\'Quero ser como você\': A busca pela deficiência em algumas narrativas contemporâneas*
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'Quero ser como você': A busca pela deficiência em algumas narrativas contemporâneas Prof. Dr. Jorge Leite Junior - UFSCar Marco Antônio Gavério - UFSCar A partir
do
encontro
com
noções
de
sexualidade trabalhadas pela teoria queer, autoras e autores nos disability studies tem buscado compreender como a identidade deficiente, positivada pelas movimentações políticas em torno da deficiência pós-anos Inspirando-se na crítica teórica queer - sobre
60, tem sido incluída em determinados espaços de tolerância e respeito, ao mesmo
como a criação da homossexualidade como
tempo que o discurso sobre estes corpos
objeto de saber, acaba por naturalizar e
ainda os marca como desvios a serem
retirar
minimizados. Nesse sentido, Robert Mcruer
heterossexualidade
(2006), criador da “Teoria Crip”, aponta que
consistiria em questionar o caráter a-histórico
um dos principais focos desta teoria é a
e natural de corpos ‘normais’ que se
problematização de
de
produzem em oposição constitutiva a corpos
deficiência não só produz corpos deficientes
‘desviantes’. Assim, é possível perceber que
(disabled bodies) mas também é fundamental
o desejo de se tornar deficiente é uma das
para a construção de corpos ‘não-deficientes’
questões que mais gera espanto quando
(abled bodies).
mencionadas.
como
a
noção
o
caráter
histórico –
uma
da
própria
posição
crip
O filme Quid Pro Quo (dir; Carlos Brooks,
Um ‘corpo deficiente’ não é um ‘corpo hábil’
EUA, 2008) tem como estrutura principal a
(able-body) que, por sua vez é um corpo
relação
jornalista
capaz, livre de deficiências que atrapalhem
‘paraplégico’, e Fiona, uma restauradora de
suas execuções. Buscar amputar-se, por
obras antigas que buscava ‘paralisar’ seu
exemplo – o que John Money chamou de
corpo.
Apotemnofilia
entre
Isaac,
Amplamente
um
considerados
com
(uma
‘perversão’
sobre
a
possuindo uma parafilia ou uma desordem
vontade de não ter uma parte de si) – seria ir
comportamental ou identitária, os indivíduos
contra essa relação ‘normal’ com o corpo
que querem se tornar deficientes, e buscam
(que deve ser inteiro e com suas funções
mudar
ou
físicas, sensoriais e cognitivas preservadas).
amputando-se, por exemplo), se denominam
Querer ser deficiente - como no caso da
Wannabes (relativo a want to be, ‘querer
personagem Fiona - no limite, é desejar algo
ser’). Outras duas categorias que aparecem
fora do normal. Crip (relativo a crippled:
rapidamente no filme são Devotees (quem
‘aleijadx, defeituosx’), termo historicamente
sente atração erótica pela deficiencia) e
ofensivo às pessoas com deficiência, é
Pretenders (quem ‘passa por’ deficiente).
realocado como ponto de análise: mobilizar
seus
corpos
(paralisando-se
desejos em torno da deficiência, daquilo que REFERENCIAS
MCRUER, Robert. Crip Theory: Cultural Signs of Queerness and Disability. (2006). New York University Press. MONEY, J., Jobaris, R., Furth, G., "Apotemnophilia: Two Cases of Self-demand Amputation as a Paraphilia," The Journal of Sexuality Research, 13, pp. 115-125, 1977 IMAGENS http://jlcupcakes.deviantart.com/art/leg-braces-1-193262072 http://tonywardstudio.com/photos/todd-and-the-mistress/ http://www.imdb.com/title/tt0414426/
é ‘desabilitado’, pode desestabilizar noções normativas
de
relacionamentos
entre
corporalidades e criar maneiras de estar no mundo menos patologizadas.
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