“Que o tempo é ouro, é sangue, é dinheiro”: Cultura Capitalista e Civilização no livro A Ponta de Rua de Fran Martins

June 4, 2017 | Autor: Thiago Nobre | Categoria: History, Historia, História do Brasil, História, Historia Cultural, História Do Ceará
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“Que o tempo é ouro, é sangue, é dinheiro”: Cultura Capitalista e Civilização no livro A Ponta de Rua de Fran Martins.

Thiago da Silva Nobre *

Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar o processo civilizador e o capitalismo em Fortaleza através da obra literária A ponta de Rua, escrita por Fran Martins. Focalizar-se-á sobremaneira Zéclementino, o personagem principal da trama que sofre grandes transformações e crises internas na sua trajetória de mutação em um agente “capitalista”. Foi percebido que o autor tece críticas em relação à exploração dos mais humildes, à moral e à ética capitalistas que valorizam o individualismo, o dinheiro e a livre empresa. Neste sentido, pretende-se entender as várias instâncias de interiorização do processo civilizador nas camadas sociais, além de compreender como o autor constrói as diferenças entre bairro pobre e cidade “civilizada” e, entre classe abastada e classe pobre.

Palavras-chave Cultura Capitalista; Civilização; Literatura Cearense

Neste artigo, pretende-se analisar a obra literária Ponta de Rua do autor cearense Fran Martins sob os auspícios da teoria de Max Weber e Norbert Elias. Anseia-se compreender de que forma o autor expõe e debate a cultura capitalista, bem como as várias instâncias de desenvolvimento do processo civilizador nos indivíduos e as diferenças existentes entre cidade “civilizada” e bairro pobre “incivilizado”. Foi escrito entre março e outubro de 1935, sendo publico em 1937 no Rio de Janeiro pela Editora Irmãos Pogenti. O autor lança críticas ao capitalismo de sua época, a exploração

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Universidade Estadual do Ceará, Graduando em História, CNPQ

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econômica e política dos mais humildes, da falta de ética e moral dos chamados “capitalistas”, mostrando as diferenças entre a cidade “civilizada” e a periferia suja, maltrapilha e esquecida. Em linhas gerais, o livro conta a trajetória de Zéclementino, personagem esse que deseja se tornar rico a todo custo. Oriundo de uma família rica falida cresceu em um bairro pobre da capital de Fortaleza chamado Alto da Balança, área compreendida entre Messejana e o Cocó. A sua ascensão social começa quando ele se torna comerciante trabalhando na sua bodega de nome poético: Estrela D’Alva. O autor descreve o Alto da Balança como [...]alegre e folgazão. Casinhas antigas, esburacadas e sujas, vielas escuras, cheias de lama, cheias de lixo, o cacimbão da Praça Três Corações com as suas águas imundas, nem por isso a ponta de rua deixava de ser alegre. O bairro era pobre, a vida ra era miserável. Uma longa estrada cortava o Alto de meio a meio[...]. [Tinha] vielas de nomes poéticos – Travessa Triste Suspiro, Beco da Saudade, Praça Três Corações. (Martins, 1999: 18)

A partir de então, Zéclementino não vai economizar energias para acumular cada vez mais capital e expandir seus negócios. Vai lesar o fisco municipal, explorar os amigos do seu bairro, cobrar preços indevidos aos víveres e etc... Toda essa subida social é acompanhada por crises internas do personagem que começa a conhecer um outro universo, dito civilizado, passando a não se reconhecer mais com os costumes, os hábitos e as formas de sociabilidade da periferia. “Um nojo profundo daquela vergonheira foi crescendo no seu[Zéclementino] espírito[...]. No Alto os homens vendiam as filhas por dinheiro, Pedrão trocara Lelinha pelos presentes do coronel. O Alto estava perdido, o mundo estava perdido.” (MARTINS, 1999: 53) Terminada a breve apresentação do enredo, no qual se voltará adiante de forma aprofundada, nada mais coerente do que passar para o comentário da trajetória de vida, educação e chegada em Fortaleza do autor. Fran Martins, sendo Fran a abreviatura de Francisco, nasceu em 13 de junho de 1913 em Iguatu. Filho de Antonio Martins de Jeus e Antônia Leite Martins, descendia de uma família de portugueses que, ao chegar no Ceará, instalou-se na cidade de Missão Velha. A sua educação primária começou na cidade do Crato. Primeiramente, na escola da dona Neves, passando depois a ser no Grupo Escolar. No segundo semestre de 1925,

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Fran Martins vai estudar no colégio Dioscesano do Crato e, logo em seguida, ingressa no Ginásio do Crato. Após o Ginásio do Crato, ele viaja ao Maranhão para estudar no Liceu Maranhense. Depois de concluir os estudos básicos, ele vai, juntamente com a família, à Fortaleza. Eles chegam à capital cearense em 1930 e Fran Martins entra para o Colégio Cearense, terminando os estudos preparatórios. Em 1932 ele ingressa na Faculdade de Medicina de Recife, porém lá não fica por muito tempo, devido a problemas econômicos. No entanto, já em 1933 consegue entrar para a Faculdade de Direito do Ceará, formando-se bacharel na ciência jurídica em 1937. Como se pode perceber, a sua educação foi fragmentária e entrecortada, mas ele conseguiu bacharelar-se, condição precípua para adentrar aos vários campos específicos de poder, sejam eles políticos, econômicos, intelectuais ou artísticos. Em relação a campo, tomamos emprestado o conceito cunhado por Pierre Bourdieu, afirmando que os campos são espaços estruturados de posições (ou de postos) cujas propriedades dependem da sua posição nesses espaços e que podem ser analisadas independentemente das características dos seus ocupantes (em parte determinadas por elas). [...]Um Campo[...]defini-se entre outras coisas definindo paradas em jogo e interesses específicos, que são irredutíveis às paradas em jogo e aos interesses próprios de outros campos[...]e que não são percebidos por alguém que não tenha sido construído para entrar nesse campo. (BOURDIEU, 2003: 119).

Fran Martins foi um intelectual muito ativo no campo literário de Fortaleza nas décadas de 40 e 50. Juntamente com outros intelectuais promoveu o 1º Congresso de Poesia do Ceará em 1942 e o 1º Congresso de Escritores Cearenses em 1946. As suas principais linhas de reivindicação e demandas eram a valorização do escritor da província, o respeito ao direito autoral e o investimento de qualidade na cultura do Estado. Tais eventos e objetivos em comum funcionaram como fator aglutinador entre os intelectuais da década de 40 e como gérmen para o surgimento do Grupo de Literatura e Arte Moderna (Clã). Grupo esse que, segundo Sânzio de Azevedo, consolidou definitivamente o modernismo no Ceará. No entanto, sabe-se também que ele estimulou o mercado editorial incipiente da época através da Cooperativa Editora

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Clã, subsidiada por eles mesmos em regime cooperativo como o próprio nome já alude, publicando as suas obras e as de outros autores cearenses. Havia também o Clube do Livro, no qual os livros da editora Clã vendidos mais baratos aos seus assinantes, estimulando a distribuição de livros. Não se pode esquecer do principal veículo de divulgação do grupo que foi a revista, pois ela tinha distribuição nacional. Como se pode perceber, os agentes sociais têm as suas ações estruturadas em certos limites possíveis (campos), no qual o Habitus consequentemente vai influenciar as estratégias, as tomadas de decisões e as visões de mundo. Bordieu define Habitus como sistema de disposições adquiridas pela aprendizagem implícita ou explicita que funciona como um sistema de esquemas geradores, é gerador de estratégias que podem estar objectivamente em conformidade com os interesses objectivos dos seus autores sem terem sido expressamente concebidas para esse fim. (BOURDIEU, 2003: 125)

O Habitus constitui-se como a bagagem do indivíduo, uma interiorização das estruturas sociais que é intrínseca a ação empreendida no cotidiano pelos mesmos. O Capitalismo como hoje é compreendido por nós, segundo Max Weber, possuindo um espírito, uma racionalidade e um ethos próprio é uma particularidade do Ocidente. Não que em outros lugares não tivessem ocorrido experiências capitalistas em alguns aspectos semelhantes ao do Ocidente, mas Weber (2001) inicialmente enumera três fatores singulares para o surgimento do capitalismo moderno como sendo a organização industrial racional voltada para um mercado regular e não para as oportunidades especulares de lucro, a separação dos negócios da moradia da família e a contabilidade racional. Tais elementos foram essenciais para o afloramento do capitalismo moderno no Ocidente. Weber define o capitalismo em “a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e racional. [...] na expectativa de lucro pela utilização das oportunidades de troca, isto é, nas possibilidades (formalmente) pacíficas de lucro.” (Weber, 2001:26).

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No entanto ele nos alerta para não incorrer no erro usual de achar que o capitalismo se resuma somente ao “impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro, [...] Tal impulso existe e sempre existiu

entre

garçons,

médicos,

cocheiros,

artistas,

prostitutas,

funcionários

desonestos[...]” (WEBER, 2001: 26). O capitalismo não é o lucro irracional e descomedido, ele relaciona-se mais com uma racionalidade e uma ética própria inerente a ele. No decorrer da sua obra ele cita um quinto fator, mas não menos importante, para o desabrochar do capitalismo, que seria o seu espírito singular, ou seja, a sua ética como foi citado anteriormente. Enfim, o espírito do capitalismo se relaciona diretamente com a vocação (“[...] no sentido de uma tarefa de vida, de um campo definido no qual trabalhar”) (WEBER, 2001: 69) ao trabalho diligente, nascida como forma de ascetismo protestante, mas depois secularizando-se como modus operandi do capitalismo moderno. Na verdade, essa idéia tão peculiar do dever do individuo em relação à carreira, que atualmente nos é familiar, mas na realidade tão pouco óbvia, é o que há de mais característica na ética social da cultura capitalista e, em certo sentido, constitui sua base fundamental. É uma obrigação que se supõe que o individuo sinta, e de fato importa qual seja, particularmente se ela se manifesta como um utilização de suas capacidades pessoais ou apenas de suas posses materiais (capital) (WEBER, 2001: 52)

No entanto, já se falou suficientemente sobre o capitalismo e suas peculiaridades. Voltar-se-á ao anti-herói do romance, Zéclementino, que para cumprir o seu sonho de enriquecer faz uma sanção ética que é a vingança, através dela toda ação ilícita ou amoral é justificada. Recordava ainda a velhice triste do pai. Ninguém fora mais digno do que ele, ninguém tivera negócios mais limpos do que ele. A honestidade chegou ali e parou. [...]a maldição dos ricaços do Alto caíra sobre ele. Mil garras o arrastaram ao abismo, mil punhos empurraram-no para a miséria. Terras, casas, sítios, tudo eles tomaram, morrera na miséria, porque os outros lhe roubaram tudo. Essa história triste Clementino guardava consigo, era por causa dela que queria vencer. Precisava ser grande para vingar a memória do pai, fazer mal aos que lhe fizeram, cuspir no rosto daqueles que o mataram, precisava ser grande para derrubar os que tornaram a sua vida um eterno sacrifício, vida de cachorro, vida de órfão miserável! Por ora agia

6 entre o povo miúdo, entre os seus companheiros, os seus próprios amigos. Agia por necessidade, contra o seu coração, porque aqueles não lhe fizeram mal. Mas, se não fosse ele, seriam outros os opressores[...] (MARTINS, 1999: 54)

Desse modo, ele podia enganar, extorquir, lesar o fisco, explorar os companheiros de bairro, aumentar demasiadamente o preço dos produtos, etc e se sentir muito bem, sem o pesado fardo da culpa às costas. Para além da vingança, Zéclementino encara o trabalho como uma vocação, como um fim em si mesmo. Só um pensamento o dominava: ganhar dinheiro. Ganhar, ganhar muito, ganhar de qualquer maneira – enganando, fazendo negócios feios, dando cabeçadas. Ganhar, acumular, para tornar-se poderoso, forte e influente à custa do dinheiro. ....... [...]dedicava-se todo ao negócio. [...]Não vendia fiado, não confiava em ninguém. Dormia no mesmo quarto, para economizar o aluguel de outra casa. Comia em casa de mestre Felismino, a trinta mil réis por mês, sem direito a café. E, para matar o mal pela raiz, foi deixando de tomar café. (MARTINS, 1999: 22-25)

No decorrer da trama, o personagem principal próspera economicamente cada vez mais. Inaugura outra bodega chamada Cruzeiro do Sul e monopoliza o fornecimento de víveres do Cocó, das Cajazeiras, do Tauape e da Estrada do Matadouro, fazendo o que se conhece muito bem na terminologia comercial que é o trust. Tudo parece ir como o planejado, mas Zéclementino não se sente plenamente feliz, ele não se identifica mais com o Alto, com as pessoas, com os costumes e com os valores de lá. Cada vez mais a “civilização” o seduz. [...]passava noite inteira pensando no que seria a vida na cidade. Só ouvia falar em clubes, festas, bailes, carnaval, piqueniques. Seduzia-o aquele ambiente novo, mais limpo, mais a seu gosto. [...]Só se bebia cerveja, whisky, vermute, e não cachaça forte, como lá no Alto. As moças da cidade não eram como as do Alto. Tinham olhos azuis, unhas polidas, os pés pequeninos, os braços alvíssimos. Não andavam descalças[...]. Até a língua que falavam era outra língua, não tinham termos grosseiros, entremeados de nomes feios, de escrotidões, de esculhambações. (MARTINS, 1999: 80-81)

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Nesta altura, faz-se necessário um breve debate sobre o conceito de processo civilizador de Norbert Elias. Elias afirma que [...]planos e ações, impulsos emocionais e racionais de pessoas isoladas constantemente se entrelaçam de modo amistoso ou hostil. Esse tecido básico, resultante de muitos planos e ações isolados, pode dar origem a mudanças e modelos que nenhuma pessoa isolada planejou ou criou. Dessa interdependência de pessoas surge uma ordem sui generes, uma ordem mais irresistível e mais forte do que a vontade e a razão das pessoas isoladas que a compõem. É essa ordem de impulsos e anelos humanos entrelaçados, essa ordem social, que determina o curso da mudança histórica, e que subjaz ao processo civilizador. (ELIAS, 1993: 194)

Ou seja, o processo civilizador surge como uma forma de auto coação nos indivíduos, mas sem pressupor uma criação proposital e racional. As paixões são moldadas no sentido de evitar uma instabilidade emocional e também de inibir explosões afetivas. Ele surge de forma impensada, porém possui uma lógica própria. É interessante se ressaltar também que processo civilizador possui níveis de interiorização diferentes nos agentes. Dependendo da classe ou grupo social ao que pertença, ele variará, pois de [...]modo geral, os estratos inferiores, os grupos marginais e mais pobres, num dado estágio de desenvolvimento, tendem a seguir suas paixões e sentimentos de forma mais direta e espontânea, regulando-se sua conduta menos rigorosamente que a dos respectivos estratos superiores. (ELIAS, 1993: 210)

Assim, o processo civilizador nas classes baixas tende a se flexibilizar. Então, cria-se um abismo entre a cidade “civilizada”, vistosa, limpa, ordeira, racional e higiênica em relação ao bairro pobre, feio, sujo, insurreto, irracional e doentio. Fran Martins já no início do romance ilustra bem essa dicotomia: Os habitantes daquele lugar [Alto da Balança] até pareciam um povo diferente. Quando iam à cidade eles não davam palavras aos companheiros, não conversavam cordialmente como faziam na ponta de rua. As mulheres também pareciam ter horror à cidade grande, elas só se sentiam à vontade quando lavavam roupa no lagamar ou enchiam os seus potes com a água imunda do cacimbão. Homens civilizados, moradores da cidade grande, não vos admireis da indiferença dos habitantes da ponta de rua. Eles têm o olhar

8 triste e cansado, mas esse olhar que vos intriga não é o que vos separa deles. Alma da ponta de rua é um mistério que faz o Alto um eterno inimigo da cidade. (MARTINS, 1999: 19)

Nesse sentido, os dois lócus se tornam antagônicos, pois seus agentes sociais os vivenciam de maneiras diferentes. O ritmo do lugar onde a cultura capitalista está relativamente desenvolvida é totalmente diferente de outro que não a tenha. O tempo da cultura capitalista é ditado pelo relógio, pela produtividade e pela velocidade, já o tempo que não está submetido a essa lógica é orgânico e mais ligado ao pulsar da natureza. No entanto, a cultura capitalista engloba tudo, ela não cessa nunca, tenta impor sua verdade a todo o custo. Por isso, os bairros pobres sempre serão alvo da sua predação civilizadora. Diferenças sociais não são interessantes, porém a uniformidade é bem mais produtiva. “Ali era a ponta de rua. Esquecida, acanhada, anêmica. Vivendo afastada da cidade, hostil à cidade, inimiga da civilização que dominava a cidade.” (MARTINS, 1999: 114) Espera-se que com o debate proposto neste texto sobre a Cultura Capitalista e o Processo Civilizador tenha sido possível compreender alguns aspectos importantes e basilares, como os graus de interiorização do processo civilizador, a dinâmica do capitalismo e a dicotomia cidade “civilizada” e bairro pobre “incivilizado”, através do estudo e análise de uma obra literária como fonte primordial.

Bibliografia AZEVEDO, Sânzio de. Literatura Cearense. Fortaleza: Publicação da Academia Cearense de Letras, 1976. BEZERRA, Carlos Eduardo. Fran Martins. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2004. BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Fim de Século – Edições, Sociedade Unipessoal, Ltda., Lisboa, 2003. CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1999.

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ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1994. V.1 _______. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993. V. 2 JESSUA, Claude. Capitalismo. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011. MARTINS, Fran. A Ponta de Rua. 2ª Ed. Fortaleza: Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará, 1999. WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 4ª Ed. São Paulo: Martin Claret, 2001. SOUZA, Simone (Coord.). História do Ceará. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha/Multigraf Editora, 1994.

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