Avaliação Q-Sort + Regressão linear + Álgebra de mapas. Chama-se a atenção para o facto de uma parte do conjunto de dados utilizado, bem como uma parte da metodologia empregue no estudo, terem sido já apresentados por Mendes (2010), no âmbito da dissertação de mestrado apresentada e cuja orientação foi assegurada pelo autor do presente capítulo. 3.2 ESTUDO
DA QUALIDADE VISUAL DA
PAISAGEM COM
RECURSO À METODOLOGIA Q-SORT A metodologia «Q-Sort» foi uma metodologia de análise factorial invertida proposta originalmente por Stephenson (1953) para a avaliação psicológica da personalidade humana, apresentando-se como um método matemático alternativo aos até então existentes para lidar com a subjectividade da 61
opinião do público (Block 1961; Pitt & Zube 1979; ten Klooster, Visser & de Jong 2008). Vários autores reconheceram também a aptidão da metodologia em resolver problemas complexos de classificação de subgrupos, de acordo com um conjunto de características intrínsecas partilhadas por elementos de um mesmo subgrupo (vd. ten Klooster, Visser & de Jong (2008, p. 513)). Pitt & Zube (1979) propuseram a sua utilização como método psicométrico de avaliação da qualidade visual da paisagem, colocando em evidência a validade, fiabilidade e utilidade do método. Desde então vários autores têm utilizado com sucesso o método, confirmando a sua utilidade e facilidade de implementação, bem como a qualidade e objectividade dos resultados obtidos (vd. Dearden (1984), Swaffield & Fairweather (1996), Steinitz (1990), Misgav (2000), Fairweather & Swaffield (2001), Palmer (2004) e Steinitz & Muñoz Criado (2009)). De acordo com ten Klooster, Visser & de Jong (2008) o método Q-Sort é implementado em quatro etapas: 1.
Recolha de informação relevante no âmbito do tema a tratar, com vista à preparação do inquérito;
2. Selecção e preparação dos itens a utilizar no inquérito (Q-sample) e estruturação do mesmo. Nesta fase os dois aspectos considerados cruciais para a estruturação do inquérito são o número de itens a utilizar e o esquema de distribuição forçada a utilizar. Relativamente ao esquema de distribuição forçada, geralmente representativo da distribuição normal, é necessário decidir quantas classes de valor serão utilizadas e qual o número de itens a atribuir em cada classe. Também na fase de preparação da Q-sample se procede à formulação de hipóteses a testar (na fase de análise dos dados) com base num conjunto de factores considerado; 3. Ordenação dos itens de inquérito de acordo com o esquema de distribuição forçada adoptado (Q-sort), tarefa executada por cada um dos indivíduos amostrados; 4. Análise dos dados.
62
Nas análises Q-sort à qualidade visual da paisagem os itens de inquérito utilizados com mais frequência são as fotografias de paisagem35 coloridas. Vários foram os estudos que investigaram a validade da sua utilização como substitutos da experiência directa (imersiva) da paisagem, verificando-se a existência de um consenso relativamente generalizado quanto à aceitação da sua utilização em estudos sobre apreciação da qualidade visual da paisagem (Shafer & Richards 1974; Nassauer 1983; Hull IV & Stewart 1992), com óbvias vantagens no que respeita à redução de custos e tempo de execução dos inquéritos. Consequentemente foi realizado na área de estudo, no período de 2009-2010, mais de um milhar de fotografias de paisagem com vista á constituição de um fundo de imagens a partir das quais se pudesse formar a Q-sample a utilizar no estudo. As referidas imagens foram obtidas tentando cumprir um conjunto de regras que permitisse a constituição de uma amostra relativamente homogénea e desprovida de características que pudessem
influenciar
negativamente
o
estudo,
constituindo
ruído
indesejável na fase de análise numérica dos dados. Assim, o seguinte conjunto de regras foi estabelecido:
Orientação e altura do horizonte: todas as fotografias foram obtidas com orientação horizontal, fixando sempre que possível a linha do horizonte na transição entre o primeiro e o segundo terço da imagem, a contar do topo;
Distância focal: todas as fotografias foram obtidas utilizando distâncias focais entre 35 e 90 mm;
Sazonalidade: apenas foram utilizadas fotografias obtidas durante os meses de Março, Abril ou Maio dos anos 2009 e 2010;
Condições atmosféricas: foi dada prioridade às imagens obtidas em dias de céu limpo. Apenas quando não foi possível escolher fotografias com céu limpo se recorreu a fotografias com céu nublado, o que acabou por acontecer em 40% das imagens. As condições de nebulosidade admitidas foram, ainda assim, consideradas como indicativas de boas condições meteorológicas,
35
i.e., fotografias terrestres oblíquas, em posição horizontal e com baixas distâncias focais.
63
não
sendo
admitidas
na Q-sample quaisquer
fotografias
representativas de condições atmosféricas adversas;
Conteúdo: as fotografias seleccionadas partilham similaridades no que respeita à ausência de pessoas (com excepção de duas fotos em contexto urbano, mas nas quais a presença das figuras humanas é pouco perceptível), à ausência de animais ou campos floridos evidentes e ao preenchimento do primeiro plano da imagem (na medida do possível) com apenas um tipo de cobertura do solo, a qual deveria encontra-se à meia distância e não apenas na área de vizinhança das primeiras dezenas de metros;
Relativamente ao estabelecimento das hipóteses a testar no âmbito da análise da qualidade visual da paisagem, considerou-se que a explicação da preferência do público deveria basear-se em aspectos relativos às três componentes da paisagem: física, biótica e cultural. Esta questão, que já tinha sido identificada por Daniel & Vinning (1983) e Fairweather & Swaffield (2001), vai ao encontro da discussão apresentada no Capítulo 2.1.3. Assim, foram seleccionados como factores determinantes para a apreciação da qualidade da paisagem dois factores relativos à componente física da paisagem (‘visibilidade para as massas de água’ e ‘formas do relevo’, respectivamente), dois factores relativos à componente biótica da paisagem (‘densidade de cobertura vegetal’ e ‘estrutura fisionómica da vegetação’) e também dois factores relativos à componente cultural da paisagem (‘visibilidade para elementos de património construído’ e ‘carácter tradicional da paisagem’). Os referidos factores foram considerados sob a forma de gradientes, de modo a poderem ser representados por variáveis ordinais e deste modo poderem integrar a análise de regressão linear subsequente. Em termos práticos, a inclusão dos factores acima referidos é traduzida no seguinte conjunto de hipóteses, a testar estatisticamente: 1.
Visibilidade para massas de água: a qualidade visual da paisagem é tanto mais elevada quanto maior e mais próxima for a presença de planos
de
água
no
campo
visual
considerado.
Resultados
semelhantes foram obtidos em numerosos estudos (Ulrich 1983; Steinitz 1990; Gülez 1996; Steinitz & Muñoz Criado 2009);
64
2. Formas de Relevo: a qualidade visual da paisagem está positivamente
correlacionada
com
valores
crescentes
de
movimentação das formas do relevo, i.e., a preferência do público é mais elevada em situações de relevo mais movimentado (Steinitz 1990); 3. Densidade de cobertura vegetal: a qualidade visual da paisagem é superior em situações de maior cobertura vegetal, i.e., quanto mais ‘verdes’ forem as paisagens, maior a sua qualidade visual (Smardon 1988); 4. Estrutura fisionómica da vegetação: a qualidade visual da paisagem encontra-se inversamente correlacionada com a estrutura predominante no coberto vegetal (Bulut & Yilmaz 2008). Considerase que esta hipótese se fundamenta em algumas das características apontadas, entre outros, por Ulrich (1986) a paisagens naturais (‘não espectaculares’, como o próprio salienta) que recebem boa apreciação pela opinião pública. Este factor estará decerto coassociado a outras características como sejam a facilidade de progressão dentro da paisagem e também a maior profundidade do campo de visão, as quais constituem também critérios com algum peso na avaliação efectuada por cada inquirido; 5. Visibilidade para elementos de património construído: à semelhança da hipótese de visibilidade para a água, postula-se que a visibilidade para elementos de património construído (e.g. moinhos, capelas, fortificações) contribui positivamente para a qualidade visual da paisagem (Arriaza et al. 2004), sendo que há uma variação positiva com a diminuição da distância e consequentemente com o aumento da preponderância do elemento de património no campo visual da fotografia. Nesta situação os elementos construídos assumem a condição de ‘landmark’, com valor enquanto ícone (Figura 17) e destacando-se claramente de outras intervenções antrópicas na paisagem (e.g. antena de telecomunicações ou canal de rega).
65
Figura 17 – O farol do cabo Sardão, um elemento do património construído com grande valor enquanto ‘landmark’ da região. Foto do autor.
6. Carácter tradicional da paisagem: a qualidade visual da paisagem é superior quando o tipo de cobertura do solo em presença é interpretado como uma paisagem tradicional na região em estudo. A interpretação deste factor, embora algo subjectiva, reveste-se de alguma importância no actual contexto europeu no qual se assiste ao ressurgir da discussão sobre a preservação de ‘paisagens tradicionais’ (Vos & Meekes 1999; Pinto-Correia 2000; Antrop 2005). Uma vez finalizada a fase de escolha das fotos para constituição da amostra (Q-sample), num total de 50 fotografias, passou-se à fase de execução dos inquéritos. O conjunto dos indivíduos amostrados totaliza 300 pessoas, dos quais 41% (123 indivíduos) são do sexo masculino e os restantes 59% (177 indivíduos) do sexo feminino. O perfil de cada inquirido foi ainda aprofundado com informação relativa ao escalão etário (de acordo com as classes utilizadas pelo INE), o nível de instrução (considerando os níveis básico, secundário e superior de ensino), estatuto de residência (considerando residentes, visitantes ou nenhum dos anteriores) e nacionalidade (considerando portugueses versus estrangeiros).
66
Os inquéritos decorreram parcialmente (80% do total, totalizando 240 inquéritos) no local de estudo, mas também foram feitos alguns inquéritos nas instalações do ICNB de algumas áreas protegidas da região da Grande Lisboa (10%, totalizando 30 inquéritos) e igual quantidade de inquéritos foram feitos da Universidade de Wageningen (Holanda) a estudantes do segundo ano da licenciatura em Arquitectura Paisagista (vd. Quadro 1). Os inquéritos efectuados nas localidades da área de estudo e em Wageningen foram levados a cabo no período de Março a Maio de 2010 e os inquéritos aos técnicos e vigilantes do ICNB foram efectuados no período de Setembro a Outubro do mesmo ano. Quadro 1 – Caracterização dos inquiridos amostrados, por proveniência e género. Proveniência
Total
Homens
Mulheres
Almograve
15
6
9
Milfontes
65
25
40
Odemira
77
31
46
Porto Covo
37
17
20
Zambujeira
26
11
15
São Teotónio
20
8
12
ICNB (PNA, PNSAC, PNSC, PPAFCC, RNES) Wageningen (NL)
30
16
14
30
9
21
Total
300
123
177
A cada um dos inquiridos foi entregue o conjunto de 50 fotografias representativas das paisagens da área de estudo, ordenado de forma aleatória, pedindo que levasse a cabo o seguinte conjunto de tarefas: 1.
Por favor, ordene o seguinte conjunto de fotografias ao longo de uma escala ordinal de qualidade visual de paisagem. Na referida escala a classe mais elevada, associada ao valor 5 (e à cor verde escura), corresponde a uma paisagem de qualidade visual muito elevada, a classe associada ao valor 4 (cor verde clara) corresponde a uma paisagem de qualidade visual elevada, o valor 3 (cor amarela) a qualidade visual media, o valor 2 (cor laranja) a qualidade visual baixa e o valor 1 (cor vermelha) a uma qualidade visual muito baixa. Em cada categoria de qualidade visual anteriormente referida deverá constar um número fixo de fotografias o qual é de 5, 10, 20, 10 67
e 5, respectivamente, sendo que dentro de cada categoria não há distinção de valor entre fotografias; 2. Seguidamente, assinale por favor as três paisagens que, de acordo com o seu critério pessoal, gostaria de utilizar para realização de ‘actividades de recreio’36. Por uma questão prática de optimização da organização das fotografias sobre uma mesa de dimensão média, o sistema de distribuição forçada pelas cinco classes de qualidade visual foi transformado numa matriz de 10 colunas, com 5 fotografias por coluna (vd. Figura 18).
Figura 18 – Disposição das fotografias segundo uma matriz rectangular de 10 colunas por cinco linhas, considerando a distribuição forçada das fotografias pelas diferentes classes de qualidade visual (Extraída de Mendes (2010)).
Os inquéritos não tinham qualquer limitação quanto ao tempo disponível, sendo que em média estes foram completados em cerca de 20±5 minutos (Figura 19). Os dados resultantes de cada inquérito eram então registados numa folha de cálculo, a partir da qual se prepararam os inputs para a fase de análise numérica subsequente. Do referido tratamento de dados resultaram duas matrizes: 1.
A matriz dos inquéritos, na qual se apresentam os scores atribuídos por cada inquirido a cada fotografia, seguidos da identificação das fotos eleitas para recreio e dos dados de caracterização do inquirido;
2. A matriz das fotografias, na qual cada fotografia se encontra caracterizada pelo valor médio dos scores atribuídos pelos 300
36
Não era especificada qualquer actividade de recreio, deixando ao critério do inquirido essa escolha.
68
entrevistados, seguido do valor da frequência de selecção da fotografia para recreio e dos valores atribuídos aos factores considerados determinantes para a apreciação da qualidade visual das paisagens representadas.
Figura 19 – Registo fotográfico de alguns dos inquéritos efectuados.
No capítulo seguinte serão apresentados os resultados da análise numérica executada e discutidas as suas implicações no estudo da qualidade visual das paisagens do Sudoeste Alentejano. 3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS A análise numérica foi efectuada recorrendo ao software IBM® SPSS® Statistics, versão 19. Os procedimentos efectuados repartiram-se por três fases: 1.
numa primeira fase são investigadas as relações entre a qualidade visual da paisagem e a sua procura para recreio. Para tal será pesquisada a existência de uma relação proporcional directa entre as respostas globalmente apresentadas às duas tarefas anteriormente solicitadas a cada inquirido;
69
2. em segundo lugar foi efectuada uma regressão linear da qualidade visual da paisagem, considerando os factores determinantes para a sua apreciação anteriormente enunciados; 3. finalmente, foi estudada com maior detalhe a relação entre as classificações atribuídas a cada fotografia e o perfil dos inquiridos, com vista ao estabelecimento de grupos de indivíduos cujo comportamento na apreciação da qualidade visual da paisagem pudesse estar correlacionado com algumas características do perfil dos inquiridos. 3.3.1
Relação entre qualidade visual da paisagem e procura para
recreio A correlação entre a qualidade visual média de cada fotografia e a frequência com que essas fotografias foram seleccionadas para utilização no âmbito de actividades de recreio é estatisticamente significativa (R2=0.809; P>0.05). A Figura 20 ilustra a relação exponencial encontrada entre os valores anteriormente referidos.
Figura 20 – Representação da função de regressão exponencial encontrada entre o valor da qualidade visual média de cada fotografia e a frequência com que esta foi seleccionada para utilização no âmbito de actividades de recreio.
70
Os resultados apresentados permitem pressupor que, como seria espectável, que as paisagens de maior qualidade visual serão as mais susceptíveis à procura para recreio, o que constituirá uma fonte de pressão antrópica considerável. 3.3.2
Análise inferencial (Regressão linear)
Conforme foi discutido no Capítulo 2.2.2 a avaliação da qualidade da paisagem através da abordagem psicofísica pretende averiguar a existência de relações matemáticas entre algumas características da paisagem e a medida de apreciação dessas paisagens produzida por um conjunto de observadores. Esta relação é usualmente investigada efectuando uma análise de regressão linear, tomando como variável dependente a qualidade visual média de cada fotografia e como variáveis dependentes os factores determinantes para a apreciação da qualidade da paisagem anteriormente discutidos. A regressão efectuada não excluiu qualquer variável independente (foi portanto utilizado o método ‘Enter’), pois considera-se que por coerência com a definição de paisagem apresentada é importante considerar factores relativos às suas três componentes. O modelo gerado pela regressão apresenta um elevado valor explicativo (Quadro 2). A distribuição dos coeficientes pelas variáveis independentes (ou explicativas) é apresentado no Quadro 3, no qual de pode também verificar que, apesar da sua baixa correlação de algumas dessas variáveis quando consideradas individualmente, todas se revelam estatisticamente significativas (P0.05) nas apreciações de qualidade visual da paisagem produzidas, em função do escalão etário, do género e também do perfil cultural dos inquiridos. Como forma de aprofundar um pouco mais estas conclusões optou-se pela realização de uma classificação divisiva, recorrendo ao aplicativo WinTWINS (TWINSPAN for Windows) versão 2.3, da qual se dá conta no capítulo seguinte. 3.3.3
Análise TWINSPAN
O algoritmo do método de classificação divisiva TWINSPAN (Two Way INdicator SPecies ANalysis) foi desenvolvido por Hill (1979) com o objectivo de constituir um método numérico de classificação de dados de vegetação (inventários), através do qual se parte de uma matriz de inventários-porespécies e se obtém uma tabela ordenada nos dois sentidos (i.e., o algoritmo procede à classificação dicotómica simultânea dos inventários e também das espécies, com base no refinamento progressivo de um único eixo de análise de correspondências (CA)) (vd. Capelo (2003), ou Capelo (2007)). A possibilidade de interpretação ecológica da classificação produzida, à qual o programa associa um conjunto de espécies diferenciais para cada grupo, tornou TWINSPAN num dos programas mais utilizados em ecologia de comunidades (Capelo 2003; Jongman, Braak & Tongeren 1995). A descrição detalhada do método de classificação pode ser consultada em Capelo (2007).
74
Na presente análise foi preparada uma matriz de dados em que as linhas correspondem fotografias e as colunas a inquéritos. Ao cruzamento de uma determinada linha x por uma coluna y corresponde a apreciação dada pelo inquirido que respondeu ao inquérito y sobre a fotografia x o que, por analogia do conceito de pseudo-espécie no caso da aplicação às comunidades vegetais, corresponde a uma pseudo-score da qualidade visual da paisagem. Os resultados da análise produzida levaram à segregação de três grupos de fotografias, aos quais corresponderam apreciações diferenciadas por quatro grupos distintos de utilizadores, conforme sintetizado na Figura 23. 4.00 3.80 3.60 3.40 3.20 3.00 2.80 2.60 2.40 2.20 2.00
Grupo I
Grupo II
Grupo III
Gr. Fotog. A
3.57
3.11
2.48
Grupo IV 2.56
Gr. Fotog. B
3.06
3.12
3.02
2.89
Gr. Fotog. C
2.44
2.29
3.12
3.80
Figura 23 – Tabela simplificada dos resultados da classificação executada pelo TWINSPAN. Grupo de fotografias A: fotografias 14, 20 e 21 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 3 fotografias); Grupo de fotografias B: fotografias 10, 15, 24, 32, 34, 37, 40, 42, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 18, 19, 22, 23, 25, 26, 28, 29, 31, 33, 35, 36, 38, 39, 41, 43, 47, 9, 16, 17, 27 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 40 fotografias); Grupo de fotografias C: fotografias 30, 44, 45, 46, 48, 50, 49 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 7 fotografias); Grupo de inquéritos I: inquéritos 211, 213, 292, 295, 296, 298, 299, 16, 31, 73, 108, 115, 118, 135, 212, 219, 241, 243, 244, 245, 251, 252, 256, 258, 259, 260, 264, 271, 272, 273, 275, 278, 279, 284, 285, 288, 290, 294, 300, 46, 104, 111, 112, 129, 171, 10, 18, 25, 34, 43, 59, 60, 66, 83, 94, 105, 110, 121, 122, 140, 141, 149, 172, 178, 208, 216, 217, 234, 248, 254, 257, 261, 263, 265, 266, 268, 274, 280, 287, 293 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 80 inquéritos); Grupo de inquéritos II: inquéritos 4, 5, 15, 20, 21, 22, 28, 29, 45, 48, 61, 84, 95, 99, 107, 117, 119, 127, 137, 165, 181, 182, 202, 215, 220, 237, 249, 250, 289, 6, 8, 11, 36, 113, 123, 168, 170, 201, 277, 282, 1, 14, 27, 32, 44, 47, 68, 79, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 97, 116, 120, 126, 130, 138, 139, 153, 167, 175, 176, 195, 199, 225, 236, 240, 242, 269, 270, 286, 291, 297, 2, 9, 56, 71, 75, 136, 177, 209 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 85 inquéritos);
75
Grupo de inquéritos III: inquéritos 7, 12, 17, 30, 35, 37, 38, 39, 41, 42, 52, 64, 70, 72, 76, 77, 78, 80, 96, 101, 102, 103, 128, 133, 143, 144, 145, 146, 155, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 166, 169, 173, 174, 193, 194, 200, 204, 206, 214, 224, 235, 246, 247, 255, 281, 19, 23, 33, 40, 53, 54, 55, 57, 58, 62, 67, 74, 106, 124, 125, 131, 132, 134, 150, 151, 152, 179, 185, 186, 198, 203, 205, 221, 226, 228, 229, 233, 238, 253, 267, 13, 24, 26, 50, 51, 65, 81, 86, 88, 100, 114, 148, 154, 156, 157, 189, 191, 196, 197, 207, 222, 223, 239, 82, 98, 164, 184, 227 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 114 inquéritos); Grupo de inquéritos IV: inquéritos 142, 210, 230, 231, 232, 180, 262, 49, 63, 69, 109, 147, 190, 192, 3, 183, 187, 188, 218, 276, 283 (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN. Total: 21 inquéritos).
O grupo de fotografias A corresponde a um grupo de três fotografias apresentando características de elevada naturalidade e ausência de infraestruturas antrópicas, sendo também evidente em duas delas o franco desenvolvimento da cobertura vegetal, gerando uma textura pouco uniforme e frequentemente interpretada como ‘terreno de difícil progressão’ (Figura 24).
Figura 24 – Grupo de fotografias A: fotografias 14, 20 e 21 dispostas da esquerda para a direita, respectivamente (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN).
O grupo de fotografias B corresponde a 80% da Q-sample, necessariamente mais heterogéneo que os restantes grupos e por tal motivo mais difícil de caracterizar, no entanto é possível afirmar que nesse grupo de fotografias se encontram todas as fotografias com vista para massas de água, bem como todas as fotografias representando usos agrícolas e florestas de produção. O grupo de fotografias C é constituído por sete fotografias de evidentes características urbanas e periurbanas (Figura 25). Avançando para a interpretação das características de perfil associadas a cada um dos grupos, foram analisada a constituição de cada grupo no que respeita ao género (Figura 26), nacionalidade (Figura 27), estatuto de residência (Figura 28), nível de instrução (Figura 29), escalão etário (Figura 30) e proveniência dos inquiridos (Figura 31).
76
Figura 25 – Grupo de fotografias C: fotografias 30, 44, 45, 46, 48, 50 e 49 ordenadas da esquerda para a direita e de cima para baixo, respectivamente (ordem de acordo com a tabela ordenada TWINSPAN).
No que respeita ao género, apesar da análise de variância detectar diferenças estatisticamente significativas na apreciação da qualidade de paisagem entre homens e mulheres, não são detectáveis variações assinaláveis na distribuição por géneros dos grupos formados pela análise TWINSPAN (Figura 26). Grupos por género 1.00 0.90 0.80 0.70
Mulheres
0.60 Homens 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0.00 Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Figura 26 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por género. 77
De igual modo, também no que respeita à nacionalidade não é perceptível um padrão específico na relação entre a proporção de portugueses e estrangeiros e os grupos gerados pela classificação (Figura 27). Grupos por nacionalidade 1.00 0.90 0.80 0.70 Estrangeiros 0.60 Portugueses 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0.00 Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Figura 27 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por nacionalidade.
No que respeita ao estatuto de residência nota-se uma certa preponderância de indivíduos não residentes no Grupo I (totalizando 62% dos inquiridos, contra menos de 40% nos restantes grupos) (Figura 28). Grupos por estatuto de residência 1.00 0.90 0.80
Não residentes nem visitantes
0.70 0.60
Visitantes
0.50 0.40
Residentes
0.30 0.20 0.10 0.00 Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Figura 28 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por estatuto de residência. 78
Relativamente ao nível de instrução é bem patente a progressão da proporção de inquiridos com menor nível de instrução à medida que se passa do Grupo I para o Grupo IV. Torna-se evidente que os indivíduos com maior nível de instrução são mais susceptíveis de apreciar paisagens com elevado grau de naturalidade ao passo que os indivíduos com menor nível de instrução são menos penalizadores das paisagens urbanas e periurbanas (Figura 29). Grupos por nível de instrução 1.00 0.90 0.80 Ensino superior
0.70 0.60
Ensino secundário
0.50 0.40
Ensino básico
0.30 0.20 0.10 0.00 Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Figura 29 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por nível de instrução.
Tendência também digna de registo é a apresentada relativamente à distribuição dos inquiridos por escalão etário em cada grupo: no Grupo I existe um claro predomínio dos dois escalões etários centrais pois os indivíduos de idade compreendida entre 15 e 64 anos totalizam 98%, enquanto no Grupo IV os mesmos dois escalões etários correspondem a apenas 38% dos inquiridos (Figura 30). Finalmente, em coerência com a informação relativa ao nível de instrução, também relativamente à proveniência se nota uma diferença assinalável: cerca de 50% dos inquiridos englobados no Grupo I são técnicos do ICNB e estudantes de Arquitectura Paisagista holandeses, ou seja, inquiridos com formação técnica em ecologia e botânica, ambientalmente motivados, enquanto nos restantes grupos 85% ou mais dos inquiridos não apresentam as mesmas características de formação técnica e motivação ambiental (Figura 31). 79
Grupos por escalão etário 1.00 0.90 0.80 0.70
65 ou mais anos
0.60
25-64 anos
0.50 15-24 anos 0.40 14 anos ou menos
0.30 0.20 0.10 0.00 Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Figura 30 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por escalão etário.
Sintetizando, considera-se evidente a existência de fortes indícios de que o contexto cultural exerce uma certa influência sobre a apreciação da qualidade visual da paisagem. Por um lado a formação em ecologia e a motivação ambiental dos técnicos do ICNB e dos alunos de Arquitectura Paisagista implica uma maior preferência por paisagens de elevada naturalidade, mesmo quando as paisagens em causa não são familiares ao inquirido, uma tendência que parece também extensível aos escalões etários mais baixos37, independentemente do nível de instrução. Estas tendências foram também identificadas por outros autores como Dearden (1984), ou mais recentemente Buijs, Pedroli & Luginbühl (2006). Por outro lado, os inquiridos dos escalões etários mais elevados e nível de instrução mais baixos tendem a subvalorizar as paisagens mais naturais e sobrevalorizar as paisagens de características mais urbanas. A interpretação atribuída a este comportamento é a de que esta sobrevalorização está associada a um grupo de indivíduos que assistiu à transição entre uma sociedade profundamente rural e economicamente subdesenvolvida para a realidade dos últimos 40 anos, nos quais a sociedade portuguesa experimentou uma considerável melhoria da qualidade média de vida, fenómeno que ocorreu em simultâneo
37
Em concreto a afirmação refere-se ao conjunto dos dois escalões etários mais baixos, i.e., aos inquiridos
com 24 anos, ou menos.
80
com o franco desenvolvimento urbanístico da região (e restante território costeiro nacional). Grupos por proveniência 1.00 0.90 Técnicos e vigilantes do ICNB
0.80 0.70 0.60
Estudantes do ensino superior (Wageningen, NL)
0.50 0.40
População local
0.30 0.20 0.10 0.00 Grupo I
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Figura 31 – Caracterização dos grupos gerados pela classificação TWINSPAN, por proveniência.
3.4 PREPARAÇÃO DA CARTOGRAFIA RELATIVA AOS FACTORES CONSIDERADOS A preparação da cartografia relativa aos factores considerados na avaliação da qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano foi executada utilizando o software ArcGISTM 9.3, produzido pela ESRI®. As fontes de informação utilizadas, bem como os procedimentos executados encontramse devidamente descriminados nos subcapítulos seguintes. Para garantir a compatibilidade dos resultados da análise em curso com os resultados da análise sobre qualidade ecológica a efectuar no Capítulo 4.7, toda a informação cartográfica produzida no presente Capítulo adoptará o sistema de coordenadas Hayford-Gauss Datum 73 (HGDt73), pelas razões apontadas no Capítulo 4.7.1.1.
81
3.4.1
Visibilidade para massas de água
Para a elaboração da carta de visibilidade para massas de água foi utilizado um modelo digital de elevação (MDE) derivado da missão SRTM38, o qual foi melhorado por Gonçalves (2009), procedendo ao preenchimento dos pixel vazios com TIN e à conversão para coordenadas ETRS89-PTTM06 com pixel de 80 metros (reamostragem bilinear). O referido nível de informação foi adicionalmente sujeito às seguintes operações de preparação: a) projecção do sistema de coordenadas ETRS89 para o sistema de coordenadas HGDt73 utilizando o método das grelhas39 (Gonçalves 2009); b) reamostragem para uma resolução espacial de 26,67 m (i.e., um terço da resolução original) pelo método do vizinho mais próximo. Foram ainda utilizados os seguintes níveis de informação, sendo que sempre que necessário foi efectuada a projecção para o sistema de coordenadas HGDt73: CAOP 2009 (Instituto Geográfico Português 2009), para obtenção de um tema vectorial com a linha de costa da área em estudo; COS 2007 (Instituto Geográfico Português 2011) para obtenção de um tema vectorial com os planos de água; tema vectorial dos principais cursos de água da área em estudo, criado por vectorização manual a partir da cartas topográficas militares (série M888, à escala 1/25000). Todas as análises de visibilidade executadas utilizaram como superfície de referência (vd. Figura 33) o MDE acima referido, sem considerar quaisquer objectos ou tipos de cobertura de solo. Trata-se portanto de análises de visibilidade potencial, as quais podem não corresponder à realidade dado que a existência de infra-estruturas (edifícios ou outras estruturas com grande volumetria) ou de determinados usos, por exemplo do tipo florestal, podem comprometer a análise efectuada. Tais problemas poderão futuramente ser mitigados pela utilização de modelos digitais de superfície (i.e., terreno + objectos à superfície) tais como os já produzidos por levantamentos LIDAR
38
A Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) foi uma missão conduzida pela National Aeronautics and
Space Administration (NASA) com o untuito de realizar o levantamento altimétrico da superfície terrestre continental entre os paralelos 60º Norte e 58º Sul. Durante 11 dias do mês de Fevereiro de 2000, o vaivém espacial Endeavour orbitou a Terra a uma altitude de 233 km (completando 159 orbitas), obtendo por interferometria radar um modelo digital de elevação com uma precisão horizontal de 3 segundos de arco (~90 m) e precisão vertical de 1 m (Sousa, Nery & Matos 2006). 39
A operacionalização deste método pode ser consultado na página da Internet localizada no endereço
http://www.fc.up.pt/pessoas/jagoncal/coordenadas/index_pt.htm (consultada em; 2010-03-20), elaborada pelo supracitado autor.
82
(vd. Ahlberg (2004), por exemplo) ou de radar de abertura sintética (SAR) (vd. Moreira (2004), por exemplo). Uma explicação dos diferentes tipos de visibilidade considerados na presente análise é apresentada na Figura 32. D B
E
C
outros planos de água
A
rio
praia
Figura 32 – Tipos de visibilidade considerados na análise de visibilidade para massas de água. A – Visibilidade para a praia; B – Visibilidade para o mar (de curta distância); C – Visibilidade para o rio; D – Visibilidade para o mar (de longa distância); E – Visibilidade para outros planos de água.
O modelo de análise de visibilidade utiliza como inputs um conjunto de pontos, efectuando a análise da sua bacia de exposição visual perante uma superfície de referência (Figura 33), sendo que o ponto de observação pode estar localizado acima da superfície de referência (para tal o software utiliza o parâmetro OFFSETA, que tipicamente assume um valor constante correspondente à altura dos olhos)40 tal como o local a observar pode apresentar uma altura que deve também ser considerada (cujo valor corresponde ao parâmetro OFFSETB)41. Ponto de observação
OFFSETB OFFSETA
Superfície de referência
Figura 33 – Modelo teórico de análise de visibilidade.
40
No presente estudo o valor adoptado foi de 1,55 m.
41
Uma vez que neste caso se trata de planos de água, esse valor foi considerado nulo.
83
Tirando partido da característica da intervisibilidade (i.e., se A avista B, então B avista A) foram preparadas as seguintes análises: 1.
Visibilidade para a praia: análise da bacia de exposição visual de pontos dispostos ao longo de uma linha de costa simplificada (e colocada 50m para oeste da linha de costa oficial fornecida pela CAOP), com um afastamento de 250 m entre si;
2. Visibilidade para o mar: análise da bacia de exposição visual de pontos dispostos ao longo de uma linha de costa simplificada (e colocada 1000m para oeste da linha de costa oficial fornecida pela CAOP), com um afastamento de 1000 m entre si; 3. Visibilidade para o rio: análise da bacia de exposição visual de pontos dispostos ao longo do eixo dos leitos do rio Mira e Ribeira de Seixe, com um afastamento de 250 m entre si; 4. Visibilidade para outros planos de água: análise da bacia de exposição visual de pontos correspondentes aos centróides dos diversos planos de águas interiores (excepto rio Mira e ribeira de Seixe, contemplados no ponto anterior) definidos por albufeiras, lagoas e pegos, etc. Consequentemente, apresenta-se no Quadro 5 o sistema de classificação atribuído no âmbito da análise de visibilidade para massas de água. Quadro 5 – Classificação atribuída no âmbito da análise de visibilidade para massas de água. Tipo de visibilidade (potencial) para massas de água
Classificação
Visibilidade para a praia (distância máxima de 1 km)
5
Visibilidade de curta distância para o mar ou rio (distância máxima
4
de 1 km) Visibilidade de longa distância para o mar ou rio (distância entre 1 e
3
5 km) Visibilidade para outras massas de água (distância máxima de 1 km)
2
Sem visibilidade para massas de água
1
84
A carta de visibilidade (potencial) para massas de água resultante é apresentada na Figura 34.
Figura 34 – Carta de visibilidade (potencial) para massas de água (escala 1 / 400 000). 5 – Visibilidade para a praia (distância máxima de 1 km); 4 – Visibilidade de curta distância para o mar ou rio (distância máxima de 1 km); 3 – Visibilidade de longa distância para o mar ou rio (distância entre 1 e 5 km); 2–Visibilidade para outras massas de água (distância máxima de 1 km); 1 – Sem visibilidade para massas de água.
85
3.4.2
Formas de Relevo
Para a criação da carta de formas de relevo foi igualmente utilizado o MDE referido no ponto anterior. A utilização da classificação de formas de relevo no estudo e classificação da paisagem foi um procedimento adoptado com sucesso por Brabyn (1996; 2009). Este autor utiliza o sistema de classificação das formas de relevo42 desenvolvido por Hammond (1954; 1964a; 1964b) e cuja implementação em SIG foi proposta por Morgan & Lesh (2005), como desenvolvimento dos trabalhos de Dikau (1989) e Dikau, Brabb & Mark (1991). Em Portugal o modelo proposto por Morgan & Lesh (2005) foi implementado com ligeiras adaptações e testado por Mendes (2010), sob orientação do autor do presente capítulo. Descrevendo o sistema de classificação das formas de relevo de Hammond de forma bastante sintética, este processa-se em três fases distintas: 1.
Identificação e classificação da taxa de aplanação das superfícies em função da prevalência de áreas com baixo declive (o limiar adoptado no presente estudo foi de 4% de declive) dentro de determinada área de vizinhança, a qual é determinada em função da escala do estudo e da resolução espacial da superfície de referência utilizada (no presente estudo foi escolhida uma área circular com um raio equivalente a 15 pixel (~400 m);
2. Identificação e classificação genérica do acidentado do terreno, em função da amplitude de variação da altitude (i.e., o desnível máximo), dentro da área de vizinhança referida no ponto 1. As classes de desnível utilizadas foram: 0-30 m; 30-90 m; 90-150 m e mais de 150 m, respectivamente)); 3. Identificação e classificação da curvatura do local, considerando a diferença entre a cota do local e a cota média da área de vizinhança referida no ponto 1. A implementação do modelo acima descrito tem como output uma layer digital matricial (no formato ESRI Grid) no qual cada área de características
86
distintas se encontra identificada por um código numérico de 3 dígitos e de acordo com o qual as classificações obtidas nos passos 1, 2 e 3 correspondem aos algarismos das centenas, dezenas e unidades, respectivamente. No Quadro 6 apresenta-se a correspondência entre as classificações das formas de relevo obtidas pelo método de Hammond (1954; 1964a; 1964b), acrescida da respectiva interpretação quanto à tipologia de modelado de relevo a que estas correspondem, bem como a classificação utilizada no âmbito do presente estudo de qualidade visual da paisagem. Quadro 6 – Correspondência entre a classificação das formas de relevo de Hammond (1954; 1964a; 1964b) e a classificação utilizada no âmbito do presente estudo de qualidade visual da paisagem. Classificação
das
Tipologia de modelado de relevo
Classificação
formas de relevo de Hammond
(códigos
resultantes) 431, 432, 433, 434,
5 Relevo movimentado
441, 442, 443 e 444 213, 214, 223, 224,
4
313, 314, 323, 324, Relevo movimentado a ondulado 333, 334, 411, 412, 413, 414, 423 e 424 421 e 422
Relevo ondulado
233, 311, 312, 321,
3 2
Relevo ondulado suave 322, 331 e 332 111, 112, 113, 114,
1
121, 122, 123, 124, Relevo ondulado suave a muito suave 211, 212, 221, 222, 231 e 232
42
Landform classification, no idioma original.
87
A carta de formas de relevo resultante é apresentada na Figura 35.
Figura 35 – Carta de formas de relevo (escala 1 / 400 000). 5 – Relevo movimentado; 4 – Relevo movimentado a ondulado; 3 – Relevo ondulado; 2 – Relevo ondulado suave; 1 – Relevo ondulado suave a muito suave.
88
3.4.3
Densidade da cobertura vegetal
Para a preparação da carta de densidade de cobertura vegetal foi utilizada uma imagem multiespectral LANDSAT5 TM43 adquirida no dia 25 de Abril de 2010 (data que é consistente com a data de aquisição das fotografias terrestres oblíquas da Q-sample utilizada do inquérito à qualidade visual da paisagem) e da qual foram utilizadas as bandas 3 e 4, correspondentes aos intervalos de comprimento de onda da radiação electromagnética compreendidos entre (0.63 – 0.69 µm)44 e (0.76 – 0.90 µm)45, respectivamente. Com as referidas imagens foi calculado o índice NDVI (normalized difference vegetation index)46, o qual apresenta uma forte correlação com a densidade de cobertura vegetal do local (Lillesand & Kiefer 1999). Ao resultado do cálculo do índice NDVI foram então efectuadas as seguintes operações, de forma a compatibilizar a layer digital matricial com as restantes layers utilizados do estudo em curso: 1.
Projecção para o sistema de coordenadas HGDt73, pelo método de Bursa-Wolf (7 parâmetros);
2. Reamostragem para a resolução espacial do MDE (26,67 m de pixel), com alinhamento dos pixel pela mesma layer; 3. Reclassificação dos valores de NDVI, de acordo com o expresso no Quadro 7. Dado que o referido índice é apontado como um índice robusto e que é pouco modificado tanto pela correcção radiométrica das imagens como pela variabilidade introduzida pelas características fisiográficas do terreno (declive e exposição), tais correcções não foram efectuadas, dado que o
43
Imagem gentilmente disponibilizada pelo U.S. Geological Survey, através do portal Glovis
(http://glovis.usgs.gov). 44
Correspondente à radiação visível na região do vermelho.
45
Correspondente à área da radiação não visível na região do infravermelho próximo.
46
O cálculo do índice NDVI é feito de acordo com a seguinte fórmula:
NDVI = (bvermelho – binfravermelho próximo) / (bvermelho + binfravermelho próximo) 89
objectivo era utilizar o índice como forma simplificada (mas com valor heurístico) para representar espacialmente a densidade de cobertura vegetal da região do Sudoeste Alentejano. Recorda-se que o factor que se pretende representar tem sobretudo a ver com a ‘quantidade de verde’47 que determinada paisagem apresenta. A conversão dos valores do índice NDVI num gradiente de densidade (ou ‘quantidade de verde’) do coberto vegetal foi efectuada de acordo com os valores apresentados no Quadro 7. Quadro 7 – Tabela de conversão do valor de NDVI no sistema de classificação utilizado na carta de densidade de coberto vegetal do Sudoeste Alentejano. Valor do índice NDVI
Classe de densidade da cobertura
Classificação
vegetal 0.6 a 1
Muito elevada
5
0.4 a 0.6
Elevada
4
0.25 a 0.4
Média
3
0 a 0.25
Baixa
2
Muito baixa
1
-1 a 0
A carta de densidade de cobertura vegetal do Sudoeste Alentejano obtida é apresentada na Figura 36.
47
O termo anglo-saxónico ‘landscape greenness’ é frequentemente encontrado na literatura científica nesta
área de investigação, mas dado que a sua tradução literal para português não resulta numa expressão sintética e facilmente compreensível optou-se por designar o factor em causa por ‘densidade de coberto vegetal’, dada a semelhança na interpretação visual de ambos os conceitos.
90
Figura 36 – Carta de densidade da cobertura vegetal (escala 1 / 400 000). 5 – Densidade do coberto vegetal muito elevada; 4 – Densidade do coberto vegetal elevada; 3 – Densidade do coberto vegetal média; 2 – Densidade do coberto vegetal baixa; 1 – Densidade do coberto vegetal muito baixa ou nula.
3.4.4
Estrutura da cobertura vegetal
Para a carta de estrutura da cobertura vegetal do Sudoeste Alentejano foi efectuada uma interpretação da estrutura fisionómica das classes de cobertura do solo presentes na COS 2007, nível 2. Tal procedimento 91
constitui uma forma bastante simplificada de abordar o problema, pelo que se poderá optar futuramente por abordagens mais consistentes com a realidade no terreno, as quais poderão passar, como referido no capítulo 3.4.1, pela utilização de informação de base procedente de levantamentos LIDAR ou SAR, desde que se conheça a sua existência e os custos de aquisição da dita informação o permitam. A conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 em classes de estrutura fisionómica da vegetação foi efectuada de acordo com os valores apresentados no Quadro 8. Quadro 8 – Conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 em classes de estrutura fisionómica da vegetação. Legenda COS 2007 (nível 2) Classe de estrutura Classificação fisionómica da vegetação Tecido urbano; Áreas de extracção de inertes, áreas de deposição de resíduos e estaleiros de construção; Vegetação muito esparsa ou Espaços verdes urbanos, inexistente; Relvados e 5 equipamentos desportivos, pequenos jardins urbanos. culturais e de lazer, e zonas históricas; Zonas descobertas e com pouca vegetação Indústria, comércio e transportes; Pastagens, prados e vegetação Pastagens permanentes; anual espontânea; Sapais e 4 Zonas húmidas litorais; margens de açudes e lagoas Zonas húmidas interiores Áreas agrícolas heterogéneas; Terrenos cultivados e mosaicos 3 Culturas temporárias de policultura e edificado Culturas permanentes; Culturas permanentes; Florestas abertas e vegetação Matagais e matos; Florestas 2 arbustiva e herbácea abertas Florestas Florestas densas 1
Relembra-se ainda que este factor, de acordo com a interpretação efectuada aos resultados do inquérito, que é também suportada por alguma literatura (Rabinowitz & Coughlin 1970; Ulrich 1977; Ulrich 1986), estará fortemente correlacionado com a avaliação da facilidade de progressão no terreno. A supracitada layer digital vectorial foi então convertida para o formato matricial, com a resolução espacial do MDE (26,67 m de pixel), com alinhamento dos pixel pela mesma layer. A carta de estrutura da cobertura vegetal do Sudoeste Alentejano obtida é apresentada na Figura 37. 92
Figura 37 – Carta de estrutura da cobertura vegetal (escala 1 / 400 000). 5 – Vegetação muito esparsa ou inexistente, relvados e pequenos jardins urbanos; 4 – Pastagens, prados e vegetação anual espontânea, sapais e margens de açudes e lagoas; 3 – Terrenos cultivados e mosaicos de policultura e edificado; 2 – Culturas permanentes, matagais e matos, florestas abertas; 1 – Florestas densas.
3.4.5
Visibilidade para elementos de património construído
A carta de visibilidade para elementos de património construído é preparada de forma bastante semelhante à carta de visibilidade para massas de água. Os 93
inputs utilizados foram o MDE anteriormente referido e uma layer digital vectorial (de pontos) representando a localização de um conjunto de elementos construídos, tais como igrejas, capelas, faróis, fortificações, azenhas e moinhos, ou outras edificações com valor patrimonial, obtida por digitalização manual a partir da carta topográfica militar (série M888, à escala 1 / 25 000) e projectada para o sistema de coordenadas HGDt73. Para cada elemento de património construído foi determinada a sua bacia de exposição visual (potencial), tendo em consideração a altura das edificações em causa (parâmetro OFFSETA, variando em função da altura de cada edificação) e a altura dos olhos do observador (parâmetro OFFSETB, que foi mantido a 1,55 m). As distâncias consideradas na análise de visibilidade foram as mesmas utilizadas no caso das massas de água, i.e., menos de 1 km, entre 1 e 2 km e entre 2 e 5 km. A partir dos 5 km de distância considerou-se que o elemento construído de esbate no plano visual de fundo, deixando de ser um factor relevante. De igual modo, considerou-se que a visibilidade para elementos do património construído em contexto urbano deveria apresentar valores inferiores à mesma situação em contexto não urbano. Assim, as classificações atribuídas ao factor em consideração são apresentadas no Quadro 9. Quadro 9 – Classificação atribuída no âmbito da análise de visibilidade para elementos de património construído. Tipo de visibilidade (potencial) para elementos de património
Classificação
construído Visibilidade para elementos de património construído em meio não
5
urbano (distância máxima de 1 km) Visibilidade para elementos de património construído em meio
4
urbano (distância máxima de 1 km) Visibilidade para elementos de património construído (distância
3
entre 1 e 2 km) Visibilidade para elementos de património construído (distância
2
entre 2 e 5 km) Sem visibilidade para elementos de património construído
94
1
A carta de visibilidade para elementos de património construído do Sudoeste Alentejano é apresentada na Figura 38.
Figura 38 – Carta de visibilidade para elementos de património construído (escala 1 / 400 000). 5 – Visibilidade para elementos de património construído em meio não urbano (distância máxima de 1 km); 4 – Visibilidade para elementos de património construído em meio urbano (distância máxima de 1 km); 3 – Visibilidade para elementos de património construído (distância entre 1 e 2 km); 2 – Visibilidade para elementos de património construído (distância entre 2 e 5 km); 1 – Sem visibilidade para elementos de património construído. 95
3.4.6
Carácter tradicional da paisagem
A cartografia do carácter tradicional da paisagem do Sudoeste Alentejano utilizou como fonte de informação o COS 2007 (Instituto Geográfico Português 2011), com a legenda correspondente ao nível 2. O Quadro 10 descreve o modo como as classes de cobertura do solo COS 2007 foram convertidas no gradiente referente ao carácter tradicional da paisagem. Quadro 10 – Conversão das classes de cobertura do solo COS 2007 quanto ao carácter tradicional da paisagem. Legenda COS 2007 (nível 2) Classificação Zonas urbanas históricas 5 Zonas descobertas e com pouca vegetação (adjacentes à faixa costeira) Florestas 4 Zonas húmidas interiores Culturas temporárias Pastagens permanentes 3 Florestas abertas e vegetação arbustiva e herbácea Zonas húmidas litorais Culturas permanentes 2 Áreas agrícolas heterogéneas Tecido urbano Indústria, comércio e transportes Espaços verdes urbanos, equipamentos desportivos, culturais e de 1 lazer (excepto zonas históricas) Áreas de extracção de inertes, áreas de deposição de resíduos e estaleiros de construção
Tal como no caso da estrutura da cobertura vegetal, layer digital vectorial obtida após a classificação foi então convertida para o formato matricial, com a resolução espacial do MDE (26,67 m de pixel), com alinhamento dos pixel pela mesma layer. A Figura 39 apresenta o produto cartográfico gerado, correspondente à Carta do carácter tradicional da paisagem do Sudoeste Alentejano.
96
Figura 39 – Carta do carácter tradicional da paisagem (escala 1 / 400 000). 5 – Carácter tradicional da paisagem muito elevado; 4 – Carácter tradicional da paisagem elevado; 3 – Carácter tradicional da paisagem médio; 2 – Carácter tradicional da paisagem baixo; 1 – Carácter tradicional da paisagem muito baixo.
3.5 CARTA DE QUALIDADE VISUAL DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO Uma vez construídas as layers digitais matriciais correspondentes a cada um dos factores considerados na regressão linear efectuada, é chegado o 97
momento de construir, recorrendo à álgebra de mapas, a carta de qualidade visual do Sudoeste Alentejano. O termo «álgebra de mapas» foi introduzido por Tomlin (1990), referindo-se ao processo de modelação cartográfica no qual dois ou mais mapas referentes ao mesmo espaço geográfico (no formato matricial, também conhecido por raster) são combinados por meio de operações algébricas, sendo que os valores de cada pixel constituem as variáveis da expressão algébrica que será resolvida local-a-local (Burrough & McDonnell 1998; Malczewski 2004). A operação algébrica permitirá então obter o modelo espacialmente explícito da apreciação da qualidade visual da paisagem com base na preferência expressa pelo público, através da implementação da função de regressão linear obtida no capítulo 3.3.2, utilizando como inputs os seis mapas referentes aos factores explicativos anteriormente caracterizados. Consequentemente, a expressão utilizada foi: QVP = 1.088 + (0.2291*[Água]) + (0.1572*[Tradicional]) + (0.1131*[Estrutura]) + (0.1039*[Relevo]) + (0.0998*[Património]) + (0.0953*[Densidade]) com
QVP – Qualidade Visual da Paisagem; Água – Visibilidade para massas de água; Relevo – Formas do relevo; Densidade – Densidade da cobertura vegetal; Património – Visibilidade para elementos de património construído; Tradicional – Carácter tradicional da paisagem; Estrutura – Estrutura da cobertura vegetal.
A carta de qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano é apresentada na Figura 42. Uma análise visual da mesma permite apresentar o seguinte conjunto de conclusões, como síntese do trabalho efectuado: 1.
As paisagens de maior qualidade visual encontram-se fortemente correlacionadas com a presença de água. Daí que estas se distribuam de forma contínua ao longo da linha de costa e dos vales das principais linhas de água, designadamente rio Mira e ribeira de Seixe. No que respeita à linha de costa, percebe-se ainda que no troço a norte de Vila Nova de Milfontes a faixa de território com maior qualidade visual estende-se mais para o interior do território, dada a
98
suave inclinação do terreno para oeste, o que permite ter boa visibilidade para o mar e por vezes até para a praia, mesmo a alguma distância da costa (Figura 40). Por outro lado, a sul de Milfontes a linha de costa passa a ser predominantemente constituída por arribas rochosas, por vezes com comandos48 de mais de 50m, encimadas por uma plataforma arenosa bastante plana. Essas características reduzem grandemente a faixa de terreno com boas condições de visibilidade para o mar e a praia, factor que imediatamente se repercute na qualidade visual do local. Salienta-se ainda a existência de uma área considerável de terrenos com elevada qualidade visual nas encostas da Serra de São Luís.
Figura 40 – Troço de costa a norte de Milfontes, constituído por uma faixa de terreno suavemente inclinado para ocidente, favorecendo a visibilidade para o mar. Foto do autor.
2. As áreas no ‘miolo’ da plataforma litoral, predominantemente agrícolas,
apresentam
qualidade
visual
média,
sendo
esta
positivamente influenciada pela ‘quantidade de verde’ que essa paisagem apresenta, e negativamente afectada pela florestação (vd. áreas florestais nos arredores de Sines), pela proliferação da edificação em espaço rural, por vezes de origem clandestina (vd. localidades como Brunheiras e Galeado), bem como pela presença de culturas permanentes com grande impacte paisagístico como por exemplo os laranjais de produção intensiva (regados e desprovidos de vegetação herbácea no solo) próximos da localidade de Malavado (vd. Figura 41).
48
Altura determinada como a diferença de nível entre a crista da arriba e o nível de base (nível médio das
águas do mar).
99
Figura 41 – Laranjais de produção intensiva na localidade de Malavado. Foto do autor.
3. As áreas do perímetro industrial de Sines, em particular na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), encontram-se na área com maior concentração de territórios com qualidade visual baixa ou muito baixa, o que seria de esperar, mas relembra-se que estas áreas se encontram fora da área de estudo, pelo que não existiam fotos destas instalações industriais na Q-sample que foi submetida a inquérito. Tal resultado demonstra a robustez do modelo obtido, embora este tenha claramente produzido melhores resultados em contexto rural do que em contexto urbano, no qual a complexidade da realidade é muito superior à retratada no modelo, nomeadamente no que respeita às análises de visibilidade efectuadas. Também a utilização apenas do nível 2 da legenda da cartografia COS 2007 pode ter contribuído para uma simplificação exagerada e indesejável do modelo, mas dados os constrangimentos financeiros existentes na elaboração do estudo considera-se que foi atingido um nível bastante aceitável na relação custo/qualidade do modelo. Em conclusão, pode afirmar-se que a modelação cartográfica da qualidade visual das paisagens constituir uma área de investigação com grande potencial de desenvolvimento, dado o aumento da capacidade de processamento e sofisticação dos SIG tanto no que se refere à componente de Hardware como à componente de Software, bem como ao aumento de oferta de informação de base espacialmente detalhada e com custos de aquisição baixos ou mesmo nulos. Também do lado da literatura científica se assiste a uma crescente disponibilidade da mesma, o que torna possível implementar mais e melhores modelos, de forma informada, objectiva e tirando partido 100
da partilha de experiências e da franca colaboração entre grupos de investigadores. O modelo implementado neste estudo constitui uma primeira abordagem, a qual poderá (e deverá) ser melhorada no futuro, mas que permite já a sua integração com outras abordagens ao estudo da qualidade da paisagem, tal como o que se apresenta no Capítulo 4, da qual poderão resultar interessantes conclusões e propostas para a gestão do território em causa.
Figura 42 – Carta de qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano (escala 1 / 400 000). 101
102
4
A PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO49
4.1 INTRODUÇÃO O território formado pelo Alentejo Litoral e pelo Algarve Ocidental apresenta no conjunto de Portugal continental uma franca originalidade do ponto de vista da sua flora e vegetação. Em toda esta faixa é possível encontrar uma grande quantidade de plantas e comunidades vegetais endémicas deste território (Costa et al. 1998), que justificam o seu elevado valor em matéria de protecção e conservação. Também por esta razão este território tem sido alvo de numerosos estudos geobotânicos (Rivas-Martínez et al. 1990; Mateus 1992; Costa, Espírito-Santo & Lousã 1994; Lima e Santos 1995; Neto et al. 1997; Neto 1997; Neto et al. 2001; Neto 2002; Paiva-Ferreira, Mendes & Neto 2002; Paiva-Ferreira & Pinto-Gomes 2002; Pinto-Gomes et al. 2003; Neto, Capelo & Costa 2004; Neto et al. 2005; Capelo 2007; QuintoCanas et al. 2010; Vila-Viçosa et al. inéd.), com base nos quais é hoje possível obter uma representação bastante complexa e completa da Flora e Vegetação de todo este importantíssimo território. Esta importância advém da sua grande diversidade geológica, hidrológica, geomorfológica e topoclimática, a qual justifica a diversidade de comunidades vegetais que aí ocorrem. No seu conjunto estas comunidades são a manifestação de uma história geológica e geomorfológica complexa que está associada às orogenias Hercínica e Alpina, à abertura do Atlântico, ao choque das placas Euro-Asiática e Africana, às penetrações do mar próximo da costa (transgressões), à formação da superfície poligénica da Peneplanície Alentejana e às glaciações quaternárias. No presente capítulo será apresentada uma descrição da paisagem vegetal do Sudoeste Alentejano no troço litoral compreendido entre Sines e Odeceixe, área que corresponde aproximadamente à metade setentrional do Sítio de Importância
Comunitária
(SIC)
da
Rede
Natura
2000
designado
“PTCON0012 – Costa Sudoeste”. O seu ponto mais ocidental corresponde ao cabo Sardão e o ponto mais alto ao vértice geodésico de Santo Isidoro (serra no Cercal, com 372 m de altitude).
49
O presente capítulo constitui, juntamente com os Anexos I, II e III, uma versão unificada, revista e
ampliada dos seguintes artigos: (Arsénio et al. 2009; Neto, Arsénio & Costa 2009).
103
Do ponto de vista da divisão administrativa do território estudado, este reparte-se pelos concelhos de Sines, Odemira e ainda Santiago do Cacém. 4.2 GEOLOGIA E MORFOLOGIA 4.2.1
Considerações gerais
Segundo Ribeiro et al. (1979), do ponto de vista estrutural o sul de Portugal é dominado por três conjuntos, respectivamente: a Zona Sul-Portuguesa (maioritariamente
constituída
pelo
Baixo
Alentejo,
com
materiais
paleozóicos), a Bacia Ceno-Antropozóica do Tejo-Sado (de materiais essencialmente plio-quaternários) e a Bordadura Meridional a que corresponde a quase totalidade do Algarve (materiais predominantemente mesozóicos: Jurássico, Cretácico e Miocénico) (Figura 43). A maior parte do Baixo Alentejo é dominada pela Meseta Ibérica Sul, constituída por materiais típicos do Maciço Antigo (xistos, grauvaques, quartzitos, dioritos e gabros). Estes materiais, de idades que variam entre o Devónico e o Carbonífero (Paleozóico), sofreram um forte enrugamento durante a orogenia Hercínica ou Varisca (colisão entre os continentes Gondwana e Laurásia) constituindo relevos que lentamente foram erodidos até se constituir a actual Peneplanície Alentejana (Figura 44). 4.2.2
A Peneplanície Alentejana e o maciço marginal (serras de
Grândola e Cercal) A Peneplanície Alentejana é uma unidade geomorfológica que se define por uma extensa plataforma de aplanamento, ondulada devido ao encaixe da rede hidrográfica e a movimentos de rejuvenescimento (Feio 1983). Constitui o elemento fundamental do relevo do Baixo Alentejo e na sua extremidade ocidental é limitada por um conjunto de relevos (Serra de Grândola, com 326 m., do Cercal, com 373 m e de São Luís, com 324 m) que constituem empolamentos da superfície da peneplanície devidos a movimentos tectónicos, formando um conjunto (maciço marginal alongado no sentido Norte-Sul) de cerca de 60 km. Este alinhamento de relevos está separado do mar por uma plataforma litoral (planície litoral). Em termos litológicos, a região é predominantemente constituída por rochas metamórficas não carbonatadas, essencialmente xistos e grauvaques. Assinala-se ainda a ocorrência do Complexo Vulcano-Silicioso do Cercal, uma sequência de 104
rochas vulcânicas antigas (com idade escalonada entre o Fameniano e o Viseano Superior (Paleozóico)), correspondendo aos relevos do Cercal e de São Luís. Trata-se de uma unidade estratigráfica heterogénea (e também de espessura variável), com afinidades litológicas com a Faixa Piritosa alentejana, composta por rochas vulcânicas ácidas em cuja matriz predominam o quartzo e a albite (por vezes também o feldspato potássico), com texturas diversas. São conhecidas nesta formação várias áreas de exploração mineira, designadamente de Ferro e Manganês, sendo dignas de registo as da Serra da Mina e Serra do Rosalgar (Oliveira 1984).
Figura 43 – As regiões estruturais do sul de Portugal segundo Ribeiro et al. (1979). 1 – bacia sedimentar terciária e quaternária; 2 – bordadura sedimentar secundária; 3 – cadeia alpina; 4 – soco hercínico; 5 – falha tardi-hercínica; 6 – cavalgamento hercínico.
105
4.2.3
A plataforma litoral
Esta plataforma litoral corresponde a uma superfície de aplanamento poligénica, ou plataforma de abrasão marinha, a qual apresenta um comprimento total de mais de 150 km entre a Praia do Pego (Sado) e o Promontório Vicentino (Algarve) e uma largura variável de 5 a 15 km, entre a linha de costa (ou arribas na proximidade desta, quando existam praias) e o primeiro alinhamento de relevos nos quais se incluem as serras de Grândola, do Cercal e, mais a sul, da Vigia e de Monchique (Figura 44). Depois de formada, esta superfície de abrasão foi sujeita a erosão subaérea, com consequente entalhe pela rede hidrográfica, tendo-se posteriormente depositado o extenso Complexo Sedimentar Cenozóico (datado do topo do Terciário e Quaternário). Esta estrutura está pois coberta por uma película de areias e encontra-se longitudinalmente desnivelada de sul para norte50, (geralmente com declives que variam entre 0,5 e 1,5 por cento), o que pode ser comprovado pela análise da sua cota, que varia entre alguns metros, nas imediações de Porto Covo e 150 m ao norte de Sagres (Feio & Daveau 2004; Oliveira 1984). O contacto com o sopé das colinas sublitorais que a marginam por Leste pode suceder de forma diversa: “por vezes, como na área da Serra do Cercal ou em frente de São Teotónio, a superfície termina contra um abrupto; noutros locais como em Odemira, em frente da Bordeira e da Vila do Bispo, passa-se insensivelmente da planície litoral para uma superfície sem depósitos e dissecada pela erosão, que se estende para o interior” (Oliveira 1984, p. 14). Do lado do mar, para Oeste, a plataforma litoral termina em arribas por vezes alterosas sobre o mar ou sobre dunas de areia que se acumularam na base. Estas arribas são, actualmente, interpretadas como estruturais, ou seja, poderão corresponder a escarpas de falha entretanto já recuadas pela acção erosiva do oceano Atlântico. Estas escarpas poderão estar de alguma forma associadas à fracturação do sector mais ocidental da peneplanície do Alentejo e consequente abertura do Atlântico. Ou seja, a peneplanície estender-se-ia muito mais para ocidente do que actualmente sucede.
50
O desnível discutido refere-se ao comportamento geral, longitudinal, da macroestrutura da plataforma
litoral ocidental definida por Ramos (1990), sendo que, transversalmente, a plataforma se inclina para Oeste.
106
Figura 44 – Carta Geológica do sul de Portugal segundo Feio (1983). 1 – maciço antigo (xistos); 2 – maciço antigo (rochas eruptivas); 3 – maciço eruptivo de Monchique; 4 – rochas eruptivas da bordadura; 5 – bordadura secundária; 6 – calcários lacustres (Oligocénico); 7 – Miocénico marinho; 8 – bacia do Sado e planície litoral (sobretudo Pliocénico); 9 – Rañas (Pliocénico superior continental); 10 – depósitos quaternários.
4.2.4
Coberturas arenosas, (praias, dunas recentes e antigas)
A estrutura sedimentar que cobre a plataforma de abrasão marinha entre as colinas sublitorais de orientação Norte-Sul e o mar apresenta, próximo do litoral, uma cobertura arenosa frequentemente de carácter dunar, a qual corresponde aos materiais de deposição mais recente, formando uma película de reduzida espessura (alcançando, raramente, uma espessura de 20 m, segundo Oliveira et al. (1984)). Estas dunas e coberturas arenosas inseremse no grande complexo de depósitos de areias antigas, de carácter dunar ou não, formando um conjunto sempre presente no litoral ocidental de Portugal desde Aveiro para sul e apresentam frequentemente uma cor ocre 107
devido à presença, embora escassa, de ferro. A podzolização é um fenómeno frequente nos solos que evoluíram sobre estes materiais o que nos remete a sua formação para períodos com uma realidade climática diferente da actual. As dunas antigas (interiores) distinguem-se das recentes que contactam com a praia pelas comunidades vegetais que as constituem pela coloração das areias (brancas ou acinzentadas nas holocénicas e amareladas ou ocre nas dunas antigas) e pela podzolização com frequente formação de crosta aliótica (surraipa, ou ortstein) nas dunas antigas, processo este que não ocorre nas dunas actuais (Moreira 1985). As dunas antigas têm a sua origem associada aos períodos frios e secos do Quaternário durante os quais os extensos areais litorais surgem como consequência do abaixamento do nível do mar e consequente emersão de uma faixa da antiga plataforma continental, a qual se constituirá como fonte da areia que vai ser mobilizada pelo vento para o interior (Feio & Daveau 2004). A areia movimenta-se nos períodos frios e secos, por efeito do vento e as partículas arenosas deslocam-se sobre uma superfície de deflação constituída pelos arenitos, conglomerados e pelitos das formações plio-plistocénicas já entretanto recortadas pela rede hidrográfica (Figura 45).
Figura 45 – Esquema teórico do processo de transporte das partículas arenosas da faixa litoral para o interior, ocorrido durante os períodos frios e secos do Quaternário.
A areia em movimento para o interior vai encobrir a superfície dos arenitos e, em geral, acompanha a topografia pré-existente. Esporadicamente podem observar-se afloramentos areníticos, que constituem a superfície topográfica 108
nos pontos onde a areia não se acumulou ou foi entretanto transportada pelo vento, ou ainda na crista de algumas arribas vivas. Os actuais corredores interdunares não são mais do que antigos valeiros na superfície arenítica do Plio-Plistocénico, entretanto atapetadas por areias eólicas. 4.2.5
As arribas litorais
Para sul da Praia do Pego (Grândola) e até ao Algarve, a costa Ocidental Portuguesa é maioritariamente talhada em arriba. Do ponto de vista litológico essas arribas organizam-se em dois grupos: para norte de Sines dominam as arribas areníticas e a sua instabilidade e abarrancamento devido à erosão subaérea, dificultam muito a instalação da vegetação. As comunidades que aí se conseguem instalar são floristicamente mais pobres do que as das arribas xistosas (Figura 46). Também a diversidade de comunidades vegetais é menor: por exemplo, não se conhecem nesse troço litoral quaisquer comunidades brio-pteridofíticas da Adiantetea51, pois estas só conseguem instalar-se em paredes rochosas relativamente estáveis, que não estejam sujeitas a taxas de recuo significativas como acontece nas arribas areníticas da Costa da Galé (para norte de Sines). Nas arribas areníticas o único vegetal da classe Adiantetea que tem possibilidade de se instalar é o Samolus valerandi, no âmbito das comunidades da classe MolinioArrhenatheretea. Para sul de Sines a estabilidade das arribas é maior e em regra verifica-se uma diferenciação vertical com a definição de dois sectores. O sector mais inferior que, ocupa em geral mais de 50% da altura da arriba, ocupado pelas rochas mais antigas, (sobretudo xistos, quartzitos e filões de quartzo), formando um conjunto duro e relativamente estável onde se desenvolvem pequenas cavidades (half-caves), nas quais se instalam as comunidades da classe Adiantetea (Neto et al. 2007). O sector mais elevado das arribas é, em geral, ocupado por materiais de natureza arenítica (areias, arenitos, conglomerados de fraca coesão) e praias levantadas com seixos rolados, por vezes de grande dimensão (Figura 47). Este conjunto é de idade maioritariamente Quaternária (topo do Terciário e Quaternário) e, se exceptuarmos os arenitos
51
Assinala-se que, de facto, para o troço litoral em causa (Tróia-Sines) não são conhecidas ocorrências das
referidas comunidades, no entanto Arsénio (2003) referiu a existência dessas comunidades numa arriba detrítica da Península de Setúbal, a norte do troço litoral anteriormente referido.
109
consolidados, apresenta dureza muito menor do que o conjunto anterior, sendo facilmente atacado pela erosão subaérea que lhe imprime uma grande instabilidade e maior grau de abarrancamento. Algumas das formações litológicas que integram este conjunto apresentam um elevado índice de permeabilidade e têm uma importância fundamental na constituição das escorrências de água (Figura 47).
Figura 46 – Geopermasigmetum psamófilo e permasigmetum rupícola das arribas areníticas.
Do ponto de vista litológico, os materiais que afloram no sector inferior da arriba são “predominantemente xistentos, com intercalações de grauvaques, bancadas de quartzitos e, mais raramente calcários, com idade compreendida entre o Devónico e o Carbónico” (Ramos Pereira 1990, p. 35). Estes materiais paleozóicos constituem a parte mais ocidental da Peneplanície Alentejana. 110
Os primeiros materiais a depositar-se sobre o soco paleozóico que constitui a plataforma litoral, são os arenitos vermelhos do Plio-Plistocénico, que constituem a formação dominante, devido à grande extensão que ocupa. Trata-se de um conjunto fundamentalmente arenítico com algumas intercalações conglomeráticas, sem fracção carbonatada, com algum ferro, de fraca coesão geral e elevada permeabilidade. Sobreposta a esta formação aparecem localmente alguns leques aluviais, de carácter torrencial, atribuídos à crise climática semiárida do Vilafranquiano. Sobrepostos a estes materiais, afloram, frequentemente, arenitos e dunas consolidadas com cimento calcário, de elevada dureza, sobre as quais se desenvolve o extenso campo dunar actual (Holocénico) que convive com as gerações de dunas antigas, a maioria das quais formadas nos períodos frios e secos do Würm (Figura 45). Do ponto de vista hidrogeomorfológico e da vegetação as arribas são dominadas por dois tipos de habitats distintos: 1. áreas com escorrências de água, dominadas por vegetação das classes Adiantetea e MolinioArrhenatheretea; 2. áreas secas dominadas por vegetação da classe CrithmoLimonietea. 4.2.6
A circulação hidrológica e as escorrências permanentes de água
nas arribas xistosas Como se constatou no subcapítulo anterior, a plataforma litoral, talhada no soco paleozóico, encontra-se coberta de materiais que apresentam, em regra, uma elevada permeabilidade. Assim, a quase totalidade da água da chuva que cai sobretudo no Outono e no Inverno, infiltra-se de imediato nas areias dunares e não se verifica, praticamente, escoamento superficial. A água de gravidade migra em profundidade, sem grandes obstáculos, até ao contacto com a superfície da plataforma litoral talhada nas rochas Paleozóicas. A única formação litológica capaz de travar este movimento são os arenitos consolidados, devido à sua compacidade elevada (Figura 47). Contudo estes arenitos constituem uma formação descontínua, para além de que estão fortemente fracturados em blocos, devido à tectónica e portanto a água facilmente penetra através destas fendas. Assim, constitui-se uma extensa toalha freática ao nível da Formação Vermelha, no contacto com o soco paleozóico. Devido à inclinação geral que a plataforma litoral apresenta, para Noroeste, o escoamento geral da água faz-se em direcção ao litoral.
111
Figura 47 – Comunidades vegetais associadas respectivamente às dunas holocénicas recentes, arribas xistosas com escorrência permanente de água, dunas e coberturas arenosas antigas, dunas consolidadas e depósitos mio-plioquaternários, segundo a designação utilizada por Ramos (1990). Comunidades: a – Spergulario rupicolae-Limonietum virgatae; b – Loto creticiAmmophiletum australis; c – Artemisio crithmifoliae-Armerietum pungentis; d – Herniario algarvicae-Linarietum ficalhoanae; e – Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae; f – Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis; g – Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae. Geologia: 1 – Xistos do Paleozóico; 2 – Formação vermelha (arenito de fino a grosseiro, de cor vermelha devido à riqueza em ferro. Na base pode apresentar-se leitos de blocos rolados de quartzito ou grauvaque); 3 – Formação de AivadosBugalheira (arenito médio a grosseiro, de cor amarela); 4 – Arenito dunar do Malhão (arenito dunar muito consolidado, com cimento calcário); 5 – Campo dunar não consolidado; 6 – Dunas actuais holocénicas.
Deste modo constitui-se uma escorrência subsuperfícial da água (escorrência hipodérmica) que aproveita os sectores mais deprimidos da morfologia da plataforma talhada nos materiais do Paleozóico (Figura 48). Esta concentração da água nos sectores mais deprimidos (pequenos valeiros subterrâneos) faz-se segundo os mesmos princípios do escoamento superficial da água nas vertentes. No seu movimento para oeste a água encontra as arribas litorais onde forma nascentes de água permanentes, 112
situadas em regra entre os materiais da Formação Vermelha e a superfície da plataforma litoral, talhada nos materiais Paleozóicos. O débito nunca é muito elevado, contudo verifica-se uma oscilação do caudal durante o ano (máximo no Inverno e mínimo no Verão). A água escorre, normalmente ao longo da parede e as cascatas não são vulgares, se exceptuarmos as microcascatas que se constituem nas irregularidades da arriba. Estas escorrências permanentes de água durante o Verão são estranhas para um território de clima mediterrânico com longo período de seca e apenas 600700 mm de precipitação anual (Daveau 1972). Apesar da fraca precipitação anual a quase totalidade da água da chuva que chega à superfície do solo infiltra-se e a evapotranspiração apresenta um valor baixo. Mesmo no Verão esta água subterrânea não tem possibilidade de chegar à superfície por capilaridade, pois as areias, arenitos, conglomerados e cascalheiras não apresentam microporosidade. Desta forma a alimentação das nascentes é lenta mas constante.
Figura 48 – Esquema de circulação hidrológica que permite a formação das “microcascatas” permanentemente alimentadas nas arribas xistosas do Alentejo litoral. 1 – Escorrência hipodérmica que se realiza nos valeiros definidos na superfície dos xistos do Paleozóico; 2 – Escorrência superficial ao longo das paredes xistosas; 3 – Depósitos discordantes de carácter detrítico de idade mio-plio-plistocénica. O sector mais elevado desta série é constituído pelas dunas antigas, por vezes podzolizadas.
113
4.3 CLIMATOLOGIA E BIOCLIMATOLOGIA 4.3.1
Clima regional
O clima da região em estudo (distritos biogeográficos Costeiro Vicentino e Monchiquense) apresenta características mediterrâneas, com uma evidente influência atlântica. A enorme planura da região implica uma quase total ausência de barreiras de condensação da humidade das massas de ar oceânicas. Os territórios correspondentes ao distrito Costeiro Vicentino recebem menos de 600 mm de precipitação anual distribuídos por 70 a 80 dias/ano dos quais 75% ocorrem entre Novembro e Abril. Apenas as serras de Grândola e Cercal ultrapassam os 700 mm de precipitação anual, mas a fraca altitude destas serras não permite o seu funcionamento como importantes barreiras de condensação. Na estação meteorológica de Sines, a média de precipitação anual, no período 1961-90 é de 493.3 mm (Quadro 11), no entanto a variabilidade interanual dos valores da precipitação é acentuada, como se verifica, em regra, nos climas mediterrânicos. O período seco definido por R (mm) C = 10 (Ic – 8) 18 C = 5 (Ic – 18) 21 C = 15 + 15 (Ic – 21) 28 C = 1250 + 25 (Ic – 28)
118
Ios2 Ios3 Iosc4 Tp
46 C = 545 + 30 (Ic – 46) Io – Índice Ombrotérmico Anual (Pp / Tp) 10, em que: Tp: temperatura positiva anual: soma das temperaturas médias mensais superiores a 0º C, em décimas de grau. Pp: precipitação positiva anual: soma da precipitação dos meses usados no cálculo de Tp Ios2 – Índice Ombrotérmico do Bimestre de Verão (Pps2 / Tps2) 10, em que: Tps2: soma das temperaturas médias mensais superiores a 0º C dos dois meses mais quentes do trimestre de Verão, em décimas de grau; Pps2: soma da precipitação dos meses usados no cálculo de Pps2 Ios3 – Índice Ombrotérmico do Trimestre de Verão (Pps3 / Tps3) 10, em que: Tps3: soma das temperaturas médias mensais superiores a 0ºC dos três meses mais quentes do trimestre de Verão, em décimas de grau; Pps3: soma da precipitação dos meses usados no cálculo de Pps3 Iosc4 – Índice Ombrotérmico de Verão Compensado (Pps4 / Tps4) 10, em que: Tps4. soma das temperaturas médias mensais superiores a 0º C dos três meses de Verão e do que os antecede, em décimas de grau; Pps4: soma da precipitação dos meses usados no cálculo de Pps4 Tp – temperatura positiva anual: soma das temperaturas médias mensais superiores a 0º C, em décimas de grau
4.4 BIOGEOGRAFIA O presente capítulo tem como referência o trabalho de Rivas-Martínez (2007) no que respeita à circunscrição geográfica e designação das unidades biogeográficas doravante referidas. Dado que esta obra tem apenas publicada a sua Parte I, a qual não inclui um mapa biogeográfico da Península Ibérica, foi efectuado no âmbito da referida tese um esboço interpretativo desse mesmo mapa, com base na informação constante no volume publicado (designadamente nos seus capítulos 1.2.3b. Tipología biogeográfica de España y Portugal hasta el rango distrital, 1.2.3c. Contenido geográfico de los distritos de España y Portugal e 1.2.3g Tipología biogeográfica de Portugal Continental (Costa et al. 1998)), e que se apresenta no Anexo I. Para a área em estudo verifica-se que não há diferenças de limite entre as unidades biogeográficas das supracitadas obras, mas apenas ligeiras alterações nas designações das ditas unidades, pelo que a caracterização abaixo reproduzida segue o trabalho de Costa et al. (1998). A área estudada situa-se no sul de Portugal e biogeograficamente está incluída maioritariamente no Distrito Costeiro Vicentino, (Região Mediterrânica; Província Lusitano-Andaluza Litoral; Subprovíncia GaditanoAlgarvia; Sector Algarvio). Apenas as Serras de Grândola e Cercal (s.l., incluindo as serras de São Luís e Odemira) e pertencem ao Distrito Monchiquense (Região Mediterrânica; Província Mediterrânica Ibérica Ocidental,
Subprovíncia
Luso-Estremadurense;
Sector
Mariânico-
Monchiquense; Subsector Alentejano-Monchiquense (Figura 52). 119
Figura 52 – Carta biogeográfica da área estudada. Adaptado de Costa et al. (1998).
4.4.1
Província Lusitano-Andaluza Litoral
Estende-se desde a Figueira da Foz até Marbella (Málaga) e desenvolve-se sempre numa faixa litoral dominada por formações geológicas do Cenozóico (de idades entre o Terciário e o Quaternário). Neste aspecto este território diferencia-se claramente dos que se situam imediatamente para o interior do continente,
dominados
por
rochas
de
idade
mais
antiga
(predominantemente xistos). São dominantes as areias, os arenitos e os calcários e uma forte influência do mar, directa (ondulação e salsugem) ou indirecta (nevoeiros estivais, quase ausência de geada e fracas amplitudes térmicas). Segundo Costa et al. (1998, p. 25): “a flora desta Província é rica em elementos paleotropicais lianóides e lauróides de folhas coriáceas (plantas da “durisilva”
oceânica
pluvial).
Esta
vegetação
antiga,
remontando
aos
paleoambientes tropicais e mediterrânicos pluviestacionais, não tendo sofrido o efeito das glaciações, persiste na Macaronésia (Pruno-Lauretea azoricae)”. Ainda segundo o mesmo autor, o clima ameno fortemente influenciado pelo mar permitiu a permanência destes territórios litorais longe de uma influência 120
mais intensa das glaciações Quaternárias. Este facto possibilitou a permanência de elementos terciários paleomediterrânicos em comum com as províncias Canária, Madeirense e Açoriana (e.g. Myrica faya, Convolvulus fernandesii, Cheilanthes guanchica, Polypodium macaronesicum, Woodwardia radicans, etc.) aos quais se juntaram inúmeros elementos mauritânicos e pôntico-índicos. A sua flora inclui assim, numerosos endemismos de que se podem destacar os seguintes táxones: Arabis sadina, Armeria gaditana, A. macrophylla, A. velutina, Arenaria algarbiensis, Biarum galianii, Brassica barrelieri subsp. oxyrrhina, Cirsium welwitschii, Cistus libanotis, Dianthus broteri subsp. hinoxianus, Erica umbellata var. major, Euphorbia baetica, E. welwitschii, E. transtagana, Fritillaria lusitanica var. stenophylla, Helichrysum picardii subsp. virescens, Herniaria maritima, Juncus valvatus, Leuzea longifolia, Loeflingia tavaresiana, Limonium algarvense, L. diffusum, L. lanceolatum, Linaria lamarckii, L. ficalhoana, Narcissus calcicola, N. gaditanus, N. willkommii, Romulea ramiflora subsp. gaditana, Salvia sclareoides, Scilla odorata, Scrophularia sublyrata, Serratula baetica subsp. lusitanica, Stauracanthus genistoides, S. spectabilis subsp. vicentinus, Thymus albicans, T. mastichina subsp. donyanae, T. carnosus, Ulex airensis, U. subsericeus, U. australis subsp. australis, U. australis subsp. welwitschianus, Verbascum litigiosum. Existem outras espécies que são preferenciais deste território como Armeria pungens, Arthrocnemum macrostachyum, Asparagus albus, A. aphyllus, Bartsia aspera, Carduus meonanthus, Ceratonia siliqua, Cheirolophus sempervirens, Corema album, Deschampsia stricta, Fumana thymifolia, Genista tournefortii, Halimium calycinum, H. halimifolium, Lavandula pedunculata subsp. lusitanica, Limoniastrum monopetalum, Lotus creticus, Nepeta tuberosa, Osyris lanceolata (= O. quadripartita), Quercus faginea subsp. broteroi, Q. lusitanica, Retama monosperma, Stachys germanica subsp. lusitanica, S. ocymastrum, Stauracanthus boivinii, Sideritis hirsuta var. hirtula, Thymus villosus s.l., etc. (Costa et al. 1998). Também o Distrito Costeiro Vicentino é rico em endemismos, tais como: Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum, Dittrichia maritima, Herniaria algarvica, Linaria algarviana, Malcolmia littorea var. alyssoides, M. triloba subsp. gracillima, Plantago almogravensis, Stauracanthus spectabilis subsp. spectabilis Thymus camphoratus, Linaria ficalhoana, Iberis contracta subsp. welwitschii, Hyacinthoides vicentina subsp. transtagana, Cistus palhinhae e Limonium lanceolatum. 121
Outras espécies de grande importância que ocorrem no território são: Sphagnum auriculatum (tem na praia da Zambujeira a sua posição mais meridional em toda a sua área de distribuição), Asplenium marinum (espécie rara), Carex demissa (espécie rara no território) e Arnica montana subsp. atlantica (rara na área estudada). As comunidades Thymo camphoratiStauracanthetum spectabilis, Genisto triacanthi-Stauracanthetum spectabilis, Genisto triacanthi-Cistetum palhinhae, Spergulario rupicolae-Limonietum virgati, Didymodon spadicei-Adiantetum capilli-veneris, só se assinalam neste Distrito, no entanto também contribuem para a sua caracterização: Oleo sylvestrisQuercetum suberis, Asparago aphylli-Quercetum suberis, Querco cocciferaeJuniperetum turbinatae, Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae, Rubio longifoliae-Corematetum albi, Querco lusitanicae-Stauracanthetum boivinii, Stipo giganteae-Stauracanthetum
vicentini,
Artemisio
crithmifoliae-Armerietum
pungentis, Herniario algarvicae-Linarietum ficalhoanae, Geranio purpureiGalietum minutuli, Inuletum revolutae e Santolinetum impressae. 4.4.2
Província Mediterrânica Ibérica Ocidental
Desta
unidade
importa
apenas
caracterizar
a
subprovíncia
Luso-
Estremadurense, a qual está intimamente associada a materiais siliciosos de carácter xistoso e granítico. Do ponto de vista geomorfológico os limites desta província são praticamente coincidentes com a Meseta Sul (Peneplanície Alentejana). A Ocidente contacta com as formações detríticas plio-plistocénicas que cobrem a plataforma litoral, já pertencentes à província Lusitano-Andaluza Litoral. Para norte e noroeste contacta com as bacias sedimentares do Tejo e Sado e ainda com o Maciço Calcário Estremenho (Orla Meso-Cenozóica Ocidental). Para sul contacta com os calcários do Barrocal Algarvio (Orla Meso-Cenozóica Algarvia). Do
ponto
de
vista
bioclimático
desenvolve-se
pelos
andares
termomediterrânico e mesomediterrânico, sendo este último dominante. A vegetação potencial é dominada por sobreirais, azinhais e mais raramente carvalhais de carvalho-negral nos territórios mais frescos e húmidos. O Distrito Monchiquense é um território constituído pela Serra de Monchique (de natureza síenitica nos patamares de maior altitude) e serras xistosas (também quartzíticas e metavulcaníticas) e graníticas, em geral de baixa ou média altitude (Grândola, Cercal, S. Luís, Espinhaço de Cão,
122
Caldeirão). São endemismos deste território: Centaurea vicentina, C. crocata, Euphorbia monchiquensis, Serratula monardii subsp. algarbiensis e Scorzonera transtagana, sendo ainda de salientar a presença de Bupleurum acutifolium, Cynara algarbiensis, Quercus canariensis, Rhododendron ponticum e Ulex argenteus subsp. argenteus (Costa et al. 1998). 4.5 CARACTERIZAÇÃO
DA
VEGETAÇÃO
NATURAL
E
SEMINATURAL DA ÁREA EM ESTUDO 4.5.1
Flora
A flora do Sudoeste Alentejano constitui um dos importantes recursos naturais da região dada sua diversidade e originalidade. O elenco florístico apresentado no Anexo III reúne um total de 1164 táxones, dispersos por 115 famílias, das quais 3 famílias contribuem com mais de 100 espécies (Asteraceae, com 149 espécies, correspondentes a 12.55% do total do elenco; Fabaceae, com 114 espécies, correspondentes a 9.60% do total do elenco; Poaceae, com 111 espécies, correspondentes a 9.35% do total do elenco) e quase metade das famílias (55) com apenas uma ou duas espécies. As fontes de informação consultadas para a elaboração do referido elenco são as referidas no início do Capítulo 4.1. Foi também coligida informação relativa aos exemplares vegetais colhidos na área de estudo e que se encontram depositados no Herbário João de Carvalho e Vasconcellos (LISI), os quais serviram de colecção de referência na resolução de dúvidas com táxones duvidosos. Para a recolha de informação relativa à caracterização dos táxones (enquadramento taxonómico – divisão, família e género – e tipo fisionómico) foram consultadas as seguintes Floras:
Flora Ibérica, Plantas Vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares (Castroviejo et al. 1986);
Nova Flora de Portugal (Franco 1971; 1984; Franco & Rocha Afonso 1994; 1998; 2003);
Na elaboração do elenco florístico incluiu-se para cada táxone (espécie, subespécie ou variedade), a seguinte informação:
123
Divisão – foram apenas consideradas três divisões das plantas vasculares: pteridófitos, gimnospérmicas e angiospérmicas;
Família – de acordo com as obras acima referidas (dando preferência pela ordem de apresentação);
Nome Científico – agrupado por género, espécie, subespécie e variedade, devidamente identificado e seguido do classificador ou classificadores;
Tipo Fisionómico – segundo o critério de Raunkjaer (1934), apresentado por Vasconcellos, Coutinho & Franco (1969);
Endemismo – Indicação do tipo de endemismo, caso este se verifique. No caso das plantas alóctones a sua origem geográfica vem indicada entre parêntesis rectos53;
Óptimo Ecológico – designação do sintáxone no âmbito do qual se considera estar a planta em seu óptimo ecológico;
Estatuto – estatuto de conservação de acordo com diversos documentos, nomeadamente: Directiva Habitats, Convenção de Berna e Convenção de Washington (CITES);
Observações – lista não exaustiva de sinónimos ou outras indicações julgadas úteis.
Espectro fisionómico A partir do elenco florístico elaborado, foi estudada a frequência dos tipos fisionómicos de Raunkjaer (Figura 53), de modo a reconhecer os tipos dominantes e estabelecer algumas relações entre os tipos fisionómicos e os ecossistemas presentes na área de estudo.
53
Para o levantamento desta informação foram também consultados, para além das obras anteriormente
referidas, os trabalhos de Marchante, Freitas & Marchante (2008) e também de Campos & Herrera (2009).
124
Macrofanerófitos, 1, 0.1% Mesofanerófitos, 19, 1.6%
Megafanerófitos, 1, 0.1% Geófitos, 99, 8.5%
Microfanerófitos, 28, 2.4%
Nanofanerófitos, 69, 5.9%
Fanerófitos escandentes, 13, 1.1%
Helófitos, 34, 2.9%
Hidrófitos, 28, 2.4%
Holoparasitos, 3, 0.3%
Caméfitos, 125, 10.7%
Hemicriptófitos, 277, 23.8% Terófitos, 467, 40.1%
Figura 53 – Espectro fisionómico da flora do Sudoeste Alentejano. Na legenda apresentam-se o tipo fisionómico, seguido no número total de táxones e da percentagem relativa ao total do elenco florístico.
A classificação de Raunkjaer dá-nos indicações quanto ao ciclo de vida das plantas bem como quanto à sua estrutura, permitindo inferir, aquando da inventariação de uma formação vegetal, algumas características relacionadas com a ecologia e predominância de certos estádios da sucessão ecológica. Verifica-se que os ecossistemas que se observam no início de um processo de sucessão ecológica (etapas pioneiras) ou em situações de elevado stress ambiental (ambientes salinos, por exemplo) apresentam predominância de terófitos e hemicriptófitos (em algumas situações, como sejam ambientes pedregosos – designados por ambientes casmofíticos – podem também apresentar um elevado número de caméfitos), enquanto as formações que ocorrem na fase mais matura da sucessão (etapas climácicas) apresentam um número substancial de fanerófitos, alguns geófitos (em particular em ambientes de bosques caducifólios) e uma menor predominância de terófitos. Da análise do espectro fisionómico da Flora da área estudada observa-se um claro predomínio de terófitos com uma percentagem de cerca de 40,1%, seguidos dos hemicriptófitos com cerca de 23,8%, dos caméfitos com 10,7% e geófitos com 8,5%. Os fanerófitos representam um total de 11,3%, ficando os 125
restantes tipos representados por cerca de 5,6% do elenco florístico. Estes valores são consistentes com a paisagem vegetal actual da região, não apenas pelo facto de o território apresentar uma extensa linha de costa (e também ambientes estuarinos) nos quais os factores de stress ambiental (vento, salinidade e mobilidade do substrato) apresentam grande preponderância, mas também porque no que respeita à plataforma litoral esta apresenta um historial de utilização longo e intenso (bem patente na análise cartográfica apresentada no Capítulo 4.7.3, do qual resultou uma grande simplificação da paisagem vegetal, e até certo ponto a sua ‘terofitização’ (vd. Barbero et al. (1990)). No que respeita aos elementos da flora da região com maior valor natural salienta-se a presença de 49 endemismos lusitanos: Adenocarpus anisochilus; Armeria pinifolia; A. rouyana; Asphodelus lusitanicus var. lusitanicus; Avenula hackelii subsp. stenophylla; Campanula primulifolia; Centaurea crocata; C. vicentina; Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum (Figura 55); Cistus palhinhae (Figura 70B); Daucus halophilus; Diplotaxis vicentina; Dittrichia maritima; D. viscosa subsp. revoluta; Euphorbia monchiquensis; E. transtagana; Herniaria algarvica; H. maritima; Hyacinthoides vicentina subsp. transtagana; H. vicentina subsp. vicentina; Iberis microcarpa subsp. microcarpa; Jonopsidium acaule; Juniperus navicularis; Limonium lanceolatum; Linaria algarviana; L. ficalhoana; Malcolmia alyssoides; M. triloba subsp. gracillima; Myosotis lusitanica; M. retusifolia; Narcissus calcicola; Ononis hackelii; Picris algarbiensis; Plantago almogravensis (Figura 54); Quercus coccifera subsp. rivasmartinezii; Rumex
intermedius
subsp.
lusitanicus;
Santolina
impressa;
Scorzonera
transtagana; Scrophularia sublyrata; Serratula alcalae subsp. aristata; S. monardii var. algarbiensis; Sideritis hirsuta var. hirtula; Stauracanthus spectabilis subsp. vicentinus; Thymus camphoratus subsp. camphoratus; T. camphoratus subsp. congestus; T. villosus subsp. villosus; Ulex argenteus; U. australis subsp. welwitschianus e Verbascum litigiosum.
126
Figura 54 – Plantago almogravensis, endemismo lusitano de distribuição muito localizada. Foto do autor A – População de Plantago almogravensis; B – Fotografia de indivíduo em antese.
Foram também identificados 78 endemismos ibéricos: Anchusa calcarea; A. undulata subsp. granatensis; A. undulata subsp. undulata; Antirrhinum cirrhigerum; Arenaria algarbiensis; A. conimbricensis; Arnica montana subsp. atlantica; Asphodelus aestivus; Biscutella vicentina; Bupleurum acutifolium; Calendula algarbiensis; C. incana; C. suffruticosa subsp. lusitanica; Centaurea sphaerocephala subsp. polyacantha; Cheirolophus sempervirens; Cistus libanotis; Cochlearia glastifolia; Conopodium majus subsp. marizianum; Corema album; Cynara algarbiensis; Cytisus grandiflorus subsp. cabezudoi; Deschampsia stricta; 127
Dianthus broteri subsp. hinoxianus; Diplotaxis virgata; Dipsacus comosus; Echium rosulatum subsp. rosulatum; Elaeoselinum tenuifolium; Eryngium galioides; Erysimum linifolium; Euphorbia boetica; Evax lusitanica; Ferula communis subsp. catalaunica; Fritillaria lusitanica var. lusitanica; Genista hirsuta subsp. algarbiensis; G. hirsuta subsp. hirsuta; G. tournefortii; Hedera maderensis subsp. iberica; Helichrysum decumbens; Herniaria scabrida var. unamunoana; Iberis procumbens; I. sampaiana; I. welwitschii; Juncus emmanuelis; J. rugosus; Lavandula luisieri; L. viridis; Linaria lamarckii; L. viscosa; Loeflingia baetica var. tavaresiana; Lotus corniculatus subsp. carpetanus; Nigella papillosa; Picris spinifera; Plantago coronopus subsp. occidentalis; Polygala microphylla; Pterocephalilium diandrum; Pterocephalus intermedius; Pterospartum tridentatum subsp. tridentatum; Ranunculus gregarius; Rhododendron ponticum subsp. baeticum; Romulea ramiflora subsp. gaditana; Rosmarinus palaui; Rumex bucephalophorus subsp. hispanicus; Salix salviifolia subsp. australis; S. salviifolia subsp. salviifolia; Salvia sclareoides; Sanguisorba hybrida; Scilla odorata; Scorzonera baetica; Senecio lopezii; Serratula monardii var. monardii; Silene mellifera subsp. mellifera; S. psammitis subsp. psammitis; Spergularia australis; Stauracanthus genistoides; Teucrium haenseleri; T. lusitanicum; Thymus carnosus e T. mastichina.
Figura 55 – Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum, endemismo lusitano.
128
Finalmente refere-se também a ocorrência de 104 endemismos ibero-mauritânicos e 9 endemismos europeus (vd. ANEXO III). De entre estes, salientam-se apenas alguns táxones pelo seu interesse científico (e.g. Drosophyllum lusitanicum (Figura 56)) e representatividade no contexto da flora local (e.g. Quercus faginea subsp. broteroi, Quercus lusitanica, Stauracanthus boivinii, Genista triacanthos, entre outras).
Figura 56 – Drosophyllum lusitanicum, um endemismo ibero-mauritânico de singular valor científico (planta carnívora) e beleza. Fotos do autor. A – Detalhe da folha; B – Dípteros capturados pela planta; C – Flor; D – Lepidóptero capturado pela planta.
129
Indicam-se ainda as 48 espécies que integram os anexos da Directiva 93/42/CEE e da Convenção de Berna ou que se encontram ao abrigo do estatuto de protecção CITES, que regula o comércio internacional das espécies de fauna e flora selvagens ameaçadas de extinção: Apium repens (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Armeria rouyana (Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Arnica montana subsp. atlantica (Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE); Avenula hackelii subsp. stenophylla (Anexo(s) BII e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Barlia robertiana (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Biscutella vicentina (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Centaurea vicentina (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Cistus palhinhae (Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Cymodocea nodosa (Anexo I da Convenção de Berna); Diplotaxis vicentina (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Euphorbia transtagana (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Gennaria diphylla (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Herniaria algarvica (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Herniaria maritima (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Hyacinthoides vicentina subsp. transtagana (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Hyacinthoides vicentina subsp. vicentina (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Iberis microcarpa subsp. microcarpa (Anexo(s) B-II da Directiva 92/43/CEE); Jonopsidium acaule (Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Limonium lanceolatum (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Linaria algarviana (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Linaria ficalhoana (Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Myosotis lusitanica (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Myosotis retusifolia (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Narcissus bulbocodium subsp. bulbocodium (Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE); Narcissus bulbocodium subsp. obesus (Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE); Narcissus calcicola (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Ononis hackelii (Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Ophrys apifera (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Ophrys bombyliflora (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Ophrys fusca (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Ophrys scolopax (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); 130
Orchis morio subsp. morio (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Pilularia minuta (Anexo I da Convenção de Berna); Plantago almogravensis (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Ruscus aculeatus (Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE); Salix salviifolia subsp. australis (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Santolina impressa (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE); Scilla odorata (Anexo(s) B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Scrophularia sublyrata (Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE); Serapias cordigera (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Serapias lingua (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Serapias parviflora (Anexo II da Convenção de Washington (CITES)); Spiranthes aestivalis (Anexo(s) B-IV da Directiva 92/43/CEE); Thymus camphoratus subsp. camphoratus (Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Thymus carnosus (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna); Thymus villosus subsp. villosus (Anexo(s) B-IV da Directiva 92/43/CEE) e Verbascum litigiosum (Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE). 4.5.2
Vegetação
A descrição da vegetação de um território tem por base o estudo das comunidades vegetais que integram a vegetação natural, seminatural e sinantrópica da área de estudo, com base nas quais seja possível: a) identificar o conjunto de comunidades características do coberto vegetal da região estudada, quer as que se localizam em estações climatófilas, quer as que se localizam em estações edafófilas. Nestas, distinguem-se usualmente as estações edafo-higrófilas das estações edafoxerófilas; b) interpretar, no contexto dos processos de substituição temporal de comunidades que se designa genericamente por «Sucessão Ecológica», o modo como estas comunidades se relacionam; c) identificar, ampliando a escala de observação, os padrões de adjacência das séries de vegetação de uma região, de acordo com o gradiente altitudinal ou latitudinal da região, aos quais corresponderão clisséries características. Salienta-se que as três etapas anteriormente enunciadas correspondem aos três níveis de complexidade correntemente reconhecidos no seio da 131
Fitossociologia Integrada, ou Fitossociologia Dinâmico-Catenal (RivasMartínez 2005; Monteiro-Henriques 2010). Este estudo poderá ser estendido ao estudo das comunidades vegetais de origem antrópica (agrícolas ou florestais), fortemente dependentes da intervenção humana, que ocorrem no território e cujos padrões de ocupação espacial e modelos de exploração se encontram também, frequentemente, correlacionados com os padrões de variação climática, edáfica e biogeográfica do território. 4.5.2.1
Localidades estudadas
Descrevem-se em seguida um conjunto de localidades (Figura 57) nas quais foi possível observar os mosaicos de vegetação natural e seminatural presentes na região em estudo e a partir das quais foi possível elaborar a síntese da vegetação do Sudoeste Alentejano apresentada no Capítulo 4.6.
Figura 57 – Localidades em estudo. 1 – Monte do Sodo (Serra do Cercal); 2 – Corgo dos Aivados (Ribeira da Azenha); 3 – Sapal do rio Mira (por baixo da ponte sobre o Mira, à saída de V.N. de Milfontes); 4 – Praia e arribas entre Ponta da Ilha e Ponta dos Azulejos (Almograve); 5 – Cabo Sardão (Cavaleiro); 6 – Sítio da cascata (V.N. de Milfontes); 7 – Praia das Furnas (V.N. de Milfontes) 132
4.5.2.1.1
Localidade 1 – Monte do Sodo (Serra do Cercal, Odemira)
Na encosta com exposição Noroeste, anexa à estrada nacional N390 podemos observar uma catena de vegetação típica das colinas sublitorais do Alentejo ocidental (Grândola, Cercal e São Luís). Como se trata de uma serra de baixa altitude, dominada por solos derivados de xistos, a vegetação potencial é formada por um sobreiral de Lavandulo viridis-Quercetum suberis. No fundo do vale, sobre solos evoluídos e com compensação edáfica é frequente desenvolverem-se carvalhais de Quercus faginea subsp. broteroi. Na localidade estudada estes carvalhais não estão presentes mas sim as respectivas etapas subseriais (silvados, Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii e urzais, CistoUlicetum minoris), no entanto em alguns locais da serra é possível ainda observar alguns desses carvalhais. Do fundo do vale para o sector mais elevado verifica-se uma diminuição da humidade e da espessura do solo. Devido à exploração agrícola e florestal de que foi alvo a quase totalidade da serra, os sobreirais encontram-se mal conservados quer do ponto de vista estrutural quer do ponto de vista da composição florística. Assim podemos verificar que no estrato arbóreo apenas ocorrem sobreiros e medronheiros contudo nestes sobreirais siliciosos, termomediterrânicos, sub-húmidos a húmidos é frequente a ocorrência de Quercus faginea subsp. broteroi, Q. rotundifolia, Q. rivasmartinezii, Q. pyrenaica, Q. x marianica (Q. canariensis x Q. faginea), Phillyrea latifolia, Ceratonia siliqua, Olea sylvestris. Caminhando para o topo da encosta observamos as diferentes etapas subseriais do sobreiral (Figura 58): Sobral de Lavandulo viridis-Quercetum suberis Em solo profundo derivado de xisto: 250 m m.s.l., NW, 100 m2, 100% de cobertura, características: 5Quercus suber, 2Arbutus unedo, 2Smilax altissima, 1Myrtus communis, 1Rubia longifolia, +Rhamnus alaternus, +Quercus lusitanica, +Lonicera implexa, +Phillyrea angustifolia, +Daphne gnidium, +Asparagus aphyllus, +Carex distachya, +Scilla monophyllus, +Bupleurum acutifolium (dif. subass.), +Centaurea crocata (dif. subass.); companheiras: 1Rubus ulmifolius, +Lonicera hispanica, +Cistus ladanifer, +Erica scoparia, +Cistus salviifolius, +Picris spinifera, +Calamintha baetica, +Cynara algarbiensis. Medronhais de Cisto popullifolii-Arbutetum unedonis Em solo derivado de xisto, 260 m m.s.l., NW, 20 m2, 70% de cobertura, 133
características: 3Arbutus unedo, 2Phillyrea angustifolia, 2Quercus suber (frut.), 1Smilax aspera, +Rhamnus alaternus, +Erica arborea, +Asparagus aphyllus, +Rubia longifolia, +Pulicaria odora, +Centaurea crocata, +Scilla monophyllus; companheiras:
1Stauracanthus
boivinii,
+Rubus
ulmifolius,
+Margotia
gummifera, +Conopodium marizianum, +Dactylis hispanica. Matagal de carvalhiça Centaureo crocatae-Quercetum lusitanicae Em solo derivado de xisto, 260 m m.s.l., NW, 20 m2, 100% de cobertura, características:
5Quercus
lusitanica,
2Bupleurum
acutifolium,
1Scilla
monophyllus, +Centaurea crocata, +Smilax aspera, +Asparagus aphyllus; companheiras: 1Celtica gigantea, 1Asphodelus lusitanicus, +Erica scoparia, +Cistus ladanifer, +Pterospartum tridentatum, +Conopodium marizianum, +Urginea maritima. Tojal de tojo bonito Querco lusitanicae-Stauracanthetum boivinii Em solo erodido derivado de xisto: 260 m m.s.l., NW, 50 m2, 80% de cobertura, características: 3Stauracanthus boivinii, 2Pterospartum tridentatum, 1Erica scoparia; companheiras: 2Quercus lusitanica, 2Lithodora lusitanica, 1Centaurea crocata (dif. ass.), +Lavandula luisieri, +Cistus ladanifer, +Cistus salviifolius, +Pulicaria odora, +Margotia gummifera, +Scilla monophyllus, +Conopodium marizianum, +Dactylis hispanica.
Figura 58 – Esquema de uma catena de vegetação na Serra do Cercal (Monte do Sodo), na encosta exposta a Noroeste.
134
Nos locais de maior altitude e de maior degradação do solo (elevada pedregosidade) Euphorbio transtaganae-Celticetum giganteae. A série climatófila do carvalho cerquinho, embora presente noutros locais da serra, não se observa nesta Localidade. No fundo do vale, junto à estrada observamos etapas de substituição Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii; Cisto-Ulicetum minoris; Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae. 4.5.2.1.2
Localidade 2 – Ribeira da Azenha (Corgo dos Aivados)
O Corgo dos Aivados corresponde a um curso de água temporário de orientação Este-Oeste. Está instalado numa fractura que afecta os arenitos consolidados do Malhão e dos Aivados e apresenta entre os sítios do Monte Novo e da Azenha uma dissimetria evidente entre a vertente sul de maior comando e inclinação geral relativamente à vertente norte. No local estudado, precisamente no Monte Novo (vertente norte da ribeira), a plataforma litoral com cobertura arenosa apresenta uma altitude de 50 m enquanto o sector sul apresenta uma altitude de 70 m. Aí podemos observar, nos locais de maior acumulação de areia, um sabinal de Juniperus turbinata fragmentado em mosaico com carrascais/sabinal de Querco cocciferaeJuniperetum turbinatae nos sítios onde os arenitos consolidados do Malhão estão à superfície ou muito próximo dela. Na etapa de substituição dos zimbrais psamófilos observa-se um tomilhal de Thymus camphoratus, com estrato arbóreo de pinheiro-bravo. As acumulações arenosas de maior espessura derivam da degradação superficial do arenito do Malhão misturadas com areias eólicas transportadas a partir do litoral pelo vento. Ao descer a vertente observamos no sector inicial do caminho, no contacto com a plataforma litoral de topo, as cornijas definidas pelas bancadas duras do arenito consolidado do Malhão. Este arenito está consolidado com cimento calcário que, segundo Ramos Pereira (1990), fica a dever a sua consolidação à fase de pedogénese (sob a influencia da vegetação) a que as areias, depois da sua deposição, foram submetidas. Esta consolidação com cimento calcário justifica o mosaico, por vezes complexo, de vegetação que se observa. Desta forma, nas cornijas calcárias do arenito do Malhão, podemos observar o importante endemismo lusitano Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum o qual ocorre apenas entre a Praia do Pessegueiro (Porto Covo) e a Praia da Amoreira (Aljezur). Esta planta anual está associada exclusivamente a arenitos consolidados com cimento calcário. 135
No forte da Praia do Pessegueiro, nas bancadas de arenito do Malhão muito fracturado em blocos, pode também observar-se esta planta, por vezes com grande dominância. Na superfície destas bancadas de arenitos criam-se pequenas depressões colmatadas com partículas arenosas, transportadas pelo vento. Nestas pequenas depressões ocorrem espécies anuais da aliança própria das dunas litorais semifixas Linarion pedunculatae, como Linaria ficalhoana, Silene littorea, Cutandia maritima, Erodium bipinnatum. Contudo a ecologia destas plantas anuais não deve ser confundida com a do Chaenorhinum lusitanicum pois esta última
planta está sempre e
exclusivamente associada aos arenitos calcários e nunca às acumulações arenosas, onde a sua presença não ocorre. Ainda nas cornijas dos arenitos consolidados do Malhão podemos observar outra planta calcicola, Iberis microcarpa, endemismo Português que ocorre no sector Divisório Português e nas arribas calcárias da serra da Arrábida. A presença desta planta nos arenitos consolidados do Malhão aumenta substancialmente para sul a sua área de distribuição que até aqui tinha na Arrábida a sua posição mais meridional. Ainda associada aos afloramentos do arenito do Malhão, mas fora das cornijas, em locais com solo rico em matéria orgânica tipo moder, com inúmeros pedaços de arenito ainda não alterado podemos observar o carrascal/zimbral Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae. Esta formação arbustiva constitui um clímax edafoxerófilo e tem como etapa de substituição um tomilhal de Thymus camphoratus subsp. congestus. Nos locais onde se acumula areia com alguma profundidade entram os elementos psamófilos. Estas acumulações arenosas verificam-se em áreas deprimidas com alguma extensão ou em plataformas de fraca inclinação onde as partículas arenosas podem acumular-se com espessura superior a 20 cm. Esta areia provém da destruição dos arenitos consolidados do Malhão à qual se misturam algumas partículas transportadas a partir do topo da plataforma litoral ou a partir das dunas e praias litorais. Estas areias apresentam-se descalcificadas pelo que se verifica aqui a presença dos zimbrais psamófilos de Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae e inúmeros elementos característicos de areias (Ononis ramosissima, Helichrysum picardii, Antirrhinum cirrhigerum e Thymus camphoratus) e do mato Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis. No fundo do vale, em solos de aluvião depositados pela ribeira, aos quais se mistura areia transportada por gravidade ao longo das vertentes, podemos 136
observar o salgueiral Viti viniferae-Salicetum atrocinereae e o respectivo silvado de substituição Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii (Figura 59). Sabinal / carrascal de Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae Duna consolidada: 50 m m.s.l., S, 400 m2, 90% de cobertura, características: 3Juniperus turbinata, 3Quercus coccifera, 2Osyris lanceolata, 2Rhamnus oleoides, 2Olea sylvestris, 1Pistacia lentiscus, 1Lonicera implexa, 1Phillyrea angustifolia, 1Coronilla glauca, 1Asparagus acutifolius, +Rhamnus alaternus, +Smilax aspera, +Rubia longifolia, +Antirrhinum cirrhigerum, +Daphne gnidium, +Asparagus aphyllus, +Carex distachya, +Scilla monophyllus, (X)Ephedra fragilis, (X)Quercus rivasmartinezii; companheiras: 1Astragalus lusitanicus, 1Ruta chalepensis, +Ulex welwitschianus, +Cistus crispus, +Rosmarinus officinalis, +Cistus salviifolius, +Stipa gigantea, +Rumex lusitanicus, + Thymus camphoratus subsp. congestus, (X)Dorycnium hirsutum. Tomilhal de Thymetum congesti Duna consolidada: 50 m m.s.l., S, 100 m2, 50% de cobertura, características: 2Thymus camphoratus subsp. congestus, 1Halimium calycinum, 1Cistus salviifolius, 1Cistus crispus, 1Astragalus lusitanicus, 1Ruta chalepensis, +Lavandula luisieri, +Ulex welwitschianus, +Helichrysum picardii, +Urginea maritima; companheiras: 2Sedum sediforme, 1Rosmarinus officinalis, +Iberis microcarpa, +Stipa gigantea, +Hyparrhenia sinaica, +Lobularia maritima, +Gladiolus illyricus. Comunidade de Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum Duna consolidada: 50 m m.s.l., S, 10 m2, 10% de cobertura, características: 2Chaenorhinum lusitanicum, 1Asterolinon linum-stellatum, 1Medicago littoralis, +Silene colorata, +Leontodon longirostris, +Plantago bellardii, +Vulpia myuros, +Briza maxima, +Linum striatum, +Trifolium campestre, +Mibora minima; companheiras: +Scorpiurus muricatus, +Lagurus ovatus, +Anagallis arvensis, +Centranthus
calcitrapa,
+Gladiolus
illyricus,
+Calendula
algarbiensis,
+Lobularia maritima.
137
Figura 59 – Mosaico de comunidades vegetais no Vale da Ribeira da Azenha (Corgo dos Aivados). 1 – Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis; 2 – Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae; 3 – Comunidade de Chaenorhinum lusitanicum; 4 – Tomilhal de Thymetum congesti; 5 – Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae; 6 – Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii; 7 – Viti viniferae-Salicetum atrocinereae.
4.5.2.1.3
Localidade 3 – Sapal de Vila Nova de Milfontes
O vale do rio Mira apresenta uma clara orientação estrutural. Durante o máximo glaciário a profundidade do vale teria sido bem superior à actual e teria definido um canhão com elevado comando das suas vertentes, principalmente no seu sector mais terminal. Com a transgressão Flandriana o fundo do vale é inundado e os sedimentos vão provocar a sua colmatação gradual. Desta forma desenvolvem-se plataformas lodosas nos locais abrigados. Actualmente estas plataformas lodosas e a vegetação que as coloniza desenvolvem-se numa extensão de 10 km desde a foz para montante. No sector mais terminal o rio apresenta uma orientação Este-Oeste (durante 3,6 km) e neste espaço os sapais de Vila Nova de Milfontes desenvolvem-se na margem esquerda do rio Mira, nas enseadas associadas a pequenos vales estruturais perpendiculares à orientação geral do rio. Actualmente verifica-se uma diminuição da extensão ocupada pelo sapal, como consequência da subida do nível do mar. A plataforma do sapal alto termina com frequência numa microarriba de erosão onde se verifica o efeito de sapa da ondulação por debaixo da zona radicular das plantas. A quase totalidade do sapal baixo de Spartina maritima que existia há algumas 138
décadas atrás, foi destruído devido à erosão e já não existe actualmente. Verifica-se, entretanto, a formação de um novo nível de sapal baixo em posição visivelmente mais baixa do que a anterior. Este novo nível de sapal baixo
pode
observar-se
em
grandes
extensões
e
apresenta
uma
descontinuidade evidente (microarriba) com o nível de sapal alto, o qual continua, actualmente, em erosão. Nas posições mais interiores do sapal verifica-se a entrada de água doce proveniente das ribeiras situadas nas cabeceiras dos pequenos vales que definem as áreas abrigadas onde se instalaram os sapais. Das posições mais baixas do sapal para o interior, onde os níveis de salinidade
são
mais
baixos,
encontramos
a
seguinte
sucessão
de
permasigmeta (Figura 60): Spartinetum maritimae; Puccinellio ibericaeSarcocornietum Cistancho
perennis;
Halimiono
phelypaeae-Sarcocornietum
portulacoidis-Sarcocornietum fruticosae;
Inulo
alpini;
crithmoidis-
Arthrocnemetum macrostachyi; Polygono equisetiformis-Juncetum maritimi; Limonietum lanceolati; Frankenio laevis-Salsoletum vermiculatae; Comunidade de Spartina patens.
Figura 60 – Geopermasigmetum do sapal de Vila Nova de Milfontes próximo da Praia das Furnas. 1 – Spartinetum maritimae; 2 – Puccinellio ibericae-Sarcocornietum perennis, 3 – Halimiono portulacoidis-Sarcocornietum alpini; 4 – Cistancho phelypaeae-Sarcocornietum fruticosae; 5 – Inulo crithmoidis-Arthrocnemetum macrostachyi; 6 – Polygono equisetiformis-Juncetum maritimi; 7 – Limonietum lanceolati; 8 – Frankenio laevisSalsoletum vermiculatae; 9 – Comunidade de Spartina patens.
4.5.2.1.4
Localidade 4 – Praia de Almograve
Neste local podemos observar a vegetação característica das arribas xistosas com escorrência permanente de água, as comunidades aero-halófilas 139
características das arribas secas e ainda as comunidades próprias das dunas antigas sobrepostas à plataforma litoral xistosa. Nas comunidades dunares observa-se um mosaico de comunidades vegetais dependentes de uma maior ou menor espessura das areias e consequente afastamento da superfície das formações plistocénicas subjacentes. Nas áreas de maior espessura de areias ocorre o sabinal Osyrio quadripartitaeJuniperetum turbinatae com o camarinhal Rubio longifoliae-Corematetum albi como orla natural ou primeira etapa de substituição. Nos locais de menor espessura de areia ocorre o tomilhal/tojal endémico do distrito Costeiro Vicentino Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis. Nas áreas mais protegidas pode também ocorrer o zimbral Daphno gnidii-Juniperetum navicularis. Nas arribas marítimas assinala-se a comunidade Spergulario rupicolaeLimonietum virgati onde frequentemente se observa Plantago macrorhiza. Nas arribas xistosas a escorrência permanente de água permite a existência de comunidades de áreas húmidas, por vezes turfosas. A microtopografia das arribas tem uma importância fundamental na organização espacial das comunidades vegetais das escorrências de água. No conjunto estas comunidades vegetais constituem um permasigmetum muito dependente da exposição, espessura dos microssolos, inclinação e condições de escorrência de água. Em geral constituem-se 3 tipos de biótopos. a) Na Formação Vermelha, ao nível do contacto com a superfície da plataforma talhada nos materiais Paleozóicos, constituem-se, em geral, as nascentes de água. Nestes locais, as areias apresentam sempre forte humidade e são colonizadas por Juncus acutus e Scirpoides holoschoenus (HoloschoenoJuncetum acuti) muitas vezes em povoamentos quase puros. b) No tecto e no sector mais interior das fendas e semigrutas (half-caves) existentes nas paredes rochosas, o ensombramento é favorável à colonização pelas comunidades da Adiantetea. c) No sector inferior das semigrutas e microplataformas rochosas na parede da arriba onde o fraco declive origina a acumulação de um microssolo de
140
natureza
turfosa,
colonizada
por
táxones
característicos
da
classe
Scheuchzerio-Caricetea fuscae (Figura 61). Juncais de Scirpoides holoschoenus São muito frequentes e apresentam sempre uma composição florística simples, dominada por Scirpoides holoschoenus e Juncus acutus. A sua posição na arriba está dependente da existência de um solo húmido suficientemente profundo. As nascentes de água, no nível das areias da Formação Vermelha, são o único local onde essas condições se manifestam, pois de seguida a água escorre pela arriba e aí os microssolos não têm espessura suficiente para o desenvolvimento da comunidade. Em alguns locais podem observar-se afloramentos de materiais margosos do Miocénico, no contacto com os xistos do Paleozóico, cobertos pelas areias e arenitos da Formação Vermelha. Nestes casos, as margas podem encontrar-se ensopadas em água e constitui-se um mosaico de Tamarix africana com o juncal. Nestes casos torna-se evidente que a destruição do Polygono equisetiformis-Tamaricetum africanae conduz à instalação do juncal e assim se gera uma microssérie observável nas escorrências das arribas do Sudoeste Alentejano. Comunidades brio-pteridofíticas Embora relativamente raras em toda a sua área de distribuição, as comunidades da classe Adiantetea, apresentam uma invulgar abundância nas arribas do Sudoeste Alentejano, como consequência das inúmeras nascentes que aí se constituem. Em regra as comunidades da Adiantetea (Didymodon spadicei-Adiantetum
capilli-veneris)
colonizam
paredes
rochosas
com
escorrência lenta de água rica em cálcio. Face às comunidades continentais, as arribas litorais apresentam um biótopo original, caracterizado pela elevada salinidade das águas de escorrência. Do ponto de vista florístico a diferenciação da comunidade litoral faz-se, no nível vascular através da elevada dominância de Samolus valerandi, associada às águas salobras e no nível briofítico, pela presença de dois musgos; Didymodon spadiceus (única área de ocorrência em Portugal) e Eurhynchium speciosum, espécie pouco vulgar mas que nas arribas do Sudoeste Alentejano é muito frequente. Para além das espécies referidas, os inventários realizados detectaram, também, companheiras das comunidades da Scheuchzerio-Caricetea fuscae, 141
cuja na presença nas comunidades briofíticas da Adiantetea é pouco habitual. A presença destas companheiras é mais evidente nos locais onde a semigruta não é tão evidente, (está mais esbatida) e as plantas transgressivas podem entrar mais facilmente na Adiantetea. No entanto, mesmo nos locais em que as semigrutas e as fendas são mais evidentes, verifica-se sempre a presença de algumas espécies transgressivas, pois a orientação das arribas (geralmente expostas a Poente), permite a sua iluminação pelos raios solares do fim do dia, em que o ângulo de incidência permite a penetração no interior da maioria das fendas e das semigrutas. Vegetação turfosa Nas microplataformas ou em sectores menos inclinados da arriba, onde se verifica a possibilidade de acumulação de matéria orgânica, formam-se microssolos permanentemente encharcados. Estes biótopos são colonizados por vegetação da classe Scheuchzerio-Caricetea fuscae que corresponde a versões empobrecidas da comunidade Anagallido tenellae-Juncetum bulbosi, a qual ocorre em algumas depressões interdunares húmidas com solos turfosos, em posição mais interior. Nas arribas, o Anagallido tenellae-Juncetum bulbosi é dominado por Carex demissa, Juncus bulbosus e Anagallis tenella, acompanhada por Leontodon taraxacoides, Leontodon longirostris e Leontodon tuberosus, sempre com grande dominância. A sobrevivência desta comunidade está dependente da manutenção da escorrência de água, sobretudo durante o Verão. Trata-se de táxones de óptimo Atlântico, mas que migram para sul durante os interestádios de clima húmido da última glaciação (Würm) e que, com a progressiva instalação de condições climáticas tipicamente mediterrânicas, se acantonou a estes locais de permanente humidade. Desta forma podemos designar esta vegetação como relicta.
142
Figura 61 – Mosaico de comunidades vegetais típico das arribas do Sudoeste Alentejano, com escorrência permanente de água. 1 – Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis; 2 – Holoschoeno-Juncetum acuti; 3 – Anagallido tenellae-Juncetum bulbosi; 4 – Didymodon spadiceiAdiantetum capilli-veneris; 5 – Loto cretici-Ammophiletum australis.
4.5.2.1.5
Localidade 5 – Cabo Sardão (Cavaleiro)
Nesta Localidade podemos observar uma pequena plataforma litoral bem conservada (43-47 m), onde está instalado o farol do cabo Sardão. As arribas xistosas registam uma altitude considerável de 40 m sobre o mar pelo que, nos vegetais que colonizam a plataforma litoral são bem evidentes as deformações provocadas pelos ventos dominantes. O campo de dunas antigas situado na plataforma litoral de topo da arriba está sobreposto às formações detríticas do Plio-Plistocénico, apresentando-se descontínuo e de fraca espessura. Desta forma podemos observar um mosaico de comunidades vegetais dependentes da maior ou menor espessura das areias e do maior ou menor afastamento da arriba. Comunidade aero-halina de arribas litorais Dittrichietum maritimae A primeira banda de vegetação no topo da arriba em litossolos derivados de xistos ou das formações detríticas plio-plistocénicas é ocupada pela
143
comunidade aero-halina dominada pelo endemismo costeiro vicentino Dittrichia maritima: Matos baixos litorais de Genisto triacanthi-Cistetum palhinhae Por detrás desta comunidade instala-se um mato em que predomina o endemismo Cistus palhinhae em solos erodidos. Tojal de Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis Nos solos arenosos relativamente mais profundos ocorre um mato de Stauracanthus spectabilis, Corema album, Thymus camphoratus, Halimium alyssoides, etc. Artemisio crithmifoliae-Armerietum pungentis Entre as clareiras deste mato observam-se as comunidades dunares camefíticas de dunas semifixas. Herniario maritimae-Corynephoretum maritimi Comunidade hemicriptofítica dominada por Corynephorus canescens var. maritimus. 4.5.2.1.6
Localidade 6 – Sítio da cascata (Vila Nova de Milfontes)
A cascata de Vila Nova de Milfontes situa-se na cabeceira de um vale de fundo plano (colmatado), perpendicular ao vale do rio Mira e na sua margem esquerda (próximo da praia das Furnas). Trata-se de um vale estrutural que se desenvolve numa falha de orientação Norte-Sul. O vale apresenta um fundo plano devido à colmatação provocada pelos sedimentos transportados pelo curso de água de carácter temporário e pelos sedimentos do rio Mira sujeito ao efeito das marés neste sector terminal. A transgressão Flandriana ao provocar uma invasão de águas fluvio-marinhas na parte terminal do rio Mira, provocou uma subida no nível de base deste rio a qual teve como consequência uma diminuição da capacidade e da competência das suas águas e deposição da carga sedimentar neste sector terminal. O vale da ribeira da cascata sofreu o mesmo fenómeno e como consequência o seu fundo foi colmatado por sedimentos fluvio-marinhos possivelmente com grande espessura. Na parte terminal de contacto com o rio Mira o vale da ribeira da cascata apresenta a máxima largura com cerca de 160 m. Esta largura vai diminuindo para sul, numa extensão de 365 m, até ao sítio da 144
cascata a partir de onde o ribeiro se encaixa definindo um valeiro apertado com vertentes xistosas de elevado comando a leste e a oeste (correspondentes às paredes da falha). Na parte terminal do vale a penetração da água do mar permitiu a instalação de vegetação típica de sapal sobre as plataformas lodosas. A construção da estrada da praia das Furnas modificou toda a circulação hidrológica no sector terminal da ribeira da cascata e o talude da estrada constituiu uma barreira à penetração da água salgada. Desta forma a vegetação dos sapais baixo e alto desapareceram na totalidade e actualmente apenas é possível observar alguns juncais de Juncus acutus, de Juncus maritimus e de Spartina patens. Deixando a parte terminal do vale e caminhando para sul a influência da toalha freática salgada é nula e desenvolve-se uma vegetação típica de áreas palustres, embora muito degradada pela influência antrópica. Podemos observar as seguintes associações no fundo plano do vale (Figura 62): Viti viniferae-Salicetum atrocinereae; Galio palustris-Caricetum lusitanicae; Typho angustifoliae-Phragmitetum australis. Nas vertentes do vale da ribeira da cascata podemos observar duas catenas de vegetação consoante nos encontramos no sector mais aberto do vale em situação mais xérica ou nas situações mais interiores onde o vale fecha. Assim podemos observar no sector inicial do vale, próximo da foz da ribeira da cascata, uma vertente inclinada com solos litólicos e coluviossolos derivados de xistos do Paleozóico. A grande percentagem de argilas de forte expansibilidade, derivadas dos xistos argilosos, justifica as propriedades vérticas do solo e consequentemente a vegetação potencial é dominada por um zambujal em cujo sub-bosque é frequente a ocorrência de Osyris lanceolata. O Viburno tini-Oleetum sylvestris desenvolve-se por toda a vertente e aproxima-se da plataforma de topo, situada a uma altitude que varia entre os 30 e 40 m. Viburno tini-Oleetum sylvestris ephedretosum fragilis Defronte a Vila Nova de Milfontes (Odemira), coluviossolo profundo argiloso, 5 m m.s.l., W, 200 m2, 100% de cobertura, características: 4Olea sylvestris, 4Pistacia lentiscus, 3Olea sylvestris (frut.), 2Rhamnus alaternus, 145
2Ephedra fragilis (dif. subass.), 2Smilax altissima, 2Rubia longifolia, 1Osyris lanceolata (dif. subass.), 1Coronilla glauca, 1Ruscus aculeatus, 1Asparagus aphyllus, 1Acanthus mollis, 1Arum italicum, +Phillyrea angustifolia, +Phillyrea latifolia, +Lonicera implexa, +Hedera iberica, +Tamus communis, +Asplenium onopteris;
companheiras:
2Opuntia
sp.,
+Iris
foetidissima,
+Geranium
purpureum, +Oxalis pes-caprae. A plataforma está atapetada por areias dunares e aí podem observar-se os tojais psamófilos Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis subseriais dos sobreirais sobre areias Oleo sylvestris-Quercetum suberis. Quando nos deslocamos pelo fundo do vale, para sul, o vale torna-se mais fechado e a menor xericidade justifica o desaparecimento dos zambujais. No seu lugar ocorrem carvalhais de carvalho-cerquinho no sector basal da vertente (comunidade de Osyris lanceolata e Quercus broteroi) que têm como orla loureirais (Vinco difformis-Lauretum nobilis) os quais são muito frequentes em toda a área. Subindo a vertente os cercais em situação claramente edafohigrófila dão lugar aos sobreirais climatófilos Lavandulo viridis-Quercetum suberis. Os locais de maior inclinação e exposição (normalmente pequenas paredes xistosas muito fissuradas) são ocupados por Picris algarbiensis e Cheirolophus sempervirens (Senecioni lopezii-Cheirolophetum sempervirentis). No sector mais próximo do contacto com a plataforma litoral coberta por areias reaparecem os zambujais próprios das situações mais xéricas de Oleo sylvestrisQuercetum suberis. Ulici welwitschiani-Quercetum broteroi Defronte a Vila Nova de Milfontes (Odemira), coluviossolo profundo, 5 m m.s.l., NW, 400 m2, 100% de cobertura, características: 5Quercus broteroi, 5Hedera iberica, 3Laurus nobilis, 3Ruscus aculeatus, 2Smilax altissima, 2Asplenium onopteris, 2Arisarum simorrhinum, 1Quercus x marianica, 1Quercus rivasmartinezii, 1Arbutus unedo, 1Olea sylvestris, 1Phillyrea latifolia, 1Osyris lanceolada, 1Rubia peregrina, 1Carex distachya, +Myrica faya, +Phillyrea angustifolia, +Rhamnus alaternus, +Pistacia lentiscus, +Quercus coccifera, +Euphorbia characias, +Asparagus aphyllus; companheiras: 1Vinca difformis, +Rubus
ulmifolius,
+Cheirolophus
sempervirens,
+Teucrium
scorodonia,
+Brachypodium sylvaticum, +Picris spinifera, +Tamus communis, +Arum italicum, +Silene latifolia, +Smyrnium olusatrum, +Margotia gummifera, +Narcissus calcicola. 146
Figura 62 – Clissérie topográfica de vegetação no vale da “Ribeira da Cascata”, próximo da Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes). 1 – Typho angustifoliae-Phragmitetum australis; 2 – Galio palustris-Caricetum lusitanicae, 3 – Viti viniferae-Salicetum atrocinereae; 4 – Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii; 5 – Vinco difformis-Lauretum nobilis; 6 – Ulici welwitschiani-Quercetum broteroi; 7 – Lavandulo viridis-Quercetum suberis; 8 – Senecioni lopezii-Cheirolophetum sempervirentis.
4.5.2.1.7
Localidade 7 – Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes)
A praia das Furnas situa-se na parte sul da foz do rio Mira claramente numa situação de abrigo criada pelo facto de a arriba litoral, com altitude máxima de 30 m m.s.l., se afastar da costa e apresentar uma orientação SudoesteNordeste. Desta forma quer os sedimentos transportados pela deriva litoral Norte-Sul (normal na costa ocidental Portuguesa), quer os transportados pelo rio Mira, depositam-se em todo este sector de abrigo, desde o início da transgressão Flandriana. A praia cresceu gradualmente até atingir a actual situação de equilíbrio e portanto podemos incluí-la na unidade das areias de deposição recente, claramente pós-Würmianas, que não apresentam fenómenos de podzolização ou ferruginização, como sucede com as capas arenosas e dunas do topo das arribas. Devido ao facto das arribas xistosas se situarem em posição mais interior do que sucede normalmente em toda a costa para sul de Sines, a largura da faixa arenosa correspondente à praia e dunas instáveis, penestabilizadas e estabilizadas é muito maior do que na quase totalidade das praias do Alentejo litoral definidas apenas por um talude arenoso encostado às arribas. Assim podemos observar toda a sucessão 147
de comunidades vegetais desde a praia alta com comunidades anuais halonitrófilas de Cakile maritima e vivazes de Elytrigia boreoatlantica até às dunas estabilizadas interiores com Juniperus turbinata. Salsolo kali-Cakiletum maritimae A vegetação pioneira instala-se na transição praia média e a praia alta onde a estabilidade temporária de final da Primavera e Verão permite o desenvolvimento de plantas anuais halonitrófilas. Elytrigietum junceo-boreoatlantici Ainda na praia alta, nas áreas planas penetradas pelas águas salgadas durante as marés vivas e nas tempestades, aparecem as primeiras comunidades vivazes dominadas por hemicriptófitos e geófitos. Loto cretici-Ammophiletum australis Nas pequenas dunas de obstáculo, da praia alta, (nebkas da praia alta) instalam-se as primeiras comunidades vivazes de geófitos e hemicriptófitos muito raramente ou nunca atingidas directamente pela ondulação, mas sujeitas a uma enorme instabilidade do substrato arenoso (mobilidade das areias). Esta vegetação, dominada por Ammophila australis coloniza também as cristas das ondulações da duna branca ou instável, em posição imediatamente para o interior relativamente à superfície da praia alta. Artemisio crithmifoliae-Armerietum pungentis Quando caminhamos para o interior a estabilidade das dunas aumenta assim como a termofilia e diminui a acção da salsugem pelo que se criam condições favoráveis à instalação das primeiras comunidades camefíticas (de arbustos baixos), ricas em endemismos. Trata-se da duna cinzenta ou penestabilizada onde as partículas arenosas apenas se movimentam nos corredores ou em pequenas clareiras. Herniario algarvicae-Linarietum ficalhoanae Nas clareiras da duna cinzenta, desenvolve-se uma comunidade vegetal dominada exclusivamente por plantas anuais. Apenas durante a Primavera existem condições de humidade e de temperatura favoráveis à germinação destas pequenas plantas efémeras. A germinação das sementes está dependente das condições de temperatura e humidade e portanto o 148
desenvolvimento destas comunidades não é o mesmo todos os anos em termos de taxa de cobertura, diversidade de espécies e período de desenvolvimento na Primavera. Nos anos em que a Primavera é particularmente seca estas comunidades podem mesmo não se desenvolver ou então ocorrem de forma muito incipiente. Nos anos em que as chuvas são tardias (na Primavera) podemos observá-los mesmo na entrada do Verão. Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae Nas posições mais interiores da Praia das Furnas, próximo do contacto com a arriba xistosa desenvolvem-se os zimbrais psamófilos de Juniperus turbinata. Esta formação arbustiva alta ocorre nas áreas mais afastadas da influência do mar em situações de completa estabilidade das areias (duna estabilizada ou duna verde). Trata-se da formação vegetal de maior evolução em todo o ecossistema dunar encontrando-se já numa situação pré-florestal (apresenta estrato herbáceo de sombra e trepadeiras). De todas as comunidades observadas nas areias da Praia das Furnas esta é a única que apresenta lógica serial ou seja, etapas de substituição. Todas as outras comunidades vegetais analisadas definem-se como permasigmetum. O zimbral encontra-se claramente em situação de recuperação, nos sectores mais interiores do sistema dunar. Nos últimos anos a extensão ocupada por esta comunidade tem aumentado de forma significativa devido à colocação de um passadiço de acesso à praia. Na situação anterior, o facto de as pessoas atravessarem o cordão dunar de forma aleatória com o consequente pisoteio, conduziu a uma degradação muito evidente da vegetação e os zimbrais sofreram uma forte redução. Na actualidade é evidente uma recuperação geral de todas as comunidades vegetais em termos de estrutura, de taxa de cobertura e de composição florística. Rubio longifoliae-Corematetum albi Ainda nas posições mais interiores do sistema dunar ocorre o camarinhal como etapa de substituição ou orla natural do zimbral. Geranio purpurei-Galietum minutuli O zimbral de Juniperus turbinata, como comunidade pré-florestal que é, apresenta um estrato herbáceo dominado por espécies de sombra, de desenvolvimento primaveril. Este é particularmente evidente nos locais onde 149
existe uma franca acumulação de matéria orgânica na superfície do solo. Este estrato herbáceo apresenta uma clara dominância de espécies subnitrófilas como consequência dos animais que frequentam estes espaços, da acumulação de lixos transportados pelo vento e da matéria orgânica fornecida pelo zimbral. Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae No contacto entre o cordão dunar e a arriba xistosa desenvolvem-se coluviossolos derivados dos materiais que se desprendem por gravidade e acumulam na base da vertente, mas também das coluviões transportados pelas linhas de águas torrenciais que sulcam a parede rochosa. Nestas coluviões, misturadas com alguma areia transportada pelo vento a partir do cordão dunar, desenvolve-se um carrascal/zimbral de Juniperus turbinata e Quercus coccifera o qual ocorre também nas dunas consolidadas do Malhão e Aivados.
Figura 63 – Sucessão das comunidades vegetais do litoral para o interior até ao contacto com a arriba xistosa na Praia das Furnas (Vila Nova de Milfontes).
4.5.2.2
Correspondência entre sintáxones e os habitat NATURA
2000. Apresenta-se no Quadro 12 a correspondência entre os sintáxones presentes no Sudoeste Alentejano e os habitat listados no Anexo II da Directiva 92/43/CEE, ou seja, no Anexo B-II do Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro, que efectua a sua transposição para o Direito Interno. Foi essencial para a elaboração deste quadro a consulta das fichas de caracterização dos habitat naturais do Plano Sectorial Rede Natura 2000 (ALFA 2006), a partir das quais se identificaram os códigos dos habitat, bem como os respectivos subtipos nacionais.
150
Quadro 12 – Correspondência entre unidades fitossociológicas (sintáxones) presentes na área de estudo e os habitat da Rede NATURA 2000. Sintáxone
Habitat da Rede NATURA 2000
Cymodoceetum nodosae
1110pt2
Zosteretum noltii
1110pt4 (bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco
1130pt1
profunda) 1140 (bancos de sedimentos – lodaçais ou areais – intermareais) 1150pt2*
Polypogono maritimi-Hordeetum marini
1210
Salsolo kali-Cakiletum maritimae Comunidade de Plantago almogravensis Dittrichietum maritimae
1240
Spergulario rupicolae-Limonietum virgati Halimiono portulacoidis-Salicornietum ramosissimae
1310pt1
Salicornietum fragilis Cressetum villosae 1310pt2 Suaedo splendentis-Salsoletum sodae Parapholido incurvae-Catapodietum marini
1130pt1
1310pt6
Spartinetum maritimae
1320
Limonio vulgaris-Juncetum subulati
1410
151
Quadro 12 (cont.) Sintáxone
Habitat da Rede NATURA 2000
Polygono equisetiformis-Juncetum maritimi
1410
Puccinellio ibericae-Sarcocornietum perennis
1420pt1
Cistancho phelypaeae-Sarcocornietum fruticosae Halimiono portulacoidis-Sarcocornietum alpini Inulo crithmoidis-Arthrocnemetum macrostachyi Cistancho phelypaeae-Suadetum verae
1420pt2
1420pt3 1130pt1 1420pt4 1420pt5
Cynomorio coccinei-Lycietum intricati 1430 Frankenio laevis-Salsoletum vermiculatae Suaedo splendentis-Salicornietum patulae Bolboschoeno compacti-Scirpetum litoralis Limonietum lanceolati
1510* 1130pt1 (defende-se a sua filiação no habitat 1130pt1)
Elytrigietum junceo-boreoatlantici
2110
Loto cretici-Ammophiletum australis
2120
Artemisio crithmifoliae-Armerietum
2130pt1*
pungentis Erico umbellatae-Ulicetum welwitschiani
2150pt1*
Irido pseudacori-Polygonetum salicifolii
2190pt1 (apenas em depressões dunares húmidas)
Galio palustris-Caricetum lusitanicae
2190pt2
Typho angustifoliae-Phragmitetum australis
2190pt2 (apenas em depressões dunares
152
Quadro 12 (cont.) Sintáxone
Habitat da Rede NATURA 2000 húmidas)
Polygono equisetiformis-Tamaricetum africanae Typho-Schoenoplectetum tabernaemontani Herniario algarvicae-Linarietum ficalhoanae Corynephoro macrantheri-Arenarietum algarbiensis Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae Daphno gnidii-Juniperetum navicularis
2190pt3 (apenas em depressões dunares húmidas) 2230pt1 2230pt2
2250pt1* 2250pt2*
Thymetum congesti Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis
2260
Thymo capitellati-Stauracanthetum genistoidis Herniario maritimae-Corynephoretum maritimi
2330
Junco emmanuelis-Eleocharitetum multicaulis
3110
Scirpo fluitantis-Juncetum heterophylli Solenopsio laurentiae-Juncetum hybridi
3120
Damasonio alismatis-Crypsietum aculeatae Gnaphalio-Isolepidetum pseudosetacei
3130pt4
Hyperico humifusi-Cicendietum filiformis Eryngio corniculati-Preslietum cervinae Lemnetum minoris
3130pt5 3150
153
Quadro 12 (cont.) Sintáxone
Habitat da Rede NATURA 2000
Lemno-Azolletum filiculoidis Nymphaeetum albo-luteae
3150 (apenas em lagos eutróficos naturais)
Lythro thymifoliae-Crassuletum vaillantii
3170
Loto hispidi-Chaetopogonetum fasciculati
(na bordadura de
Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii
charcos temporários)
Callitricho stagnalis-Ranunculetum saniculifolii
3260
Ranunculetum tripartiti Xanthio italici-Polygonetum persicariae
3270
Ranunculo scelerati-Paspaletum paspalodis
3290
Cirsio welwitschii-Ericetum ciliaris 4020pt2* Cisto psilosepali-Ericetum lusitanici Cisto-Ulicetum minoris Genisto triacanthi-Stauracanthetum
4030pt3
vicentini Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei Querco lusitanicae-Stauracanthetum
4030pt5
boivinii Genisto triacanthi-Cistetum palhinhae
5140pt1*
Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae
5210pt2
Vinco difformis-Lauretum nobilis
5230pt1
Bupleuro fruticosi-Arbutetum unedonis
5230pt3
Cytisetum cabezudoi
5330pt1
Cisto popullifolii-Arbutetum unedonis
5330pt3
154
3120
Quadro 12 (cont.) Sintáxone
Habitat da Rede NATURA 2000
Centaureo crocatae-Quercetum lusitanicae
5330pt4
Asparago aphylli-Myrtetum communis
5330pt6
Dauco criniti-Hyparrhenietum sinaicae
6220pt3*
Euphorbio trastaganae-Celticetum giganteae
6220pt4*
Cirsio palustris-Juncetum rugosi 6410pt3 Juncetum rugoso-effusi Galio palustris-Juncetum maritimi 6420 Holoschoeno-Juncetum acuti Galio aparines-Conietum maculati 6430pt1 Urtico membranaceae-Smyrnietum olusatri 7140pt3
Anagallido tenellae-Juncetum bulbosi
(este habitat não está referenciado para o SIC da Costa Sudoeste. Neste contexto a comunidade é dada como coocorrendo com as comunidades dos habitat 3120 da Rede NATURA 2000) Selaginello denticulatae-Anogrammetum
8220pt3
leptophyllae Ficario ranunculoidis-Fraxinetum
91B0
angustifoliae Campanulo primulifoliae-Alnetum
91E0pt1
glutinosae
91E0pt3
Viti viniferae-Salicetum atrocinereae
2190pt3
Polygono equisetiformis-Tamaricetum africanae
92D0pt1
(quando em depressões dunares húmidas)
155
Quadro 12 (cont.) Sintáxone
Habitat da Rede NATURA 2000 9320pt1
Viburno tini-Oleetum sylvestris ephedretosum fragilis Ulici welwitschiani-Quercetum broteroi
(defende-se a sua filiação no habitat 9240) 6310
Asparago aphylli-Quercetum suberis 9330 Oleo sylvestris-Quercetum suberis Lavandulo viridis-Quercetum suberis
(defende-se a sua
(quando em montado)
filiação no habitat 9330) Didymodon spadicei-Adiantetum capilli-
(a Directiva 92/43/CEE é omissa no que
veneris
respeita à classe de vegetação Adiantetea. No entanto, dada a importância ecológica e o valor natural da comunidade em causa, defende-se a sua inclusão no habitat 7140pt3 (Turfeiras sublitorais), aplicando a flexibilidade prevista para integração das especificidades regionais, à semelhança do efectuado aquando da inclusão das comunidades da Calendulo lusitanicaeAntirrhinion linkiani (PhagnaloRumicetea indurati) no habitat 6110*)
4.6 SÍNTESE DA PAISAGEM VEGETAL DO SUDOESTE ALENTEJANO – SÉRIES, GEOSSÉRIES E GEOPERMASSÉRIES DE VEGETAÇÃO De acordo com a informação obtida pela revisão bibliográfica (ver referências apresentadas no início do Capítulo 4.1) e confirmada pelo trabalho de campo levado a cabo do âmbito do presente estudo, são caracterizadas as séries, geosséries e geopermasséries de vegetação que ocorrem na área de estudo.
156
4.6.1 4.6.1.1
Séries de vegetação climatófilas Viburno tini-Oleo sylvestris sigmetum
[Série climatófila, termomediterrânica, sub-húmida, de substratos com características vérticas, divisória portuguesa sadense, de zambujais de Olea sylvestris var. sylvestris] Nos solos com grande percentagem de argilas expansíveis (do tipo da montmorillonite) ocorrem mecanismos vários que resultam em condições indutoras de stress ambiental, bastante adverso à fixação de inúmeras espécies lenhosas54. Os zambujeiros evidenciam-se como espécie bastante adaptada a estas condições ecológicas, passando a dominar o estrato arbóreo nestas áreas. Solos com estas características podem ser observados a nascente de Sines, em Monte Chãos. Esta colina apresenta uma litologia ígnea (gabrodioritos do maciço subvulcânico de Sines, datados do período Cretácico Superior – 74 M.a. (Inverno et al. 1993)) a partir da qual se desenvolveram solos filiáveis nos grupos dos ‘Barros Castanho-Avermelhados não Calcários’ (de basaltos ou doleritos ou outras rochas eruptivas ou cristalofílicas básicas) e dos ‘Solos Mediterrâneos Pardos, ou Para-Barros’ (de dioritos ou quartzodioritos ou rochas microfaneríticas ou cristalofílicas afins). Em toda a área de estudo, estes solos são os que apresentam clara vocação agrícola. Por tal razão, o local é utilizado para uso agrícola pelo menos desde o período romano (Bombico 2009), o que resultou na total destruição da vegetação natural do local (Figura 64).
54
De acordo com Rivas-Martínez (1987) e também Costa, Capelo & Lousã (1995), nos solos com
características vérticas ocorrem dois fenómenos bastante limitantes ao desenvolvimento radicular de uma boa parte das plantas lenhosas: por um lado, durante a época das chuvas, os horizontes superficiais do solo armazenam grandes quantidades de água, criando-se uma situação de higromorfia temporal que potencia situações de asfixia radicular nas plantas menos resistentes a este fenómeno; por outro lado, no período estival, a forte contracção das argilas expansíveis promove a abertura de fendas profundas no solo, que expõem e dessecam o raizame, ao mesmo tempo que se cria uma certa força de tracção que no limite pode levar a ruptura das raízes e conduzir, uma vez mais, à morte do indivíduo vegetal.
157
Figura 64 – Cobertura vegetal actual de Monte Chãos, no qual se observa a total destruição da vegetação natural e sua substituição por culturas agrícolas e comunidades nitrófilas associadas. Foto do autor.
Pesquisado o local, apenas puderam ser localizados alguns exemplares de Olea sylvestris, var. sylvestris pelo que a escolha da série de vegetação nesta situação é fundamentalmente orientada pela pesquisa de analogias com outros locais no mesmo contexto biogeográfico. De acordo com Costa, Capelo e Lousã (1995), os zambujais de Viburno tini-Oleetum sylvestris constituem
a
vegetação
climácica
dos
vertissolos
no
piso
termomediterrânico, sub-húmido, dos distritos Olissiponense, Arrabidense e Sadense, afigurando-se provável a sua presença neste local. As suas etapas seriais são desconhecidas e podem ser referidas apenas a partir da descrição original da série, na qual se referem as comunidades Melico arrectaeQuercetum cocciferae asparagetosum albidi (matagal) (Costa et al. 2004) e Carici depressae-Hyparrhenietum sinaicae (arrelvado vivaz) (Costa et al. 2001). Como foi já referido, a vegetação de Monte Chãos encontra-se profundamente alterada pelo continuado uso agrícola, o que implica que o estado de conservação desta série é o mais desfavorável de toda a área de estudo. 4.6.1.2 [Série
Asparago aphylli-Querco suberis sigmetum climatófila
(pontualmente
edafoxerófila),
termomediterrânica
superior e mesomediterrânica, sub-húmida a húmida (oceânica), acidófila de substratos compactos, lusitano-andalusa-litoral e pontualmente alentejanomonchiquense, de sobreirais de Quercus suber] Descendo desde os territórios ribatagano-sadenses ao longo das áreas de substratos acidófilos pouco friáveis (arenitos, conglomerados e xistos), os sobreirais da série Asparago aphylli-Querco suberis sigmetum (ou o que deles 158
resta, sob a forma de montado) atingem a Serra de Grândola. Da sua degradação (por corte ou arroteia) resulta o medronhal Bupleuro fruticosiArbutetum unedonis que por sua vez são substituídos pelos matos Asparago aphylli-Myrtetum communis (fácies húmida), Erico scopariae-Quercetum lusitanicae ulicetosum welwitschiani ou mais raramente Junipero navicularisQuercetum lusitanicae (fácies seca). Da série faz ainda parte o mato baixo Erico umbellatae-Ulicetum welwitschiani e a orla florestal vivaz Stachyo lusitanicaeOriganetum virentis. As comunidades anuais que ocorrem na sua área de distribuição são Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii e Paronychio cymosaePterocephaletum diandri. A vocação destes territórios é florestal, sendo comum a sua utilização em regime de montado ou a sua substituição por essências florestais de crescimento mais rápido, como sejam Pinus pinaster ou Eucalyptus spp. Consequentemente, o estado de conservação desta série é mediano a razoável, em particular na área da serra de Grândola, conhecida pela vocação suberícola. 4.6.1.3
Oleo sylvestris-Querco suberis sigmetum
[Série climatófila, termomediterrânica, seca, sub-húmida a húmida, de substratos siliciosos psamófilos, do sudoeste da Península Ibérica e tingitana, de sobreirais de Quercus suber] Esta é a série de vegetação que ocupa as áreas em que a plataforma litoral se apresenta coberta por uma película arenosa, atravessando toda a área de estudo no sentido N-S, ao longo da linha de costa, encontrando-se limitado a Este pelos materiais mais antigos do Soco Hercínico. A sua cabeça de série corresponde a sobreirais abertos – Oleo sylvestris-Quercetum suberis – ou a formações remanescentes em montado. Dada a reduzida espessura da película arenosa que recobre a plataforma litoral, considera-se provável que esta formação beneficie nos meses de secura estival de alguma compensação edáfica em humidade (Neto 2002). As suas etapas de substituição incluem o giestal psamófilo Cytisetum cabezudoi (em algumas áreas de ombrótipo seco), Asparago aphylli-Myrtetum communis (em solos arenosos ligeiramente edafohigrófilos), Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis, Genisto triacanthiStauracanthetum vicentini, Erico umbellatae-Ulicetum welwitschiani e Euphorbio trastaganae-Celticetum giganteae. No topo das dunas mais secas há a possibilidade desta série contactar com a série (infraflorestal) edafoxerófila Daphno gnidii-Juniperetum navicularis. Na 159
área de estudo a presença de Juniperus navicularis é vestigial (conhece-se apenas um indivíduo nas dunas em redor da Lapa das Pombas e exemplares de herbário recolhidos, em 1943, em São Teotónio e Zambujeira), pelo que a descrição desta série edafoxerófila não consta deste capítulo. Esta série foi sujeita a um regime de perturbação generalizado, longo e intenso, pelo que se torna muito difícil observar áreas com elevado grau de naturalidade. Desconhece-se a existência de sobreirais desta série na área de estudo e mesmo os montados são muito escassos e de reduzida dimensão, embora alguns exemplos possam ser encontrados na área do Monte Novo do Zambujeiro (margem esquerda do rio Mira). A plataforma litoral tem tido, pelo menos desde meados do séc. VXIII, utilizada para a cultura de espécies arvenses de sequeiro (trigo, centeio, cevada e milho) e algumas culturas permanentes onde predominava vinha, embora esta cultura não apresente actualmente expressão digna de registo no território. Mais recentemente surgiram culturas frutícolas (e.g. laranjais) e hortícolas (e.g. legumes vários e também relvados para recintos desportivos, actividade cuja produção assume já uma dimensão económica e uma expressão territorial digna de registo)55, para além de flores de corte lenhosas (e.g. Protea spp., Leucadendron spp., Leucospermum spp.56 e Pittosporum nigra) e algumas plantações florestais (essencialmente pinhais-bravos e eucaliptais), pelo que o seu estado global de conservação é bastante desfavorável. Consequentemente, ocorrem com frequência
comunidades
nitrófilas,
seminitrófilas
ou
simplesmente
companheiras de culturas agrícolas tradicionais na região tais como: Chrysanthemo
myconis-Anthemidetum
fuscatae,
Heliotropio
europaei-
Amaranthetum albi e Setario verticillatae-Echinochloetum cruris-galli (pousios, culturas cerealíferas, vinhas e pomares, em solos siliciosos, arenosos ou limosos), Setario glaucae-Echinochloetum colonae (comunidades infestantes de culturas de verão, com desenvolvimento estival), Citro-Oxalidetum pediscaprae (comunidade de infestantes de culturas permanentes de regadio, com o óptimo em citrinos) e também Oryzo sativae-Echinochloetum crus-galli (comunidade de infestantes dos arrozais, outrora abundantes na região).
55
A produção hortícola no concelho de Odemira é um dos grandes motores económicos da região, pelo
volume de negócios alcançado (60 Milhões de euros em 2009) e pelo número de trabalhadores que emprega (perto de 2000) (vd. Mestre (2009), Soares (2008) e Teixeira Correia (2010)). 56
apud Leandro, Oliveira e Mexia (s.d.).
160
Nas extensas áreas de areais seminitrofilizados (onde nas décadas de 19401960 se desenvolvia alguma agricultura marginal) podem também ser encontradas
comunidades
da
aliança
Linario
polygalifoliae-Vulpion
alopecuroris e ainda, na metade meridional e perto da costa, Inuletum revolutae. A comunidade psamófila anual presente é a Corynephoro macrantheri-Arenarietum algarbiensis. 4.6.1.4
Lavandulo viridis-Querco suberis sigmetum
[Série climatófila, termomediterrânica, sub-húmida a húmida, oceânica, de substratos siliciosos compactos, mariânico-monchiquense, alentejana e aracenense, de sobreirais de Quercus suber] Esta é a série de vegetação que predomina nas colinas sublitorais do Alentejo ocidental (Serras do Cercal, Brejeira e Espinhaço de Cão, Monchique, Caldeirão e Aracena). Encontra-se encimada pelos sobreirais da associação Lavandulo
viridis-Quercetum
suberis,
os
quais
se
podem
observar,
pontualmente, nas encostas sobranceiras a algumas ribeiras tributárias do rio Mira, em bom estado de conservação. Este sintáxone recentemente publicado por Quinto-Canas et al. (2010) foi anteriormente interpretado por Neto, Arsénio & Costa (2009) como sendo Teucrio baetici-Quercetum suberis centauretosum crocatae e por Capelo (2007) como Teucrio baetici-Quercetum suberis senecietosum lopezii nom. inv. (Costa, J.C., com. pess.). A série assenta sobre substratos do complexo vulcano-silicioso do Cercal e também sobre os metassedimentos do Maciço Antigo, encerrando também as comunidades Senecio lopezii-Cheirolophetum sempervirentis (orla herbácea vivaz), Cisto popullifolii-Arbutetum unedonis (matagal), Centaureo crocatae-Quercetum lusitanicae (mato baixo), ou Querco lusitanicae-Stauracanthetum boivinii (mato baixo, sobre solos decapitados) e ainda Euphorbio trastaganae-Celticetum giganteae (comunidade de herbáceas vivazes). A comunidade anual mais conspícua é o Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii. Para sul de Odeceixe, nos territórios entre o mar e a base das serras da Brejeira e Espinhaço de Cão, o esteval/tojal Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei, que tende a substituir o mato de Stauracanthus boivinii (Capelo 2007). Nas vertentes mais húmidas surge também o tojal Cisto-Ulicetum minoris. Na área em estudo a maior causa actual de perturbação antrópica tem a ver com a utilização florestal deste território, embora outrora também se pudessem encontrar extensas áreas com uso agrícola. Os distintos regimes de 161
utilização florestal resultam em estados de conservação algo diversos: a transformação dos sobreirais em montados (com pastoreio extensivo do subcoberto) resulta num ecossistema cujo interesse para conservação é significativo, desde que seja mantida uma certa densidade arbórea e se encontrem áreas com alguma naturalidade, por exemplo, nos espaços de declive mais acentuado; a utilização exclusivamente florestal recorrendo à plantação em linha de quercíneas ou pinheiros (sobretudo Pinus pinaster, mas por vezes também de P. pinea) resulta em espaços cujo estado de conservação é menos favorável que o anterior e que apresentam grande vulnerabilidade à ocorrência de fogos florestais, em especial quando a baixa densidade de elementos arbóreos permite a regeneração do subcoberto arbustivo (aumento da biomassa combustível); finalmente, a existência de grandes manchas de eucaliptal plantadas com recurso a técnicas florestais muito agressivas e exigentes em energia (envolvendo plantação em regime de ‘vala-e-cômoro’, subsolagens profundas, mobilizações em terrenos com grande amplitude de declive, e/ou a completa desmatação do solo) representam as áreas cujo estado de conservação se revela muito desfavorável, mantendo, pela natureza combustível das essências florestais utilizadas, elevada susceptibilidade aos fogos florestais. Dado que no limite ocidental da sua área de distribuição esta série ocupa um terreno profundamente sulcado por um conjunto de ribeiras tributárias do rio Mira e pelo próprio rio Mira, a série ocorre dentro do complexo sistema de vales encaixados em contacto com uma série climatófila, temporihigrófila co-dominada por sobreiros (Quercus suber) e carvalho-cerquinho (Q. broteroi), a qual será caracterizada em seguida. 4.6.1.5
Ulici welwitschiani-Querco broteroi sigmetum
[Série climatófila, tempori-higrófila, termomediterrânica, seca superior a sub-húmida, oceânica, de substratos neutro-basófilos a básicos, lusitanoandalusa-litoral, de cercais de carvalho-cerquinho com sobreiro]. Na generalidade das vertentes das linhas de água tributárias do rio Mira podem observar-se os bosques mistos de carvalho-cerquinho e sobreiro, aos quais Vila-Viçosa et al. (inéd.) atribuíram o nome Ulici welwitschianiQuercetum broteroi. Apresenta como comunidades subseriais: Vinco difformisLauretum nobilis (orla), Bupleuro fruticosi-Arbutetum unedonis (matagal), Senecioni lopezii-Cheirolophetum sempervirentis (orla herbácea vivaz), Erico 162
umbellatae-Ulicetum welwitschiani (mato baixo) e, residualmente, Phlomido lychnitidis-Brachypodietum phoenicoidis (prado vivaz). Também os zambujais observados pontualmente em algumas vertentes do Mira (identificadas por Neto, Arsénio & Costa (2009) como Viburno tini-Oleetum sylvestris ephedretosum fragilis) aparentam ser formações secundárias destes bosques, associadas à existência de bolsas de coluvião profundas e ricas em sedimentos finos, algo expansíveis). Para além do contacto catenal desta formação tempori-higrófila com a série climatófila adjacente – Lavandulo viridis-Querco suberis sigmetum – estes bosques contactam com frequência directamente com as formações edafohigrófilas que ocupam as várzeas dos vales abertos, a maioria dos quais se encontram convertidos em pastagens, por corte da vegetação arbórea potencial e pastoreio intensivo (Figura 65).
Figura 65 – Contactos catenais da série tempori-higrófila Ulici welwitschianiQuerco broteroi sigmetum. 1 – Mosaico de juncal e prado vivaz, comunidades subseriais da geossérie ripícola da região; 2 – Carvalhal da série Ulici welwitschiani-Querco broteroi sigmetum; 3 – Mosaico de sobreiral e medronhal da série Lavandulo viridis-Querco suberis sigmetum.
163
Encontram-se ao longo do curso do rio Mira numerosos exemplos desta geossérie em estado de conservação bastante favorável (e.g., na área de Casa Branca), porém é evidente também o avanço das áreas de eucaliptal sobre estas áreas, situação que importa combater dado que estas formações serão das de maior interesse para conservação em toda a área de estudo. 4.6.2
Complexos de vegetação ripícola e outros tipos de vegetação
aquática (geosséries higrófilas e aquáticas) Apresenta-se em seguida uma breve caracterização das geosséries higrófilas (i.e., galerias ripícolas) e geopermasséries associadas a ambientes aquáticos (margens e leitos de linhas de água, lagoas e pegos mesotróficos) e anfíbios (charcos temporários e lagoas oligotróficas em solos arenosos) com ocorrência na área de estudo. De acordo com Loidi et al. (2009) As geosséries higrófilas incluem todo o conjunto de comunidades vegetais que se desenvolvem na faixa perifluvial, ou seja, nos habitat sob a influência lenta e constante dos processos de erosão, transporte e deposição produzidos pelo fluxo do rio, bem como os submetidos aos poderosos e episódicos eventos de inundação, carreamento de carga sólida (sedimentos e detritos) e soterramento causado por enxurradas. Assim, as geosséries de rios na sua fase madura são compostas de duas séries de vegetação arbórea (ocupando a várzea ou leito de inundação e o leito maior, respectivamente), por vezes acrescidas de uma série arbustiva (geralmente de salgueiros) e um complexo de permasséries helofíticas e aquáticas que ocupam diferentes partes do leito menor e margens do rio, de acordo com a microtopografia deste. Aguiar et al. (1995) estabeleceram uma aproximação tipológica genérica aos ecossistemas ripícolas mediterrânicos de Portugal continental, na qual se apresentaram representações gráficas simplificadas não apenas referentes à situação de máxima complexidade biocenótica (situação clímax), mas também uma representação da vegetação actual (subserial) mais frequentemente observada para cada unidade tipológica descrita e ainda uma representação da situação de máxima ruderalização (resultante da nitrofilização por pastoreio e intervenção humana) das mesmas unidades. Apesar da necessidade de actualização das unidades fitossociológicas utilizadas na referida publicação, esta mantém-se como um instrumento de grande utilidade para os gestores do território, dada a sua grande aplicabilidade à execução de diagnósticos rápidos ao 164
estado
de
conservação
estabelecimento
de
da
medidas
vegetação de
ripícola
gestão
mediterrânica
objectivas,
e
ao
cientificamente
fundamentadas e que permitem a gestão activa da cobertura vegetal através da manipulação de alguns dos factores ambientais. No caso das galerias ripícolas do Sudoeste Alentejano, importa discriminar três situações ecológicas que explicam em boa parte a variabilidade das geosséries ripícolas da região (Quadro 13): 4.6.2.1
Cabeceiras de linhas de água
As cabeceiras das linhas de água da área de estudo são locais cujo contexto ecológico é genericamente caracterizado pelo carácter intermitente e sazonal do caudal, apresentando períodos de forte estiagem e cujos leitos apresentam fraco
desenvolvimento
pedogenético,
reduzida
espessura
e
alguma
57
pedregosidade . Neste contexto a geossérie ripícola é pouco desenvolvida, apresentando como série mais desenvolvida os salgueirais de borrazeiranegra (Viti viniferae-Saliceto atrocinereae sigmetum) ou os tamargais (Polygono equisetiformis-Tamariceto africanae sigmetum). Ambas as séries apresentam como orla um silvado (Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii) e por corte ou pastoreio transformam-se em juncais (Holoschoeno-Juncetum acuti) aos quais sucede o prado vivaz (Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae). O conjunto dos permasigmeta aquáticos que acompanham as referidas séries de vegetação e se instalam no leito menor e margens do rio são apresentados no Quadro 14, as quais podem variar de acordo com o contexto ecológico de cada local (velocidade da corrente, existência ou ausência de períodos de dessecação, profundidade e estado trófico da água). 4.6.2.2
Bosques paludosos
Por vezes observam-se na parte terminal das ribeiras tributárias do Mira, em contextos geomorfológicos de fundo de vale plano colmatado por sedimentos e com represamento da água proveniente de montante
57
Esta caracterização é válida sobretudo para as áreas a montante da plataforma litoral, dado que nesta
área a cobertura arenosa favorece a rápida infiltração da água, sendo quase inexistentes as pequenas linhas de água. As linhas de água de média dimensão que atravessam esta área têm quase exclusivamente a sua origem no alinhamento de colinas sublitorais que bordeja a plataforma pelo lado Este, drenando o seu caudal para o rio Mira (e.g. Corgo da Ponte, Barranco da Rocha, Ribeira do Vale de Gomes) ou directamente para o mar (e.g. Ribeira de Morgável, Barranco do Queimado, Barranco do Carvalhal).
165
(ambiente aquático lêntico) formações de Salix atrocinerea (borrazeira-negra) que se comportam de modo semelhante a pequenos bosques paludosos de Viti viniferae-Salicetum atrocinereae, facto reforçado pela presença de comunidades características deste tipo de situação ecológica (Cirsio welwitschii-Ericetum ciliaris). Por degradação estas comunidades são substituídas por comunidades de Carex paniculata subsp. lusitanica (Galio palustris-Caricetum lusitanicae). Dada a fertilidade do substrato em que estas comunidades ocorrem (desde que se assegure a sua correcta drenagem), verificou-se em determinados períodos da história recente desta região a conversão de algumas destas áreas em áreas de produção hortofrutícola tradicional, tal como se pode observar no troço médio do Corgo dos Aivados. No entanto, são ainda observáveis pequenas manchas de salgueiral com estas características, como sejam o local da cascata, perto de Milfontes (Figura 66), ou pequenos vales na área do Monte do Zambujeiro.
Figura 66 – Bosque de Salix atrocinerea (borrazeira-negra) do sítio da cascata, Milfontes. Foto do autor.
4.6.2.3
Ribeiras não torrenciais, de águas lóticas e tendencialmente
oligotróficas Nas situações de caudal mais constante, em vales de maiores dimensões, encontra-se a geossérie ripícola no seu estado de maior desenvolvimento 166
(Figura 67), no qual se identificam as seguintes séries edafo-higrófilas de vegetação: No leito de inundação, ou várzea, ocorre a série do freixo (Ficario ranunculoidis-Fraxineto
angustifoliae
sigmetum)
apenas
inundada
esporadicamente mas que beneficia do afluxo subsuperfícial de água, bem como da presença do freático próximo da superfície. O freixial correspondente ao estádio climácico desta série é acompanhado por uma orla espinhosa ou silvado (Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii) e substituído, por corte ou pastoreio, numa primeira fase por juncais (Galio palustris-Juncetum maritimi ou Holoschoeno-Juncetum acuti, de acordo com a maior ou menor presença de água à superfície, respectivamente) e estes pelo prado vivaz (Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae); No leito menor localiza-se a série do amial (Campanulo primulifoliae-Alneto glutinosae sigmetum), a qual partilha com a série anterior a orla espinhosa e o prado vivaz, mas no âmbito da qual se identificam também as etapas subseriais Cisto psilosepali-Ericetum lusitanici ou Juncetum rugoso-effusi (em solos arenosos, hidromórficos, com pseudogley). Como já foi referido, integram também a geossérie ripícola as permasséries helófitas e aquáticas que ocorrem no leito menor e margens do curso de água e que se encontram caracterizadas no Quadro 14, de acordo com o contexto ecológico do local. A observação na área de estudo de galerias ripícolas que reúnam ainda hoje o conjunto das séries de vegetação acima descritas, sem denotar evidente degradação e com uma estrutura ainda próxima da sua situação climácica é rara, no entanto são de referir como situações de excepção os casos da Ribeira do Torgal e da Ribeira de Seixe.
167
Figura 67 – Geossérie ripícola com amial e freixial, na ribeira do Torgal (junto à ponte do Sol Posto). Foto do autor.
De forma bastante mais fragmentada, em especial no que respeita à presença de amiais, os quais ficam apenas representados por exemplares pontuais ao longo do curso de água, podem ainda referir-se as ribeiras de Morgável, Monte Novo do Zambujeiro e Barranco do Marmelar. Na maior parte das ribeiras tributárias do Mira as áreas de ocorrência potencial desta geossérie estão convertidas em áreas de pasto, tirando partido da produtividade e aptidão forrageira do prado vivaz de trevo-da-pérsia e carriço (Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae), em mosaico com os juncais subseriais mencionados (vd. Quadro 13) e extensas comunidades basais dominadas por Cotula coronopifolia nas zonas mais salgadas (i.e., na faixa mais próxima do rio). Uma referência também para a vegetação das margens de ribeiras muito nitrofilizadas (e campos agrícolas abandonados com alguma humidade edáfica), nas quais se observa com frequência a completa substituição da 168
vegetação
originalmente
presente
por
canaviais
(Arundini
donacis-
Convolvuletum sepium), cujo desenvolvimento é também favorecido pelo abandono das terras e consequente falta de manutenção dessas áreas. Salienta-se que no que respeita à caracterização das geosséries ripícolas do Sudoeste Alentejano, não foram feitas referências a galerias ripícolas nas margens do rio Mira, pois sendo este rio salgado até pelo menos Odemira, estaremos em presença de um estreito estuário, nas margens do qual se desenvolvem geosséries de comunidades halofílicas, mas não galerias ripícolas com estrutura arbórea. Deste modo, a caracterização da vegetação das margens do troço terminal do rio Mira é, para além da caracterização das comunidades de sapal apresentada no Capítulo 4.6.3.3, a que consta do Quadro 14 para as zonas de transição entre água salobra e água doce. 4.6.2.4
Outra vegetação aquatica ou helofítica
Finalmente, apresenta-se no Quadro 15 uma breve caracterização das comunidades que integram a geopermassérie das lagoas oligotróficas higroturfosas (Habitat 3110 da Rede Natura 2000) e o mesmo para o Quadro 16 no caso dos charcos temporários mediterrânicos (Habitat prioritário 3170* da Rede Natura 2000). Estes ecossistemas desenvolvem-se fundamentalmente na área da plataforma litoral e constituem áreas de elevado interesse para conservação, pois albergam comunidades animais e vegetais de elevada especificidade ecológica e contribuem para um aumento significativo da βdiversidade da região em que se inserem. Actualmente o estado de conservação destes ecossistemas na área e estudo é bastante desfavorável dado que as práticas agrícolas incorrectas (drenagem, mobilização profunda do solo e pastoreio excessivo) e outras pressões de origem antrópica (expansão urbana, intensificação agrícola, instalação de infra-estruturas) têm vindo a resultar na degradação e mesmo destruição de muitas das áreas em que estes ecossistemas ocorrem (Cruz 2010).
169
Leito menor (ribeiras sem torrencialidade, tendencialmente oligotróficas) Campanulo primulifoliaeAlneto glutinosae sigmetum
Leito menor (ribeiras torrenciais) ou pauis oligotróficos
Cabeceiras de linhas de água e ribeiras torrenciais com forte estiagem
170
Designação Ficario ranunculoidisViti viniferae-Saliceto Polygono equisetiformisda série Fraxineto angustifoliae atrocinereae sigmetum Tamariceto africanae sigmetum sigmetum Cabeça de Ficario ranunculoidisCampanulo primulifoliaeViti viniferae-Salicetum Polygono equisetiformissérie Fraxinetum angustifoliae Alnetum glutinosae atrocinereae Tamaricetum africanae Orla Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii Etapas Holoschoeno-Juncetum acuti Cisto psilosepali-Ericetum Cirsio palustris-Juncetum Galio palustris-Juncetum subseriais lusitanici rugosi maritimi (solos arenosos ou encharcados por água doce) ou ou Cirsio welwitschii-Ericetum Juncetum rugoso-effusi (solos Holoschoeno-Juncetum acuti arenosos, hidromórficos, com ciliaris (locais paludosos) (solos cujo lençol freático, pseudogley) ou no Inverno, está a poucos Galio palustris-Caricetum centímetros da superfície lusitanicae (solos (mas mais seco que o compactados com anterior) pseudogley) Prado Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae (resultante do pastoreio extensivo do Holoschoeno-Juncetum acuti, Galio palustrisvivaz Juncetum maritimi e Juncetum rugoso-effusi)
Várzea, leito maior ou leito de inundação
Quadro 13 – Caracterização das séries de vegetação higrófilas que integram as galerias ripícolas do Sudoeste Alentejano.
Sem dessecação, águas lóticas (de corrente rápida) Águas lênticas (lagoas e pegos)
Com dessecação temporária no final do Verão Sem dessecação, em águas lóticas (de corrente lenta)
Typho angustifoliae-Phragmitetum australis - fácies de Phragmites australis (também nas margens das pequenas albufeiras, pois suporta maior dessecação)
Nymphaeetum albo-luteae
Lemno-Azolletum filiculoidis águas paradas ou estagnadas, fortemente eutrofizadas
171
Irido pseudacori-Polygonetum salicifolii + Lemnetum minoris
Callitricho stagnalis-Ranunculetum Typho angustifoliae-Phragmitetum saniculifolii australis - fácies de Scirpus lacustris (solos grosseiros ou rochosos) - fácies de Typha spp. (remansos de rios em solos limosos) Glycerio declinatae-Oenanthetum crocatae
-
Meios oligotróficos Glycerio declinatae-Eleocharitetum palustris
Meios mesotróficos Glycerio declinatae-Apietum nodiflori
Meios eutróficos Typho-Schoenoplectetum tabernaemontani
Quadro 14 – Caracterização das permasséries aquáticas associadas ao leito menor e margens das linhas de água do Sudoeste Alentejano.
Banda intermédia (zona menos profunda, período de inundação médio a longo) Junco emmanuelis-Eleocharitetum multicaulis
Banda exterior (período de inundação curto) Anagallido tenellae-Juncetum bulbosi (turfeiras baixas planas)
Quadro 15 – Caracterização da permassérie das lagoas oligotróficas higroturfosas (Habitat 3110 da Rede Natura 2000).
Zona Central (zona mais profunda, período de inundação prolongado) Scirpo fluitantis-Juncetum heterophylli
Centro (zona mais profunda, com submersão prolongada) Glycerio declinatae-Eleocharitetum palustris exaculetosum pusillae ou Bolbochoenetosum maritimi (zonas profundas) -
Isoeto setacei-Eryngietum corniculati
Banda intermédia (zona menos profunda, período de inundação longo) Hyperico humifusi-Cicendietum filiformis Isoeto setacei-Eryngietum corniculati + Solenopsio laurentiae-Juncetum hybridae (charcas mais planas)
Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii
Loto hispidi-Chaetopogonetum fasciculati + Junco capitati-Isoetetum hystricis
-
Banda exterior (período de inundação curto)
Quadro 16 – Caracterização da permassérie dos charcos temporários mediterrânicos (Habitat 3170* da Rede Natura 2000).
Inverno e Inicio da Primavera Primavera
Fim da PrimaveraVerão
172
4.6.3
Vegetação costeira (complexos de vegetação e geopermasséries
costeiras, ou halogeopermasséries) 4.6.3.1
Complexo de vegetação dunar
[Complexo de vegetação dunar costeira, lusitano-andaluza litoral, de sabinais-caudados] Os sistemas dunares constituem um ecossistema litoral cujas características geológicas e geomorfológicas determinam condições de stress muito particulares e limitantes à implantação de vegetação zonal (e.g. salinidade, mobilidade e oligotrofia do substrato, brisas marítimas recorrentes). Consequentemente, estes territórios são colonizados por vegetação altamente adaptada às condições ecológicas existentes, organizando-se numa sucessão de permasséries dispostas ao longo do(s) gradiente(s) ecológicos em presença. São pois identificáveis, no sentido Oeste-Este (i.e., desde a linha de costa e em direcção ao interior), as seguintes permasséries: Salsolo kaliCakiletum maritimae (praia alta, na faixa de deposição de detritos orgânicos trazidos pelas marés equinociais); Elytrigietum junceo-boreoatlantici (dunas embrionárias); Loto cretici-Ammophiletum australis (cristas das dunas móveis); Artemisio crithmifoliae-Armerietum pungentis (dunas fixadas por caméfitos). No contacto entre esta sucessão de geopermasséries e a vegetação climatófila da região encontra-se a série edafoxerófila de sabina-caudada denominada Osyrio
quadripartitae-Junipero
turbinatae
sigmetum
(dunas
secundárias
semifixas). No âmbito territorial desta série edafoxerófila surge a comunidade Rubio longifoliae-Corematetum albi (orla e etapa de degradação da comunidade anterior). A comunidade anual Geranio purpurei-Galietum minutuli encontra-se também associada a estes espaços (Neto 2002). Em situações de nitrificação das areias dunares, frequentemente devida a acção
humana,
surge
a
comunidade
Verbasco
litigiosi-Ononidetum
ramosissimae e também, pontualmente, Santolinetum impressae (comunidade observada a bordejar o parque de estacionamento das Furnas, a sul de Milfontes). Estes complexos de vegetação apresentam-se em geral medianamente conservados, embora evidenciem sinais de pressão antrópica (e.g. agricultura, como pode ser observado a norte de Milfontes e na foz do Corgo dos 173
Aivados, ou trânsito motorizado ao longo de toda a faixa litoral, em especial ao redor das praias com utilização balnear) (Figura 68).
Figura 68 – Furnas, a sul de Milfontes, é um dos locais em que a vegetação dunar se encontra em melhor estado de conservação em toda a costa do Sudoeste Alentejano. Foto do autor.
4.6.3.2
Geopermassérie
das
arribas
(Querco
cocciferae-Junipero
turbinatae geopermasigmetum) [Geopermassérie costeira, aero-halófila e rupícola, lusitano-andaluza litoral, de sabinais-caudados com carrasco] Em toda a área de estudo as arribas rochosas são revestidas por um conjunto de comunidades permanentes em que domina a formação Querco cocciferaeJuniperetum turbinatae, ou seja um sabinal/carrascal adaptado a condições extremas no que respeita à presença de sal proveniente do spray aero-halino gerado pela agitação marítima e empurrado para o interior por ventos que sopram de forma intensa, predominantemente do mar para o interior. No entanto, há que distinguir duas faciações, em função do tipo de substrato em presença: sobre arenitos duros de origem marinha (frequentemente com cimentos calcários) o sabinal/carrascal é acompanhado pela comunidade permanente Thymetum congesti e pela comunidade anual Herniario algarvicaeLinarietum ficalhoanae chaenorhinetosum lusitanicae; no caso das arribas xistosas as comunidades permanentes em presença são o Dittrichietum maritimae (mato baixo, subnitrófilo) e o Spergulario rupicolae-Limonietum virgati, para além da comunidade anual Parapholido incurvae-Catapodietum marini. Em condições ecológicas particulares aparecem ainda as comunidades Genisto triacanthi-Cistetum palhinhae (comunidade permanente que ocorre sobre paleo-podzóis decapitados em que afloram os horizontes de surraipa
174
dura, ou ortstein) e ainda, pontualmente, a comunidade de Plantago almogravensis (sobre arenitos vermelhos do Pliocénico). Ao longo da linha de costa (s.str.), também em contextos ecológicos muito específicos, ocorrem duas outras comunidades permanentes: Didymodon spadicei-Adiantetum capilli-veneris (em half-caves, na presença de exsurgências de água doce) (Figura 69) e Asplenietum marini (numa banda próxima da faixa de rebentação das ondas).
Figura 69 – Comunidades de Adiantum capillus-veneris, nas áreas de exsurgência de água doce. Foto do autor. A – Detalhe morfológico da espécie Adiantum capillus-veneris (avenca); B – Half-cave colonizada pela comunidade.
O estado de conservação das formações de arriba é favorável e em alguns locais nota-se mesmo a sua recuperação em áreas outrora ocupadas por agricultura, em especial na área de ocorrência de Cistus palhinhae (= Cistus ladanifer subsp. sulcatus) (Figura 70). No entanto, na área hoje servida pelas infra-estruturas de regadio do Mira mantém-se alguma pressão no sentido da expansão das áreas agrícolas até bem perto da crista das arribas costeiras, o que constitui uma pressão negativa sobre esta área de elevada β-diversidade.
175
Em algumas áreas moderadamente nitrofilizadas (zonas de pesqueiros, por exemplo, nas quais existe deposição de matéria orgânica por acção humana) podem também ocorrer as comunidades permanentes Cynomorio coccineiLycietum intricati e Frankenio laevis-Salsoletum vermiculatae.
Figura 70 – Comunidades de Cistus palhinhae no topo das arribas do Sudoeste Alentejano. Foto do autor A – Aspecto fisionómico da comunidade; B – Cistus palhinhae (detalhe morfológico da folha).
4.6.3.3
Geopermassérie halófila de sapal
[Geopermassérie halonitrófila, lusitano-andaluza litoral (a sul do Tejo)58 de sapais em clima mediterrânico] O estuário do rio Mira alberga um importante ecossistema costeiro, também ele de elevada β-diversidade e que presta numerosos serviços ambientais: o sapal. Nele se encontra, a par da sua especificidade geomorfológica59, um
58
De acordo com Costa et al. (2009a) os sapais a Norte do rio Tejo devem ser considerados como sapais
eurosiberianos e não mediterrânicos, pelo que se considera que a presente geopermassérie deve apresentar como limite norte o estuário do rio Tejo. 59
Do ponto de vista geomorfológico, os sapais surgem em zonas estuarinas de águas tranquilas, nas quais
predominam processos de sedimentação. O movimento dos sedimentos acontece ao sabor das correntes provocadas pela flutuação de água corrente que flui de e para o mar (prisma de maré), o que favorece a deposição de materiais finos, como limos e argilas.
176
complexo mosaico de comunidades vegetais dispostas em bandas paralelas à linha de costa e organizadas ao longo de gradientes ecológicos interrelacionados (de salinidade, período de submersão, textura, microtopografia, etc.). Assim, observa-se a seguinte sequência de comunidades, desde o leito do rio até ao contacto com a vegetação zonal: Na faixa constantemente submersa: Cymodoceetum nodosae (presente em fundos arenosos, sempre submersos por águas pouco profundas (3-4 m de profundidade) e com corrente mais ou menos forte); Zosteretum noltii (comunidade monoespecífica de Zostera noltii, de estuários e costas arenosas ou limosas pouco profundas, que ficam a descoberto durante a preia-mar equinocial). Estas comunidades encontram-se espacialmente separadas das seguintes por lodaçais e areais desprovidos de vegetação vascular. Na faixa sujeita a submersão bidiária, promovida pelo regime de marés: Spartinetum maritimae; Puccinellio ibericae-Sarcocornietum perennis; Halimiono portulacoidis-Sarcocornietum alpini (comunidade que ocupa a posição mais elevada nesta faixa, em mosaico com Cistancho phelypaeae-Sarcocornietum fruticosae). Ocorrem também as comunidades anuais Salicornietum fragilis (comunidade de fenologia precoce) e Halimiono portulacoidis-Salicornietum ramosissimae.
Figura 71 – Perspectiva de uma zona de sapal baixo, nas margens do rio Mira. Foto do autor.
Na faixa sujeita a submersão bianual, nos períodos de marés equinociais: Inulo crithmoidis-Arthrocnemetum macrostachyi; Limonietum lanceolati (Figura
177
72); Cistancho phelypaeae-Suadetum verae (locais nitrofilizados); Polygono equisetiformis-Juncetum maritimi; Frankenio laevis-Salsoletum vermiculatae; Comunidade de Spartina patens. Pode ainda observar-se a comunidade halonitrófila anual, tendencialmente monoespecífica, Cressetum creticae.
Figura 72 – Limonietum lanceolati, comunidade de sapal alto recentemente descrita a partir de inventários efectuados na foz do rio Mira.
Nas áreas de transição entre águas doces e salgadas surge ainda a comunidade Limonio vulgaris-Juncetum subulati, surgindo sobre solos salinos que sofreram uma inundação mais ou menos prolongada por aulas salobras. Esta longa e complexa sequência de comunidades ocorre nas margens do rio Mira, prolongando-se para o interior por uma dezena de quilómetros, até atingir Odemira. Trata-se do maior e melhor conservado sapal do litoral atlântico, a sul do Sado. Ainda dentro da área de estudo refere-se a foz do rio Odeceixe como a segunda área de ocorrência desta geopermassérie. Um dos usos tradicionais destas áreas entretanto abandonado, as salinas, constituíam um refúgio para comunidades muito específicas e adaptadas às elevadas concentrações de sal (cloreto de sódio), as quais tendem a desaparecer da região no presente contexto (e.g. Spergulario bocconeiMesembryanthemetum
nodiflori,
Polypogono
maritimi-Hordeetum
marini,
Bolboschoeno compacti-Scirpetum litoralis, Damasonio alismatis-Crypsietum aculeatae, 178
Suaedo
splendentis-Salsoletum
sodae
e
Suaedo
splendentis-
Salicornietum patulae). Este é um caso emblemático de uma actividade humana promotora de diversidade biológica na região. As ditas salinas, de que se encontrava um exemplo junto à foz do Mira na área do moinho da Asneira, foram entretanto reconvertidas numa piscicultura intensiva. Um esboço da carta de séries e geopermasséries de vegetação (excepto vegetação ripícola) do Sudoeste Alentejano é apresentado na Figura 73.
Figura 73 – Esboço da carta de séries e geopermasséries de vegetação do Sudoeste Alentejano (escala 1 / 400 000).
179
4.7 QUALIDADE ECOLÓGICA DA PAISAGEM DO SUDOESTE ALENTEJANO O estudo da qualidade ecológica da paisagem do Sudoeste Alentejano será efectuado com base num estudo de cartografia geobotânica. Loidi (2001) defende que a cartografia geobotânica é um método fundamental de inventariação dos habitat terrestres e que a sua elaboração, a par da determinação da qualidade natural (ou ecológica) destes, corresponde ao conjunto de competências mais genuínas e específicas que se podem atribuir ao fitossociólogo. Por outro lado, Pedrotti (2004, p. 1) definiu cartografia geobotânica como “uma área da cartografia temática que se ocupa de interpretar e representar, sob a forma de uma «carta» os fenómenos espaciotemporais que se referem a [aspectos da] flora, vegetação, paisagem vegetal, zonas de vegetação ou unidades fitogeográficas [de um determinado território]“ (t.a.). Consequente, o presente capítulo visa atingir os seguintes objectivos: 1.
Identificar e delimitar as diferentes comunidades vegetais (ou mosaicos de comunidades vegetais) que ocorrem na área de estudo, considerando a sua estrutura, composição florística e contexto ecológico;
2. Estudar a evolução recente da paisagem vegetal do Sudoeste Alentejano, tirando partido de registos históricos, tanto escritos como cartográficos. Será dada especial atenção à existência de informação cartográfica de grande escala60, referida a diferentes períodos da história recente da área de estudo; 3. Avaliar a qualidade ecológica da paisagem em estudo . 4.7.1
Aspectos metodológicos da abordagem cartográfica
A elaboração de quaisquer elementos de informação cartográfica temática implica a consideração de diversos aspectos técnicos associados à produção cartográfica, sobre os quais há que tomar decisões. São discutidos em seguida alguns dos aspectos críticos neste processo.
60
De acordo com o Instituto Geográfico do Exército (2008) por escala grande entende-se uma escala
1 / 50 000, ou superior.
180
4.7.1.1
Sistema de Referência
De acordo com o Instituto Geográfico Português (s.d.), o sistema ETRS89 (European Terrestrial Reference System 1989) é o sistema global de referência recomendado pela EUREF (European Reference Frame, subcomissão da IAG – Associação Internacional de Geodesia) para o espaço europeu. Com a popularização dos sistemas de navegação por satélite (GLONASS, NavstarGPS e, futuramente, GALILEO) a utilização de sistemas de coordenadas baseados num datum global generalizou-se, levando também as instituições produtoras de cartografia a adoptar os referidos sistemas. No caso do território europeu, a agência EuroGeographics recomenda a utilização da projecção cartográfica transversa de Mercator para escalas superiores a 1/500 000 e cónica conforme de Lambert, com dois paralelos de escala conservada, para escalas inferiores a 1/500 000, devendo este sistema substituir completamente os anteriormente usados, que se consideram obsoletos. (s.d.)(s.d.)(2008)(2008)(2008)Constata-se pois que o sistema de referência em vigor em Portugal desde 2006 é o ETRS89, no entanto a cobertura aerofotográfica mais recente (de entre as utilizadas no presente estudo) data de 2005,61 esta apresenta-se ainda ortorrectificada no sistema de coordenadas projectadas vulgarmente conhecido por «Hayford-Gauss Datum 73 (HGDt73)». Assim, dado que o presente estudo pretende apenas delimitar, identificar e quantificar a cobertura vegetal da área de estudo à data da realização das fotografias aéreas, foi conscientemente tomada a decisão de manter o sistema de coordenadas projectadas HGDt73. Alerta-se no entanto para a necessidade de antever e resolver de forma adequada os problemas
de
integração
de
informação
geográfica
com
diversas
proveniências e baseados em distintos sistemas de referência espacial, em particular nos casos em que o exista o objectivo da manutenção e actualização da informação. Actualmente o problema encontra-se mitigado, dado que se encontram já disponíveis coberturas aerofotográficas nacionais,
61
Os ortofotos utilizados foram adquiridos em 2007 directamente ao IGP, apresentando as seguintes
características técnicas: Ortofotos Digitais procedentes no Voo IGP/DGRF (cobertura aerofotográfica completa de Portugal continental), realizadas em 2005; Sistema de Referência –Datum 73; Elipsóide de Referência – Elipsóide de Hayford; Sistema de Coordenadas – Rectangulares, com a Projecção de GaussKrüger; Origem das Coordenadas – E=180,598 m; N=-86,990 m, do Ponto Central; Formato – Imagem digital, obtida com câmara fotográfica aérea digital (RGB e Infravermelho Próximo); Resolução Espacial – 0,50 m; Seccionamento – 4 km x 5 km.
181
em cor real e infravermelho próximo (RGB+Iv), ortorrectificadas no sistema PT-TM06/ETRS89. 4.7.1.2
Âmbito geográfico
Dadas as características do produto cartográfico pretendido, entre as quais são determinantes o detalhe espacial e a validação da informação por trabalho de campo, a execução do referido estudo de cartografia para toda a área em estudo revela-se inviável, pelo que foi necessário reduzir o âmbito geográfico do estudo, sem no entanto reduzir a variabilidade ecológica do território. Consequentemente, foram definidos dentro da área de estudo 3 sectores a cartografar (Figura 74), com as seguintes características:
Figura 74 – Sectores em estudo na análise da qualidade ecológica das comunidades vegetais e sua variação espaciotemporal. 182
Sector 1: Sines O sector de Sines é delimitado a norte pelo paralelo de coordenada y=185 000, a sul pelo paralelo de coordenada y=-195 000, a este pelo meridiano de coordenada x=-52 000 e a oeste pela linha de costa. O território incluído neste sector ocupa parcialmente as cartas topográficas militares (série M888) n.ºs 515-A, 516 e 526 e a sua área terrestre totaliza 10 999.48 ha. Em termos da divisão administrativa oficial de Portugal, reparte-se pelos concelhos de Sines (85.8%) e Santiago do Cacém (14.2%). Apenas o troço costeiro de São Torpes para sul e com uma largura média de cerca de 2 km pertence ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, no entanto considerou-se importante estudar esta área por ser aquela em que se verificou nas últimas décadas maiores alterações de paisagem decorrentes de processos de expansão urbana e também da construção de áreas industriais. Sector 2: Vila Nova de Milfontes O sector de Milfontes é delimitado a norte pelo paralelo de coordenada
y=-
210 000, a sul pelo paralelo de coordenada y=-220 000, a este pelo meridiano de coordenada x=-48 000 e a oeste pela linha de costa. Corresponde à totalidade da área da carta topográfica militar (série M888) N.º 544 e a sua área terrestre totaliza 10 702.38 ha. Em termos da divisão administrativa oficial de Portugal, reparte-se pelos concelhos de Odemira (97.3%) e Santiago do Cacém (2.7%). No decorrer das últimas décadas a paisagem deste sector foi afectada por processos de expansão urbana decorrentes da pressão turística a que esta área se encontra sujeita, mas também a outros fenómenos associados à actividade agrícola e florestal. Sector 3: Cavaleiro O sector do Cavaleiro é delimitado a norte pelo paralelo de coordenada y=225 000, a sul pelo paralelo de coordenada y=-235 000, a este pelo meridiano de coordenada x=-48 000 e a oeste pela linha de costa. Ocupa parcialmente as cartas topográficas militares (série M888) n.ºs 552 e 560 e a sua área terrestre totaliza 11 615.93 ha. Em termos da divisão administrativa oficial de Portugal, pertence na totalidade ao concelho de Odemira. Esta área é a que menos tem sentido os efeitos da pressão urbanística, mas tem igualmente sido alterada pela actividade agrícola e florestal.
183
4.7.1.3
Legenda das unidades cartografadas
A execução da cartografia de vegetação nos sectores acima descritos requer a ponderação da legenda a utilizar, de modo a permitir a exploração de toda a informação disponível nos elementos cartográficos consultados e assegurar a compatibilidade da informação gerada nas diversas épocas de observação. Por outro lado, a legenda adoptada utiliza uma tipologia de classes de cobertura de solo e não de usos de solo. A distinção entre estes conceitos é discutida por Fisher, Comber & Wadsworth (2005, p. 89). Segundo os citados autores «uso do solo» é um conceito bastante diferente do de «cobertura do solo», embora os dois estejam indubitavelmente relacionados. A cobertura do solo representa o material físico à superfície da terra. É o material que nós vemos (arrelvados, asfalto, árvores, terra nua, água, etc.) e que interage directamente com a radiação electromagnética, cuja reflectância se regista numa fotografia, numa imagem digital de satélite ou de radar. Uso do solo, pelo contrário, é uma descrição de como as pessoas usam a terra. Usos urbanos e agrícolas são duas das classes mais facilmente reconhecidas num primeiro nível hierárquico de separação. Equipamentos culturais e desportivos e áreas de uso industrial são também tipos de usos do solo. A legenda utilizada apresenta-se simplificada de modo a ser compatível com os três períodos analisados, encontrando-se estruturada em dois níveis hierárquicos (vd. duas primeiras colunas do Quadro 17). Num primeiro nível encontram-se as classes de cobertura de solo, correspondentes à legenda utilizada no âmbito do capítulo 4.7.3, relativo à evolução recente da cobertura vegetal do Sudoeste Alentejano. No segundo nível hierárquico encontram-se os tipos de cobertura de solo, que aprofundam a legenda do nível anterior no sentido de separar culturas, espécies florestais e discriminar distintos tipos de vegetação natural e seminatural. Esta será a legenda utilizada pelo método de avaliação da qualidade ecológica que se descreve no próximo capítulo e cuja classificação se apresenta no Quadro 17. 4.7.2
Avaliação da qualidade ecológica pelo método de Loidi (2008)
São evidentes as mais-valias obtidas pela utilização de sistemas de avaliação da qualidade ecológica de base fitossociológica em estudos de ordenamento e gestão do território. O detalhe espacial que estes permitem, bem como a caracterização florística, estrutural e ecológica inerente á descrição das 184
comunidades vegetais de acordo com o modelo fitossociológico dotam estes sistemas de elevada capacidade preditiva e diagnóstica, à escala da paisagem. A metodologia utilizada para determinação do valor biológico para conservação das comunidades vegetais cartografadas, bem como o seu interesse para conservação é a de Loidi (2008). Esta constitui um desenvolvimento da metodologia proposta pelo mesmo autor no início da década de 1990 (vd. Sesma & Loidi Arregui (1993) e Loidi (1994)) a qual foi aplicada em estudos de caracterização e gestão territorial, quer em Espanha (García-Baquero & Valle Gutiérrez 1998; Giménez Luque & Gómez Mercado 2001), quer em Portugal (Lomba, Alves & Honrado 2008; Lousã et al. 2005; Lousã et al. 2006). Na sua versão de 1994 a aplicação da referida metodologia pressupõe o cálculo de um índice de ‘interesse para conservação’ a cada parcela delimitada, cujo valor resulta do produto do índice de ‘valor biológico’ da comunidade (ou mosaico de comunidades) pelo ‘coeficiente territorial de necessidade de protecção’. O «valor biológico» é obtido pela soma dos valores atribuídos aos critérios de ‘riqueza florística e/ou fitocenótica’, ‘naturalidade’, ‘raridade’, ‘grau de ameaça’ (natural ou antrópica) e ‘resiliência’. O «coeficiente territorial de necessidade de protecção» corresponde a um factor de ponderação que reforça ou atenua a necessidade de protecção de cada parcela em função da densidade populacional da região em que esta se insere. Em 2008 o autor reformulou a metodologia, mantendo os critérios originais62 e adicionando um novo conjunto de critérios que representam aspectos particularmente relevantes dos serviços que as comunidades vegetais terrestres prestam a ecossistemas e à sociedade humana e aos quais designou de ‘critérios complementares’. Assim, o sistema utiliza os seguintes critérios: 4.7.2.1
62
Critérios fundamentais:
Naturalidade (N);
Resiliência (P);
Ameaça (T);
Aos cinco critérios utilizados no cálculo do valor biológico das comunidades o autor passou a designá-
los de ‘critérios fundamentais’.
185
Valor florístico / Fitocenótico (F);
Raridade (R);
Todos os critérios fundamentais assumem uma escala normalizada de valores entre 1 e 10 (vd. Loidi (2008)). Uma breve descrição de cada um deles é apresentada em seguida. Naturalidade (N): o critério ‘naturalidade’ tenta expressar a extensão da alteração das comunidades devida à actuação humana, compreendendo dois aspectos distintos: por um lado, o empobrecimento e grau de alteração da comunidade e, por outro, a medida em que as comunidades elas próprias resultam e/ou dependem das actividades humanas (Loidi 2008). Este duplo critério permite atribuir elevado valor a comunidades representativas dos estágios de maior maturidade no processo sucessional, mas também a algumas comunidades estruturalmente simples (como sejam algumas comunidades permanentes de facto não perturbadas, como sejam as comunidades dos sistemas dunares costeiros, dos sapais e de alta montanha. Resiliência (P): este critério, identificado na proposta de 1994 pelo termo ‘substitutividade’63(t.a.), refere-se à capacidade de determinada comunidade se reconstituir após destruição a ocorrência de perturbações, tanto as originadas por causas naturais como as induzidas por actuação humana. Consequentemente, a aplicação do critério baseia-se no pressuposto de que uma comunidade com menor capacidade de regeneração tem maior necessidade
de
protecção,
independentemente
do
seu
valor
e/ou
originalidade. Ameaça (T): a atribuição de um valor de ameaça é, como o autor afirma, difícil e por vezes dependente de externalidades, designadamente do contexto socioeconómico da região envolvente (e.g. orientação das políticas agrícolas). Por outro lado, outros factores devem ser considerados na atribuição de valor a este critério (e.g. dificuldade de acesso à comunidade), pelo que a atribuição de valor a este critério requer a opinião dos especialistas
detentores
do
conhecimento
pericial
necessário
ao
estabelecimento de prioridades de conservação dentro da respectiva área de estudo.
63
Replaceability, no idioma original.
186
Valor Florístico / Fitocenótico (F): este é o critério mais frequentemente utilizado para atribuição de valor para conservação de uma comunidade vegetal (ao qual se junta também com frequência o critério da naturalidade). O consenso é no entanto mais reduzido quanto aos aspectos a considerar para a atribuição deste valor, o que levanta problemas quanto à objectividade na aplicação do referido critério. Em termos gerais, a classificação apresentada é normalmente informada por numerosas perspectivas, incluindo a riqueza florística e complexidade estrutural das comunidades, a sua originalidade e a sensibilidade ao nível das relações bióticas intra- e extracomunidade. Raridade (R): a proposta original do autor para atribuição de valor a este critério considera a distância média entre os polígonos ocupados pela mesma comunidade, dividida por classes, em função das quais se atribui um valor de ameaça. Na abordagem de 2008 o autor propõe um critério alternativo que se inspira no trabalho de Izco (1998), no qual se adaptam as sete diferentes tipologias de raridade de Rabinowitz (1981) ao contexto das comunidades vegetais. As referidas tipologias de raridade resultam da consideração simultânea de três características, designadamente a dimensão média dos ‘indivíduos de associação’ considerados, a frequência de ocorrência no contexto geográfico (que determina a ‘raridade geográfica’ de uma comunidade) e a frequência de ocorrência da comunidade no contexto regional (determinando a ‘raridade ecológica’ de uma comunidade) (Figura 75). Sem raridade geográfica (área de distribuição com + de 5000 km2) Frequente (presente na região em mais de 50 quadrículas quilométricas )
Pouco frequente (presente na região em menos de 50 quadrículas quilométricas )
Com raridade geográfica (área de distribuição com + de 5000 km2) Frequente (presente na região em mais de 50 quadrículas quilométricas )
Pouco frequente (presente na região em menos de 50 quadrículas quilométricas )
Dimensão média da comunidade Grande (em média + de 500 m2)
Pequena (em média de 500 m2)
R2
R1
R4
R5
R3
R6
R7
Figura 75 – Tipos de raridade das comunidades vegetais de acordo com Izco (1998).
187
4.7.2.2
Critérios complementares:
Coeficiente Territorial de Necessidade de Protecção (E);
Coeficiente de Retenção de Carbono (RC);
Coeficiente de Protecção do Solo (S);
Coeficiente de Protecção dos Recursos Hidrológicos (H).
Coeficiente Territorial de Necessidade de Protecção (E): o coeficiente territorial de necessidade de protecção (E) funciona como um coeficiente de ponderação do valor biológico de uma unidade cartografada em função da densidade populacional da região em que se insere64. A utilização deste coeficiente decorre da necessidade de, independentemente do valor biológico atribuído a cada unidade, se atribuir especial atenção aos ecossistemas mais ameaçados pelas pressões geradas directa e indirectamente pela ocupação humana do território. Tais pressões expressam-se de diversas maneiras, desde a necessidade de dotar os territórios mais densamente habitados das necessárias infra-estruturas (rodoviárias, ferroviárias, de saneamento, comerciais e de recreio), à própria expansão do tecido edificado, considerando também a utilização dos espaços nas imediações dos aglomerados urbanos para actividades recreativas e de lazer e ainda a frequente ocupação de espaços periurbanos por alguma agricultura de subsistência e complementar à economia das famílias das classes económicas menos favorecidas. Os valores a atribuir ao referido coeficiente são função da densidade populacional (expressa em hab/km²) das unidades administrativas sobre as quais se distribui a área de estudo, variando entre 0.5 e 2.5. Coeficiente de Retenção de Carbono (RC): Este é o primeiro dos três critérios referentes à prestação de serviços ambientais pelos ecossistemas, designadamente de serviços de suporte e de regulação. O objectivo deste critério é atribuir a cada unidade cartografada um factor ponderador de acordo a sua capacidade de retenção de carbono, pelo que as unidades correspondentes a comunidades florestais, quer sejam naturais ou plantadas, são as que recebem pontuação mais elevada dado que se comportam como
64
Na prática, este coeficiente deve ser encarado como um critério de “urgência para protecção” (Loidi, com.
pess.)
188
sumidouros de carbono. A escala de valores assumidos pelo critério em causa varia entre 1.0 e 2.0 Coeficiente de Protecção do Solo (S): Neste critério a ponderação é escalonada de acordo com a prestação do ecossistema no que respeita à conservação do solo, considerando em simultâneo a capacidade de retenção de nutrientes e de sedimentos, mas também a forma como o ecossistema favorece o processo de desenvolvimento pedogenético. Daí que as unidades cartografadas possam receber pontuações entre 0.4 e 2.0 de acordo com a densidade de cobertura vegetal e a ocorrência de práticas agrícolas ou florestais que potenciem a perda de solo ou a sua acreção. Coeficiente de Protecção dos Recursos Hidrológicos (H): Por fim, considera-se ainda o critério referente à protecção do recurso água, considerando a capacidade do ecossistema contribuir para a regulação do ciclo da água, bem como para participar no processo da sua depuração. Também neste caso os valores atribuídos a cada unidade cartografada variam entre 0.4 e 2.0. 4.7.2.3
Índices de qualidade ecológica: Valor Biológico (B) e
Interesse para Conservação (CI) Consequentemente o conjunto dos critérios acima descritos permite calcular os índices de valor biológico e interesse para conservação de cada unidade cartografada, calculados de acordo com as seguintes fórmulas: Valor Biológico (B): o «valor biológico» (B) de cada comunidade corresponde ao somatório dos valores dos critérios
fundamentais
anteriormente referidos. B=N+P+T+F+R Interesse para Conservação (CI): o produto do valor biológico (B) pelos respectivos coeficientes de necessidade de protecção (E), de retenção de carbono (RC), de protecção do solo (S) e de protecção dos recursos hídricos (H) corresponde ao valor de «interesse para conservação» (CI) de cada comunidade. CI = B x E x RC x S x H
189
Este valor permite elaborar o ranking das formações vegetais cartografadas de acordo com o duplo critério do seu valor biológico mas também do seu maior ou menor interesse para conservação. Deste modo, podem ser estabelecidas prioridades quanto às áreas e formações mais carenciadas de protecção bem como adoptadas medidas de gestão que assegurem simultaneamente a sua subsistência e a manutenção do valor biológico da região. Os valores atribuídos aos diversos critérios para cada tipo de cobertura de solo utilizado no presente estudo são apresentados no Quadro 17.
190
Áreas florestais (não naturais)
Pinhais
Eucaliptais e outra vegetação exótica
Afloramentos rochosos, pedreiras e areeiros
Áreas Sociais
Classe de cobertura de solo
1 1 0 10 2 3 3 3 3
Espaços industriais Porto Pedreiras e areeiros Afloramentos rochosos Aceiro florestal Acacial Eucaliptais Sebes de eucalipto Pinhais bravos
3 3
Sebes de pinheiro-bravo Pinhais mansos
2
0
Equipamentos
Pinhais bravos com acácia
1
N
Espaços urbanos
Cobertura de solo
P
3
3
3
3
3
3
3
1
5
0
1
1
0
1
T
2
2
2
2
2
2
2
3
1
0
1
1
0
1
F
2
2
2
2
2
2
1
1
5
0
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
10
0
0
0
0
0
R
0
4
4
0
4
10
10
9
10
10
10
9
7
31
B
Quadro 17 – Valores atribuídos aos diversos critérios e índices, para cada tipo de cobertura de solo utilizado.
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
E*
1.6
1.6
1.6
1.6
1.6
1.6
1.4
1
1
1
1
1
1
1
Rc
1.8
1.8
1.8
1.8
0.8
0.6
1
0.6
1
0.4
0.4
0.4
0.4
0.4
S
1.5
1.5
1.5
1.5
1.2
1.2
1.1
0.9
1
0.4
0.4
0.4
0.4
0.4
H
191
43.2
43.2
38.9
43.2
15.4
11.5
13.9
3.8
31.0
0.0
0.6
0.6
0.0
0.6
CI**
192
Vegetação natural e seminatural
Áreas agrícolas
Quadro 17 (cont.)
Estevais e outros matos Estevais de Cistus palhinhae
Estevais
Montado de sobro
8
3
5 10
8
8
1
4
5
1
1
1
1
4
1
1
7
9
1
Milho
Cercais e sobreirais
2
Mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado
3
1
Laranjais
Arrozais
2
Hortofloricultura
4
4
Olivais
Pastagens higrófilas
2
Vinhas
6
3
Culturas arvenses, pousios e pastagens pobres
Charcos temporários
Mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado
Culturas permanentes
Culturas arvenses, pousios e pastagens pobres
10
2
7
8
2
5
9
2
2
1
2
3
1
3
5
2
10
6
1
3
5
1
1
1
1
3
1
2
8
0
0
6
0
0
9
0
0
0
0
2
0
0
41
12
32
37
7
16
34
5
6
4
6
16
5
9
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1.4
1.4
1.2
1.8
1
1
1
1
1
1
1.2
1.2
1.2
1
0.9
0.9
1.8
2
0.8
1
1
0.4
0.8
0.6
0.8
1
0.8
0.9
1
1
1.5
1.6
1
1
1
0.9
0.9
0.9
0.9
1
0.9
1
51.7
15.1
103.7
213.1
5.6
16.0
34.0
1.8
4.3
2.2
5.2
19.2
4.3
8.1
Vegetação litoral natural
Estevais e outros matos
1
2
Açudes e outros planos de água
Aquaculturas
10
Vegetação de sapal
1
2
Praias
Salinas
6
Sistemas húmidos interdunares
0
5
Vegetação dunar subnitrófila
Rio Mira
10
10
Vegetação de arriba rochosa Vegetação dunar
7
Outros matos
1
1
0
5
5
1
5
2
5
5
6
1
2
0
2
9
10
9
3
10
10
5
1
4
0
3
4
1
3
2
5
4
2
0
7
0
0
2
0
7
0
7
0
6
4
15
0
12
30
14
30
12
37
29
26
** – valor de referência, i.e. para (E)=1.0, o que equivale a uma densidade populacional de cerca de 30 hab/m2
* – valor variável, função da densidade populacional do local
Salinas e aquaculturas
Rio Mira e outros planos de água
Vegetação natural e seminatural
Quadro 17 (cont.)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1.4
1
1
1
1
0.9
1
1
0.9
0.9
0.9
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
193
4.0
15.0
0.0
12.0
27.0
14.0
30.0
10.8
33.3
26.1
36.4
4.7.3
Evolução histórica recente da paisagem do Sudoeste Alentejano
“A landscape history exposes the evolutionary patterns of a specific landscape by revealing its ecological stages, cultural periods, and keystone processes. Such a history can be a valuable tool as it has the potential to improve description, prediction, and prescription in landscape planning.” (Marcucci 2000, p. 25) O conhecimento da história de cada paisagem é um passo fundamental para a plena compreensão dessa mesma paisagem. Tal com é exposto por Marcucci (2000), planear (e também gerir) uma paisagem sem conhecer a sua história constitui um acto que oferece poucas garantias de sucesso a longo prazo, pois não é possível sustentar opções de gestão ambiental sem o conhecimento dos processos determinantes para a alteração das paisagens ao longo de múltiplas escalas temporais. No presente caso defende-se que não é possível efectuar o correcto diagnóstico do estado de conservação da paisagem vegetal do Sudoeste Alentejano sem ter em consideração o seu contexto histórico, pelo menos ao longo dos últimos séculos. Para tal, será efectuado o estudo da evolução diacrónica da área de estudo, sobretudo com base na análise de informação corográfica e cartografia agrícola antiga, bem como de duas coberturas aerofotográficas, as quais afortunadamente se referem a períodos da história nacional com distintos contextos socioeconómicos, como se constatará nos capítulos seguintes. O primeiro período estudado apresenta como ano de referência o ano de 1758. Na sequência do grande terramoto de 1755, é elaborado um inquérito corográfico em todo o reino (vd. capítulo seguinte) que nos permite ter uma ideia bastante precisa de como seria o país de então, não apenas nos grandes centros urbanos mas também nas áreas mais remotas e profundamente rurais. Infelizmente esse registo, conservado até aos dias de hoje nos arquivos da Torre do Tombo, não inclui qualquer registo cartográfico, pelo que a sua representação espacial não é apresentada. Seguidamente estudar-se-á o período centrado em 1893, com base na análise da carta agrícola e corográfica de 1890/1905, série vulgarmente conhecida por «Carta de Pery». Esta série cartográfica, infelizmente incompleta, constitui uma fonte de informação espacialmente detalhada, o que permite analisar os padrões de ocupação das áreas cartografadas e efectuar comparações com épocas subsequentes, no âmbito dos três sectores cartográficos descritos no capítulo 194
4.7.1.2. O terceiro período em estudo corresponde ao ano de 1958, data em que foi efectuada a primeira cobertura aerofotográfica completa do país (efectuada pela USAF – United States Air Force)65 a partir de cujas fotografias foi possível trabalhar com rigor e obter nova representação cartográfica da cobertura do solo para os sectores em estudo. Para o mesmo período existe ainda uma série cartográfica agrícola e florestal à escala 1/25 000, cobrindo cerca de dois terços do país, a qual foi pontualmente consultada para controlo de qualidade da cartografia elaborada. Finalmente, o quarto período em estudo corresponde ao ano de 2005, ao qual corresponde nova cobertura aerofotográfica digital nacional, com base na qual foi elaborada uma terceira e última cobertura cartográfica de uso de solo. Com base em toda a informação cartográfica produzida foi possível obter uma representação detalhada dos padrões de cobertura do solo e das suas alterações ao longo do tempo, com base na qual foi efectuada a análise quantitativa e qualitativa dessa dinâmica. 4.7.3.1
Relatos históricos da paisagem – o exemplo do Dicionário
Geográfico (1758) O «Dicionário Geográfico de Portugal» do Padre Luís Cardoso, também conhecido por «Memórias Paroquiais de 1758», é uma notável obra que o referido presbítero, da Congregação do Oratório de Lisboa, iniciou em 1732 e da qual se publicaram entre 1747 e 1751, as letras A B e C do primeiro e segundo volumes, tendo o restante material sido perdido no Terramoto de Novembro de 1755 (Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora s.d.). Na sequência deste trágico evento o autor pediu ao Ministro do Reino de então, o Marquês de Pombal, autorização para terminar a obra, a qual foi concedida. Desta forma foi enviado a todos os párocos do reino um questionário de 27 perguntas, para que estes se pronunciassem de forma detalhada sobre ele66.
65
A cobertura aerofotográfica completa para Portugal continental foi executada entre os anos de 1958 e
1960, com escala média de 1/26 000. No que respeita à área do presente estudo, as datas de obtenção dos fotogramas varia entre Maio e Julho de 1958. 66
No que respeita às paróquias da área de estudo, é possível consultar a informação resultante deste
inquérito, bem como a lista das perguntas formuladas, quer através de fontes de informação online (Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas s.d.; Centro Interdisciplinar de
195
Da análise das respostas devolvidas pelos párocos das paróquias de Salvador (com 650 habitantes), Santa Maria (490 hab.), São Luís (430 hab.), São Teotónio (1130 hab.), Vila Nova de Milfontes (364 hab.) e também Sines (500 hab.), é possível esboçar a seguinte descrição da paisagem do litoral do Sudoeste Alentejano, à data de 1758:
A actividade agrícola centrava-se nas culturas de cereal (centeio e cevada nos terrenos menos férteis e elevados, acompanhados de algum trigo e milho grosso nas margens do rio Mira), juntamente com a vinha. São frequentes as referências à parca produção de cereal e à fraca qualidade do vinho, devidas em parte à baixa fertilidade do solo e à escassez de recursos hídricos da região. Adicionalmente, cultivava-se também algum feijão, fava e mais raramente hortaliças.
Nos espaços silvestres notam-se as referências recorrentes aos matos e aos sobreirais, dos quais se obtinha muita caça (perdizes, coelhos e lebres abundantes mas também javalis). As referências à existência de lobos na região são também recorrentes. A apicultura era já uma actividade com forte presença na região, em especial nas serras sublitorais. Outras espécies arbóreas referidas, mas menos abundantes, incluem as azinheiras e as fruteiras (ameixeiras sobretudo, mas também soromenhos67, macieiras e figueiras).
O gado era frequente, predominando as cabras e as ovelhas, mas também é referido o gado vacum.
Finalmente, sobre os recursos hídricos, parece notar-se alguma escassez de água doce, dado que o rio é salgado até Odemira e as referências a fontes são pouco frequentes. Sobre este assunto reproduz-se também uma passagem da resposta enviada pelo pároco de Milfontes, na qual se pode ler:
História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora s.d.), quer em publicações em papel (Quaresma 2006). 67
Espécie de pereira brava de frutos oblongos e doces.
196
“Hé esta villa chamada Villa Nova de Milfontes, cuja denominação hé impropria porque nella, nem seus lemites não há fonte alguma de que póssão uzar seus moradores, que não há memoria, que para os seus ministerios uzassem de outra ágoa, senão da de dous possos sitos junto à mesma villa extrahida à mão com corda e enchedouro. Só se hé, porque nas prayas do mar, que lhe fica vizinho, estão perennemente correndo moytos nacidios de bellas e cristalinas ágoas; mas não compoem tão grande numero. (…) Não há tambem na mesma serra, nem junto della, neste destrito fonte alguma de nome, nem inda outra alguma ágoa nativa, mais do que a referida, porque toda hé áspera, seca, e de terra infrutífera; nem tãobem nas suas vizinhanças há ágoa de propriedade alguma, mais que algumas fontes ordinarias para dellas beberem os pobres moradores dos referidos montes, ou cazais.” Resposta do prior da paróquia de Vila Nova de Milfontes, Padre Bento Dias Barreto, apud Quaresma (2006, p. 295 e 303) Em síntese, a paisagem do século XVIII seria uma paisagem de mosaico agroflorestal com carácter extensivo e matriz predominantemente florestal (de charnecas e sobreirais abertos) na qual as parcelas agrícolas deveriam envolver os escassos povoamentos da região e alguns casais isolados, bem como alguns vales de ribeiras afluentes do rio Mira, em especial os que apresentavam fundo plano e caudais que assegurassem a lavagem dos solos de modo a permitir boas produções agrícolas. As charnecas seriam pastadas por rebanhos mistos de gado caprino e ovino. Quanto aos sobreirais, estes seriam também utilizados como fonte energética, facto do qual nos dá conta o pároco de Salvador, relato de grande valor informativo, pois nele se explica o sistema que deu origem ao espaço agro-florestal seminatural que todos conhecemos pela designação de «montado»: “Esta villa há nella o direyto dos montados (…) dando o privilégio aos moradores, e vezinhos de dentro da dita villa de não pagarem montado e poderem cortar huma légoa em roda da dita villa a madeyra, que quizerem.” Resposta do prior da paróquia de Salvador, Padre Bartolomeu Lobo, apud Quaresma (2006, p. 252)
197
4.7.3.2
Situação pré-revolução industrial: Carta de Pery (1893)
A carta agrícola e corográfica de 1890/1905 é uma publicação da Direcção Geral da Agricultura, organizada pelo engenheiro militar Gerardo Augusto Pery, tendo sido publicada em folhas de 40 x 50 cm em duas escalas distintas (1 / 50 000 e 1 / 25 000) e de forma bastante fragmentada: são conhecidas 34 cartas na região do Alentejo (1 / 50 000), 4 no Alto Douro (1 / 25 000), 1 na Beira Litoral (1 / 25 000) e duas no Algarve (1 / 25 000). No decorrer deste estudo foram adquiridas ao IGP as imagens digitais das cartas número 186, 194 e 201, correspondentes ao troço litoral alentejano compreendido entre Sines e Odeceixe, no qual os trabalhos de levantamento de campo decorreram entre 1888 e 1990. A publicação das referidas cartas data de 1893. No presente estudo as referidas cartas foram integradas no ambiente SIG através do seguinte procedimento: 1.
Georreferenciação das cartas por pontos de controlo. Para cada carta um conjunto não inferior a 15 pontos de controlo foi utilizado para estabelecimento de correspondência entre as coordenadas locais das imagens das cartas e as coordenadas HGDt73 dos locais seleccionados, de forma a permitir a transformação de coordenadas pelo método do ajustamento por mínimos quadrados e utilizando uma função do tipo afim (polinómio do primeiro grau). Em todos os casos o ajustamento foi aceite apenas em presença de valores de erro medio quadrático inferiores a 20 m;
2. Vectorização dos polígonos referentes à ocupação do solo dentro dos sectores em estudo e atribuição das classes de cobertura de solo respectivas, de acordo com a legenda original; 3. Compatibilização das legendas de cobertura de solo com as das séries cartográficas ulteriores, cuja caracterização se apresenta nos subcapítulos seguintes. A cartografia da cobertura do solo referente à data de 1890 e para os sectores 1 (Sines), 2 (Vila Nova de Milfontes) e 3 (Cavaleiro) é apresentada na Figura 76, Figura 77 e Figura 78, respectivamente. A quantificação das percentagens de ocupação das diversas classes de cobertura de solo é apresentada no Quadro 18, para todas as épocas estudadas.
198
O estudo da carta agrícola e corográfica de 1890/1905 é de grande relevância para a compreensão da paisagem agrícola alentejana do final do Sec. XIX, pois permite obter um retrato espacialmente explícito da organização do espaço rural, não apenas no que se refere à diversidade e distribuição espacial das culturas agrícolas, mas também da estrutura fundiária das regiões cartografadas, da sua rede viária e também das essências florestais então exploradas. Fraga da Silva (2006) atribui especial importância à referida série cartográfica por esta representar o período anterior à grande extensão da cultura cerealífera, que terá o seu apogeu na primeira metade do Sec. XX. O período a que se reporta a série cartográfica corresponde também a uma fase em ainda não havia chegado a mecanização agrícola. Reis (1982) assinala 1860 como a data do aparecimento da primeira debulhadora mecânica a vapor no país e 1930 como a data em que a tecnologia se encontra definitivamente implantada. Castro Caldas (1998) relata que nas crónicas da Exposição Agrícola de 1884, decorrida na Real Tapada da Ajuda, se afirma que nesse ano se encontravam em laboração no território nacional apenas três debulhadoras mecânicas a vapor. A motorização da lavoura pela substituição do trabalho humano e da tracção animal por tractores movidos a combustíveis fósseis aparecerá ainda mais tarde, no início da década de 1950 (Lima e Santos 1995). A população na região era reduzida e à excepção de Sines e Vila Nova de Milfontes concentrava-se em povoações longe da costa. Almograve e Zambujeira praticamente não existiam em 1880, resumindo-se a pequenos montes com três e dois fogos, respectivamente (Quaresma 2006). O crescimento das duas localidades só arrancou a partir de meados do séc. XX dado que em 1911 Almograve era ainda constituído por apenas 7 fogos (totalizando 20 habitantes) e a Zambujeira por 11 fogos (51 habitantes). Na mesma data Vila Nova de Milfontes integrava já 117 fogos (481 habitantes) (idem, ibidem).
199
Figura 76 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 1893.
Figura 77 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 1893.
Figura 78 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 1893.
200
No que respeita à cobertura do solo, a matriz da paisagem do Alentejo litoral era dominada por extensas áreas de charneca68. No caso particular desta primeira época de observação os matos predominantes na plataforma litoral seriam seguramente matos espontâneos da ordem Stauracantho-Halimietalia e no território serrano-monchiquense seriam matagais das alianças Quercion lusitanicae e Stauracanthion boivinii (Capelo et al. 2002), remetendo os estevais para uma fracção provavelmente reduzida do total de matos observados. No entanto, dada a impossibilidade de efectuar com rigor esta separação, optou-se por considerar todos os matos na mesma classe de cobertura de solo, o que implica alguma perda de informação designadamente nas épocas mais recentes. No caso das culturas agrícolas, predominavam as culturas arvenses, pousios e pastagens pobres, com percentagens de ocupação de solo um pouco acima dos 20% da terrestre total em todos os três sectores estudados. É também de referir a presença pouco expressiva em área de arrozais e também de culturas permanentes, nas quais predomina a vinha. Esta ultima cultura, apesar de pouco expressiva em área (a percentagem total das culturas permanentes consideradas, que na época em causa inclui também alguns olivais, não chega a 0,2% em qualquer dos sectores considerados), detinha algum valor económico e integrava o registo dos produtos comercializados no concelho de Sines durante os Séculos XVIII e XIX (Patrício 2005). No entanto, com o aparecimento do oídio da videira em 1852 (Castro Caldas 1998) e da filoxera a partir de 188069, a produção vinícola que vinha a aumentar no sul de Portugal desde meados do séc. XIX até ao período de 1892-94, decaiu para quase metade dessa produção durante o período de 1898-1901 (Conceição 1991). No Sudoeste Alentejano a cultura da vinha viria a ser praticamente abandonada, mantendo-se até aos dias de hoje com uma presença meramente vestigial e sem significado económico. Em termos florestais, destaca-se a presença de montados da área de estudo, embora com fraca expressão territorial (sempre abaixo dos 10% da área
68
Na legenda utilizada para compatibilizar as três épocas de observação essa classe de cobertura do solo
foi designada ‘estevais e outros matos’, a qual ocupa mais de 60% do território (em qualquer dos três sectores estudados. 69 Apesar do primeiro surto de filoxera no Douro ocorrer em 1863, a praga mantém-se circunscrita até à década de 1880, data a partir da qual começou a alastrar por todo o país (Castro Caldas 1998).
201
terrestre total, em qualquer dos três sectores estudados. Os locais onde estas formações se encontravam coincidiam sobretudo com áreas de cota mais elevada (colinas sublitorais) mas também se podiam observar montados em alguns vales encaixados que atravessam a plataforma litoral. O eucalipto encontrava-se ainda ausente da região
70
e os pinhais praticamente não têm
expressão (apenas se regista a sua presença em 0,35% da área terrestre total do sector 2). 4.7.3.3
O
período
do
modelo
Químico-Mecânico:
Cobertura
aerofotográfica USAF (1958) “Nas últimas décadas do século XIX, arrancava em Portugal um movimento generalizado de expansão da superfície cultivada. que só terminou nos anos cinquenta do nosso século [i.e., década de 1950]. A expansão da superfície cultivada veio acompanhada de um crescimento dos efectivos pecuários, nomeadamente no que se refere aos animais de trabalho.” (Lima e Santos 1995, p. 265) A situação acima retratada reproduz o contexto subjacente, em boa parte, à drástica alteração da paisagem do Sudoeste Alentejano a que se assiste entre as datas de 1890 e 1958. O incremento da população é notável: no concelho de Odemira a população passa de 16 955 habitantes em 1890 para 43 999 no final da década de 1940 (Quaresma 2006). Ao aumento de população corresponde um aumento da área cultivada muito expressivo, fortemente impulsionado pela Campanha do Trigo de 1929, à qual se soma o Plano de Fomento Agrário de 1949, como forma de dar resposta ao crescimento das necessidades alimentares da população. Por outro lado o crescimento populacional implica também o aumento da força de trabalho, o qual conduz ao crescimento da superfície cultivada e também à construção e melhoria de algumas infra-estruturas como a nova estrada em macadame Milfontes-Cercal e as pontes sobre as ribeiras do Torgal e de Odeceixe, ambas inauguradas em 1936. Também nos espaços urbanos se assiste à melhoria das
70
A data de introdução do eucalipto em portugal não é consensual, sendo apontada por Goes (1962) como
sendo 1829, ao passo que Radich (2007) a situa na década de 1850. O registo da sua plantação no litoral alentejano aponta para períodos mais tardios: provavelmente a primeira plantação acontece em 1883 (Mata Nacional de Valverde) e a segunda em 1923 (Herdade da Comporta) (Goes 1962).
202
infra-estruturas e serviços, com a consequente melhoria das condições de vida das populações locais: em 1958 a povoação de Milfontes era já servida por correio (entregas diárias), telegramas e linhas telefónicas (19 números), bem como cinema ao ar livre (Quaresma 2006). As drásticas alterações promovidas pelo contexto socioeconómico acima descrito encontra-se bem patentes nas fotografias aéreas da cobertura aerofotográfica USAF de 1958, utilizada na análise cartográfica adiante apresentada. Os cartogramas apresentados resultaram da fotointerpretação de 36 fotografias aéreas (negativos a preto e branco digitalizados com elevada resolução) adquiridas ao Instituto Geográfico do Exército (IGEOE) e tratadas em ambiente SIG através da seguinte sequência de procedimentos: 1.
Georreferenciação das imagens por pontos de controlo71. Para cada fotografia aérea um conjunto não inferior a 15 pontos de controlo foi utilizado para estabelecimento de correspondência entre as coordenadas locais das fotografias e as coordenadas HGDt73 dos locais seleccionados, de forma a permitir a transformação de coordenadas pelo método do ajustamento por mínimos quadrados. Como referencial do sistema HGDt73 foram utilizados as ortofotografias digitais de 2005, dado que estas se encontram ortorrectificadas e utilizam o sistema de coordenadas pretendido. Nas fotografias referentes à área da plataforma litoral foi utilizada a transformação
afim
(polinómio
do
primeiro
grau).
Excepcionalmente, na impossibilidade de obter valores de precisão aceitáveis pela transformação afim, foram utilizados polinómios do segundo grau, o que veio a ocorrer de forma pontual em algumas fotografias correspondentes às áreas de cota mais elevada. Em todos
71
Chama-se a atenção para o facto da fonte de informação utilizada não ser um produto ortorrectificado.
Como tal, as fotografias em causa deveriam ter sido alvo de ortorrectificação, o que não aconteceu pelo seguinte conjunto de razões: a) o IGEOE não fornece os parâmetros da câmara fotográfica (distância focal, localização do ponto principal em relação às marcas fiduciais, e parâmetros de distorção da lente) do voo USAF de 1958, informação essencial para o procedimento de orientação interna das imagens e consequentemente para o processo de ortorrectificação necessário; b) consultada uma empresa prestadora de serviços na área da produção cartografica por estereorestituição, foi possível apurar que existem métodos para efectuar a ortorrectificação das imagens mesmo sem a referida informação, mas o custo referente à prestação de tal serviço revelou-se impossível de suportar no âmbito do presente estudo, pelo que se optou pelo procedimento simplificado acima descrito, tendo sempre em consideração as limitações de exactidão posicional que tal opção acarretou.
203
os casos o ajustamento foi aceite apenas em presença de valores de erro medio quadrático inferiores a 10 m; 2. Vectorização dos polígonos referentes à ocupação do solo dentro da área útil de cada fotografia, previamente determinada (Figura 79);
Figura 79 – Mosaico de fotografias aéreas de 1958 correspondentes ao sector 3 (Cavaleiro), com indicação das áreas úteis consideradas na fotointerpretação.
3. Atribuição das classes de cobertura de solo respectivas, de acordo com a legenda de cobertura de solo comum às restantes séries cartográficas estudadas. São apresentados os dados referentes à cartografia da cobertura do solo à data de 1958 para o sector 1 (Sines) na Figura 80, para o sector 2 (Vila Nova de Milfontes) na Figura 81 e para o sector 3 (Cavaleiro) na Figura 82. O Quadro 18 sintetiza a evolução das percentagens de ocupação das diversas classes de cobertura de solo, tanto para a época em estudo como para a seguinte e a precedente. Como é evidente pela observação do quadro e figuras anteriormente enunciadas, entre as datas de 1890 e 1958 assiste-se à dramática inversão das taxas de ocupação entre as classes de cobertura do solo ‘estevais e outros matos’ e ‘culturas arvenses, pousios e pastagens pobres’. Enquanto os valores médios de percentagem da área terrestre total ocupada por estevais e outros matos passam de valores da ordem dos 70% para valores de cerca de 10% no sector 2 e a 1% nos sectores 1 e 3, a percentagem da área terrestre total ocupada por culturas arvenses, pousios e pastagens pobres sobe de valores 204
ligeiramente superiores a 20% em todos os sectores para valores a rondar os 70% nos sectores 1 e 2, atingindo quase os 80% no caso do sector 3.
Figura 80 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 1958.
Figura 81 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 1958.
Figura 82 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 1958.
205
A partir do início da década de 1950 assiste-se também à generalização da motorização na actividade agrícola, fenómeno que decerto deu também o seu contributo para o aumento da superfície cultivada na região. Verificamse também aumentos consideráveis da área social nos sectores 1 e 2, acompanhados de aumentos proporcionais nas áreas de mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado (correspondendo ao aumento do número de ‘montes’ existentes no espaço rural, em consonância com o aumento demográfico ocorrido neste período de tempo). No que diz respeito a culturas agrícolas assiste-se à expansão da área de cultivo dos arrozais, bem como incremento ligeiro das áreas ocupadas por culturas permanentes (sobretudo vinha, e alguns olivais nas áreas mais interiores) e por pastagens higrófilas (nas várzeas do Mira e ribeiras tributárias do seu troço médio). Finalmente, no que respeita à actividade florestal, o período entre 1890 e 1958 corresponde ao período que se inicia a florestação do território com eucalipto (ainda sem taxas de ocupação assinaláveis), assistindo-se também no sector 1 a um grande incremento da área ocupada por pinhais, essência florestal que não estava registada nesse espaço geográfico à data de 1890, passando a ocupar 10,69% do território em 1958. A súbita e intensa actividade florestal estará possivelmente relacionada com o Plano de Povoamento Florestal de 193872 ou mesmo com os trabalhos de fixação e arborização das dunas do litoral propostos em 1868 e que decorreram ao longo de vários decénios (Rego 2001). Também relativamente às áreas de montado se observa um incremento considerável no sector 1, enquanto nos restantes dois sectores se registam ligeiras diminuições de área. 4.7.3.4
A paisagem actual: cobertura aerofotográfica digital IGP
(2005) A evolução da paisagem Sudoeste Alentejano entre 1958 e 2005 é condicionada por uma longa sucessão de acontecimentos e alterações de
72
“Em 1938, foi aprovado o Plano de Povoamento Florestal, que previa, em 30 anos, arborizar 420.000ha,
melhorar 60.000ha de pastagens, constituir reservas naturais e parques nacionais em cerca de 33.500ha (incluindo o Gerês, Montezinho ou a Estrela), estabelecer 125 viveiros, construir 940 casas de guardas e 140 postos de vigia, para além de instalar uma completa rede de infra-estruturas viárias e de telecomunicações.” (Autoridade Florestal Nacional 2006, p. 3553)
206
contextos políticos e socioeconómicos que se relacionam entre si de forma complexa. Ao nível das grandes infra-estruturas refere-se a entrada em funcionamento do perímetro de Rega do Mira em 1970, a criação do Gabinete da Área de Sines (GAS) em 1971 e a construção da central termoeléctrica de Sines, terminada em 1985. Com elas vieram novas melhorias na rede rodoviária da região (e.g. a ponte sobre o rio Mira à saída de Milfontes, inaugurada em 1973) o que favoreceu a massificação da procura turística, em especial nas pequenas localidades costeiras a sul de Sines (Porto Covo, Milfontes, Almograve e Zambujeira do Mar) (Quaresma 2006). Por outro lado, dá-se em 1988 a criação da Área de Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina73, acontecimento com o qual se procura promover a protecção e o aproveitamento dos recursos naturais da região, favorecendo o desenvolvimento económico-social e cultural da região de forma equilibrada e protegendo os seus valores naturais, paisagísticos e culturais (artigo 2º do Decreto-Lei n.º 241/88, de 7 de Junho). No que respeita ao contexto agrícola do país, muito se passa no decorrer do período 1958-2005: atinge-se o apogeu do modelo químico-mecânico (modelo técnico de exploração agrícola assente na substituição do trabalho humano, da tracção animal e dos processos biológicos internos ao agroecossistema por inputs mecânicos e químicos externos a este sistema (Lima e Santos 1995), em parte responsável pelas dramáticas alterações na estrutura e composição da paisagem portuguesa de meados do séc. XX, em especial a sul do Tejo; com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia em 1985 e subsequentes alterações na política agrícola comunitária, observase a intensificação agrícola em alguns locais e o abandono (ou pelo menos a extensificação da produção agrícola) noutros, como forma de servir os múltiplos objectivos de manter o rendimento dos agricultores, melhorar a prestação de serviços ambientais e melhorar a produtividade da actividade agrícola nos terrenos mais aptos. No que respeita à actividade florestal, este é o período da expansão generalizada das áreas de eucaliptal e também de pinhal, também elas fortemente suportadas pela mecanização da actividade, em especial nas fases de instalação e do corte final.
73
A Área de Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina foi criada pelo Decreto-Lei n.º
241/88, de 7 de Junho e mais tarde reclassificada para Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina pelo Decreto Regulamentar n.º 26/95, de 21 de Setembro.
207
Para a produção dos elementos cartográficos apresentados utilizaram-se como fontes de informação os ortofotos digitais em cor natural do IGP, procedentes do voo de 2005. Dado que os referidos ortofotos se encontram já no sistema de coordenadas escolhido e prontos a utilizar para efeitos de fotointerpretação, foram simplesmente efectuados os procedimentos básicos de fotointerpretação anteriormente referidos, designadamente: 1.
Vectorização dos polígonos referentes à ocupação do solo dentro da área de cada fotografia
2. Atribuição das classes de cobertura de solo respectivas, de acordo com a legenda de cobertura de solo comum às restantes séries cartográficas estudadas. Os dados referentes à cartografia da cobertura do solo à data de 2005 são apresentados no que respeita ao sector 1 (Sines) na Figura 83, para o sector 2 (Vila Nova de Milfontes) na Figura 84 e para o sector 3 (Cavaleiro) na Figura 85. O estudo quantitativo das percentagens de ocupação das diversas classes de cobertura de solo é sintetizado no Quadro 18. Em concreto, as principais alterações de cobertura de solo verificadas entre as datas de 1958 e 2005 são: No que respeita aos usos urbanos assiste-se ao aumento exponencial das áreas sociais, em particular no sector 1, em boa parte por via da criação e desenvolvimento das áreas industriais do Porto de Sines e da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), acompanhada pela expansão urbana de Sines de forma a alojar os trabalhadores desses espaços. Como consequência do desenvolvimento urbano e industrial na zona de Sines e arredores, a percentagem área social no sector 1 aumentou quase 30 vezes, no espaço de 50 anos (cifrando-se nos 12,13% em 2005). Também nos sectores 2 e 3 se assiste ao aumento da área social, da ordem das 3 a 6 vezes superior, acompanhada por subidas de valor semelhante por parte das áreas ocupadas por edificações em espaço rural (contabilizadas como áreas de ‘mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado’). Assiste-se também ao aparecimento de areeiros
e
pedreiras
em
todos
os
sectores,
acompanhados
pelo
desaparecimento as salinas que tinham sido observadas perto da foz do rio Mira na época de 1958, entretanto convertidas numa aquacultura intensiva.
208
Figura 83 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 1 (Sines), à data de 2005.
Figura 84 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 2 (Milfontes), à data de 2005.
Figura 85 – Cartografia da cobertura do solo no Sector 3 (Cavaleiro), à data de 2005.
No que se refere a culturas agrícolas as principais alterações são a forte redução das áreas de cultivo de arroz, apenas presente em 2005 do sector 3 (e entretanto também essa área desapareceu), tendo muitas dessas áreas sido convertidas em pastagens higrófilas, bem como uma forte redução da área de 209
culturas arvenses, pousios e pastagens pobres, as quais foram urbanizadas, florestadas (sobretudo nas cotas mais elevadas) ou abandonadas (em especial nas vertentes dos vales encaixados). Do ponto de vista florestal, observa-se uma subida muito elevada das áreas com floresta de produção (pinhais e eucaliptais) comum a todos os sectores, o aumento das áreas de montado nos sectores 1 e 2 ao passo que se verifica uma descida deste tipo de cobertura do solo no sector 3, ao mesmo tempo que os cercais e sobreirais (entretanto desaparecidos no sector 1) diminuem a sua área no sector 2 e aumentam-na no sector 3. Quanto à estrutura das diversas parcelas de cobertura de solo, é observável o aumento da complexidade espacial das mesmas, com o aparecimento de numerosas sebes de compartimentação, elementos que não se observavam à data de 1958, na qual a paisagem era bastante mais aberta.
210
0.12 1.03 21.26 0.14 0.00 0.00 0.64 0.00 0.00 0.00 0.00 7.25 4.64 63.33 1.60
0.43 1.33 67.48 0.34 0.00 0.00 1.06 0.00 0.00 0.61 10.69 13.57 0.00 0.22 4.27 12.13 4.19 25.46 0.04 0.00 0.00 0.00 0.08 1.06 19.05 16.27 16.40 0.00 1.06 4.25
0.03 0.08 22.39 0.11 0.00 0.00 0.04 1.73 0.00 0.00 0.35 3.84 3.79 65.01 2.63
0.23 0.36 69.56 0.23 0.00 0.03 0.95 1.76 0.00 0.18 1.62 2.45 7.05 9.44 6.13 1.50 1.81 34.09 0.42 1.16 0.28 0.00 1.77 0.06 32.46 4.53 3.66 4.73 4.87 8.66
0.00 0.00 23.82 0.06 0.00 0.00 0.00 0.43 0.00 0.00 0.00 6.91 0.29 67.65 0.83
0.05 0.37 79.75 0.02 1.19 0.00 0.63 0.44 0.00 0.14 1.42 6.36 4.57 0.83 4.21
0.16 2.86 60.93 1.75 1.71 0.13 1.47 0.48 0.04 10.02 2.83 4.80 5.94 3.14 3.74
sector considerado.
211
Unidade: % da área terrestre total ocupada. Os valores a negrito são os considerados mais expressivos das alterações verificadas para cada época, em cada
Áreas sociais Mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado Culturas arvenses, pousios e pastagens pobres Culturas permanentes Pastagens higrófilas Salinas e aquaculturas Arrozais Planos de água Pedreiras e areeiros Eucaliptais e outra vegetação exótica Pinhais Montados de sobro Cercais e sobreirais Estevais e outros matos Vegetação litoral natural
Quadro 18 – Síntese das alterações das percentagens de ocupação das diversas classes de cobertura de solo verificadas ao longo das três épocas de observação e em relação aos três sectores em estudo. Sector 1 Sector 2 Sector 3 Classe de cobertura de solo 1893 1958 2005 1893 1958 2005 1893 1958 2005
Sintetizando, apresenta-se na Figura 86 a evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no sector 1. É evidente a franca diminuição da proporção de estevais e outros matos na transição 1890-1958, em paralelo com a grande expansão da área ocupada por culturas arvenses, pousios e pastagens pobres no mesmo período. Também é visível o aumento dos pinhais e eucaliptais a partir de 1958, bem como o grande incremento de área social no último período de observação (respeitante à expansão urbana de Sines e à criação do Gabinete da Área de Sines), a par do surgimento de uma área também significativa área de pedreiras e areeiros. É ainda de referir o desaparecimento das áreas de arrozal na última época de observação. 100% Vegetação litoral natural
90%
Estevais e outros matos
Cercais e sobreirais
80%
Montados de sobro 70% Pinhais 60%
Eucaliptais e outra vegetação exótica Pedreiras e areeiros
50%
Planos de água 40% Arrozais 30%
Culturas permanentes
Culturas arvenses, pousios e pastagens pobres
20%
Mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado
10%
Áreas sociais 0% 1893
1958
2005
Figura 86 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 1. 212
Da análise da Figura 87, na qual se visualiza a evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 2, é perceptível, a par das dinâmicas do espaço rural generalizáveis a todos os sectores em estudo, a recuperação de algumas áreas de vegetação litoral natural. É também perceptível a substituição das áreas de arrozal por pastagem higrófila, a manutenção de uma parte considerável da área de cercais e sobreirais (em especial dos que se localizam nas vertentes dos vales encaixados) e a subida moderada mas constante da área social e também das áreas de mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado, na qual se incluem as áreas de ‘quintinhas’ entretanto surgidas nos arredores de Milfontes. 100%
Vegetação litoral natural Estevais e outros matos
90%
Cercais e sobreirais 80%
Montados de sobro Pinhais
70%
Eucaliptais e outra vegetação exótica 60%
Pedreiras e areeiros Planos de água
50%
Arrozais 40%
Salinas e aquaculturas Pastagens higrófilas
30%
Culturas permanentes 20%
Culturas arvenses, pousios e pastagens pobres Mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado
10%
Áreas sociais 0% 1893
1958
2005
Figura 87 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 2.
213
Finalmente, da análise da Figura 88 na qual se apresenta a evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 3, assinala-se a expansão das áreas de cercais e sobreirais (localizadas nas cotas mais elevadas), a duplicação da área de arrozal, que com a chegada da infraestrutura de regadio do Mira deixou de estar restrita às margens do rio, passando a ser possível também na área da plataforma litoral74. 100%
Vegetação litoral natural Estevais e outros matos
90%
Cercais e sobreirais 80%
Montados de sobro Pinhais
70%
Eucaliptais e outra vegetação exótica 60%
Pedreiras e areeiros Planos de água
50%
Arrozais 40%
Salinas e aquaculturas Pastagens higrófilas
30%
Culturas permanentes 20%
Culturas arvenses, pousios e pastagens pobres Mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado
10%
Áreas sociais 0% 1893
1958
2005
Figura 88 – Evolução da distribuição relativa das classes de cobertura de solo no Sector 3.
74
Apesar de poder parecer estranho, este facto é confirmado pela 2ª edição da Carta Topográfica Militar
n.º 552 (editada em 1988), na qual se encontram extensas áreas de arrozal nas parcelas adjacentes à rede de canais de rega, sendo que na edição de 2009 da mesma carta as áreas de cultura de arrozal já não estão registadas.
214
É também detectável um incremento das áreas de culturas permanentes na transição entre 1958 e 2005. Concluindo, os dados apresentados permitem concluir que o período em que se verificou maior grau de perturbação da paisagem, quer em termos da simplificação do mosaico de paisagem como em termos da forte dinâmica regressiva verificada de forma mais ou menos generalizada no coberto vegetal da região, foi o período compreendido entre 1890 e 1958, i.e. a primeira metade do séc. XX, devido à franca expansão do sistema de agricultura extensiva de sequeiro (Figura 89).
Figura 89 – A prática da agricultura extensiva de sequeiro pode gerar elevado impacte na cobertura vegetal natural.
Este facto é corroborado pela evolução da utilização do solo em Portugal continental desde 1867 apresentada por Mendes (2002, p. 101), na qual se indica que o período centrado no ano de 1953 corresponde ao valor máximo de percentagem de terreno nacional continental ocupado por usos agrícolas. Relativamente ao período de 1858-2005, visto por muitos como o período em que ocorreram as maiores agressões ambientais (e consequentemente à paisagem),
nota-se
a
existência
de
dinâmicas
contrastantes
de
degradação / recuperação das condições ambientais da região, com reflexos evidentes no mosaico de paisagem da região, as quais serão estudadas com maior detalhe no capítulo seguinte. 215
Finalmente, importa referir que do ponto de vista estrito da preservação da fitodiversidade da região se assinala, em especial no último período estudado, o desaparecimento ou forte decréscimo das áreas ocupadas por alguns tipos de cobertura de solo aos quais se associam um conjunto de comunidades de grande especificidade ecológica e que por isso vêem a sua persistência na região ameaçada. São exemplos desta situação o quase desaparecimento das áreas de arrozal na região (implicando a consequente ameaça de desaparecimento das comunidades vegetais da classe Oryzetea sativae), a conversão das áreas de salinas em aquaculturas, a drenagem e ocupação agrícola de charcos temporários ou ainda a ocupação agrícola (forrageira ou hortofrutícola) das várzeas de algumas ribeiras tributárias do Mira nas quais ocorriam comunidades naturais higrófilas e/ou aquáticas. 4.8 VARIAÇÃO ESPACIOTEMPORAL DO VALOR ECOLÓGICO NO PERÍODO 1958-2005 De acordo com a análise efectuada no capítulo anterior é possível perceber que a variação dos padrões de cobertura do solo é complexa, tanto no espaço como no tempo. Foi então decidido analisar a variação dos índices de qualidade ecológica entre as épocas de 1958 e 2005. Para tal foram discriminadas 4 zonas com base em dois critérios: altitude e acesso a regadio (Figura 90). Na zona litoral (Zona A) encontra-se a área terrestre abaixo da cota dos 30 m m.s.l., na qual se localiza toda a vegetação litoral natural (sapais, praias e arribas baixas), mas também as povoações litorais e alguns terrenos agrícolas marginais. A zona da plataforma litoral foi separada em duas áreas: a área de sequeiro (Zona B) e a área servida pelo perímetro de Rega do Mira (Zona C). Os terrenos de cota igual ou superior a 90 m m.s.l. foram incluídos na zona da serra (Zona D). O Quadro 19 sintetiza a análise quantitativa da variação da qualidade biológica efectuada, considerando o zonamento referido e os períodos de 1958 e 2005.
216
Figura 90 – Zonamento adoptado no estudo da variação espaciotemporal do valor ecológico, para os sectores 1 (em cima), 2 (ao meio) e 3 (em baixo). A – Litoral; B – Plataforma; C – Regadio; D – Serra.
Relativamente à evolução do valor biológico das classes de cobertura do solo no sector 1 (Figura 91), observa-se que este valor desce no litoral, mas sobe ligeiramente nas zonas da plataforma litoral e da serra. Na origem destes 217
comportamentos estarão a expansão urbana de Sines e da área do Porto de Sines e infra-estruturas adjacentes no primeiro caso e a florestação dos terrenos, tanto na plataforma litoral como na serra, no segundo caso. Quanto ao interesse para conservação médio (Figura 92), verifica-se que este sobe em todas as zonas. Quadro 19 – Análise quantitativa da variação da qualidade ecológica entre os períodos de 1958 e 2005. Número de Dimensão Valor Interesse polígonos média por biológico para a polígono (valor conservação (ha) médio/m2) (valor médio/m2) Sector Zona 1958 2005 1958 2005 1958 2005 1958 2005 Sector 1
Sector 2
Sector 3
Litoral Plataforma Regadio Serra Litoral Plataforma Regadio Serra Litoral Plataforma Regadio Serra
71 255 76 109 170 14 87 112 203 162 54
225 378 99 176 347 81 72 149 423 327 90
22.7 29.2 23.7 10.6 32.8 66.9 32.5 6.8 20.1 35.2 19.6
7.8 19.7 18.2 6.6 16.1 11.6 39.2 4.8 9.7 17.4 11.7
14.5 11.8 17.3 20.4 13.4 9.4 16.3 21.3 16.1 9.6 12.9
12.2 12.0 18.6 18.7 12.8 8.5 12.5 23.9 16.2 8.9 13.9
18.7 24.7 43.1 41.5 28.5 9.2 23.1 53.5 36.9 8.2 28.8
22.0 34.4 55.4 26.9 18.4 8.4 17.6 44.4 30.9 6.4 25.0
Nota: A negrito encontram-se os valores mais elevados entre as duas épocas.
Importa pois perceber porque sobe o interesse para conservação apesar da descida do valor biológico: a subida do interesse para conservação pode acontecer pela subida do valor biológico, pelo aumento da densidade habitacional da região, ou pela melhoria da prestação de serviços ambientais (florestação por exemplo, processo que acarreta a melhoria dos serviços de sequestro de carbono, protecção do solo e dos recursos hídricos). No presente caso a subida deve-se ao efeito cumulativo do aumento da densidade habitacional na região e à melhoria dos serviços ambientais obtida pela conversão de terrenos agrícolas de sequeiro em espaços florestais, com a consequente melhoria nos serviços de sequestro de carbono, conservação da água e do solo. Quanto ao sector 2, verifica-se que em todas as zonas consideradas houve uma redução do valor biológico médio (Figura 93). As principais causas para esta redução estarão na expansão da área social, tanto na faixa litoral como 218
na plataforma litoral (em particular nas áreas de Brunheiras e Galeado), bem como o aparecimento das manchas de vegetação arbóreo-arbustivas dominadas por espécies exóticas (acaciais) e a redução da área de cercais e sobreirais, algumas delas substituídas por florestas de crescimento rápido, outras transformadas em montados. Sector 1 - Evolução do valor biológico médio (valor/m2) 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0
Litoral
Plataforma
Valor biológico médio (1958)
14.5
11.8
Regadio
Serra 17.3
Valor biológico médio (2005)
12.2
12.0
18.6
Figura 91 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 1, de acordo com o zonamento proposto.
As referidas alterações combinadas com a redução da densidade populacional do concelho em 2005 relativamente a 1958, resultaram na redução do valor médio de interesse para conservação do sector 2 em todas as quatro zonas definidas (Figura 94). Sector 1 - Evolução do interesse para a conservação médio (valor/m2) 60.0 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0
Litoral
Plataforma
Interesse para conservação médio (1958)
18.7
24.7
Regadio
Serra 43.1
Interesse para conservação médio (2005)
22.0
34.4
55.4
Figura 92 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 1, de acordo com o zonamento proposto.
Finalmente, no que respeita ao sector 3, as zonas do litoral e da serra apresentam, em termos médios, uma subida do seu valor biológico,
219
enquanto na zona da plataforma litoral se verifica a sua diminuição nas áreas servidas por regadio, a par da manutenção do seu valor em áreas de sequeiro (Figura 95). Sector 2 - Evolução do valor biológico médio (valor/m2) 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0
Litoral
Plataforma
Regadio
Valor biológico médio (1958)
20.4
13.4
9.4
Serra 16.3
Valor biológico médio (2005)
18.7
12.8
8.5
12.5
Figura 93 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 2, de acordo com o zonamento proposto. Sector 2 - Evolução do interesse para a conservação médio (valor/m2) 60.0 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0
Litoral
Plataforma
Regadio
Serra
Interesse para conservação médio (1958)
41.5
28.5
9.2
23.1
Interesse para conservação médio (2005)
26.9
18.4
8.4
17.6
Figura 94 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 2, de acordo com o zonamento proposto.
Na origem deste comportamento está a expansão das áreas ocupadas por culturas permanentes (e.g. laranjais), acompanhadas da expansão das manchas de ‘mosaico de culturas hortofrutícolas e edificado’ (no qual se incluíram as culturas em estufa). Uma vez mais, dada a redução da densidade habitacional da região, assiste-se ao abaixamento do interesse para conservação médio em todas as zonas do sector 3 (Figura 96).
220
Sector 3 - Evolução do valor biológico médio (valor/m2) 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0
Litoral
Plataforma
Regadio
Valor biológico médio (1958)
21.3
16.1
9.6
Serra 12.9
Valor biológico médio (2005)
23.9
16.2
8.9
13.9
Figura 95 – Evolução do valor biológico médio entre 1958 e 2005 no Sector 3, de acordo com o zonamento proposto. Sector 3- Evolução do interesse para a conservação médio (valor/m2) 60.0 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0
Litoral
Plataforma
Regadio
Serra
Interesse para conservação médio (1958)
53.5
36.9
8.2
28.8
Interesse para conservação médio (2005)
44.4
30.9
6.4
25.0
Figura 96 – Evolução do valor de interesse para conservação médio entre 1958 e 2005 no Sector 3, de acordo com o zonamento proposto.
Em síntese, fazendo uma reflexão global sobre as causas que determinam a variação da qualidade ecológica na paisagem, em especial no decurso das últimas décadas, conclui-se que estas correspondem em boa medida aos processos de alteração do uso do solo identificados pelo Millenium Ecosystem Assessment (Pereira et al. 2010), nomeadamente: 1.
Florestação;
2. Abandono Agrícola e Rural; 3. Intensificação [dos sistemas agrícolas]; 4. Crescimento urbano e de infra-estruturas.
221
Verifica-se também que na área de estudo seleccionada, apesar de geograficamente restrita (cerca de 675 km2), ocorrem todos os quatro processos de alteração de uso do solo, pelo que discutem os efeitos de cada um dos processos anteriormente referidos na qualidade ecológica da paisagem do Sudoeste Alentejano: Florestação: como pode ser observado no sector 1, a actividade da florestação apresenta-se como uma oportunidade para lograr o aumento do valor ecológico das áreas da plataforma litoral menos produtivas e anteriormente ocupadas por culturas arvenses, pousios e pastagens pobres. Noutras áreas, como no caso das colinas sublitorais, a actividade florestal pode constituir um constrangimento à manutenção do valor ecológico do coberto vegetal e da sua fitodiversidade, dado que os actuais modelos de instalação e exploração florestal fortemente mecanizada, nomeadamente no caso dos eucaliptais, contribuem para a perda de solo florestal e redução de diversidade biológica no subcoberto (Figura 97), ocupando áreas que naturalmente estariam revestidas por bosques ou montados de sobro, formações de maior interesse no que respeita ao seu valor natural.
Figura 97 – Instalação de eucaliptais na serra de São Luís, com recurso a maquinaria pesada.
Um constrangimento à actividade florestal, em especial no que respeita ao cultivo de espécies florestais de coníferas, resultou da introdução acidental do nemátodo da madeira do pinheiro (NMP), Bursaphelenchus xylophilus (Steiner & Bührer) Nickle, causador da doença da murchidão dos pinheiros. Trata-se de um dos organismos com grande potencial destrutivo sobre florestas de coníferas, tendo sido detectado em Portugal em 1999 (apud 222
Decreto-Lei n.º 95/2011 de 8 de Agosto). Na região do Sudoeste Alentejano, tal como noutras regiões no nosso país, os danos produzidos por este organismo são evidentes e aumentam de forma visível de ano para ano. Tal circunstância constitui, a curto e médio prazo, um considerável constrangimento que acarreta dois tipos de problemas: a) que espécies florestais poderão constituir alternativa ao uso do Pinus pinaster, uma espécie florestal de grande robustez e particularmente adaptada às condições ecológicas da plataforma litoral alentejana; b) Que tipos de cobertura do solo poderão substituir os talhões florestais, sebes e cortinas de abrigo maioritariamente constituídas por pinheiros-bravos e que se encontram em claro declínio na região (Figura 98) e quais as consequências desta alteração no valor ecológico do local.
Figura 98 – Sebe de pinheiros-bravos em declínio provocado pela doença da murchidão dos pinheiros, resultante da infecção do lenho pelo nemátodo Bursaphelenchus xylophilus. Foto do Autor.
Abandono Agrícola e Rural: a actividade agrícola no Sudoeste Alentejano tem sofrido nas últimas duas a três décadas várias alterações de natureza socioeconómica. Por um lado regista-se uma diminuição da população na região, com excepção do concelho de Sines cujo aumento populacional se deve ao crescimento do Porto de Sines e da sua zona industrial e logística. Por outro lado, a par das alterações na estrutura fundiária verificadas na região e que se descrevem com um pouco mais de detalhe no parágrafo seguinte, verificou-se o abandono do uso agrícola nos terrenos mais declivosos da região como sejam as encostas das serras sublitorais e as vertentes do rio Mira e seus afluentes. Como resultado desta dinâmica 223
surgiram as faixas contínuas de esteval que se observam no troço final do vale do rio Mira, revestindo a bordadura da plataforma litoral. O favorecimento dos processos de sucessão natural (progressiva) nestas áreas constitui uma oportunidade para tentar elevar a qualidade ecológica do local, assegurando em simultâneo o aumento da fitodiversidade local. A recuperação do coberto florestal de tais locais também pode ser um processo a considerar, mediante a utilização de técnicas correntemente em investigação, conhecidas como técnicas de ‘nurse-planting’ (Rey, Siles & Alcántara 2009; Gómez-Aparicio et al. 2004), nas quais a plantação de essências lenhosas características da vegetação natural local são utilizadas e plantadas sem a supressão do coberto arbustivo local, mas antes utilizando-o como elemento promotor de processos de facilitação ecológica da fase de instalação e desenvolvimento inicial das espécies arbóreas plantadas. Intensificação [dos sistemas agrícolas]: Como foi anteriormente referido a estrutura fundiária da região sofreu ajustamentos recentes que resultaram na redução do número de explorações agrícolas na plataforma litoral, acompanhado do aumento da sua dimensão média e da intensificação da produção agrícola nas áreas servidas pelo perímetro de rega do Mira (vd. Lima Santos et al. (2006, p. 136)). Consequentemente é na área do perímetro de rega do Mira que se agudiza o conflito entre a actividade agrícola (actividade economicamente sustentável mas ambientalmente agressiva) e a gestão dos recursos naturais e da diversidade biológica locais (Figura 99).
Figura 99 – Actividade agrícola intensiva da plataforma litoral alentejana. Foto do Autor. 224
Assim, do ponto de vista da qualidade ecológica dos espaços agrícolas a sua recuperação será bastante difícil dado que a actividade agrícola intensiva pode gerar problemas ambientais significativos, designadamente pela lixiviação de agro-químicos (Stoate et al. 2009), drenagem e ocupação agrícola de charcos temporários (Pinto-Cruz et al. 2009) e redução drástica da biomassa vegetal natural, com a consequente redução da sua fitodiversidade (Deil 2003). Consequentemente, é na zona da plataforma litoral servida pelo aproveitamento hidroagrícola do Mira, na qual foi possível proceder à intensificação da produção agrícola, que se observam os valores mais baixos no que respeita ao valor biológico médio (por m2) em toda a área de estudo. Crescimento urbano e de infra-estruturas: Dentro da área de estudo a zona mais afectada no que respeita à redução da qualidade ecológica como consequência directa da expansão das áreas urbanas e da implantação de infraestruturas foi a faixa litoral, nomeadamente na envolvente às povoações costeiras (Sines, Porto Côvo, Vila Nova de Milfontes, Almograve, Zambujeira e Odeceixe). Particularmente relevante para a referida redução da qualidade ecológica da região foi também a construção do Porto de Sines e da Zona Industrial Logística de Sines (ZILS), esta última com impactes assinaláveis também no sector setentrional da plataforma litoral alentejana. Por outro lado, verificou-se também o surgimento de um importante foco de edificação em espaço rural na área de Brunheiras e Foros do Galeado (a nordeste de V. N. de Milfontes), um espaço onde se verificou a redução simultânea dos valores de qualidade ecológica e também da qualidade visual da paisagem. O sector meridional da plataforma litoral foi o que menos foi afectado, dado que nessa região o fenómeno de expansão urbana e implantação de infraestruturas ocorreu em muito menor escala do que na restante área estudada. Finalmente, salienta-se que do ponto de vista da análise do índice de interesse para conservação das unidades cartografadas, este apresentou um comportamento heterogéneo no período em causa, que se pode descrever em termos genéricos pelo aumento no caso do sector setentrional da área de estudo e pela sua diminuição nos sectores central e meridional da área de estudo. Este comportamento foi em grande medida condicionado pela flutuação populacional registada na área de estudo, dado que esta apresentou saldo positivo (logo, induzindo o aumento do índice de interesse para 225
conservação dentro as unidades territoriais em que se observou o incremento populacional) no concelho de Sines, por contraposição com o saldo negativo verificado no concelho de Odemira (o que acarretou a minoração do índice de interesse para conservação). Alerta-se para o facto dos valores de densidade populacional considerados se basearem em informação censitária que utiliza o conceito estatístico de ‘população residente’75 e que não corresponde ao pico de densidade populacional ocorrido durante a época balnear, cujo valor não foi possível obter de fonte fidedigna, mas que a ser considerados iriam certamente resultar na majoração do índice de interesse para conservação, ao contrário do verificado no concelho de Odemira.
75
Por ‘População residente entende-se o “conjunto de pessoas que, independentemente de estarem presentes ou
ausentes num determinado alojamento no momento de observação, viveram no seu local de residência habitual por um período contínuo de, pelo menos, 12 meses anteriores ao momento de observação, ou que chegaram ao seu local de residência habitual durante o período correspondente aos 12 meses anteriores ao momento de observação, com a intenção de aí permanecer por um período mínimo de um ano” (INE - Instituto Nacional de Estatística 2011, p. 31).
226
5
RELAÇÕES ENTRE QUALIDADE VISUAL, QUALIDADE
ECOLÓGICA
E
FITODIVERSIDADE
DO
SUDOESTE
ALENTEJANO – CONTRIBUTO PARA O ORDENAMENTO E GESTÃO DE ÁREAS COSTEIRAS DE ELEVADO VALOR NATURAL E PAISAGÍSTICO “… many fields are defined by a specific set of methodologies. Yet planning commonly borrows the diverse methodologies from many different fields, and so its theoretical base cannot be easily drawn from its tools of analysis. Taken together, this considerable disagreement over the scope and function of planning and the problems of defining who is actually a planner obscure the delineation of an appropriate body of theory.” (Kay & Alder 2005, p. 57) A passagem acima reproduzida remete para a dificuldade de formalização de uma teoria do planeamento, salientando que a actividade do planeamento não se socorre de um conjunto específico de metodologias mas antes utiliza e adapta conhecimento científico e técnico na tomadas de decisões e na acção sobre o território (Friedmann 1987). O objectivo deste capítulo é apresentar de forma estruturada as principais conclusões obtidas pelos estudos levados a cabo no âmbito da presente tese, propondo a partir destes um conjunto de objectivos estratégicos no que respeita à evolução futura da paisagem do Sudoeste Alentejano que assegurem a coexistência das actividades económicas em curso no território com a adopção de medidas eficazes de protecção do valor ecológico e da diversidade da sua cobertura vegetal natural e seminatural, no sentido de se obter e / ou contribuir para uma paisagem de qualidade em que as decisões de planeamento não entrem em conflito com as actividades humanas e a expectativa das populações e visitantes. 5.1 QUESTÕES RELEVANTES IDENTIFICADAS PELO ESTUDO DE CASO A área de estudo considerada neste trabalho corresponde a uma área costeira de elevado valor natural e paisagístico. Com excepção da área considerada a norte da ribeira da Junqueira, toda a área restante se insere na metade 227
setentrional do SIC da Rede Natura 2000 designado “PTCON0012 – Costa Sudoeste”, sendo que cerca de 60% desta área se encontra também classificado como ZPE NATURA 2000 “PTZPE0015 – Costa Sudoeste”. Cerca de 75% da área do SIC encontra-se também classificada como Parque Natural e integra a Rede Nacional de Áreas Protegidas. Apesar desta sobreposição de regimes legais de protecção da natureza observa-se a existência de áreas de grande vitalidade económica, designadamente nos sectores primário (produção agrícola e florestal e também pescas) e terciário (turismo), dentro da área de estudo. A existência de actividades económicas de grande vitalidade num contexto de elevado valor natural gera inevitavelmente conflitos entre os proprietários e a administração central, dado que os primeiros pretendem dispor dos seus terrenos da forma mais eficaz e rentável possível, mas vêem a sua actividade condicionada pela actuação da administração, no exercício da defesa do bem comum e dos valores naturais da região. Por outro lado, a região oferece condições de grande aptidão para a instalação de actividades económicas turísticas alicerçadas na qualidade da paisagem, gerando fluxos populacionais sazonais de grande magnitude e que podem também produzir impactes ambientais significativos. Estes serão indubitavelmente os principais problemas no que respeita à gestão deste território. No que respeita ao estudo sobre a qualidade visual da paisagem, as seguintes questões foram também identificadas: a. As paisagens de qualidade visual mais elevada são as mais susceptíveis
à
procura
para
actividades
de
recreio.
Consequentemente a procura para recreio constitui uma pressão antrópica geradora de impactes ambientais potencialmente importantes, nomeadamente sobre as zonas do litoral que apresentam elevado valor ecológico e baixa resiliência e também ao longo do vale do rio Mira. No caso da linha de costa a referida pressão é já uma realidade, particularmente durante a época balnear, ao passo que no caso do vale do rio Mira essa pressão não tem ainda grande significado; b. Os factores que explicam a preferência do cidadão leigo em matéria de ecologia e conservação da natureza centram-se em aspectos físicos da paisagem, com grande destaque para a presença de planos de água 228
no campo visual, ao qual se associam aspectos da paisagem cultural. Os aspectos relativos à componente biótica da paisagem e que se referem especificamente a características da cobertura vegetal da região revelaram ter um peso na apreciação menor que o dos restantes factores. Já no que respeita aos profissionais com formação ecológica e directamente envolvidos na defesa dos valores naturais, os factores associados à componente biótica da paisagem assumem maior importância na apreciação efectuada. É evidente a existência de diferenças nos critérios de avaliação utilizados, principalmente no que respeita à estrutura fisionómica das comunidades vegetais: para o cidadão comum as formações mais densas e elevadas (bosquetes e matagais fechados) são consistentemente subavaliadas quando comparadas com as apreciações produzidas pelos profissionais com formação ecológica. Esta décalage entre as apreciações expressas pelos dois grupos considerados evidencia que as apreciações de qualidade visual de paisagem efectuadas por profissionais com formação ecológica não substituem a apreciação efectuada pela opinião do público dado que ambas não coincidem; c. As apreciações produzidas por cada indivíduo são condicionadas pela sua experiência de vida e contexto cultural, pelo que ainda que exista um padrão comum (relembra-se que o modelo obtido por regressão linear apresenta um poder explicativo de cerca de 80% das preferências expressas) existe alguma variabilidade na apreciação da qualidade visual da paisagem. Exemplificando este aspecto, os resultados obtidos corroboram a opinião expressa por Buijs, Pedroli & Luginbühl (2006) segundo os quais quanto mais novos os inquiridos, maior a preferência por paisagens naturais. Por outro lado, o estudo sobre a qualidade ecológica da paisagem também identificou questões relevantes para a gestão da paisagem, designadamente: a. A
qualidade
ecológica
da
paisagem
apresenta
grande
variabilidade espacial. Os valores mais elevados podem ser observados em contextos ecológicos bem determinados: a) ao longo do litoral, tanto em sistemas dunares (complexos de vegetação dunar) como no topo das arribas rochosas (estevais de Cistus palhinhae) e também nas margens do rio Mira (sapais); b) nos vales 229
encaixados das ribeiras tributárias do Mira (bosques temporihigrófilos de carvalho cerquinho e respectivos contactos catenais); c) nas serras sublitorais do Sudoeste Alentejano, em particular nas áreas de substratos do Complexo Vulcano-Silicioso do Cercal (matos baixos da aliança Quercion broteroi, ricos em endemismos); b. Mesmo nas áreas de menor valor ecológico [médio] podem existir pequenos focos de valor ecológico, como sejam as áreas de ocorrência dos charcos temporários mediterrânicos, os quais constituem um património natural de elevado valor científico, correntemente sob grande pressão antrópica (Cruz 2010); c. Com respeito à evolução temporal da qualidade ecológica, esta sofreu a sua diminuição mais pronunciada na primeira metade do século XX, evoluindo de forma heterogénea no decurso dos últimos decénios: i. Ao longo da linha de costa assiste-se à lenta recuperação de áreas outrora ocupadas por culturas agrícolas, nas quais a recuperação da vegetação natural e adaptada às condições do meio se traduz na subida do valor ecológico dessas áreas. No entanto a expansão dos perímetros urbanos das povoações litorais,
fenómeno
predominantemente
associado
ao
crescimento da actividade turística na região, constitui um factor que altera negativamente o valor ecológico da linha de costa e cuja progressão não foi ainda contrariada; ii. Na plataforma litoral do Sudoeste Alentejano observa-se também a existência de dois processos de alteração do uso do solo com consequências divergentes no que respeita à qualidade ecológica do local: nas áreas servidas pelo aproveitamento
hidroagrícola
do
Mira
verifica-se
a
intensificação da actividade agrícola e a consequente redução do valor ecológico dessas áreas, ao passo que nas áreas de agricultura de sequeiro observa-se a extensificação e
abandono agrícola
em
algumas
áreas
marginais,
resultando frequentemente numa ligeira subida do valor ecológico dos locais afectados.
230
iii. Nas colinas sublitorais que limitam a nascente a plataforma litoral observa-se o aumento da área florestal, factor que seria à partida promotor da qualidade ecológica da região, no entanto a expansão da actividade florestal baseada no uso de espécies alóctones de crescimento rápido (e.g. eucalipto) e modelos de exploração fortemente mecanizados e exigentes em energia nas fases de instalação e corte, resultam na redução da qualidade ecológica da região dado que apresentam efeitos negativos ao nível da conservação do solo e da flora local, rica em espécies endémicas. Em termos gerais pode pois afirmar-se que apesar de se ter verificado ao longo das últimas décadas uma forte desaceleração das dinâmicas de degradação da qualidade ecológica da paisagem do Sudoeste Alentejano, este processo não foi ainda totalmente revertido. Regista-se no entanto a existência de situações localizadas em que é nítida a recuperação dos ecossistemas naturais e seminaturais (e.g. recolonização de parcelas agrícolas marginais por vegetação psamófila; abandono das culturas arvenses de sequeiro nas áreas de maior declive, etc.). 5.2 IMPORTANCIA
DA
DEFINIÇÃO
DE
PROPOSTAS
DE
INTERVENÇÃO Diversas têm sido as propostas de intervenção no âmbito do ordenamento do território, visando promover a harmonização das actividades económicas com a defesa da qualidade da paisagem nas suas diversas vertentes. Ribeiro (1998) propôs uma metodologia de traçado de corredores verdes com base no estudo integrado dos recursos visuais da paisagem e do seu património cultural. Também Ribeiro & Barão (2006) utilizaram a figura do corredor verde como estratégia de planeamento e desenho da paisagem através da qual é possível conciliar o desenvolvimento urbano e a salvaguarda da qualidade da paisagem, potenciando simultaneamente a criação de novas oportunidades de recreio e educação ambiental. Mais recentemente Pena et al. (2009) defenderam que para o planeamento sustentável de uma paisagem é essencial o estudo do seu contexto ecológico e também cultural. Torna-se então patente que as paisagens contemporâneas devem ser pensadas numa perspectiva que permita conciliar a exploração económica com a preservação 231
da sua qualidade ambiental. Esta estratégia deve atender aos valores e necessidades definidos pela sociedade, isto é, considerar de forma simultânea e interligada os três pilares da sustentabilidade (viabilidade económica, justiça social e qualidade ambiental) na actividade do planeamento. Ideias semelhantes têm também sido expressas por investigadores que reclamam a necessidade de subordinar as actividades de planeamento a áreas de conhecimento baseadas no funcionamento ecológico da paisagem, como a Ecologia da Paisagem (vd. Nassauer & Opdam (2008)). Gobster et al. (2007) vão mais longe defendendo a existência de uma ligação estrita destas mesmas áreas de conhecimento com a Estética Ambiental. Na presente tese reafirma-se que o planeamento da paisagem deve ser conduzido através da adopção de estratégias adequadas de protecção e gestão sustentável da paisagem que garantam a salvaguarda da sua qualidade
visual
e
a
conservação
do
seu
valor
ecológico
e
fitodiversidade, num quadro de desenvolvimento económico e de preservação da identidade cultural das populações locais. Para tal, o gestor da paisagem deve ter a capacidade de desenvolver quatro tarefas fundamentais para o planeamento sustentável da paisagem (Figura 100): a. Optimização da localização de infraestruturas e edificações; b. Avaliação da aptidão e capacidade produtiva do território; c. Conservação da Natureza e da biodiversidade; d. Avaliação da atractividade e capacidade de suporte para turismo e lazer; Optimização da localização de infraestruturas e edificações
Avaliação da aptidão e capacidade produtiva do território
Planeamento
Avaliação da atractividade e capacidade de suporte para turismo e lazer
Conservação da Natureza e da biodiversidade
Figura 100 – Tarefas fundamentais a desenvolver no âmbito do planeamento sustentável da paisagem. 232
Para cada uma das tarefas consideradas o gestor deverá recorrer às metodologias de avaliação e apoio à decisão eficazes, de fácil implementação e capazes de produzir informação útil no apoio à decisão:
No que respeita à optimização da localização de infraestruturas e edificações são metodologias de referência as correntemente utilizadas no âmbito dos processos de estudo de impacte ambiental (EIA) (vd. Garmendia Salvador et al. (2005)) e de avaliação ambiental estratégica (AAE) (vd. Partidário (2007) e Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano – DGOTDU (2008));
No que respeita à avaliação da aptidão e capacidade produtiva do território as abordagens possíveis são inúmeras, como o atestam as revisões publicadas por Hopkins (1977) e mais tarde por Malczewski (2004; 2006). No plano nacional é de referir a metodologia decorrente dos estudos de planeamento da estrutura ecológica efectuados por Magalhães et al. (2007);
No campo da avaliação do valor ecológico e estabelecimento de prioridades de conservação da natureza e da protecção da biodiversidade ficou demonstrada, no presente estudo, a utilidade das abordagens de base fitossociológica e a sua aplicabilidade ao estudo desta temática. Destaca-se, pela sua aplicabilidade, o sistema de Loidi (2008);
No que se refere à avaliação da atractividade e capacidade de suporte para turismo e lazer, destacam-se as metodologias de avaliação da qualidade visual da paisagem e de avaliação da capacidade de carga como ferramentas imprescindíveis ao exercício desta tarefa. Nesta área destacam-se os estudos de qualidade visual com base na abordagem Qsort (Pitt & Zube 1979; Steinitz & Muñoz Criado 2009) e as abordagens ‘paramétricas’ (sensu Fabos (2004)) de avaliação da sensibilidade da paisagem (vd. também Ribeiro et al. (2003)). Em relação ao estudo da capacidade de carga, Stankey & Manning (1986) recomendam o estabelecimento de objectivos de gestão de acordo com a sua capacidade de carga para todas as áreas com utilização recreativa. No contexto nacional têm também sido exploradas diversas metodologias de avaliação da capacidade de carga dos espaços naturais, quer no que se refere à ‘capacidade de carga social’ (vd. Silva, Alves & Rocha (2007)), quer à ‘capacidade de carga ecológica’ (vd. Ribeiro et al. (2003) e também Monteiro (2010)). 233
Regressando ao estudo de caso do Sudoeste Alentejano foram consideradas algumas estratégias de gestão, devidamente enquadradas no âmbito das tarefas fundamentais anteriormente enunciadas e cuja adopção deve ser ponderada no quadro dos indicadores de qualidade da paisagem considerados, nomeadamente de qualidade visual de paisagem e de qualidade ecológica de paisagem (Figura 101).
Qualidade Visual da Paisagem
Qualidade Ecológica da Paisagem
Alta
Baixa
Alta
Conservação estrita (Reservas integrais e micro-reservas)
Gestão adaptativa de ecossistemas
Promoção da sucessão ecológica e restauro de ecossistemas
Recreio passivo
Florestação
Baixa
Intensificação agrícola
Extensificação agrícola
Recreio activo
Edificação e infraestruturação
Figura 101 – Estratégias de gestão propostas com vista à gestão simultânea da qualidade ecológica e da qualidade da paisagem do Sudoeste Alentejano.
A figura anterior indica as situações potencialmente mais adequadas para implementação de cada estratégia. Tome-se o exemplo da conservação estrita dos recursos naturais: esta deve ser a estratégia a implementar em locais de elevada qualidade ecológica e qualidade visual baixa, pois nesta situação, em princípio, a pressão antrópica decorrente da procura para recreio é baixa, pelo que o gestor se pode concentrar na tomada de medidas que visam exclusivamente a salvaguarda dos valores naturais em presença. Os charcos temporários mediterrânicos bem conservados e não ameaçados pela actividade agrícola intensiva localizados dentro da área de estudo são um caso em que se pode aplicar a conservação estrita. Nestes, a adopção de medidas que visam a sua correcta gestão pode implicar a proposta de 234
celebração de contratos de prestação de serviços ambientais com os proprietários locais ou a própria delimitação de micro-reservas. No caso dos referidos charcos se encontrarem em mau estado de conservação (i.e. com menor qualidade ecológica) poder-se-á optar por medidas no âmbito do restauro de ecossistemas (uma vez mais, procurando a colaboração e participação voluntária dos proprietários) de forma a promover a subida do valor ecológico do local. Por outro lado, pensando na gestão das actividades de recreio, defende-se que a proposta de localização de actividades de recreio activo (actividades desportivas exigentes em equipamentos e actividades envolvendo o uso de veículos motorizados, por exemplo) deve incidir sobre áreas de menor valor ecológico e que naturalmente podem beneficiar de uma qualidade de paisagem maior, destinando as áreas de maior valor ecológico para receber apenas actividades de recreio passivo (pedestrianismo, birdwatching, fotografia de natureza, etc.). No que respeita à ocupação agrícola e florestal do solo é de prever que estas actividades afectem as qualidades ecológica e paisagística do local. No entanto, dada a diversidade de regimes de exploração (incluíndo nível de mecanização, etc.), estrutura da cobertura vegetal e natureza mais intensiva ou extensiva da actividade em causa, estas podem produzir alterações com sentidos diversos no que respeita aos resultados ambientais e visuais (ou paisagísticos) da sua implantação. Caberá pois aos técnicos gestores da paisagem a definição das estratégias de gestão mais adequadas no que respeita a este conjunto de usos do solo, fazendo uso de metologias como as discutidas nesta tese. Finalmente, relativamente à localização de edificações e infraestruturas estas devem localizar-se preferencialmente em áreas de baixa qualidade ecológica, independentemente da qualidade visual que o local apresenta, sendo admitida a sua construção noutras áreas por razões imperativas de reconhecido interesse público ou comprovada necessidade, as quais devem ser apresentadas de forma fundamentada pelos técnicos encarregues da gestão da paisagem em causa. A implementação das estratégias de gestão a que se refere a Figura 101 poderá ser levada a cabo por um conjunto de medidas tais como as expressas no Quadro 20. O referido quadro não pretende apresentar um programa 235
coerente e completo de intervenções na área de estudo, mas apenas ilustrar o modo como se pode proceder ao planeamento da paisagem considerando de forma integrada e simultânea as diversas concepções de qualidade estudadas. Quadro 20 – Conjunto de medidas de gestão que visam a protecção simultânea das qualidades ecológica e visual da paisagem do Sudoeste Alentejano. Estratégias gestão propostas
de
Medidas a implementar
Efeito na qualidade ecológica do local
Conservação
Protecção estrita dos sistemas dunares
estrita
do
litoral
(esta
medida
não
é
incompatível com o uso balnear das praias, devendo prever o acesso a estas nos casos em que tal se justifique) Extensificação
Faixa de protecção ao litoral –
agrícola
exclusão do regadio nos primeiros 150 metros de faixa litoral (contados a partir do topo da arriba)
Extensificação
Protecção
e
gestão
dos
charcos
agrícola
temporários, por pagamento de green services (medida agro-ambiental de adesão voluntária)
Florestação
Instalação e manutenção de cortinas de abrigo e bosquetes na plataforma litoral
Florestação
Plantação de quercíneas nas áreas de pastagem extensiva mais interiores (Bosquetes
de
protecção
e
ensombramento) Gestão adaptativa
Gestão dos trilhos pedestres ao longo de
ecossistemas
da linha de costa, de acordo com a sua
sensibilidade
ambiental
e
capacidade de carga Infraestruturas e
Traçado e implementação de rede de
Recreio Passivo
caminhos pedestres ao longo do vale do
Mira,
priveligiando
a
sua
passagem pela interface entre terrenos
236
∅
Efeito na qualidade visual do local
Quadro 20 (cont.) agrícolas
e
esteval,
com
acesso
pontual ao Vale do Mira Promoção
da
Reconversão das áreas de montado
sucessão
em situação de abandono agrícola
ecológica
para situações de maior naturalidade, mas fazendo a gestão da biomassa combustível quando necessário
Recreio activo
Incorporação
de
critérios
de
∅
qualidade ecológica e paisagística na selecção das áreas previstas na Carta de Desporto da Natureza a elaborar Recuperação de
Reformulação da rede de aceiros
ecossistemas
florestais, considerando a criação de áreas de exclusão do eucaliptal em algumas
áreas
de
rochosos
e
proximidade
na
afloramentos das
rodovias - efeito muito positivo; negativo;
- efeito positivo;
- efeito variável;
- efeito
- efeito muito negativo; ∅ - efeito nulo.
Fica deste modo discutida a importância da definição de propostas de intervenção devidamente enquadradas por estratégias que considerem simultaneamente os efeitos da intervenção humana na paisagem, tanto na sua qualidade ecológica como na sua qualidade visual. Conforme foi afirmado anteriormente, as propostas acima enunciadas (vd. Quadro 20) apenas pretendem contribuir para a melhoria das metodologias de suporte ao ordenamento e gestão de áreas costeiras de elevado valor natural, bem como da generalidade das paisagens rurais. Nesta perspectiva, torna-se evidente a aptidão do arquitecto paisagista para a prossecussão da tarefa de gerir as referidas paisagens rurais, dado que este possui a formação indicada para não apenas aplicar as metodologias discutidas nesta tese, mas proseguir com o seu aprofundamento e melhoria.
237
238
6
CONCLUSÕES E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS
Ao longo da presente tese foi possível, no seguimento da pesquisa bibliográfica efectuada, avançar com uma proposta de definição do conceito de paisagem com base na abordagem ontológica, opção que se revelou acertada e útil para as aplicações subsequentemente desenvolvidas. No seguimento dessa proposta foi possível desenvolver um modelo de interpretação da qualidade visual da paisagem, com propostas inovadoras de utilização de fontes de informação provenientes da detecção remota e cujos resultados produziram interessantes conclusões no que respeita à forma como o público em geral aprecia a qualidade visual das paisagens. Foi ainda possível desenvolver um modelo descritivo da vegetação do Sudoeste Alentejano, o qual foi de vital importância para a aplicação com sucesso de um sistema de avaliação da qualidade ecológica da paisagem. No que respeita ao estudo da vegetação são referidos outros resultados cientificamente relevantes e cuja obtenção se encontra associada de forma directa ou indirecta aos trabalhos desenvolvidos no âmbito da presente tese:
Foi descoberta uma população de Sphagnum auriculatum na área de estudo, a qual ampliou a área de distribuição do briófito cerca de 100 km para sul (vd. Neto et al. (2009));
Foram também descobertas populações desconhecidas do endemismo costeiro vicentino Chaenorhinum serpyllifolium subsp. lusitanicum (vd. descrição da Localidade 2 – Ribeira da Azenha (Corgo dos Aivados), no capítulo 4.5.2.1.2 da presente tese);
Foram desenvolvidos estudos sobre a sinecologia, estrutura e composição florística das comunidades de vegetação halófila dominada pela espécie alóctone e com carácter invasor Cotula coronopifolia (vd. Costa et al. (2009b);
Contribuiu-se para a caracterização climática e biogeográfica dos sapais do Sudoeste Ibérico (vd. Costa et al. (2009a));
Foram propostos quatro novos sintáxones, designadamente o zambujal Viburno tini-Oleetum sylvestris ephedretosum fragilis J.C. Costa, Arsénio & Neto, a comunidade camefítica de arribas rochosas Dittrichietum 239
maritimae J.C. Costa, Arsénio & Neto, a comunidade de sapal alto Limonietum lanceolati Arsénio, J.C. Costa, Neto & Monteiro-Henriques (vd. Neto, Arsénio & Costa (2009)) e também o carvalhal marcescente e tempori-higrófilo Ulici welwitschiani-Quercetum broteroi [sin: Teucrio baetici-Quercetum suberis centauretosum crocatae J.C. Costa, Arsénio & Neto, in Neto, Arsénio & Costa 2009] (vd. Temporihygrophilous Quercus broteroi forests in Southern Portugal: Analysis and conservation, artigo submetido para publicação na revista Plant Biosystems por Carlos VilaViçosa, Paula Mendes, Sara del Rio, Catarina Meireles, Ricardo QuintoCanas, Pedro Arsénio & Carlos Pinto-Gomes). Finalmente, são revisitadas as questões científicas fundamentais apresentadas na introdução do presente estudo, de forma a poder enunciar as principais conclusões obtidas e apontar futuros desenvolvimentos no âmbito das questões estudadas: 1.
Como se pode avaliar a qualidade visual da paisagem e quais os factores determinantes nessa avaliação?
A revisão bibliográfica efectuada no capítulo 2.2 permitiu conhecer as questões científicas subjacentes ao estudo da qualidade visual da paisagem, e perceber como se implementam as principais metodologias desenvolvidas entre a década de 1960 e a actualidade. Procedeu-se ao estudo da qualidade visual da paisagem do Sudoeste Alentejano utilizando um método psicométrico de interpretação das preferências expressas pela opinião do público por meio de inquéritos (Método Q-sort). Como factores explicativos da preferência expressa pelos inquiridos no que respeita à qualidade visual da paisagem optou-se por utilizar características referentes às três componentes da paisagem (física, biótica e cultural, respectivamente). O modelo obtido por regressão linear demonstrou possuir elevado poder explicativo (R2≈0.8), e os factores que demonstraram encontrar-se mais correlacionados com a apreciação positiva da qualidade visual da paisagem foram a visibilidade para massas de água e o carácter tradicional da paisagem, seguidos do gradiente de movimentação das formas do relevo. O estudo evidenciou ainda que inquiridos com diferentes perfis psicológicos produzem apreciações de qualidade de paisagem diferentes, sendo especialmente importantes neste aspecto as diferenças de idade, nível de instrução e nível de conhecimento em ecologia e conservação da natureza. 240
Sugere-se o desenvolvimento de estudos de qualidade de paisagem à escala nacional, direccionando a pesquisa para o estudo da influência do perfil psicológico dos inquiridos na apreciação da qualidade visual da paisagem e para a pesquisa de outras características físicas, bióticas ou culturais da paisagem que possam constituir-se como factores explicativos da preferência expressa pelo público. 2. Pode uma análise fitossociológica detalhada da cobertura vegetal da paisagem constituir uma fonte de informação necessária e suficiente para a apreciação da qualidade ecológica dessa paisagem? Apresentou-se ao longo do capítulo 2.3 um conjunto de argumentos teóricos que fundamentam a convicção expressa pelo autor de que os estudos fitossociológicos76 do coberto vegetal constituem uma mais-valia no que respeita ao conhecimento do funcionamento dinâmico da paisagem. Pelo carácter holístico da abordagem fitossociológica dinâmico-catenal a aplicação desta ciência resulta na obtenção de informação não apenas relativa à estrutura, diversidade e composição da vegetação de uma região, mas também relativa ao seu contexto ecológico: regime climático, geologia e geomorfologia, características do substrato edáfico e grau de naturalidade das comunidades vegetais. A informação reunida por este meio possibilita então a elaboração de metodologias robustas de avaliação da qualidade ecológica, aplicáveis a diversas escalas de observação e com a possibilidade de estudo da sua variação temporal. No que respeita a possíveis áreas de aperfeiçoamento da metodologia utilizada sugere-se: a incorporação de informação relativa a comunidades vegetais com elevado valor natural e ocorrência pontual na paisagem (i.e. ocorrendo em manchas cuja dimensão se encontra abaixo da área mínima representável, de acordo com a escala de trabalho escolhida); o aumento da robustez do índice de interesse para conservação tornando-o menos sensível ao índice de densidade populacional da região. 3. Em que medida existem relações entre a qualidade visual da paisagem e a sua qualidade ecológica?
76
i.e., de acordo com os fundamentos teóricos da Fitossociologia Dinâmico-Catenal.
241
A partir dos estudos realizados ficou patente que as relações entre a qualidade visual da paisagem e a sua qualidade ecológica são pouco evidentes, apesar de se observar frequentemente uma sobreposição entre áreas de elevado valor ecológico e áreas de elevada qualidade visual da paisagem. Várias são as razões que se podem apontar como concorrentes para a situação observada:
As áreas de interface entre terra e as grandes massas de água (oceano e rio Mira) apresentam elevada qualidade visual e uma especificidade ecológica que determina o elevado grau de especialização da vegetação que coloniza esses espaços, factor que contribui positivamente para a avaliação da qualidade ecológica dessas formações;
A existência de factores de stress ambiental nesses locais produz um ambiente propício à rápida produção de alterações genéticas que constituem a base dos fenómenos de vicariância e especiação. Estes últimos contribuem para a existência de uma elevada taxa de endemicidade entre alguns dos géneros mais comuns nas fitocenoses litorais (e.g. géneros Limonium, Armeria, Linaria e Thymus). As características referidas (endemicidade e vicariância, tal como a especificidade ecológica acima comentada) constituem aspectos de elevado interesse científico mas cuja compreensão escapa ao utente leigo destes espaços, daí que seja difícil estabelecer correlações entre valor ecológico e apreciações de qualidade visual da paisagem.
Os indícios obtidos quanto à forma como o público leigo interpreta a componente biótica da paisagem, nomeadamente a sua cobertura vegetal, apontam para a prevalência de critérios bastante genéricos e pragmáticos, fundamentalmente associados às questões da produtividade (factor associado à ‘quantidade de verde’ das paisagens) e facilidade de progressão no espaço natural (factor associado à estrutura da vegetação).
Finalmente, o estudo da qualidade visual da paisagem sugere também a existência provável de uma forte preferência por paisagens culturais em detrimento das paisagens naturais pelo que se sugere, no âmbito de futuros trabalhos a desenvolver nesta temática, que se teste esta hipótese de forma objectiva e estatisticamente bem suportada. 242
4. Pode a adopção de estratégias adequadas de ordenamento e gestão
da
paisagem
favorecer
simultaneamente
a
salvaguarda / valorização da qualidade visual e a conservação do valor ecológico e fitodiversidade das paisagens? No decurso do capítulo 5 foi esboçada uma metodologia cujo objectivo fundamental é o estabelecimento de um conjunto de estratégias de intervenção na paisagem visando a salvaguarda simultânea da qualidade visual e ecológica da paisagem. De acordo com a referida metodologia será então possível propor um programa de intervenção que, baseado na adopção de medidas, possibilite: a exploração da capacidade produtiva da paisagem respeitando as suas características e aptidões; preveja a localização de infraestruturas e edificações com o menor impacte ambiental, económico e social possível; controle os efeitos da utilização recreativa; e assegure a protecção dos valores naturais em presença. Poderá pois afirmar-se que a valorização ecológica da paisagem pode conduzir a um aumento da sua qualidade paisagística, na medida em que determinadas estratégias de gestão podem conduzir a um aumento simultâneo da qualidade visual e ecológica da paisagem.
243
244
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272
ANEXOS
273
274
ANEXO I Esboço interpretativo da proposta biogeográfica para Portugal continental de Rivas-Martínez (2007)
275
Ocidental
Ocidental
276
Mediterrânica Ibérica
Mediterrânica
Mediterrânica
IIc. Província Carpetano-Leonesa
IIca. Subprovíncia
Cantabro-Atlântica
Ic. Província Açoriana*
Iba. Subprovíncia
Europeia
Subprovíncia
Ib. Província Atlântica
Província
IIA. Sub-Região
Centroeuropeia
Atlântico-
IB. Sub-Região
Sub-Região
II. Região
Eurossiberiana
I. Região
Região
Meridional
Galaico-Português
6C. Subsector
Juresiano
6B. Subsector
Subsector
troço médio da bacia do Vouga
Caramulo*
Ilha de São Jorge
14a. Distrito Ilha do Faial* 15a. Distrito Ilha de São Jorge*
14. Sector Ilha do Faial*
Duriense
34. Sector Lusitano
Transmontano
34A. Subsector
33. Sector Berciano-Sanabriense
16. Sector Ilhas das Flores e Corvo*
15. Sector Ilhas de São Jorge e Graciosa*
Ilha do Faial
13a. Distrito Ilha do Pico*
13. Sector Ilha do Pico*
Vila real e Verín (Es): Vales do rio Corgo, Rabaçal e médio Tâmega
Verinense
de Cavaleiros
Bacias dos rios Tuela (Es) e Sabor, Macedo
Trevinca (Es) e Serra de Teleno (Es)
La Cabrera (Es), Serra Segundera (Es), Peña
34b. Distrito Vila-Realense e
34a. Distrito Bragançano
33b. Distrito Sanabriense
Ilha do Corvo
Ilha das Flores
16a. Distrito Ilha das Flores* 16b. Distrito Ilha do Corvo*
Ilha Graciosa
15b. Distrito Ilha Graciosa*
Ilha do Pico
Ilha Terceira
12a. Distrito Ilha Terceira*
12. Sector Ilha Terceira*
Ilha de São Miguel
Ilhas Formigas
11a. Distrito Ilha de São Miguel*
10b. Distrito Ilhas Formigas*
Maria*
Ilha de Santa Maria
Serras de Montemuro e do Caramulo e
6m. Distrito Montemuro-
10a. Distrito Ilha de Santa
Serras do Alvão e do Marão
e troço inferior da bacia do Douro
Douro Litoral: Costa de Aveiro a Guardeiras
Lima, Cávado e foz do Minho
Minho: troço inferior das bacias dos rios
Laboreiro
Serras da Peneda, Quinxo (Es), Soajo e
Mourela
Serras de Gerês, Amarela e Planalto de
Serras de Cabreira e Alturas
Conteúdo Geográfico
6l. Distrito Alvão-Marão*
6k. Distrito Duriense Litoral
6j. Distrito Durimínico *
6i. Distrito Penedano
6h. Distrito Geresiano
6g. Distrito Cabreira-Alturas*
Distrito
11. Sector Ilha de São Miguel*
10. Sector Ilhas de Santa Maria e Formigas*
Português
6. Sector Galaico-
Sector
Estremadurense
IIcb. Subprovíncia Luso-
41B. Subsector Araceno-Pacense
41C. Subsector
Monchiquense
41. Sector Mariânico-
Beirense Meridional
40B. Subsector
Setentrional
Beirense
41. Sector Mariânico-
40. Sector Beirense
Ocidental
Ocidental
40A. Subsector
Oretano
Tagano
Mediterrânica Ibérica
Mediterrânica
Mediterrânica
Tierra de Barros (Es)
41e. Distrito Terrabarrense
41i. Distrito Alentejano
41g. Distrito Aracenense
277
Alto e Baixo Alentejo, Serra de Mértola
Aracena (Es) e Picos de Aroche (Es)
Aracena (Es): Parque Natural da Serra de
Planícies de Badajoz
Monsanto e bacias do Pônsul e Erges
41f. Distrito Badajozense
Beira Meridional: Castelo Branco, Meridional
Gardunha
Rio Zêzere: Serras da Lousã, Açor, Alvelos e
Mondego ao Porto
Beira Litoral: planícies arenosas do cabo
Mondego até Sobral da Serra
Beira Alta: Viseu, bacias dos rios Dão, Alva e
Alcântara (Es)
Serra de São Mamede, Marvão e Valência de
(Es)
(Es), Serras de Montánchez (Es) e San Pedro
Cáceres (Es): de Trujillo (Es) a Membrio
Unhais a Manteigas
Serra da Estrela: de Covilhã a Seia e de
Guarda
40d. Distrito Beirense
40c. Distrito Zezerense*
40b. Distrito Beirense Litoral*
40a. Distrito Altobeirense*
39g. Distrito São Mamede
39f. Distrito Cacerense
38b. Distrito Alto Estrelense*
38a. Distrito Egitaniense*
Altas (Es)
(Es) e Peña de Francia (Es), Las Hurdes
Meridional
Las Batuecas (Es), Serras de Malcata, Gata
Salmantino
35d. Distrito Batuecas e Malcata
35B. Subsector
Yeltes (Es) e Sayago (Es)
Vitigudino (Es), Ciudad Rodrigo (Es),
Setentrional
Salamanca (Es): Pinhel, Serra da Marofa, 35a. Distrito Baixosalmantino
os rios Tua e Corgo
Troço inferior da bacia do rio Douro, entre
Duero (Es)
Terra Quente, Abadengo (Es) e Arribes del
Conteúdo Geográfico
Salmantino
34d. Distrito do Baixo Douro*
34c. Distrito da Terra Quente
Distrito
35A. Subsector
Ribaduriense
34B. Subsector
Subsector
39B. Subsector
38. Sector Estrelense*
Salmantino
35. Sector
Duriense
34. Sector Lusitano
Sector
39. Sector Toledano-
Carpetano-Leonesa
IIca. Subprovíncia
Subprovíncia
IIc. Província
Província
IIA. Sub-Região
Sub-Região
II. Região
Região
Madeirense
Canário-
IIB. Sub-Região
IIh. Província Madeirense*
IIg. Província Canarina
Andaluza Litoral
278
Canarina Oriental
IIga. Subprovíncia
Gaditano-Algarvia*
IIfb. Subprovíncia
Sadense*
Divisória Portuguesa-
Subsector
Ericeira à Figueira da Foz
Litoral*
Setentrional*
Meridional*
Divisório Português
51B. Subsector
Costa arenoso-calcária estremenha desde a
51b. Distrito Estremenho
Divisório Português
59. Sector Madeirense*
58. Sector Porto-Santense*
60. Sector de Lanzarote
53. Sector Algarvio*
59b. Distrito das Ilhas Desertas*
59a. Distrito Madeirense*
58a. Distrito Porto-Santense
60a. Distrito das Ilhas Selvagens
53c. Distrito Algarvio*
Vicentino*
53b. Distrito Promontório
53a. Distrito Costeiro Vicentino*
52c. Distrito Sadense*
52b. Distrito Arrabidense*
52a. Distrito Ribatagano*
51e. Distrito Olisiponense*
51d. Distrito Sintrano*
Ilhas Desertas
Ilha da Madeira
Ilha de Porto Santo
Ilhas Selvagens
Almádena e Baixo Algarve
Algarve: costa desde o Guadiana a
Almádena a Bordeira
Cabos de São Vicente e de Sagres, de
Algarve e Alentejo de Bordeira a Sines
Costa Vicentina ocidental arenosa do
Sado, costa de Melides e Tróia
Rio Sado: bacia arenosa e estuário do rio
Espichel
Serra da Arrábida: desde Setúbal ao cabo
desde Abrantes, Sorraia e Muge
Ribatejo: troço inferior da bacia do rio Tejo
Sacavém a Cascais e Mafra
Lisboa: colinas calcárias e vulcânicas, de
Serra granítica de Sintra e cabo da Roca
Ilhas Berlengas
Aire, até Coimbra
51c. Distrito Berlenguense*
Planícies e serras calcárias de Montejunto e
rios Mira e Odeceixe
Serras de Monchique, Malhão e Caldeirão,
Conteúdo Geográfico
Português*
41j. Distrito Monchiquense*
Distrito
51a. Distrito Estremenho 51A. Subsector
Monchiquense
Alentejano-
52. Sector Ribatagano-Sadense*
Português*
Ocidental
Mediterrânica
Iif. Província Lusitano-
Sector Monchiquense
51. Sector Divisório
IIfa. Subprovíncia
Estremadurense
Ocidental
IIcb. Subprovíncia Luso-
Mediterrânica Ibérica
Subprovíncia
IIc. Província
Província
IIA. Sub-Região
Sub-Região
* - Unidades biogeográficas exclusivamente portuguesas
Mediterrânica
I. Região
Região
279
280
Esboço interpretativo da proposta biogeográfica para Portugal continental de RivasMartínez (2007) – Distritos Biogeográficos (legenda) –
281
282
ANEXO II Esquema sintaxonómico da vegetação do Sudoeste Alentejano (adaptado de Neto, Arsénio & Costa 2009)
283
in Rivas-Martínez, Costa & Izco 1986
Santo 1996
284
Bupleurum paniculatum, Carex distachya, Carex oedipostyla, Doronicum
bioclimático(s):
superior
a
Sadense e Distritos Costeiro Vicentino e Alentejano.
Distribuição biogeográfica: Sectores Divisório Português, Ribatagano-
mesomediterrânico inferior (oceânico), sub-húmido a húmido.
Piso(s)
Distribuição biogeográfica: Distribui-se pelo Norte de África e litoral 2. Oleo sylvestris-Quercetum suberis Rivas Goday, F. Galiano & Rivas-
2000.
podendo alcançar o andar mesomediterrânico inferior pelo menos nos Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 9330 da Rede NATURA
Piso(s) bioclimático(s): Têm o óptimo no andar termomediterrânico,
abundam ervas vivazes, lianas e arbustos.
esclerofilas, raramente marcescentes, com um sub-bosque sombrio onde
coccifera subsp. rivasmartinezii). São dominados por árvores perenifólias e
Características no território: Anemone palmata, Asplenium onopteris, territórios de ombroclima seco.
Distribuição biogeográfica: Região Mediterrânica.
húmido a seco.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a supramediterrânico, hiper-
territórios frios supramediterrânicos.
em arbustos e lianas de folhas persistentes e esclerofilas com excepção dos sobrais (Q. suber), alfarrobais (Ceratonia siliqua) e carrascais arbóreos (Q.
Termomediterrânico
A.1. Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris Barbéro, Quézel & Rivas-Martínez 1. Asparago aphylli-Quercetum suberis J.C. Costa, Capelo, Lousã & Espírito
chuvosos, criadores de sombra e de húmus florestal. O sub-bosque é rico Zambujais (Olea europaea var. sylvestris), azinhais (Quercus rotundifolia), Sobrais silicícolas.
Bosques climácicos, perenifólios ou marcescentes, em territórios
A. Quercetalia ilicis Br.-Bl. ex Molinier 1934 em. Rivas-Martínez 1975
maculata, Olea europaea var. sylvestris, Phillyrea latifolia subsp. media, Pulicaria odora, Rhamnus alaternus, Rubia peregrina subsp. longifolia, Rubia peregrina subsp. peregrina, Smilax aspera var. aspera, Vincetoxicum nigrum.
Características no território: Arisarum simorrhinum (=Arisarum vulgare var. clusii), Asparagus acutifolius, Carex halleriana, Clematis cirrhosa subsp. cirrhosa, Daphne gnidium, Lonicera etrusca var. etrusca, Lonicera implexa, Neotinea
meridionais submediterrânicos.
desde seco até húmido dos bioclimas inframediterrânico, termomediterrânico e mesomediterrânico e por vezes de algumas áreas semiárido a sub-húmido supramediterrânico, podendo atingir territórios eurossiberianos
sendo no entanto limitados pela hidromorfia permanente ou temporal deste. Constituem a vegetação climácica bem como a sua orla arbustiva e o matagal de substituição daquelas, nos territórios mediterrânicos de ombroclima
Bosques, pré-bosques e matagais densos, de folha persistente, esclerofila, normalmente sombrios, criadores de húmus de tipo mull florestal. São indiferentes à natureza química do substrato e prosperam em qualquer tipo de solo,
I QUERCETEA ILICIS Br.-Bl. ex A. & O. Bolòs 1950
92/43/CEE (conhecida por “Directiva Habitats”).
Finalmente indica-se para cada sintáxone, sempre que possível, um conjunto de espécies características (e por vezes também diferenciais) dentro do território em estudo e ainda a sua correspondência com os habitat da Directiva
tipologia biogeográfica até ao nível de distrito de Rivas-Martínez (2007).
Os pisos bioclimáticos (termotipos e ombrotipos) ocupados pelos sintáxones em causa e, quando conhecidos, os das classes, ordens e alianças, serão indicados, bem como a sua distribuição biogeográfica, seguindo a proposta de
unidades do nível hierárquico correspondente, à excepção das subclasses, às quais correspondem quadros separados.
qualquer dos níveis hierárquicos (i.e., subclasses, subordens, subalianças ou subassociações, às quais correspondem os sufixos “-enea”, “-enalia”, “-enion” e “-etosum”, respectivamente), essas serão referidas dentro das colunas das
sintáxones encontram-se hierarquicamente organizados em 3 colunas que equivalem, da esquerda para a direita, a ordens (sufixo “-etalia”), alianças (sufixo “-ion”) e associações (sufixo “-etum”). Quando existam subunidades em
pelo referido numeral romano, omitindo-se propositadamente a palavra ‘Quadro’, para que a tipologia não se torne demasiado distante da representação típica do esquema sintaxonómico. Dentro de cada classe de vegetação, os
de Vegetação (correspondentes aos quadros que se apresentam em seguida, identificados por um numeral romano), reconhecíveis pela presença do sufixo “-etea” na sua designação. Os referidos quadros são identificados apenas
reconhecimento de comunidades vegetais e facilita a leitura e interpretação da mesma por pessoas sem formação específica em Fitossociologia. Em termos genéricos, as comunidades vegetais encontram-se organizadas por Classes
O modo de apresentação do modelo foi inspirado no trabalho de Sýkora (2007), o qual não adopta a forma canónica de um esquema sintaxonómico, tomando um formato mais próximo de uma ‘chave de campo’ para o
Martínez, Fernández-González & Loidi (1999); Rivas-Martínez et al. (2001); Rivas-Martínez et al. (2002)).
espanhóis e portugueses, cujo trabalho permitiu a preparação do catálogo ibérico de sintáxones até ao nível de associação e no qual constam cerca de 76 classes de vegetação, 141 ordens, 413 alianças e 2500 associações (vd. Rivas-
Torgal. A fonte primordial de informação para a elaboração desta tipologia foi o trabalho por Neto, Arsénio & Costa (2009), mas merecem também referência os trabalhos desenvolvidos por um grupo alargado de fitossociólogos
corresponde a todo o distrito biogeográfico Costeiro Vicentino, acrescido de uma parte na metade setentrional do distrito biogeográfico Monchiquense e que corresponde à quase totalidade da bacia hidrográfica da Ribeira do
Apresenta-se em seguida o modelo descritivo da vegetação (numa perspectiva fitossociológica clássica, ou ‘sigmatista’), usualmente designado por ‘esquema sintaxonómico’, para a região em estudo, cujo âmbito geográfico
Tipologia sintaxonómica
var. altissima (= Smilax mauritanica), Viburnum tinus.
suber, Quercus x mixta, Rosa sempervirens, Ruscus aculeatus, Smilax aspera
latifolia subsp. latifolia, Quercus canariensis, Quercus rotundifolia, Quercus
Martínez in Rivas-Martínez 1987
448).
Zambujais em vertissolos (barros). Para o Distrito Costeiro Vicentino foi
Características no território: Osyris lanceolata, Ceratonia siliqua.
broteroi,
de
distribuição
Lusitano-Andaluza
285
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido a húmido.
Paiva-Ferreira, Martínez-Lombardo, Cano & Pinto-Gomes 2010
5. Lavandulo viris-Quercetum suberis Quinto-Canas, Vila-Viçosa, Meireles,
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Defende-se a sua filiação no habitat 9240 da Rede
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco superior a sub-húmido.
Litoral.
welwitschiani-Quercetum
seco. Vila-Viçosa et al. (inéd.) caracterizaram a associação Ulici
em coluviossolo ácido derivado de xistos, no andar termomediterrânico
broteroi, não podendo ser incluído em qualquer um porque se encontra
Cercal intermédio entre Arisaro-Quercetum broteroi e Quercetum alpestris-
4. Ulici welwitschiani-Quercetum broteroi
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 9320pt1 da Rede
Alentejano, ocorrendo pontualmente no Distrito Costeiro Vicentino.
Distribuição biogeográfica: Distritos Olissiponense, Arrabidense e
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido.
Ephedra fragilis e Osyris lanceolata (Neto, Arsénio & Costa 2009, p. 46).
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico ou, excepcionalmente, Distribuição Biogeográfica: Subsector Alentejano-Monchiquense.
sobre substratos siliciosos compactos.
Comunidades florestais de Quercus suber e Quercus rivasmartinezii, assentes
A.1.b. Quercenion rivasmartinezii-suberis Capelo 2007
3. Viburno tini-Oleetum sylvestris J.C. Costa, Capelo & Lousã 1994
Subaliança típica.
proposta a subassociação ephedretosum fragilis, cujas diferenciais são
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 9330 da Rede NATURA
atingindo a Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Distribuição biogeográfica: Tem distribuição Tingitana (Marrocos),
A.2.a. Querco rotundifoliae-Oleenion sylvestris
oleoides.
siliqua, Chamaerops humilis, Myrtus communis, Osyris lanceolata, Rhamnus
Diferenciais da aliança: Asparagus albus, Asparagus aphyllus, Ceratonia Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido a seco.
subsp. baeticum.
coccifera subsp. rivasmartinezii, Scilla monophyllos, Teucrium scorodonia foi proposta a subassociação juniperetosum navicularis (Capelo 2007, p.
Características no território: Deschampsia stricta, Gennaria diphylla, Quercus Sobrais esparsos, silicícolas, psamófilos. Para o Distrito Costeiro Vicentino
plantagineum, Limodorum trabutianum, Moehringia pentandra, Phillyrea Sudoeste da Península Ibérica.
B.1. Asparago albi-Rhamnion oleoidis Rivas Goday ex Rivas-Martínez 1975
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 9330 da Rede NATURA
ombroclima seco a húmido, podem atingir de forma relicta os territórios
Distribuição biogeográfica: Sul da Península Ibérica.
mesomediterrânicos termófilos.
Distribuição biogeográfica: Sector Ribatagano-Sadense e Distritos
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido.
situação edafófila).
286
Teucrium fruticans.
Pinus halepensis, Pistacia lentiscus, Prasium majus, Quercus coccifera,
B.2. Juniperion turbinatae Rivas-Martínez 1975 corr. 1987
Fernández-González & J.C. Costa 1990
Distribuição biogeográfica: Distritos Sadense e Costeiro-Vicentino. Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 2250pt2* da
Características no território: Juniperus navicularis.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido.
com pouca capacidade de retenção de água.
sem água freática e secundariamente em alguns areais indiferenciados
vegetação permanente e madura em topos secos de paleodunas profundas,
Galaico-Português.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral e Sector
húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a semiárido, seco a sub-
psamófilas.
género Juniperus. Representam a etapa madura de séries edafoxerófilas (= J. oxycedrus subsp. transtagana); ou “zimbro-galego”, que correm como
sofrem influência de ventos marítimos, onde predominam arbustos do Matagais nano- a micro-fanerofíticos dominados pelo Juniperus navicularis
Comunidades de dunas fixas, recentes ou antigas e de areias litorais que
8. Daphno gnidii-Juniperetum navicularis Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz,
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5210pt2 da Rede
podendo também ocorrer no Barrocal Algarvio.
Distribuição biogeográfica: Litoral desde o cabo Mondego até ao Algarve,
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido.
arribas calcárias.
Osyris alba, Osyris lanceolata (= O. quadripartita), Phillyrea angustifolia,
Zimbrais-carrascais nano- a micro-fanerofíticos, litorais e sublitorais, das
fragilis var. fragilis, Euphorbia characias, Jasminum fruticans, Juniperus
Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990
7. Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae (Rivas-Martínez 1975) Rivas-
NATURA 2000.
turbinata subsp. turbinata, Melica minuta subsp. arrecta, Myrtus communis,
fruticosum, Ceratonia siliqua, Chamaerops humilis, Coronilla glauca, Ephedra
Características no território: Asparagus albus, Barlia robertiana, Bupleurum
Distribuição biogeográfica: Sub-Região Mediterrânica Ocidental.
Algarvio, Monchiquense e Onubense Litoral. Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, árido a Características no território: Aristolochia baetica, Asparagus aphyllus, húmido. Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5330pt6 da Rede Phlomis purpurea, Rhamnus oleoides subsp. oleoides.
esqueléticos) representam comunidades permanentes.
locais de ombroclima húmido, em estações desfavoráveis (areias, solos
territórios de ombroclima árido ou semiárido representam o clímax e nos
Piso(s) bioclimático(s): Com o óptimo no andar termomediterrânico e
Oleo sylvestris-Quercetum suberis e Asparago aphylli-Quercetum suberis (em
uma etapa de substituição dos bosques da Quercetea ilicis, mas nos
Murteiras de solos arenosos ligeiramente edafo-higrófilos, subseriais do
mull florestal e criadores de escassa sombra. Normalmente representam
González & Sánchez-Mata ex J.C. Costa, Lousã & Espírito Santo 1997
6. Asparago aphylli-Myrtetum communis Rivas-Martínez, Cantó, Fernández-
2000.
indiferentes à natureza química do solo, formadores de húmus de tipo perenifólias.
Bosquetes e matagais densos mediterrânicos, perenifólios e esclerofilos, Comunidades arbustivas (carrascais, espinhais, lentiscais, zimbrais, etc.),
B. Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni Rivas-Martínez 1975
Características no território: Quercus rivasmartinezii.
muito oceânico (hiperoceânico a euoceânico)
mesomediterrânico inferior, sub-húmido superior a húmido, de carácter
Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
quadripartitae-Juniperetum turbinatae.
com nenhum habitat da Rede NATURA 2000, encontram-se intimamente
Estatuto de conservação: Embora não tenham correspondência directa
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
que constituem a sua orla e única etapa de substituição.
Capelo, J.C. Costa, Lousã & Mesquita 2002
bioclimático(s):
Termomediterrânico
a
mesomediterrânico
algarbiensis.
transtagana, Serratula monardii var. monardii, Serratula monardii var.
Centaurea vicentina, Euphorbia transtagana, Quercus lusitanica, Scorzonera
Características no território: Centaurea africana, Centaurea crocata,
Tangerino.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral e Sector
inferior, sub-húmido a húmido.
Piso(s)
regressivas de sobreirais termófilos e ombrófilos.
NATURA 2000.
287
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5330pt4 da Rede
Distribuição biogeográfica: Distrito Monchiquense.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido a húmido.
desenvolvem em solos siliciosos pobres em bases, e representam etapas Lavandulo viridis-Quercetum suberis.
Comunidades dominadas por carvalhiça (Quercus lusitanica), que se Matagais de carvalhiça. Resultam da degradação dos sobreirais do
Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990 nom. mut.
B.4. Quercion lusitanicae Rothmaler 1954 em. Rivas-Martínez, Lousã, T.E. 11. Centaureo crocatae-Quercetum lusitanicae Capelo, J.C. Costa & Lousã in
album.
Características no território: Antirrhinum majus subsp. cirrhigerum, Corema associados ao habitat prioritário 2250pt1* da Rede NATURA 2000, dado
Galaico-Português.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral e Sector
sub-húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico e mesomediterrânico, seco a Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido.
album).
Comunidades de dunas litorais, dominadas por camarinha (Corema Camarinhais que constituem a orla e etapa de substituição do Osyrio
Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
B.3. Rubio longifoliae-Coremation albi Rivas-Martínez in Rivas-Martínez, 10. Rubio longifoliae-Corematetum albi Rivas-Martínez in Rivas-Martínez,
Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 2250pt1* da
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido.
(ecossistema maduro) nestes biótopos.
(dunas terciárias), constituindo o clímax da sucessão ecológica
Sabinais (ou zimbrais) micro-fanerofíticos das dunas litorais estabilizadas
Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990
9. Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae (Rivas-Martínez 1975) Rivas-
Rede NATURA 2000.
288
nom. inver.
12. Cisto popullifolii-Arbutetum unedonis Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1964
Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990]
biogeográfica:
Região
Mediterrânica
e
Piso(s)
bioclimático(s):
Termomediterrânico
a
mesomediterrânico,
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5330pt3 da Rede
Distribuição biogeográfica: Distrito Monchiquense.
Subprovíncia húmido a hiper-húmido.
2002
bioclimático(s):
Termotemperado
a
mesotemperado
Distribuição biogeográfica: Sector Divisório Português. Pontualmente no
e Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico.
Quercus broteroi.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5230pt1 da Rede
lusitanica, Rhododendron ponticum.
muito
descarbonatados
pelas
elevadas
precipitações estacionais), podendo ocorrer sobre outros substratos oligo-mesotróficos,
dolomíticos
indiferentes edáficos (de arenitos cretácicos, basaltos e calcários
nobilis, Bupleurum fruticosum, Rosa sempervirens e Vinca difformis,
Medronhais ricos em lianas, co-dominados por Arbutus unedo, Laurus
variante de Coronilla glauca sensu Rivas-Martínez et. al. 1990]
Martínez et. al. 1990, sin Phillyreo angustifoliae-Arbutetum unedonis
Arbutetum unedonis variante de Bupleurum fruticosum sensu Rivas-
auct. lusit. pl. non Pérez-Chiscano 1976, sin Phillyreo angustifoliae
[sin Phillyreo angustifoliae-Arbutetum unedonis viburnetosum tini sensu
Costa, C. Lopes, Capelo & Lousã 2000
14. Bupleuro fruticosi-Arbutetum unedonis Capelo & J.C. Costa in J.C.
Características no território: Myrica faya (dif. al.), Laurus nobilis, Prunus NATURA 2000.
Divisória Portuguesa-Sadense.
Distribuição biogeográfica: Cordilheira Cantábrica e Subprovíncia Distrito Monchiquense.
mesomediterrânico.
Piso(s)
calcários.
folha larga, de características ombrófilas e atlânticas. Ocorrem em solos Representam a orla e a etapa regressiva mais húmida da comunidade de
Comunidades arbustivas e subarbóreas, ricas em elementos lauróides de Loureirais em solos calcários com elevada compensação edáfica.
& Loidi 1999
B.6. Arbuto unedonis-Laurion nobilis Rivas-Martínez, Fernández-González 13. Vinco difformis-Lauretum nobilis Capelo, J. C. Costa & Rivas-Martínez
Características no território: Arbutus unedo, Erica arborea.
Cantabro-Atlântica.
Distribuição
húmido, húmido e hiper-húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, sub- Medronhal, silicícola, subserial do Lavandulo viridis-Quercetum suberis.
séries edafoxerófilas.
estações xerofíticas podem representar comunidades permanentes de Rivas Goday et al. 1959 rhododendretosum baeticae Rivas-Martínez,
os pré-bosques, orlas ou substituem bosques climácicos ombrófilos. Nas Phillyreo angustifoliae-Arbutetum unedonis Rivas Goday & Galiano in
de solos profundos, siliciosos (excepcionalmente, alcalinos). Constituem [bas. Arbuto-Cistetum populifolii Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1964, sin
Comunidades arbustivas, perenifólias, de folhas lustrosas, principalmente
B.5. Ericion arboreae Rivas-Martínez (1975) 1987
bioclimático(s):
NATURA 2000.
2000.
Ulmus minor, Vinca difformis.
Piso(s)
scorodonia.
Características
Português. no
território:
Campanula
primulifolia,
Scrophularia
Termomediterrânico
a
mesomediterrânico,
Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980 289
3. Viti viniferae-Salicetum atrocinereae Rivas-Martínez & Costa in Rivas-
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 91E0pt1 da Rede
Distribuição biogeográfica: Distritos Monchiquense e Costeiro Vicentino.
Distribuição biogeográfica: Região Mediterrânica e Sector Galaico- húmido a hiper-húmido.
pobres arenosos e siliciosos.
bioclimático(s):
J.C. Costa, Capelo & Lousã 2004
Amiais e salgueirais de Salix atrocinerea de rios oligotróficos, em solos Amiais.
Martínez in Rivas-Martínez 1975
A.2. Osmundo-Alnion (Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1956) Dierschke & Rivas- 2. Campanulo primulifoliae-Alnetum glutinosae Br.-Bl., P. Silva & Rozeira ex
Características no território: Fraxinus angustifolia subsp. angustifolia.
raramente são inundadas.
Comunidades das zonas mais elevadas das margens dos rios e que
subsp. ficaria, Ranunculus ficaria subsp. ficariiformis, Salix atrocinerea, A.1.a. Fraxino angustifoliae-Ulmenion minoris Rivas-Martínez 1975
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 91B0 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Osmunda regalis, Polystichum setiferum, Populus alba, Ranunculus ficaria
foetidissima.
subsp. neglectum, Bryonia cretica subsp. dioica, Celtis australis, Iris
Características no território: Aristolochia paucinervis, Carex pendula
Distribuição biogeográfica:
Características no território: Arum italicum subsp. italicum, Arum italicum Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Piso(s) bioclimático(s):
Freixiais silicícolas.
margens de rios de corrente lenta e águas eutróficas.
Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
1. Ficario ranunculoidis-Fraxinetum angustifoliae Rivas-Martínez & Costa in
em fluvissolos (aluviossolos), húmidos com a toalha freática à superfície.
Comunidades ribeirinhas, de meso-microfanerófitos que se desenvolvem Bosques mediterrânicos, em solos ricos em nutrientes, que colonizam as
A.1. Populion albae Br.-Bl. ex Tchou 1948
mesomediterrânico
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5230pt3 da Rede
Características no território: Alnus glutinosa, Brachypodium sylvaticum, Equisetum telmateia, Frangula alnus subsp. alnus, Humulus lupulus, Populus nigra, Saponaria officinalis, Vitis vinifera subsp. sylvestris.
A. Populetalia albae Br.-Bl. ex Tchou 1948
a
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
II SALICI PURPUREAE-POPULETEA NIGRAE (Rivas-Martínez & Cantó ex Rivas-Martínez, Báscones, T.E. Díaz, Fernández-González & Loidi) Rivas-Martínez & Cantó 2002
Bosques caducifólios, húmidos, ripícolas, edafo-higrófilos, eurossiberianos e mediterrânicos.
Termomediterrânico
inferior, sub-húmido superior (quase hiperoceânico).
Piso(s)
como depósitos argilosos, margas e depósitos mio-pliocénicos.
salgada, estas comunidades integram o habitat 2190pt3 da Rede NATURA 2000.
A.1. Pruno-Rubion ulmifolii O. Bolòs 1954
290
Piso(s) bioclimático(s):
bosques caducifólios, higrófilos ou mesófilos.
& Valdés 1980
1. Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifolii Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo
perenifólios. Prosperam em solos desde ligeiramente ácidos até alcalinos.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
substituição dos bosques higrófilos ou mesófilos, caducifólios ou Silvados.
Sebes e silvados que constituem orlas ou etapas de substituição dos Associações que constituem o sub-bosque ou a primeira etapa de
A. Prunetalia spinosae Tüxen 1952
Características no território: Prunus insititia, Rosa canina, Sambucus nigra, Tamus communis.
estações ripícolas.
nutrientes. Também podem ser comunidades permanentes em solos pedregosos e peliculares, em arribas, escarpas, ravinas de montanhas e picos nevados, eurossiberianos e mediterrânicos, principalmente em zonas chuvosas ou
Sebes, silvados e formações arbustivas pré-florestais marginais, de folha caduca ou substituintes de bosques geralmente caducifólios, higrófilos da Salici-Populenea nigrae ou mesófilos da Querco-Fagetea em solos ricos em
IV. RHAMNO-PRUNETEA Rivas Goday & Borja ex Tüxen 1962
equisetiforme, Tamarix africana var. africana.
depressões dunares húmidas, onde a água doce sofre infiltrações de água
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 92D0pt1 da Rede NATURA 2000. Quando encontradas num contexto ecológico de
Características no território: Nerium oleander, Panicum repens, Polygonum
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico. Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica.
temperaturas elevadas.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
águas ricas em bases, submetidos a períodos de grande aridez e Tamargais de rios e ribeiras que sofrem uma forte estiagem.
Tamargais de água doce ou sub-halófilos com forte estiagem, próprios de
González & Molina 1984
Ordem única.
1. Polygono equisetiformis-Tamaricetum africanae Rivas-Martínez & Costa in Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
A. Tamaricetalia africanae Br.-Bl. & O. Bolòs 1958 em Izco, Fernández- A.1. Tamaricion africanae Br.-Bl. & O. Bolòs 1958
temporariamente secos, margens de lagunas e salgados de ombroclima seco, semiárido a árido das regiões Mediterrânica, Saaro-Arábica e Irano-Turaniana, substituindo os bosques da Populetalia albae.
Vegetação ripícola ou freatófila, formada por microfanerófitos e nanofanerófitos dos géneros Tamarix ou Nerium, acompanhados de algumas gramíneas altas. Colonizam solos higrófilos de linhas de água temporárias, rios
III. NERIO-TAMARICETEA Br.-Bl. & O. Bolòs 1958
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 91E0pt3 da Rede
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Salgueirais de borrazeira-negra.
Lousã 1996]
[Carici lusitanicae-Salicetum atrocinereae Neto, Capelo, J.C. Costa & M.
biogeográfica:
Províncias
Mediterrânica
Ocidental
Características no território: Crataegus monogyna subsp. brevispina.
iberolevantinas
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental e
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a supramediterrânico.
solo.
Silvados e sebes de solos mesófilos e indiferentes à natureza química do
A.1. Rosenion carioti-pouzinii Arnaiz ex Loidi 1989
pouzinii, Rosa micrantha, Rubus ulmifolius.
Subprovíncia Luso-Estremadurense. e Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Lonicera periclymenum subsp. hispanica, Rosa
Cantabro-Atlântica.
Distribuição
supratemperado inferiores.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a supramediterrânico e a Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral e
Piornais (Retama spp.) e giestais (Cytisus spp.) em solos arenosos. Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido. Distribuição biogeográfica: lusitano-andaluzes litorais
Giestais silicícolas.
Piso(s) bioclimático(s): atlânticas, subatlânticas e mediterrânicas.
Distribuição biogeográfica: Península Ibérica.
monosperma.
Características no território: Cytisus grandiflorus subsp. cabezudoi, Retama
A.1. Retamion monospermae Rivas-Martínez & Cantó 2002
A. Cytisetalia scopario-striati Rivas-Martínez 1974
Características no território: Pteridium aquilinum var. aquilinum.
NATURA 2000.
291
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 5330pt2 da Rede
Sadense e Ribatagano.
Distribuição biogeográfica: Distritos Algarvio, Costeiro Vicentino,
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
subserial do Oleo sylvestris-Quercetum suberis.
Giestal psamofílico, dominado por Cytisus grandiflorus subsp. cabezudoi,
Aguiar, Capelo, Lousã, Castro Antunes, Honrado, Izco & Ladero 2004
1. Cytisetum cabezudoi J.C. Costa, Lousã, Capelo & Ladero in J.C. Costa,
Subprovíncia Cantabro-Atlântica e Subsector Pirenaico Ocidental, em bioclima termomediterrânico a supramediterrânico e termotemperado a supratemperado, árido a hiper-húmido.
que crescem em solos siliciosos profundos com húmus de tipo mull e sem hidromorfia temporal. Tem óptimo na Península Ibérica encontrando-se nas Províncias Mediterrânica Ibérica Ocidental, Lusitano-Andaluza Litoral,
Comunidades dominadas por arbustos da família das Leguminosas da tribo das Genisteae. Geralmente constituem as orlas naturais ou a primeira etapa de substituição de diversos bosques climácicos mesotróficos a oligotróficos,
V. CYTISETEA SCOPARIO-STRIATI Rivas-Martínez 1974
Distribuição biogeográfica: Regiões Mediterrânica e Eurossiberiana.
292
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Ordem única.
A. Ulicetalia minoris Quantin 1935
Distribuição biogeográfica: Distrito Monchiquense.
Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico, hiper-húmido.
viridis-Quercetum suberis.
Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis e sobrais do Lavandulo
Tojal baixo dominado por Ulex minor, subserial dos carvalhais de
bioclimático(s):
Termomediterrânico
a
lusitanicus, Thymus villosus, Ulex australis subsp. welwitschianus.
Stauracanthus spectabilis subsp. vicentinus, Thymelaea villosa, Thymus
Características no território: Pterospartum tridentatum subsp. tridentatum,
Distritos Beirense litoral e Miniense.
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Divisória Portuguesa-Sadense, e
hiperoceânico.
derivados de arenitos, subserial do Asparago aphylli-Quercetum suberis ou
Tojal de Ulex australis subsp. welwitschianus em solos arenosos ou
Lousã in J.C. Costa, Capelo, Neto, Espírito Santo & Lousã 1997
2. Erico umbellatae-Ulicetum welwitschiani Capelo, J.C. Costa, Neto &
NATURA 2000.
parece)
Estatuto de conservação: Não tem (só se for o 4030pt5, mas não me
Distribuição biogeográfica: Distrito Costeiro Vicentino.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido.
do Oleo sylvestris-Quercetum suberis.
ou limosos, bem como em podzóis decapitados (com ortstein), subserial
Associação de Stauracanthus spectabilis subsp. vicentinus, em solos arenosos
Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990
3. Genisto triacanthi-Stauracanthetum vicentini Rivas-Martínez, Lousã, T.E.
Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 2150pt1* da
Vicentino.
Distribuição biogeográfica: Sector Ribatagano-Sadense e Distrito Costeiro
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido a seco.
mesomediterrânico do Oleo sylvestris-Quercetum suberis.
(submediterrânico) sub-húmido a hiper-húmido, euoceânico e semi-
Piso(s)
Urzais, frequentemente de baixo porte.
A.1.a. Ericenion umbellatae Rivas-Martínez 1979
Lavandula viridis, Polygala microphylla.
australis, Erica umbellata, Genista triacanthos, Halimium ocymoides, Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 4030pt3 da Rede
Características no território: Cistus psilosepalus, Erica australis subsp.
Distribuição biogeográfica: Centro e oeste da Península Ibérica,
Piso(s) bioclimático(s): Mediterrânico, sub-húmido a hiper-húmido.
Tojais e urzais.
Martínez 1979
A.1. Ericion umbellatae Br.-Bl., P. Silva, Rozeira & Fontes 1952 em. Rivas- 1. Cisto-Ulicetum minoris Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1964
Características no território: Agrostis curtisii, Allium ericetorum, Avenula lodunensis subsp. lodunensis (=Avenula sulcata subsp. sulcata), Calluna vulgaris, Erica scoparia, Simethis mattiazzi, Tuberaria lignosa, Ulex minor.
supratemperado e termomediterrânico a supramediterrânico, sub-húmido a hiper-húmido, oceânico e hiperoceânico.
ocasionalmente propriedades gleicas. Representam uma etapa avançada da degradação dos bosques, com distribuição Atlântica, Subatlântica, Ceveana-Pirenaica e Mediterrânica Ocidental, em bioclima termotemperado a
Urzais e tojais da Província Mediterrânica Ibérica Ocidental e Tingitanos, ombrófilos, acidófilos e humícolas. Prosperam em solos pobres, siliciosos, cambissolos districos erodidos ou podzóis férricos com húmus muito ácido e
VI. CALLUNO-ULICETEA Br.-Bl. & Tüxen ex Klika & Hadac 1944
A.2.
Stauracanthion boivinii (Rivas-Martínez
1979) Fernández-González & J.C. Costa 1990
Rivas-Martínez, 4. Genisto triacanthi-Cistetum palhinhae Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz,
subserial do Querco cocciferae-Juniperetum turbinatae.
ferruginosos e hidromórficos (com ortstein). Comunidade permanente ou
Distribuição biogeográfica: Distritos Costeiro-Vicentino e Promontório
no
território:
Avenula
sulcata subsp.
biogeográfica:
Províncias
Lusitano-Andaluza
Litoral,
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
lusitanicus.
Urzal-tojal palustre, dominado por Erica ciliaris e Ulex minor var.
Santo in Neto, Capelo, J.C. Costa & Lousã 1996
6. Cirsio welwitschii-Ericetum ciliaris Neto, Capelo, J.C. Costa & Espírito
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 4030pt5 da Rede
Distribuição biogeográfica: Distrito Monchiquense.
húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido a hiper-
Quercetum suberis.
decapitados de xistos e granitos, sendo subserial de Lavandulo viridis-
Associação dominada por Stauracanthus boivinii, que prospera em solos
Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990
5. Querco lusitanicae-Stauracanthetum boivinii Rothmaler 1954 corr. Rivas-
locais paludosos dentro do Sector Divisório Português.
ancistrocarpa.
com pseudogley. 293
Urzais de Erica lusitanica, que se assinalam em margens de linhas de água
7. Cisto psilosepali-Ericetum lusitanici Ladero ex Rivas-Martínez 1979
2000.
comunidades a que corresponde ao habitat 4020pt2 da Rede NATURA
Características no território: Cirsium welwitschii, Erica lusitanica, Genista Estatuto de conservação: Estas comunidades integram o mosaico de
territórios tingitanos.
Mediterrânica Ibérica Ocidental, Subprovíncia Cantabro-Atlântica e Distribuição biogeográfica: Distrito Sadense, atingindo pontualmente
Distribuição
Piso(s) bioclimático(s):
de tipo mor.
Urzais higrofílicos que vivem sobre solos com gley, com matéria orgânica
A.3. Genistion micrantho-anglicae Rivas-Martínez 1979
lusitanica, Stauracanthus boivinii.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 5140pt1* da albinervis, Rede NATURA 2000.
Drosophyllum lusitanicum, Halimium lasianthum, Pedicularis sylvatica subsp.
Características
Gaditano-Onubense Litoral, Algíbico e Tangerino.
Distribuição biogeográfica: Distritos Monchiquense e Algarvio, Sectores Vicentino.
áreas de ombroclima seco.
húmido a hiper-húmido, mas podendo ser assinalados localmente em Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, sub-
estacionais.
Urzais e urzais/estevais ombrófilos, sobre ortstein, com nascentes Associação formada por Cistus palhinhae, em litossolos paleopodzólicos,
Fernández-González & Loidi 1999
294
monspeliensis, Cistus populifolius, Cytinus hypocistis subsp. hypocistis.
Distribuição biogeográfica: Distrito Monchiquense.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido.
Comunidade em dunas consolidadas dominadas por Thymus
Características no território: Cistus albidus (diff. subal: Ulex airensis, Thymus camphoratus
Estremadurense.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral e Subprovíncia Luso-
húmido.
inferior.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido
presença de Halimium calycinum.
contudo foi proposta a sua filiação na Coremation albi devido à
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, seco a hiper- camphoratus subsp. congestus, de difícil de posição sintaxonómica,
Henriques, Arsénio, V. Silva, Lousã & Rivas-Martínez
Lavandulo luisieri-Cistenion albidae J.C. Costa, Pinto-Gomes, Lopes, Neto, Monteiro- 2. Thymetum congesti
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
inferior.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, seco a sub-húmido
Subaliança típica.
Ulici argentei-Cistenion ladaniferi
NATURA 2000.
Características no território: Astragalus lusitanicus, Genista hirsuta subsp. hirsuta, Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 4030pt5 da Rede
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
inferior.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, seco a sub-húmido
Características no território: Cistus crispus, Cistus ladanifer, Cistus Lithodora lusitanica, Ulex argenteus.
Distribuição biogeográfica: Sub-Região Mediterrânica Ocidental.
Piso(s) bioclimático(s):
nutrientes.
Tojais-estevais de Ulex argenteus subsp. argenteus e Cistus ladanifer, silicícolas, subseriais dos sobrais Lavandulo viridis-Quercetum suberis.
1. Cisto ladaniferi-Ulicetum argentei Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1964
textura areno-cascalhenta ou limosa e relativamente rica em
A.1. Ulici argentei-Cistion ladaniferi Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1964
Matos e estevais mediterrânicos de solos siliciosos coesivos, com Tojais-estevais de solos siliciosos.
A. Lavanduletalia stoechadis Br.-Bl. 1940 em. Rivas-Martínez 1968
Características no território: Cistus salviifolius, Cytinus hypocistis subsp. macranthus, Lavandula luisieri, Orchis mascula subsp. olbiensis, Orchis morio subsp. champagneuxii, Orchis morio subsp. picta.
exigentes em precipitação.
Região Mediterrânica Ocidental e em bioclima termomediterrânico a supramediterrânico, sub-húmido a semiárido. Constitui uma etapa avançada de degradação dos bosques e pré-bosques mesotróficos a oligotróficos pouco
Estevais mediterrânicos em que predominam nanofanerófitos e caméfitos xerofíticos e silicícolas especialmente do géneros Cistus, Halimium e Lavandula. Tem o seu óptimo em solos siliciosos, erodidos ou imaturos da Sub-
VII. CISTO-LAVANDULETEA Br.-Bl. in Br.-Bl., Molinier & Wagner 1940
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 4020pt2 da Rede
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Piso(s) bioclimático(s):
Stauracantho
genistoidis-Halimietalia
commutati
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
capitellatus, Armeria rouyana, Armeria pinifolia, Ulex welwitschianus,
Comunidade psamófílica de Stauracanthus genistoides, Thymus
Rivas-Martínez, T.E. Díaz & F. Fernández-González 1990
3. Thymo capitellati-Stauracanthetum genistoidis (Rothmaler 1954)
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2260 da Rede
Distribuição biogeográfica: Distrito Costeiro Vicentino.
biogeográfica:
Ocorrem
maioritariamente
na Thymus camphoratus, Thymus capitellatus, Ulex australis subsp. australis (dif. al.).
subsp. lusitanica, Stauracanthus genistoides, Stauracanthus spectabilis subsp. spectabilis,
halimifolium, Helichrysum picardii var. virescens, Iberis welwitschii, Lavandula sampaioana
Corema
album,
Ulex
welwitschianus,
Halimium
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2260 da Rede
Distribuição biogeográfica: Distrito Costeiro Vicentino.
húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico inferior, seco a sub-
Quercetum suberis e Osyrio quadripartitae-Juniperetum turbinatae.
halimifolium, Lavandula lusitanica, subserial do Oleo sylvestris-
camphoratus,
Comunidade psamófílica de Stauracanthus spectabilis, Thymus
Rivas-Martínez, T.E. Díaz & F. Fernández-González 1990
4. Thymo camphorati-Stauracanthetum spectabilis (Rothmaler 1954)
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2260 da Rede
Distribuição biogeográfica: Sector Ribatagano-Sadense.
A. Molinietalia caeruleae Koch 1926
Trifolium pratense. A.1. Juncion acutiflori Br.-Bl. in Br.-Bl. & Tüxen 1952
1. Cirsio palustris-Juncetum rugosi Neto, Capelo, J.C. Costa & Lousã 1996
295
Características no território: Carex distans, Carex flacca, Holcus lanatus, Lotus corniculatus subsp. corniculatus, Oenanthe lachenalii, Plantago lanceolata, Prunella vulgaris, Schoenus nigricans, Senecio jacobea, Trifolium resupinatum,
alcançar a região Mediterrânica, ainda que de uma forma empobrecida.
pelo homem. Normalmente representam uma etapa de substituição antrópica dos bosques ripícolas caducifólios da Salici-Populenea nigrae. As comunidades desta classe distribuem-se pela região Eurossiberiana, mas conseguem
Vegetação de prados densos e juncais que crescem em solos profundos, húmidos e raramente submersos. É constituída por espécies vivazes que na sua maioria são hemicriptófitos e que em certas ocasiões podem ser exploradas
VIII. MOLINIO-ARRHENATHERETEA Tüxen 1937
Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Distribuição
mesomediterrânico inferior.
Representam etapas de degradação do Oleo sylvestris-Quercetum Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral. Halimium halimifolium, Lavandula lusitanica, Halimium calycinum, suberis ou das comunidades da Juniperion turbinatae. subserial do Oleo sylvestris-Quercetum suberis. Características no território: Armeria pinifolia, Armeria rouyana, Cistus libanotis (=C. Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, raramente bourgaeanus), Dianthus broteri subsp. hinoxianus, Halimium calycinum, Halimium Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido.
arenosos pobres em nutrientes (charneca seca), em dunas antigas.
Matos psamofílicos perenifólios, que se desenvolvem em solos
Aliança única.
Rivas- B.1. Coremation albi Rothmaler 1943
Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990
B.
ssp. congestus e Cistus × pulverulentus (Cistus crispus × C. albidus)).
Oenanthe
296
lappaceum.
indicus,
pimpinelloides,
Scirpoides
holoschoenus,
B.1. Molinio-Holoschoenion vulgaris Br.-Bl. ex Tchou 1948
Serapias cordigera, Silene laeta.
undulatum, Juncus acutiflorus subsp. rugosus, Scutellaria minor,
Características no território: Carum verticillatum, Hypericum
Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Distribuição biogeográfica: de distribuição atlântica e Província
mediterrânicos oceânicos
Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
3. Galio palustris-Juncetum maritimi Rivas-Martínez & Costa in Rivas-Martínez,
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 6410pt3 da Rede NATURA 2000.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
nutrientes.
hidromórficos, com gley, estagnação permanente de água freática e pobre em
Juncais de Juncus effusus e Juncus acutiflorus subsp. rugosus, em solos arenosos,
Castroviejo & E. Valdés 1980
2. Juncetum rugoso-effusi Rivas-Martínez & Costa in Rivas-Martínez, Costa,
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 6410pt3 da Rede NATURA 2000.
Distribuição biogeográfica: Distrito Sadense, atingindo o Costeiro Português.
bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica:
supramediterrânicos,
Piso(s)
superfície. termomediterrânico
vomeracea.
Diferenciais no território: Scirpoides holoschoenus, Serapias
mesotróficos.
Comunidades características de solos pobres, oligotróficos a
Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
B.1.a. Brizo-Holoschoenenion (Rivas Goday 1964) Rivas-Martínez in
arundinacea, Ranunculus bulbosus subsp. aleae, Sonchus aquatilis.
Linum tenue, Lysimachia ephemerum, Molinia caerulea subsp.
rectum, Erica erigena, Euphorbia hirsuta, Hypericum tomentosum,
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 6420 da Rede NATURA 2000.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico.
centímetros da superfície (solo com pseudogley).
mesotróficos a oligotróficos, cujo lençol freático, no Inverno, está a poucos
Juncal de Juncus acutus e Scirpoides holoschoenus, a desenvolver-se em solos arenosos
Castroviejo & E. Valdés 1980
4. Holoschoeno-Juncetum acuti Rivas-Martínez & Costa in Rivas-Martínez, Costa,
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 6420 da Rede NATURA 2000.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
a Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
encharcados por água doce.
permeáveis, que mantêm o nível freático muito próximo da Juncal de Juncus maritimus, que se desenvolve em solos arenosos temporariamente
Trifolium Características no território: Cochlearia glastifolia, Dorycnium
Festuca arundinacea subsp. mediterranica, Hypericum pubescens, Melilotus
Características no território: Blackstonia perfoliata, Cyperus eragrostis,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
húmidos e profundos.
intensa. Subserial do Viti viniferae-Salicetum atrocinereae.
Piso(s) bioclimático(s): termotemperado a supratemperados e Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
explorados.
Prados/juncais, instalados em solos oligotróficos e pouco Juncais de turfeiras degradadas ou semi-secas em condições de oligotrofia e anoxia
Prados junceiformes, tipicamente mediterrânicos, que crescem em solos Prados e juncais de hemicriptófitos, sobre solos húmidos,
B. Holoschoenetalia vulgaris Br.-Bl. ex Tchou 1948
Lotus pedunculatus, Ranunculus flammula.
acutiflorus subsp. acutiflorus, Juncus articulatus, Juncus effusus, Lobelia urens,
Características no território: Cirsium palustre, Equisetum palustre, Juncus
ocorrer, também, no ocidente da região Mediterrânica.
Distribuição biogeográfica: de óptimo eurossiberiano, mas que podem
Piso(s) bioclimático(s):
Prados temperados, higrófilos, de solos húmidos com gley.
Nègre 1952]
vezes cascalhentos, que ficam inundados pelas águas dos rios mediterrânicos.
muito
húmidos,
comunidade pode coincidir espacialmente com o habitat 1130pt1 da Rede NATURA
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3290 da Rede NATURA 2000. Esta
Distribuição biogeográfica:
território:
Lythrum
junceum,
cobertura
elevada,
em
solos
profundos,
Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
7. Trifolio resupinati-Caricetum chaetophyllae Rivas-Martínez & Costa in Rivas-
significativo nas comunidades vegetais vasculares indígenas” (ALFA 2006, p. 304).
“embora se estruturem em comunidades estáveis admite-se que têm um impacte pouco
Distribuição biogeográfica:
,
termomediterrânico
a
vulgaris, os quais correspondem ao habitat 6420 da Rede NATURA 2000.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
fontes, margens de charcos e ribeiras frequentadas pelo gado.
longifolia, Mentha suaveolens.
297
permanentemente encharcados e fortemente nitrificados, como sejam ao redor de
Epilobium tetragonum subsp. tetragonum, Juncus inflexus, Mentha Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Cyperus longus subsp. badius,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
encharcados e fortemente nitrificados.
Prados e juncais, em solos hidromórficos, frequentemente Juncal de Juncus inflexus com Mentha suaveolens que ocorre em lugares
8. Mentho suaveolentis-Juncetum inflexi Rivas-Martínez in Sánchez-Mata 1989
mediterrânicos não halófilos e não nitrófilos da aliança Molinio-Holoschoenion
officinalis. D.3. Mentho-Juncion inflexi De Foucault 1984
Estatuto de conservação: Não tem. Forma com frequência mosaicos com juncais
conglomeratus, Rumex crispus, Teucrium scordium subsp. scordioides, Verbena
Ibérica Ocidental.
Distribuição biogeográfica: Províncias Lusitano-Andaluza Litoral e Mediterrânica
Piso(s) bioclimático(s):
Juncetum maritimi e Juncetum rugoso-effusi.
nitrofilizados. Resultam do pastoreio do Holoschoeno-Juncetum acuti, Galio palustris-
Agrostis stolonifera entre outras, que se desenvolvem solos arenosos húmidos, algo
major subsp. major, Potentilla reptans, Ranunculus repens, Rumex
arundinacea, Hypochoeris radicata subsp. radicata, Lolium perenne, Plantago dactylon, Lactuca saligna, Medicago arabica, Trifolium fragiferum.
Características no território: Agrostis stolonifera, Festuca arundinacea subsp. Características no território: Carex divisa subsp. divisa, Cynodon
temperada.
bioclimático(s):
supramediterrânicos
Piso(s)
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: Apresentam distribuição mediterrânica e
estival.
em azoto orgânico e mineral.
elevada, muitas vezes temporariamente inundados, em solos enriquecidos compactados pelo pisoteio ou pastoreio, suportando a secura Prados densos formados por Carex divisa, Trifolium resupinatum, Cynodon dactylon,
de
D.2. Trifolio fragiferi-Cynodontion Br.-Bl. & O. Bolòs 1958
Prados e arrelvados vivazes, pastoreados, pisoteados, de humidade Arrelvados
D. Plantaginetalia majoris Tüxen & Preising in Tüxen 1950
no
dilatatum, Paspalum distichum (=P. paspalodes), Polypogon viridis.
Características
2000 (Estuários mediterrânicos), embora não contribua para esse facto – é, aliás, Paspalum
encharcados,
considerada uma comunidade dominada por plantas alóctones pouco agressivas e
temporariamente
e Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s):
eutrofizados e nitrofilizados.
solos
Distribuição biogeográfica: Apresentam distribuição, Cantabro-Atlântica Distribuição biogeográfica: de óptimo mediterrânico,
termotemperada a mesotemperada
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico a mesomediterrânico e
com azoto mineralizado.
temporariamente inundados ou submersos, nas margens de rios, em solos Arrelvados dominados por gramíneas reptantes, que ocorrem em Piso(s) bioclimático(s):
Prados ricos em gramíneas vivazes, rizomatosas, alóctones, neotropicais,
[Paspalo-Agrostion verticillati Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Arrelvado de Paspalum paspalodes que cobrem depósitos limosos, arenosos e por
[Paspalo-Heleochloetalia Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952]
Bartolomé, Martínez-Parras & Ollala 1988
Nègre 1952 nom. mut.
nom. mut.
C. Crypsio-Paspaletalia distichi Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952 C.1. Paspalo-Polypogonion viridis Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & 5. Ranunculo scelerati-Paspaletum paspalodis Rivas Goday 1964 corr. Peinado,
Fernández-González 1991
& Cano in P. Gomes, P. Ferreira & Meireles 2007
Distribuição biogeográfica:
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 6220pt4* da
Distribuição biogeográfica: Distritos Sadense e Costeiro Vicentino.
Euphorbia oxyphylla, Stipa gigantea (=Celtica gigantea).
ricos
em
gramíneas
vivazes
e
altas,
seminitrófilos,
Capelo, Espírito Santo & Lousã 2002
bioclimático(s):
298
Distribuição biogeográfica:
semiáridos a sub-húmidos.
Piso(s)
inframediterrânicos
a
mesomediterrânicos,
e em campos de cultura abandonados em que haja alguma nitrificação.
clymenum.
integrifolia, Andryala laxiflora, Daucus crinitus, Hyparrhenia sinaica, Lathyrus
Características no território: Allium subvillosum, Andryala integrifolia var.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 6220pt3* da
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, seco.
sinaica e Daucus crinitus.
Associação de encostas de rochas siliciosas, dominada por Hyparrhenia
1999
Fernández-González & Sánchez-Mata 1986 corr. Díez Garretas & Asensi
A.1. Hyparrhenion sinaicae Br.-Bl., P. Silva & Rozeira 1956 corr. J.C. Costa, 1. Dauco criniti-Hyparrhenietum sinaicae Rivas-Martínez in Rivas-Martínez,
principalmente em solos ricos, situados em escarpas rochosas ou argilosas Aliança única no território.
Arrelvados
A. Hyparrhenietalia hirtae Rivas-Martínez 1978
Gladiolus italicus, Phagnalon saxatile subsp. saxatile.
Características no território: Allium pallens, Allium sphaerocephalon, Arrhenatherum album, Bituminaria bituminosa (=Psoralea bituminosa), Brachypodium retusum, Convolvulus althaeoides, Dactylis hispanica, Dipcadi serotinum,
salinidade. Ecologicamente representam uma das primeiras etapas subseriais dos microbosques e matagais xerofílicos e esclerofilos da Quercetea ilicis.
Vegetação mediterrânica, herbácea, densa, constituída por gramíneas vivazes, de folhas rijas, com porte elevado e profundamente enraizadas. Apresentam carácter xerofílico e colonizam solos ricos em bases, sem hidromorfia e
X. LYGEO-STIPETEA Rivas-Martínez 1978 nom. conserv.
parviflora, Thapsia villosa.
Ranunculus gramineus, Rumex angiocarpus, Serapias lingua, Serapias subsp. hackelii, Avenula hackelii subsp. stenophylla, Margotia gummifera,
Características no território: Carex divisa var. chaetophylla, Linum bienne, Características no território: Arrhenatherum baeticum, Avenula hackelii Rede NATURA 2000.
orocantabrica, atingindo localmente o norte de África
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental e
Piso(s) bioclimático(s): mesomediterrânico a supramediterrânico, seco a Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido. sub-húmido,
Piso(s) bioclimático(s):
do Oleo sylvestris-Quercetum suberis.
cambissolos profundos.
em bases, de zonas chuvosas.
Pastos e arrelvados vivazes, ricos em terófitos, em solos profundos, pobres Comunidades dominadas por gramíneas vivazes do género Stipa, em Arrelvado vivaz de Stipa gigantea, em solos arenosos profundos, subserial
Castroviejo & Valdés-Bermejo 1980
A. Agrostietalia castellanae Rivas-Martínez in Rivas-Martínez, Costa, A.1. Agrostio castellanae-Stipion giganteae Rivas Goday ex Rivas-Martínez & 1. Euphorbio trastaganae-Celticetum giganteae P. Gomes, P. Ferreira, Mendes
Características no território: Agrostis castellana, Dactylis glomerata subsp. lusitanica, Gaudinia fragilis var. fragilis, Sanguisorba verrucosa.
mediterrânica ocidental e madeirense.
Arrelvados vivazes, silicícolas, ricos em endemismos, subseriais dos bosques da Quercion broteroi e da Quercion pyrenaicae, mesomediterrânicos e supramediterrânicos, secos a húmidos e submediterrânicos, de distribuição
IX. STIPO GIGANTEAE-AGROSTIETEA CASTELLANAE Rivas-Martínez, Fernández-González & Loidi 1999
Comunidades mediterrânicas, de dunas litorais e areias sublitorais. Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica: Características no território: Anagallis monelli var. linifolia, Herniaria
Ordem única.
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica:
Características no território: Corynephorus canescens var. maritimus.
1. Herniario maritimae-Corynephoretum maritimi P. Gomes, P. Ferreira,
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2330 da Rede NATURA
Vicentino.
Distribuição biogeográfica: Distritos Olissiponense, Sadense e Costeiro
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
Arrelvado de Corynephorus maritimus com Herniaria maritima, em dunas.
Cano & S. Mendes 2006
mut.
Associação terofítica fugaz, de fenologia primaveril, em solos silícios
Termomediterrânico
a
supramediterrânico
Características no território: Airopsis tenella, Coronilla dura, Galium
Distribuição biogeográfica: e distribuição mediterrânica
bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico, sub-húmido.
suberis S.
Micropyrum tenellum, Moenchia erecta, Molineriella laevis, Ornithopus
Linaria spartea, Logfia gallica, Logfia minima, Lotus conimbricensis,
(=Anthyllis lotoides), Jasione montana subsp. gracilis, Lathyrus sphaericus, Teesdalia coronopifolia, Vulpia muralis.
lusitanica subsp. lusitanica, Filago lutescens, Hymenocarpos lotoides cymosa, Paronychia echinulata, Plantago bellardii, Pterocephalus diandrus,
Aphanes australis (=A. microcarpa), Briza maxima, Briza minor, Campanula minuta subsp. minuta, Ononis cintrana, Ornithopus pinnatus, Paronychia
299
Coronilla dura, Teesdalia coronopifolia, subserial de Asparago aphylli-Querco
cupaniana, Andryala integrifolia var. corymbosa, Anthoxanthum aristatum, angulatus, Linum trigynum, Molineriella minuta subsp. australis, Molineriella Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Aira caryophyllea subsp. caryophyllea, Aira divaricatum, Hypochoeris glabra, Jasione montana subsp. montana, Lathyrus
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
inferior.
Piso(s)
de textura superficial pedregosa, arenosa, ou limosa, com alguma
consolidação.
Trifolium cherleri, Tuberaria guttata, Ornithopus pinnatus, Ornithopus compressus, Ornithopus perpusillus, Aira caryophyllea, Tolpis barbata,
solos oligotróficos geralmente pouco profundos e às vezes pouco ácidos, primaveril, tornando-se secas no Verão.
Comunidades terofíticas, siliciosas e pioneiras que se desenvolvem em Associações silicícolas, em solos areno-limosos, de desenvolvimento oligotróficos ou em litossolos, onde participam Plantago bellardii,
Rivas-Martínez 1978 num. mut.
A. Tuberarietalia guttati Br.-Bl. in Br.-Bl., Molinier & Wagner 1940 em. A.1. Tuberarion guttatae Br.-Bl. in Br.-Bl., Molinier & Wagner 1940 nom. 1. Trifolio cherleri-Plantaginetum bellardii Rivas Goday 1958
minima, Petrorhagia nanteuilii, Scorpiurus muricatus, Silene colorata, Silene conica, Trifolium campestre, Trifolium stellatum, Vicia disperma.
Características no território: Arenaria conimbricensis, Arenaria leptoclados, Asterolinon linum-stellatum, Brachypodium distachyon, Evax ramosissima, Leontodon taraxacoides subsp. longirostris, Medicago littoralis, Medicago minima, Mibora
inferior xérico e pluviestacional, consegue atingir os territórios eurossiberianos e termotemperado a supratemperados submediterrânicos ou estépicos.
hidromorfia, nos quais a competição é pequena para as plantas vivazes. Estes meios costumam ser pobres em matéria orgânica não humificada. De distribuição mediterrânica em bioclima termomediterrânico a oromediterrânico
Vegetação de terófitos primaveris e do princípio do Verão, pioneiros efémeros, de pequeno tamanho e de carácter xerofílico, indiferente à composição química do substrato, que ocupa biótopos não nitrificados e sem
XIII. TUBERARIETEA GUTTATAE (Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952) Rivas Goday & Rivas-Martínez 1963 em. Rivas-Martínez 1978 nom. mut.
maritima, Herniaria scabrida var. unamunoana, Sesamoides spathulifolia.
A.1. Corynephorion canescentis Klika 1931
A. Corynephoretalia canescentis Klika 1934
em nutrientes e com distribuição eurossiberiana e mediterrânica ocidental em territórios oceânicos e subcontinentais pluviestacionais.
Arrelvados vivazes, pioneiros, abertos, com secura estival, mesotemperados a supratemperados e termomediterrânico a supramediterrânicos, ricos em terófitos efémeros, desenvolvendo-se em solos arenosos incipientes, pobres
XII. KOELERIO-CORYNEPHORETEA Klika in Klika & Novák 1941
A.1.a. Tuberarienion guttatae num. mut.
villosa,
Romulea
ramiflora
subsp.
gaditana,
Rumex
300
Pseudorlaya pumila, Silene nicaeensis.
Características no território: Cutandia maritima, Polycarpon alsinifolium,
Distribuição biogeográfica: Mediterrânica e Cantabro-Atlântica.
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades das dunas costeiras, submetidas à influência da salsugem.
C. Cutandietalia maritimae Rivas-Martínez, Díez Garretas & Asensi 2002
bucephalophorus subsp. hispanicus, Vulpia membranacea.
Pimpinella
Rivas-Martínez & Izco 2002
bioclimático(s):
euoceânico.
Piso(s)
Termomediterrânico
a
no
território:
Arenaria
algarbiensis,
Corynephorus
Loeflingia baetica var. micrantha, Rumex bucephalophorus subsp. hispanicus,
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2230pt2 da Rede
Distribuição biogeográfica: Sector Ribatagano-Sadense.
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico, seco a sub-húmido.
subserial de Oleo sylvestris-Quercetum suberis.
Malcolmia lacera subsp. gracillima, Coronilla repanda subsp. repanda,
biogeográfica:
no
território:
subsp.
Miniense,
serpyllifolium
litorais,
Ononis cossoniana, Pseudorlaya minuscula, Silene littorea subsp. littorea.
lusitanicum, Hedypnois arenaria, Herniaria algarvica, Linaria ficalhoana,
Características
Chaenorhinum
Lusitano-Andaluza
murciano-almerienses e tingitanas.
Distribuição
Piso(s) bioclimático(s):
Associações de dunas litorais semifixas.
1984
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2230pt1 da Rede
Vicentino e Sadense.
Distribuição biogeográfica: Distritos Costeiro Vicentino, Promontório
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
Santo & Lousã 1994.
observa-se a subassociação chaenorhinetosum lusitanicae J.C. Costa, Espírito
ficalhoanae, Herniaria algarvica. Nas dunas consolidadas do território
Associação psamófila dunar, caracterizada pelos endemismos Linaria
C.1. Linarion pedunculatae Díez Garretas, Asensi & Esteve in Díez Garretas 3. Herniario algarvicae-Linarietum ficalhoanae Díez Garretas 1984
Ononis broteriana, Ononis dentata, Ononis hackelii, Scilla odorata.
triloba subsp. triloba (=Malcolmia lacera subsp. lacera), Ononis baetica,
tavaresiana, Lotus arenarius, Malcolmia triloba subsp. gracillima, Malcolmia
baetica var. baetica, Loeflingia baetica var. micrantha, Loeflingia baetica var.
fasciculatus, Corynephorus macrantherus, Linaria algarviana, Loeflingia
Características
mesomediterrânico,
Comunidades psamófilas costeiras, sem influência da salsugem.
Martínez 1978]
[Anthyllido hamosae-Malcolmion lacerae Rivas Goday 1958 em. Rivas- Associação psamófila, caracterizada por Corynephorus macrantherus,
Martínez 1978 nom. mut.
B.1. Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae Rivas Goday 1958 em. Rivas- 2. Corynephoro macrantheri-Arenarietum algarbiensis P. Silva & Teles ex
trichophyllum, Lotus castellanus, Lotus hispidus, Malcolmia Distribuição biogeográfica: Lusitano-Andaluza litorais
ramosissima, Ononis diffusa, Ornithopus isthmocarpus, Ornithopus sativus,
Leucojum
bipinnatum, Evax lusitanica, Hymenocarpos hamosus, (=Anthyllis hamosa),
Características no território: Agrostis tenerrima, Coronilla repanda, Erodium
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
que se desenvolvem em solos arenosos profundos não consolidados.
Comunidades terofíticas, psamófilas e pioneiras, de floração primaveril,
B. Malcolmietalia Rivas Goday 1958
myuros.
striatum, Trifolium strictum, Tuberaria guttata, Vulpia bromoides, Vulpia
scabriflora, Teesdalia nudicaulis, Tolpis barbata, Trifolium arvense, Trifolium
portensis, Silene psammitis subsp. psammitis, Silene scabriflora subsp. Comunidades em solos areno-limosos.
subsp. bucephalophorus, Rumex bucephalophorus subsp. gallicus, Silene
compressus, Ornithopus perpusillus, Psilurus incurvus, Rumex bucephalophorus
bioclimático(s):
termomediterrânico
a
mesomediterrânico
algeriensis.
Picris spinifera, Stachys germanica subsp. lusitanica, Stachys officinalis subsp.
Características no território: Cheirolophus sempervirens, Picris algarbiensis,
monchiquenses e algarvias.
Distribuição biogeográfica: portuguesas sadenses, costeiras vicentinas,
inferiores,
Piso(s)
Orlas neutro-acidófilas a basófilas, em calcários descalcificados,
A.1.a. Stachyo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis Capelo 1996
Clinopodium arundanum, Origanum virens, Silene mellifera subsp. mellifera.
Características no território: Arabis stenocarpa, Calamintha baetica,
béticas.
Distribuição biogeográfica: Províncias Mediterrânica Ibérica Ocidental e
ombroclima seco a húmido,
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico a mesomediterrânico de
Comunidades
Díaz, F. Prieto, Loidi & Penas
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Distrito Monchiquense.
húmido a hiper-húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, sub-
viridis-Quercetum suberis e Euphorbio monchiquensis-Quercetum canariensis.
lusitanica, Stachys officinalis subsp. algeriensis, orla sombria do Lavandulo
lopezii, Origanum virens, Centaurea crocata, Stachys germanica subsp.
Associação silicícola, constituída por Cheirolophus sempervirens, Senecio
A.1. Origanion virentis Rivas-Martínez & O. Bolòs in Rivas-Martínez, T.E. 1. Senecio lopezii-Cheirolophetum sempervirentis Capelo 1996
biótopos antrópicos.
Vegetação nitrófila vivaz, escionitrófila de orlas semi-sombrias de
A. Galio aparines-Alliarietalia petiolatae Görs & Müller 1969
Molinier 1958
301
Comunidades hemicriptofíticas, humícolas que vivem nas orlas florestais Comunidade, nitrófila, megafórbica, de fenologia invernal, em solos
Görs, Korneck, Lohmeyer, Müller, Philippi & Seibert 1967
A.1. Galio-Alliarion petiolatae Oberdorfer & Lohmeyer in Oberdorfer, 1. Urtico membranaceae-Smyrnietum olusatri A. & O. Bolòs in O. Bolòs &
Características no território: Galium aparine, Lamium maculatum, Stellaria neglecta.
em nutrientes, na margem de rios e áreas palustres em que a dessecação não existe ou é muito atenuada. Apresenta distribuição holártica, em bioclima temperado, mediterrânico chuvoso e termoboreal.
Vegetação perene, hemicriptofítica de trepadeiras e de ervas altas de orlas de bosques nitrofilizados e de outras comunidades em biótopos semi-sombreados, de origem antrópica. Ocorre em locais mésicos, de solos húmidos, ricos
XV . GALIO-URTICETEA Passarge ex Kopecký 1969
sanguineum.
Características no território: Carex divulsa subsp. divulsa Geranium
mediterrânica
caucasiana, orocantábrica temperada e submediterrânico e ibérico
Distribuição biogeográfica: com distribuição europeia central, alpino-
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades calcícolas, ou mesotróficas, em solos ricos.
A. Origanetalia vulgaris Müller 1962
Características no território: Agrimonia eupatoria, Campanula rapunculus, Carex muricata subsp. lamprocarpa, Clinopodium vulgare, Lathyrus sylvestris, Silene latifolia, Vicia tenuifolia.
termomediterrânico a supramediterrânicos.
Vegetação herbácea vivaz da orla natural, semi-sombria, húmicola e não nitrófila dos bosques climácicos e seus mantos pré-florestais, tanto eurossiberianos como mediterrânicos, chuvosos, termotemperado a supratemperados e
XIV TRIFOLIO-GERANIETEA Müller 1962
Termomediterrânico
pluviestacional
e
bioclimático(s):
Termomediterrânico
a
mesomediterrânico
2. Galio aparines-Conietum maculati Rivas-Martínez ex G. López 1978
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 6430pt1 da Rede
Distribuição biogeográfica: Sub-região Mediterrânica Ocidental.
húmido a hiper-húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, sub-
nitrofilizados.
Smyrnium olusatrum, que se observa nas margens e interior de bosques
sobretudo em locais sombrios de permanência de animais, dominada por
profundos, próximo de agregados habitacionais, base de rochedos e
biogeográfica:
,
com
distribuição
mediterrânica
e
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Galium aparine, Urtica dioica.
proximidade de muros ou paredes, presidida por Conium maculatum,
3. Arundini donacis-Convolvuletum sepium Tüxen & Oberdorfer ex O. Bolòs
B.1. Calystegion sepium Tüxen ex Oberdorfer 1957 nom. mut.
302
Mediterrânica.
mas atinge, ainda que de forma empobrecida, os grandes rios da Região
Distribuição biogeográfica: Tem o seu óptimo na Região Eurossiberiana
Piso(s) bioclimático(s):
Características no território: Arundo donax, Calystegia sepium.
Distribuição biogeográfica:
acentuada.
Mediterrânica em biótopos com água permanente ou estiagem pouco
Distribuição biogeográfica: Região Eurossiberiana, penetrando na região
Piso(s) bioclimático(s):
abandonados com alguma humidade edáfica.
lenta), onde predominam hemicriptófitos helofíticos e escandentes.
Piso(s) bioclimático(s):
Canavial que ocupa margens de ribeiras nitrofilizadas e campos agrícolas
encharcados, (margens de locais com água estagnada ou de corrente plantas perenes e trepadeiras.
1962
NATURA 2000.
panacifolia.
Características no território: Ballota nigra subsp. foetida, Magydaris Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 6430pt1 da Rede
submediterrânico
Distribuição
Piso(s) bioclimático(s):
húmidos.
Orlas de bosques e locais semi-sombrios em biótopos antrópicos, Associação de solos profundos e húmidos, de orlas de bosques,
A.2. Balloto-Conion maculati Brullo in Brullo & Marcenò 1985
Urtica membranacea.
Características no território: Smyrnium olusatrum, Tradescantia fluminensis,
Distribuição biogeográfica: Cantabro-Atlântica e mediterrânicas.
inferior, termotemperado submediterrânico.
Piso(s)
Comunidades
González & Loidi 1999
A.1.a. Smyrnienion olusatri Rivas Goday ex Rivas-Martínez, Fernández-
perfoliatum, Torilis japonica.
Características no território: Arabis glabra, Silene dioica, Smyrnium
Distribuição biogeográfica:
Vegetação vivaz, nitrófila sobre solos hidromórficos, geralmente Comunidades mediterrânicas de margens de linhas de água ricas em
B. Calystegietalia sepium Tüxen 1950 em. Mucina 1993 nom. mut.
maculatum, Geum urbanum, Lapsana communis.
bioclimático(s):
termotemperado a mesotemperado submediterrânico, sub-húmido a
Piso(s)
e à beira de muros sombrios.
Características no território: Alliaria petiolata, Anthriscus sylvestris, Conium húmido.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Rhagadiolus edulis.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Ordem única.
profundas e terrosas, dominada por Parietaria lusitanica acompanhada de Anogramma leptophylla, Anthriscus caucalis, Cardamine hirsuta.
Parietaria lusitanica, Parietaria mauritanica.
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
303
purpureum, Cardamine hirsuta, Centranthus calcitrapae, Urtica membranacea.
presidida por Galium minutulum, Myosotis ramosissima, Geranium
primaveril, em solos arenosos costeiros sob coberto de sabinas-da-praia, e
Associação escionitrófila de desenvolvimento invernal e floração
& E. Valdés 1980
2. Geranio purpurei-Galietum minutuli Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Características no território: Galium minutulum, Mercurialis elliptica, Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico.
Distribuição biogeográfica: de distribuição mediterrânica ocidental
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico a mesomediterrânico
Associação de fendas de rochas ácidas (granitos, xistos) muito sombrias,
Ladero in Rivas-Martínez 1978
1985 Comunidades escionitrófilas.
1. Anogrammo leptophyllae-Parietarietum lusitanicae Rivas-Martínez &
A. Geranio purpurei-Cardaminetalia hirsutae Brullo in Brullo & Marcenò A.1 Parietarion lusitanico-mauritanicae Rivas-Martínez & Cantó 2002
parviflorus, Torilis arvensis subsp. neglecta, Torilis leptophylla, Torilis nodosa.
Características no território: Anthriscus caucalis, Cardamine hirsuta, Centranthus calcitrapae, Draba muralis, Fumaria capreolata, Galium spurium, Geranium dissectum, Geranium purpureum, Geranium rotundifolium, Ranunculus
Apresentam distribuição mediterrânica e temperada submediterrânico.
Comunidades de terófitos efémeros que prosperam no interior e margem dos bosques ou matagais ligeiramente nitrofilizados (escionitrófilas), e ocasionalmente ao pé de muros sombrios, em solos ricos em matéria orgânica.
XVI GERANIO PURPUREI-CARDAMINETEA HIRSUTAE Rivas-Martínez, Fernández-González & Loidi (1999) 2002
Pulicaria dysenterica var. dysenterica, Scrophularia auriculata.
Características no território: Epilobium hirsutum, Epilobium parviflorum,
bioclimático(s):
Termomediterrânico
a
supramediterrânico
ocasionalmente
alcançam
Distribuição biogeográfica:
horizonte
inferior
do
304
subsp. thapsus.
Subprovíncias
Luso-Estremadurense
e
bioclimático(s):
Termomediterrânico
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica:
atingindo o supramediterrânico.
Piso(s)
a
mesomediterrânico
abundante pastoreio, presidida por Cynara humilis e Galactites tomentosa.
Comunidade silicícola ao longo de caminhos, estradas e pastos com
2. Galactito tomentosae-Cynaretum humilis Rivas Goday 1964 nom. invers.
Estatuto de conservação: Não tem.
Carpetano-Leonesa.
Comunidades primaveris temporãs, formadas por grandes cardos,
Cardal presidido pelo Silybum marianum, de fenologia primaveril, própria
[Silybo-Urticion Sissingh ex Br.-Bl. & O. Bolòs 1958]
de zonas com muito gado bovino.
Costa & Loidi 1992
invers.
A.2. Urtico piluliferae-Silybion mariani Sissingh ex Br.-Bl. & 1958 nom 3. Carduo bourgeani-Silybetum mariani Rivas-Martínez ex Rivas-Martínez,
strigosus, Notobasis syriaca, Scolymus maculatus.
biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico.
margens de caminhos.
andar Cardal de Carthamus lanatus, subnitrófilo, silicioso, a desenvolver-se em
Valle 1983]
[Carlino corymbosae-Carthametum lanati Ladero, F. Navarro & C. J.
Lousã & Penas 2002
1983 corr. Rivas-Martínez, T.E. Díaz, Fernández-González, Izco, Loidi,
piperitum, Scolymus hispanicus, Verbascum sinuatum, Verbascum thapsus Características no território: Cynara humilis, Daucus maximus, Echinops Distribuição
Centaurea collina, Cynoglossum creticum, Foeniculum vulgare subsp.
Carlina corymbosa, Carthamus lanatus subsp. lanatus, Centaurea aspera,
o
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico e mesomediterrânicos, que
profundos.
Cardais mediterrânicos ocidentais, indiferentes edáficos, em solos secos
T.E. Díaz, Fernández-González, Izco, Loidi, Lousã & Penas 2002
A.1. Onopordion castellani Br.-Bl. & O. Bolòs 1958 corr. Rivas-Martínez, 1. Carlino hispanicae-Carthametum lanati Ladero, F. Navarro & C. J. Valle
Características no território: Atractylis gummifera, Carduus bourgeanus, supramediterrânico,
Distribuição biogeográfica: de distribuição mediterrânica
inferior.
Piso(s)
Cardais e comunidades de ervas altas.
A. Carthametalia lanati Brullo in Brullo & Marcenò 1985
Reseda luteola, Verbascum pulverulentum.
Características no território: Allium ampeloprasum, Carduus pycnocephalus, Carduus tenuiflorus, Carlina corymbosa subsp. hispanica, Centaurea calcitrapa, Chondrilla juncea, Cichorium intybus, Eryngium campestre, Hyoscyamus niger,
animais. Apresentam desenvolvimento tardivernal ou estival e distribuição mediterrânica e eurossiberiana.
Comunidades nitrófilas ou subnitrófilas, dominadas por grandes cardos, bem como de outras plantas bienais ou vivazes arrosetadas, características de solos removidos, bermas de caminhos e estradas ou locais de repouso de
XVIII A. ONOPORDENEA ACANTHII Rivas-Martínez, Báscones, T.E. Díaz, Fernández-González & Loidi 2002
Características no território: Artemisia vulgaris, Daucus carota, Dipsacus comosus, Lactuca serriola, Marrubium vulgare, Reseda lutea subsp. lutea, Rumex pulcher subsp. divaricatus, Salvia verbenaca subsp. verbenaca.
ou menos húmidos. Apresentam distribuição mediterrânica pluviestacional, temperada, holártica e são citadas em áreas tropicais como neófitos.
Vegetação nitrófila vivaz de tamanho e biomassa variáveis, frequentemente formada por grandes herbáceas, cardos bienais ou perenes ou outras plantas de porte elevado, que prosperam em solos profundos nitrofilizados e mais
XVII ARTEMISIETEA VULGARIS Lohmeyer, Preising & Tüxen in Tüxen 1950 ex von Rochow 1951
bioclimático(s):
Mesomediterrânico,
Estatuto de conservação: Não tem.
Piso(s) bioclimático(s):
atingir
algarvia.
Distribuição biogeográfica: costeira vicentina, promontória vicentina e
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
Scabiosa atropurpurea, Verbascum litigiosum.
revoluta, Dittrichia viscosa, Piptatherum miliaceum subsp. miliaceum,
Estatuto de conservação: Não tem.
costeira vicentino e promontório vicentino.
305
Distribuição biogeográfica: costeira portuguesa, olissiponense, sadense,
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
Verbascum litigiosum.
Associação de dunas nitrofilizadas presidida por Ononis ramosissima e
Vicente Orellana 1997
6. Verbasco litigiosi-Ononidetum ramosissimae Galán de Mera, I. Sánchez &
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido.
intybus, Picris echioides, Conyza spp. etc.
Dittrichia viscosa, Piptatherum miliaceum, Foeniculum piperitum, Cichorium
Comunidade viária e de campos agrícolas abandonados, formada por
5. Inulo viscosae-Piptatheretum miliaceae O. Bolòs 1957 nom. mut.
Características no território: Centaurea aspera subsp. stenophylla, Dittrichia Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
ricos em caméfitos e hemicriptófitos.
Comunidades subnitrófilas, de entulhos e campos agrícolas abandonados Associação indiferente edáfica, bem caracterizada por Dittrichia revoluta.
A.3. Bromo-Piptatherion miliacei O. Bolòs 1970 nom. mut.
Silybum marianum.
Características no território: Cynara algarbiensis, Cynara cardunculus,
4. Inuletum revolutae O. Bolòs ex Rivas-Martínez 2002
Distribuição biogeográfica: Região Mediterrânica.
Distribuição biogeográfica:
podendo
pontualmente o termomediterrânico e supramediterrânico superior.
Piso(s)
temporal.
até à entrada do Verão e suportam bem o encharcamento e a hidromorfia
natureza química do substrato. Necessitam de alguma humidade no solo
próprias de solos profundos, bem arejados, removidos e indiferentes à
Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Comunidade de infestante dos arrozais.
oryzoides subsp.
Schoenoplectus mucronatus (Scirpus mucronatus).
Echinochloa
oryzoides,
Rotala
indica,
Echinochloa crus-galli subsp. hispidula, Echinochloa oryzoides subsp. oryzicola,
supramediterrânico,
solos
306
Lavatera arborea, Plumbago europaea, Salsola vermiculata subsp. vermiculata.
Características no território: Artemisia arborescens, Atriplex halimus,
Fernández-González & J.C. Costa (1990) 2002
Distribuição biogeográfica: Distritos Algarvio e costeira vicentina.
Características no território: Suaeda vera (dif. al.)
halimus.
caracterizada por Salsola vermiculata, Suaeda vera, Frankenia laevis, Atriplex
Comunidade baixa halonitrófila de margem de sapais, salinas e arribas,
& Espírito Santo 1997
2. Frankenio laevis-Salsoletum vermiculatae J.C. Costa in J.C. Costa, Lousã
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1430 da Rede NATURA
Piso(s) bioclimático(s): Inframediterrânico a termomediterrânico, seco.
litorais
Salsola vermiculata, Suaeda vera, Atriplex halimus.
Associação halonitrófila de arribas, caracterizada por Lycium intricatum,
Fernández-González & J.C. Costa 1990]
profundos, [Salsolo vermiculatae-Lycietum intricati Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz,
Distribuição biogeográfica: Murciano-almerienses e Lusitano-Andaluza
a
em
Distribuição biogeográfica: Sub-Região Mediterrânica Ocidental
Termomediterrânico
aero-halinos),
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico semiárido
bioclimático(s):
(ou
ocasionalmente com a toalha freática superficial.
semiárido, árido e seco inferior
Piso(s)
Matos
Vegetação camefítica e nanofanerofítica, nitrófila e halonitrófila. halonitrófilos
Martínez 1963
1954
A. Salsolo vermiculatae-Peganetalia harmalae Br.-Bl. & O. Bolòs 1958 ou A.1. Carthamo arborescentis-Salsolion oppositifoliae Rivas Goday & Rivas- 1. Cynomorio coccinei-Lycietum intricati Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz,
Características no território: Ballota hirsuta, Fagonia cretica, Lycium intricatum, Ruta angustifolia, Solanum sodomeum.
xérico e pluviestacional nas regiões Mediterrânicas e Saariana Oceânica.
Vegetação nitrófila ou halonitrófila, arbustiva, composta por caméfitos e nanofanerófitos suculentos, incluindo arbustos tropicais alóctones. Distribui-se pelos andares termomediterrânico a oromediterrânico inferior, desértico,
XX PEGANO-SALSOLETEA Br.-Bl. & O. Bolòs 1958
Aliança única
Associações infestantes dos arrozais mediterrânicos.
1. Oryzo sativae-Echinochloetum crus-galli Soó ex Ubrizsy 1948
Características no território: Ammannia coccinea, Cyperus difformis, Estatuto de conservação: Não tem.
A.1. Oryzo sativae-Echinochloion oryzoidis O. Bolòs & Masclans 1955
A. Cypero difformis-Echinochloetalia oryzoidis O. Bolòs & Masclans 1955
Características no território: Schoenoplectus supinus.
Comunidades de infestantes dos arrozais, onde predominam terófitos, e hemicriptófitos hidrofílicos, de distribuição tropical, mediterrânica e temperada de verões quentes.
XIX. ORYZETEA SATIVAE Miyawaki 1960
Lusitano-Andaluza
sadense,
Distribuição biogeográfica:
Distribuição biogeográfica:
2. Euphorbietum chamaesyco-prostratae Rivas-Martínez 1976
Estatuto de conservação: Não tem.
Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Distribuição biogeográfica: Províncias Lusitano-Andaluza Litoral, Bética e
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica:
Chamaesyce serpens (=Euphorbia serpens).
Características no território: Chamaesyce prostrata (=Euphorbia prostrata), Estatuto de conservação: Não tem.
termófilos presidida por Chamaesyce prostrata, Chamaesyce serpens.
Verão em territórios holárticos quentes e frios.
307
Comunidades com neófitos tropicais e subtropicais, desenvolvendo-se no Comunidade vernal-outonal, de passeios e locais empedrados pisoteados,
A.2. Chamaesycion prostratae Rivas-Martínez 1976 nom. mut.
coronopus subsp. coronopus, Poa annua, Polygonum arenastrum, Polygonum stolonifera, Polycarpon tetraphyllum, Spergularia purpurea.
Características no território: Coronopus didymus, Cotula australis, Plantago Características no território: Crassula tillaea, Crepis pusilla, Gymnostyles
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
stolonifera.
estival-vernal e de óptimo em áreas de invernos frescos ou quentes, em núcleos urbanos e locais próximos, presidida pelo neófito Gymnostyles solos não argilosos.
aviculare, Sagina apetala, Spergularia rubra var. rubra.
1. Solivetum stoloniferae Rivas-Martínez 1975
litoral,
Comunidades de solos pisoteados, mediterrânicas, com desenvolvimento Comunidade que coloniza as gretas de passeios e locais empedrados, de
Comunidades holárticas e de territórios extratropicais.
Loidi 1991
1972 corr. Rivas-Martínez, Báscones, T.E. Díaz, Fernández-González &
A. Polygono arenastri-Poetalia annuae Tüxen in Géhu, Richard & Tüxen A.1. Polycarpion tetraphylli Rivas-Martínez 1975
Comunidades terofíticas nitrófilas, com frequentes plantas perenes, rasteiras, adaptadas a solos pisoteados, em caminhos de áreas urbanas e rurais, de distribuição cosmopolita.
XXI POLYGONO-POETEA ANNUAE Rivas-Martínez 1975
Helichrysum stoechas subsp. stoechas, Thymus mastichina.
Estatuto de conservação: Não tem.
biogeográfica:
Características no território: Helichrysum italicum subsp. serotinum,
Distribuição
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
pontualmente...(Praia das Furnas)
Características no território: Santolina impressa.
Piso(s) bioclimático(s):
removidas, caracterizada pelo endemismo Santolina impressa.
Associação nitrófila, psamófila, de margem de caminhos e areias
Distribuição biogeográfica:
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
de caminhos e estradas e subserial de bosques.
Helichrysum, características de campos agrícolas abandonados e margens
Comunidades camefíticas ricas em espécies subnitrófilas de Santolina e
Lousã 1997
Parras 1984 Comunidades em solos siliciosos arenosos e areno-limosos.
3. Santolinetum impressae Rivas-Martínez ex Neto, Capelo, J.C. Costa &
B. Helichryso stoechadis-Santolinetalia squarrosae Peinado & Martínez- B.1. Artemisio glutinosae-Santolinion rosmarinifoliae Costa 1975
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1430 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Características no território: Chamaemelum fuscatum, Mibora minima.
Distribuição biogeográfica: centro, oeste e sul da Península Ibérica
Piso(s) bioclimático(s):
Associações silicícolas em solos areno-limosos mesotróficos.
A.1.a. Spergulo pentandrae-Arabidopsienion thalianae Rivas Goday 1964
Spergula arvensis, Spergularia purpurea.
secalinus, Chamaemelum mixtum, Papaver argemone, Scleranthus annuus,
Características no território: Anthemis arvensis, Aphanes arvensis, Bromus
Distribuição biogeográfica: eurossiberianas e mediterrânicas
308
Distribuição biogeográfica: eurossiberianas e mediterrânicas,
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades de infestantes de culturas de verão.
Passchier 1946) O. Bolòs 1962
mediterrânica.
Distribuição biogeográfica: com distribuição atlântico-medioeuropeia e
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades de culturas estivo-outonais,
B. Solano nigri-Polygonetalia convolvuli (Sissingh in Westhoff, Dijk & B.1. Polygono-Chenopodion polyspermi Koch 1926
Distribuição biogeográfica: eurossiberianas e mediterrânicas
Piso(s) bioclimático(s):
inferior.
Piso(s)
bioclimático(s):
Termomediterrânico
a
mesomediterrânico
Echinochloa crus-galli, Amaranthus hybridus, Setaria pumila.
caracterizada pela presença de Echinochloa colonum, Digitaria sanguinalis,
Associação de infestantes de fenologia estival de culturas de verão,
2. Setario glaucae-Echinochloetum colonae O. Bolòs 1956
Estatuto de conservação: Não tem.
o Divisório Português.
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Luso-Estremadurense, atingindo
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Chamaemelum fuscatum, Chrysanthemum segetum.
Piso(s) bioclimático(s):
siliciosos arenosos ou limosos, caracterizada por Coleostephus myconis,
Associação de pousios, culturas cerealíferas, vinhas e pomares, em solos
solos arenosos e areno-limosos, pobres em bases.
Dijk & Passchier 1946
Comunidades messícolas de desenvolvimento invernal ou primaveril de Comunidades messícolas de solos pobres em bases.
Tüxen 1960
A. Aperetalia spicae-venti J. Tüxen & Tüxen in Malato-Beliz, J. Tüxen & A. 1. Scleranthion annui (Kruseman & Vlieger 1939) Sissingh in Westhoff, 1. Chrysanthemo myconis-Anthemidetum fuscatae Rivas Goday 1964
hybridum, Papaver somniferum subsp. setigerum, Raphanus raphanistrum, Vicia angustifolia, Vicia sativa, Vicia villosa.
Características no território: Anagallis arvensis, Anagallis foemina, Arabidopsis thaliana Coleostephus myconis, Fallopia convolvulus, Fumaria muralis, Lamium amplexicaule, Lamium purpureum, Lathyrus aphaca, Lathyrus cicera, Papaver
Vegetação arvense e infestante das culturas.
XXIIA. STELLARIENEA MEDIAE
subsp. asper, Sonchus oleraceus, Stellaria media, Veronica arvensis, Viola arvensis subsp. arvensis.
album, Erodium malacoides, Eruca vesicaria subsp. sativa, Filago pyramidata, Matricaria recutita, Melilotus segetalis subsp. segetalis, Mercurialis ambigua, Oxalis corniculata, Senecio vulgaris, Sinapis arvensis, Solanum nigrum, Sonchus asper
Características no território: Amaranthus retroflexus, Anthemis cotula, Atriplex patula, Bromus hordeaceus, Bromus sterilis, Bromus tectorum, Calendula arvensis, Capsella rubella, Cardaria draba, Cerastium glomeratum, Chenopodium
vegetação vivaz ou anual de grande biomassa. Ampla classe de distribuição holártica com irradiação cosmopolita.
urbanas e agrícolas, como as margens de caminhos e estradas, culturas agrícolas, etc., e de uma maneira geral todos os ecótipos submetidos à acção humana. Consegue normalmente suportar a competição com outros tipos de
Vegetação nitrófila ou subnitrófila, constituída por terófitos ou pequenos geófitos que povoam durante um período do ano diversos meios ricos em matérias azotadas. Com muita frequência ocupam os solos removidos de áreas
XXII STELLARIETEA MEDIAE Tüxen, Lohmeyer & Preising ex von Rochow 1951
crus-galli, Digitaria sanguinalis, Setaria verticillata) de fenologia verno-
Comunidade de infestantes onde predominam gramíneas (=Echinochloa
4. Heliotropio europaei-Amaranthetum albi Rivas Goday 1964
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
biogeográfica:
Subprovíncias
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico
bioclimático(s):
Termomediterrânico
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Sul da Península Ibérica.
inferior.
Piso(s)
a
309
mesomediterrânico
Comunidade, dominada por Oxalis pes-caprae própria de culturas de regadio com o óptimo em citrinos.
Associações de floração hemivernal.
Luso-Estremadurense,
5. Citro-Oxalidetum pedis-caprae O. Bolòs 1975
Estatuto de conservação: Não tem.
Carpetano-Leonesa e castelhano-manchega.
Distribuição
Piso(s) bioclimático(s):
caracterizada por Heliotropium europaeum, Amaranthus albidus.
pobre em carbonatos, pouco ou nada irrigados e pouco adubados,
B.3. Fumarion wirtgenii-agrariae Brullo in Brullo & Marcenò 1985
Heliotropium europaeum, Kickxia lanigera, Platycapnos spicata.
Características no território: Cyperus rotundus, Euphorbia segetalis,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
de verão não cerealíferas e floração estivo-outonal.
Comunidades mediterrânicas de plantas infestantes de culturas e pousios Associação medianamente nitrificada, a prosperar em solos siliciosos ou
B.2. Diplotaxion erucoidis Br.-Bl. in Br.-Bl., Gajewski, Wraber & Walas 1936
subsp. crus-galli, Leersia oryzoides.
Características no território: Echinochloa colona, Echinochloa crus-galli
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades de plantas infestantes de culturas de Verão em solos outonal em solos areno-limosos de aluvião. arenosos pobres. Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a supramediterrânico.
Passchier 1946) Oberdorfer 1957
Martínez-Parras 1985 C.1.a. Digitario ischaemi-Setarienion viridis (Sissingh in Westhoff, Dijk &
3. Setario verticillatae-Echinochloetum cruris-galli Peinado, Bartolomé &
Xanthium strumarium.
Estatuto de conservação: Não tem.
Setaria verticillata, Setaria viridis, Stachys arvensis, Veronica persica,
erucoides, Misopates orontium, Myosotis arvensis, Polygonum persicaria, vaillantii, Galinsoga parviflora.
Amaranthus hybridus, Ammi visnaga, Chrysanthemum segetum, Diplotaxis Euphorbia helioscopia, Euphorbia peplus, Fumaria officinalis, Fumaria
Características no território: Amaranthus albus, Amaranthus cruentus, Características no território: Digitaria ischaemum, Digitaria sanguinalis, Distribuição biogeográfica: Sul e Sudoeste da Península Ibérica.
1936 em. Rivas-Martínez 1977
bioclimático(s):
maioritariamente
termomediterrânico
a
Chenopodium vulvaria, Cnicus benedictus, Conyza bonariensis, Conyza
Chenopodium ambrosioides, Conyza canadensis, Ecballium elaterium, Emex
310
bioclimático(s):
termomediterrânico
a
mesomediterrânico,
davaei, Malva parviflora.
Características no território: Lavatera cretica, Lavatera mauritanica subsp.
Distribuição biogeográfica:
semiárido a sub-húmido.
Piso(s)
Associações, começando a aparecer após as chuvas outonais e invernais.
C.1.b. Malvenion parviflorae Rivas-Martínez 1978
floração no Verão
Termomediterrânico a supramediterrânico e submediterrânico com
D.1.a. Chenopodienion muralis
Amaranthus graecizans, Amaranthus hypochondriacus, Atriplex prostrata, Portulaca oleracea, Tribulus terrestris, Xanthium spinosum.
spinosa, Lamarckia aurea, Sisymbrio irio, Urtica urens.
Distribuição biogeográfica: Sul da Península Ibérica e Norte de África.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Distribuição biogeográfica: Ocidente peninsular.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Malva parviflora, Hyoscyamus albus, Urtica urens, Urtica membranacea.
Comunidade de entulhos e vazadouros muito soalheiros, constituída por
1978
8. Hyoscyamo albi-Malvetum parviflorae (Rivas Goday 1964) Rivas-Martínez
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
parviflora, Emex spinosa, Urtica urens, Arctotheca calendula.
rurais submetidas a uma forte acção antrópica, caracterizada por Malva
Associação de solos arenosos muito nitrofilizados, de áreas urbanas ou
Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
7. Emici spinosae-Malvetum parviflorae Rivas-Martínez in Rivas-Martínez,
Chenopodium murale, Chenopodium opulifolium, Chenopodium urbicum, Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Amaranthus muricatus, Amaranthus viridis,
Distribuição biogeográfica:
Características no território: Amaranthus blitoides, Amaranthus deflexus, sumatrensis (=Conyza albida), Datura stramonium, Malva nicaeensis,
podendo alcançar áreas temperadas ou tropicais frias,
Distribuição biogeográfica: comuns nos territórios mediterrânicos,
supramediterrânico, seco a semiárido
Piso(s)
dominada por Chenopodium murale.
anuais cosmopolitas. Piso(s) bioclimático(s):
Comunidade estivo-outonal, própria de entulhos e imediações de casas,
Comunidades vegetais anuais, acentuadamente nitrófilas, rica em espécies irradiações eurossiberianas.
Vegetação muito nitrófila, urbana e rural, de óptimo mediterrânico, com
6. Chenopodietum muralis Br.-Bl. in Br.-Bl., Gajewski, Wraber & Walas 1936
C. Chenopodietalia muralis Br.-Bl. in Br.-Bl., Gajewski, Wraber & Walas C.1. Chenopodion muralis Br.-Bl. in Br.-Bl., Gajewski, Wraber & Walas 1936
Características no território: Crepis foetida, Erodium moschatum, Rhagadiolus stellatus subsp. stellatus, Senecio lividus.
Vegetação ruderal e viária, nitrófila e subnitrófila de distribuição holártica, de óptimo mediterrânico e irradiação cosmopolita.
XXIIB. CHENOPODIO-STELLARIENEA Rivas Goday 1956
Comunidade dominada por Mesembryanthemum nodiflorum, que povoa
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco a sub-húmido.
no
território:
terofíticas,
primaveris
e
subnitrófilas,
de
invernos
a
Canária.
húmido.
Lupinus luteus, Malva hispanica, Medicago orbicularis, Medicago rigidula, geniculata.
Estatuto de conservação: Não tem. 311
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico, sub-
Vulpia geniculata.
edáfica, caracterizada por Galactites tomentosa, Echium plantagineum,
Arrelvado denso, que se desenvolve em olivais e pousios, indiferente
Vulpietum incrassatae O. Bolòs & Molinier 1969]
& Molinier 1969 corr. O. Bolòs, Molinier & P. Montserrat 1970 Galactito-
[sensu auct. lus. Galactito tomentosae-Vulpietum membranaceae O. Bolòs
Hedypnois cretica, Lolium rigidum, Lotus edulis, Lupinus angustifolius, intermedia, Silene fuscata, Silene scabriflora subsp. tuberculata, Vulpia Distribuição biogeográfica: Ocidente da Península Ibérica.
Bromus rigidus, Bromus rubens, Bromus squarrosus, Centaurea pullata, Gastridium ventricosum, Medicago ciliaris, Medicago murex, Melilotus elegans,
Bellardia trixago, Bromus diandrus, Bromus lanceolatus, Bromus madritensis, Características no território: Echium plantagineum, Galactites tomentosa,
barbata, Avena barbata subsp. lusitanica, Avena sterilis subsp. sterilis,
sub-húmidos
termomediterrânicos
Distribuição biogeográfica: Sub-Regiões Mediterrânica Ocidental e
temperados e chuvosos
euoceânicos,
maioritariamente
bioclimático(s):
mesomediterrânicos,
Piso(s)
instaladas campos agrícolas abandonados em solos ricos, mesotróficos.
Características no território: Astragalus hamosus, Avena barbata subsp.
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas ocidentais,
Piso(s) bioclimático(s):
preferencialmente em campos agrícolas abandonados.
Comunidades
Mera 2008
Comunidades subnitrófilas, de grande biomassa, própria de pousios e
11. Rumici angiocarpi-Coleostephetum myconis Vicente Orellana & Galán de
crystallinum,
Bolòs 1975
Mesembryanthemum
D. Thero-Brometalia (Rivas Goday & Rivas-Martínez ex Esteve 1973) O. D.1. Echio plantaginei-Galactition tomentosae O. Bolòs & Molinier 1969
Mesembryanthemum nodiflorum.
Características
Arábica.
Distribuição biogeográfica: Regiões Mediterrânica, Macaronésica e Saaro-
algumas ocasiões enriquecidos em sais solúveis. Em zonas mais chuvosas Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral. só ocorre em estações litorais. Estatuto de conservação: Não tem. Piso(s) bioclimático(s): ombroclima árido a seco.
removidos ou alterados, mas geralmente bastante ruderalizados e em
Mesembryanthemum, que crescem em estações rochosas e em solos
Associações dominadas por terófitos prostrados e suculentos do género margens de salinas e caminhos salgados.
González 1993
Rodríguez, Pérez de Paz, García Gallo, Acebes, T.E. Díaz & Fernández- Costa, Lousã & Espírito Santo 1996
C.2. Mesembryanthemion crystallini Rivas-Martínez, Wildpret, Del Arco, O. 10. Spergulario bocconei-Mesembryanthemetum nodiflori J.C. Costa in J.C.
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Sul e oeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
nitrificados e compensados hidricamente.
Comunidade dominada por Lavatera cretica, própria de solos muito
Carretero & Aguilella 1995
9. Sisymbrio irionis-Lavateretum creticae (Mateo & M.B. Crespo 1988)
Estatuto de conservação: Não tem.
truncatula,
Melilotus
sulcatus,
Nonea
vesicaria,
Phalaris Br.-Bl., G. Br.-Bl., Rozeira & P. Silva 1972
bioclimático(s):
biogeográfica:
costeiras
e
Onubense.
Distribuição biogeográfica: Desde o Costeiro Português até ao Sector
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
caracterizada pela presença de Vulpia alopecurus, Chamaemelum mixtum.
Comunidade de dunas nitrofilizadas de solos arenosos removidos, sendo
13. Bromo tectorum-Stipetum capensis Rivas-Martínez & Izco 1977
biogeográfica:
Carpetano-Leonesa.
Distribuição
Subprovíncias
triuncialis, Stipa capensis, Taeniatherum caput-medusae.
Luso-Estremadurense.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Características no território: Aegilops geniculata, Aegilops neglecta, Aegilops Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas ocidentais
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a supramediterrânico.
dimensões de floração no início de Verão.
substrato e ao grau de trofia, onde predominam gramíneas de pequenas textura areno-limosa, dominada por Stipa capensis.
e
Aliança de comunidades subnitrófilas, indiferentes à natureza química do Arrelvados de carácter termófilo, subnitrófilo, em solos siliciosos de
D.3. Taeniathero-Aegilopion geniculatae Rivas-Martínez & Izco 1977
gaditana, Silene longicaulis, Vulpia alopecuros.
meonanthus, Lagurus ovatus, Linaria viscosa, Ononis pinnata, Reichardia Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Avena longiglumis, Brassica oxyrrhina, Carduus
litorais,
termotemperado
Lusitano-Andaluza
termomediterrânico
Cantabro-Atlântica, béticas, murciano-almerienses e tingitanas
Distribuição
submediterrânicos,
Piso(s)
lagopus, Chrysanthemum coronarium (em solos calcários), Arctotheca
coronarium, Chrysanthemum coronarium var. discolor, Daucus muricatus,
Asphodelus fistulosus, Bromus scoparius, Chrysanthemum coronarium var.
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica.
Características no território: Anacyclus clavatus, Anacyclus radiatus, Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, sub-húmido.
calendula (em solos arenosos), etc.
312
polymorpha, Rumex pulcher subsp. pulcher, Sisymbrium officinale.
Diplotaxis virgata, Erodium chium, Hirschfeldia incana, Hordeum leporinum, Estatuto de conservação: Não tem. Características no território: Arctotheca calendula, Crepis vesicaria subsp. Plantago lagopus, Rostraria cristata, Rumex pulcher subsp. woodsii. haenseleri, Geranium molle, Lamarckia aurea, Malva sylvestris, Medicago
Eurossiberiana.
o seu óptimo na região Mediterrânica, mas pode ser encontrada na região
Distribuição biogeográfica: com uma grande distribuição geográfica, tem
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: Região Mediterrânica.
Piso(s) bioclimático(s):
radiatus, Lolium rigidum, Erodium moschatum, Bromus diandrus, Plantago
margens de caminhos e de estradas.
Associação, viária, em que são comuns Hordeum leporinum, Anacyclus
Martínez 1978
desenvolver-se a seguir às chuvas outonais, em meios antrópicos, como
corr. O. Bolòs 1962
Comunidades subnitrófilas de floração primaveril que começam a Vegetação viária?
Martínez, Báscones, T.E. Díaz, Fernández-González & Loidi 1991
E. Sisymbrietalia officinalis J. Tüxen in Lohmeyer & al. 1962 em. Rivas- E.1. Hordeion leporini Br.-Bl. in Br.-Bl., Gajewski, Wraber & Walas 1936 14. Anacyclo radiati-Hordeetum leporini O. Bolòs & Rivas-Martínez in Rivas-
Urospermum picroides, Vulpia ciliata.
Espírito Santo, Izco & Arsénio 2000
Martínez, Costa, Castroviejo & Valdés ex J.C. Costa, Lousã, Capelo,
D.2. Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris Br.-Bl., Rozeira & P. Silva in 12. Chamaemelo mixti-Vulpietum alopecuroris Rivas-Martínez in Rivas-
cherleri, Trifolium hirtum, Trigonella monspeliaca, Trigonella polyceratia, Comunidades subnitrófilas e psamófilas.
picroides, Senecio gallicus, Silene gallica, Trifolium angustifolium, Trifolium
brachystachys, Phalaris canariensis, Phalaris minor, Plantago afra, Reichardia
Medicago
capillus-veneris, speciosum.
Eucladium Características no
território:
Didymodon
spadiceum,
Eurhynchium
(classe Phagnalo-Rumicetea indurati) no habitat 6110* (Ramos Pereira 1990).
inclusão das comunidades da Calendulo lusitanicae-Antirrhinion linkiani
das especificidades regionais, à semelhança do efectuado aquando da
(Turfeiras sublitorais), aplicando a flexibilidade prevista para integração
comunidade em causa, defende-se a sua inclusão no habitat 7140pt3
2000, no entanto, dada a importância ecológica e o valor natural da
correspondência entre estas comunidades e um habitat da Rede NATURA
classe de vegetação Adiantetea. Como tal, não é possível estabelecer uma
Estatuto de conservação: A Directiva 92/43/CEE é omissa no que respeita à
Distribuição biogeográfica: Litoral a sul da Ericeira.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Associação das arribas litorais.
J.C. Costa 2007
1. Didymodon spadicei-Adiantetum capilli-veneris Neto, Capelo, C. Sérgio &
Sonchus tenerrimus, Umbilicus rupestris.
Ficus carica, Hyoscyamus albus, Lavatera maritima, Parietaria judaica,
Características no território: Cymbalaria muralis, Erigeron karwinskianus,
Distribuição biogeográfica: holárticas
Piso(s) bioclimático(s):
2. Asplenietum marini Br.-Bl. & Tüxen 1952
batidas por ventos carregados de sal.
ventos carregados de sal.
313
Comunidades casmofíticas dominadas por fetos, em rochas litorais Associação fissurícola dos rochedos atlânticos litorais salpicados por
A.2. Asplenion marini Rivas-Martínez & Izco 2002
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Ampla distribuição holártica.
termotemperado a supratemperado, de seco a sub-húmido.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a supramediterrânico e
Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica:
karwinskianus.
rochosas.
Comunidades de paredes urbanas e de refúgios de animais em superfícies Associação urbana e rural, caracterizada por Parietaria judaica e Erigeron
Comunidades.
1. Parietarietum judaicae K. Buchwald 1952
A.1. Parietario-Galion muralis Rivas-Martínez in Rivas Goday 1964
A. Parietarietalia Rivas-Martínez in Rivas Goday 1964
Características no território:
Vegetação nitrófila, rupícola mural, por vezes epifítica, formada por casmófitos exigentes em nitratos e sais amoniacais. Apresenta distribuição holártica e prospera bem, em ambientes urbanos e rurais.
XXIV PARIETARIETEA Rivas-Martínez in Rivas Goday 1964
verticillatum.
Adiantum
Distribuição biogeográfica:
Distribuição biogeográfica:
território:
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
no
Aliança única.
Ordem única.
Características
A.1. Adiantion capilli-veneris Br.-Bl. ex Horvatic 1934
A. Adiantetalia capilli-veneris Br.-Bl. ex Horvatic 1939
Características no território:
Comunidades de paredes e penhascos ressumantes de águas carbonatadas, termomediterrânico a supramediterrânico ou temperado submediterrânicos.
XXIII ADIANTETEA Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952
Distribuição biogeográfica: Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Características no território: Asplenium marinum.
Associação cosmofítica, rupícola, esciófila dominada pela Selaginella
Piso(s)
Características no território: Polypodium cambricum.
Termomediterrânico
a
mesomediterrânico,
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 8220pt3 da Rede
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
314
Sedum mucizonia.
Características no território: Phagnalon saxatile (dif.), Rumex induratus,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Ordem única.
A. Phagnalo saxatilis-Rumicetalia indurati Rivas Goday & Esteve 1972
Características no território:
de África magrebino.
C.J. Valle 1984
nevadenses e oroibérico-sorianos
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental,
Piso(s) bioclimático(s):
rochedos siliciosos.
Estremadurense.
Distribuição biogeográfica: Tem o óptimo na Subprovíncia Luso-
Piso(s) bioclimático(s):
presentes Rumex induratus, Phagnalon saxatile e Dianthus lusitanus.
locais pedregosos de quartzitos, de granitos, xistos ou calcários estando
Associações heliófilas e xerófilas, colonizadoras de grandes fendas de Comunidade saxícola, primocolonizadora em taludes de estradas, de
Fuente 1986
A.1. Rumici indurati-Dianthion lusitani Rivas-Martínez, Izco & Costa ex V. 1. Phagnalo saxatilis-Rumicetum indurati Rivas-Martínez ex F. Navarro &
Vegetação saxícola e casmocomofítica que coloniza gretas e fissuras grandes de rochas, assim como taludes rochosos e terrosos, termomediterrânico a oromediterrânica e temperada submediterrânico da Península Ibérica e norte
XXVI PHAGANALO-RUMICETEA INDURATI (Rivas Goday & Esteve 1972) Rivas-Martínez, Izco & Costa 1973
Características no território: Anogramma leptophylla.
Atlântica.
Distribuição biogeográfica: Região Mediterrânica e Província Cantabro-
pluviestacional e termotemperado a mesotemperado, submediterrânico.
bioclimático(s):
orgânica.
próprias de orlas de bosques, taludes e muros sombrios, ricos em matéria
Comunidades cosmofíticas, efémeras, brio-pteridofíticas e herbáceas denticulata.
Fernández-González & Loidi 1999
A.1. Selaginello denticulatae-Anogrammion leptophyllae Rivas-Martínez, 1. Selaginello denticulatae-Anogrammetum leptophyllae Molinier 1937
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Ordem única.
A. Anomodonto-Polypodietalia O. Bolòs & Vives in O. Bolòs 1957
Características no território:
humidade. Distribui-se por locais de clima temperado e mediterrânico, oceânico e hiperoceânico.
Vegetação epifítica de sombra, brio-pteridofítica, própria de rochedos húmidos e sombrios ou de taludes terrosos compactados e grandes fissuras de rochas com uma fina camada de terra (exocomófitos) e que mantêm a
XXV ANOMODONTO-POLYPODIETEA Rivas-Martínez 1975
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
Características
Otanthus maritimus.
Características no território: Calystegia soldanella, Eryngium maritimum,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
móveis influenciadas pela salsugem.
Vegetação dominada por gramíneas vivazes que povoam as dunas litorais
A. Ammophiletalia Br.-Bl. 1933
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2120 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Litoral a sul de Peniche.
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
315
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 2110 da Rede NATURA
Características no território: Elytrigia juncea subsp. juncea (=Elymus farctus 2000.
Noruega e ainda em zonas meridionais do Báltico.
europeias Podem ser observadas desde o cabo Mogador até ao sul da Distribuição biogeográfica: Litoral a sul de Quiaios.
Distribuição biogeográfica: das praias mediterrânicas e eurossiberianas
boreoatlantica e Elytrigia juncea.
Associação das dunas embrionárias em que participam Elytrigia
Comunidades colonizadoras das dunas embrionárias. Piso(s) bioclimático(s):
Rivas-Martínez 2005
Tüxen 1952 nom. invers. et nom. mut.
A.2. Honckenyo peploidis-Elytrigion boreoatlanticae Tüxen in Br.-Bl. & 2. Elytrigietum junceo-boreoatlantici J.C. Costa, Neto, Lousã, Capelo &
Características no território: Ammophila arenaria subsp. australis.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
características das dunas móveis.
Comunidades dominadas por Ammophila arenaria subsp. australis
A.1.a. Ammophilenion australis
Mediterrâneo.
Europa e norte de África (até ao cabo Mogador, Marrocos) e do Mar
Distribuição biogeográfica: Colonizam as costas ocidentais, atlânticas da
acompanhada de Lotus creticus.
Associação das cristas dunares móveis dominada pela Ammophila australis
Comunidades de dunas móveis dominadas pelo estorno. Piso(s) bioclimático(s):
2002
1990
in Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Días, Fernández-González & J.C. Costa Martínez, T.E. Díaz, Fernández-González, Izco, Loidi, Lousã & Penas
A.1. Ammophilion australis Br.-Bl. 1921 corr. Rivas-Martínez, Costa & Izco 1. Loto cretici-Ammophiletum australis Rivas-Martínez 1965 corr. Rivas-
Características no território: Anthemis maritima, Cyperus capitatus, Euphorbia paralias, Lotus creticus, Medicago marina, Pancratium maritimum, Polygonum maritimum.
Báltico e atinge o arquipélago da Madeira.
Vegetação de dunas costeiras móveis ou semifixas dominada por gramíneas rizomatosas e caméfitos psamófilos. Distribui-se pelas costas atlânticas e mediterrânicas da Europa, penetra ligeiramente nas dunas embrionárias do
XXVII AMMOPHILETEA Br.-Bl. & Tüxen ex Westhoff, Dijk & Passchier 1946
Coincya Estatuto de conservação: Não tem.
marizianum,
bellidifolium,
Conopodium
Anarrhinum
pseudoerucastrum,
território:
subsp.
no
Dianthus lusitanus, Erysimum linifolium.
pseudoerucastrum
no
território:
Aetheorhiza
bulbosa
subsp.
bulbosa,
picardii, Iberis procumbens, Linaria lamarckii, Thymus carnosus.
crithmifolia, Echium gaditanum, Euphorbia boetica, Helichrysum picardii var.
maritima, Armeria pungens, Armeria welwitschii subsp. welwitschii, Artemisia
Características no território: Anagallis monelli var. microphylla, Anthemis
galaico-asturiana (entre Punta Palomas (Cádis) e cabo Prior (Astúrias)
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental e
Piso(s) bioclimático(s):
colonizam as dunas litorais semifixas.
Comunidades de caméfitos psamófilos, ricas em endemismos que
Martínez, Fernández-González & Loidi 1999
Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 2130pt1* da
Distribuição biogeográfica: Litoral entre o Tejo e Tarifa.
Piso(s) bioclimático(s):
Associação das dunas fixadas por caméfitos.
Lousã, T.E. Días, Fernández-González & J.C. Costa 1990) ex Rivas- Martínez 1958
B.1. Helichrysion picardii (Rivas-Martínez, Costa & Izco in Rivas-Martínez, 3. Artemisio crithmifoliae-Armerietum pungentis Rivas Goday & Rivas-
316
Piso(s) bioclimático(s):
azoto, das praias e sapais das costas europeias e norte africanas.
Comunidades dominadas por terófitos, que ocupam estações ricas em
Martínez, Costa & Loidi 1992
sul do cabo Carvoeiro.
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas que colonizam as praias para
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades
A. Cakiletalia integrifoliae Tüxen ex Oberdorfer 1950 corr. Rivas- A.1. Cakilion maritimae Pignatti 1953
Características no território: Atriplex prostrata (dif.), Beta maritima var maritima, Euphorbia peplis, Glaucium flavum, Salsola kali subsp. kali.
Distribuição biogeográfica: Litoral a sul de Peniche.
Piso(s) bioclimático(s):
que ocorre na praia alta, onde o mar deposita os detritos.
Comunidade halonitrófila mediterrânica, formada por Cakile maritima
1. Salsolo kali-Cakiletum maritimae Costa & Mansanet 1981 nom. mut.
orgânicos trazidos pelo mar durante as marés vivas. São comunidades anuais pobres em espécies que podem, também, colonizar as dunas litorais submetidas a forte acção antrópica e ainda as orlas dos sapais.
Vegetação halonitrófila e psamófila pioneira, dominada por terófitos migradores, que possuem normalmente caules e folhas algo suculentos. Colonizam areias litorais, principalmente em zonas onde se acumulam restos
XXVIII CAKILETEA MARITIMAE Tüxen & Preising in Tüxen 1950
ramosissima, Scrophularia frutescens, Seseli tortuosum.
Crucianella maritima, Euphorbia portlandica, Malcolmia littorea Ononis
Características
Atlântica e franco-atlântica.
Distribuição biogeográfica: Tem distribuição mediterrânica, Cantabro-
Piso(s) bioclimático(s):
semifixas (dunas cinzentas).
Comunidades dominadas por caméfitos que crescem nas dunas litorais
B. Crucianelletalia maritimae Sissingh 1974
farctus subsp. boreali-atlanticus).
Características no território: Elytrigia juncea subsp. boreoatlantica (Elymus
Distribuição biogeográfica: atlânticas
Piso(s) bioclimático(s):
Vegetação de dunas embrionárias.
Martínez, Costa Castroviejo & E. Valdés 1980 nom. mut.
A.2.a. Elytrigienion boreoatlanticae Rivas-Martínez & Géhu in Rivas-
subsp. farctus) (dif. al.).
aegyptiaca).
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades das arribas marítimas.
A. Crithmo-Limonietalia Molinier 1934 nom. mut.
Crithmo-Daucion
halophili Rivas-Martínez,
Lousã,
T.E.
Días, 1. Spergulario rupicolae-Limonietum virgati Neto, J.C. Costa, Capelo, Caraça
Sardão.
Distribuição biogeográfica: Distrito Costeiro Vicentino, a norte do cabo
Piso(s) bioclimático(s):
Dactylis marina e Daucus halophilus.
virgatum, Spergularia rupicola, Plantago occidentalis, Crithmum maritimum,
Comunidade de arribas xistosas do, em que são comuns Limonium
occidentalis, Spergularia australis.
salsugem,
dominada
pelo
endemismo
Dittrichia
maritima,
317
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1240 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: A sul de Vila Nova de Milfontes.
Piso(s) bioclimático(s):
acompanhado por diversas espécies de Crithmo-Limonietea.
Pliocénico (Ramos Pereira 1990), e dominada por Plantago almogravensis,
Comunidade muito rara, ocorrendo sobre arenitos vermelhos do
3. Comunidade de Plantago almogravensis
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1240 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Litoral a sul do cabo Sardão.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico, seco.
acompanhado de diversas plantas da Crithmo-Staticetea.
de
Comunidade das arribas xistosas elevadas, expostas aos ventos carregados
2. Dittrichietum maritimae J.C. Costa, Arsénio & Neto ass. nova hoc loco
2000.
Helichrysum decumbens, Limonium multiflorum, Plantago coronopus subsp. Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1240 da Rede NATURA
algarbiensis, Calendula incana, Carlina corymbosa, Daucus halophilus,
Características no território: Armeria pungens subsp. major, Calendula
Distribuição biogeográfica: Lusitano-Andaluza
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades das arribas litorais.
Fernández-González & J.C. Costa 1990
Fernández-González & J.C. Costa 1990 Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Días, & M.D. Pereira 2005
A.1.
Características no território: Asteriscus maritimus, Crithmum maritimum, Limonium virgatum, Plantago macrorhiza.
Vegetação casmófítica mediterrânica, das arribas marítimas, constituída por geófitos, hemicriptófitos e alguns caméfitos sujeitos a uma forte secura edáfica e a uma permanente influência dos ventos marítimos carregados de sal.
2000.
Características no território: Cakile maritima (=Cakile maritima subsp. Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1210 da Rede NATURA
XXIX CRITHMO-LIMONIETEA Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952 nom. mut.
Distribuição biogeográfica:
Juncais e prados halófilos, Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica: litorais e continentais.
Comunidades
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas
318
acutus, Puccinellia tenuifolia, Spartina versicolor.
Juncais litorais, euoceânicos.
A.1.a. Juncenion maritimi
Características no território: Elytrigia elongata (=Elymus elongatus), Juncus Características no território: Centaurium tenuiflorum, Juncus subulatus.
A.1. Juncion maritimi Br.-Bl. ex Horvatic 1934
A. Juncetalia maritimi Br.-Bl. ex Horvatic 1934
Características no território: Apium graveolens, Aster tripolium subsp. pannonicus, Carex extensa, Juncus maritimus, Spergularia marina.
como a Sarcocornietea fruticosae. Distribui-se pelas costas atlânticas, mediterrânicas e depressões salgadas do continente europeu.
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidade monoespecífica constituída pela invasora Spartina patens.
3. Comunidade de Spartina patens
NATURA 2000.
conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1410 e integra também o
Distribuição biogeográfica: Desde o Guadalquivir até ao Mondego.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Juncal dominado por Juncus maritimus.
& Espírito Santo 1997
2. Polygono equisetiformis-Juncetum maritimi J.C. Costa in J.C. Costa, Lousã
da Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Não tem. Pode formar mosaicos com habitat 1410
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Cotula coronopifolia.
salobras, junto a juncais halófilos, onde predominam Triglochin barrelieri e
Associação que ocorre em pequenas depressões inundadas por águas
& Capelo inéd.
1. Cotulo coronopifoliae-Triglochinetum barrelieri J.C. Costa, Neto, Arsénio
Vegetação constituída por prados e juncais halófilos, instalados normalmente em solos arenosos litorais, em esteiros, em rias, em alcantilados e em depressões continentais. Normalmente não suporta salinidades tão elevadas
XXX JUNCETEA MARITIMI Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952
2000.
1976
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1310pt6 da Rede
Piso(s) bioclimático(s): NATURA 2000.
Arrelvado terofítico subnitrófilo de salinas e depressões inundadas por
Distribuição biogeográfica: mediterrânicas
Piso(s) bioclimático(s):
pastoreio.
de tempo e nitrificados como consequência da actividade humana ou do
A.1. Sarcocornion fruticosae Br.-Bl. 1933 nom. mut.
menos temporariamente a inundações por água salgada ou salobra.
dos géneros Sarcocornia e Arthrocnemum.
visitada
bidiariamente
pelas
águas
do
mar,
319
caracterizada por Sarcocornia fruticosa, Cistanche phelypaea, Halimione
litoral,
Franck 1977 nom. mut.
1. Cistancho phelypaeae-Sarcocornietum fruticosae Géhu ex Géhu & Géhu-
em espécies, que prospera em solos salinos húmidos submetidos pelo período variável, dominadas por nanofanerófitos e caméfitos suculentos Associação
Vegetação formada por caméfitos e nanofanerófitos suculentos, pobres Associações características de sapais, inundados durante as marés, com
A. Sarcocornietalia fruticosae Br.-Bl. 1933 nom. mut.
Características no território: Artemisia gallica subsp. gallica (=A. caerulescens), Inula crithmoides.
Normando.
marinha ou continental. Forma grande parte da biomassa fundamental dos salgados costeiros e interiores da região Mediterrânica e de forma discreta e empobrecida penetra nas costas atlânticas eurossiberianas até ao sector
Vegetação perene e vivaz em que predominam os arbustos suculentos e plantas em roseta. Cresce em solos geralmente húmidos, fortemente salinos, ricos em sais de sódio, e sujeitos a inundações de águas salobras de origem
Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 1150pt2* da
Distribuição biogeográfica: Oeste e Sudoeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s):
próprias de lugares submersos por águas salinas durante um curto período Parapholis filiformis.
Comunidades graminóides, halonitrófilas, de fenologia primaveril, águas salobras, dominada por Hordeum marinum, Polypogon maritimus,
M.T. Santos 1984
A.2. Hordeion marini Ladero, F. Navarro, C.J. Valle, Marcos, Ruiz Téllez & 2. Polypogono maritimi-Hordeetum marini Cirujano 1981
XXXII SARCOCORNIETEA FRUTICOSAE Br.-Bl. & Tüxen ex A. & O. Bolòs 1950 nom. mut.
Características no território: Parapholis filiformis.
Distribuição biogeográfica: mediterrânica
Ilhas Baleares.
Distribuição biogeográfica: mediterrânica ocidental desde Peniche até às
nitrófilas, e finalmente de um enriquecimento da superfície do solo em Distribuição biogeográfica: mediterrânicas sais solúveis e elementos azotados provenientes da rápida mineralização Características no território: Catapodium rigidum subsp. spicatum. da matéria orgânica fresca geralmente originada a partir de algas.
Piso(s) bioclimático(s):
Catapodium marinum, Parapholis incurva, Sagina maritima.
Piso(s) bioclimático(s):
grande período de secura durante o ano, de uma época de inundação ou
encharcamento superficial que elimine a competição de outras plantas
humedecidas pela maresia e antropizadas pelo pisoteio, caracterizada por
biomassa, por vezes com caules e folhas carnudas. Necessitam de um submetidas a uma longa submersão por águas salgadas.
Vegetação terofítica, halonitrófila, constituída plantas de pequeno porte e biomassa, que prosperam em estações antrópicas, litorais e interiores, Associação de terófitos efémeros, que colonizam estações litorais
Associações halonitrófilas formadas por terófitos efémeros e de pequena
1. Parapholido incurvae-Catapodietum marini Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández-González & J.C. Costa 1990
A. Frankenietalia pulverulentae Rivas-Martínez ex Castroviejo & Porta A.1. Frankenion pulverulentae Rivas-Martínez ex Castroviejo & Porta 1976
Características no território: Catapodium marinum, Centaurium spicatum, Parapholis incurva, Parapholis strigosa, Sagina maritima, Spergularia bocconei, Spergularia marina.
de pequeno tamanho e fraca biomassa. O enriquecimento em azoto pode provir da acção humana ou da rápida mineralização dos restos orgânicos presentes na superfície do solo.
Vegetação terofítica e halonitrófila de distribuição eurossiberiana e mediterrânica, que suporta inundação durante certo período de tempo e em alguns locais é submetida a uma forte maresia. É constituída por diversas espécies
XXXI SAGINETEA MARITIMAE Westhoff, Van Leeuwen & Adriani 1962
320
Triglochin bulbosa subsp. barrelieri.
da Rede NATURA 2000.
também o conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1420pt2 e integra
do estuário do Tejo.
Distribuição biogeográfica: ibérica meridional e tingitana atlântica a sul
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
portulacoides.
González, Izco, Loidi, Lousã & Penas 2002 & nom. invers.
Lousã & Espírito Santo 1997 corr. Rivas-Martínez, T.E. Díaz, Fernández-
Franck 1977
3. Inulo crithmoidis-Arthrocnemetum macrostachyi Fontes ex Géhu & Géhu-
da Rede NATURA 2000.
também o conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1420pt1 e integra
estuário do Tejo.
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica, a sul do
Piso(s) bioclimático(s):
Puccinellia iberica e Limonium vulgare.
dominada por Sarcocornia perennis subsp. perennis acompanhada de
daveaui, Limonium ferulaceum, Limonium lanceolatum.
Características no território: Arthrocnemum macrostachyum, Limonium
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
ocupa posição mais elevada que as anteriores.
também o conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1420pt4 e integra
Distribuição biogeográfica: Litoral desde o Tejo até Cádis.
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico.
inundações prolongadas, caracterizada por Arthrocnemum macrostachyum.
variações de salinidade no lençol freático, mas que não suporta
salinos só ocasionalmente inundados e suportam uma grande dessecação Associação fortemente halófila de zonas altas dos sapais sujeitas a grandes
Comunidades mediterrânicas litorais que crescem em solos fortemente
A.2. Arthrocnemion macrostachyi Rivas-Martínez & Costa 1984 nom. mut.
iberica, Sarcocornia perennis subsp. perennis.
Características no território: Limonium vulgare (dif. subal.), Puccinellia
Cantabro-Atlântica até ao sul de Inglaterra e marroquina ocidental.
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental e
Piso(s) bioclimático(s):
perennis subsp. perennis. Ocupam as posições mais baixas do sapal.
diário das marés, em que domina o caméfito rizomatoso Sarcocornia Associação mediterrânica, submersa bidiariamente pelas águas das marés,
Comunidades de rias, estuários e salgados costeiros submetidos ao fluxo
1985 nom. mut.
A.1.b. Sarcocornienion perennis Rivas-Martínez in Rivas-Martínez & Costa 2. Puccinellio ibericae-Sarcocornietum perennis J.C. Costa in J.C. Costa,
Atlântica que alcançam o sul da Bretanha.
Distribuição biogeográfica: de distribuição mediterrânica, Cantabro-
Piso(s) bioclimático(s):
águas salobras e onde predomina o caméfito Sarcocornia fruticosa.
Comunidades em solos sempre húmidos, que sofrem inundações por
A.1.a. Sarcocornienion fruticosae Rivas-Martínez & Costa 1985 nom. mut.
Características no território: Sarcocornia fruticosa.
Atlântica (até ao sul de Inglaterra)
Distribuição biogeográfica: de distribuição mediterrânica e Cantabro-
Distribuição biogeográfica:
Características no território: Cistanche phelypaea, Halimione portulacoides,
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
B. Limonietalia Br.-Bl. & O. Bolòs 1958
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades mediterrânicas ao sul do estuário do Tejo.
1984
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1420pt3 e integra
Características no território: Sarcocornia perennis subsp. alpini.
depósito de detritos trazidos pela preia-mar, caracterizada por Suaeda vera
Comunidade de locais altos dos sapais costeiros nitrofilizados pelo
7. Limonietum lanceolati Arsénio, J.C. Costa, Neto & Monteiro-Henriques
B.1. Limonion confusi (Br.-Bl. 1933) Rivas-Martínez & Costa 1984
321
da Rede NATURA 2000.
também o conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1420pt5 e integra
Almeriense.
Distribuição biogeográfica: Litoral desde o Tejo até à Província Murciano-
Piso(s) bioclimático(s):
Características no território: Suaeda vera subsp. vera.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
salgadas, taludes, muros das salinas e solos salgados remexidos.
Pode ser ainda observado em arribas fortemente salpicadas pelas águas
dos salgados costeiros, só ligeiramente inundadas pelas águas salgadas.
Associações de locais nitrofilizados que ocupam a posição mais elevada subsp. vera, Cistanche phelypaeae.
1999
González & J.C. Costa 1990) Rivas-Martínez, Fernández-González & Loidi
A.3. Suaedion verae (Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández- 6. Cistancho phelypaeae-Suadetum verae Géhu & Géhu-Franck 1977
da Rede NATURA 2000.
também o conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
perennis subsp. alpini, Halimione portulacoides.
Península Ibéria e costas atlânticas de Marrocos dominada por Sarcocornia
sector Galaico-Português.
Distribuição biogeográfica: principalmente mediterrânicas, que atingem o
Piso(s) bioclimático(s):
alpini.
águas das marés e são dominadas pelo caméfito Sarcocornia perennis subsp. comunidades de Sarcocornia perennis subsp. perennis do sudoeste da
Comunidades que ocorrem em áreas só ocasionalmente atingidas pelas Associação que ocupa posição mais elevada nos sapais costeiros que as
González & J.C. Costa 1990
A.2.b. Sarcocornienion alpini Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz, Fernández- 5. Halimiono portulacoidis-Sarcocornietum alpini Rivas-Martínez & Costa
NATURA 2000.
conjunto de comunidades correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1410 e integra também o
Distribuição biogeográfica:
inundação mais ou menos prolongada por aulas salobras.
Comunidade de Juncus subulatus, em solos salinos que sofreram uma
Almeida & J. Izco 2009
in J.C. Costa, P. Arsénio, T. Monteiro-Henriques, C. Neto, E. Pereira, T.
4. Limonio vulgaris-Juncetum subulati J.C. Costa, Neto, T. Almeida & Lousã
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Fernández-González & J.C. Costa 1990
A.2.a. Arthrocnemenion macrostachyi Rivas-Martínez, Lousã, T.E. Díaz,
da Rede NATURA 2000.
Características no território: Limonium diffusum.
1130pt1 da Rede NATURA 2000.
1510*. Integra o conjunto de comunidades correspondentes ao habitat
Estatuto de conservação: Defende-se a sua integração no habitat prioritário
(Aljezur).
Distribuição biogeográfica: Sapais do rio Mira e da ribeira da Cerca
Piso(s) bioclimático(s):
Aliança única na Europa. Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica:
Comunidades halófilas.
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: distribuição europeia e norte africana
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1320 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
dominada por Spartina maritima.
fluvio-marinhos mais ou menos finos (vasas ou areias) saturados e
Associação de sapais e estuários atlânticos, sedimentos marinhos ou
1. Spartinetum maritimae Corillion 1953
A.1. Thero-Suaedion Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952
322
enriquecidos em compostos azotados, quer pela decomposição de restos
carnudas, de desenvolvimento estival. Ocorrem em solos salinos,
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades litorais ou interiores, de plantas anuais, halonitrófilas, Aliança única.
A. Thero-Suaedetalia Br.-Bl. & O. Bolòs 1958
Características no território: Suaeda albescens (=S. maritima).
argilosos salinos húmidos revolvidos e nitrificados, caracterizada por
Associação de terófitos suculentos, de fenologia vernal-outonal, em solos
1952
1. Suaedo splendentis-Salsoletum sodae Br.-Bl. ex Br.-Bl., Roussine & Nègre
Vegetação pioneira, constituída por terófitos suculentos, que prospera em solos salinos, inundados temporariamente e sapais costeiros e continentais, de distribuição holártica.
XXXIV. THERO-SALICORNIETEA Tüxen in Tüxen & Oberdorfer ex Géhu & Géhu-Franck 1984 nom. conserv.
Características no território: Spartina maritima.
A.1. Spartinion maritimae Conard ex Beeftink & Géhu 1973
A. Spartinetalia maritimae Conard ex Beeftink & Géhu 1973
Características no território:
marinhos ou fluvio-marinhos mais ou menos finos (vasas ou areias), sujeitos à influência diária das marés. A classe encontra-se assinalada nas costas holárticas.
Vegetação higrófita, constituída por gramíneas vivazes halófitas, mono ou pauciespecíficas, que ocupam os ambientes de baixa energia nos estuários ou costas baixas. São comunidades pioneiras instaladas em sedimentos
XXXIII SPARTINETEA MARITIMAE Tüxen in Beeftink & Géhu 1973
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica:
inundada nas marés equinociais.
fruticosae, em solos com muitas pedras soltas e cascalhos de xisto,
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
salobras. Em alguns casos podem ser inundadas durante as marés
equinociais.
Limonium ferulaceum acompanhadas de diversas plantas da Sarcocornietea
se encontram submetidas a inundações temporárias por águas salgadas ou drenados.
Comunidades halófilas próprias de solos fortemente salinos, mas que não Comunidades camefíticas, halófilas, costeiras, em solos arenosos bem Comunidade hemicriptofítica em que dominam Limonium lanceolatum,
Géhu-Franck 1984
Franck 1984
Costa, Lousã & Espírito Santo 1996 corr. J.C. Costa 2004
dos
níveis
baixos
dos
sapais
inundados
diariamente,
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
iberica.
323
caracterizada por Salicornia ramosissima, Suaeda albescens, Puccinellia
saturados
Associação pioneira mediterrânica, em locais planos arenosos ou limosos
Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica:
Lousã & Espírito Santo 1996]
dos salgados litorais e interiores.
género Salicornia, próprias do nível médio e mais elevado dos esteiros e [Halimiono portulacoidis-Salicornietum patulae J.C. Costa in J.C. Costa,
Comunidades atlânticas dominadas por espécies diplóides (2n = 18) do
4. Halimiono portulacoidis-Salicornietum ramosissimae J.C. Costa in J.C.
NATURA 2000 e integra também o conjunto de comunidades
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1310pt1 da Rede
B.2. Salicornion europaeo-ramosissimae Géhu & Géhu-Franck 1984
Distribuição biogeográfica:
Distribuição biogeográfica: distribuição holártica
Distribuição biogeográfica: Litoral atlântico e Algarve.
correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000.
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
Piso(s) bioclimático(s):
Características no território: Salicornia fragilis.
preia-mar.
nos níveis mais baixos do sapal ou nas zonas mais interiores dos salgados.
clareiras de sapais e costas planas arenosas ou limosas. Pode ser observada posições mais baixas dos sapais e todos os dias são submersas durante a
em solos desprovidos de vegetação vivaz, inundados temporariamente nas formadas por espécies tetraplóides do género Salicornia. Ocupam as dominada por Salicornia fragilis.
Vegetação pioneira de terófitos suculentos (=Salicornia spp.), que prospera Comunidades que colonizam as costas atlânticas da Europa, geralmente limo-arenosos salinos a níveis baixos, sofrendo inundação diária,
Vegetação de fenologia precoce (Julho a Agosto), em solos limosos ou
B.1. Salicornion dolichostachyo-fragilis Géhu & Rivas-Martínez in Géhu & 3. Salicornietum fragilis Géhu & Géhu-Franck 1984
B. Thero-Salicornietalia Tüxen in Tüxen & Oberdorfer ex Géhu & Géhu-
correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000.
NATURA 2000 e integra também o conjunto de comunidades
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1310pt2 da Rede
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Associação halonitrófila, dominada por Cressa cretica var. villosa.
Fernández-González, Izco, Loidi, Lousã & Penas 2002
2. Cressetum villosae Rothmaler 1943 corr. Rivas-Martínez, T.E. Díaz,
correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1310pt2 da Rede NATURA 2000 e integra também o conjunto de comunidades
Características no território: Cressa cretica var. villosa, Salsola soda, Suaeda
splendens.
Distribuição biogeográfica: Distribuição Mediterrânica, com o seu limite
Piso(s) bioclimático(s):
Salsola soda, Suaeda splendens.
setentrional no Estuário do Tejo.
Suaeda spicata, Suaeda splendens.
Características no território: Salsola soda, Suaeda albescens (=S. maritima),
Distribuição biogeográfica:
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
humana.
orgânicos acumulados nas margens dos salgados, quer pela acção
splendentis-Salicornietum
patulae
Rivas-Martínez,
Costa,
Características no território: Salicornia patula.
Norte
Distribuição biogeográfica: , que se estendem até à entrada do Mar do
Piso(s) bioclimático(s):
forte dessecação no Verão.
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat prioritário 1510* da Rede
Tejo e interior da Península Ibérica.
Distribuição biogeográfica: Litoral sudoeste da Península Ibérica até ao
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
pela Salicornia patula.
Primavera do nível alto do sapal ou em salinas abandonadas, dominada
ser inundados no Inverno por água pluvial, mas são submetidos a uma depressões ou canais inundados ou encharcados durante o Inverno ou
de
grandes
helófitos
rizomatosos
de
no
território:
pseudacorus,
Mentha
aquatica,
Características no território: Typha latifolia.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
324
Schoenoplectus lacustris (=Scirpus lacustris), Schoenoplectus tabernaemontani, A.1.a. Phragmitenion communis Typha domingensis. Comunidades de grandes helófitos rizomatosos de água doce.
Características
Distribuição biogeográfica:
Iris
lagoas de águas doces meso-oligotróficas temporárias ou permanentes.
Piso(s) bioclimático(s):
A.1. Phragmition communis Koch 1926 distribuição Única aliança na Europa.
cosmopolita., que colonizam as margens de rios de baixa energia ou
Comunidades
A. Phragmitetalia Koch 1926 em. Pignatti 1954
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
mostra mais competitivo, porque o caniço suporta uma maior dessecação.
grau ecológico mais amplo, mas é nas margens das albufeiras que se
remansos de rios em solos limosos; a fácies de Phragmites australis tem um
tranquilas sendo por isso comum nas margens de lagoas, charcos e
água em solos grosseiros ou rochosos; a fácies de Typha spp. prefere águas
fácies de Scirpus lacustris desenvolve-se nas margens de rios e linhas de
águas meso-eutróficas, que não suportam grandes períodos de seca. A
Comunidade do norte, oeste e sudoeste da Península Ibérica, própria de
Martínez, Báscones, T.E. Díaz, Fernández-González & Loidi 1991
1. Typho angustifoliae-Phragmitetum australis (Tüxen & Preising 1942) Rivas-
Características no território: Alisma plantago-aquatica, Carex pseudocyperus, Eleocharis palustris subsp. vulgaris, Lycopus europaeus, Lythrum salicaria, Phragmites australis, Sparganium erectum subsp. erectum, Veronica anagallis-aquatica.
localizada em estações cobertas de água.
Vegetação hidrófila constituída por helófitos, de distribuição cosmopolita, característica das margens de cursos de água, zonas pantanosas, lagoas e lodos húmidos que em grande parte do ano ou mesmo todo o ano está
XXXV. PHRAGMITO-MAGNOCARICETEA Klika in Klika & Novák 1941
Suaedo
Castroviejo & E. Valdés 1980 corr. Rivas-Martínez 1990
5.
tetraplóides nas posições mais elevadas dos sapais. Estes biótopos podem Associação pioneira em solos salinos argilosos ou arenosos desnudados de
Comunidades mediterrânicas, formadas por espécies diplóides e
B.3. Salicornion patulae Géhu & Géhu-Franck 1984
correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000.
NATURA 2000 e integra também o conjunto de comunidades
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1310pt1 da Rede
Guadalquivir.
Distribuição biogeográfica: do sudoeste da Península desde o Tejo até ao
B.1. Glycerio-Sparganion Br.-Bl. & Sissingh in Boer 1942
3. Glycerio declinatae-Eleocharitetum palustris Rivas-Martínez & Costa in
Características no território: Alisma lanceolatum.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
prolongada.
biogeográfica:
Lusitano-Andaluza
Litoral,
que
colonizam
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
periódicas.
megafórbios
biótopos
submetidos
a
Distribuição biogeográfica: Centro e oeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s):
leitos e margens de rios e linhas de água rápidos e oligotróficos.
325
desenvolver-se sobre solos aluvionares pouco evoluídos, arenosos, nos
inundações Comunidade helofítica, silicícola, dominada por Oenanthe crocata, a
Fernández-González & Sánchez-Mata in Sánchez-Mata 1989
4. Glycerio declinatae-Oenanthetum crocatae Rivas-Martínez, Belmonte,
B.1.b Phalaridenion arundinaceae (Kopecký 1961) J.A. Molina 1996 Comunidades helofíticas, constituídas por gramíneas erguidas ou
Estatuto de conservação: Não tem.
Mediterrânica Ibérica Ocidental, orocantábrica e Cantabro-Atlântica.
Distribuição
B.1.a. Glycerienion fluitantis (Géhu & Géhu-Franck 1987) J.A. Molina 1996
caespitosa, Oenanthe fistulosa, Sparganium erectum subsp. neglectum.
Províncias
tranquilas de lagoas e margens de rios que suportam uma estiagem
Características no território: Eleocharis palustris subsp. palustris, Myosotis Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: de distribuição europeia e norte africana
Piso(s) bioclimático(s):
Comunidades helófitas de águas doce pobres em bases, em que são comuns Eleocharis palustris e Glyceria declinata. Ocorre em águas
género Glyceria.
Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
holártica, onde são comuns algumas gramíneas de folhas flutuantes do de nível em ambientes de baixa a média energia.
Comunidades de macrófitos erectos ou decumbentes, de distribuição Associações de helófitos características de águas profundas com flutuações
B. Nasturtio-Glycerietalia Pignatti 1954
2000.
salgada, estas comunidades integram o habitat 2190pt3 da Rede NATURA
depressões dunares húmidas, onde a água doce sofre infiltrações de água
Estatuto de conservação: Quando encontradas num contexto ecológico de
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
var. maritimus.
tabernaemontani, Typha spp., Phragmites australis, Bolboschoenus maritimus
dessecação temporária no final do Verão, caracterizada por Schoenoplectus
ou salobras), em solos compactados argilo-limosos, que podem sofrer uma
Associação mediterrânica de águas eutróficas muito rica em iões (alcalinas
mut.
2. Typho-Schoenoplectetum tabernaemontani Br.-Bl. & O. Bolòs 1958 nom.
2000.
salgada, estas comunidades integram o habitat 2190pt2 da Rede NATURA
depressões dunares húmidas, onde a água doce sofre infiltrações de água
Estatuto de conservação: Quando encontradas num contexto ecológico de
de
grandes
helófitos
de
aspecto
Oenanthe crocata.
riparia, Typha spp., Equisetum palustre, Rorippa nasturtium-aquaticum,
que domina Polygonum salicifolium, Iris pseudacorus acompanhado de Carex
Associação termófila dulçiaquícola de margens de lagoas e charcos em
6. Irido pseudacori-Polygonetum salicifolii O. Bolòs 1957
Estatuto de conservação: Não tem.
Distribuição biogeográfica: Norte e oeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s):
acompanhado de Glyceria declinata.
corrente moderada e com estiagem, dominada por Apium nodiflorum
2190pt1 da Rede NATURA 2000.
depressões dunares húmidas, estas comunidades integram o habitat
Estatuto de conservação: Quando encontradas num contexto ecológico de
Distribuição biogeográfica:
Sánchez-Mata in Sánchez-Mata 1989
Mediterrânica Ibérica Ocidental. Estatuto de conservação: Integra o habitat 2190pt2.
Características no território: Carex paniculata subsp. lusitanica.
Distribuição biogeográfica: Províncias Lusitano-Andaluza Litoral e
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Piso(s) bioclimático(s):
mesotróficos.
encontram nas margens de cursos de água sobre substratos oligo- solos compactados com pseudogley de margens de rios e linhas de água.
Comunidades dominadas por espécies do género Carex spp., que se Associação dominada por Carex paniculata subsp. lusitanica, própria de
Mata) J.A. Molina 1996 nom. mut.
C.2. Caricion reuterianae Rivas-Martínez, Fernández-González & Sánchez- 7. Galio palustris-Caricetum lusitanicae Rivas-Martínez, Belmonte &
Polygonum salicifolium.
Características no território: Carex hispida, Cyperus longus subsp. longus, Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica: eurossiberianos e mediterrânicos
Piso(s) bioclimático(s):
graminóide, Comunidades de pântanos, lagos e margens de rios.
C.1. Magnocaricion elatae Koch 1926
nasturtium-aquaticum (=Nasturtium officinale).
Características no território: Apium nodiflorum, Apium repens, Rorippa
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
águas com pequena profundidade, ricas em azoto.
Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980 nom. mut.
Nègre 1952) O. Bolòs 1962 nom. mut.
Castroviejo & E. Valdés 1980]
O. Bolòs 1962 corr. Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980]
326
Comunidades holárticas, que se observam sobre solos salobros, em sapais Comunidades de sapais e salinas presididas por Bolboschoenus maritimus Comunidade mediterrânica ocidental, dominada por Scirpus compactus, de
Castroviejo & E. Valdés 1980
[Scirpetalia compacti Dahl & Hadač 1941 corr. Rivas-Martínez, Costa, [Scirpion compacti Dahl & Hadač 1941 corr. Rivas-Martínez, Costa, [Scirpetum compacto-litoralis (Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952)
Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980 nom. mut.
D. Bolboschoenetalia compacti Dahl & Hadač 1941 corr. Rivas-Martínez, D.1. Bolboschoenion compacti Dahl & Hadač 1941 corr. Rivas-Martínez, 8. Bolboschoeno compacti-Scirpetum litoralis (Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine &
Características no território: Galium palustre.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
principalmente do género Carex spp.
Comunidades
C. Magnocaricetalia Pignatti 1954
5. Glycerio declinatae-Apietum nodiflori J.A. Molina 1996
B.2. Rorippion nasturtii-aquatici Géhu & Géhu-Franck 1987 nom. mut.
Associações constituídas por helófitos latifólios tenros, que prosperam em Comunidade helofítica própria de leitos de rios e linhas de água com
Estatuto de conservação: Não tem.
Características no território: Oenanthe crocata.
Piso(s) bioclimático(s): Distribuição biogeográfica: mediterrânicas
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica:
de
conservação:
Integra
o
conjunto
de
correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000.
Estatuto
Distribuição biogeográfica: Litoral a sul do Tejo.
Piso(s) bioclimático(s):
inundação por água salobras.
comunidades
depressões e salinas abandonadas que sofreram um período longo de
Myriophyllum alterniflorum, Littorella uniflora, Potamogetum polygonifolius.
Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
1. Junco emmanuelis-Eleocharitetum multicaulis Rivas-Martínez & Costa in
Myosotis
(=Rhynchospora rugosa).
heterophyllus,
lusitanica,
Rhynchospora
de
lagoas
de
águas
meso-oligotróficas,
permanecendo multicaulis,
Hypericum
elodes,
Juncus ranunculoides, Hydrocotyle vulgaris, Juncus emmanuelis.
Eleocharis
Baldellia
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
dessecar completamente no verão.
327
acumulação aparente de matéria orgânica não humificada, chegando a
Eleocharitetum multicaulis, em solos lodosos com horizonte gley e sem
submersão mais longos do que a comunidade Junco emmanuelis-
Hypericum helodes, etc.) de águas doces, requerendo períodos de
heterophyllus, Baldellia ranunculoides, Eleogiton fluitans (= Isolepis fluitans),
Associação de helófitos vivazes flutuantes e decumbentes (Juncus
Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
2. Scirpo fluitantis-Juncetum heterophylli Rivas-Martínez & Costa in Rivas-
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3110 da Rede NATURA
Marismenho.
Distribuição biogeográfica: Distritos Sadense, Costeiro Vicentino e
bulbosus,
encharcados ou submersos durante vários meses do ano, constituída por
modesti-lucennoi Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Eleocharis multicaulis, Hypericum elodes, Juncus emmanuelis, Juncus
Características no território: Apium inundatum, Baldellia ranunculoides,
oligotróficas.
margens de charcos submetidos a submersão periódica por águas meso- margem
constituídas por hidrófitos e helófitos que ocupam leitos de regatos e Associação formada por helófitos vivazes de aspecto junceiforme, de
Comunidades de distribuição atlântica e Mediterrânica-Iberoatlântica,
Ordem única.
Características no território: Hydrocotyle vulgaris, Juncus bulbosus,
A.1. Hyperico elodis-Sparganion Br.-Bl. & Tüxen ex Oberdorfer 1957
A. Littorelletalia Koch 1926
Características no território:
com maior frequência em lodos e solos com gley inicial, mineralizados
Vegetação anfíbia vivaz constituída por helófitos junceiformes e isoetídeos ou hidrogeófitos, própria de águas doces, lênticas, oligotróficas ou ligeiramente mesotróficas de nível variável. Apresenta distribuição holártica e ocorre
XXXVI ISOETO-LITTORELLETEA Br.-Bl. & Vlieger in Vlieger 1937
compactus.
Características no território: Bolboschoenus (=Scirpus) maritimus var.
var. compactus.
ou salinas, presididas por ciperáceas helófitas.
Aliança que reúne comunidades de turfeiras oligotróficas. Piso(s) bioclimático(s): termotemperado Distribuição biogeográfica: de carácter atlântico
Vegetação de turfeiras planas oligotróficas, holárticas.
Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica:
bioclimático(s):
328
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Ordem única
A. Bidentetalia tripartitae Br.-Bl. & Tüxen ex Klika & Hadač 1944
Características no território:
Termotemperado
a
as comunidades dos habitat 3120 da Rede NATURA 2000.
Sudoeste. Neste contexto a comunidade é dada como co-ocorrendo com
NATURA 2000. Este habitat não está referenciado para o SIC da Costa
[Chenopodio ambrosioidis-Polygonetum lapathifolii Peinado, Bartolomé,
emersos no Verão.
arenosos mediterrânicos de que se destacam Polygonum lapathifolium,
Comunidade tardiestival, herbácea de macroterófitos, de leito de rios
Vegetação nitrófila de áreas húmidas de águas paradas ou de corrente Martínez-Parras & Andrade 1988] lenta, muito perturbadas, que coloniza sedimentos de textura fina
e
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 7140pt3 da Rede
Costeiro Vicentino.
A.1. Bidention tripartitae Nordhagen 1940 em. Tüxen in Poli & J. Tüxen 1. Xanthio italici-Polygonetum persicariae O. Bolòs 1957 1960
mesotemperado
Distribuição biogeográfica: Litoral ocidental português até ao Distrito
termomediterrânico a mesomediterrânico.
Piso(s)
elodes, Juncus articulatus, Hydrocotyle vulgaris, Baldellia ranunculoides.
setacea, Pedicularis sylvatica subsp. lusitanica, Scutellaria minor, Hypericum
Carex demissa, Wahlenbergia hederacea, Carex viridula, Carex demissa, Isolepis
constituída por Anagallis tenella, Juncus bulbosus, Sphagnum auriculatum,
drenagem em solos siliciosos, termotemperada, Cantabro-Atlântica
(turfeiras baixas planas), de inclinação escassa ou nula e de difícil
Associação de solos oligotróficos higroturfosos, de nível freático elevado
1. Anagallido tenellae-Juncetum bulbosi Br.-Bl. 1967
Vegetação formada por plantas anuais efémeras que crescem sobre depósitos ripícolas ou lacustres ricos em substâncias azotadas que emergem no Verão e Outono, holártica.
XXXVII BIDENTETEA TRIPARTITAE Tüxen, Lohmeyer & Preising ex von Rochow 1951
Scutellaria minor.
atlantica, Pedicularis sylvatica subsp. lusitanica (dif.), Pinguicula lusitanica,
Características no território: Anagallis tenella, Arnica montana subsp.
A.1. Anagallido tenellae-Juncion bulbosi Br.-Bl. 1967
A. Caricetalia nigrae Koch 1926 nom. mut.
Características no território:
Comunidades holárticas de turfeiras baixas, planas, em áreas encharcadas, formadas por hemicriptófitos e geófitos de carácter hidrófilo acompanhados de musgos.
XXXVI SCHEUCHZERIO PALUSTRIS-CARICETEA NIGRAE Tüxen 1937 nom. mut.
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3110 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Distritos Costeiro Vicentino e Marismenho.
no
território:
Polygonum
hydropiper,
Polygonum persicaria, Polygonum aviculare, Xanthium strumarium subsp.
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3270 da Rede NATURA
A.1. Isoetion Br.-Bl. 1936
hybridus, Juncus pygmaeus.
Características no território: Crassula vaillantii, Juncus capitatus, Juncus
Distribuição biogeográfica: Europa Atlântica e Mediterrâneo Ocidental.
irradiações temperado (submediterrânico),
Piso(s) bioclimático(s): termomediterrânico a supramediterrânico com
inundação não se prolonga até meio do Verão. de
pequenos
charcos
ou
depressões
inundadas Associação terofítica em depressões, sulcos e rodados de veículos em
Valdés 1987
1. Lythro thymifoliae-Crassuletum vaillantii Rivas Goday ex Ruiz & A.
histrix, Lythrum borysthenicum, Pilularia minuta, Solenopsis laurentia.
Características no território: Centaurium maritimum, Isoetes duriaei, Isoetes
Distribuição biogeográfica: Mediterrâneo Ocidental.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Primavera.
Radiola linoides.
329
Solenopsis laurentia, Juncus hybridus, Exaculum pusillum, Kickxia cirrosa e
Associação, de solos arenosos, assente em arenitos, caracterizado por
1968]
[Laurentiae-Juncetum tingitanae Rivas Goday & Borja in Rivas Goday
Sérgio 2008
Goday 1968 corr. V. Silva & Galán de Mera in V. Silva, Galán de Mera &
2. Solenopsio laurentiae-Juncetum hybridi Rivas Goday & Borja in Rivas
Rede NATURA 2000.
costeiros, no sentido restrito), pode também integrar o habitat 3170 da
2000. Quando integrada em geopermassigmeta edafo-higrófilos (não
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3120 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico.
verticillatum, Pulicaria paludosa.
Crassula vaillantii, Lythrum thymifolia, Juncus bufonius, Illecebrum
solos limosos ou areno-limosos sobre xistos e granitos, presidida por
temporariamente por águas superficiais no Inverno ou princípio da caminhos e estradas de terra encharcadas que secam rapidamente, em
hepáticas,
Comunidades de floração primaveril ou pré-estival, em que o período de Associações ricas em Isoetes e outros geófitos, bem como em musgos e
A. Isoetetalia Br.-Bl. 1936
anagalloides.
Características no território: Centaurium pulchellum, Hypericum humifusum, Juncus bufonius, Juncus sphaerocarpus, Lythrum hyssopifolia, Lythrum portula, Lythrum thymifolia, Mentha pulegium, Ranunculus muricatus, Veronica
Vegetação de distribuição holártica dominada por terófitos e pequenos geófitos efémeros, pioneiros, que se desenvolve em solos periodicamente encharcados ou cobertos de água doce.
XXXVIII. ISOETO-NANOJUNCETEA Br.-Bl. & Tüxen ex Westhoff, Dijk & Passchier 1946
Piso(s) bioclimático(s):
Características no território: Bidens frondosa. Distribuição biogeográfica:
Chenopodium ambrosioides.
italicum, Atriplex prostrata, Echinochloa crus-galli, Solanum nigrum,
Distribuição biogeográfica:
Polygonum Piso(s) bioclimático(s):
lapathifolium, Ranunculus sceleratus, Xanthium strumarium subsp. italicum.
Características
330
3. Eryngio corniculati-Preslietum cervinae Rivas Goday 1957
biogeográfica:
Província
Lusitano-Andaluza
Litoral,
Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980 nom. mut.
4. Loto hispidi-Chaetopogonetum fasciculati Rivas-Martínez & Costa in
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3130pt5 da Rede
Carpetano-Leonesa e Província Bética.
Subprovíncia Luso-Estremadurense, com irradiações na Subprovíncia
Distribuição
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Lythrum borysthenicum, Antinoria agrostidea.
cervina, Eryngium galioides, Isoetes velatum, Isoetes setaceum, Juncus bufonius,
Verão, caracterizada por Eryngium corniculatum, Mentha pulegium, Mentha
no
território:
Agrostis
pourretii,
Carlina
Chaetopogon fasciculatus, Lotus parviflorus, Pulicaria paludosa.
Características
racemosa,
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Piso(s) bioclimático(s):
palha no Verão devido à secura do solo.
Juncus bufonius, Lotus parviflorus e diversas plantas da Tuberarietea guttatae.
dominado por Agrostis pourretii acompanhado de Pulicaria paludosa,
temporariamente inundado de inverno por águas meso-oligotróficas,
Arrelvado primaveril, em solos siliciosos de textura franco-limosa,
5. Pulicario paludosae-Agrostietum pourretii Rivas Goday 1956 nom. mut.
Rede NATURA 2000.
costeiros, no sentido restrito), pode também integrar o habitat 3170 da
2000. Quando integrada em microgeossigmeta edafo-higrófilos (não
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3120 da Rede NATURA
Subprovíncia Luso-Estremadurense.
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral e
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
Chaetopogon fasciculatus.
arenosos, siliciosos que sofreram inundação invernal, presidido por
húmidas inundadas durante um período curto e que ficam com cor de Arrelvado terofítico do fim do Inverno início da Primavera, em solos
Aliança de prados terofíticos dominados por gramíneas. Ocupa depressões
A.3. Agrostion pourretii Rivas Goday 1958 nom. mut.
aspera.
(=Isoetes delilei), Isoetes velatum subsp. velatum, Mentha cervina, Sisymbrella
Características no território: Eryngium corniculatum, Isoetes setaceum
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
secam no Verão.
relativamente profundas durante um período longo, na Primavera e que profundas de solos limosos ou argilo-limosos, que secam no início do
Associações de terófitos altos, estivais, de meios inundados por águas Associação de fenologia primoestival, de charcos e depressões com águas
A.2. Menthion cervinae Br.-Bl. ex Moor 1937 nom. mut.
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3120 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico.
Goday 1971, ass. prov. Antinorio-Cicendietum Rivas Goday 1971 p.p.]
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3130pt4 da Rede
Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Distribuição biogeográfica: Províncias Lusitano-Andaluza Litoral e
B.1. Nanocyperion Koch ex Libbert 1933
Sedum maireanum, Trifolium ornithopodioides.
perpusillus, Kickxia cirrhosa, Radiola linoides, Ranunculus longipes,
Illecebrum verticillatum, Isolepis pseudosetacea, Juncus tenageia subsp.
Características no território: Cicendia filiformis, Exaculum pusillum,
mediterrânicas,
7. Gnaphalio-Isolepidetum pseudosetacei Rivas Goday 1970
Distribuição biogeográfica: ibero atlânticas, temperadas com irradiações NATURA 2000.
Piso(s) bioclimático(s):
Verão.
durante o Inverno e começo da Primavera e que secam no início do
Comunidades de microterófitos, submetidas a encharcamento superficial Piso(s) bioclimático(s):
Goday ex Pietsch 1973]
Nanocyperion atlanticum Rivas Goday 1954, Radiolion linoidis Rivas 1937, ass. prov., Ophioglosso lusitanici-Cicendietum filiformis Rivas
Lythrum tribracteatum, Pseudognaphalium luteo-album, Riccia crystallina.
uliginosum, Pseudognaphalium luteo-album, Cyperus fuscus, Juncus bufonius, Hypericum humifusum, Veronica anagalloides, Pulicaria paludosa.
8. Damasonio alismatis-Crypsietum aculeatae Rivas-Martínez & Costa in Rivas-Martínez, Costa, Castroviejo & E. Valdés 1980
331
menos argilosos, que secam tardiamente e que estiveram submersos por Associação, de pequenos terófitos, dominada por Crypsis aculeata, que se
Comunidades tardiestivais ou outonais, instaladas em solos mais ou
B.2. Verbenion supinae Slavnic 1951
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3130pt4 da Rede
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Características no território: Centaurium chloodes, Cyperus fuscus, Elatine Piso(s) bioclimático(s):
Distribuição biogeográfica:
Características no território: Cyperus flavescens, Gnaphalium uliginosum, alsinastrum, Isolepis cernua, Isolepis setacea, Ludwigia palustris.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
rios e lagoas, caracterizada por Isolepis pseudosetacea, Gnaphalium
Apresentam um certo carácter nitrófilo. Piso(s) bioclimático(s):
edáfica constante, sem inundações na época de estiagem de margens de
submetidas a períodos de inundação que se prolongam até ao Verão. submersos por água doce.
Comunidades de fraca cobertura e floração tardiestival ou outonal, Arrelvados acidófilos a neutrófilos característicos de locais que estiveram Comunidade de desenvolvimento pré-estival, de meios com humidade
B. Nanocyperetalia Klika 1935
6. Hyperico humifusi-Cicendietum filiformis Rivas Goday (1964) 1971
[Cicendienion Allorge ex Rivas Goday in Rivas Goday & Borja 1961, [Cicendietum filiformis sensu Rivas Goday 1964 non Allorge ex Moor
A.4 Cicendion (Rivas Goday in Rivas Goday & Borja 1961) Br.-Bl. 1967
Rede NATURA 2000.
costeiros, no sentido restrito), pode também integrar o habitat 3170 da
2000. Quando integrada em microgeossigmeta edafo-higrófilos (não
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3120 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Piso(s) bioclimático(s): Mesomediterrânico.
NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3130pt4 da Rede
Distribuição biogeográfica: Província Lusitano-Andaluza Litoral.
Piso(s) bioclimático(s):
salinas e sapais e que secam de Verão.
desenvolve em solos mais ou menos salinos algo argilosos de margem de
Aliança única.
Ordem única.
ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000
intermareais. Integra ainda o conjunto de comunidades correspondentes
2000, quando se encontre em bancos de sedimentos (lodaçais ou areais)
por água do mar pouco profunda ou ao habitat 1140 da Rede NATURA
NATURA 2000, quando em bancos de areia permanentemente cobertos
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1110pt4 da Rede
Distribuição biogeográfica: Litoral atlântico.
Piso(s) bioclimático(s):
preia-mar.
arenosas ou limosas pouco profundas que ficam a descoberto durante a
Comunidade monoespecífica de Zostera noltii, de estuários e costas
1. Zosteretum noltii Harmsen 1936
332
Ordem única no território.
Borhidi 1996
primocolonizadoras
de
substratos
marinhos
pouco Associação dominada por Cymodocea nodosa, de fundos arenosos, sempre
1. Cymodoceetum nodosae Feldmann 1937
atingir os 10-12 m de profundidade.
corrente mais ou menos forte.
coesivos, instaladas desde o nível do mar até águas sublitorais e podem submersa por águas pouco profundas (3-4 m de profundidade) e com
Comunidades
A. Thalassio-Syringodietalia filiformis Borhidi, Muñiz & Del Risco in A.1. Syringodio-Thalassion testudinum Borhidi 1996
Características no território: Cymodocea nodosa.
quentes e temperado-quentes tropicais e subtropicais, que atingem os 15-20 m de profundidade e sobre as quais vivem algas epifíticas.
Comunidades de monocotiledóneas vivazes submersas (bentónicas e cormófitas), vivendo em substratos arenosos, limosos ou em resíduos e despojos de corais de águas salgadas, eu-halinas ou poli-halinas, costeiras e de mares
XL HALODULO WRIGHTII-THALASSIETEA TESTUDINUM Den Hartog ex Rivas-Martínez, Fernández-González & Loidi 1999
A.1. Zosterion Christiansen 1934
A. Zosteretalia Béguinot 1941
Características no território: Zostera noltii.
às quais frequentemente se unem várias algas epifíticas. Classe com distribuição holártica.
Vegetação formada por monocotiledóneas vivazes vivendo em águas marinhas eu-halinas ou poli-halinas, pouco profundas (0,3 a 4 metros), submersas e enraizadas em substrato arenoso ou limoso móvel, de costas ou estuários,
XXXIX ZOSTERETEA MARINAE Pignatti 1954
Heliotropium supinum, Verbena supina.
Características no território: Blackstonia imperfoliata, Crypsis aculeata,
Distribuição biogeográfica: de óptimo mediterrânico,
Piso(s) bioclimático(s):
águas eutrofizadas ou nitrificadas (sempre ricas em sais minerais).
A.1. Nymphaeion albae Oberdorfer 1957
Integra
também
o
conjunto
de
1. Nymphaeetum albo-luteae Nowinski 1928
comunidades
Características no território: Callitriche palustris.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
batraquídeos enraizados, de águas doces, ou ligeiramente salinas.
Galán, P. Navas, D. Navas, Y. Gil & Cabezudo 1999
2. Callitricho stagnalis-Ranunculetum saniculifolii Galán in A.V. Pérez,
correspondente ao habitat 3150 da Rede NATURA 2000.
Estatuto de conservação: Pode integrar o mosaico de comunidades
Estremadurense.
atingindo a Província Lusitano-Andaluza Litoral e Subprovíncia Luso-
Distribuição biogeográfica: Comunidade de óptimo Centro-Europeu,
Piso(s) bioclimático(s):
Ranunculus peltatus, Ranunculus saniculifolius, Ranunculus tripartitus.
Características no território: Callitriche cribosa, Callitriche stagnalis,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
pouco profundas e ocasionalmente secos.
profundas, neutras
ou
ligeiramente
ácidas, meso-
Piso(s) bioclimático(s):
Ranunculus tripartitus.
333
Comunidade aquática turfófila, de águas térmicas quietas, dominadas por
Y. Gil & Cabezudo 1999
3. Ranunculetum tripartiti Galán in A.V. Pérez, Galán, P. Navas, D. Navas,
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3260 da Rede NATURA
Distribuição biogeográfica: Província Mediterrânica Ibérica Ocidental.
Piso(s) bioclimático(s): Termomediterrânico a mesomediterrânico.
stagnalis, Callitriche brutia.
oligotróficas, caracterizada por Ranunculus saniculifolius, Callitriche
lenta, pouco
por batraquídeos. Ocorrem em biótopos de águas lentas ou paradas, Comunidade, de batraquídeos aquáticos, em águas paradas ou de corrente
Comunidades de pequenas plantas dulciaquícolas enraizadas, dominadas
A.2. Ranunculion aquatilis Passarge 1964
Nymphaea alba, Polygonum amphibium, Potamogeton natans.
Características no território: Myriophyllum verticillatum, Nuphar lutea,
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
submersas indivisas e sem folhas flutuantes especializadas), miriofilídeos e relativamente profundas e sem ondulação.
folhas flutuantes com grandes pecíolos), elodeídeos (plantas com folhas fundamentalmente por ninfídeos e alguns elodeídeos, de águas natans, que se desenvolvem em águas profundas mesotróficas a eutróficas.
Comunidades holárticas, de ninfídeos (plantas com caules ramificados e Comunidades de grandes plantas dulciaquícolas enraizadas, constituídas Associação formada por Nuphar luteum, Nymphaea alba ou Potamogeton
A. Potametalia Koch 1926
Características no território: Callitriche brutia, Callitriche lusitanica, Myriophyllum spicatum, Potamogetum pectinatus.
Comunidades de hidrófitos enraizados e grandes pleustófitos de água doces ou ligeiramente salinas.
XLI POTAMETEA Klika in Klika & Novák 1941
2000.
correspondentes ao habitat 1130pt1 da Rede NATURA 2000
NATURA
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 1110pt2 da Rede
Distribuição biogeográfica: Mares tropicais e subtropicais, atingindo o Distribuição biogeográfica: Litoral mediterrânico e subtropical. Mediterrâneo.
334
Características no território: Azolla filiculoides, Lemna minor.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
Estatuto de conservação: Em lagos eutróficos naturais pode integrar o
Características no território: Lemna gibba.
NATURA 2000.
mosaico de comunidades correspondente ao habitat 3150 da Rede
Estatuto de conservação: Em lagos eutróficos naturais pode integrar o
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
quando o nível de água diminui.
fenologia primaveril atingindo a máxima extensão no início de Verão
represadas ou estagnadas, mesotróficas fortemente eutrofizadas. De
Comunidade quase extreme do pteridófito Azolla filiculoides, em águas
2. Lemno-Azolletum filiculoidis Br.-Bl. in Br.-Bl., Roussine & Nègre 1952
NATURA 2000.
mosaico de comunidades correspondente ao habitat 3150 da Rede
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
por Lemna minor.
Distribuição biogeográfica:
Piso(s) bioclimático(s):
frequentemente microbiologicamente contaminadas.
flutuando em águas (acropleustófitos) eutrofizadas, ricas em iões e nitrofilizadas e ocasionalmente em charcas e poças residuais, dominada
Comunidades de plantas macroscópicas não enraizadas, que vivem Comunidade de águas represadas, oligotróficas a mesotróficas pouco
Ordem única na Europa, subcosmopolita.
1. Lemnetum minoris Oberdorfer ex Müller & Görs 1960
A.1. Lemnion minoris Tüxen ex O. Bolòs & Masclans 1955
A. Lemnetalia minoris Tüxen ex O. Bolòs & Masclans 1955
Características no território:
Comunidades dulciaquícolas de plantas macroscópicas não enraizadas, flutuantes ou submersas, de distribuição cosmopolita.
XLII LEMNETEA Tüxen ex O. Bolòs & Masclans 1955
2000.
Estatuto de conservação: Corresponde ao habitat 3260 da Rede NATURA
África.
Distribuição biogeográfica: Sudoeste da Península Ibérica e Norte de
ANEXO III Flora do Sudoeste Alentejano
335
336
PTERIDOPHYTA
Hemicriptófito ou epífito rizomatoso (Anomodonto-Polypodietalia)
ADIANTACEAE Adiantum capillus-veneris L. Hemicriptófito rizomatoso (Adiantetalia capilli-veneris)
ASPIDIACEAE
EQUISETACEAE Equisetum palustre L. Geófito (Molinietalia caeruleae)
Equisetum ramosissimum Desf. Geófito rizomatoso
Polystichum setiferum (Forssk.) Woynar Hemicriptófito (Populetalia albae)
(Populetalia albae)
Equisetum telmateia Ehrh. Geófito rizomatoso (Salici purpureae-Populetea nigrae)
ASPLENIACEAE Asplenium marinum L. Hemicriptófito rizomatoso (Asplenion marini)
HEMIONITIDACEAE Anogramma leptophylla (L.) Link Geófito
Asplenium onopteris L.
(Selaginello denticulatae-Anogrammion leptophyllae)
Hemicriptófito rizomatoso (Quercetalia ilicis)
AZOLLACEAE
HYPOLEPIDACEAE Pteridium aquilinum (L.) Kuntze var. aquilinum Geófito rizomatoso
Azolla filiculoides Lam.
(Cytisetea scopario-striati)
Hidrófito [América Tropical] (Lemnetalia minoris)
ISOETACEAE Isoetes duriaei Bory
DAVALLIACEAE
Hemicriptófito (Isoetion)
Davallia canariensis (L.) Sm. Isoetes histrix Bory
337
Hemicriptófito
THELYPTERIDACEAE
(Isoetion)
Thelypteris palustris Schott Isoetes setaceum Lam.
Geófito rizomatoso
Hidrófito
(Alnion glutinosae)
(Menthion cervinae) (= I. delilei Rothm.)
Isoetes velatum A. Braun in Bory & Durieu subsp.
SPERMATOPHYTA
velatum Hemicriptófito anfíbio (Menthion cervinae)
MARSILIACEAE
ACANTHACEAE Acanthus mollis L. subsp. platyphyllos Murb. Hemicriptófito
Pilularia minuta Durieu in Bory & Durieu Helófito cespitoso ou rastejante
AIZOACEAE
(Isoetion) Anexo I da Convenção de Berna
Carpobrotus edulis (L.) N.E. Br. Caméfito
OSMUNDACEAE Osmunda regalis L. Hemicriptófito (Populetalia albae)
POLYPODIACEAE
[África do Sul] (= Mesembryanthemum edule L.)
Mesembryanthemum nodiflorum L. Terófito (Mesembryanthemion crystallini)
Tetragonia tetragonoides (Pallas) O. Kuntze Terófito
Polypodium australe Fée Geófito rizomatoso ou caméfito
ALISMATACEAE
(Polypodion cambrici) (= P. cambricum L.)
Alisma lanceolatum Willd. Hidrófito ou helófito
SELAGINELLACEAE Selaginella denticulata (L.) Spring Hemicriptófito (Anomodonto-Polypodietalia)
(Nasturtio-Glycerietalia)
Alisma plantago-aquatica L. Hidrófito ou helófito (Phragmito-Magnocaricetea)
Baldellia ranunculoides (L.) Parl.
338
Helófito ou hidrófito
Amaranthus viridis L.
(Hyperico elodis-Sparganion)
Terófito (Chenopodion muralis)
AMARANTHACEAE AMARYLLIDACEAE Amaranthus albus L. Terófito
Leucojum autumnale L.
[América do Norte]
Geófito bolboso
(Solano nigri-Polygonetalia convolvuli)
(Poetea bulbosae)
Amaranthus blitoides S. Watson
Leucojum trichophyllum Schousb.
Terófito
Geófito bolboso
[América do Norte]
Endemismo ibero-mauritânico
(Chenopodietalia muralis)
(Malcolmietalia)
Amaranthus deflexus L.
Narcissus bulbocodium L. subsp. bulbocodium
Hemicriptófito
Geófito
(Chenopodietalia muralis)
Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE
Amaranthus graecizans L.
Narcissus bulbocodium L. subsp. obesus (Salisb.)
Terófito
Maire
(Chenopodietalia muralis)
Geófito Endemismo ibero-mauritânico
Amaranthus hybridus L.
(Brachypodion phoenicoidis)
Terófito
Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE
[América Tropical] (Solano nigri-Polygonetalia convolvuli)
Narcissus calcicola Mendonça Geófito
Amaranthus hypochondriacus L.
Endemismo lusitano
Terófito
(Asplenion petrarchae)
[América do Norte]
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Chenopodietalia muralis)
Pancratium maritimum L. Amaranthus muricatus (Moq.) Hieron.
Geófito
Caméfito
(Ammophiletea)
(Chenopodion muralis)
Amaranthus retroflexus L.
ANACARDIACEAE
Terófito [América do Norte]
Pistacia lentiscus L.
(Stellarietea mediae)
Hemicriptófito (Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
339
APIACEAE
Bupleurum semicompositum L. Terófito
Anthriscus caucalis M. Bieb.
(Brachypodietalia distachyi)
Terófito (Cardamino hirsutae-Geranietea purpurei)
Cachrys libanotis L. Hemicriptófito
Anthriscus sylvestris (L.) Hoffm. Hemicriptófito
Carum verticillatum (L.) Koch
(Galio aparines-Alliarietalia petiolatae)
Hemicriptófito (Molinio-Arrhenatheretea)
Apium inundatum (L.) Rchb. Hidrófito
Conium maculatum L.
(Hyperico elodis-Sparganion)
Terófito ou hemicriptófito (Galio aparines-Alliarietalia petiolatae)
Apium nodiflorum (L.) Lag. Helófito
Conopodium majus (Gouan) Loret in Loret &
(Rorippion nasturtii-aquatici)
Barrandon subsp. marizianum (Samp.) López Udias & G. Mateo
Apium repens (Jacq.) Lag.
Geófito
Helófito
Endemismo ibérico
(Rorippion nasturtii-aquatici)
(Rumici indurati-Dianthion lusitani)
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna
Crithmum maritimum L. Hemicriptófito
Bupleurum acutifolium Boiss.
(Crithmo-Limonietea)
Hemicriptófito Endemismo ibérico
Daucus carota L.
(Lavandulo viridis-Quercetum suberis)
Terófito ou hemicriptófito (Artemisietea vulgaris)
Bupleurum fruticosum L. Nanofanerófito
Daucus crinitus Desf.
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Hemicriptófito (Hyparrhenion sinaicae)
Bupleurum lancifolium Hornem. Terófito
Daucus halophilus Brot.
(Ridolfion segeti)
Hemicriptófito bienal Endemismo lusitano
Bupleurum paniculatum Brot.
(Crithmo-Daucion halophili)
Hemicriptófito
(= D. carota subsp. halophilus (Brot.) A. Pujadas)
Endemismo ibero-mauritânico (Quercetalia ilicis)
Daucus maximus Desf.
(= B. rigidum L. subsp. paniculatum (Brot.) H. Wolff in Engl.)
Terófito ou hemicriptófito bienal (Onopordion castellani)
340
(= D. carota subsp. maximus (Desf.) Ball)
Endemismo ibérico
Daucus muricatus (L.) L.
Foeniculum vulgare Mill. subsp. piperitum (Ucria)
Terófito
Cout.
(Hordeion leporini)
Hemicriptófito (Carthametalia lanati)
Elaeoselinum gummiferum (Desf.) Tutin Hemicriptófito
Hydrocotyle vulgaris L.
Endemismo ibero-mauritânico
Helófito
(Agrostio castellanae-Stipion giganteae)
(Littorelletalia)
(= Margotia gummifera (Desf.) Lange)
Magydaris panacifolia (Vahl) Lange Elaeoselinum tenuifolium (Lag.) Lange
Hemicriptófito
Hemicriptófito
(Balloto-Conion maculati)
Endemismo ibérico (Rosmarinetea officinalis)
Oenanthe crocata L.
(= Distichoselinum tenuifolium (Lag.) García Martín &
Geófito
Silvestre)
Eryngium campestre L. Hemicriptófito (Onopordenea acanthii)
Eryngium corniculatum Lam. Hemicriptófito (Menthion cervinae)
Eryngium dilatatum Lam. Hemicriptófito Endemismo ibero-mauritânico
(Phalaridenion arundinaceae)
Oenanthe fistulosa L. Helófito (Glycerio-Sparganion)
Oenanthe lachenalii G. Gmel. Hemicriptófito (Molinio-Arrhenatheretea)
Oenanthe pimpinelloides L. Hemicriptófito (Holoschoenetalia vulgaris)
(Thero-Brachypodion retusi)
Eryngium galioides Lam. Terófito
Pimpinella villosa Schousb. Hemicriptófito (Malcolmietalia)
Endemismo ibérico (Agrostion pourretii)
Eryngium maritimum L. Hemicriptófito (Ammophiletalia)
Ferula communis L. subsp. catalaunica (Pau ex C. Vicioso) Sánchez Cuxart & Bernal
Pseudorlaya minuscula (Pau) M. Laínz Terófito Endemismo ibero-mauritânico (Linarion pedunculatae) (= P. pycnacantha H. Lindb.)
Pseudorlaya pumila (L.) Grande Terófito
Hemicriptófito
341
(Cutandietalia maritimae)
APOCYNACEAE
(= Orlaya maritima (Gouan) Koch; = Daucus pumilus (L.) Hoffmanns. & Link; = P. maritima (L.) Murb.; incl. P. bubania (Philippe) Murb.)
Nerium oleander L. Microfanerófito
Ridolfia segetum Moris Terófito (Ridolfion segeti)
(Tamaricetalia africanae)
Vinca difformis Pourr. Caméfito herbáceo
Seseli tortuosum L.
(Populetalia albae)
Hemicriptófito (Crucianelletalia maritimae) (incl. S. pauciradiatum Schischkin)
Smyrnium olusatrum L. Hemicriptófito bienal (Smyrnienion olusatri)
Smyrnium perfoliatum L. Hemicriptófito bienal (Galio-Alliarion petiolatae)
Thapsia villosa L. Hemicriptófito Endemismo ibero-mauritânico (Agrostietalia castellanae)
Torilis arvensis (Hudson) Link subsp. neglecta Thell. Terófito (Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Torilis japonica (Houtt.) DC. Terófito
ARACEAE Arisarum simorrhinum Durieu Geófito tuberoso (Quercetea ilicis)
Arum italicum Mill. subsp. italicum Geófito tuberoso (Populion albae)
Arum italicum Mill. subsp. neglectum (Townsend) Prime Geófito tuberoso (Populion albae)
ARALIACEAE Hedera
maderensis
K.
Koch
McAllister Fanerófito escandente Endemismo ibérico (Quercion broteroi)
(Galio-Alliarion petiolatae)
Torilis leptophylla (L.) Rchb. f.
ARISTOLOCHIACEAE
Terófito (hirsutae-Geranietea purpurei)
Aristolochia baetica L. Fanerófito escandente
Torilis nodosa (L.) Gaertn.
Endemismo ibero-mauritânico
Terófito
(Asparago albi-Rhamnion oleoidis)
(Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Aristolochia paucinervis Pomel 342
subsp.
iberica
Hemicriptófito
Andryala integrifolia L. var. integrifolia
(Populetalia albae)
Hemicriptófito
(= A. longa L.)
(Hyparrhenion sinaicae)
Aristolochia pistolochia L.
Anthemis arvensis L.
Hemicriptófito
Terófito ou proto-hemicriptófito bienal
(Rosmarinetalia officinalis)
(Scleranthion annui)
ASCLEPIADACEAE Vincetoxicum nigrum (L.) Moench Proto-hemicriptófito escandente Endemismo europeu (Quercetea ilicis)
ASTERACEAE
Anthemis cotula L. Terófito (Stellarietea mediae)
Anthemis maritima L. Caméfito lenhoso (Ammophiletea)
Arctotheca calendula (L.) Levyns Terófito
Achillea ageratum L. Caméfito lenhoso (Holoschoenetalia vulgaris)
Aetheorhiza bulbosa (L.) Cass. subsp. bulbosa Geófito bolboso (Crucianelletalia maritimae) (= Crepis bulbosa (L.) Tausch.)
Anacyclus clavatus (Desf.) Pers. Terófito (Hordeion leporini)
Anacyclus radiatus Loisel. Terófito (Hordeion leporini)
Andryala arenaria (DC.) Boiss. & Reuter subsp. arenaria Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Andryala corymbosa Lam. Hemicriptófito bienal (Tuberarietalia guttatae)
[África do Sul] (Sisymbrietalia officinalis) (= Cryptostemma calendulacea (Hill) R. Br.)
Arnica montana L. subsp. atlantica A.Bolòs Geófito rizomatoso Endemismo ibérico Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE
Artemisia arborescens L. Caméfito lenhoso (Salsolo vermiculatae-Peganetalia harmalae)
Artemisia campestris L. subsp. glutinosa (J. Gay ex Besser) Batt. in Batt. & Trab. Caméfito lenhoso (Pegano-Salsoletea)
Artemisia crithmifolia L. Caméfito lenhoso Endemismo europeu (Helichrysion picardii)
Artemisia gallica Willd. subsp. gallica Caméfito lenhoso
343
(Sarcocornietea fruticosae)
Endemismo ibérico
(= Artemisia caerulescens L. subsp. caerulescens)
(Astragalion tragacanthae)
Artemisia vulgaris L.
Calendula suffruticosa Vahl subsp. lusitanica
Proto-hemicriptófito
(Boiss.) Ohle
(Artemisietea vulgaris)
Caméfito sublenhoso Endemismo ibérico
Aster squamatus (Spreng.) Hiern.
(Calendulo lusitanicae-Antirrhinion linkiani)
Terófito [América Central e do Sul]
Carduus bourgeanus Boiss. & Reut.
(Elytrigietalia repentis)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Asteriscus maritimus (L.) Less.
(Carthametalia lanati)
Caméfito lenhoso (Crithmo-Limonietea)
Carduus meonanthus Hoffmanns & Link Terófito
Atractylis cancellata L.
Endemismo ibero-mauritânico
Terófito
(Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
(Brachypodietalia distachyi)
Carduus pycnocephalus L. Atractylis gummifera L.
Terófito
Geófito tuberoso
(Onopordenea acanthii)
(Carthametalia lanati)
Carduus tenuiflorus Curtis Bellis annua L. subsp. annua
Terófito
Terófito
(Onopordenea acanthii)
(Poetea bulbosae)
Carlina corymbosa L. subsp. corymbosa Bellis sylvestris Cyr.
Geófito rizomatoso
Hemicriptófito
(Carthametalia lanati)
(Poetea bulbosae)
(= C. hispanica Lam.)
Calendula algarbiensis Boiss.
Carlina corymbosa L. var. major Lange
Caméfito sublenhoso
Geófito rizomatoso
Endemismo ibérico
(Crithmo-Daucion halophili)
(Crithmo-Daucion halophili)
Carlina racemosa L. Calendula arvensis L.
Terófito ou hemicriptófito subarrosetado
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Stellarietea mediae)
(Agrostion pourretii)
Calendula incana Willd.
Carthamus lanatus L. subsp. lanatus
Caméfito sublenhoso
Terófito
344
(Carthametalia lanati)
Centaurea sphaerocephala L. subsp. sphaerocephala Hemicriptófito subarrosetado
Centaurea africana Lam.
Endemismo ibero-mauritânico
Hemicriptófito subarrosetado Endemismo ibero-mauritânico
Centaurea vicentina Mariz
(Quercion lusitanicae)
Hemicriptófito subarrosetado Endemismo lusitano
Centaurea aspera L. subsp. aspera
(Quercion lusitanicae)
Hemicriptófito subarrosetado
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Carthametalia lanati)
(= C. fraylensis Schultz Bip. ex Nyman)
Centaurea aspera L. subsp. stenophylla (Dufour)
Chamaemelum fuscatum (Brot.) Vasc.
Nyman
Terófito
Hemicriptófito subarrosetado
(Spergulo-Arabidopsienion thalianae)
Endemismo ibero-mauritânico (Bromo-Piptatherion miliacei)
Chamaemelum mixtum (L.) All. Terófito
Centaurea calcitrapa L.
(Scleranthion annui)
Hemicriptófito subarrosetado
(= Anthemis mixta L.; = Ormenis mixta (L.) Bumort.)
(Onopordenea acanthii)
Chamaemelum nobile (L.) All. Centaurea collina L.
Proto-hemicriptófito
Hemicriptófito subarrosetado
(Potentillion anserinae)
(Carthametalia lanati)
Chamaemelum nobile (L.) All. var. discoideum Centaurea crocata Franco
(Boiss.) P. Silva
Hemicriptófito subarrosetado
Proto-hemicriptófito
Endemismo lusitano
(Potentillion anserinae)
(Quercion lusitanicae)
Cheirolophus sempervirens (L.) Pomel Centaurea melitensis L.
Caméfito lenhoso
Terófito
Endemismo ibérico
(Thero-Brometalia)
(Stachyo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis)
Centaurea pullata L.
Chondrilla juncea L.
Terófito
Hemicriptófito
(Thero-Brometalia)
(Onopordenea acanthii)
Centaurea sphaerocephala L. subsp. polyacantha
Meyer; = C. canescens Ker. & Kir.; = C. graminea Bieb.; = C.
(incl. C. acantholepis Boiss.; = C. brevirostris Fischer & C. A.
(Willd.) Dostál Hemicriptófito Endemismo ibérico (Sporobolion arenarii)
latifolia Bieb.)
Chrysanthemum coronarium L. Terófito (Hordeion leporini)
345
Chrysanthemum coronarium L. var. coronarium
[América Central e do Sul]
Terófito
(= Conyza floribunda Kunth)
(Hordeion leporini)
Conyza sumatrensis (Retz.) E. Walker Chrysanthemum coronarium L. var. discolor d’Urv.
Terófito
Terófito
[América do Sul]
(Hordeion leporini)
(Chenopodion muralis) (= C. albida Spreng.)
Chrysanthemum segetum L. Terófito (Solano nigri-Polygonetalia convolvuli)
Conyza x mixta Fouc. & Neyr. Terófito (Conyza bonariensis x Conyza canadensis)
Cichorium intybus L. Hemicriptófito (Onopordenea acanthii)
Cotula australis (Sieb. ex Spreng.) Hook f. Terófito [Austrália e Nova Zelândia]
Cirsium palustre (L.) Scop. Hemicriptófito subarrosetado (Molinietalia caeruleae)
(Polygono arenastri-Poetalia annuae)
Cotula coronopifolia L. Terófito
Cnicus benedictus L. Terófito (Chenopodion muralis)
[África do Sul]
Crepis foetida L. Terófito
Coleostephus myconis (L.) Rchb. f. Terófito (Stellarienea mediae)
(Chenopodio-Stellarienea)
Crepis pusilla (Sommier) Merxm. Terófito
Conyza bonariensis (L.) Cronq. Terófito [América do Sul] (Chenopodion muralis)
(Polycarpion tetraphylli)
Crepis vesicaria L. subsp. haenseleri (Boiss. ex DC.) P.D. Sell
(= C. crispa (Pourret) Rubr.; = C. ambigua DC.; = Erigeron
Terófito ou hemicriptófito
bonariensis L.)
(Sisymbrietalia officinalis)
Conyza canadensis (L.) Cronq.
Cynara algarbiensis Mariz
Terófito
Hemicriptófito subarrosetado
[América do Norte]
Endemismo ibérico
(Chenopodietalia muralis)
(Urtico piluliferae-Silybion mariani)
(= Erigeron canadensis L.)
Cynara cardunculus L. Conyza rouyana Sennen
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito
(Urtico piluliferae-Silybion mariani)
346
Cynara humilis L.
[América do Norte]
Hemicriptófito Endemismo ibero-mauritânico
Evax lusitanica Samp.
(Onopordion castellani)
Terófito acaule
(= Bourgaea humilis (L.) Cosson)
Endemismo ibérico (Malcolmietalia)
Daveaua anthemoides Mariz Terófito
Evax pygmaea (L.) Brot. subsp. ramosissima
Endemismo ibero-mauritânico
(Mariz) R. Fern & Nogueira Terófito
Dittrichia maritima Brullo & De Marco
Endemismo ibero-mauritânico
Caméfito lenhoso
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Endemismo lusitano (Dittrichietum maritimae)
Filago lutescens Jord. Terófito
Dittrichia viscosa (L.) Greuter subsp. revoluta
Endemismo ibero-mauritânico
(Hoffmanns. & Link) P. Silva & Tutin
(Tuberarietalia guttatae)
Caméfito lenhoso Endemismo lusitano
Filago pyramidata L.
(Bromo-Piptatherion miliacei)
Terófito (Stellarietea mediae)
Dittrichia viscosa (L.) Greuter subsp. viscosa Caméfito lenhoso
Galactites tomentosa Moench
(Bromo-Piptatherion miliacei)
Terófito
(= Inula viscosa (L.) Ait.)
(Echio plantaginei-Galactition tomentosae)
Doronicum plantagineum L.
Galinsoga parviflora Cav.
Geófito rizomatoso
Terófito
Endemismo europeu
[América do Sul]
(Quercetalia ilicis)
(Polygono-Chenopodion polyspermi)
Echinops strigosus L.
Gnaphalium uliginosum L.
Terófito
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Nanocyperetalia)
(Onopordion castellani)
Gymnostyles stolonifera (Brot.) Tutin Erigeron karwinskianus DC.
Terófito
Caméfito herbáceo
(Polycarpion tetraphylli)
[México e Sul da América Tropical] (Parietarietalia)
Hedypnois arenaria (Schousb.) DC. Terófito
Eupatorium adenophorum Spreng.
Endemismo ibero-mauritânico
Hemicriptófito subarrosetado
(Linarion pedunculatae)
347
Hedypnois cretica (L.) Dumont-Courset
(Sarcocornietea fruticosae)
Terófito (Thero-Brometalia)
Lactuca chondrilliflora Boreau
(= H. rhagadioloides (L.) F. W. Schmidt; = H. polymorpha DC.)
Hemicriptófito (Andryaletalia ragusinae)
Helichrysum decumbens Cambess. Caméfito lenhoso
Lactuca saligna L.
Endemismo ibérico
Terófito ou hemicriptófito bienal
(Crithmo-Daucion halophili)
(Trifolio fragiferi-Cynodontion)
Helichrysum
italicum
(L.)
Moench
subsp.
Lactuca serriola L.
serotinum (Boiss.) P. Fourn.
Terófito ou hemicriptófito bienal
Caméfito lenhoso
(Artemisietea vulgaris)
(Helichryso stoechadis-Santolinetalia squarrosae)
Lapsana communis L. Helichrysum picardii (Roth) G. Don fil. var.
Terófito
picardii
(Galio aparines-Alliarietalia petiolatae)
Caméfito lenhoso Endemismo ibero-mauritânico
Leontodon
(Helichrysion picardii)
longirostris Finch & P.D. Sell
(= H. italicum (Roth) G.Don subsp. picardi (Boiss. & Reut.)
Terófito
Franco)
Helichrysum picardii Boiss. & Reut. var. virescens Rivas Mart. Caméfito lenhoso Endemismo ibero-mauritânico
taraxacoides
(Vill.)
Mérat
subsp.
Mérat
subsp.
(Tuberarietea guttatae)
Leontodon
taraxacoides
(Vill.)
taraxacoides Hemicriptófito vivaz ou bienal (Crucianelletalia maritimae)
(Coremation albi)
Helichrysum stoechas (L.) Moench subsp. stoechas Caméfito lenhoso (Helichryso stoechadis-Santolinetalia squarrosae)
Hypochoeris glabra L. Terófito (Tuberarion guttatae)
Hypochoeris radicata L. subsp. radicata Hemicriptófito subarrosetado (Plantaginetalia majoris)
Inula crithmoides L. Caméfito lenhoso
348
Leontodon tuberosus L. Geófito tuberoso (Poetea bulbosae) (= Thrincia tuberosa (L.) DC.)
Logfia gallica (L.) Coss. & Germ. Terófito (Tuberarietalia guttatae) (= Filago gallica L.; inc. L. tenuifolia (C. Presel) Coste)
Logfia minima (Sm.) Dumort. Terófito (Tuberarietalia guttatae)
Mantisalca salmantica (L.) Briq. & Cavill.
Hemicriptófito subarrosetado
(= Gnaphalium luteo-album L.)
(Brachypodietalia phoenicoidis)
Pulicaria dysenterica (L.) Bernh. var. dysenterica Matricaria recutita L.
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito
(Calystegietalia sepium)
(Stellarietea mediae) (= Chamomilla recutita (L.) Rauschert)
Pulicaria odora (L.) Rchb. Hemicriptófito
Notobasis syriaca (L.) Cass.
(Quercetea ilicis)
Terófito (Onopordion castellani)
Pulicaria paludosa Link Terófito
Otanthus maritimus (L.) Hoffmanns. & Link
Endemismo ibero-mauritânico
Caméfito lenhoso
(Agrostion pourretii)
(Ammophiletalia) (= Diotis maritima (L.) Desf. Ex Cass.)
Reichardia gaditana (Will.) Cout. Hemicriptófito
Phagnalon rupestre (L.) DC.
Endemismo ibero-mauritânico
Caméfito lenhoso
(Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
(Asplenietalia petrarchae)
(= Picridium gaditanum Willk.)
Phagnalon saxatile (L.) Cass. subsp. saxatile
Reichardia picroides (L.) Roth
Caméfito lenhoso
Hemicriptófito
(Lygeo-Stipetea)
(Thero-Brometalia) (= Picridium vulgare Desf.; = R. macrophylla Vis. & Pancic)
Picris algarbiensis Franco Hemicriptófito subarrosetado
Rhagadiolus edulis Gaertn.
Endemismo lusitano
Terófito
(Stachyo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis)
(Geranio purpurei-Cardaminetalia hirsutae)
Picris echioides L.
Rhagadiolus stellatus (L.) Gaertn. subsp. stellatus
Terófito ou hemicriptófito bienal
Terófito
(Elytrigietalia repentis)
(Chenopodio-Stellarienea)
Picris spinifera Franco
Santolina impressa Hoffmanns & Link
Hemicriptófito bienal
Caméfito lenhoso
Endemismo ibérico
Endemismo lusitano
(Stachyo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis)
(Artemisio glutinosae-Santolinion rosmarinifoliae) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Pseudognaphalium luteo-album (L.) Hilliard & Burtt
Scolymus hispanicus L.
Terófito
Hemicriptófito
(Nanocyperetalia)
(Carthametalia lanati)
349
Scolymus maculatus L.
(Quercion lusitanicae)
Terófito (Onopordion castellani)
Serratula monardii Dufour var. monardii Geófito rizomatoso
Scorzonera baetica (Boiss.) Boiss.
Endemismo ibérico
Proto-hemicriptófito
(Quercion lusitanicae)
Endemismo ibérico
Silybum marianum (L.) Gaertn. Scorzonera transtagana Cout.
Terófito ou hemicriptófito bienal
Proto-hemicriptófito
(Urtico piluliferae-Silybion mariani)
Endemismo lusitano (Quercion lusitanicae)
Sonchus aquatilis Pourr. Geófito rizomatoso
Senecio gallicus Vill.
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
Terófito (Thero-Brometalia)
Sonchus asper (L.) Hill. subsp. asper
(incl. S. coronopifolius Desf., non Burm. fil.)
Terófito (Stellarietea mediae)
Senecio jacobea L. Hemicriptófito subarrosetado
Sonchus oleraceus L.
(Molinio-Arrhenatheretea)
Terófito (Stellarietea mediae)
Senecio lividus L. Terófito
Sonchus tenerrimus L.
(Chenopodio-Stellarienea)
Terófito ou proto-hemicriptófito (Parietarietalia)
Senecio lopezii Boiss. Hemicriptófito subarrosetado
Staehelina dubia L.
Endemismo ibérico
Caméfito lenhoso
(Quercenion broteroi)
(Rosmarinetea officinalis)
Senecio vulgaris L.
Tolpis barbata (L.) Gaertn.
Terófito
Terófito
(Stellarietea mediae)
(Tuberarietalia guttatae)
Serratula alcalae Coss. subsp. aristata Franco
Urospermum picroides (L.) Scop. ex F.W. Schmidt
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito
Endemismo lusitano
(Thero-Brometalia)
(Quercion lusitanicae)
Xanthium spinosum L. Serratula monardii Dufour var. algarbiensis Cantó
Terófito
Geófito rizomatoso
(Chenopodion muralis)
Endemismo lusitano
350
Xanthium strumarium L. subsp. italicum (Moretti)
Cynoglossum creticum Mill.
D. Löve
Hemicriptófito
Terófito
(Carthametalia lanati)
(Bidentetalia tripartitae)
(= C. pictum Aiton)
Xanthium strumarium L. subsp. strumarium
Echium creticum L. subsp. coincyanum (Lacaita) R.
Terófito
Fernandes
(Solano nigri-Polygonetalia convolvuli)
Hemicriptófito subarrosetado (Carthametalia lanati)
BETULACEAE
Echium gaditanum Boiss. Hemicriptófito subarrosetado
Alnus glutinosa (L.) Gaertn.
Endemismo ibero-mauritânico
Mesofanerófito
(Helichrysion picardii)
(Salici purpureae-Populetea nigrae)
Echium plantagineum L. BORAGINACEAE
Terófito (Echio plantaginei-Galactition tomentosae) (= E. lycopsis L.; = E. maritimum Willd.)
Anchusa calcarea Boiss. Hemicriptófito Endemismo ibérico
Echium rosulatum Lange subsp. rosulatum Hemicriptófito subarrosetado Endemismo ibérico
Anchusa italica Retz.
(Dauco-Melilotion)
Hemicriptófito (Roemerion hybridae)
Echium tuberculatum Hoffmanns & Link Hemicriptófito subarrosetado
Anchusa undulata L. subsp. granatensis (Boiss.)
Endemismo ibero-mauritânico
Valdés
(Alysso granatensis-Brassicion barrelieri)
Hemicriptófito Endemismo ibérico
Heliotropium europaeum L. Terófito
Anchusa undulata L. subsp. undulata
(Diplotaxion erucoidis)
Hemicriptófito subarrosetado Endemismo ibérico
Heliotropium supinum L. Terófito
Cerinthe gymnandra Gasparr.
(Verbenion supinae)
Terófito
Lithodora lusitanica (Samp.) Holub. Cynoglossum cheirifolium L.
Caméfito lenhoso
Hemicriptófito subarrosetado
(Ulici argentei-Cistion ladaniferi)
(Carthametalia lanati)
Myosotis baetica (Pérez Lara) Rocha Afonso
351
Hemicriptófito subarrosetado
(= Iberis sempervirens L. subsp. vicentina (Samp.) Malag.)
Myosotis debilis Pomel
Brassica nigra (L.) W.D.J. Koch in Röhl.
Terófito ou helófito bienal
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico (Glycerio-Sparganion)
Brassica oxyrrhina Coss. Terófito
Myosotis lusitanica Schuster
Endemismo ibero-mauritânico
Hemicriptófito subarrosetado
(Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
Endemismo lusitano (Hyperico elodis-Sparganion)
Cakile maritima Scop. subsp. maritima
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Terófito (Cakilion maritimae)
Myosotis ramosissima Rachel subsp. ramosissima
(= C. maritima ssp. aegyptica (L.) Nyman)
Terófito (Geranio pusilli-Anthriscion caucalidis)
Capsella rubella Reut. Terófito
Myosotis retusifolia Rocha Afonso
(Stellarietea mediae)
Terófito Endemismo lusitano
Cardamine hirsuta L.
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Terófito (Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Nonea vesicaria (L.) Rchb. Terófito ou hemicriptófito subarrosetado
Cardaria draba (L.) Desv.
(Thero-Brometalia)
Geófito (Stellarietea mediae)
BRASSICACEAE Alliaria petiolata (M. Bieb.) Cavara & Grande Hemicriptófito
Cochlearia glastifolia L. Terófito Endemismo ibérico (Molinio-Holoschoenion vulgaris)
(Galio aparines-Alliarietalia petiolatae)
Arabidopsis thaliana (L.) Heynh. Terófito (Stellarienea mediae)
Coincya pseudoerucastrum (Brot.) Greuter & Bourdet subsp. pseudoerucastrum Caméfito (Rumici indurati-Dianthion lusitani)
(= Arabis thaliana L.; = Sisymbrium thalianum (L.) J. Gay; = Stenophragma thalianum (L.) Celak.)
Biscutella vicentina (Samp.) Rothm. ex Guinea Hemicriptófito Endemismo ibérico (Eryngio-Ulicenion erinacei) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
352
Coronopus didymus (L.) Sm. Terófito [América do Sul] (Polygono arenastri-Poetalia annuae)
Coronopus squamatus (Forssk.) Asch.
Terófito
(Helichrysion picardii)
(Sclerochloo durae-Coronopodion squamati)
(= I. procumbens Lange subsp. microcarpa Franco & P. Silva)
Diplotaxis vicentina (Welw. ex Samp.) Rothm.
Iberis sampaiana Franco & P. Silva
Terófito ou hemicriptófito
Terófito ou hemicriptófito
Endemismo lusitano
Endemismo ibérico
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(= I. pectinata Boiss.)
Diplotaxis virgata (Cav.) DC.
Iberis welwitschii Boiss.
Terófito
Caméfito herbáceo
Endemismo ibérico
Endemismo ibérico
(Hordeion leporini)
(Coremation albi) (= I. ciliata All. subsp. welwitschii (Boiss.) Moreno; = I. linifolia
Draba muralis L.
L. subsp. welwitschii (Boiss.) Franco & P.Silva)
Terófito (Cardamino hirsutae-Geranietea purpurei)
Jonopsidium acaule (Desf.) Rchb. Terófito
Eruca vesicaria (L.) Cav. subsp. sativa (Mill.)
Endemismo lusitano
Thell. in Hegi
Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da
Terófito (Stellarietea mediae)
Erysimum linifolium (Pourr. ex Pers.) J. Gay Caméfito herbáceo Endemismo ibérico (Rumici-Dianthion lusitani)
Convenção de Berna
Lepidium latifolium L. Geófito rizomatoso (Plantaginetalia majoris)
Lobularia maritima (L.) Desv. subsp. maritima Caméfito
Hirschfeldia incana (L.) Lagr.-Foss.
(= Clypeola maritima L.; = Koniga maritima (L.) R. Br.; = L. strigulosa (Kunze) Willk.)
Hemicriptófito (Hordeion leporini) (= Sinapis incana L.; = Erucastrum incanum (L.) W. D. I. Koch; = H. adpressa Monch.; = Erucastrum heterophyllum (Lag.) Nyman)
Malcolmia alyssoides (Pers.) DC. Caméfito herbáceo Endemismo lusitano (Crucianelletalia maritimae)
Iberis microcarpa (Franco & P. Silva) Rivas Mart.
(= M. littorea (L.) R. Br. in W.T. Aiton)
subsp. microcarpa Caméfito lenhoso
Malcolmia littorea (L.) Br.
Endemismo lusitano
Caméfito herbáceo
(Serratulo estremadurensis-Thymenion sylvestris)
(Crucianelletalia maritimae)
Anexo(s) B-II da Directiva 92/43/CEE
(= Cheiranthus littoreus L.)
Iberis procumbens Lange
Malcolmia ramosissima (Desf.) Thell.
Caméfito lenhoso
Terófito
Endemismo ibérico
(Cutandietalia maritimae)
353
Malcolmia triloba (L.) Spreng. subsp. gracillima
CALLITRICHACEAE
(Samp.) Franco ex I. Nogueira Terófito ou hemicriptófito
Callitriche brutia Petagna
Endemismo lusitano
Hidrófito
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
(Potametea)
Malcolmia triloba (L.) Spreng. subsp. triloba
Callitriche cribosa Schotsman
Caméfito herbáceo
Hidrófito ou helófito
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Endemismo ibero-mauritânico
(= M. triloba (L.) Spreng.)
(Ranunculion aquatilis)
Raphanus raphanistrum L.
Callitriche lusitanica Schotsman
Terófito
Hidrófito submerso
(Stellarienea mediae)
Endemismo ibero-mauritânico (Potametea)
Rapistrum rugosum (L.) All. subsp. rugosum Terófito
Callitriche palustris L.
(Centaureetalia cyani)
Hidrófito (Potametalia)
Rorippa nasturtium-aquaticum (L.) Hayek Helófito
Callitriche stagnalis Scop.
(Rorippion nasturtii-aquatici)
Hidrófito, helófito ou terófito
(= Nasturtium officinale R. Br. in W.T. Aiton)
(Ranunculion aquatilis)
Sinapis arvensis L. Terófito
CAMPANULACEAE
(Stellarietea mediae)
Campanula erinus L. Sisymbrium irio L.
Terófito
Terófito
(Brachypodion distachyi)
(Chenopodietalia muralis)
Campanula lusitanica L. subsp. lusitanica Sisymbrium officinale (L.) Scop.
Terófito
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Sisymbrietalia officinalis)
(Tuberarietalia guttatae)
Teesdalia coronopifolia (J.P. Bergeret) Thell.
Campanula primulifolia Brot.
Terófito
Hemicriptófito subarrosetado
(Tuberarion guttatae)
Endemismo lusitano (Osmundo-Alnion)
Teesdalia nudicaulis (L.) R. Br. Terófito
Campanula rapunculus L.
(Tuberarietalia guttatae)
Hemicriptófito subarrosetado
354
(Trifolio-Geranietea)
Fanerófito escandente (Quercetea ilicis)
Jasione blepharodon Boiss. & Reut. Terófito ou hemicriptófito subarrosetado
Lonicera periclymenum L. subsp. hispanica (Boiss.
(Brachypodion distachyi)
& Reut.) Nyman Fanerófito escandente
Jasione montana L. subsp. gracilis (Lange) Rivas
Endemismo ibero-mauritânico
Mart.
(Pruno-Rubion ulmifolii)
Terófito ou hemicriptófito subarrosetado (Tuberarietalia guttatae)
Sambucus nigra L. Microfanerófito
Jasione montana L. subsp. montana
(Rhamno-Prunetea)
Terófito ou hemicriptófito subarrosetado (Tuberarion guttatae)
Viburnum tinus L. Microfanerófito
Lobelia urens L.
(Quercetalia ilicis)
Hemicriptófito subarrosetado (Molinietalia caeruleae)
Solenopsis laurentia (L.) C. Presl Terófito (Isoetion)
CARYOPHYLLACEAE Arenaria algarbiensis Welw. ex Willk. Terófito Endemismo ibérico
Wahlenbergia hederacea (L.) Rchb. Caméfito herbáceo Endemismo europeu (Anagallido-Juncion bulbosi)
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Arenaria conimbricensis Brot. Terófito Endemismo ibérico (Tuberarietea guttatae)
CANNABACEAE Arenaria leptoclados (Rchb.) Guss. Humulus lupulus L.
Terófito
Hemicriptófito escandente
(Tuberarietea guttatae)
(Salici purpureae-Populetea nigrae)
Arenaria montana L. Caméfito herbáceo
CAPRIFOLIACEAE
(Quercetalia roboris)
Lonicera etrusca G. Santi var. etrusca L.
Cerastium glomeratum Thuill.
Fanerófito escandente
Terófito
(Quercetea ilicis)
(Stellarietea mediae) (= C. viscosum auct. Mult.)
Lonicera implexa Aiton
355
Dianthus broteri Boiss. & Reut. subsp. hinoxianus
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
(Galego) Rivas Mart. Caméfito lenhoso
Loeflingia baetica Lag. var. tavaresiana (Samp. ex
Endemismo ibérico
Nobre) Rivas Mart.
(Coremation albi)
Terófito Endemismo ibérico
Dianthus lusitanus Brot.
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Caméfito lenhoso Endemismo ibero-mauritânico
Loeflingia hispanica L.
(Rumici indurati-Dianthion lusitani)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Herniaria algarvica Chaudri
(Corynephoro articulati-Malcolmion trilobae)
Terófito Endemismo lusitano
Moehringia pentandra J. Gay
(Linarion pedunculatae)
Terófito
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da
(Quercetalia ilicis)
Convenção de Berna
Moenchia erecta (L.) P. Gaertn., B. Mey & Soherb. Herniaria maritima Link
Terófito
Hemicriptófito
(Tuberarietalia guttatae)
Endemismo lusitano (Corynephorion canescentis)
Paronychia argentea Lam.
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna
Herniaria
scabrida
(Poetalia bulbosae)
Boiss.
var.
unamunoana
(Sennen) Chaudri Hemicriptófito ou caméfito Endemismo ibérico (Corynephorion canescentis)
Illecebrum verticillatum L. Terófito (Cicendion)
Loeflingia baetica Lag. var. baetica Terófito Endemismo ibero-mauritânico (Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Loeflingia baetica Lag. var. micrantha (Boiss. & Reuter) Samp. Terófito Endemismo ibero-mauritânico
356
Hemicriptófito
Paronychia cymosa (L.) DC. Terófito (Tuberarion guttatae) (= Chaetonychia cymosa (L.) Sweet.)
Polycarpon alsinifolium (Biv.) DC. Hemicriptófito (Cutandietalia maritimae)
Polycarpon tetraphyllum (L.) L. Terófito (Polycarpion tetraphylli)
Sagina apetala Ard. Terófito (Polygono arenastri-Poetalia annuae)
Sagina maritima G. Don
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Saginetea maritimae)
(Linarion pedunculatae)
Saponaria officinalis L.
Silene mellifera Boiss. & Reut. subsp. mellifera
Hemicriptófito
Hemicriptófito
(Salici purpureae-Populetea nigrae)
Endemismo ibérico (Origanion virentis)
Scleranthus annuus L. Terófito
Silene micropetala Lag.
(Scleranthion annui)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Silene colorata Poir.
(Malcolmietalia)
Terófito (Tuberarietea guttatae)
Silene nicaeensis All. Terófito
Silene conica L.
(Cutandietalia maritimae)
Terófito (Tuberarietea guttatae)
Silene nocturna L. subsp. nocturna Terófito
Silene dioica (L.) Clairv.
(Centaureetalia cyani)
Hemicriptófito (Galio-Alliarion petiolatae)
Silene portensis L. Terófito
Silene fuscata Link ex Brot.
(Tuberarietalia guttatae)
Terófito (Echio plantaginei-Galactition tomentosae)
Silene psammitis Link ex Spreng. subsp. psammitis Terófito
Silene gallica L.
Endemismo ibérico
Terófito
(Tuberarietalia guttatae)
(Thero-Brometalia) (= S. anglica L.)
Silene scabriflora Brot. subsp. scabriflora Terófito
Silene laeta (Aiton) Godron
Endemismo ibero-mauritânico
Terófito
(Tuberarietalia guttatae)
(Juncion acutiflori)
Silene scabriflora Brot. subsp. tuberculata (Ball) Silene latifolia Poir.
Talavera
Hemicriptófito
Terófito
(Trifolio-Geranietea)
Endemismo ibero-mauritânico
(= S. alba subsp. mariziana (Gand.) Franco)
(Echio plantaginei-Galactition tomentosae)
Silene littorea Brot. subsp. littorea
Silene sclerocarpa Dufour
Terófito
Terófito
357
(Malcolmietalia)
Stellaria neglecta Weihe Terófito
Silene vulgaris (Moench) Garcke
(Galio-Urticetea)
Hemicriptófito
Velezia rigida Loefl. ex L. Spergula arvensis L.
Terófito
Terófito
(Brachypodion distachyi)
(Scleranthion annui)
Spergularia australis (Samp.) Prain in B.D.
CHENOPODIACEAE
Jackson Caméfito herbáceo
Arthrocnemum macrostachyum (Moric.) Morris
Endemismo ibérico
Caméfito lenhoso
(Crithmo-Daucion halophili)
(Arthrocnemion macrostachyi)
Spergularia bocconei (Scheele) Graeben.
Atriplex halimus L.
Terófito
Nanofanerófito
(Saginetea maritimae)
(Salsolo vermiculatae-Peganetalia harmalae)
Spergularia marina (L.) Besser
Atriplex patula L.
Terófito, ou raramente hemicriptófito
Terófito
(Saginetea maritimae)
(Stellarietea mediae)
(= S. salina J. Presl. & C. Presl.)
Atriplex prostrata Boucher ex DC. Spergularia media (L.) C. Presl
Terófito
Hemicriptófito ou caméfito herbáceo
(Chenopodietalia muralis) (= A. hastata auct. non L.)
Spergularia purpurea (Pers.) G. Don f. Terófito
Beta maritima L. var. maritima
(Polycarpion tetraphylli)
Terófito ou hemicriptófito (Cakiletea maritimae)
Spergularia rubra (L.) J. Presl & K. Presl var. rubra Terófito
Chenopodium album L.
(Polygono arenastri-Poetalia annuae)
Terófito (Stellarietea mediae)
Spergularia rupicola Lebel ex Le Jolis Caméfito herbáceo
Chenopodium ambrosioides L.
(Crithmo-Armerion maritimae)
Terófito (Chenopodietalia muralis)
Stellaria media (L.) Vill. Terófito
Chenopodium murale L.
(Stellarietea mediae)
Terófito (Chenopodion muralis)
358
Chenopodium opulifolium Schrad. ex Koch & Ziz
Caméfito
Terófito
(Sarcocornienion perennis)
(Chenopodion muralis)
Suaeda albescens Lázaro Ibiza Chenopodium urbicum L.
Terófito
Terófito
(Thero-Suaedion)
(Chenopodion muralis)
Suaeda spicata (Willd.) Moq. Chenopodium vulvaria L.
Terófito
Terófito
(Thero-Suaedion)
(Chenopodion muralis)
Suaeda splendens (Pourr.) Gren. & Godr. Halimione portulacoides (L.) Aellen
Terófito
Caméfito lenhoso
(Thero-Suaedion)
(Sarcocornietalia fruticosae)
Suaeda vera Forssk. ex J.F. Gmel. Salicornia ramosissima J. Woods
Nanofanerófito
Terófito
(Suaedion verae)
(Salicornion europaeo-ramosissimae)
Salsola kali L. subsp. kali Terófito (Cakiletea maritimae)
CISTACEAE Cistus albidus L. Nanofanerófito
Salsola soda L. Terófito (Thero-Suaedion)
(Rosmarinetea officinalis)
Cistus crispus L. Nanofanerófito
Salsola vermiculata L. subsp. vermiculata Caméfito lenhoso (Salsolo vermiculatae-Peganetalia harmalae)
(Lavanduletalia stoechadis)
Cistus ladanifer L. Nanofanerófito
Sarcocornia fruticosa (L.) A.J. Scott Caméfito lenhoso (Sarcocornion fruticosae)
(Lavanduletalia stoechadis)
Cistus libanotis L. Nanofanerófito
Sarcocornia perennis (Mill.) A.J. Scott subsp. alpini (Lag.) Castrov. Caméfito (Sarcocornienion alpini)
Endemismo ibérico (Coremation albi)
Cistus monspeliensis L. Nanofanerófito
Sarcocornia perennis (Mill.) A.J. Scott subsp.
(Lavanduletalia stoechadis)
perennis
359
Cistus palhinhae Ingram
Halimium
halimifolium
Nanofanerófito
multiflorum (Salzm. ex Dunal) Maire
Endemismo lusitano
Nanofanerófito
(Eryngio-Ulicenion erinacei)
Endemismo ibero-mauritânico
Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Coremation albi)
(L.)
Willk.
(= C. ladanifer L. subsp. sulcatus (Demoly) P. Monts.)
Halimium ocymoides (Lam.) Willk. Cistus populifolius L. subsp. major (Dunal)
Nanofanerófito
Heywood
Endemismo ibero-mauritânico
Microfanerófito
(Ericion umbellatae)
Endemismo ibero-mauritânico
Helianthemum marifolium (L.) Mill. Cistus populifolius L. subsp. populifolius
Caméfito
Nanofanerófito
(Rosmarinetalia officinalis)
(Lavanduletalia stoechadis)
Helianthemum origanifolium (Lam.) Pers. Cistus psilosepalus Sweet
Caméfito
Nanofanerófito
Endemismo ibero-mauritânico
Endemismo europeu
(Saturejo-Thymbrion capitatae)
(Ericion umbellatae)
Tuberaria guttata (L.) Fourr. Cistus salviifolius L.
Terófito
Nanofanerófito
(Tuberarietalia guttatae)
(Cisto-Lavanduletea)
(= T. bupleurifolia (Lam) Willk.)
Cistus x hybridus Pourret
Tuberaria lignosa (Sweet) Samp.
Nanofanerófito
Hemicriptófito
(Cisto populifoliae-Arbutetum unedonis)
(Calluno-Ulicetea)
(Cistus salviifolius x C. populifolius)
Cistus x platysepalus Sweet
COMMELINACEAE
Nanofanerófito (Cistus monspeliensis x C. psilosepalus)
Tradescantia fluminensis Velloso Caméfito herbáceo
Fumana thymifolia (L.) Spach ex Webb
[América do Sul]
Caméfito
(Smyrnienion olusatri)
(Rosmarinetea officinalis)
Halimium calycinum (L.) K. Koch Nanofanerófito Endemismo ibero-mauritânico (Coremation albi) (= H. commutatum Pau)
360
CONVOLVULACEAE Calystegia sepium (L.) R. Br. Proto-hemicriptófito escandente (Calystegion sepium)
subsp.
Calystegia soldanella (L.) R. Br.
Caméfito ou hemicriptófito
Proto-hemicriptófito
(Querco-Fagetea)
(Ammophiletalia) (= Convolvulus soldanella L.)
Sedum mucizonia (Ortega) Raym.-Hamet Terófito
Convolvulus althaeoides L.
Endemismo ibero-mauritânico
Proto-hemicriptófito
(Phagnalo saxatilis-Rumicetalia indurati)
(Lygeo-Stipetea)
Sedum sediforme (Jacq.) Pau Convolvulus arvensis L.
Caméfito
Hemicriptófito rastejante
(Sedion micrantho-sediformis)
(Elytrigietalia repentis)
(= Sempervivum sediforme Jacq.; = S. altissimum Poir. In Lam.)
Convolvulus meonanthus Hoffmanns & Link
Umbilicus rupestris (Salisb.) Dandy
Terófito ou proto-hemicriptófito
Hemicriptófito
(Cerintho majoris-Fedion cornucopiae)
(Parietarietalia)
Cressa cretica L. var. villosa Hoffmanns. & Link Terófito, ou raramente hemicriptófito (Thero-Suaedion)
Cuscuta planiflora Ten. Terófito
CRASSULACEAE
CUCURBITACEAE Bryonia cretica L. subsp. dioica (Jacq.) Tutin Geófito escandente (Populion albae) (= B. dioica Jacq.)
Ecballium elaterium (L.) A. Rich. Hemicriptófito
Crassula tillaea Lest.-Garl.
(Chenopodietalia muralis)
Terófito (Polycarpion tetraphylli) (= Tillaea muscosa L.)
Crassula vaillantii (Willd.) Roth Terófito (Isoetetalia)
Sedum album L. Caméfito herbáceo (Alysso-Sedetalia) (= S. micranthum DC.; = S. album ssp. micranthum (DC.) Syme in Sm.)
Sedum forsterianum Sm.
CUPRESSACEAE Juniperus navicularis Gand Microfanerófito Endemismo lusitano (Juniperion turbinatae) (= J. oxycedrus L. ssp. transtagana Franco)
Juniperus turbinata Guss. subsp. turbinata Microfanerófito (Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
CYNOMORIACEAE
361
Cynomorium coccineum L.
Carex paniculata L. subsp. lusitanica (Schkuhr ex
Holoparasito
Willd.) Maire
(Carthamo arborescentis-Salsolion oppositifoliae)
Hemicriptófito bienal (Caricion reuterianae)
CYPERACEAE
Carex pendula Huds. Helófito
Bolboschoenus maritimus (L.) Palla var. compactus
(Populetalia albae)
(Hoffm.) Hejny Geófito rizomatoso
Carex pseudocyperus L.
(Bolboschoenetalia compacti)
Helófito (Phragmito-Magnocaricetea)
Carex demissa Hoernm Hemicriptófito subarrosetado
Carex riparia Curtis
(Caricion fuscae)
Helófito ou geófito rizomatoso (Magnocaricion elatae)
Carex distachya Desf. Hemicriptófito subarrosetado
Carex viridula Michx. subsp. viridula
(Quercetalia ilicis)
Hemicriptófito subarrosetado (Agrostion stoloniferae)
Carex distans L. Hemicriptófito subarrosetado
Cyperus capitatus Vandelli
(Molinio-Arrhenatheretea)
Geófito (Ammophiletea)
Carex divisa Huds. subsp. divisa
(= C. schoenoides Griseb.; = Galilea mucronata (L.) Parl.)
Geófito rizomatoso (Trifolio fragiferi-Cynodontion)
Cyperus difformis L. Terófito cespitoso
Carex flacca Schreb.
(Oryzo sativae-Echinochloion oryzoides)
Hemicriptófito subarrosetado (Molinio-Arrhenatheretea)
Cyperus eragrostis Lam. Geófito rizomatoso
Carex hallerana Asso
[America do Norte]
Hemicriptófito subarrosetado
(Holoschoenetalia vulgaris)
(Quercetea ilicis)
Cyperus flavescens L. Carex muricata L. subsp. lamprocarpa Celak.
Terófito cespitoso
Hemicriptófito subarrosetado
(Nanocyperetalia)
(Trifolio-Geranietea)
(= Pycreus favescens (l.) P. Beauv.)
Carex oedipostyla Duval-Juve
Cyperus fuscus L.
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito cespitoso
(Quercetalia ilicis)
(Nanocyperion)
362
Cyperus longus L. subsp. badius (Desf.) Bonnier &
Schoenoplectus mucronatus (L.) Palla
Layens
Helófito cespitoso
Helófito ou geófito rizomatoso
(Oryzo sativae-Echinochloion oryzoides)
(Mentho-Juncion inflexi)
Schoenoplectus tabernaemontani (C.C. Gmelin) Cyperus rotundus L.
Palla
Helófito
Geófito rizomatoso ou helófito
(Diplotaxion erucoidis)
(Phragmitetalia) (= S. lacustris (L.) Palla subsp. glaucus (Sm. ex Hartm.) Bech.)
Eleocharis multicaulis (Sm.) Desv. Helófito
Schoenus nigricans L.
(Hyperico elodis-Sparganion)
Hemicriptófito subarrosetado (Molinio-Arrhenatheretea)
Eleocharis palustris (L.) Roem. & Schult. subsp. palustris
Scirpoides
holoschoenus
Helófito rizomatoso ou estolhoso
holoschoenus
(Glycerio-Sparganion)
Geófito rizomatoso
(L.)
Soják
subsp.
(Holoschoenetalia vulgaris)
Eleocharis palustris (L.) Roem. & Schult. subsp. vulgaris Walters Helófito rizomatoso ou estolhoso
DIOSCORACEAE
(Phragmito-Magnocaricetea)
Tamus communis L. Isolepis cernua (Vahl) Roem. & Schult.
Geófito
Terófito ou helófito
(Rhamno-Prunetea)
(Nanocyperion)
Isolepis pseudosetacea (Duveau) Vasc. Terófito (Cicendion)
DIPSACACEAE Dipsacus comosus Hoffmanns & Link Hemicriptófito subarrosetado
Isolepis setacea (L.) R. Br. Helófito ou terófito cespitoso (Nanocyperion)
Rhynchospora modesti-lucennoi Castrov. Helófito Endemismo ibero-mauritânico (Hyperico elodis-Sparganion)
Schoenoplectus lacustris (L.) Palla Geófito rizomatoso ou helófito (Phragmitetalia)
Endemismo ibérico (Artemisietea vulgaris)
Pterocephalilium diandrum (Lag.) G. López Terófito Endemismo ibérico (Tuberarion guttatae) (= Pterocephalus diandrus (Lag.) Lag.)
Pterocephalus intermedius (Lag.) Coutinho Caméfito lenhoso Endemismo ibérico (= Pycnocomon intermedium (Lag.) Greuter & Burdet)
363
Scabiosa atropurpurea L.
Erica arborea L.
Hemicriptófito
Nanofanerófito ou microfanerófito
(Bromo-Piptatherion miliacei)
(Ericion arboreae)
(= S. maritima L.)
Erica australis L. subsp. australis DROSERACEAE
Nanofanerófito Endemismo ibero-mauritânico (Ericion umbellatae)
Drosera intermedia Hayne Helófito ou hemicriptófito
Erica ciliaris Loefl. ex L.
(Rhynchosporion albae)
Caméfito lenhoso ou nanofanerófito (Daboecion cantabricae)
Drosophyllum lusitanicum (L.) Link Caméfito
Erica cinerea L.
Endemismo ibero-mauritânico
Caméfito lenhoso ou nanofanerófito (Calluno-Ulicetea)
EMPETRACEAE Corema album (L.) D. Don
Erica erigena R. Ross Nanofanerófito (Molinio-Holoschoenion vulgaris)
Nanofanerófito Endemismo ibérico (Rubio longifoliae-Coremation albi) (= Empetrum album L.)
EPHEDRACEAE
Erica lusitanica Rudolphi Nanofanerófito (Genistion micrantho-anglicae)
Erica scoparia L. Nanofanerófito ou microfanerófito
Ephedra fragilis Desf. var. fragilis Fanerófito escandente (Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
(Calluno-Ulicetea)
Erica umbellata L. Caméfito lenhoso Endemismo ibero-mauritânico
ERICACEAE
(Ericion umbellatae)
Arbutus unedo L.
Rhododendron ponticum L. subsp. baeticum (Boiss.
Nanofanerófito (Ericion arboreae)
Reuter) Hand.-Mazz Microfanerófito Endemismo ibérico
Calluna vulgaris (L.) Hull.
(Arbuto unedonis-Laurion nobilis)
Caméfito lenhoso (Calluno-Ulicetea) (= Erica vulgaris L.)
364
EUPHORBIACEAE
Chamaesyce peplis (L.) Prokh.
(Ammophiletea)
Terófito (Cakiletea maritimae)
Euphorbia peplus L. Terófito
Chamaesyce prostrata (Aiton.) Small
(Polygono-Chenopodion polyspermi)
Terófito [Caribe]
Euphorbia portlandica L.
(Chamaesycion prostratae)
Hemicriptófito (Crucianelletalia maritimae)
Chamaesyce serpens (Kunth) Small
(= E. imbricata Vahl)
Terófito [América Tropical]
Euphorbia segetalis L.
(Chamaesycion prostratae)
Terófito (Diplotaxion erucoidis)
Euphorbia boetica Boiss. Hemicriptófito Endemismo ibérico (Helichrysion picardii)
(= E. tetraceras Lange; = E. pinea L.; = E. segetalis ssp. pinea (L.) Hayek)
Euphorbia terracina L. Hemicriptófito
Euphorbia characias L. Caméfito
Euphorbia transtagana Boiss.
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Hemicriptófito Endemismo lusitano
Euphorbia exigua L. Terófito (Brachypodietalia distachyi)
Euphorbia helioscopia L. Terófito (Polygono-Chenopodion polyspermi)
Euphorbia hirsuta L. Hemicriptófito (Molinio-Holoschoenion vulgaris)
(Quercion lusitanicae) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Mercurialis ambigua L. f. Terófito (Stellarienea mediae)
Mercurialis elliptica Poir. in Lam. Hemicriptófito Endemismo ibero-mauritânico (Parietarion lusitanico-mauritanicae)
(= E. pubescens Vahl)
Euphorbia monchiquensis Franco & P. Silva Caméfito Endemismo lusitano (Quercenion broteroi)
Euphorbia paralias L. Caméfito
FABACEAE Acacia longifolia (Andrews) Willd. Microfanerófito [Austrália] (= Mimosa longifolia Andrews)
Acacia mearnsii De Wild.
365
Mesofanerófito
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
[Austrália]
Coronilla glauca L. Acacia pycnantha Bentham
Nanofanerófito
Microfanerófito ou mesofanerófito
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
[Austrália]
Coronilla repanda (Poir.) Guss. subsp. dura (Cav.) Acacia saligna (Labill.) H.L.Wendl.
Cout.
Microfanerófito
Terófito
[Austrália]
Endemismo ibero-mauritânico (Tuberarion guttatae)
Adenocarpus anisochilus Boiss. Nanofanerófito ou microfanerófito
Coronilla repanda (Poir.) Guss. subsp. repanda
Endemismo lusitano
Terófito
(Ulici europaei-Cytision striati)
(Malcolmietalia)
Anthyllis vulneraria L. subsp. maura (G. Beck)
Cytisus grandiflorus (Brot.) DC. subsp. cabezudoi
Lindb.
Talavera
Hemicriptófito
Nanofanerófito
(Rosmarinetea officinalis)
Endemismo ibérico (Retamion monospermae)
Astragalus hamosus L. Terófito
Cytisus striatus (Hill) Rothm. subsp. striatus
(Thero-Brometalia)
Nanofanerófito (Ulici europaei-Cytision striati)
Astragalus lusitanicus Lam. Hemicriptófito
Dorycnium hirsutum (L.) Ser. in DC.
Endemismo ibero-mauritânico
Caméfito lenhoso
(Ulici argentei-Cistion ladaniferi) (= Erophaca baetica Boiss.)
Dorycnium rectum (L.) Ser. Caméfito lenhoso
Biserrula pelecinus L.
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
Terófito (Periballio-Trifolion subterranei)
Genista ancistrocarpa Spach
(= Astragalus pelecinus (L.) Barneby)
Nanofanerófito Endemismo ibero-mauritânico
Bituminaria bituminosa (L.) C.H. Stirt.
(Genistion micrantho-anglicae)
Caméfito (Lygeo-Stipetea)
Genista hirsuta Vahl subsp. algarbiensis (Cout.)
(= Psoralea bituminosa L.)
Rivas Mart., T.E. Díaz & Fern. Gonz. Nanofanerófito
Ceratonia siliqua L.
Endemismo ibérico
Microfanerófito
(Saturejo-Thymbrion capitatae)
366
Genista hirsuta Vahl subsp. hirsuta
Terófito
Nanofanerófito
(Tuberarietalia guttatae)
Endemismo ibérico (Ulici argentei-Cistion ladaniferi)
Lathyrus sylvestris L. Hemicriptófito
Genista tournefortii Spach
(Trifolio-Geranietea)
Nanofanerófito Endemismo ibérico
Lotus arenarius Brot.
(Quercion broteroi)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Genista triacanthos Brot.
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Nanofanerófito Endemismo ibero-mauritânico
Lotus castellanus Boiss. & Reut.
(Ericion umbellatae)
Terófito
(= G. scorpioides Spach)
(Malcolmietalia)
Hymenocarpos hamosus (Desf.) Vis.
Lotus conimbricensis Brot.
Terófito
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Tuberarietalia guttatae)
(Malcolmietalia)
Lotus corniculatus L. subsp. carpetanus (Lacaita) Hymenocarpos lotoides (L.) Vis.
Rivas Mart.
Terófito
Hemicriptófito
Endemismo ibero-mauritânico
Endemismo ibérico
(Tuberarietalia guttatae)
(Molinio-Arrhenatheretea)
Lathyrus angulatus L.
Lotus creticus L.
Terófito
Hemicriptófito
(Tuberarion guttatae)
(Ammophiletea)
Lathyrus aphaca L.
Lotus edulis L.
Terófito
Terófito
(Stellarienea mediae)
(Thero-Brometalia)
Lathyrus cicera L.
Lotus hispidus Desf. ex DC. in Lam. & DC.
Terófito
Terófito
(Stellarienea mediae)
(Malcolmietalia)
Lathyrus clymenum L.
Lotus parviflorus Desf.
Terófito
Terófito
(Hyparrhenion sinaicae)
(Agrostion pourretii)
Lathyrus sphaericus Retz.
Lotus pedunculatus Cav.
367
Hemicriptófito
Medicago truncatula Gaertn.
(Molinietalia caeruleae)
Terófito (Thero-Brometalia)
Lupinus angustifolius L. Terófito
Melilotus elegans Salzm. ex Ser.
(Thero-Brometalia)
Terófito (Echio plantaginei-Galactition tomentosae)
Medicago arabica (L.) Huds. Terófito
Melilotus indicus (L.) All.
(Trifolio fragiferi-Cynodontion)
Terófito (Holoschoenetalia vulgaris)
Medicago ciliaris (L.) All. Terófito
Melilotus segetalis (Brot.) Ser. subsp. segetalis
(Echio plantaginei-Galactition tomentosae)
Terófito
(= M. intertexta (L.) Mill.)
(Stellarietea mediae)
Medicago littoralis Rohde ex Loisel.
Melilotus sulcatus Desf.
Terófito
Terófito
(Tuberarietea guttatae)
(Thero-Brometalia)
Medicago marina L.
Onobrychis peduncularis (Cav.) DC.
Caméfito lenhoso
Hemicriptófito
(Ammophiletea)
Endemismo ibero-mauritânico (Periballio-Trifolion subterranei)
Medicago minima (L.) L. Terófito
Ononis baetica Clemente
(Tuberarietea guttatae)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Medicago murex Willd.
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Terófito (Echio plantaginei-Galactition tomentosae)
Ononis broteriana DC. Terófito
Medicago orbicularis (L.) Bartal.
Endemismo ibero-mauritânico
Terófito
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
(Thero-Brometalia)
Ononis cintrana Brot. Medicago polymorpha L.
Terófito
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Sisymbrietalia officinalis)
(Tuberarion guttatae)
Medicago rigidula (L.) All.
Ononis dentata Sol. ex Lowe
Terófito
Terófito
(Thero-Brometalia)
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
368
Ononis diffusa Ten.
Ornithopus sativus Brot.
Terófito
Terófito
(Malcolmietalia)
(Malcolmietalia)
Ononis hackelii Lange
Pterospartum tridentatum
Terófito
tridentatum
Endemismo lusitano
Nanofanerófito
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Endemismo ibérico
Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Ericenion umbellatae)
Ononis hirta Poir. in Lam.
Retama monosperma (L.) Boiss.
Terófito
Nanofanerófito
(L.)
Willk.
subsp.
Endemismo ibero-mauritânico
Ononis mitissima L.
(Retamion monospermae)
Terófito
(= Lygos monosperma (L.) Heywood; = Spartium monospermum L.)
Ononis natrix L. Nanofanerófito
Retama sphaerocarpa (L.) Boiss. Nanofanerófito
Ononis pinnata Brot. Hemicriptófito Endemismo ibero-mauritânico (Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
Endemismo ibero-mauritânico (Cytisetea scopario-striati)
Scorpiurus muricatus L. Terófito
Ononis ramosissima Desf. Nanofanerófito (Crucianelletalia maritimae)
(Tuberarietea guttatae)
Scorpiurus vermiculatus L. Terófito
Ononis reclinata L. Terófito (Brachypodietalia distachyi)
(Poetalia bulbosae)
Spartium junceum L. Microfanerófito
Ornithopus compressus L. Terófito (Tuberarietalia guttatae)
[Mediterrâneo Oriental]
Stauracanthus boivinii (Webb) Samp. Nanofanerófito
Ornithopus isthmocarpus Coss. Terófito (Malcolmietalia)
Ornithopus pinnatus (Mill.) Druce Terófito (Tuberarion guttatae)
Endemismo ibero-mauritânico (Stauracanthion boivinii)
Stauracanthus genistoides (Brot.) Samp. Nanofanerófito Endemismo ibérico (Coremation albi) (= S. genistoides (Brot.) Samp.; = Genista lusitanicus L.; = S.
369
lusitanicus (L.) Cubas; = S. spartioides Webb; = S. aphyllus Link)
Stauracanthus spectabilis Webb subsp. spectabilis Nanofanerófito Endemismo ibero-mauritânico (Coremation albi)
Stauracanthus spectabilis Webb subsp. vicentinus (Daveau ex Cout.) T.E. Días, Rivas Mart. & Fern. Gonz. Nanofanerófito Endemismo lusitano (Ericenion umbellatae)
Trifolium angustifolium L. Terófito (Thero-Brometalia)
Trifolium arvense L. Terófito (Tuberarietalia guttatae)
Trifolium bocconei Savi Terófito (Periballio-Trifolion subterranei)
Trifolium campestre L. Terófito (Tuberarietea guttatae) (= T. agrarium L.)
Trifolium cherleri L. Terófito (Thero-Brometalia)
Trifolium fragiferum L. Hemicriptófito (Trifolio fragiferi-Cynodontion)
Trifolium glomeratum L. Terófito (Periballio-Trifolion subterranei)
370
Trifolium hirtum All. Terófito (Thero-Brometalia)
Trifolium incarnatum L. Terófito
Trifolium lappaceum L. Terófito (Holoschoenetalia vulgaris)
Trifolium ligusticum Balb. ex Loisel. Terófito
Trifolium pratense L. Hemicriptófito (Molinio-Arrhenatheretea)
Trifolium repens L. Hemicriptófito ou caméfito (Cynosurion cristati)
Trifolium resupinatum L. Terófito (Molinio-Arrhenatheretea)
Trifolium scabrum L. Terófito (Astragalo sesamei-Poion bulbosae)
Trifolium stellatum L. Terófito (Tuberarietea guttatae)
Trifolium striatum L. Terófito (Tuberarietalia guttatae)
Trifolium subterraneum L. subsp. subterraneum Terófito (Periballio-Trifolion subterranei)
Trigonella monspeliaca L.
Terófito
Vicia sativa L.
(Thero-Brometalia)
Terófito (Stellarienea mediae)
Trigonella polyceratia L. Terófito
Vicia tenuifolia Roth
Endemismo ibero-mauritânico
Hemicriptófito
(Thero-Brometalia)
(Trifolio-Geranietea)
Ulex argenteus Welw. ex Webb
Vicia vicioides (Desf.) Cout.
Nanofanerófito
Terófito
Endemismo lusitano (Ulici argentei-Cistion ladaniferi)
Ulex australis Clemente subsp. welwitschianus (Planche) Espírito Santo, Cubas, Lousã, C. Pardo & J.C. Costa
Vicia villosa Roth Terófito [Sudoeste da Ásia] (Stellarienea mediae)
Nanofanerófito Endemismo lusitano
FAGACEAE
(Ericenion umbellatae)
Quercus canariensis Willd. Ulex minor Roth
Mesofanerófito
Nanofanerófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Calluno-Ulicetea)
(Quercetalia ilicis)
Vicia angustifolia L.
Quercus coccifera L. subsp. coccifera
Terófito
Nanofanerófito ou microfanerófito
(Stellarienea mediae)
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
(= V. sativa L. ssp. nigra (L.) Ehrh.; = V. cuneata Guss.; = V. debilis Pérez Lara; = V. lanciformis Lange; = V. lusitanica Freyn)
Vicia disperma DC. Terófito (Tuberarietea guttatae)
Vicia ervilia (L.) Willd. Terófito [Sudoeste da Ásia]
Quercus coccifera L. subsp. rivasmartinezii J.H. Capelo & J.C. Costa Mesofanerófito Endemismo lusitano (Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris)
Quercus faginea Lam. subsp. broteroi (Cout.) A. Camus Mesofanerófito Endemismo ibero-mauritânico
Vicia laxiflora Brot.
(Quercion broteroi)
Terófito
Quercus lusitanica Lam. Vicia lutea L. var. lutea
Nanofanerófito
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
371
(Quercion lusitanicae)
Centaurium erythraea Rafn. subsp. erythraea Hemicriptófito subarrosetado
Quercus pyrenaica Willd.
(Festuco-Brometea)
Mesofanerófito (Quercion pyrenaicae)
Centaurium erythraea Rafn. subsp. grandiflorum (Biv.) Melderis
Quercus rotundifolia Lam.
Hemicriptófito subarrosetado (Festuco-Brometea)
Mesofanerófito (Quercetalia ilicis) Quercus suber L. Mesofanerófito
Centaurium
erythraea
(Quercetalia ilicis)
(Hoffmanns. & Link) Melderis
Rafn.
subsp.
majus
Hemicriptófito subarrosetado
Quercus x marianica C. Vicioso
(Festuco-Brometea)
Mesofanerófito (Quercenion broteroi)
Centaurium maritimum (L.) Fritsch
(Quercus canariensis x Q. faginea subsp. broteroi)
Terófito (Isoetion)
Quercus x mixta Villalobos ex Colmeiro
(= Erythraea maritima (L.) Pers.)
Mesofanerófito (Quercetalia ilicis)
Centaurium pulchellum (Sw.) Druce
(Quercus rotundifolia x Q. suber)
Terófito (Isoeto-Nanojuncetea)
Quercus x neomairei A. Camus Mesofanerófito
Centaurium spicatum (L.) Fritsch
(Quercus pyrenaica x Q. faginea subsp. broteroi)
Terófito ou hemicriptófito (Saginetea maritimae)
FRANKENIACEAE
Centaurium tenuiflorum (Hoffmanns. & Link) Fritsch
Frankenia laevis L.
Terófito
Caméfito
(Juncion maritimi)
(Limonio ovalifolii-Frankenion laevis)
GERANIACEAE GENTIANACEAE Erodium bipinnatum Willd. Blackstonia imperfoliata (L. f.) Samp.
Terófito
Terófito
(Malcolmietalia)
(Verbenion supinae)
Erodium botrys (Cav.) Bertol. Blackstonia perfoliata (L.) Huds.
Terófito
Terófito
(Poetalia bulbosae)
(Holoschoenetalia vulgaris)
372
Erodium chium (L.) Willd.
Myriophyllum spicatum L.
Terófito
Hidrófito
(Hordeion leporini)
(Potametea)
Erodium lebelii Jordan subsp. lebelii
Myriophyllum verticillatum L.
Terófito
Hidrófito (Nymphaeion albae)
Erodium malacoides (L.) L’Hér. Terófito (Stellarietea mediae)
HYPERICACEAE
Erodium moschatum (L.) L’Hér.
Hypericum elodes L.
Terófito
Helófito
(Chenopodio-Stellarienea)
Endemismo europeu (Hyperico elodis-Sparganion)
Geranium dissectum L. Terófito (Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Hypericum humifusum L. Caméfito (Isoeto-Nanojuncetea)
Geranium molle L. Terófito (Sisymbrietalia officinalis)
Hypericum pubescens Boiss. Hemicriptófito (Holoschoenetalia vulgaris)
Geranium purpureum Vill. Terófito
Hypericum tomentosum L.
(Cardamino hirsutae-Geranietea purpurei)
Hemicriptófito
(= G. robertianum L. var. purpureum (Villars.) Pers.)
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
Geranium rotundifolium L.
Hypericum undulatum Schousb. ex Willd.
Terófito
Hemicriptófito
(Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
(Molinio-Arrhenatheretea)
Geranium sanguineum L. Hemicriptófito (Origanetalia vulgaris)
IRIDACEAE Gladiolus italicus Mill. Geófito bolboso
HALORAGACEAE
(Lygeo-Stipetea) (= G. segetum Ker-Gawler)
Myriophyllum alterniflorum DC. Hidrófito (Littorelletalia)
Gynandriris sisyrinchium (L.) Parl. Geófito bolboso (Poetea bulbosae)
373
Iris foetidissima L.
Terófito cespitoso
Caméfito
(Isoeto-Nanojuncetea)
(Populion albae)
Juncus bulbosus L. Iris pseudacorus L.
Hemicriptófito subarrosetado
Helófito
(Littorelletalia)
(Phragmitetalia)
Juncus capitatus Weigel Iris xiphium L.
Terófito
Geófito bolboso
(Isoetetalia)
Romulea bulbocodium (L.) Sebastiani & Mauri
Juncus effusus L.
subsp. bulbocodium
Hemicriptófito subarrosetado
Geófito bolboso
(Molinietalia caeruleae)
(Poetea bulbosae)
Juncus emmanuelis A. Fernandes & Garcia Romulea ramiflora Ten. subsp. gaditana (G.
Proto-hemicriptófito
Kuntz) Marais
Endemismo ibérico
Geófito bolboso
(Hyperico elodis-Sparganion)
Endemismo ibérico (Malcolmietalia)
Juncus heterophyllus Dufour Hidrófito ou helófito (Hyperico elodis-Sparganion)
JUNCACEAE Juncus hybridus Brot. Juncus acutiflorus Ehrh. ex Hoffmanns. subsp.
Terófito cespitoso
acutiflorus
(Isoetetalia)
Proto-hemicriptófito (Molinietalia caeruleae)
Juncus maritimus Lam. Hemicriptófito rizomatoso
Juncus acutus L. subsp. acutus
(Juncetea maritimi)
Hemicriptófito subarrosetado (Juncetalia maritimi)
Juncus maritimus Lam. Geófito rizomatoso
Juncus acutus L. subsp. leopoldi (Parl.) Snogerup
(Juncion maritimi)
Hemicriptófito rizomatoso (Juncetalia maritimi)
Juncus pygmaeus Rich. Terófito
Juncus articulatus L.
(Isoetetalia)
Proto-hemicriptófito (Molinietalia caeruleae)
Juncus rugosus Steud. Proto-hemicriptófito
Juncus bufonius L.
374
Endemismo ibérico
(Juncion acutiflori)
Clinopodium arundanum (Boiss.) Nyman Proto-hemicriptófito
Juncus sphaerocarpus Nees
Endemismo ibero-mauritânico
Terófito
(Origanion virentis)
(Isoeto-Nanojuncetea)
Lamium amplexicaule L. Juncus subulatus Forssk.
Terófito
Geófito rizomatoso
(Stellarienea mediae)
(Juncion maritimi)
Lamium maculatum L. Luzula forsteri (Sm.) DC. subsp. baetica P. Monts.
Proto-hemicriptófito
Hemicriptófito subarrosetado
(Galio-Urticetea)
(Quercion broteroi)
Lamium purpureum L. JUNCAGINACEAE Triglochin bulbosa L. subsp. barrelieri (Loisel.) Rouy
Terófito (Stellarienea mediae)
Lavandula luisieri (Rozeira) Rivas Mart. Caméfito lenhoso
Helófito ou hemicriptófito subarrosetado
Endemismo ibérico
(Sarcocornietalia fruticosae)
(Cisto-Lavanduletea) (= L. stoechas L. ssp. lusitanica (Chaytor) Rozeira)
LAMIACEAE Ajuga iva (L.) Schreb. Caméfito lenhoso (Brachypodietalia distachyi)
Lavandula sampaioana (Rozeira) Rivas Mart., T.E. Días & Fern. Gonz. subsp. lusitanica (Chaytor) Rivas Mart., T.E. Días & Fern. Gonz. Caméfito lenhoso Endemismo ibero-mauritânico (Coremation albi)
Ballota hirsuta Benth. Caméfito lenhoso Endemismo ibero-mauritânico (Pegano-Salsoletea)
Lavandula viridis L’Hér. Caméfito lenhoso Endemismo ibérico (Ericion umbellatae)
Calamintha baetica Boiss. & Reut. Caméfito lenhoso (Origanion virentis) (= C. nepeta (L.) Savi subsp. nepeta)
Cleonia lusitanica (L.) L. Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Lycopus europaeus L. Proto-hemicriptófito (Phragmito-Magnocaricetea)
Marrubium vulgare L. Proto-hemicriptófito (Artemisietea vulgaris)
(Brachypodion distachyi)
375
Mentha aquatica L.
Rosmarinus palaui (O. Bolòs & Molin.) Rivas
Proto-hemicriptófito
Mart. & M.J. Costa
(Phragmitetalia)
Nanofanerófito Endemismo ibérico
Mentha cervina L.
(Rosmarinetalia officinalis)
Proto-hemicriptófito (Menthion cervinae)
Salvia argentea L. Hemicriptófito subarrosetado
Mentha pulegium L.
(Carthametalia lanati)
Proto-hemicriptófito (Isoeto-Nanojuncetea)
Salvia sclareoides Brot. Hemicriptófito subarrosetado
Mentha suaveolens Ehrh.
Endemismo ibérico
Proto-hemicriptófito
(Brachypodion phoenicoidis)
(Mentho-Juncion inflexi) (= M. rotundifolia (L.) Hudson; = M. macrostachya Ten.; = M.
Salvia verbenaca L. subsp. verbenaca
insularis Req.)
Hemicriptófito subarrosetado (Artemisietea vulgaris)
Nepeta tuberosa L. Proto-hemicriptófito
Satureja graeca L. var. micrantha (Brot.) Briq.
(Brachypodietalia phoenicoidis)
Caméfito lenhoso (Saturejo-Thymbrion capitatae)
Phlomis lychnitis L.
(= S. graeca subsp. micrantha (Brot.) Greuter & Burdet; =
Hemicriptófito
Micromeria graeca (L.) Benth.)
(Thero-Brachypodion retusi)
Scutellaria minor Huds. Phlomis purpurea L.
Proto-hemicriptófito
Nanofanerófito
(Juncion acutiflori)
Endemismo ibero-mauritânico (Asparago albi-Rhamnion oleoidis)
Sideritis hirsuta L. var. hirtula (Brot.) Briq. Caméfito lenhoso
Prasium majus L.
Endemismo lusitano
Nanofanerófito
(Serratulo estremadurensis-Thymenion sylvestris)
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Stachys arvensis (L.) L. Prunella vulgaris L.
Terófito
Hemicriptófito
(Solano nigri-Polygonetalia convolvuli)
(Molinio-Arrhenatheretea)
Stachys
germanica
L.
subsp.
Rosmarinus officinalis L.
(Hoffmanns. & Link) Cout.
Nanofanerófito
Hemicriptófito subarrosetado
(Rosmarinetea officinalis)
(Stachyo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis)
376
lusitanica
Stachys officinalis (L.) Trevisan subsp. algeriensis
(Coremation albi)
(De Noé) Franco
Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da
Hemicriptófito subarrosetado Endemismo ibero-mauritânico (Stachyo lusitanicae-Cheirolophenion sempervirentis)
Teucrium capitatum L. subsp. capitatum Caméfito lenhoso (Rosmarinetalia officinalis)
Teucrium fruticans L. Nanofanerófito (Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Teucrium haenseleri Boiss.
Convenção de Berna
Thymus camphoratus Hoffmanns & Link subsp. congestus Pinto Gomes, Vasquez, Paiva Ferreira, Ramos & Doncel Caméfito lenhoso Endemismo lusitano
Thymus carnosus Boiss. Caméfito lenhoso Endemismo ibérico (Helichrysion picardii) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna
Caméfito lenhoso Endemismo ibérico (Rosmarinetalia officinalis)
Teucrium lusitanicum Schreber
Thymus mastichina (L.) L. Caméfito sublenhoso Endemismo ibérico (Helichryso stoechadis-Santolinetalia squarrosae)
Caméfito lenhoso Endemismo ibérico (Saturejo-Thymbrion capitatae)
Teucrium scordium L. subsp. scordioides (Schreb.) Maire & Petitmenglin
Thymus villosus L. subsp. villosus Caméfito lenhoso Endemismo lusitano (Ericenion umbellatae) Anexo(s) B-IV da Directiva 92/43/CEE
Proto-hemicriptófito (Plantaginetalia majoris)
LAURACEAE Teucrium scorodonia L. subsp. baeticum (Boiss. & Reut.) Tutin
Laurus nobilis L.
Proto-hemicriptófito
Microfanerófito ou mesofanerófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Arbuto unedonis-Laurion nobilis)
(Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris)
Teucrium scorodonia L. subsp. scorodonia
LEMNACEAE
Proto-hemicriptófito (Quercetalia roboris)
Lemna minor L. Hidrófito
Thymus camphoratus Hoffmanns & Link subsp.
(Lemnetalia minoris)
camphoratus Caméfito lenhoso Endemismo lusitano
LENTIBULARIACEAE
377
Pinguicula lusitanica L.
Asparagus aphyllus L.
Hemicriptófito
Nanofanerófito difuso
(Anagallido-Juncion bulbosi)
(Asparago albi-Rhamnion oleoidis)
Utricularia australis R. Br.
Asphodelus aestivus Brot.
Hidrófito
Geófito rizomatoso
(Utricularion)
Endemismo ibérico (Agrostion castellanae)
Utricularia gibba L. subsp. exoleta (R. Br.) P. Taylor
Asphodelus fistulosus L.
Hidrófito
Terófito ou hemicriptófito
(Utricularion)
(Hordeion leporini) (= A. tenuifolius Cav.)
LILIACEAE
Asphodelus lusitanicus Cout. var. lusitanicus Geófito rizomatoso
Allium ampeloprasum L.
Endemismo lusitano
Geófito bolboso
(Brachypodion phoenicoidis)
(Onopordenea acanthii)
Dipcadi serotinum (L.) Medik. Allium baeticum Boiss.
Geófito
Geófito bolboso
(Lygeo-Stipetea)
Endemismo ibero-mauritânico
(= Uropetalum serotinum (L.) Ker-Gawler)
Allium pallens L.
Fritillaria lusitanica Wikström var. lusitanica
Geófito bolboso
Geófito bolboso
(Lygeo-Stipetea)
Endemismo ibérico
Allium sphaerocephalon L. subsp. sphaerocephalon
Hyacinthoides hispanica (Mill.) Rothm.
Geófito bolboso
Geófito bolboso
(Lygeo-Stipetea)
(Quercion broteroi)
Allium subvillosum Salzm. ex Schult. & Schult. f.
Hyacinthoides vicentina (Hoffmanns. & Link)
Geófito bolboso
Rothm. subsp. transtagana Franco & Rocha
(Hyparrhenion sinaicae)
Afonso Geófito bolboso
Asparagus acutifolius L.
Endemismo lusitano
Nanofanerófito difuso
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Quercetea ilicis)
Hyacinthoides vicentina (Hoffmanns. & Link) Asparagus albus L.
Rothm. subsp. vicentina
Nanofanerófito
Geófito bolboso
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Endemismo lusitano
378
(Eryngio-Ulicenion erinacei)
Geófito bolboso
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Endemismo ibérico (Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Muscari comosum (L.) Miller Geófito (Stellarietea mediae) (= M. pharmacusanum (Heldr.) Boiss.; = M. tubiflorum Steven;
Anexo(s) B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna
Simethis mattiazzi (Vand.) Sacc.
= M. tenuiflorum ssp. charrelii (Heldr. Ex Rouy)
Geófito rizomatoso
Hayek)
(Calluno-Ulicetea)
Ornithogalum bourgaeanum Jourd.
Urginea maritima (L.) Baker
Geófito
Geófito bolboso (= U. Scilla Steinh.; = U. anthericoides (Poiret) Steinh.)
Ornithogalum broteroi M. Laínz Geófito bolboso Endemismo ibero-mauritânico
LINACEAE
(Sedion anglici)
Linum bienne Mill. Ornithogalum orthophyllum Ten. subsp. baeticum
Hemicriptófito
(Boiss.) Zahar.
(Agrostietalia castellanae)
Geófito bolboso
(= L. angustifolium Hudson)
Endemismo ibero-mauritânico (Poetea bulbosae)
Linum strictum L.
(= O. baeticum Boiss.)
Terófito (Brachypodietalia distachyi)
Ornithogalum pyrenaicum L. Geófito
Linum tenue Desf. Terófito
Ruscus aculeatus L.
Endemismo ibero-mauritânico
Geófito rizomatoso
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
(Quercetalia ilicis) Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE
Linum trigynum L.
(incl. R. ponticus Woronow)
Terófito (Tuberarion guttatae)
Scilla autumnalis L. Geófito bolboso
Radiola linoides Roth
(Poetea bulbosae)
Terófito (Cicendion)
Scilla monophyllos Link Geófito Endemismo ibero-mauritânico
LYTHRACEAE
(Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris)
Ammannia coccinea Rottb. Scilla odorata Link
Terófito
379
[América do Norte]
Nanofanerófito
(Oryzo sativae-Echinochloion oryzoides)
(Parietarietalia)
Lythrum borysthenicum (Schrank) Litv.
Lavatera
Terófito
(Cout.) Cout.
(Isoetion)
Terófito
mauritanica
Durieu
Endemismo ibero-mauritânico
Lythrum hyssopifolia L.
(Malvenion parviflorae)
Terófito (Isoeto-Nanojuncetea)
Lavatera olbia L. Nanofanerófito
Lythrum junceum Banks & Sol. Hemicriptófito
Lavatera trimestris L.
(Paspalo-Polypogonion viridis)
Terófito (Cerintho majoris-Fedion cornucopiae)
Lythrum portula (L.) D.A. Webb Terófito
Malva hispanica L.
(Isoeto-Nanojuncetea)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Lythrum salicaria L.
(Thero-Brometalia)
Hemicriptófito ou helófito
(= M. spithamea Cav.)
(Phragmito-Magnocaricetea)
Malva nicaeensis All. Lythrum thymifolia L.
Hemicriptófito
Terófito
(Chenopodion muralis)
(Isoeto-Nanojuncetea)
Malva parviflora L. Lythrum tribracteatum Spreng.
Terófito
Terófito
(Malvenion parviflorae)
(Nanocyperetalia)
Malva sylvestris L. Hemicriptófito
MALVACEAE
(Sisymbrietalia officinalis)
Lavatera arborea L. Hemicriptófito
MORACEAE
(Salsolo vermiculatae-Peganion harmalae)
Ficus carica L. Lavatera cretica L.
Microfanerófito
Terófito
(Parietarietalia)
(Malvenion parviflorae)
Lavatera maritima Gouan
380
MYRICACEAE
subsp.
davaei
Myrica faya Aiton
Hemicriptófito
Microfanerófito
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
(Pruno hixae-Lauretea novocanariensis)
Phillyrea latifolia L. subsp. latifolia Microfanerófito ou mesofanerófito
MYRTACEAE
(Quercetalia ilicis)
Eucaliptus globulus Labill.
Phillyrea latifolia L. subsp. media (L.) Fourn.
Mesofanerófito
Microfanerófito ou mesofanerófito
[Sudeste da Austrália e Tasmânia]
(Quercetea ilicis)
Myrtus communis L. Hemicriptófito
ONAGRACEAE
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Epilobium hirsutum L. Hemicriptófito
NYMPHAEACEAE
(Calystegietalia sepium)
Nuphar lutea (L.) Sm.
Epilobium parviflorum Schreb.
Hidrófito
Hemicriptófito
(Nymphaeion albae)
(Calystegietalia sepium)
Nymphaea alba L.
Ludwigia palustris (L.) Elliott
Hidrófito
Helófito ou hemicriptófito
(Nymphaeion albae)
(Nanocyperion)
OLEACEAE
Oenothera affinis Camb. Hemicriptófito [América do Sul]
Fraxinus angustifolia Vahl subsp. angustifolia
(Elytrigietalia repentis)
Mesofanerófito (Fraxino angustifoliae-Ulmenion minoris)
ORCHIDACEAE Jasminum fruticans L. Nanofanerófito
Barlia robertiana (Loisel) Greut.
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Geófito (Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Olea europaea L. var. sylvestris (Mill.) Rouy ex
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Hegi
(= Orchys longibracteata Biv.; = Aceras longibracteata (Biv.)
Mesofanerófito (Quercetea ilicis)
Phillyrea angustifolia L.
Reichenb; = Himantoglossum longibracteatum (Biv.) Schlechter)
Epipactis lusitanica Tyteca Geófito
381
Endemismo ibero-mauritânico
Geófito
(Quercion broteroi)
(Festuco-Brometea) Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Epipactis tremolsii C. Pau Geófito
Serapias cordigera L.
(Quercion broteroi)
Geófito (Juncion acutiflori)
Gennaria diphylla (Link) Parl.
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Geófito (Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris)
Serapias lingua L.
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Geófito (Agrostietalia castellanae)
Limodorum trabutianum Batt.
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Geófito (Quercetalia ilicis)
Serapias parviflora Parl.
(= L. lusitanicum J.A. Guim.)
Geófito (Agrostietalia castellanae)
Neotinea maculata (Desf.) Stearn.
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Geófito
(= S. occultata J. Gay)
(Quercetea ilicis) (= N. intacta (Link) Reichenb. fil.; = Aceras densiflorum (Brot.)
Spiranthes aestivalis (Poir.) Rich.
Boiss.)
Geófito Anexo(s) B-IV da Directiva 92/43/CEE
Ophrys apifera Huds. Geófito (Festuco-Brometea)
OROBANCHACEAE
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Cistanche phelypaea (L.) Coutinho Ophrys bombyliflora Link in Schrad.
Geófito
Geófito
(Sarcocornietalia fruticosae)
(Thero-Brachypodion retusi) Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Orobanche calendulae Pomel Terófito
Ophrys fusca Link in Schrad.
Endemismo ibero-mauritânico
Geófito (Brachypodietalia phoenicoidis)
Orobanche gracilis Sm.
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Geófito (Festuca-Brometea)
Ophrys scolopax Cav. Geófito
Orobanche sanguinea C. Presl
(Brachypodietalia phoenicoidis)
Geófito
Anexo II da Convenção de Washington (CITES)
Orchis morio L. subsp. morio
382
OXALIDACEAE
Oxalis corniculata L.
Terófito
Caméfito herbáceo
(Centaureetalia cyani)
(Stellarietea mediae)
Papaver dubium L. Oxalis pes-caprae L.
Terófito
Geófito
(Centaureetalia cyani)
[África do Sul] (Fumarion wirtgenii-agrariae)
Papaver hybridum L.
(= O. cernua Thunb.)
Terófito (Stellarienea mediae)
Oxalis purpurea L.
(= P. hispidum Lam.; = P. siculum Guss.)
Geófito [África do Sul]
Papaver rhoeas L. Terófito (Centaureetalia cyani)
PAPAVERACEAE Papaver somniferum L. subsp. setigerum (DC.) Fumaria capreolata L.
Arcang.
Terófito
Terófito
(Cardamino hirsutae-Geranietea purpurei)
(Stellarienea mediae)
Fumaria muralis Sonder ex Koch
Platycapnos spicata (L.) Bernh. subsp. spicata
Terófito
Terófito
(Stellarienea mediae)
(Diplotaxion erucoidis)
(= F. media sensu Merino)
Fumaria officinalis L.
PINACEAE
Terófito (Polygono-Chenopodion polyspermi)
Pinus halepensis Mill. Mesofanerófito
Fumaria sepium Boiss. & Reut.
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Terófito Endemismo ibero-mauritânico
Pinus pinaster Aiton Macrofanerófito
Fumaria vaillantii Loisel in Desv.
(= P. maritima Lam.)
Terófito (Polygono-Chenopodion polyspermi)
Pinus pinea L. Megafanerófito
Glaucium flavum Crantz Hemicriptófito (Cakiletea maritimae)
Hypecoum procumbens L.
PLANTAGINACEAE Littorella uniflora (L.) Asch.
383
Hidrófito
(Plantaginetalia majoris)
(Littorelletalia)
Plantago serraria L. Plantago afra L.
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito
(Plantaginion serrariae)
(Thero-Brometalia) (= P. psyllium L.)
PLUMBAGINACEAE Plantago almogravensis Franco Caméfito lenhoso
Armeria pinifolia (Brot.) Hoffmanns. & Link
Endemismo lusitano
Caméfito lenhoso
(Crithmo-Daucion halophili)
Endemismo lusitano
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Coremation albi)
Plantago bellardii All.
Armeria pungens (Link) Hoffmanns. & Link
Terófito
subsp. major (Daveau) Franco
(Tuberarion guttatae)
Caméfito lenhoso (Crithmo-Daucion halophili)
Plantago coronopus L. subsp. coronopus Terófito ou hemicriptófito subarrosetado
Armeria pungens (Link) Hoffmanns. & Link
(Polygono arenastri-Poetalia annuae)
subsp. pungens Caméfito lenhoso
Plantago coronopus L. subsp. occidentalis (Pigler)
(Helichrysion picardii)
Franco Terófito ou hemicriptófito subarrosetado
Armeria rouyana Dav.
Endemismo ibérico
Caméfito lenhoso
(Crithmo-Daucion halophili)
Endemismo lusitano (Coremation albi)
Plantago lagopus L. Hemicriptófito (Hordeion leporini) (incl. P. lusitanica L.)
Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna
Limonium echioides (L.) Mill. Terófito
Plantago lanceolata L. Hemicriptófito subarrosetado (Molinio-Arrhenatheretea)
(Brachypodietalia distachyi)
Limonium ferulaceum (L.) Chaz. Caméfito lenhoso
Plantago macrorhiza Poir. Hemicriptófito subarrosetado (Crithmo-Limonietea)
Plantago major L. subsp. major Hemicriptófito subarrosetado
384
(Arthrocnemion macrostachyi)
Limonium lanceolatum (Hoffmanns. & Link) Franco Hemicriptófito Endemismo lusitano (Arthrocnemion macrostachyi)
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Endemismo europeu (Calluno-Ulicetea)
Limonium ovalifolium (Poir.) Kuntze Hemicriptófito
Agrostis pourretii Willd.
(Crithmo-Daucion halophili)
Terófito cespitoso (Agrostion pourretii)
Limonium sinuatum (L.) Miller Hemicriptófito
Agrostis stolonifera L. var. pseudopungens (Lange) Kerguélen
Limonium virgatum (Willd.) Fourr.
Proto-hemicriptófito
Hemicriptófito
(Elytrigion athericae)
(Crithmo-Limonietea) (= L. oleifolium Miller; = Statice virgata Willd.)
Agrostis stolonifera L. var. stolonifera Hemicriptófito
Limonium vulgare Mill.
(Plantaginetalia majoris)
Hemicriptófito (Glauco-Puccinellietalia)
Agrostis tenerrima Trin. Terófito
Plumbago europaea L.
(Malcolmietalia)
Caméfito herbáceo (Salsolo vermiculatae-Peganetalia harmalae)
Aira caryophyllea L. subsp. caryophyllea Terófito (Tuberarietalia guttatae)
POACEAE Aira cupaniana Guss. Aegilops geniculata Roth
Terófito
Terófito cespitoso
(Tuberarietalia guttatae)
(Taeniathero-Aegilopion geniculatae)
Airopsis tenella (Cav.) Aschers. & Graebn. Aegilops neglecta Bertol.
Terófito
Terófito cespitoso
(Tuberarion guttatae)
(Taeniathero-Aegilopion geniculatae)
Ammophila arenaria (L.) Link subsp. arundinacea Aegilops triuncialis L.
H.Lindb.
Terófito cespitoso
Proto-hemicriptófito
(Taeniathero-Aegilopion geniculatae)
(Ammophilenion australis)
Agrostis castellana Boiss. & Reut.
Anthoxanthum aristatum Boiss.
Proto-hemicriptófito
Terófito
(Stipo-Agrostietea castellanae)
(Tuberarietalia guttatae)
Agrostis curtisii Kerguélen
Antinoria agrostidea (DC.) Parl.
Geófito
Terófito
385
Hemicriptófito cespitoso
(Isoetetalia)
Endemismo ibero-mauritânico
Arrhenatherum album (Vahl) W.D. Clayton
(Calluno-Ulicetea)
Proto-hemicriptófito
(= A. sulcata subsp. sulcata)
(Lygeo-Stipetea)
Brachypodium distachyon (L.) Beauv.
(= A. erianthum Boiss. & Reuter)
Terófito
Arundo donax L.
(Brachypodietalia distachyi)
Microfanerófito
(= Bromus distachios L. Amoen.; = Trachynia distachya (L.) Link)
[Europa oriental, Ásia temperada e tropical] (Calystegion sepium)
Brachypodium phoenicoides (L.) Roem. & Schult. Hemicriptófito subarrosetado
Avena barbata Pott ex Link subsp. barbata
(Brachypodietalia phoenicoidis)
Terófito (Thero-Brometalia)
Brachypodium sylvaticum (Hudson) Beauv.
Avena barbata Pott ex Link subsp. lusitanica (Tab.
Hemicriptófito subarrosetado
Morais) Romero Zarco
(Salici purpureae-Populetea nigrae)
Terófito
Briza maxima L.
(Thero-Brometalia)
Terófito (Tuberarietalia guttatae)
Avena longiglumis Durieu Terófito
Briza minor L.
(Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
Terófito
Avena sterilis L. subsp. ludoviciana (Durieu)
(Tuberarietalia guttatae)
Nyman Terófito
Bromus diandrus Roth
(Centaureetalia cyani)
Terófito (Thero-Brometalia) (= B. diandrus Roth)
Avena sterilis L. subsp. sterilis Terófito
Bromus hordeaceus L.
(Thero-Brometalia)
Terófito
Avenula
hackelii
(Henriq.)
Holub
subsp.
(Stellarietea mediae)
stenophylla (Franco) Franco Hemicriptófito cespitoso
Bromus lanceolatus Roth
Endemismo lusitano
Terófito
(Agrostio castellanae-Stipion giganteae)
(Thero-Brometalia)
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da Convenção de Berna
Bromus madritensis L. Terófito
Avenula lodunensis (Delastre) Kerguélen. subsp. lodunensis 386
(Thero-Brometalia)
Bromus rigidus Roth
(Corynephoretalia canescentis)
Terófito (Thero-Brometalia)
Corynephorus canescens (L.) Beauv. var. maritimus Godr.
Bromus rubens L.
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito
(Corynephoretalia canescentis)
(Thero-Brometalia)
Corynephorus fasciculatus Boiss. & Reut. Bromus scoparius L.
Terófito
Terófito
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
(Hordeion leporini)
Corynephorus macrantherus Boiss. & Reut. Bromus secalinus L.
Terófito
Terófito
Endemismo ibero-mauritânico
(Scleranthion annui)
(Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae)
Bromus squarrosus L.
Crypsis aculeata (L.) Aiton
Terófito
Terófito
(Thero-Brometalia)
(Verbenion supinae)
Bromus sterilis L.
Cutandia maritima (L.) W. Barbey
Terófito
Terófito
(Stellarietea mediae)
(Cutandietalia maritimae)
Bromus tectorum L.
Cynodon dactylon (L.) Pers.
Terófito
Hemicriptófito
(Stellarietea mediae)
(Trifolio fragiferi-Cynodontion)
Catapodium marinum (L.) C.E. Hubb.
Dactylis glomerata L. subsp. hispanica (Roth)
Terófito
Nyman
(Saginetea maritimae)
Hemicriptófito (Lygeo-Stipetea)
Catapodium rigidum (L.) C.E. Hubb. subsp. spicatum (Trab. in Batt. & Trab.) Rivas Mart.
Dactylis glomerata L. subsp. lusitanica (Stebbins &
Terófito
Zohary) Rivas Mart. & Izco
(Frankenion pulverulentae)
Hemicriptófito subarrosetado (Stipo-Agrostietea castellanae)
Chaetopogon fasciculatus (Link) Hayek Terófito (Agrostion pourretii)
Dactylis marina Borril Hemicriptófito subarrosetado (Crithmo-Armerietalia)
Corynephorus canescens (L.) Beauv. var. canescens Hemicriptófito subarrosetado
Deschampsia stricta Hackel
387
Hemicriptófito subarrosetado
Elytrigia juncea (L.) Nevski subsp. juncea
Endemismo ibérico
Proto-hemicriptófito
(Querco rotundifoliae-Oleion sylvestris)
(Elytrigienion boreoatlanticae)
Digitaria ischaemum (Schreb.) Muhl.
Festuca arundinacea Schreb. subsp. arundinacea
Terófito
Hemicriptófito subarrosetado
[Ásia e Sul e Sudeste da Europa]
(Agrostion stoloniferae)
(Polygono-Chenopodion polyspermi)
Festuca arundinacea Schreb. subsp. mediterranica Digitaria sanguinalis (L.) Scop.
(Hack.) K. Richt.
Terófito cespitoso
Hemicriptófito subarrosetado
[Ásia e Sudeste da Europa, Norte de África]
(Holoschoenetalia vulgaris)
(Polygono-Chenopodion polyspermi)
Gaudinia fragilis (L.) P. Beauv. var. fragilis P.
Echinochloa colonum (L.) Link
Beauv.
Terófito
Terófito
[Regiões Tropicais]
(Stipo-Agrostietea castellanae)
(Digitario ischaemi-Setarienion viridis)
Echinochloa crus-galli (L.) P. Beauv. subsp. hispidula (Retz) Honda
Holcus lanatus L. Proto-hemicriptófito (Molinio-Arrhenatheretea)
Terófito (Oryzo sativae-Echinochloion oryzoides)
Echinochloa
oryzoides
Hordeum murinum L. subsp. leporinum (Link) Arcang.
(Ard.)
Fritsch
subsp.
oryzicola (Vasinger) Rivas Mart.
Terófito (Hordeion leporini)
Terófito (Oryzo sativae-Echinochloion oryzoides)
Echinochloa
oryzoides
(Ard.)
Hyparrhenia sinaica (Delile) Llauradó ex G. López Fritsch
subsp.
oryzoides Terófito (Oryzo sativae-Echinochloion oryzoides)
Elytrigia elongata (Host) Nevski Hemicriptófito (Juncetalia maritimi)
Elytrigia juncea (L.) Nevski subsp. boreoatlantica (Simonet & Guin.) Hyl. Proto-hemicriptófito (Elytrigienion boreoatlanticae)
Proto-hemicriptófito cespitoso (Hyparrhenion sinaicae)
Lagurus ovatus L. Terófito (Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
Lamarckia aurea (L.) Moench Terófito (Chenopodietalia muralis) (= Cynosurus aureus L.)
Leersia oryzoides (L.) Sw. Helófito estolhoso (Digitario ischaemi-Setarienion viridis)
388
Lolium perenne L.
Proto-hemicriptófito cespitoso
Hemicriptófito
[América do Sul]
(Plantaginetalia majoris)
(Paspalo-Polypogonion viridis)
Lolium rigidum Gaudin
Paspalum vaginatum Sw.
Terófito
Proto-hemicriptófito estolhoso ou geófito rizomatoso
(Thero-Brometalia)
[América Tropical] (Paspalo-Polypogonion viridis)
Melica minuta L. subsp. arrecta (G. Kunz) Breistr. Proto-hemicriptófito (Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Phalaris arundinacea L. Helófito rizomatoso (Phalaridenion arundinaceae)
Mibora minima (L.) Desv. Terófito (Tuberarietea guttatae)
Phragmites australis (Cav.) Trin. ex Steud. Helófito ou hidrófito (Phragmito-Magnocaricetea)
Micropyrum tenellum (L.) Link Terófito (Tuberarietalia guttatae)
Piptatherum
miliaceum
(L.)
Coss.
subsp.
miliaceum Proto-hemicriptófito cespitoso
Molineriella laevis (Brot.) Rouy Terófito cespitoso (Tuberarietalia guttatae)
(Bromo-Piptatherion miliacei)
Piptatherum miliaceum (L.) Coss. subsp. thomasii (Duby) Freitag
Molineriella minuta (Brot.) Rouy subsp. australis
Proto-hemicriptófito cespitoso
(Paunero) Rivas Mart.
(Bromo-Piptatherion miliacei)
Terófito cespitoso (Tuberarion guttatae)
Poa annua L. Terófito
Molineriella minuta (Brot.) Rouy subsp. minuta Terófito cespitoso (Tuberarion guttatae)
(Polygono arenastri-Poetalia annuae)
Poa bulbosa L. Hemicriptófito
Molinia caerulea (L.) Moench subsp. arundinacea
(Poetalia bulbosae)
(Schrank) Soják Hemicriptófito subarrosetado
Poa trivialis L. subsp. sylvicola (Guss.) H. Lindb.
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
Hemicriptófito subarrosetado (Molinietalia caeruleae)
Panicum repens L. Proto-hemicriptófito
Polypogon maritimus Willd.
(Tamaricetalia africanae)
Terófito (Hordeion marini)
Paspalum dilatatum Poir. in Lam.
(= Chaetopogon creticus (Coust. & Gand.) Hayek)
389
Polypogon viridis (Gouan) Breistr.
(Agrostio castellanae-Stipion giganteae)
Proto-hemicriptófito estolhoso
(= Macrochloa arenaria (Brot.) Kunth)
(Paspalo-Polypogonion viridis)
Taeniatherum caput-medusae (L.) Nevski Psilurus incurvus (Gouan) Schinz & Thell.
Terófito
Terófito
(Taeniathero-Aegilopion geniculatae)
(Tuberarietalia guttatae)
Vulpia alopecuros (Schob.) Dumort. Puccinellia iberica (Wolley-Dod) Tzvelev
Terófito
Hemicriptófito
(Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
(Sarcocornienion perennis)
Vulpia bromoides (L.) S.F. Gray Puccinellia tenuifolia (Boiss. & Reut.) H.Lindb.
Terófito cespitoso
Hemicriptófito
(Tuberarietalia guttatae)
(Juncetalia maritimi)
Vulpia ciliata Dumort Rostraria cristata (L.) Tzvelev
Terófito
Terófito cespitoso
(Thero-Brometalia)
(Hordeion leporini)
(= Festuca ciliata Danth.)
Setaria pumila (Poir.) Roem. & Schult.
Vulpia geniculata (L.) Link
Terófito
Terófito
(Polygono-Chenopodion polyspermi)
(Echio plantaginei-Galactition tomentosae) (= Loretia geniculata (L.) Duval-Jouve)
Spartina maritima (Courtis) Fernald Proto-hemicriptófito cespitoso
Vulpia membranacea (L.) Durmort.
(Spartinion maritimae)
Terófito cespitoso (Malcolmietalia)
Spartina versicolor Fabre Proto-hemicriptófito rizomatoso
Vulpia muralis (Kunth) Nees
[América do Norte]
Terófito cespitoso
(Juncetalia maritimi)
(Tuberarion guttatae)
Sporobolus arenarius (Gouan) Duval-Juve
Vulpia myuros (L.) C.C. Gmel.
Proto-hemicriptófito rizomatoso ou estolhoso
Terófito cespitoso
(Sporobolion arenarii)
(Tuberarietalia guttatae)
Stipa capensis Thunb. Terófito (Taeniathero-Aegilopion geniculatae)
Stipa gigantea Link Proto-hemicriptófito
390
POLYGALACEAE Polygala microphylla L. Caméfito Endemismo ibérico
(Ericion umbellatae)
(Solano nigri-Polygonetalia convolvuli)
Polygala monspeliaca L.
Polygonum salicifolium Brouss. ex Willd.
Terófito
Hemicriptófito
(Brachypodietalia distachyi)
(Magnocaricion elatae)
POLYGONACEAE
Rumex angiocarpus Murb. Hemicriptófito (Agrostietalia castellanae)
Emex spinosa (L.) Campd. Terófito
Rumex bucephalophorus L. subsp. bucephalophorus
(Chenopodietalia muralis)
Terófito (Tuberarietalia guttatae)
Fallopia convolvulus (L.) A. Löve Terófito
Rumex bucephalophorus L. subsp. gallicus (Steinh.)
(Stellarienea mediae)
Rech.f. Terófito
Polygonum amphibium L.
(Tuberarietalia guttatae)
Hidrófito ou geófito (Nymphaeion albae)
Rumex bucephalophorus L. subsp. hispanicus (Steinh.) Rech.f.
Polygonum arenastrum Boreau
Terófito
Terófito
Endemismo ibérico
(Polygono arenastri-Poetalia annuae)
(Malcolmietalia)
Polygonum aviculare L.
Rumex conglomeratus Murray
Terófito
Hemicriptófito
(Polygono arenastri-Poetalia annuae)
(Plantaginetalia majoris)
Polygonum equisetiforme Sibth. & Sm.
Rumex crispus L.
Caméfito
Hemicriptófito
(Tamaricetalia africanae)
(Plantaginetalia majoris)
Polygonum lapathifolium L.
Rumex induratus Boiss. & Reut.
Terófito
Caméfito
(Bidentetalia tripartitae)
Endemismo ibero-mauritânico (Phagnalo saxatilis-Rumicetalia indurati)
Polygonum maritimum L. Caméfito
Rumex intermedius DC. subsp. lusitanicus Franco
(Ammophiletea)
Hemicriptófito Endemismo lusitano
Polygonum persicaria L.
(Calendulo lusitanicae-Antirrhinion linkiani)
Terófito
391
Rumex pulcher L. subsp. pulcher
Terófito
Hemicriptófito
(Stellarienea mediae)
(Sisymbrietalia officinalis)
Rumex pulcher L. subsp. woodsii (De Not.) Arcang. Hemicriptófito (Hordeion leporini)
Rumex roseus L. Hemicriptófito (Malcolmietalia)
Rumex thyrsoides Desf. Hemicriptófito
(= A. arvensis ssp. latifolia (L.) Arcang.; = A. caerulea L.; = A. platyphylla Baudo)
Anagallis foemina Mill. Terófito (Stellarienea mediae)
Anagallis monelli L. var. linifolia (L.) Samp. Caméfito lenhoso (Corynephorion canescentis)
Anagallis monelli L. var. microphylla (Ball) Vasc. Caméfito lenhoso (Helichrysion picardii) (= A. monelli var. maritima (Mariz) Sampaio)
PORTULACAEAE Anagallis tenella (L.) L. Portulaca oleracea L. Terófito
Caméfito lenhoso (Anagallido-Juncion bulbosi)
[Índia e Médio Oriente] (Chenopodion muralis)
Asterolinon linum-stellatum (L.) Duby Terófito (Tuberarietea guttatae)
POTAMOGETONACEAE Lysimachia ephemerum L. Potamogeton natans L.
Geófito rizomatoso
Hidrófito
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
(Nymphaeion albae)
Primula acaulis (L.) L. subsp. acaulis Potamogetum pectinatus L.
Hemicriptófito
Hidrófito
(Querco-Fagetea)
(Potametea)
(= P. vulgaris Hudson)
Potamogetum polygonifolius Pourr.
Samolus valerandi L.
Hidrófito
Hemicriptófito
(Littorelletalia)
(Adiantetea)
PRIMULACEAE
PROTEACEAE
Anagallis arvensis L.
Hakea salicifolia (Vent) B.L. Burtt Microfanerófito
392
[Sudeste da Austrália e Tasmânia]
Delphinum nanum DC. Terófito
Hakea sericea Schrader Nanofanerófito [Sul da Austrália]
Delphinum pentagynum Lam. Hemicriptófito
RAFFLESIACEAE Cytinus hypocistis (L.) L. subsp. hypocistis Holoparasito (Lavanduletalia stoechadis)
Cytinus hypocistis (L.) L. subsp. macranthus Wettst. Holoparasito
Endemismo ibero-mauritânico (Roemerion hybridae)
Nigella atlantica (Murb.) Rivas-Mart. Terófito (Roemerion hybridae)
Nigella damascena L. Terófito (Centaureetalia cyani)
Endemismo ibero-mauritânico (Cisto-Lavanduletea)
Nigella papillosa G. López Terófito
RANUNCULACEAE Adonis annua L. Terófito (Ridolfion segeti)
Anemone palmata L.
Endemismo ibérico (Ridolfion segetum)
Ranunculus bulbosus L. subsp. adscendens (Brot.) Neves Geófito (Molinio holoschoenion vulgaris) (= R. bulbosus L. subsp. aleae (Wilk.) Rouy & Fouc.)
Geófito rizomatoso (Quercetalia ilicis)
Clematis cirrhosa L. subsp. cirrhosa
Ranunculus ficaria L. subsp. ficaria Geófito (Populetalia albae)
Fanerófito escandente (Quercetea ilicis)
Clematis flammula L. Fanerófito escandente
Ranunculus ficaria L. subsp. ficariiformis (F.W. Schult.) Rouy & Foucaud Geófito (Populetalia albae)
(Quercetea ilicis)
Delphinium gracile DC. Terófito
Ranunculus flammula L. Helófito (Molinietalia caeruleae)
Endemismo ibero-mauritânico
Delphinum halteratum Sm. subsp. halteratum Terófito
Ranunculus gramineus L. Hemicriptófito (Agrostietalia castellanae)
393
Ranunculus gregarius Brot.
Endemismo ibero-mauritânico
Geófito
(Molinio-Holoschoenion vulgaris)
Endemismo ibérico
(= T. flavum subsp. glaucum (Desf.) Batt.)
Ranunculus muricatus L. Terófito (Isoeto-Nanojuncetea)
Ranunculus ophioglossifolius Vill. Terófito ou helófito (Glycerio-Sparganion)
Ranunculus parviflorus L. Terófito (Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Ranunculus peltatus Schrank Hidrófito ou helófito (Ranunculion aquatilis)
Ranunculus penicillatus (Dumort.) Bab. Helófito (Ranunculion fluitantis)
Ranunculus repens L.
RESEDACEAE Reseda lutea L. subsp. lutea Terófito ou hemicriptófito (Artemisietea vulgaris)
Reseda luteola L. Hemicriptófito (Onopordenea acanthii)
Sesamoides purpurascens (L.) G. López Caméfito lenhoso (Corynephorion canescentis)
Sesamoides spathulifolia (Relevière ex Boreau) Rothm. Caméfito lenhoso (Corynephorion canescentis)
RHAMNACEAE
Hemicriptófito estolhoso (Plantaginetalia majoris)
Ranunculus saniculifolius Viv.
Frangula alnus Mill. subsp. alnus Microfanerófito (Salici purpureae-Populetea nigrae)
Hidrófito ou helófito Endemismo ibero-mauritânico (Ranunculion aquatilis)
Ranunculus trilobus Desf. Terófito (Cypero micheliani-Ranunculetum trilobi)
Ranunculus tripartitus DC.
Rhamnus alaternus L. var. alaternus Microfanerófito (Quercetea ilicis)
Rhamnus oleoides L. subsp. oleoides Nanofanerófito (Asparago albi-Rhamnion oleoidis)
Helófito (Ranunculion aquatilis)
Thalictrum speciosissimum L. Hemicriptófito
394
ROSACEAE Agrimonia eupatoria L. subsp. eupatoria Hemicriptófito
(Trifolio-Geranietea)
Nanofanerófito (Rhamno-Prunetea)
Agrimonia procera Wallr. Hemicriptófito
Rosa micrantha Borrer ex Sm.
(Trifolio-Geranietea)
Nanofanerófito (Pruno-Rubion ulmifolii)
Aphanes arvensis L. Terófito
Rosa pouzinii Tratt.
(Scleranthion annui)
Nanofanerófito (Pruno-Rubion ulmifolii)
Aphanes australis Rydb. in Britton & Undew. Terófito
Rosa sempervirens L.
(Tuberarietalia guttatae)
Fanerófito escandente
(= A. microcarpa auct.)
(Quercetalia ilicis)
Crataegus monogyna Jacq. subsp. brevispina (G.
Rubus ulmifolius Schott
Kunze) Franco
Fanerófito escandente
Microfanerófito
(Pruno-Rubion ulmifolii)
Endemismo ibero-mauritânico (Rosenion carioti-pouzinii)
Sanguisorba hybrida (L.) Font Quer Hemicriptófito
Geum urbanum L.
Endemismo ibérico
Hemicriptófito
(Quercenion broteroi)
(Galio aparines-Alliarietalia petiolatae)
Sanguisorba verrucosa (Link ex G. Don) Ces. Potentilla erecta (L.) Raeusch.
Hemicriptófito
Hemicriptófito
(Stipo-Agrostietea castellanae)
(Nardetalia strictae)
Potentilla reptans L.
RUBIACEAE
Hemicriptófito (Plantaginetalia majoris)
Asperula hirsuta Desf. Proto-hemicriptófito
Prunus insititia L.
Endemismo ibero-mauritânico
Microfanerófito
(Saturejo-Thymbrion capitatae)
(Rhamno-Prunetea)
Crucianella angustifolia L. Pyrus bourgaeana Decne.
Terófito
Microfanerófito
(Tuberarietea guttatae)
Endemismo ibero-mauritânico (Quercion broteroi)
Crucianella maritima L. Caméfito lenhoso
Rosa canina L.
(Crucianelletalia maritimae)
395
Galium aparine L.
(Geranio pusilli-Anthriscion caucalidis)
Terófito (Galio-Urticetea)
Galium debile Desv. Geófito rizomatoso (Brizo-Holoschoenenion)
RUTACEAE Ruta angustifolia Pers. Caméfito (Pegano-Salsoletea)
Galium divaricatum Pourr. ex Lam. Terófito (Tuberarion guttatae)
Ruta chalepensis L. Caméfito (Rosmarinetalia officinalis)
Galium minutulum Jord. Terófito (Parietarion lusitanico-mauritanicae)
Galium palustre L. Geófito rizomatoso (Magnocaricetalia)
Galium spurium L. Terófito (Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Galium verrucosum Huds. Terófito (Centaureetalia cyani)
Rubia peregrina L. subsp. longifolia (Poir.) O. Bolòs Caméfito escandente (Quercetea ilicis)
Rubia peregrina L. subsp. peregrina Caméfito escandente (Quercetea ilicis)
Sherardia arvensis L.
SALICACEAE Populus alba L. Mesofanerófito (Populetalia albae)
Populus nigra L. Mesofanerófito (Salici purpureae-Populetea nigrae)
Salix atrocinerea Brot. Microfanerófito (Populetalia albae)
Salix salviifolia Brot. subsp. australis Franco Microfanerófito Endemismo ibérico (Salicion salviifoliae) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Salix salviifolia Brot. subsp. salviifolia Microfanerófito Endemismo ibérico (Salicion salviifoliae)
Terófito (Centaureetalia cyani)
SANTALACEAE
Valantia muralis L.
Osyris alba L.
Terófito
Nanofanerófito
396
Cymbalaria muralis Gaertn., B. Mey. & Schreb.
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Caméfito herbáceo
Osyris lanceolata Hochst. & Steud.
(Parietarietalia)
Nanofanerófito
Cymbalaria muralis P. Gaertner, B. Meyer &
(Pistacio lentisci-Rhamnetalia alaterni)
Scherb. Caméfito
SAXIFRAGACEAE
[Sudeste Europeu] (Parietarietea)
Saxifraga granulata L. subsp. granulata Hemicriptófito
Kickxia cirrhosa (L.) Fritsch
(Phagnalo saxatilis-Rumicetalia indurati)
Terófito (Cicendion)
SCROPHULARIACEAE
Kickxia lanigera (Desf.) Hand.-Mazz. Terófito
Anarrhinum bellidifolium (L.) Willd.
(Diplotaxion erucoidis)
Hemicriptófito subarrosetado Endemismo europeu
Linaria algarviana Chav.
(Rumici indurati-Dianthion lusitani)
Terófito
Antirrhinum cirrhigerum (Welw. ex Ficalho) Rothm.
Endemismo lusitano (Hymenocarpo hamosi-Malcolmion trilobae) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE; Anexo I da
Caméfito herbáceo
Convenção de Berna
Endemismo ibérico (Rubio longifoliae-Coremation albi)
Linaria ficalhoana Rouy Proto-hemicriptófito
Bartsia aspera (Brot.) Lange
Endemismo lusitano
Geófito
(Linarion pedunculatae)
Endemismo ibero-mauritânico
Anexo(s) B-II* e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(Saturejo-Thymbrion capitatae) (= Nothobartsia asperrima (Link) Benedí & Herrero)
Linaria lamarckii Rouy Caméfito lenhoso
Bellardia trixago (L.) All.
Endemismo ibérico
Terófito
(Helichrysion picardii)
(Thero-Brometalia) (= Bartsia trixago L.)
Linaria spartea (L.) Chaz. Terófito
Chaenorhinum
serpyllifolium
(Lange)
subsp. lusitanicum R. Fern.
Lange
Endemismo europeu (Tuberarietalia guttatae)
Terófito Endemismo lusitano (Linarion pedunculatae) Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
Linaria viscosa (L.) Chaz. Terófito Endemismo ibérico
397
Verbascum sinuatum L.
(Linario polygalifoliae-Vulpion alopecuroris)
Hemicriptófito
Parentucellia viscosa (L.) Caruel
(Carthametalia lanati)
Terófito
Verbascum thapsus L. subsp. thapsus
(= Bartsia viscosa L.)
Hemicriptófito subarrosetado
Pedicularis
sylvatica
L.
subsp.
lusitanica
(Atropetalia belladonae)
(Hoffmanns. & Link) Cout. Proto-hemicriptófito
Veronica anagallis-aquatica L.
Endemismo ibero-mauritânico
Helófito
(Stauracanthion boivinii)
(Phragmito-Magnocaricetea)
Scrophularia auriculata Loefl. ex L.
Veronica anagalloides Guss.
Caméfito herbáceo
Helófito
(Calystegietalia sepium)
(Isoeto-Nanojuncetea)
Scrophularia canina L.
Veronica arvensis L.
Caméfito
Terófito
(Andryaletalia ragusinae)
(Stellarietea mediae)
Scrophularia frutescens L. Caméfito lenhoso
SMILACACEAE
Endemismo ibero-mauritânico (Crucianelletalia maritimae)
Smilax aspera L. var. altissima Moris & De Not Fanerófito escandente
Scrophularia scorodonia L.
(Quercetalia ilicis)
Caméfito herbáceo (Osmundo-Alnion)
Smilax aspera L. var. aspera Fanerófito escandente
Scrophularia sublyrata Brot.
(Quercetea ilicis)
Caméfito lenhoso Endemismo lusitano Anexo(s) B-V da Directiva 92/43/CEE
SOLANACEAE
Verbascum litigiosum Samp.
Datura stramonium L.
Hemicriptófito
Terófito
Endemismo lusitano
[América Tropical]
(Bromo-Piptatherion miliacei)
(Chenopodion muralis)
Anexo(s) B-II e B-IV da Directiva 92/43/CEE
(= D. tatula L.)
Verbascum pulverulentum Vill.
Hyoscyamus albus L.
Hemicriptófito subarrosetado
Terófito ou hemicriptófito subarrosetado
(Onopordenea acanthii)
(Parietarietalia)
398
Hyoscyamus niger L.
THYMELAEACEAE
Terófito ou hemicriptófito subarrosetado (Onopordenea acanthii)
Daphne gnidium L. Nanofanerófito
Lycium europaeum L.
(Quercetea ilicis)
Nanofanerófito (Pegano-Salsoletea)
Thymelaea villosa (L.) Endel. Caméfito lenhoso
Lycium intricatum Boiss.
Endemismo ibero-mauritânico
Nanofanerófito
(Ericenion umbellatae)
(Pegano-Salsoletea)
Physalis ixocarpa Brot.
TYPHACEAE
Terófito [América Central e México]
Typha domingensis (Pers.) Steud. Helófito
Solanum nigrum L.
(Phragmitetalia)
Terófito (Stellarietea mediae)
Solanum sodomeum L. Nanofanerófito [África do Sul] (Pegano-Salsoletea)
ULMACEAE Celtis australis L. Mesofanerófito (Populion albae)
Ulmus minor Mill. SPARGANIACEAE
Mesofanerófito (Populetalia albae)
Sparganium erectum L. subsp. erectum Helófito ou hidrófito (Phragmito-Magnocaricetea)
Sparganium erectum L. subsp. neglectum (Beeby) K. Richt. Helófito ou hidrófito (Glycerio-Sparganion)
URTICACEAE Parietaria judaica L. Terófito (Parietarietalia) (= P. punctata Willd.)
Parietaria lusitanica L. TAMARICACEAE
Terófito (Parietarion lusitanico-mauritanicae)
Tamarix africana Poir. var. africana Microfanerófito
Parietaria mauritanica Durieu
(Tamaricetalia africanae)
Terófito
399
(Parietarion lusitanico-mauritanicae)
Viola arvensis Murray subsp. arvensis Terófito
Urtica dioica L.
(Stellarietea mediae)
Hemicriptófito (Galio-Urticetea)
VITACEAE Urtica membranacea Poir. in Lam. Terófito
Vitis vinifera L. subsp. sylvestris (C.C. Gmel.) Hegi
(Smyrnienion olusatri)
Fanerófito escandente
(= U. dubia Forskäl)
(Salici purpureae-Populetea nigrae)
Urtica urens L. Terófito
ZANNICHELLIACEAE
(Chenopodietalia muralis)
Cymodocea nodosa (Ucria) Asch. Hidrófito
VALERIANACEAE
(Halodulo wrightii-Thalassietea testudinum) Anexo I da Convenção de Berna
Centranthus calcitrapae (L.) Dufresne Terófito (Cardamine hirsutae-Geranietea purpurei)
Fedia cornucopia (L.) Gaertn. Terófito (Cerintho majoris-Fedion cornucopiae)
ZOSTERACEAE Zostera noltii Hornem. Hidrófito (Zosteretea marinae)
VERBENACEAE
ZYGOPHYLLACEAE
Verbena officinalis L.
Fagonia cretica L.
Caméfito herbáceo (Plantaginetalia majoris)
Verbena supina L. Terófito (Verbenion supinae)
VIOLACEAE Viola arborescens L. Caméfito (Rosmarinetalia officinalis)
400
Caméfito (Pegano-Salsoletea)
Tribulus terrestris L. Terófito (Chenopodion muralis)
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