Questionários: Instrumentos de Reflexão em Pesquisas na Linguística Aplicada

June 26, 2017 | Autor: M. Damianovic | Categoria: Teacher Research, Reasearch methodology, Questionarios
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NININ,M.O.&HAWI,M.M.&MELLO,D.M.&DAMIANOVIC,M. C,(2005) Questionários: Instrumentos de Reflexão em Pesquisas em Lingüística Aplicada. In: Contexturas.p91-114

QUESTIONÁRIOS: INSTRUMENTOS DE REFLEXÃO EM PESQUISAS NA LINGÜÍSTICA APLICADA Maria Otilia Guimarães NININ (LAEL - PUC-SP / CAPES / UNIP) e-mail: [email protected] Mona Mohamad HAWI (LAEL – PUC-SP / UNIFIEO) e-mail: [email protected] Dilma Maria MELLO (LAEL - PUC-SP / UNINOVE / BELAS ARTES) e-mail: [email protected] Maria Cristina DAMIANOVIC (Oswaldo Cruz /COGEAE-PUC/SP) e-mail: [email protected] RESUMO: Este artigo apresenta aspectos teóricos relacionados à formulação de perguntas que constituem o instrumento de pesquisa questionário, tendo como base a análise de dois questionários utilizados em contextos que envolvem pesquisas em formação de professores em serviço. Diferentes características de perguntas serão analisadas com base em evidências lingüísticas presentes nos conteúdos temáticos destacados dos enunciados das perguntas propostas. PALAVRAS-CHAVE: questionário; perguntas; instrumento de coleta de dados

Introdução Ao longo dos últimos anos, as quatro autoras vêm se envolvendo em pesquisas na área de formação de professores. Da necessidade e interesse de usarem, elaborarem e re-elaborarem questionários, as pesquisadoras desenvolveram este estudo que visa a analisar as perguntas que compõem dois questionários utilizados em pesquisas na área de formação de professores em serviço. O primeiro questionário, doravante Q1, foi apresentado em um curso de formação para professores de inglês da rede pública do Estado de São Paulo em serviço; o segundo questionário, doravante Q2, foi entregue a quatro professores universitários de um curso de Letras de uma universidade privada da cidade de Osasco, participantes de uma pesquisa com foco em suas ações na sala de aula. Ambos os questionários serviram como instrumentos de coleta de dados acho que é redundante, para procurar compreender as representações dos professores envolvidos nos dois contextos, em relação às suas visões de ensinoaprendizagem e de linguagem. 1. Fundamentação teórica Este artigo tem sua fundamentação teórica apresentada em cinco seções que têm por objetivo tratar os aspectos que envolvem a construção de um questionário. Na primeira, Questionário: uma tensão, apresentaremos as características básicas que compõem um questionário e algumas dificuldades em trabalhar com esse instrumento como fonte de dados para pesquisas. Na segunda, Questionários: o

cuidado em sua elaboração, apresentaremos aspectos relacionados à sua estrutura. A terceira, Questionários: um panorama, apontará vantagens e desvantagens da utilização desse instrumento para coleta de dados em pesquisa. A quarta seção, Questionários: a entrevista como complemento, apresentará a distinção entre os dois instrumentos e como entrevistas podem ser utilizadas para retomada de aspectos não explicitados nos questionários. Finalmente, em Questionários: perguntas quanto à forma, ao tipo, à natureza, ao conteúdo e à temática, serão discutidas as diferentes possibilidades para a elaboração das perguntas dos questionários. 1.1. Questionários: uma tensão Segundo Seliger & Shohamy (1989), questionário é uma forma de coleta de dados composta por questões apresentadas por escrito aos participantes, com o propósito de obter dados sobre opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, vivências etc., a respeito de fenômenos não facilmente observáveis. Gillham (2000) alerta-nos para o fato de que desenvolver um questionário cujos dados valham a pena é difícil. Se as questões apresentadas ao pesquisado forem do tipo sim/não, concordo/discordo e/ou múltipla escolha, o pesquisador terá maior facilidade na tabulação dos dados, porém, terá que decidir sobre as possibilidades de respostas a oferecer ao pesquisado. Assim, quanto maior o número de opções oferecido, mais significativos serão os dados que o pesquisador terá para análise. É imprescindível observar que, se todas as possíveis respostas são determinadas com antecedência, assim como as perguntas, o elemento de descoberta fica muito reduzido, a menos que haja um padrão muito inesperado para as possíveis respostas. Além da falta de surpresa, vale ressaltar que, à luz de Gillham (2000), questionários são, freqüentemente, completados apressadamente e negligentemente. Devemos estar atentos ao fato de que nunca se sabe que verdades ou mentiras estão contidas nas respostas dos questionários. Uma dúvida paira no ar: quais seriam as respostas caso os participantes estivessem livres para responder como desejassem? Outras preocupações fundamentais ao se preparar um questionário de pesquisa estão relacionadas à pergunta geral de pesquisa, às perguntas específicas e ao número de pesquisados, isto é, se todos os envolvidos na situação de pesquisa são inspecionados ou se apenas uma amostra deles (Guillham, 2000). Dessa forma, é indicado que seja aplicado um questionário-piloto a um pequeno grupo de participantes de pesquisa, com o objetivo de permitir ao pesquisador reformular suas perguntas antes de obter os dados que efetivamente utilizará para análise. Recomenda-se também que questionários não sejam a única fonte de dados de uma pesquisa; eles precisam ser vistos como um instrumento base para o desenvolvimento de outras fontes de dados. 1.2. Questionários: o cuidado em sua elaboração Segundo Gillham (2000), questionários podem ser inibidores. As respostas obtidas são realmente o que as pessoas pensam? Quando professores

concluem um curso de treinamento em serviço, dizem as mesmas coisas que diriam em atmosfera informal em seu ambiente de trabalho? É importante considerarmos os cuidados na elaboração de um questionário, que podem, na verdade, minimizar as questões acima. Desenvolver um questionário que valha realmente a pena é difícil e segundo o autor, a qualidade dos dados que emergem até mesmo de questionários bem desenvolvidos nem sempre é maravilhosa. No entanto, questionários bem organizados e elaborados com cuidado podem transformar-se em uma rica fonte de categorias para a análise dos dados, como mostraremos na seção de metodologia. Ao elaborar um questionário, é importante que o pesquisador tente utilizar diferentes estilos de perguntas / respostas, de modo a não tornar o questionário enfadonho e cansativo para o pesquisado. Gillham (2000) observa que questionários mal elaborados acabam por apresentar respostas sem que realmente estejam relacionadas ao pensamento e/ou fazer do pesquisado. Segundo Gil (1999:133-4), a escolha das questões está condicionada a fatores tais como a natureza da informação desejada e o nível sociocultural dos interrogados, dentre outros. Sugere, ainda, que algumas regras básicas sejam observadas: -! incluir apenas questões relacionadas ao problema pesquisado; -! não incluir questões cujas respostas podem ser obtidas de forma mais precisa por outros procedimentos; -! levar em conta as implicações da questão com os procedimentos de tabulação e análise dos dados; -! incluir apenas questões que possam ser respondidas sem maiores dificuldades; -! evitar questões que penetrem na intimidade das pessoas. Quanto à escala de explicitação, os questionários podem apresentar diferentes graus que vão desde os não-estruturados, com baixo grau de clareza, incluindo-se aí perguntas abertas para as quais é esperado que o pesquisado responda de uma maneira descritiva, até os estruturados, com alto grau de clareza, que requerem do participante marcas claras sobre acordos e/ou discordâncias, seleção entre várias alternativas. O quadro a seguir apresenta uma dimensão das possibilidades de questionários:

Quadro 1: A dimensão verbal dos dados em um questionário Não-estruturado Escuta da conversa das pessoas; observação verbal, feita no (Maior local de atividade do participante flexibilidade) Utilização de conversas “naturais” para fazer perguntas ao participante, relacionadas à pesquisa Poucas perguntas-chave de caráter descritivo ou narrativo Semi-estruturado: perguntas de caráter descritivo / narrativo e perguntas do tipo sim/não, certo/errado, múltipla escolha Semi-estruturado: perguntas de caráter descritivo / narrativo e perguntas do tipo sim/não, certo/errado, múltipla escolha Agenda gravada: questionário verbalmente administrado Questões de múltipla escolha e poucas perguntas de caráter descritivo / narrativo (Menor flexibilidade) Perguntas simples, específicas, do tipo sim/não, certo/errado, Estruturado múltipla escolha, com respostas previsíveis Baseado em Gillham (2000) Podemos notar que o zelo ao preparar as questões é fundamental. Gillham (2000) ressalta, ainda, de que perguntas cujas respostas são de caráter descritivo / narrativo podem conduzir a um maior número de descobertas, mas o número delas deve ser restrito, até para justificar questões de custo da pesquisa. Quanto às respostas obtidas dos questionários, o pesquisador poderá deparar-se com situações em que os participantes utilizaram-se de mecanismos de defesa em busca de proteger-se de situações que os constrange ou os avalia. Algumas medidas poderão ser tomadas quando da elaboração do questionário, em busca de minimizar essa questão apontada. a)! em defesa da face – quando o participante acredita que sua resposta permite que ele seja julgado pelo pesquisador, pode responder de forma estereotipada, encobrindo sua real posição. Convém, portanto, evitar iniciar um questionário por perguntas que trazem esse risco. Perguntas articuladas podem minimizar essa situação pois o pesquisador poderá, a partir da triangulação dos dados, verificar a autenticidade das respostas. b)! em defesa de posições pessoais – quando o participante se vê frente a perguntas que solicitam opinião pessoal como “O que você pensa sobre ...”; “Em sua opinião, por que ...”, a resposta pode ser evasiva, com alegação de não estar seguro sobre o assunto ou não ter opinião sobre ele. Convém, portanto, não iniciar um questionário por esse tipo de perguntas. Perguntas indiretas podem trazer maior contribuição ao pesquisador sobre as opiniões pessoais do participante. c)! em defesa do conservadorismo – a resistência às mudanças é natural e participantes podem apresentar respostas que indiquem conformismo, quando se trata de assumir mudanças. As escolhas lexicais para o caso de perguntas sobre mudanças devem ser cuidadosas. Nesse caso, perguntas indiretas também podem trazer maior contribuição ao pesquisador. d)! palavras estereotipadas – a utilização de jargões (no caso das pesquisas educacionais) podem levar o participante a apresentar preferências por

determinadas respostas. Devem ser evitadas, portanto, palavras carregadas de peso ideológico / modismos pedagógicos. e)! referências a personalidades em destaque – deve-se evitar referências a pessoas que suscitam simpatia, antipatia, autoridade moral, desprezo político etc. 1.3. Questionários: um panorama Em pesquisa, é necessário equilibrar ganhos e perdas em qualquer coisa que escolhemos fazer. O quadro abaixo, com base em Gillham (2000), Seliger & Shohamy (1989) e Gil (1999), resume alguns prós e contras sobre questionários. Quadro 2: Prós e contras no uso de questionários Pró questionários Contra questionários -! baixo custo pois não exige -! problemas na qualidade dos dados treinamento de pesquisadores (perfeição e precisão) -! facilidade em obter -! necessidade para brevidade e perguntas informações de forma rápida e relativamente simples de grupos grandes de -! quem responde fica incerto quanto ao que participantes, podendo ser será feito com os dados enviado por correio ou internet -! problemas de motivação dos respondentes -! respondentes podem -! enganos não podem ser corrigidos pois os completar o questionário participantes ficam impedidos de esclarecer quando desejarem dúvidas durante o processo de responder o -! análise de respostas para questionário perguntas fechadas é -! desenvolvimento de questionário é relativamente direta freqüentemente pobre -! menos pressão para uma -! só busca a informação contida na pergunta resposta imediata -! respostas podem ser organizadas e -! garante o anonimato do ‘preparadas’ respondente -! falta de controle do pesquisador sobre -! preconceitos / preferências do dados relacionados ao contexto entrevistador não interferem -! exclui pesquisados não alfabetizados nas respostas -! é mais fácil às pessoas falar do que escrever -! isenta pesquisador e -! impossível conferir seriedade ou pesquisados de serem honestidade às respostas influenciados por -! quem responde fica incerto quanto ao considerações pessoais de destino dos dados ambos -! podem não ser devolvidos pelos -! padronização de perguntas participantes -! pode prover dados sugestivos -! itens apresentados podem ter diferentes para testar uma hipótese significados para os participantes Baseado em Gillham (2000); Seliger & Shohamy (1989) Com base nas vantagens e desvantagens de utilização do questionário, apresentadas no quadro acima, é possível afirmar que a realização de uma entrevista como complemento pode dar ao pesquisador dados mais consistentes sobre o fato pesquisado. 1.4. Questionários: a possibilidade de entrevista como complemento Para compreendermos melhor a estrutura e elaboração de questionários, é importante fazermos a distinção entre entrevista e questionário, embora neste artigo nosso foco seja o questionário. Em muitos aspectos, um questionário

apresenta situações similares às da entrevista no que se refere às possibilidades apresentadas para perguntas e respostas. Para percebermos as diferenças, vejamos o quadro a seguir: Quadro 3: Tipos de entrevista Entrevista aberta -! respostas fornecidas pelo entrevistado conduzem o (não estruturada / curso da interação e geralmente uma pergunta pode despadronizada / levar a uma outra, sem que haja roteiro de perguntas informal) a ser seguido (Magalhães, 1993; -! exige pouco ou nenhum controle por parte do Seliger&Shohamy, pesquisador 1989; Nunan, 1992; -! há um tópico a ser desenvolvido durante a entrevista Lakatos, 1992; Gil, mas o entrevistado tem liberdade e o entrevistador 1999) pode obter informações até então não previstas -! é recomendada nos casos que visam abordar realidades pouco conhecidas do pesquisador Entrevista -! tipo particular de evento de fala; todo evento de fala etnográfica possui regras culturais para começar, terminar, tomar (Spradley, 1979) o turno, perguntar, fazer pausas, responder -! entrevistador pode entrevistar sem que o entrevistado perceba ou esteja consciente de tal evento, através de conversa informal Entrevista semi-! entrevistador tem um objetivo que deseja alcançar estruturada mas não utiliza roteiro preestabelecido (Seliger&Shohamy, -! os temas norteiam a interação 1989; Nunan, 1992) -! possibilita ao pesquisador acesso às relações sociais, (focalizada) flexibilidade necessária para conduzir a entrevista, (Magalhães, 1986; maior controle sobre a situação de produção Gil, 1999) -! recomendada em casos de situações experimentais cujo objetivo é explorar a fundo alguma experi6encia vivida em condições precisas Entrevista por -! apresenta certo grau de estruturação pois guia-se por pautas uma relação de pontos de interesse do entrevistador (Gil, 1999) -! as pautas devem ser ordenadas e guardar uma relação entre si -! recomendada para casos em que o participante não se sente à vontade para responder indagações formuladas com maior rigidez Entrevista -! há um roteiro de perguntas totalmente estruturada predeterminado pelo pesquisador que, ao entrevistar, (padronizada / segue ,a risca o guia elaborado anteriormente formal) -! proposto em situações onde há grande número de (Magalhães, 1993; sujeitos e as informações desejadas são específicas e Seliger&Shohamy, uniformes 1989; Nunan, 1992; Lakatos, 1992; Gil, 1999)

Dois são os aspectos considerados quando nos referimos à complementaridade dos instrumentos questionário e entrevista. O primeiro diz respeito às limitações do questionário: é possível ao pesquisador fazer uso de entrevista como um complemento para o primeiro instrumento. Assim, as perguntas da entrevista podem ter como objetivo esclarecer aspectos que não ficaram claros ou não foram compreendidos pelos participantes, durante o preenchimento do questionário. O segundo aspecto a ser considerado diz respeito à possibilidade de correção / revisão da rota considerada no questionário. Ao elaborar e utilizar tal instrumento, é possível que o pesquisador faça uso de perguntas que, embora para ele pareçam objetivas e claras, não o são para o pesquisado. É possível ainda que as perguntas apresentadas contemplem apenas alguns aspectos do fenômeno pesquisado. Nesses casos, ao analisar as respostas, o pesquisador poderá elaborar as questões da entrevista de forma a rever / obter dados relevantes à pesquisa, não contemplados nas respostas primeiras do questionário. No caso deste artigo, o Q2, após ter suas respostas analisadas e classificadas, deu origem à entrevista. Foi possível perceber, como mostraremos na seção de discussão, que algumas perguntas contemplavam de forma veemente, aspectos relacionados à história de vida dos participantes e pouco se voltavam às relações entre estas e suas ações em sala de aula. Assim, as perguntas propostas para a entrevista enfatizavam descrições de ações em busca de justificativas para as respostas apresentadas nos questionários. 1.5. Questionários: perguntas quanto à forma, ao tipo, à natureza, ao conteúdo e à temática Neste item procuramos organizar didaticamente as possibilidades de perguntas para um questionário, a fim de facilitar a compreensão do leitor. É importante observarmos que os aspectos citados nos quadros a seguir, quando considerados na elaboração de um questionário, contribuem para maior eficácia desse instrumento de coleta de dados. Cabe ressaltar que a maioria das perguntas oferecidas como exemplo nos quadros são parte dos dois questionários analisados em nosso estudo.

Quadro 4: Perguntas quanto à forma Matriciais -! aparecem em for(Babbie, 2001) ma de tabela de dupla entrada -! eficientes por agilizarem o processo de responder e permitir a comparação imediata entre as respostas -! perigo: o formato simplificado pode induzir o respondente a padronizar respostas Declarativas

Interrogativas (direta / indireta)

Listas (sim/não, falso/verdadeiro, múltipla escolha, escala de valores, preenchimento de lacunas)

-! apresentam uma declaração e solicitam comentário a respeito -! Diretas: aparecem topicalizadas pelos marcadores de função interrogativa (que, quem, qual, quanto) e suas variantes, e pelos pronomes explicativos ( por que, para que, como), empregados na formulação das perguntas. -! Indiretas: é uma forma híbrida de questionamento, em que se mescla, na declaração, uma negação. -! aparecem em forma de alternativas a serem consideradas pelo respondente

Assinale e detalhe os cursos que você já fez: Curso Nome do Instituição Área Curso Graduação Especialização Aperfeiçoamento Extensão Mestrado Outros

Comente a frase “Eles não sabem nem português, para que aprender inglês?”

Quem dará a aula amanhã no lugar do professor X?

Ainda não se sabe quem dará a aula amanhã no lugar do professor X.

O ensino da gramática é um componente de seu curso? ( ) sim ( ) não

Gráficas

-! aparecem em Associe as imagens às teorias de forma de imagens aprendizagem trabalhadas: e solicitam que o respondente estabeleça relações ϑΣΩ ℜηεΑℑ ΣΞΥηεΑ

Quadro 5: Perguntas quanto ao tipo Pergunta -! uma série de possíveis fechada respostas já é apresentada (tipo simpelo entrevistador na não) própria pergunta, (Marcuschi, restringindo as 1991; alternativas de réplica do Nunan, entrevistado 1992; Gil, -! as possíveis respostas são 1999) predeterminadas Pergunta -! o entrevistado pode aberta decidir o que dizer e como (informatidizer va) -! realiza-se a partir de (Marcuschi, algum marcador do tipo 1991; Quem? Qual? O quê? Nunan, Como? Por quê? Etc. 1992) Pergunta -! pergunta que depende da dependente resposta da pergunta (Gil, 1999) anterior

-! Que fontes você usa para a escolha de textos para suas aulas: ( ) livro didático ( ) revistas ( ) internet ( ) outras

-! Como seus alunos perceberam o objetivo da aula? -! Que tipos de textos você usa em suas aulas?

-! Você utiliza livro didático? -! Se você respondeu Sim, quem o escolheu? Por quê? -! Se foi você quem escolheu o livro, quais seus critérios para a escolha? -! Se não foi você quem escolheu o livro, sabe por que foi escolhido?

Quadro 6: Perguntas quanto à natureza Descritiva -! possibilita ao entrevistado apresentar diferentes aspectos do objeto da entrevista Pergunta Estrutural etnográfica -! possibilita descobrir (Spradley, 1979) aspectos do conhecimento -! Principal inscultural do entrevistado trumento para -! possibilitam descobrir de descobrir o co- que forma o entrevistado nhecimento organiza seu conhecimento cultural do entrevistado Contrastiva -! possibilita descobrir as dimensões do significado que o entrevistado emprega para distinguir os objetos e eventos no seu meio Pergunta -! pergunta que não contribui secundária diretamente para a progres(irrelevante) são temática da entrevista -! pergunta que possibilita a manutenção da conversa mas não necessariamente está relacionada ao tema discutido Pergunta -! tem como objetivo levar o polêmica entrevistado a discutir sobre uma questão relacionada ao contexto, mas que envolve discordância ou posicionamentos opostos entre pesquisado e pesquisador Pergunta de -! tem como função esclarecer esclarecimento a fala do outro durante a entrevista Pergunta delicada

-! Conte como foi acontecendo a explicação que você deu para seu aluno. O que você ia dizendo? E ele, o que dizia? -! Como você desenvolveu o currículo em sala de aula? -! O que você entende por ensinar-aprender? -! O que você pensa sobre o uso de materiais extras em aula?

-! O que significa para você formar um aluno para o mundo? -! Por que este conteúdo (da aula) foi escolhido? -! (numa investigação cujo foco é a forma como o professor questiona seus alunos) Você retirou a notícia de algum dos jornais da semana?

-! Mediante o que já foi dito pelos colegas, por que você acha que o trabalho com os jornais pode não dar certo? -! Comente a afirmação: “Eles não sabem nem português, para que aprender inglês?” -! Então o que você está querendo dizer é que a atividade que você preparou estava muito ampla? -! trata de assuntos delicados: Qual é sua opinião sobre a religião, etnia, práticas sesentença de morte por xuais, renda, opiniões sobre apedrejamento aplicada às dilemas éticos e morais; nigerianas em casos de -! recomendadas para o final relacionamento sexual fora do questionário do casamento?

Quadro 7: Perguntas quanto ao conteúdo Fatos -! para obter dados concretos sobre o participante: biográficos (em geral, pergunta fechada) ou envolvendo situações experienciadas, que o levem a recorrer à memória (em geral, pergunta aberta) Atitudes e -! para obter dados referentes a crenças fenômenos subjetivos (em geral, pergunta aberta) -! difíceis de serem respondidas pois nem sempre as pessoas têm opiniões sobre o assunto questionado ou porque têm opiniões que não expressam uma posição única sobre o assunto Comporta- -! para obter dados sobre a forma mento de ação em diferentes momenPassado / tos: no passado e no presente presente (em geral, pergunta aberta) -! para obter dados sobre possíveis comportamentos futuros do participante, com base em seu comportamento no passado, em situações similares (em geral, pergunta aberta) -! esse tipo de pergunta pode indicar o comportamento futuro do participante Sentimentos

-! Cursos feitos por você: graduação - ______________ especialização - __________ aperfeiçoamento - _________ extensão - _______________

-! O que sua prática em sala de aula tem lhe ensinado? -! Como sua prática de sala de aula contribui para a formação global de seu aluno? -! Quais aspectos da língua inglesa você acredita serem importantes desenvolver na sala de aula de ensino fundamental? -! a pergunta “Quais aspectos da língua estrangeira você acredita ser importante desenvolver na sala de aula de ensino fundamental?” pode ser substituída por: -! Como você escolhe atividades / estratégias para suas aulas no ensino fundamental? Apresente um exemplo pessoal -! Qual a relevância dessa escolha para seus alunos do ensino fundamental em relação à língua estrangeira? -! para obter dados sobre reações -! Comente livremente sobre emocionais do participante seu trabalho, sobre a situação frente a fatos, fenômenos etc. do ensino de língua estrangei(em geral, pergunta aberta) ra na escola brasileira, sobre o papel do professor de língua estrangeira ou sobre este trabalho conjunto que iniciamos hoje.

Padrões de -! para obter dados sobre padrões ação éticos relativos ao que deve ser feito; podem também envolver considerações práticas a respeito das ações praticadas -! podem oferecer um reflexo do clima predominante de opinião do participante, bem como do seu comportamento provável em situações específicas

-! O que você faz quando seu aluno age das maneiras abaixo? Por que você acha que seu aluno tem esse tipo de comportamento? -! falta muito às aulas -! dorme em aula -! não faz a lição de casa -! não faz as atividades propostas em aula -! demonstra indiferença -! briga com colegas -! desacata colegas -! desacata você Razões -! formuladas com o objetivo de -! Que aspectos você gostaria conscientes descobrir os porquês; referemde desenvolver em sua sobre crense à dimensão consciente do prática? Por quê? ças, sentiparticipante (em geral, mentos, pergunta aberta) orientações, comportamentos Adaptado de Gil (1999) Quadro 8: Perguntas quanto à temática Introdução ao -! perguntas relacionadas ao assunto; informações factuais tema com a finalidade de motivar o participante a responder o questionário -! devem ser simples, solicitando opinião direta e descomplicada ou informações factuais básicas Perguntas afins -! perguntas cujos temas são relacionados entre si -! devem ser colocadas juntas possibilitando ao participante concentrar-se para responder -! perguntas consecutivas que tendem a provocar respostas automáticas, dadas sem reflexão, devem ser evitadas Perguntas de -! formas de isolar para posterior trabalho participantes filtragem ou pertencentes a um subgrupo específico relacionado a um “peneira” dado subtema Baseado em Rea & Parker, 2000; Babbie, 2001 Os conteúdos das respostas relacionam-se à maneira como foram formuladas as perguntas. Assim, perguntas devem ser elaboradas a partir de um foco e ainda: -! devem ser formuladas de maneira clara, concreta e precisa; -! devem levar em consideração os referenciais do participante e seu nível de informações; -! devem possibilitar uma única interpretação;

-! -!

não devem sugerir respostas; devem referir-se a uma única idéia de cada vez. Com base nas possibilidades apresentadas, discutiremos as perguntas dos dois questionários- Q1 e Q2, objetos de análise deste artigo. 2. Metodologia Formular perguntas e apresentá-las a participantes de pesquisa é uma das muitas práticas utilizadas por pesquisadores para a obtenção de dados. Em especial, em formação de professores, essa prática tem sido usada de modo intensivo e o estudo aqui apresentado surgiu após aplicarmos o instrumento questionário a grupos de pesquisa e verificarmos, mediante as respostas obtidas dos participantes, a necessidade de re-elaboração das perguntas, em função da não clareza dos dados coletados. Assim, iniciamos uma busca por fundamentos teóricos que dessem sustentação à formulação de perguntas, proporcionando possíveis reestruturações de instrumentos que envolvam perguntas. Q1 vem sendo utilizado no curso Reflexão sobre a Ação: O Professor de Inglês Aprendendo e Ensinando1, e é respondido pelos discentes, professores de inglês em serviço na rede pública do estado de São Paulo. Este questionário é distribuído no primeiro dia de aula do referido curso e, normalmente, ele é devolvido no segundo dia letivo. A primeira elaboração do Q1 data de 1995 quando os professores docentes do curso Reflexão sobre a Ação: O Professor de Inglês Aprendendo e Ensinando reuniram-se e elaboraram a primeira versão do mesmo. Desde então, o questionário tem sofrido alterações e a última versão, analisada neste artigo, contém sugestões da coordenadora do curso, de professores atuais do próprio curso e de alunos de um seminário de pesquisa2. Q2 foi elaborado por uma das autoras, com o objetivo de fazer um levantamento inicial de questões relacionadas à pesquisa que vem desenvolvendo com professores em serviço, de diversas áreas do conhecimento, no ensino universitário. O questionário foi enviado por e-mail aos 4 participantes da pesquisa, em dezembro de 2002, após um diálogo entre pesquisadora e participantes, que optaram por recebê-lo pelo canal citado. 2.1. Procedimentos de análise Todas as perguntas dos dois questionários considerados neste estudo serão apresentadas na seção de discussão, quando enfocaremos as categorias de análise. Com base nos conteúdos temáticos presentes nos enunciados das perguntas (Bronckart, 1997/1999), as categorias de análise foram criadas. Assim, na categoria Perguntas relacionadas à auto-briografia dos participantes, agrupamos todas as perguntas que solicitam informações sobre dados pessoais e sobre formação acadêmica dos participantes. Na categoria Perguntas relacionadas à constituição profissional dos participantes estão agrupadas as perguntas que solicitam informações sobre o processo de construção profissional do “já vivido” e da “vivência atual”. Em Perguntas relacionadas às relações inter e intrapessoais dos participantes em situações de trabalho, agrupamos as perguntas que solicitam comentários sobre a interação na relação professoraluno. Na categoria Perguntas relacionadas ao objeto de ensino dos

participantes, agrupamos as perguntas que solicitam comentários sobre estratégias de ensino do conteúdo trabalhado em sala de aula. Para facilitar a compreensão do leitor, apresentamos abaixo o quadro que resume a forma como os dados foram categorizados e analisados. Quadro 9: Categorias de análise Categorias Questionário no 1 Perguntas Perguntas: Dados Pessoais / relacionadas à autoFormação (A,B,C,D) biografia dos participantes Perguntas Perguntas: Você como Professor relacionadas à (A,B,C,D,E) constituição Você e Sua Aula (C,D,E,F,I,J,L) profissional dos Você e o Papel da Língua Inglesa no participantes Ensino Fundamental e Médio (A,C) Perguntas relacioPerguntas: Você e seu aluno (A,B) nadas às relações inter e intrapessoais dos participantes em situações de trabalho Perguntas Perguntas: Você e a Língua Inglesa relacionadas ao (A,B,G,H,M,N,O,P,R,S,T) objeto de ensino dos Você e o Papel da Língua Inglesa no participantes Ensino Fundamental e Médio (B,C)

Questionário no 2 Perguntas 1,2,3

Perguntas 4,6,7,8,9,13

Perguntas 5,10,11,12

Perguntas 14,15

3. Discussão Nesta seção discutiremos as perguntas dos questionários, com base na fundamentação teórica apresentada e nas categorias de análise elencadas na seção anterior. 3.1. Perguntas relacionadas à auto-biografia dos participantes Q1 (Questionário no 1) DADOS PESSOAIS Data: ___/___/___ Nome: _____________________________________________ Endereço: __________________________________________ Cep: ____________________ Perguntas E-mail próprio: ______________________________________ fechadas; Telefone: ___________________ Celular: ______________ informativas Tempo de atuação no magistério: ___ Em ensino de inglês ___ sobre dados Em outra disciplina ___ biográficos Nome da escola em que leciona: ________________________ Endereço da escola: __________________________________ E-mail da escola: ____________________________________ Segmento em que leciona: Ensino Fundamental ( ) Séries: __ Período: diurno ( ) noturno ( ) Ensino Médio ( ) Séries: __

Período: diurno ( ) noturno ( ) Em inglês ____________________________ Em outra disciplina ______ Qual? ________ Número de aulas semanais: Em inglês ____. Em outra disciplina ____ Qual? ________________ Situação funcional:

FORMAÇÃO A. Assinale e detalhe os cursos que você já fez: Curso Nome do Instituição Ano em que Área Duração curso concluiu do curso Pergunta Graduação Os dados solicitados não são referentes a detalhes fechada; Especializados cursos mas sim, a informações gerais. informativa ção sobre fatos; Aperfeiçoaem forma mento matricial Extensão Pós-grad. lato sensu Mestrado Outros B. Como você avaliaria seu curso de graduação do ponto de vista de/da: Pergunta etnográfica Relevância do currículo Perguntas etnográficas contrastiva – Estrutura curricular estruturais – possibilita possibilita descobrir as Metodologia usada nas várias descobrir aspectos do dimensões do disciplinas conhecimento cultural do significado que o Contribuição que deu para seu participante e de que forma participante emprega desenvolvimento profissional ele organiza seu para distinguir objetos Algum outro aspecto que você conhecimento e eventos no seu meio gostaria de mencionar O enunciado apresenta a palavra avaliaria mas, no entanto, o desejo Esta pergunta pode ser considerada como uma pergunta etnográfica pelo fato de ser apresentada do pesquisador era que o participante expusesse seu ponto de vista sobre os num mesmo bloco que as demais consideradas itens citados, detalhando-os para etnográficas. Sendo assim, o participante poderá ser explicar sua posição. Dessa forma, induzido a comentar ainda sobre fatos envolvendo poderíamos reconstruir o item B da seu curso de graduação, podendo a resposta seguinte forma: Em relação ao seu apresentar um caráter descritivo, estrutural ou curso de graduação, qual é seu contrastivo, ou ainda nenhum deles, tornando-se ponto de vista sobre os itens uma resposta irrelevante em relação às expectativas abaixo? Justifique, apresentando e ao foco do pesquisador. detalhes sobre cada um deles.

D. Em que estágio você entrou na Cultura Inglesa? _______________________________ Em que filial? __________________________________________________________ Você já concluiu o curso da Cultura Inglesa? Sim ( ) Não ( ) Em que estágio você parou / está? ____________ Quando? _____________ Está cursando concomitantemente com a PUC? Sim ( ) Não ( ) Dias de aula na PUC: terça-feira ( ) quinta-feira ( ) Esta é uma pergunta fechada, que solicita informações do participante.Pode ser considerada uma pergunta delicada pois o participante terá de assumir frente ao pesquisador seu não conecimento da língua inglesa, caso tenha anteriormente concluido os estágios da Cultura Inglesa. A relevância desse ítem está em o pesquisador vir a conhecer qual conhecimento sobre a língua o participante tem no momento da realização da pesquisa. Sendo assim, poderia ser reformulada para Em que estágio você entrou na Cultura Inglesa? Em que filial? Está cursando concomitantemente com a PUC? Sim ( ) Não ( ) Dias de aula na PUC: terça-feira ( ) quinta-feira ( )

Q2 (Questionário no 2) As três perguntas iniciais do questionário são abertas, interrogativas e solicitam dados dos participantes, relacionados à temática que será desenvolvida, e podem ser considerados introdutórios ao tema. 1.! Há quanto tempo você está na instituição? 2.! Além da função de professor, você desenvolve outras funções na instituição? Quais? 3.! Qual é a disciplina que você leciona? Em que cursos? O questionário não apresenta solicitação de dados pessoais e/ou sobre formação acadêmica, pelo fato de o pesquisador já ter conhecimento sobre isso em relação a cada participante. 3.2. Perguntas relacionadas à constituição profissional dos participantes Q1 (Questionário no 1) VOCÊ COMO PROFESSOR(A) A. Em relação a uma aula recente de inglês dada por você: Perguntas abertas •! qual o conteúdo trabalhado? _____________ interrogativas afins; •! como você o desenvolveu em sala de aula? _ informativas sobre: •! quem escolheu esse conteúdo? ___________ !experiências da vi•! por que esse conteúdo foi escolhido? ______ vência do participante •! para que esse conteúdo foi escolhido? _____ !razões conscientes B. Como você se vê como professor(a) de inglês? do participante em reC. Que aspectos você gostaria de desenvolver em sua prática? lação à sua forma de Por quê? agir e padrões de ação D. Como você tem buscado desenvolver-se profissionalmente? !atitudes e crenças do Explique sua resposta. participante E. O que sua prática em sala de aula tem lhe ensinado?

Com o objetivo de propiciar contexto para a reflexão sobre seu próprio fazer, as perguntas acima sugerem ao participante que descreva situações de sua prática profissional.

VOCÊ E SUA AULA C. Você utiliza livro didático? Qual (quais) e quem o(s) escolheu? Se não foi você quem escolheu o livro, sabe por que ele foi escolhido? Se foi você quem escolheu o livro, quais foram os critérios usados? Pergunta aberta interrogativa, seguida de perguntas dependentes, informativas sobre a experiência profissional do participante: D. Que tipo de atividade você desenvolve a partir do livro didático? Pergunta aberta interrogativa, informativa sobre a experiência profissional do participante: E. O que você pensa sobre o uso de materiais extra em aula? Pergunta etnográfica estrutural (que visa descobrir aspectos do conhecimento cultural do participante) contrastiva (que busca descobrir as dimensões do significado que o participante emprega para distinguir os objetos / eventos em seu meio. F. Que atividades você poderia desenvolver / desenvolve a partir dos materiais complementares? Por quê? Para quê? Pergunta aberta interrogativa. Ao solicitar por quê? e para quê? esta pergunta vai em busca de razões conscientes do participante sobre suas crenças e atitudes I. Que tipos de texto você usa em suas aulas? J. Que fontes você usa: livro didático ( ) revistas ( ) internet ( ) outros ( ) O tema se inicia por uma pergunta aberta interrogativa. Porem, logo em seguida, apresenta uma pergunta fechada dependente.

A pergunta dependente J apresenta um caráter de duplicidade em relação à pergunta H (Como você faz o planejamento de suas aulas de inglês?). É possível ao participante interpretá-la como relacionada tanto ao planejamento das aulas quanto ao tipo de texto usado em aula. Assim, como pergunta dependente, deveria ser apresentada sem o indicador J. L. Para você, qual a diferença entre texto didático e texto autêntico? Pode-se trabalhar com ambos igualmente? Exemplifique sua resposta. Pergunta aberta interrogativa. Não leva em conta os referenciais do participante e nem seu nível de informação.

A marca lingüística qual a diferença entre pressupõe que o participante conheça o significado de texto didático e de texto autêntico. Neste sentido, pode ser considerada uma pergunta delicada pois o participante terá de assumir um posicionamento frente a algo que talvez desconheça.. Assim, a pergunta poderia ser reformulada da seguinte forma: O que você entende por texto didático? O que você entende por texto autêntico? Você trabalharia / trabalha com ambos igualmente? Exemplifique sua resposta.

VOCÊ E O PAPEL DA LÍNGUA INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO A.! Comente a afirmação: “Eles não sabem nem português, para que aprender inglês”. Pergunta aberta polêmica em busca de levar o participante a expor seu ponto de vista sobre questões relacionadas a seu contexto de ação. C. Comente livremente sobre seu trabalho, sobre a situação do ensino de língua estrangeira na escola brasileira, sobre o papel do professor de língua estrangeira ou sobre este trabalho conjunto que iniciamos hoje. Pergunta etnográfica aberta, informativa sobre fatos situações vivenciadas pelo participante e modo de pensar sobre o contexto de trabalho, com base em seu conhecimento de mundo. O pesquisador pode obter dados sobre sentimentos do participante e sobre suas expectativas frente a situações de mudança.

Q2 (Questionário no 2) 4. O que é para você ser professor? Perguntas aber6. Como você vê a relação de ensinotas, interrogatiaprendizagem na sua aula? vas, etnográficas estruturais, em busca de descobrir 7. Você pode dar um exemplo de uma aula sua? (Como você trabalha com os aspectos do coseus alunos, quais os métodos que nhecimento culvocê utiliza etc.) tural do entrevistado, relacionados 8. Como você entende a linguagem? a atitudes ou 9. O que é para você ensinar aprender? crenças.

Pergunta aberta, de esclarecimento, em busca de padrões de ação.

13. Você costuma rever suas ações no decorrer de seu trabalho? Como você faz isso? Pergunta aberta, interrogativa, etnográfica descritiva, em busca de descobrir dimensões do significado que o entrevistado emprega para distinguir situações em seu meio de atuação. 3.3. Perguntas relacionadas às relações inter e intrapessoais dos participantes em situações de trabalho Q1 (Questionário no 1) VOCÊ E SEU ALUNO A. O que você faz quando seu aluno age das maneiras abaixo? Por que você acha que seu aluno tem esse tipo de comportamento? Ação do aluno Justificativa p/ a ação do aluno Ação do professor Falta muito às aulas Considerando-se o enunciado A, esta pergunta pode Dorme em aula ser classificada com fechada pois apresenta itens que Não faz a lição de casa deverão ser comentados pelo participante. Cada item, Não faz as atividades no entanto, pode ser considerado como uma pergunta propostas em aula aberta, por permitir a ele decidir sobre como dizer. Demonstra indiferença Os itens buscam revelar padrões de ação sobre Briga com os colegas situações da experiência vivenciada pelo participante. Desacata os colegas Desacata você

B. Como sua prática de sala de aula contribui para a formação global de seu aluno?

Pergunta aberta, interrogativa, informativa sobre atitudes e crenças do participante. Em relação ao processo de reflexão crítica, a pergunta pode ser considerada como desencadeadora da ação de confrontar, isto é, levar o participante a buscar as razões sociais para explicar suas ações em sala de aula. Q2 (Questionário no 2) 5. Como você vê a relação professor Pergunta aberta aluno em sala de aula? interrogativa, 10. O que você considera mais etnográfica estrutural, pode importante para os alunos que você estar relacionada ensina? 11. Quem é o seu aluno? a atitudes ou 12. Qual é o aluno que você pretende crenças do formar? entrevistado.

Pergunta aberta, etnográfica descritiva, que permitirá ao participante expôr diferentes aspectos do tema pesquisado.

Perguntas abertas, interrogativas etnográficas contrastivas, em busca de razões conscientes sobre crenças, orientações e comportamentos. 3.4. Perguntas relacionadas ao objeto de ensino dos participantes Q1(Questionário no 1) VOCÊ E SUA AULA A .Quais aspectos da língua estrangeira você acredita ser importante desenvolver na sala de aula de ensino fundamental? B.! Quais aspectos da língua estrangeira você acredita ser importante desenvolver na sala de aula de ensino médio?

Perguntas abertas, interrogativas, etnográficas estruturais, em busca de descobrir aspectos do conhecimento cultural do entrevistado relacionados ao objeto de ensino. Pode ser entendida também como etnográfica contrastiva, pelo fato de já haver sido solicitado do participante parecer sobre o ensino da língua inglesa durante seu curso de graduação. G. Como foi elaborado o planejamento de Inglês em sua escola? Ele se baseia em algum livro didático? H. Como você faz o planejamento de suas aulas de inglês?!

Perguntas abertas, interrogativas, informativas sobre situações experienciadas pelo participante. Em G, o participante teria maior liberdade de expressar-se em relação ao embasamento do planejamento se a pergunta Ele se baseia em algum livro didático? fosse modificada para Em que ele se baseia?. M. O ensino da pronúncia é um componente de seu curso? Sim ( ) Não ( ) Por quê? Se você respondeu Sim, diga resumidamente como você trabalha o aspecto pronúncia em sala de aula. N. O ensino da gramática é um componente do seu curso? Sim ( ) Não ( ) Por quê?

Se você respondeu Sim, diga resumidamente como você trabalha o aspecto gramática em sala de aula.

M e N são perguntas fechadas. No entanto, ao solicitarem Por quê?, buscam razões conscientes dos participantes sobre suas crenças e atitudes, de forma aberta. Ambas são seguidas de perguntas dependentes, informativas descritivas sobre situações vivenciadas pelo participante. O. Que tipos de materiais você seleciona: a)! para o desenvolvimento da compreensão e produção oral? b)! para o desenvolvimento da compreensão e produção escrita? P. Como você explora esses materiais?

A perguntas O é aberta, interrogativa. em busca de posicionamento do participante sobre suas ações e convicções em relação ao objeto de ensino. P apresenta-se como pergunta dependente, informativa descritiva sobre situações vivenciadas pelo participante. VOCÊ E O PAPEL DA LÍNGUA INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO B. Como você vê o papel da língua estrangeira – Inglês – no Ensino Fundamental e no Ensino Médio da escola brasileira?

Pergunta aberta, interrogativa, etnográfica contrastiva em busca de descobrir as dimensões do significado que o participante emprega para distinguir situações e características em seu meio. Solicita ponto de vista sobre questão relacionada ao contexto de ação do participante. Q2(Questionário no 2) 14.! Como você vê a importância da língua na formação do professor? Pergunta aberta, interrogativa, etnográfica estrutural. Solicita ponto de vista relacionado ao conhecimento cultural e de mundo do participante. 15.! É importante para você terminar o conteúdo proposto? Por quê? Pergunta aberta, interrogativa, etnográfica contrastiva, em busca de razões conscientes sobre as ações do participante. Considerar importante ou não concluir conteúdos não implica em, na verdade, concluí-los ou não em situações de ação do participante. Ao classificarmos as perguntas de Q1 e Q2, um aspecto nos chamou a atenção: o número excessivo de perguntas relacionadas à categoria Perguntas relacionadas à constituição profissional dos participantes, seguida da categoria Perguntas relacionadas ao objeto de ensino dos participantes. Tais perguntas são, em sua grande maioria, de natureza etnográfica (estrutural e contrastiva), ou seja, com foco no conhecimento cultural dos participantes, na construção cognitiva do conhecimento, apresentando menor preocupação com suas ações.

É possível, portanto, que, ao elaborarmos os questionários, nossa preocupação estivesse voltada ao aspecto conhecimento cultural e de mundo dos participantes, e à relação disso com as ações em sala de aula. Embora não apresentemos, neste artigo, respostas dadas pelos participantes, é importante salientarmos que a preocupação em estudar questionários surgiu exatamente a partir das respostas que nos eram apresentadas e de situações de discrepância entre as representações dos participantes em relação ao seu conhecimento cultural e do “mundo vivido” e as representações sobre suas ações em sala de aula. Dessas discrepâncias nasceram nossas dúvidas: o que, de fato, nossas perguntas revelam aos participantes de pesquisa? O que elas deixam de revelar? 4. Algumas considerações finais Com a realização do estudo sobre questionários, foi possível trilhar um outro rumo para a elaboração de perguntas que os constituem. É possível dizer ainda, que nosso caminhar tornou-se mais consciente e responsável em relação à construção de questionários como instrumentos de pesquisa. Em geral, tendemos a considerar essa tarefa como o simples ato de criar uma lista de perguntas para os participantes de pesquisa responderem, de forma que nossos objetivos sejam atendidos. No entanto, após a análise dos questionários, ficou patente a necessidade de conhecer profundamente o tipo de pergunta feita de forma a criar espaços para respostas que não só atinjam aos objetivos de pesquisa propostos, como também sirvam de ponto de partida mais consistente para a reflexão sobre a prática de nossos participantes de pesquisa. No entanto, o que significa conhecer profundamente os tipos de perguntas? Em nosso estudo, percebemos que um meio de conhecê-las é saber classificá-las quanto ao seu tipo, seu fim, sua natureza, sua característica e sua temática, de forma que possamos ter clareza sobre o tipo de resposta que poderá ser gerada, a fim de obtermos condições para elaborar perguntas mais condizentes com os objetivos de nossos estudos. 4. Referências bibliográficas BABBIE, Earl. (2001) Métodos e Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG. GIL, Antonio Carlos. (1999) Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 8a ed. São Paulo: Editora Atlas. GILLHAM, Bill. (2000) Developing a Questionnaire. 1st ed. Continuum Wellington House. London. LAKATOS, Eva Maria. (1992) Metodologia do Trabalho Científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliografia, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4a ed. São Paulo: Atlas. MAGALHÃES, Maria Cecília Camargo (1993) Etnografia Crítica e Análise do Discurso: teoria crítica e desenvolvimento do professor. Anais do XLI Seminário do GEL. Instituto Moura Lacerda, Ribeirão Preto, 20-22/05/93. MARCUSCHI, Luis Antônio. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1991. NUNAN, David (1992) Research methods in language learning. Cambridge: Cambridge University Press. PARKER, Richard A.; REA, Louis M. (2000) Metodologia de Pesquisa: do planejamento à execução. São Paulo: Editora Pioneira.

SELIGER, Herbert W.; SHOHAMY, Elana. (1989) Second Language: research methods. 2sd imp. New York: Oxford University Press. SPRADLEY, James P. (1979) The Ethnografic Interview. Chicago: Holt, Rinehart and Winston

5. Notas 1. ministrado na COGEAE/ PUC-SP sob coordenação da Profa. Dra. Maria Antonieta Alba Celani -LAEL/PUC-SP – 2. oferecido pela Profa. Dra. Maria Antonieta Alba Celani, no segundo semestre de 2002, no LAEL- PUC/SP-

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