Querem Chupar seu Cotoco? - Deficiência, Sexualidade e Possíveis Transações Corporais

July 1, 2017 | Autor: Marco Gavério | Categoria: Disability Studies, Teoría Queer, Sociologia, Antropología, Teoria Crip
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Querem Chupar seu Cotoco? - Deficiência, Sexualidade e Possíveis Transações Corporais Marco Antônio Gavério1

RESUMO: A proposta deste ensaio é colocar em tensão algumas proposições que posicionam o “corpo deficiente” como território corporal estanque e fixo, ou seja, independente ou a priori dos contextos relacionais, inter e ‘alterativos’ que o produzem discursivamente como causa e efeito. No texto tenciono brevemente minha identificação como deficiente encaminhando a\o leitora\o a um entendimento geral de uma percepção sociocultural sobre deficiência emergente na segunda metade do século XX. Isso abrirá espaço para que acessemos mais facilmente pontos do debate sócio antropológico atual sobre deficiência e corporalidade num viés teórico analítico que chamo de “feminismo queer-crip”. Também explicitarei algumas considerações sobre a relações estabelecidas pelo que venho reconhecendo como ‘desejo pela deficiência’ - que é ora erótico, ora estético-corporal - propondo um possível caminho de desestabilização das certezas sobre deficiência.

I Me lembro até hoje da primeira vez que pedi ajuda de um colega, aos 7 anos, para ajudar a me defender das piadas de um outro garoto que me caçoava, à época, por causa das minhas muletas canadenses. Meu suposto defensor era temido por ser repetente (algo que os professores faziam questão de mencionar) devido a ‘problemas familiares’ (iguais menções) e, mesmo não fazendo jus ao que pintavam, administrava bem essa posição. Quando o chamei, em busca de um amparo moral externo, e contei-lhe o que ocorria, ele olhou fixamente para o garoto que me incomodava e disse: “Só porque você está falando isso tudo, quando se casar você terá um filho como ele!” - enquanto apontava o dedo para mim. Em minha monografia relatei brevemente que minha experiência pessoal, desde muito cedo e muito intimamente, fora atravessada por noções médico-reabilitativas de compreensão da deficiência.

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Graduado em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal de São Carlos e mestrando pela mesma universidade no PPG-Sociologia. Contato: [email protected]

Uma das primeiras denominações que recebi foi defeituoso. Por dois motivos: eu havia nascido com um defeito genético. A amiotrofia espinhal me causava uma degeneração muscular. Assim eu cresci como uma criança que possuía um defeito (genético), uma doença que me causaria degeneração (muscular) enquanto vivesse. O segundo motivo foi quando, devido as projeções do diagnóstico da doença, me foi receitado fisioterapia. Aos 4 anos de idade virei paciente, por 15 anos, da Associação de Assistência à Criança Defeituosa, AACD, hoje Associação de Assistência à Criança Deficiente. (GAVÉRIO, 2015, p. 14-5)

Nesse contexto, também menciono que, desde 1998, a AACD ganhou imenso destaque no cenário nacional e midiático, como instituição reabilitativa filantrópica, devido à maratona televisiva Teleton (GAVERIO, 2015). O Teleton é entretenimento televisivo que visa angariar recursos para manutenção e criação de mais centros de reabilitação e neste ano de 2015 terá sua 17ª edição. Sob a figura de Silvio Santos como mestre de cerimônias da programação, descrevi um trecho de sua fala de abertura do primeiro Teleton em 1998:

[...] Vocês não têm ideia o que é ter em casa uma criança, como vocês viram, bonita, inteligente, com vontade de ser útil e não poder por falta de ajuda, por falta de dinheiro e, principalmente, por falta de uma unidade hospitalar que a recupere e a ensine a despertar e a desfrutar da vida com o problema que ela tem e que nem sabe por que razão ela nasceu diferente dos nossos filhos que, felizmente, são criaturas perfeitas com todos os movimentos e sentidos. Nestas 26 horas de maratona pela televisão nós vamos ver o quanto nós somos felizes; nós vamos ver quão pequenos são os nossos problemas e vamos ver o quanto Deus foi generoso e bondoso conosco. É claro que nós estamos atravessando problemas difíceis[...], mas podem crer, nenhum desses problemas se compara ao de uma família que recebe em seu lar, não se sabe por quê, uma criança que não é normal.

A fala de Silvio Santos condensa duas narrativas correntes da deficiência, a reabilitativa-caritativa (LONGMORE, 2005) e a da tragédia pessoal (OLIVER, 1990). Ambas possuem especificidades, mas não se excluem. As colocações de Santos, faladas

intimamente pelo apresentador que olha diretamente para a câmera, na verdade, podem ser informações de como o discurso médico-reabilitativo não se desconecta de princípios morais. Quando o apresentador diz que “vamos ver o quanto nós somos felizes; nós vamos ver quão pequenos são os nossos problemas e vamos ver o quanto Deus foi generoso e bondoso conosco” ele se refere a um “nós” que possui “filhos que, felizmente, são criaturas perfeitas com todos os movimentos e sentidos”. Nesse sentido, nenhum dos problemas que esse “nós” possuísse se compararia “ao de uma família que recebe em seu lar, não se sabe por quê, uma criança que não é normal”. “Crianças perfeitas”, então, são contrapostas a “crianças que não são normais” e que por mais que tivessem “vontade de serem úteis não podiam por falta de ajuda, por falta de dinheiro e, principalmente, por falta de uma unidade hospitalar que as recuperasse”. Que as recuperasse, nesse caso, em “todos seus movimentos e sentidos”. Fica implícito dessa forma o caráter corporal e social falho que significa deficiência. Não ter todos os movimentos e sentidos é não ser perfeito. Não ser perfeito, nesses termos, é precisar ser recuperado e ser responsável por uma espécie de fardo, pois “não se sabe por quê sua família recebeu, em seu lar, uma criança que não é normal”. Seria possível estender um artigo todo sobre como é representada a deficiência nos meios de comunicação, dando principal ênfase aos sentidos culturais existentes nessas representações que se colocam em circulação a partir da ideia de entretenimento. Como não é exatamente essa minha intenção, e seria um extenso trabalho, trago este trecho de fala para algumas ideias que são parte do ‘imaginário [social]’ sobre deficiência. Segundo Paul Longmore (2005, p. 505)

Mais do que qualquer outra mensagem, teletons explicaram o significado social da deficiência. Apresentado como ‘os aflitos’ e ‘os menos afortunados’, as pessoas com deficiência viram os seus problemas, as suas necessidades, e, assim, suas identidades definidas em termos de patologia médica e social. As instituições de caridade atribuíram a marginalização social das pessoas com deficiência nas condições de morbidade fisiológicas. Esses defeitos corporais assumidamente os incapacitavam para executar as funções sociais esperadas dos norte-americanos em várias faixas etárias. A patologia médica condenava alguns deles à morte física; A patologia social condenou todos eles para invalidez social, ou seja, a morte social. Sua

única esperança estava em curas médicas ou reabilitação médica e profissional.

Ainda segundo Longmore (2005, p. 507) essas concepções caritativas e trágicas de deficiência foram criticadas a partir de um caldo de noções identitárias políticas emergentes nos anos 1960. Principalmente nos EUA a deficiência emergiu fortemente como um grupo minoritário, um grupo discriminado na sociedade principalmente por estarem destituídos de seus direitos civis. A movimentação política deficiente norte americana interferiu na formação do movimento político deficiente britânico que, por sua vez, influenciou um tipo específico de discurso social sobre deficiencia. Foi em diálogo crítico com a teorização social estadunidense sobre a deficiência que, em meados dos anos 1980, na teorização social britânica sobre a mesma temática, que emergiram pontos teóricos que desembocaram no “modelo social” de seu entendimento. Veremos logo adiante. Muitos trabalhos já discutiram as bases históricas e sociais que possibilitaram um protagonismo político das pessoas deficientes\ com deficiência na segunda metade do século XX (DINIZ, 2007; PALÁCIOS, 2008; MELLO, 2009; HARLOS, 2012) e como essas mobilizações sócio políticas concomitantemente abriram espaço para construir teoricamente a deficiência sob outras bases epistemológicas. Essas movimentações teórico políticas originais vinham sob o entendimento de que entre os séculos XIX e XX

A diferença corporal/mental paulatinamente deixa de ser entendida como um castigo divino e passa a ser vista como um erro da natureza, um acidente natural a ser corrigido pela ciência. A transformação desta identidade da deficiência na de um “defeituoso” ou “retardado” decorre de um deslizamento conceitual que captura o indivíduo como objeto do saber médico. O poder de normalização passa, então, a se exercer pela via terapêutica, incidindo sobre o corpo/mente anormal (COSTA C. ANDRADA, 2013, p. 18)

A ideia passou então a não só descrever o processo de estigma que rondava os entendimentos da deficiência, e que por isso possibilitariam o entendimento do indivíduo como um todo ‘defeituoso’, mas também deflagrar que a própria deficiência era produzida

por saberes e instituições específicas que continham a autoridade do conhecimento sobre determinados corpos. A assertiva das\os ativistas deficientes de que “não é nosso corpo que nos deficientiza (disable us), mas a sociedade” (DINIZ, 2007), representou uma virada teórico-política na produção do conhecimento sobre deficiência: Política uma vez que passou a interrogar a autoridade jurídica-legal das instituições sociais que controlavam técnico-burocraticamente as ‘políticas da deficiência’ (OLIVER, 1990) através do exame biopolítico da população; teórica enquanto forjou, a partir do surgimento desses “novos sujeitos” (ADELMAN, 2009) na cena política internacional, outras explicações sobre deficiência que fossem além do paradigma médico. De maneira genérica, o modelo médico de entendimento da deficiência se pauta nas normas biomédicas de enquadramento corporal, principalmente naquelas que descrevem funções anatomofisiológicas incapacitantes como efeitos de uma doença ou acidente (OLIVER, 1990). Dessa maneira, conforme a antropóloga Anahí Guedes de Mello (2009. pp. 26-7):

O modelo social da deficiência, em oposição ao paradigma biomédico, não se foca nas limitações funcionais oriundas de deficiência, mas sim a concebe como o resultado das interações pessoais, ambientais e sociais da pessoa com seu entorno. [...] Neste sentido, as experiências de opressão vivenciadas pelas pessoas com deficiência não estão na lesão corporal, mas na estrutura social incapaz de responder à diversidade. (MELLO, 2009. pp. 26-7)

II De uma maneira muito rasa e meramente esquemática, podemos situar a discussão sociológica sobre deficiência apontada acima como ponto fundamental na construção do que foi nomeado posteriormente sobre disability studies. Esse estudos, colocando de maneira ampla, pensam a deficiência criticamente a colocando como produto das relações sociais e não somente uma condição individualizada\corporal, geralmente entendida sob o ponto de vista do saber biomédico2.

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Para uma ampla introdução ao debate sobre deficiência que tem sido subsumido na expressão disability studies ver o termo disability studies. São elas: ALBRECHT, Gary L. & SEELMAN, Katherine D. & BURY, Michael. (eds.). Handbook of Disability Studies. SAGE Publications, 2001; BARNES & OLIVER & BARTON (eds.). Disability Studies Today. Polity Press, 2002; SNYDER,

Porém, o ponto prático que influenciou fortemente as análises dos disability studies até meados dos anos 1990 foi a separação conceitual entre lesão (impairment) e deficiência (disability). Segundo Mike Oliver, um dos principais defensores desta separação analítica entre indivíduo e sociedade, garante que “Este novo paradigma [modelo social] envolve nada mais ou menos fundamental do que um distanciamento do foco sobre as limitações físicas de indivíduos em particular para a forma como o ambiente físico e social imposta limitações sobre certas categorias de pessoas” (OLIVER, 1981. Apud BARNES, 2012. p. 18). Quando se fala de “modelo social da deficiência”, aos mais familiarizados com o histórico social dos disability studies, se fala numa distinção analítica entre lesão (impairment) e deficiência (disability) radicada nas teorizações dos sociólogos e ativistas deficientes britânicos dos anos 1980. Contudo, os\as teóricos\as sociais e ativistas deficientes norte-americanos\as, na mesma temporalidade pensavam sob uma espécie de distinção entre indivíduo biológico x individuo social para pensar a construção social da deficiência. Segundo Harlan Hahn (1985), ao comentar sobre muitas alterações da maneira com que a sociedade norte americana passou a ver os deficientes pós anos 1960, salientou que

Muitas dessas mudanças podem ser atribuídas a um deslocamento de definição de orientação médica, que se concentra nos impedimentos funcionais, e uma abordagem econômica, que destaca as limitações de formação profissional, para uma perspectiva sócio-política que considera a deficiência como produto da interação entre indivíduo e ambiente. A última perspectiva levou a nova ênfase em medidas contra discriminação e a um modelo minoritário de deficiência, que reconhece

Sharon L. & BRUEGGEMANN, Brenda J. & GARLAND-THOMSON, Rosemarie (Eds.). Disability Studies: Enabling the Humanities (New York, The Modern Language Association of America), 2002; DAVIS, Lennard J. (ed.). The Disability Studies Reader – Second Edition. New York: Routledge, 2006; ALBRECHT, Gary L. (ed.). Encyclopedia of Disability. Sage Publications, 2006; DINIZ, Debora. O Que É Deficiência. São Paulo: Editora Brasiliense, 2007; PALACIOS, Agustina. El modelo social de discapacidad: orígenes, caracterización y plasmación en la Convención Internacional sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad. Madri: Ediciones Cinca, 2008; MELLO, Anahí Guedes de. Por uma abordagem Antropológica da Deficiência: Pessoa, Corpo e Subjetividade. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009; WATSON, Nick & ROULSTONE, Alan & THOMAS, Carol. (eds.). Routledge Handbook of Disability Studies. Routledge Publications, 2012; HARLOS, Franco Ezequiel. Sociologia da deficiência: vozes por significados e práticas (mais) inclusivas. São Carlos: UFSCar/PPGES, 2012.

que o ambiente é moldado pelas políticas públicas e que a política é um reflexo de atitudes e valores sociais dominantes.

Existe um longo debate interno nos disability studies sobre uma dupla origem teórica dos disability studies (MEEKOSH, 2004). A origem britânica, com o modelo social, afirmaria que “Deficiência não tem nada a ver com o corpo” e que a “lesão é de fato nada mais do que uma descrição do corpo físico” (OLIVER Apud. HUGHES & PATERSON, 1997. p. 32). A outra origem se basearia num modelo minoritário, como na fala de Hahn, em que o indivíduo (já constituído) estaria numa relação com um ambiente social discriminatório, estigmatizante. O corpo, em sua ausência ou presença analítica, sempre esteve rondando a formação das teorias socioculturais da deficiência (o que hoje podemos já podemos considerar amplamente como disability studies), tanto como elemento teórico como material. Apesar de os britânicos atacarem as teorias norte americanas dizendo que seus trabalhos apesar de reconhecerem “[...] a significância dos fatores econômicos, sociais e culturais na produção da deficiência, as causas da disseminada privação econômica encaradas pelas pessoas

deficientes

[disabled

people]

localizava,-se

no

indivíduo

e

sua

lesão\impedimento\limitação [impairment]” (BARNES et all, 2002, p. 4), ambas formalizações analíticas atestavam o corpo como domínio privado e objeto do saber biomédico. Uma vez que quem ‘descreve’ as funções corporais e anatômicas são os médicos, o corpo é um dado biológico, um espaço de configuração neutra em que a sociedade moderna inscreveu noções institucionais e coletivas de déficit, incapacidades, debilidades, disfunções, deficiências. Nesse sentido, os teóricos da deficiência norteamericanos Susan Snyder e David Mitchell (2001, pp. 374) parecem nos dar uma melhor contextualizada na radicalidade do argumento de Oliver, exposto acima, ao dizer que Desde que os corpos deficientes sofreram historicamente classificações debilitantes, os disability studies propositadamente se abstiveram de formular as experiências corporificadas das pessoas deficientes. Esta negligência foi intencional e estratégica: ela explicitamente procurou deixar uma entidade sobre-analisada misericordiosamente sozinha. Em vez disso, o olhar crítico estava ligado às práticas avaliativas físicas, ocupacionais e psicológicas e sobre as instituições que autorizavam tal olhar […]

Fica mais fácil compreendermos, então, que os entendimentos que os(as) teóricos(as) dos disability studies tinham mais fortemente sobre o corpo eram muito semelhantes aos seus referenciais sociológicos anteriores que o entendiam como uma matriz simbólica universal em que os significados sócio culturais são demarcados (TURNER, 2001; HOWSON & INGLIS, 2001; SHILLING, 2007; CINTRA & PEREIRA, 2010). Em artigo de 2010 a psicóloga Maria Elisa Rizzi Cintra e o antropólogo Pedro Paulo Gomes Pereira abordam como nas ciências sociais alguns autores e autoras têm centrado suas perspectivas a partir do corpo, mas que não necessariamente contestam as bases mais deterministas de se pensar a corporalidade: “O corpo vem se firmando como um terreno privilegiado para se entender as disputas em torno de novas identidades, da preservação de identidades históricas, da ascensão de híbridos culturais ou das recontextualizações locais de tendências globais. As polêmicas análises sobre a temática afirmam seu caráter essencial para a compreensão das sociedades contemporâneas. Todavia, diante dessas questões e da multiplicidade de análises, talvez devêssemos, para replicar aqui uma indagação de Miguel Vale de Almeida, insistir numa simples pergunta: de que falamos quando falamos de corpo?” (CINTRA e PEREIRA, 2010).

Dessa maneira, ao falarmos de “corpo deficiente” (disabled body) estamos sempre nos remetendo à noção de um corpo organicamente defeituoso que necessita, para ser compreendido como oprimido\segregado na dinâmica social, estar dissociado de noções de doenças\debilidades\deficiências – tidas, por sua vez, somente como vetores biomédicos?

III De acordo com a socióloga australiana Raewyn Connel (2011. p. 1368) A abordagem sócio-construcionista de deficiência que desafiou o modelo biomédico nos anos 1980 e 1990 foi parte de uma ampla reformulação dos corpos e da sociedade. Ideias semelhantes estavam

sendo trabalhadas no feminismo, sociologia, estudos da ciência e tecnologia, estudos culturais, saúde pública, pesquisa sobre sexualidade e outros campos. Surgiram desafios para modelos biomédicos de causalidade, para classificações a-históricas de corpos e para o poder profissional sobre grupos marginalizados. A capacidade das estruturas sociais e discursos culturais para distribuir e especificar corpos, e para moldar a experiência corporal, foi reconhecida.

O que parece ter ocorrido, ao longo dos anos 1980 e 1990, foi uma reconfiguração em torno da deficiência, bem como dos elementos e indivíduos demarcados como tais. Essa reconfiguração basicamente se apoiou em uma distinção entre o corpo daquela e daquele considerados deficientes – corpos esses entendidos como entidades orgânicas fixadas no discurso médico – e a experiência\vivência social desses mesmos sujeitos como “falha\incompleta”. O que se buscou intensamente foi exatamente mostrar que o corpo lesionado\doente\debilitado está inserido em contextos sócio-culturais que o revestem com naturalizações que almejam explicar suas desigualdades sociais com respostas biomédicas. Segundo Diniz (2003, 2007), ao analisar o desenvolvimento dos disability studies a partir das referências britânicas, menciona que é a crítica feminista e pós moderna, insurgentes nos anos 1990 e 2000 nestes estudos, que “definiu a segunda geração de teóricos do modelo social” (Diniz, 2007. p.58). Segundo esta autora foram as [...] teóricas feministas que trouxeram à tona temas esquecidos na agenda de discussões do modelo social. Falaram do cuidado, da dor, da lesão, da dependência e da interdependência como temas centrais à vida do deficiente. Elas levantaram a bandeira da subjetividade do corpo lesado, discutiram o significado da transcendência do corpo por meio da experiência da dor, e assim forçaram uma discussão não apenas sobre deficiência, mas o que significava viver em um corpo doente ou lesado’. (Diniz, 2007. p.60-1)

Assim, parte dos disability studies se interferiu, principalmente a partir dos anos 2000, com o que chamo “feminismo queer”3, permitindo outras possibilidades

3

metodológicas, analíticas e teóricas, principalmente a partir de um foco crítico maior na corporalidade4. Essa junção teórica trouxe à baila do conhecimento social que estava se produzindo sobre deficiência, outras perspectivas de percepção e compreensão teóricas do corpo deficiente que viam entrelaçadas com as discussões culturalmente críticas e históricas sobre gênero e sexualidade. Uma dessas perspectivas críticas entre disability studies e feminismo queer pode ser chamada de queer-crip [MCRUER, 2006; KAFER, 2013; MELLO, 2014; GAVÉRIO, 2015b] e tem permitido, basicamente, colocar em consonância crítica de informação mútua e tensão histórica a dicotomia deficiência\corpo deficiente. Dessa forma o corpo deficiente tem sido foco de “desconstruções” em sua condição de dado neutro e universal, tanto como elemento teórico, quanto material (seja no senso de um corpo ‘cultural’, como no senso de um corpo ‘biológico’). Uma análise queer-crip levaria em conta elementos do discurso crítico sobre gênero, sexualidade e sobre deficiência (os que pontuei acima). Análises que já consideravam esses três categorias em suas bases sociais, passaram a se mobilizar em torno da criação naturalizada da anormalidade, do desvio, a partir da neutralização histórica do que era considerado normal (WARNER, 1993; DAVIS, 1995; MISKOLCI, 2005; 2009). Nesse caso uma distinção entre deficientes (anormais) e não-deficientes (normais) depende da consideração de que os segundos também nascem assim, normais e, por isso, são também naturais. Essas ideias tem levado a pensar cada vez mais que as considerações sobre a materialidade que informa e cria as noções ocidentais de corpo (cultural ou biológico) não podem ser separadas das noções de corpo que informam e criam o saber sobre a materialidade que as baseia. Assim, a deficiência vem sendo cada vez mais problematizada como ‘montagem’ (assemblage) (PUAR, 2012) contingente a muitos contextos socioculturais e históricos, em que os corpos se constituem como deficientes e não-deficientes em momentos mútuos de engendramento em relações de saber\poder5. Essa montagem categórica mais A corporalidade pode se referir ao que propõe o antropólogo David Le Breton (2007, p. 32): “O Corpo não existe em estado natural, sempre está compreendido na trama social de sentidos, mesmo nas suas manifestações aparentes de insurreição, quando provisoriamente uma ruptura se instala na transparência da relação física com o mundo do ator (dor, doença, comportamento não habitual, etc.).” 5 Segundo Jasbir K Puar (2012, p. 57) “"Assemblage" é na verdade uma tradução desajeitada do termo francês agencement. O termo original na obra de Deleuze e Guattari não é a palavra assemblage traduzida para o Francês, mas agencement é um termo que significa design, layout, organização, arranjos de relações - o foco não sendo no conteúdo, mas nas relações, nas relações de padrões (Phillips 2006 108). [...] Conceitos não prescrevem relações, nem existiam antes deles; em vez disso, as relações de força, conexão, ressonância, e padronização dão 4

generalizada, pode ser analogamente pensada a partir de determinadas relações mais especifica em que se considere o que Kelly Fritsch (2015, p. 52) chama de “intracorporalidade” (intracorporeality). A autora, ao analisar possibilidades de se almejar formas de se desejar a deficiência, e nesse sentido a própria deficiência seria uma possibilidade de existência, diz que a “intracorporalidade”

Postula que os corpos são formados dentro de uma relação, em vez de formado "através" ou "entre" corpos já formados. Perceber como os corpos emergem dentro de uma relação é enfatizar que qualquer corpo considerado somente emerge sempre de, e é constituído por e dentro de, já emaranhadas relações. Tal surgimento

intracorporeal

sugere

que

qualquer

decreto

[enactment] de um corpo é ontológica e epistemologicamente saturado, nunca mais estável, ou final.

IV Em minhas atuais pesquisas de mestrado6 venho buscado compreender o que ainda chamo vagamente de “desejo pela deficiência”. Esse desejo tem aparecido correntemente de duas formas distintas, porém não exclusivas entre si7. Uma primeira forma tomaria características como desejo\atração(\‘fetiche’) erótica por ‘corpos deficientes’. A segunda forma seria pela vontade de mudança estético-corporal em que o ‘corpo deficiente’ é o modelo almejado. Os indivíduos colocados como expressando a primeira forma surgem, em um primeiro momento como devotees. Os indivíduos colocados como expressando a segunda forma surgem como apotemnofílicos ou wannabes. Há alguns anos entrei em contato com o termo devotee. Eu já havia ouvido algumas histórias sobre ‘fetiche por deficientes’ e algumas perguntas se eu já havia conhecido ‘alguma pessoa assim’. A ideia de ter pessoas interessadas sexualmente em deficientes exatamente por “serem deficientes” era no mínimo atraente. Foi quando em uma dessas comunidades virtuais e fóruns de discussão sobre deficiência feito por\pelas pessoas origem a conceitos. [...] As definições francesas e inglesas de assemblage, no entanto, referemse a uma coleção de coisas, uma combinação de itens e o fato de montagem. (ênfases minhas) 6 As pesquisas estão sendo financiadas pelo CNPq\CAPES e estão sob orientação do Prof. Dr. Jorge Leite Júnior do PPG-Sociologia da Universidade Federal de São Carlos. 7 e assim podem ser metodologicamente enquadramento típicos-ideais do tipo-ideal chamado ‘desejo pela deficiência’.

deficientes, um link fora colocado por uma usuária ‘não deficiente’. Um blog com inúmeras imagens e vídeos de deficientes, ou melhor, pessoas consideradas deficientes, estilizadas em estéticas sexuais, sedutoras, intrigantes. O título da página era somente devotee. Foi nessa curiosidade que aprendi, em um primeiro momento, que ser uma\um devota\o era atrair-se pela deficiência, era sentir tesão nos corpos chamados deficientes; sentir que eles poderiam tanto produzir como serem focos de prazer. Parecia que ‘essas pessoas’, as que desejavam as deficientes, iam na contramão do que geralmente se constata sobre deficiência, em certo grau e extensão, como algo falho, disfuncional, comprometido, defeituoso, indesejado. (como na fala de Silvio Santos, por exemplo). Foram John Money e R Jobaris e G Furth (1977) que, a partir de estudos de casos de pessoas que mesclavam vontade de se amputar com excitação sexual em pessoas ou situações de deficiência (disability) cunharam o termo clínico “apotenmofilia” (do grego ‘amor por amputação) e comumente conhecidos como wannabes8. Mesmo não possuindo uma nosologia ou etiologias definidas, a apotemnofilia, para esses autores, é considerada uma “síndrome de obsessão erótica ou fetiche por membros ou dedos amputados” (MONEY et al., 1977. p. 115) e que leva o indivíduo a sugestionar mudanças em seu corpo visando, principalmente, se amputar. Em 1986, Money cunhou como acrotomofilia (do grego ‘amor pelos cortes das extremidades’) “a excitação erótica pelo ‘cotoco’ ou ‘cotocos’ (stumps) do parceiro amputado, e a dependência nos mesmos para excitação erótica-sexual e facilitação ou obtenção do orgasmo” (MONEY & SIMCOE, 1986.p 44). Os indivíduos acrotomofílicos, comumente conhecidos como devotees (devotos(as)), ganham especificidade, na análise de Money, por seu desejo ser direcionado ao corpo amputado (aqueles que possuem cortes na extremidades). Segundo Money, os(as) devotees possuem “[...] uma das parafilias em que a elegibilidade do parceiro é contingente sobre especificas características corporais ou estigmas (estigmatas)” (MONEY & SIMCOE, 1986.p 44). Alguns anos mais tarde, em 1997, o pesquisador da medicina física e reabilitação Richard L. Bruno, publicou o artigo ‘Devotees, Pretenders and Wannabes - Two Cases of Factitious Disability Disorder’, no periódico Sexuality and Disability, e se tornou uma referência recorrente no debate biomédico\comportamental, sobre ‘atração por deficiência\deficientes’. Retomando criticamente o debate do desejo sexual patológico envolto na vontade de se amputar, ou de se relacionar eroticamente com um(a) 8

O termo wannabe, derivado da expressão inglesa want to be (querer ser, tornar-se), surge como um nomenclatura ‘nativa’

amputado(a), proposto por Money, a intenção de Bruno é buscar uma origem etiológica para tal desejo. Segundo as definições desse autor

Devotees são pessoas não deficientes (non disabled people) que estão sexualmente atraídas por pessoas deficientes (disabled people), geralmente aquelas com dificuldades de mobilidade e, principalmente,

amputadas;

pretenders

são

pessoas

não

deficientes que agem como se tivessem uma deficiência, ao utilizar dispositivos de assistência [por exemplo, suportes, muletas e cadeiras de rodas] em particular e, por vezes, em público, assim se 'sentem' deficientes ou são percebidas por outras como tendo uma deficiência; Wannabes realmente querem se tornar deficientes, às vezes indo a extremos para ter um membro amputado. (BRUNO, 1997. pp. 243-4) No texto, Bruno conclui que o ‘fetiche’ por deficientes existe e precisa ser investigado, mas antes é o resíduo de um distúrbio nomeado por ele de Factitious Disability Disorder (FDD; ‘Distúrbio da Deficiência Imaginária’), um ‘distúrbio identitário’ ‘[...] em que a deficiência - real ou fingida, a própria ou a de outro – provê uma oportunidade para [o indivíduo perturbado] ser amado e cuidado, no sentido em que tal oportunidade nunca existiu de outra forma” (BRUNO, 1997. p.257). Assim, a vontade de se tornar deficiente não seria causada por uma perversão sexual, como propunha Money, mas seria consequência de uma identidade corporal ‘problemática’ que pode se desdobrar em desejos sexuais ‘desviantes’. (BRUNO, 1997; LAWRENCE, 2006; SULLIVAN, 2008). Mesmo que de maneira breve, o que começa a ficar nítido, portanto, é um grande domínio da narrativa médica na caracterização do ‘fenômeno DPW’. Através das conceituações dos desejos como parafilias9 ou desordens identitárias, devotees,

9

Segundo Money e colaboradores (1986. p. 43-4), “[...] parafilia é uma condição que ocorre em homens e mulheres ao serem compulsivamente sensíveis a e obrigatoriamente dependentes de estímulos incomuns ou inaceitáveis pessoal ou socialmente, perceptíveis ou no imaginário e idealização da fantasia, para a iniciação ideal e manutenção da excitação erotosexual e a facilitação ou obtenção do orgasmo [do grego, para, além, errado, ou alterada + philia, amor]. A imagética parafílica (paraphilic imagery) pode ser retomada em fantasia durante a masturbação solitária ou nas relações sexuais com um parceiro. Na terminologia jurídica, uma parafilia é uma perversão ou desvio; no vernáculo, é sexo bizarro ou estranho. Antônimo, normofilia” (ênfase minha). Atualmente, parafilia é descrita da seguinte maneira no DSM-IV

pretenders e wannabes surgem como desviantes, obsessivos e, no caso específico dos(as) devotees, um(a) deficiente sexual (MONEY & SIMCOE, 1986). A maneira corrente, então, com que se tem tratado o desejo\atração\inspiração contida na deficiência pode indicar que, em certo sentido, o corpo deficiente ao ser desejável (como possibilidade de existência mútua) passa a ser visto como ponto de instabilidade, como ameaça a determinada ordem (normatividades) política, uma vez que desejá-lo altera o senso estético, erótico e afetivo das trocas entre corporalidades de antemão consideradas sob noções de autonomia, independência e liberdade individual.

V Dessa forma, essas interações e relações corporais que considero estarem formalizando certa noção de deficiência como desejável (no sentido geral de ela ser uma possibilidade plausível), me fazem arriscar a pensar a deficiência como produto momentâneo de determinados encontros, pessoais ou conceituais, que ao mesmo tempo que se informam e emergem através de concepções já existentes sobre ela, extrapolam suas significâncias e materialidades supostamente estanques, fazendo com que a deficiência seja vista como possibilidade de trânsitos corporais ‘alterativos’. Na inspiração de Fristch (2015) esses ‘trânsitos corporais alterativos’ transformariam mutuamente os agentes envolvidos na interação e que, por sua vez, só assim se tornariam agentes. Essa mesma maneira de pensar os corpos se construindo a partir das relações de desejos que atrairia seu acontecimento, podem ser tidos como focos de ansiedades e rupturas com sociocultural estabelecido sobre deficiência quando a própria medicina, principalmente a partir da sexologia, patologiza tal desejo, bem como os indivíduos que os emanam. Dessa forma, poderíamos nos perguntar junto com Robert Mcruer e Anna Mollow (2012. Kindle edition)

[...] e se a deficiência fosse sensual? E se as pessoas deficientes fossem entendidas como sujeitos e objetos de uma multiplicidade de desejos e práticas eróticas? Além disso, o que se examinar as maneiras pelas quais esses desejos e práticas são habilitados,

(493) “As parafilias são caracterizadas pela recorrência de impulsos sexuais intensos, fantasias ou comportamentos que envolvam objetos incomuns, atividades ou situações que causem sofrimento clinicamente significativo ou impedimentos sociais, ocupacionais ou em outras áreas importantes de funcionamento”.

articulados e representados em vários contextos - históricos e contemporâneos, locais e globais, públicos e privados - tornou possível a reconceituação de ambas categorias, 'sexo' e 'deficiência’? Agora a questão fica por conta de quais caminhos serão possíveis para acessar novas formas de se desejar a deficiência.

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