Quillinan – Uma Família Irlandesa no Porto

June 2, 2017 | Autor: P. Duarte de Almeida | Categoria: Genealogy, Genealogia, Dora Quillinam, Quillinan family, Edward Quillinan, Luís Quillinan
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Quillinan – Uma Família Irlandesa no Porto

Paulo Duarte de Almeida[1]



A família Quillinan é um dos exemplos de famílias estrangeiras,
particularmente inglesas e irlandesas, que se radicaram em Portugal no séc.
XVIII, dando continuidade a uma tradição de boas relações comerciais já
seculares[2], mas impulsionadas pelo Tratado de Methuen (1703) e pelo
incremento da produção e comércio do vinho do Porto proporcionado pela
Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro (criada em 1756 pelo
Marquês de Pombal)[3]. Duas medidas de carácter político e comercial cujos
efeitos lograram sobrepor-se à antipatia contra os ingleses que se
generalizou na população portuguesa principalmente depois do Terramoto de
1755 pois não faltou quem dissesse que a catástrofe tinha sido um castigo
divino contra uma nação católica que abrigava há tantos séculos e de forma
tão hospitaleira hereges e agiotas que tinham no comércio a sua principal
fonte de riqueza[4].
Apesar de algum período de agitação durante o governo de Pombal,
decorrente também de medidas do ministro que punham em causa privilégios
dos comerciantes britânicos tidos por estes como adquiridos[5], a verdade é
que durante o séc. XVIII a imigração de súbditos britânicos para Portugal
foi uma constante, dizendo um contemporâneo que "o inglês falido em Londres
vinha recuperar as suas perdas a Portugal; o irlandês, miserável na sua
pátria, escapava à forca em Londres para ir fazer fortuna em Lisboa"[6] e o
comércio do nosso país achava-se quase todo nas mãos dos ingleses. De uma
relação oficial sem data, mas do tempo de D. José, verifica-se existirem à
época na capital mais de cem casas de negócio britânicas, havendo também
muitos que se ocupavam nas profissões ditas mecânicas (tanoeiros,
sapateiros, alfaiates, cabeleireiros e até engomadeiras). A intensa
actividade comercial entre as duas nações comprova-se ainda pelas
estatísticas do Banco de Inglaterra, nas quais se verificava que a
importação do ouro português tinha sido apenas em quatro anos, de 1766 a
1769, de 3.552.572 libras esterlinas, "além de muito mais que passava,
clandestinamente, sobretudo em navios do Porto"[7]. Dizia-se até, em tom um
pouco caricatural, que as moedas com a efígie de D. João V eram em
Inglaterra mais vulgares do que as do rei Jorge III[8].


Ao longo deste estudo, vamos ficar a conhecer melhor uma dessas
famílias, primeiro através do conhecimento das suas origens (geográfica e
social) e depois através do percurso de vida de quatro dos seus membros –
John Quillinan – o primeiro da família a viver em Portugal - e três dos
seus filhos: Edward, João Tomás e Luís.
Resta apenas advertir que parte deste trabalho resulta de uma
investigação conjunta, mas de natureza mais genealógica, que há já algum
tempo temos vindo a desenvolver com a Senhora Dr.ª Maria Júlia Oom do Valle
Henriques de Oliveira Martins, a quem agradecemos, e que pretendemos vir a
publicar em breve numa das revistas da especialidade.

1. Origem

1. Origem Geográfica

Geograficamente, a família é originária dos condados irlandeses
de Tipperary e Limerick, onde o apelido era e continua a ser relativamente
comum, surgindo, contudo, sob diversas formas: Quillinan, Cullinane,
Callinan, Quillian, Coninan, McQuillan, McQuillian, McQuilland, etc. E um
dos ramos, que com o passar dos séculos se converteu ao Protestantismo, usa
actualmente a forma Collins. Basta fazer uma pesquisa na internet sobre
qualquer uma destas formas do nome para nos apercebermos da imensa
quantidade de indivíduos que os usam ou usaram na Irlanda e no mundo.

2. Origem Social

Sobre a origem social, contamos com um testemunho de um membro da
família - o Dr. Guilherme de Quillinan da Silva Machado (diplomata de
carreira que representou Portugal em vários países europeus e não só,
acabando a sua carreira como Ministro Plenipotenciário) – que, a 18 de
Abril de 1945, escrevia assim a um seu sobrinho que o questionara sobre o
assunto[9]:

«A família não há dúvida que era muito antiga e de grande nobreza, mas a
verdade é que o brazão é de simples knight (cavaleiro)."

Sobre a sua antiguidade, encontramos, com facilidade, provas documentais
da sua existência naquela área em, pelo menos, inícios do séc. XVII. Já
quanto à "grande nobreza", não temos provas documentais que a atestem,
embora a família seja referida no The Book of Irish Families[10].
Na mesma carta, o seu remetente descreve, contudo, o suposto brasão da
família, da seguinte forma:

«O brazão é em campo azul com uma barra de oiro, ao meio, em sentido
horizontal. Do lado de baixo um crescente branco que, creio, deve ser de
prata, e por cima 2 cabeças de leão em oiro. Timbre assente n'uma espécie
de almofada azul, oiro, azul, oiro, azul, oiro; uma mão côr de carne humana
dentro de um braço de armadura de aço com uns botões doirados, empunhando
um punhal com o cabo de oiro e lâmina de aço. O brazão tem um friso de
oiro. Salvo erro, pois que não sou perito em heraldica".

Apesar das imprecisões heráldicas efectivamente existentes na leitura do
brasão, a sua descrição é suficientemente pormenorizada para o podermos
imaginar com rigor. Tal esforço não é felizmente necessário porque se
conhecem, pelo menos, quatro representações heráldicas do brasão, embora
todas elas tardias, ou seja, posteriores à segunda metade do séc. XIX. A
mais antiga parece ser uma pintura aguarelada, sem indicação do autor, que
pertenceu ao ramo Quillinan da Silva Machado[11]; a 2.ª é uma marca de
lacre de um sinete ou anel armoriado usado pelo referido Dr. Guilherme de
Quillinan da Silva Machado[12]; a 3.ª consta de várias peças de um serviço
de porcelana europeia (francesa ou inglesa) mandado executar por este
diplomata durante uma das suas missões[13]; e 4.ª e última é uma outra
pintura, já bastante fantasiosa, da autoria do Senhor Marquês de Lambert.
O facto de não existirem referências nem representações mais antigas do
dito brasão leva- -nos a supor que as preocupações nobiliárquicas sobre a
origem da família terão surgido tardiamente, quando os diferentes ramos se
uniram por casamento a membros de famílias da fidalguia portuguesa[14].


2. Os Homens

2.1. John Quillinan – o Patriarca

Provavelmente nascido em Carrick, por volta de 1754[15], também
não se sabe quando veio para Portugal nem se se terá fixado logo no Porto
ou se terá vivido primeiramente em Lisboa. Esta última hipótese levanta-se
com alguma probabilidade porque sua primeira mulher era natural daquela
cidade[16]. Essa senhora chamava-se Mary Ryan, e, embora tivesse nascido já
em Portugal por volta de 1770[17], era de ascendência irlandesa. Embora
exista um pouco a ideia generalizada de que os súbditos britânicos
escolhiam a capital nortenha para se fixarem, devido até à maior semelhança
climatérica com o seu país de origem, a verdade é que a sua presença na
capital durante o séc. XVIII e nos inícios do séc. XIX está bem documentada
por exemplo nas Memórias de D. José Trazimundo de Mascarenhas, Marquês de
Fronteira. Tendo provavelmente casado em Lisboa, o casal optou por fixar
residência no Porto, onde já se encontrava a residir em 1796 – ano do
nascimento de seu quarto filho, João Tomás (adiante referido).
Por razões que desconhecemos, mas que nos dizem ter sido
"repentinas", Mary Ryan (então Mary Quillinan) faleceu na freguesia de
Miragaia, no Porto, sem Sacramentos "por estar para se confessar com um
Padre da Congregação do Oratório desta cidade [Porto], o Padre Duarte
Culin", a 12 de Maio de 1803, tendo sido sepultada na Igreja daquela
freguesia, e tendo assistido às suas exéquias 20 Padres[18]. Há dois
elementos no seu assento de óbito em que devemos atentar: a freguesia em
que ocorreu o óbito e em que foi lavrado o respectivo assento e o número de
sacerdotes que participaram nas cerimónias. O primeiro está de acordo com a
ideia de que John Quillinan se fixara no Porto por razões de ordem
comercial uma vez que a freguesia de Miragaia – até como o próprio nome
indica – era a que estava mais próxima do rio, da alfândega, do porto,
enfim, da actividade comercial. Por outro lado, o número de sacerdotes
indica a quem está mais familiarizado com a documentação coeva que a pessoa
falecida tinha já algum estatuto social e económico.
Com quatro filhos já nascidos (Anne, Edward, John e João Tomás), John
Quillinan não poderia permanecer viúvo durante muito tempo, por isso,
passados apenas 5 meses da morte de sua primeira mulher, volta a casar. O
consórcio realizou-se na Igreja de N.ª Sr.ª da Vitória, no Porto, na tarde
de 22 de Outubro de 1803[19]. A noiva também se chamava Mary, mas de
sobrenome Geordans (ou Riordan). Era natural de Londres, bem como seus pais
e avós. Mas também este casamento não teria um final feliz.
Passados 5 anos, no Inverno de 1808, devido à invasão do General
Soult e aproximação das tropas francesas do Porto, a família, temendo
represálias, viu-se obrigada a deixar a cidade – como aliás aconteceu com a
maioria da colónia britânica residente naquela cidade, lembremos o caso da
família de Almeida Garrett, também com ascendência irlandesa, que nessa
mesma altura se viu obrigada a refugiar-se nos Açores[20]. A viagem
revestia-se, contudo, de grande preocupação para a família porque Mrs.
Quillinan se encontrava em avançado estado de gravidez. Ainda se colocou a
hipótese de ela permanecer no Porto, como parece que aconteceu a várias
senhoras que se encontravam na mesma situação, mas John Quillinan
considerou demasiado arriscado, preferindo levar a mulher para Inglaterra,
mas a viagem foi tumultuosa e Mrs. Quillinan acabaria por morrer a bordo,
na sequência de um parto prematuro. Estes trágicos acontecimentos são
narradas nas notas autobiográficas de Edward Quillinan (filho do 1.º
casamento de John Quillinan e um nome conhecido dos estudiosos das
literatura inglesa e, sobretudo, da sua relação com Portugal e com a
literatura Portuguesa), publicadas por William Johnston, depois da sua
morte[21].
A família dirigiu-se então para Londres onde permaneceu durante
vários anos. Não sabemos ao certo quantos, mas sabemos que John Quillinan
ainda aí se encontrava em 1812 (ano do nascimento de seu filho natural
Henry Lawson Quillinan), e que regressou ao Porto antes de 1821 (porque
nesse ano mandou publicar no jornal The Times um anúncio de dissolução de
uma sociedade comercial e em que surge como residente no Porto[22]; para
além disso, nesse mesmo ano nasceu naquela cidade uma outra sua filha
natural – D. Maria Isabel). É natural que o regresso da família se tenha
verificado logo depois da Revolução Liberal[23] e que John Quillinan tenha
prontamente retomado a sua actividade comercial. Sabe-se que em 1822, por
exemplo, exportou 122 pipas de vinho da Feitoria, despachadas da Alfândega
do Porto para o estrangeiro[24], o que, embora comprove a sua actividade,
não é um número muito significativo se pensarmos que 12 anos antes (1810)
se exportaram 20.000 pipas, no total, e que em 1811, Wellington pediu à
Real Companhia um fornecimento de 300 pipas só para os seus soldados
estacionados em Lamego. Mas é natural que John Quillinan não se dedicasse
apenas à exportação de vinho, mas também à importação e comércio de bens de
origem inglesa (nomeadamente bens mais essenciais como o trigo e
tecidos[25], ou outros mais supérfluos como móveis e objectos de prata e
casquinha tão em voga na época em Portugal, e de forma particular, no
Porto, e que viriam a influenciar de forma decisiva o gosto dos portuenses,
havendo marcas dessa influência, por exemplo, na prataria).
A relação de John Quillinan com outros comerciantes de vinho está
documentada por exemplo no processo em que interveio como procurador de um
outro comerciante inglês, Samuel Abbot – seu ex-sócio - entretanto falido,
numa causa relativa ao armazenamento de umas pipas de vinho que pertenciam
ao dito comerciante e que se estavam a deteriorar por estarem armazenadas
em más condições[26], e é referido no Almanach Portuguez para 1824-1825, no
capítulo "Negociantes Estrangeiros na cidade do Porto", como sendo morador
na Rua da Ferraria de Cima[27].
Poucos anos depois, e já septuagenário, fez o seu testamento, a 17 de
Agosto de 1826, pelo qual reconheceu a paternidade de três filhos naturais:
Henry Lawson Quillinan, Maria Isabel Quillinan e Luís Quillinan e dividiu
os seus bens da seguinte maneira:

. A sua filha Anne Quillinan Fox e seus filhos deixou a propriedade da casa
n.º 19 da Essex Street, Strand, Condado de Middlesex, Londres;
. A seu genro Benjamim Fox deixou a propriedade vitalícia da casa descrita
no item anterior;
. A sua filha Anne Quillinan Fox, marido e filhos perdoou qualquer dívida
em dinheiro;
. A seu filho Edward Quillinan deixou 100 libras em dinheiro;
. A seu filho John Quillinan deixou 3$200 réis em dinheiro;
. Ao mesmo perdoou qualquer dívida em dinheiro;
. A seu filho João Tomás Quillinan deixou a propriedade denominada "South
Lissiniska ou Rathfeeda", no condado de Limerick;
. Ao mesmo deixou o remanescente de toda a herança;
. A seu filho natural Henry Lawson Quillinan deixou 800 libras a serem-lhe
pagas quando atingisse 21 anos;
. Ao mesmo deixou 40 libras anuais a serem-lhe pagas para a sua educação;
. À governanta Maria Joaquina de Jesus deixou 400 mil réis;
. E ao caixeiro João Tomás da Cunha deixou 24 mil réis.


O testamento permite saber que, no final da sua vida, John Quillinan
tinha propriedades em Londres (a casa onde provavelmente terá vivido no
período em que aí permaneceu), na Irlanda e no Porto. O filho mais
beneficiado é, sem dúvida, João Tomás, mas é também sobre este que recaem
mais responsabilidades pois, para além de ser testamenteiro das vontades do
Pai, são entregues ao seu cuidado os seus três meios-irmãos, os quais eram
ainda umas crianças quando o Pai morreu (Henry tinha 14 anos; Maria Isabel,
5 anos, e Luís apenas 2 anos). O sustento e educação destas crianças foram
assegurados por John Quillinan como se comprova pela comparação do montante
em dinheiro deixado aos filhos Edward e Henry (embora este só recebesse as
suas 800 libras quando perfizesse 21 anos). Já o sustento dos dois filhos
naturais mais novos foram assegurados por uma provisão à parte do
testamento. O perdão das dívidas aos filhos Anne e John indicia que estes
talvez recorressem com frequência à generosidade paterna e, de entre os
legados em dinheiro, destaca-se pela parcimónia o legado deixado ao filho
John – incrivelmente pequeno quando comparado com o deixado ao caixeiro e
ainda mais pequeno quando comparado com o deixado à governanta[28]. Causa
alguma estranheza os poucos legados deixados a criados/criadas e outros
empregados, o que talvez indicie que o seu número fosse reduzido, mas
destaca-se a grande quantia de dinheiro deixada à governanta, o que talvez
se justifique se pensarmos que essa senhora pode muito bem ser mãe de um
dos seus filhos naturais – Luís de Quillinan, a que adiante nos
referiremos.
John Quillinan viria a falecer pouco mais de um mês depois,
a 23 de Setembro, na sua casa da referida rua da Ferraria de Cima,
freguesia da Vitória, com os Sacramentos da Penitência e Extrema-Unção,
sendo sepultado na Igreja da dita freguesia[29]. O patriarca da família em
Portugal teve sete filhos conhecidos, existindo actualmente descendência
de, pelo menos, dois deles em Inglaterra, Portugal e Brasil. Conheçamos
agora três desses filhos.


2.2. Edward Quillinan – o Soldado Poeta

Edward nasceu do primeiro casamento de seu pai, diz-se que no Porto,
a 12 de Agosto de 1791[30]. Apenas com 7 anos, partiu para Inglaterra para
receber a sua primeira educação, como, aliás, era costume não só entre a
comunidade britânica residente no nosso país, mas também entre muitas
famílias da nobreza e burguesia nacionais[31]. Aí, frequentou inicialmente
a escola católica de Sedgley Park, onde havia de permanecer muito pouco
tempo, tendo passado depois para Bornheim House, Carshalton, que era então
um colégio dominicano, onde esteve matriculado durante alguns anos.
Por volta de 1805, regressou a Portugal para se iniciar nos negócios
do pai, ocupando-se da contabilidade da sua casa comercial. Devido aos
acontecimentos políticos atrás referidos, acompanhou a família para
Inglaterra em 1808. Aí, alistou-se no exército, tendo ocupado
sucessivamente o posto de corneteiro, e de lugar-tenente, tendo participado
em 1814 na batalha de Toulouse, em que o exército aliado (britânico,
português e espanhol) venceu o exército francês comandado por Soult, tendo-
lhe essa participação valido uma Medalha de Honra.
A par da sua actividade militar, que haveria de abandonar
definitivamente em 1821, Edward Quillinan, à semelhança de Camões que tanto
admirava, desenvolveu a sua veia poética. Terá sido durante a sua estadia
na base militar de Canterbury, que compôs a elegante, mas mordaz sátira
intitulada "Ball-Room Votaries" (1810), ao mesmo tempo que se afirmava como
um dos principais colaboradores de um jornal local intitulado The Whim
(1810-1811), onde publicou um poema que acabou por o envolver em dois ou
três duelos. Fixou-se, de seguida, em Lee Priory, encetando uma duradoura
relação de amizade com Sir Samuel Egerton Brydges, proprietário da casa
editora responsável pela publicação de três das suas obras poéticas:
Dunluce Castle (1814, a sua obra mais importante), Monthermer (1815) e The
Sacrifice of Isabel (1816). As relações literárias com Sir Brydges terão
favorecido o conhecimento da sua família e, de forma particular, com uma
das suas filhas, com quem Edward Quillinan veio a casar a 4 de Fevereiro de
1817.
A noiva era Jemima Anne Deborah Brydges e tinha 24 anos. Filha, como
já se disse, de Sir Samuel Egerton Brydges, proprietário da "Lee Pryory
Press" e um famoso poeta, bibliográfo, bibliófilo e genealogista, e de sua
mulher Elizabeth Byrche[32] – prima de Jane Austen e descendentes ambas da
Rainha Maria Tudor e do 1.º Duque de Newcastle, William Cavendish.
A união durou apenas aproximadamente 5 anos, pois a 25.05.1882, Jemima
Brydges morreu, vítima de um trágico acidente que ficou celebrizado pela
pena do não menos conhecido William Wordsworth, amigo do casal. Jemima
morreu queimada quando os seus vestidos se incendiaram numa das lareiras da
sua casa. Embora breve, da união nasceram duas filhas – Jemima e Rotha
Quillinan que haveriam de morrer sem descendência.
Embora a relação de amizade que mantinha com a família Wordsworth
fosse já de longa data (como atesta a vasta correspondência trocada com
vários membros daquela família, conservada em vários museus e bibliotecas
britânicos), Edward Quillinan só em 1841 (a 11 de Maio) veio a casar com
Dorothy Worsdworth (mais conhecida pelo petit nom de Dora), que, seguindo a
linha familiar, era também ela uma mulher muito culta e dada às letras.
Cultivava a poesia e publicou uma interessante narração da viagem que, por
motivo da tuberculose que lhe foi diagnosticada e por conselho médico, fez
com seu marido à Península Ibérica entre 1845 e 1846, intitulada A Journal
of a Fero Months, Residence in Portugal and Glimpses of the south of Spain
(1847[33]). Nessa espécie de diário, Dora Wordsworth descreve a sua estadia
no Porto, a visita a Lisboa e os locais de Espanha que mais a
impressionaram (Sevilha, Allambra, etc.). Existem documentos relativos à
estadia do casal no Porto, uma vez que foram várias vezes convidados para
jantar na Factory House daquela cidade[34]. A viagem não se revelou,
contudo, suficiente para curar Dora que acabou por falecer em Rydal Mount –
hoje transformado em casa-museu, a 9 de Julho de 1847.
Para além da obra poética de Edward Quillinan já referida, ele também
se dedicou à narrativa, publicando em 1841, uma enorme novela em três
volumes intitulada Os Conspiradores, na qual relata a vivência do seu
serviço militar com Wellington, e uma outra novela de menor dimensão - As
Irmãs do Douro - que também tem como pano de fundo o período da guerra
liberal e que foi traduzida pela primeira vez para português e publicada no
nosso país em 2006, com introdução do Prof. Doutor Manuel Gomes da Torre.
Ocupou-se também na tradução de importantes obras portuguesas para inglês
(tendo traduzido parte d'Os Lusíadas[35] e a História de Portugal de
Alexandre Herculano, que deixou em parte inédita), e na crítica literária,
sendo autor de várias recensões críticas, sobretudo de literatura
estrangeira. Depois da sua morte, as suas poesias originais foram
recompiladas e publicadas por William Johnston, o editor de seu sogro. A
obra literária de Edward Quillinan constituiu já tema para trabalhos
científicos entre nós, sendo de destacar os de Manuel Gomes da Torre,
Miguel Alarcão e Silva e João Paulo Silva[36].
Sobre o aspecto físico de Edward Quillinan, alguém escreveu: "não
[era] grande em estatura, mas refinado e com algo de distinto na aparência"
e outro alguém que esteve presente num pequeno-almoço oferecido pelos
Wordsworth em honra de Sir Walter Scott, em Agosto de 1825, comentou: "num
vasto conjunto de homens e mulheres vulgares... pequeno Quillinan ... a
única figura gentil"[37]. Já sobre o seu temperamento, pouco depois da sua
morte, Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara dizia: "Era homem de génio
desinteressado, dominado por afectos fortes e ternos, e o seu fraco
consistia em certa excitabilidade e agitação, que bem indicava que lhe
corria nas veias sangue irlandês"[38].
Morreu a 08 de Julho de 1851, tendo sido sepultado junto da família
Wordsworth, no cemitério de St. Oswald, em Grasmere Church[39].


2.3. João Tomás de Quillinan – o Sucessor


João Tomás era filho do primeiro casamento de seu pai e nasceu no
Porto, a 20 de Junho de 1796[40]. Tendo sensivelmente 12 anos quando a sua
família partiu para Londres, é muito natural que aí tivesse continuado os
estudos antes iniciados no Porto ou então que já aí se encontrasse a
estudar. Deve ter acompanhado seu pai no regresso a Portugal e foi ele que,
embora não sendo o filho mais velho (tinha dois irmãos mais velhos – Edward
e John) lhe sucedeu nos negócios, podendo nós supô-lo inteiramente
independente e com casa montada depois de 1826, ano da morte de seu pai. De
entre todos os irmãos, talvez fosse João Tomás o mais responsável e aquele
no qual seu pai o garante da sua sucessão. Lembremos que o nomeou
testamenteiro das suas últimas vontade e recomenda-lhe a protecção de seus
três meios-irmãos.
Sabe-se que em 1833, vivia nos n.os 4 e 5 da Rua das Virtudes (então
freguesia de Cedofeita), e que no ano seguinte foi eleito membro da British
Association[41], datando desse mesmo ano a conhecida gravura da Rua Nova
dos Ingleses, feita pelo Barão de Forrester, em que João Tomás de Quillinan
figura juntamente com as mais destacadas figuras da comunidade britânica do
Porto (algumas das quais também ligadas ao comércio e fundadoras do
conhecido Club Portuense – Clamouse Brown e Domingos Ribeiro de Faria, p.
ex.). Na gravura, João Tomás é tão-só a primeira figura representada ao
lado esquerdo. A sua presença em tal representação não é para estranhar não
só porque, pertencendo à comunidade britânica, se dedicava à actividade
comercial naquela cidade, mas também porque entre ele e Forrester existia
uma forte relação de amizade, sendo João Tomás de Quillinan frequentemente
convidado para jantar na "sua casa luxuosa na Ramada Alta - cito Camilo
Castelo Branco – confluente dos próceres portuenses e da província
vinícola", onde se juntavam "Titulares, desembargadores-conselheiros,
ministros de Estado honorários, os maiores proprietários do Douro, e poetas
arcádicos de pacotilha, que faziam ditirambos ao jantar"[42]. Foi, aliás,
num desses jantares que João Tomás recitou "com uma sentimentalidade
plangente e lânguida, toda feita de moscatel de 1830" o episódio de Inês de
Castro, de Camões, provocando o riso de alguns dos presentes. E é ainda a
propósito desses jantares que Camilo o apresenta como um "ateu esclarecido"
(embora católico...) que escutava as discussões teológicas dos convivas
abade de Macieira e Visconde de Azevedo sobre a hipótese de Virgílio ter
profetizado o advento de Jesus Cristo com o seu "nascenti puero", ao que
João Tomás, "sublinhando o sorriso herético, perguntava se o nascenti puero
virgiliano não seria o filho de Asinio Polião, herdeiro de Augusto, e
protector do Poeta da Eneida.
Embora pouco saibamos sobre a sua actividade comercial, a João Tomás
de Quillinan faz referência o "Almanaque do Porto" para o ano de 1838 no
capítulo "Negociantes Estrangeiros", como sendo morador na Rua de
Cedofeita, n.º 290, tendo desempenhado o importante cargo de Director da
Associação Comercial.
Até nós chegaram bastantes mais indícios da sua faceta social,
delineando o perfil de um homem perfeitamente integrado na sociedade
portuense oitocentista. Foi, por exemplo, Director da Assembleia Portuense
– antecedente do Club Portuense[43] - e accionista, em 1841, do Teatro de
St.ª Catarina a par com António Bernardo Ferreira, filho da Ferreireinha.
Sabemos que foi convidado e esteve no baile que a British Association
ofereceu em honra do Rei D. Pedro V e do ainda então Príncipe D. Luís
(futuro D. Luís I), a 2 de Setembro de 1861 – durante a visita da Família
Real ao Porto para inaugurar a grande Exposição Industrial; figurando
igualmente na longa lista dos cidadãos de destaque da cidade do Porto, que
a 23 de Junho de 1862, se reuniram para decidir a forma como homenagear D.
Pedro IV.
Tendo em consideração as "circunstância que concorriam na sua pessoa e
os serviços que havia prestado ao país", recebeu da Rainha D. Maria II a
comenda da Real Ordem de N.ª Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa (carta de 7
de Julho de 1852)[44].
Fez testamento a 10 de Setembro de 1863, sendo morador na Rua
Formosa[45], pelos quais deixou os seguintes legados:

. A cada um dos seus dois testamenteiros deixou 350$000 réis;
. Ao Asilo de Primeira Infância Portuense deixou 100$000 réis;
. Ao Asilo da Mendicidade deixou 100$000 réis;
. Ao Asilo dos Meninos Desamparados deixou 100$000 réis;
. Ao Asilo das Meninas Desamparadas deixou 100$000 réis;
. Ao Asilo das Raparigas Abandonadas deixou 100$000 réis;
. Ao seu escriturário Henrique Ribeiro de Carvalho deixou 450$000 réis;
. Ao seu outro escriturário Ernesto Courrege deixou 450$000 réis;
. Ao seu caixeiro António José da Costa Guimarães deixou 1 700$000 réis;
. Ao filho do seu caixeiro Alfredo da Costa Guimarães (no caso de
falecimento do pai) deixou 450$000 réis;
. Ao outro filho do seu caixeiro Alberto da Costa Guimarães (no caso de
falecimento do pai deixou 450$000 réis;
. Ao seu afilhado Adeodato Joaquim da Silva Lima perdoou qualquer dívida em
dinheiro;
. Ao filho mais velho deste afilhado, Alberto Q. da Silva Lima, deixou
900$000 réis;
. Aos restantes cinco filhos daquele afilhado deixou 350$000 réis a cada
um;
. A sua cunhada D. Ana Francisca (viúva de seu irmão John) deixou uma
pensão mensal vitalícia no valor de 8$000 réis;
. A sua irmã D. Maria Isabel de Quillinan Vieira (viúva) deixou uma pensão
mensal vitalícia no valor de 10$000 réis;
. A sua filha D. Maria Emília de Quillinan da Silva Machado deixou todo o
remanescente de sua herança.

Como se vê, João Tomás de Quillinan deixou legados bem mais generosos
do que seu pai, ascendendo os mesmos a mais de 6 contos de réis (uma soma
muito considerável para a época) entre legados deixados a parentes e
testamenteiros, a instituições de caridade da cidade do Porto, afilhados e
antigos funcionários (um caixeiro que o havia sido "por muitos anos" e dois
escriturários, o que comprova a manutenção da sua actividade comercial até
ao final da sua vida). A falta de referência a qualquer legado destinado a
pessoal doméstico talvez se justifique por o testador se encontrar, à data
da elaboração do testamento a viver já na companhia de sua filha e genro,
onde aliás, viria a falecer a 18 de Dezembro daquele mesmo ano.
Pensamos que com João Tomás de Quillinan acabou também a actividade
comercial da família uma vez que teve uma única filha mulher e que seu
genro foi Chanceler-Secretário, Vice-Cônsul e Cônsul de Espanha em
Matosinhos e no Porto, não se dedicando ao comércio. É de João Tomás de
Quillinan que existe actualmente descendência da família em Portugal e no
Brasil.


2.4. Luís de Quillinan – o Militar Diplomata

Conheçamos, por fim, o filho mais novo de John Quillinan – de seu nome
Luís de Quillinan. Era, ao contrário dos irmãos Edward e João Tomás, de que
já tratámos, um filho natural. Nasceu na freguesia de N.ª Sr.ª da Vitória,
no Porto, a 10 de Agosto de 1824, sendo portanto um filho tardio. Depois da
morte de seu pai, foi nomeado seu tutor António José Rodrigues Fartura, que
o mandou para o Colégio dos Meninos Órfãos, onde esteve dois anos, sendo
depois recolhido por seu irmão João Tomás, cumprindo um pedido e desejo
expresso por John Quillinan no seu testamento.
Em adolescente foi enviado para Londres para fazer os seus estudos
preparatórios (tal como acontecera com seu irmão mais velho Edward e
provavelmente também com João Tomás), regressando anos depois para
frequentar a Faculdade de Direito na Universidade de Coimbra, onde se
licenciou. Mas podemos dizer que as suas duas grandes ocupações foram a
carreira militar e a diplomacia.
Ainda enquanto jovem estudante, incorporou o exército francês que
lutou contra Abd-el-Kader na Guerra Santa que este desencadeara. Pouco
tempo depois, por cá, participava na revolta de 9 de Outubro de 1846 contra
o Duque da Terceira, servindo como Ajudante de Campo do Conde das Antas,
que comandou militarmente a revolta e presidiu à Junta de Governo que tinha
José Passos como vice-presidente. Sabe-se como a revolta acabou por sair
lograda sobretudo devido à intervenção britânica. Luís de Quillinan voltou
então a Coimbra para terminar o seu curso. No ano em que o terminou, 1851,
haveria de empunhar de novo a espada. Desta feita, comandado pelo Duque de
Saldanha. Alistou-se em Lanceiros 2, sendo logo promovido a alferes e sendo
imediatamente nomeado ajudante de Saldanha. Quando os ânimos acalmaram, foi
para França, onde fez um curso de ciências militares; escreveu uma obra de
hipologia (tratado ou estudo sobre a raça cavalar) e tomou parte na
campanha da Argélia contra os árabes. Viria mais tarde a ascender ao posto
de Major e depois a General de Brigada, em que se reformou.
Voltando à pátria, voltou também ao Regimento de Lanceiros e à
situação de ajudante do Duque de Saldanha, abraçando pouco depois a
carreira diplomática. Nela desempenhou variados cargos, tendo começado como
2.º adido à legação de Copenhague e Estocolmo, sendo depois secretário da
legação de Madrid, encarregado de negócios em Viena, 1.º adido no Rio de
Janeiro, Paris e Roma e finalmente em Londres. A sua actividade diplomática
em Londres proporcionou-lhe, aliás, contacto com um dos maiores vultos da
nossa literatura – Eça de Queirós -, o qual foi substituir, conservando-se
correspondência vária trocada entre ambos, dando conta dos encontros
mantidos na fase de transição[46].
E está também relacionada com essa estadia a conhecida polémica que
travou com um membro da britânica Câmara dos Comuns, Jacob Bright. Esse
acontecimento é, aliás, um dos mais conhecidos e divulgados da biografia de
Luís de Quillinan. A situação foi que esse deputado radical-liberal
pronunciou-se, numa das sessões do parlamento britânico em Abril de 1883,
sobre Portugal, caracterizando-o como um país na bancarrota e de
esclavagistas. O patriotismo de Luís de Quillinan reagiu à afronta e
desafiou publicamente o dito deputado através de uma carta que causou brado
e pela qual viria a ser admoestado pelo Ministério do Reino. A atitude de
Quillinan recebeu, contudo, da sociedade portuguesa um grande aplauso que
se traduziu num movimento nacional de ovação, considerado por Rui Ramos
como uma das grandes manifestações de patriotismo anti-britânico do final
do séc. XIX[47]. As manifestações de aplauso concretizaram-se nas mais
variadas formas, mas sobretudo: através de cartas e de telegramas de
felicitações feitos em nome individual por personagens tão conhecidos do
Portugal de então como: Mouzinho de Albuquerque, Paiva Couceiro, Guilherme
Ferreira Pinto Basto ou Rafael Bordalo Pinheiro; ou de grupos de pessoas
(os oficiais do Regimento de Cavalaria n.º 4 ou os alunos de engenharia
militar da escola do exército). Apenas num mês, Luís de Quillinan recebeu
felicitações de 120 localidades portuguesas, tendo-lhe chegado só de Lisboa
430 mensagens e recebeu aplausos de 104 concelhos diferentes. Essas
felicitações foram reunidas em obras como, por exemplo, A Pátria a Luíz de
Quillinan. Mas também saíram números especiais de títulos periódicos,
folhetins e opúsculos dedicados ao feito do Major Quillinan. Um dos mais
conhecidos é, sem dúvida, Delenda Albion, publicada em 1883 pela Empreza
Bordallo Pinheiro e cujo autor – Lusus – não é mais do que um pseudónimo de
Henrique Lopes de Mendonça.
De uma forma mais simbólica, mas não menos importante, também a
Fábrica de Louças de Sacavém se associou à manifestação, produzindo um
prato evocativo da figura do diplomata, ao qual, a 26 de Novembro de 1883,
também foi oferecido um "banquete patriótico" pela Associação Liberal
Portuense. Do menu constam, como não poderia deixar de ser, pratos com
nomes tão patrióticos como "sopa à Herculano", "filetes de peixe à
portuguesa", "lombo de vaca à Vasco da Gama", "peru recheado à liberal",
"salada à lusitana", "espinafres à Garrett" e a terminar um, com certeza
belíssimo, "pudim à Quillinan".
A missão em Londres foi a última de Luís de Quillinan, uma vez que
morreu nessa mesma cidade a 28 de Março de 1904. Havia casado, em Lisboa,
em 1855, com D. Maria Teotónia de Rávago Santistévan y Rios da Guerra e
Sousa, Condessa-viúva das Antas, e descendente por sua mãe dos Senhores de
Murça, de cujo casamento nasceu uma filha que não teve descendência. Pelos
serviços prestados, o General Luís de Quillinan recebeu inúmeras
condecorações nacionais e estrangeiras.

Esperamos ter conseguido demonstrar deste modo o processo de
integração da família Quillinan na sociedade portuguesa em geral e na
portuense em particular, tendo desempenhado os seus membros em áreas tão
diferentes como o comércio, as armas, a literatura ou a diplomacia papéis
tão relevantes e em que, esquecendo as suas origens estrangeiras, se
comportaram não só como portugueses, mas como grandes portugueses, provando
que, como um dia disse Edward Quillinan "home is where the heart is".
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[1] Genealogista. Investigador. Membro do Instituto de Genealogia e
Heráldica da Universidade Lusófona do Porto.
[2] Sobre essa secular relação, v. por exemplo: Macaulay, Rose, Ingleses em
Portugal (trad. de Maria Fernanda Gonçalves e António Álvaro Dória), Porto:
Civilização, 1950; Varela, Consuelo, Ingleses en España y Portugal: 1480-
1515 – aristócratas, mercadores y impostores, Lisboa: Colibri, 1998; e
Shaw, L. M. E., The Anglo-Portuguese Alliance and the English Merchants in
Portugal, 1654-1810, Aldershot: Ashgate, 1998.
[3] Mais especificamente sobre a relação dos ingleses com o comércio do
vinho do Porto, v.: Pereira, Pedro Maria Casaes Alves, A Arquitectura do
Vinho do Porto: os Ingleses no Porto, [S.l. : s.n., 1987]; Ventura, Isaura
Maria Roseler, Os britânicos no Porto do século XIX, Porto: [s.n.], 1996
(texto policopiado – tese de Mestrado em História Ibero-Americana);
Gonçalves, Maria Guilhermina Nogueiro de Oliveira Bessa, A Comunidade
Britânica no Porto: Inter-relações históricas, económicas, culturais e
educativas (texto policopiado – tese de Mestrado em Relações
Interculturais), Porto: [s.n.], 2000; e Cardoso, António Barros, Baco &
Hermes: o Porto e o Comércio Interno e Externo dos Vinhos do Douro, 1700-
1756, Porto: Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do
Vinho do Porto, 2003.
[4] V. Profecia Política Verificada no que esta sucedendo aos Portuguezes
pela sua cega affeição para com os Inglezes feita logo depois do Terremoto
de 1755, impressa em Madrid em 1762, com licença do Rei Carlos III.
[5] V. sobre isso, Azevedo, J. Lúcio de, O Marquês de Pombal e a sua Época,
Rio de Janeiro: Annuario do Brasil; Lisboa: Seara Nova; Porto: Renascença
Portuguesa, imp. 1922, maxime Cap. VII, pp. 209-242.
[6] Apud Azevedo, José Lúcio de, op. cit., p. 209.
[7] Idem, p. 269.
[8] Idem, p. 210.
[9] O sobrinho era António de Quillinan da Silva Machado Póvoas. A carta
pertence actualmente ao arquivo pessoal do Senhor Eng.º Francisco Resende
de Almeida e Vasconcelos Póvoas, a quem agradecemos.
[10] Laughlin, Michael O. C., The Book of Irish Families, [s.l.], Irish
Roots Cafe, 2002, p. 222.
[11] Hoje na posse do já referido Senhor Eng.º Francisco Resende de Almeida
e Vasconcelos Póvoas.
[12] Sabemos que o anel ou sinete pertence hoje a sua neta D. Maria Cândida
de Quillinan Oom do Valle da Rocha Páris.
[13] Existem peças desse serviço na posse de sua neta D. Maria Amélia de
Quillinan Oom do Valle Amorim Serra.
[14] Pensamos, por exemplo, no casamento de António de Quillinan da Silva
Machado Póvoas com Dona Maria Amélia de Almeida e Vasconcelos, neta dos
Viscondes, Condes e Marqueses de Reriz, e no de sua prima D. Cândida Baltar
de Quillinan Machado com Inácio Constantino de Menezes Oom do Valle.
[15] Diz-se no seu assento de óbito que teria "pouco mais ou menos" 72 anos
de idade quando faleceu.
[16] Esta naturalidade consta do assento de baptismo de seu filho João
Tomás (adiante referido).
[17] Diz-se no seu assento de óbito que tinha 32 anos quando faleceu.
[18] A.D.P., Livro Misto da freguesia de Miragaia, Porto, M11 (1802-1844),
fols. 3 e 3v. (bob. 343).
[19] A.D.P., Livro de Casamentos da freguesia da Vitória, Porto, C5, fol.
11v. (bob. 399).
[20] Sobre essa época, v. Ribeiro, Jorge Martins, A Comunidade Britânica do
Porto durante as Invasões Francesas 1807-1811, Porto: Fundação Eng.º
António de Almeida, 1990.
[21] Essas notas foram publicadas postumamente por William Johnston nos
Poems: by Edward Quillinan. With a Memoir by William Johnston, Londres:
Edward Moxon, Dover Street, 1853, 268 pp. Devemos o conhecimento desses
escritos ao Prof. Doutor Manuel Gomes da Torre (ilustre estudioso da obra
literária de Edward Quillinan), a quem muito agradecemos. O editor diz que
as memórias não deverão ter sido escritas antes de 1810.
[22] A dita sociedade tinha já sido dissolvida a 31.12.1817. The Times, de
10.04.1821.
[23] Sobre a questão, v. com interesse o folheto: Que dizem os ingleses da
Revolução de Portugal, Lisboa: Typ. Rollandiana, 1821.
[24] Santos, Paula M. M. Leite, João Allen – Um Coleccionador do Porto
Romântico, Lisboa: F.C.T., Ministério da Cultura, Instituto Português de
Museus, 2005, p. 175.
[25] Azevedo, J. Lúcio de, op. cit., p. 212.
[26] A.D.P., JUD/TRPRT/166/12647.
[27] Almanach Portuguez, dir. de Marino Miguel Franzini, Lisboa, na
Impressão Régia, 1824-1825.
[28] Apenas a título de curiosidade, oferece-nos dizer que em 1827 – um ano
depois da morte de John Quillinan – um alqueire de trigo custava 400 réis,
um de cevada, 240 réis, um de milho grosso, 360 réis, e um alqueire de
azeite 1000 réis (dados constantes do Livro do Celeiro do Cabido da Sé de
Coimbra, 1827 – AUC), pelo que, com a sua herança, John Quillinan poderia
comprar somente 3,2 alqueires de azeite; o caixeiro 24 alqueires de azeite
e a governanta 400 alqueires, ou seja, 3200 litros de azeite.
[29] A.D.P., Livro de Óbitos da freguesia da Vitória, Porto, O 4, fol. 250
(bob. 401).
[30] É esta a naturalidade e data apresentadas em várias enciclopédias
britânicas, mas o assento do seu baptismo ainda não foi por nós localizado
em nenhuma das freguesias da cidade do Porto.
[31] V., por exemplo, o caso da família Pinto Basto.
[32] Neta materna do Reverendo William Egerton, Doutor em Leis, Chanceler e
Prebendário de Hereford, Prebendário de Canterbury, Reitor de Penshurst,
nascido em 1682, e falecido em 1737, e de Anne Head. Neta paterna de Thomas
Egerton, nascido a 16.03.1651, e falecido a 29.10.1685, e de Hester Busby.
Neta materna de Sir Francis Head. Bisneta, por varonia, de John Egerton,
2.º conde de Bridgwater (5.º neto da Rainha Maria Tudor), nascido em 1623 e
falecido a 26.10.1686, e de Lady Elisabeth Cavendish (filha de William
Cavendish, 1.º Duque de Newcastle).
Este casal - Edward Brydges e Jemima Egerton - foram também bisavós da
conhecida escritora Jane Austen.
[33] Publicada depois, em 1895 em Londres por Longmans.
[34] Delaforce, John, The factory house at Oporto, Londres: Christie's Wine
Publications, 1979, p. 34.
[35] Tradução publicada em 1853, em Londres, por Edward Moxon.
[36] Sobre a obra literária de Edward Quillinan, foi publicado na revista O
Panorama (04.06.1853, pp. 177-179) um artigo da autoria de J. H. da Cunha
Rivara, intitulado "Eduardo Quillinan e a sua tradução ingleza dos Lusíadas
de Camões". Mais recentemente, destacamos os estudos de Miguel Nuno Mercês
de Mello de Alarcão e Silva "Edward Quillinan e Portugal" e "Home is where
the Heart is: A Obra Lusófila de Edward Quillinan", publicado na Revista de
Estudos Anglo-Portugueses, 1995, e de Manuel Gomes da Torre.
[37] Rawnsley, Reverendo H. D., Literary Associations of the English Lakes,
Glasgow: James MacLehose and Sons, 1901, vol. II, pp. 116 - 117.
[38] "Eduardo Quillinan e a sua tradução ingleza dos Lusíadas de Camões",
in O Panorama, 04.06.1853, p. 178.
[39] The Ilustred London News, de 12.07.1851, p. 74.
[40] ADP, Livro de Baptismos de Miragaia, B2, fol. 91.
[41] Santos, Paula M.M. Leite, op. cit., p. 177.
[42] Castelo-Branco, Camilo, O Vinho do Porto – Processo de uma
Bestialidade Inglesa, Sintra: Colares Editora, 2005, p. 27.
[43] V. Sousa, D. Gonçalo de Vasconcelos e, História do Club Portuense
(1857-2007), Porto; Club Portuense, 2007, pp. 26-27.
[44] Fonseca, Francisco Bélard da, A Ordem Militar de Nossa Senhora da
Conceição de Vila Viçosa, Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1955, p.
44.
[45] AHMP, Registo de Testamentos, BOR 0333, fol. 78v. a 80.
[46] Matos, A. Campos, Eça de Queiroz – Correspondência I e II, Lisboa:
Editorial Caminho, 2008, vol. I, pp. 104, 125 e 126.
[47] Mattoso, José (coord.), História de Portugal, Círculo dos Leitores,
vol. VI, p. 77.
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