Quem tem dados sobre drogas?

July 4, 2017 | Autor: Luís Sérgio Santos | Categoria: Journalism, Drugs And Addiction, Drugs and drug culture
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Quem tem dados sobre drogas?

P O R L U Í S - S É R G IO S A N T O S

A

falta de informação e a carência da políticas de prevenção, principalmente através da Educação, nas escolas, têm sido fortes aliadas no estrondoso aumento do consumo de drogas no mundo. Some-se a isso, a políticas de repressão, totalmente reativas, uma versão contemporânea da mitologia grega em Sísifo, condenado a repetir a mesma tarefa de mover uma pedra para o topo da montanha onde nunca a pedra ficaria, sempre rolava para o sopé da montanha transformando a tarefa de Sísifo em inalcançável utopia. Mesmo o celebrado DEA (Drug Enforcement Administration) a força policial americana antidrogas se reveza em fracassos e sucessos sendo o maior deles as regulares apreensões de quantidades cada vez maiores de drogas ilícitas, em especial, cocaína. O DEA

investe principalmente em informação através do seu Centro de Inteligência, em El Paso, Texas: o El Paso Intelligence Center. O site do DEA, na internet , temos acesso a um volune assustador de informações, inclusive informações educacionais sobre os danos que as drogas, lícitas e ilícitas, podem causar ao usuário e ao seu núcleo de convivência. Na última semana, chocada com a grande quantidade de mortes em todo o país em decorrência de overdoses de heroínas, a Casa Branca anunciou um novo o plano de enfrentamento do problema das drogas que une o sistema pública de saúde e a polícia dando ênfase ao tratamento dos usuários e dependentes. No Brasil, a parte mais visível no enfrentamento ao problema das drogas é a repressão policial com apreensões em volumes cada vez maiores e o trabalho de ONGs. O setor público, estados e

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Internações por transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso do álcool e doença alcoólica do fígado. Ceará, 2000 a 2014 Ano de Doença Transtornos mentais Total

internação

alcoólica do fígado

e comportamentais devido ao uso do álcool

2000 1165 494 1659 2001 1073 598 1671 2002 1277 657 1934 2003 2068 537 2605 2004 2300 505 2805 2005 2379 521 2900 2006 2236 549 2785 2007 2056 834 2890 2008 2401 607 3008 2009 1978 685 2663 2010 2077 800 2877 2011 1687 767 2454 2012 1554 708 2262 2013 1268 839 2107 2014 1285 766 2051 FONTE: SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES-SIH/SUS

União, tem sido absolutamente reativos ao problema e a prevenção e estimulada em campanhas voláteis, sem material bibliográfico perene que possa habitar o cotidiano das escolas e universidades. Dados sobre drogas são totalmente defasados. Nem o Estado do Ceará nem a União tem uma base de dados que consolide as informações sobre drogas, tais como: 1. Perfil do usuário; 2. Tipos de drogas (lícitas e ilícitas) consumidas; 3. Óbitos; 4. Danos e sequelas; 5. Perda do emprego em decorrência do uso; 6. Drogas lícitas mais usadas; 7. Drogas

ilícitas mais usadas; 8. Apreensões por tipo de drogas, quantidades e destinação. Todos esses itens trafegam por unidades da rede de saúde e pelas polícias mas não existe uma base de dados que os consolide. Na verdade, as chamadas políticas antidrogas são abolutamente impressionistas considerando a ausência total de um mapa da situação. O mais completo Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas (entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio das

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Redes Pública e Privada de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras) é de 2010. Do mesmo modo, é do ano de 2013 o maior diagnóstico sobre saúde no Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde — PNS 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas, elaborado pelo IBGE. Aqui o consumo de drogas também aparece e o alcoolismo ganha enorme destaque devido á recorrência do seu uso, quase universalizado.

“Internações por transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso do álcool e doença alcoólica do fígado” a partir do ano 2000 e até 2014 elaborado pelo Sistema de Informações Hospitalares — SIH, do SUS.

No Ceará, dados consolidados sobre drogas se referem a óbitos e são de 2013, elaborados pelo SIM — Sistema de Informação sobre Mortalidade do Datasus. Um outro conjunto de informações consolidadas se refere a

Nem a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará nem a Secretaria Especial de Políticas sobre Drogas, no Ceará, dispõem de dados consolidados sobre drogas. Se os têm, não disponibilizam. E, sem eles, fica impossível desenvolver uma política pública minimamente razoável de enfrentamento preventivo do problema. Por enquanto, só fazem espuma.

VERSÃO AMPLIADA DO ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO JORNAL O ESTAD O (ISSN 1809-3043), EM 20 DE AGOSTO DE 2015 PÁGINA 2.

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