Quilombos e cidades: breve ensaio sobre processos e dicotomias
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terçafeira, 7 de abril de 2015
Quilombos e cidades: breve ensaio sobre processos e dicotomias
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Este é o título do meu capítulo no livro 'Dispositivos urbanos e trama dos viventes: Ordens e Resistências', organizado por Patrícia Birman, Márcia Pereira Leite, Carly Machado, Sandra de Sá Carneiro.
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Trecho: "Lá se vão vinte anos desde que começamos discutir as formas pelas quais a categoria ‘quilombo’ (brecha multiculturalista em um ordenamento jurídico refratário ao pluralismo) emergiu no horizonte das estratégias de resistência de comunidades negras tradicionais como uma considerável ampliação da sua margem de manobra na luta pela conquista de seus territórios sociais. Este tempo não foi suficiente, entretanto, para resolver nem as imprecisões e confusões conceituais – mal ou bem intencionadas –, nem para esgotar os movimentos mais ou menos conscientes, consistentes e consequentes de alargamento da própria categoria – reconhecidamente plástica. A definição e os contornos do conceito, o caráter distintivo dessas comunidades, o seu número em permanente expansão, os direitos a serem reconhecidos a elas, assim como uma série de definições normativas menores, mas fundamentais do ponto de vista prático, constituem um dos campos mais impressionantes de controvérsia pública no Brasil contemporâneo, principalmente em função da forma complexa pela qual tal campo entrelaça história, antropologia, sociologia, direito e teoria política. Algumas vezes os analistas buscam um caminho em meio a tal complexidade multiplicando as adjetivações do fenômeno, convencidos de que a taxonomia seria em si mesma explicativa. Disso emergem as tentativas de distinção ‐ ou a simples suposição de diferenças substantivas ‐ entre os ‘quilombos históricos’ e os ‘quilombos contemporâneos’ ou ‘jurídicos’, entre os ‘quilombos de negociação’ e os ‘quilombos de rompimento’, de ‘refúgio’ ou ‘abolicionistas’, entre os ‘quilombos culturais’ e os ‘fundiários’, entre ‘comunidades tradicionais’ e ‘neotradicionais’ – do que a distinção entre ‘quilombos rurais’ e ‘urbanos’ é apenas uma variação. Uma variação, porém, que tem a propriedade de se apresentar como uma evidência empírica indiscutida, um dado tão substantivo e material quanto as diferenças espaciais parecem ser um dado material para a nossa percepção mais comum. Assim, ao ser convocado a refletir sobre “dispositivos postos em funcionamento para gerir a pobreza e as formas de resistência de indivíduos e grupos que afloram e também estruturam a vida em espaços diversos” (O desafio foi posto pelas organizadoras do Colóquio “Dispositivos Urbanos e Trama dos Viventes: Ordens e Resistências”, UERJ, novembro de 2011), eu me vi quase naturalmente voltando o olhar para o tema dos ‘quilombos urbanos’, porém mais por razões negativas que positivas. Primeiro porque os ‘quilombos urbanos’ – assim como os ‘índios urbanos’ – são hoje as manifestações mais críticas à suposição de que a noção de “pobreza” seria suficiente para delimitar o problema das formas de resistência de grupos que estruturam espaços diversos ou alternativos. Segundo, porque a expressão “quilombos
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Professor Doutor II do Departamento de Antropologia da UNICAMP, com pesquisas em etnologia indígena e quilombola, sobre os temas etnicidade, memória, território e mobilidade, em interface com História, Demografia e Direito. Formado em História (UFF), mestre e doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional (UFRJ), atuou como pesquisador do CEBRAP (2003‐2006) e prof. no PPG em Educação da PUC‐Rio (2007‐2011), onde coordenou o Laboratório de Antropologia dos Processos de Formação. Em 2006, publicou o livro "Mocambo ‐ Antropologia e história do processo de formação quilombola" (Prêmio CEAB/F. Ford'2003 e Prêmio ANPOCS‐EDUSC ´2005). No campo da Antropologia Pública realizou laudos (Mocambo, 1997; Entre‐ Serras Pankararu, 1999; Preto Forro, 2002; Cangume, 2003; Marambaia, 2003; Sapê do Norte, 2004; Cabral, 2008) e coordenou projetos de pesquisa, formação e comunicação em organizações da sociedade civil (1998‐ 2006), além de criar e editar o site Observatório Quilombola (2005‐2009). Atualmente é coordenador do Doutorado de Ciências Sociais da UNICAMP, diretor do Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena (CPEI) e coordenador do LAPA ‐ Laboratório de Pesquisa e Extensão com Povos Tradicionais Afro‐americanos, vinculado ao CERES ‐ Centro de Estudos Rurais. Visualizar meu perfil completo
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urbanos” tem sido tão evocada quanto confusamente empregada para descrever uma fração ou uma variação destas ‘heterotopias urbanas’, pertinentemente evocadas por este seminário. Em lugar de partir deste suposto taxonômico (os quilombos urbanos), buscaremos refletir sobre os dispositivos históricos e discursivos que sustentam, permitem ou simplesmente legitimam a emergência e o emprego da noção. Ainda que o trabalho taxonômico seja útil e até mesmo imprescindível, ele não responde ao problema das lógicas de produção e transformação que nos interessam aqui. Diante de um problema tão extenso, porém, nosso objetivo aqui é bem mais modesto: oferecer algumas pistas para um caminho de saída do emaranhado de categorias sobrepostas que vai se acumulando com as tentativas de apreender (classificando antes de interpretar) a enorme variedade interna ao fenômeno. Pistas que estarão baseadas em um número de situações maior do que aquelas que poderemos citar extensamente aqui, já que não poderemos oferecer uma revisão rigorosa da bibliografia disponível, ainda que estejamos informados por uma leitura assistemática dela. Um ensaio de interpretação que, para efeitos de coerência textual, se restringirá aos exemplos retirados do contexto do estado do Rio de Janeiro."
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'Independente de estar na cidade ou não, índio cont sendo índio', diz procurador | Manaus A...
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Procurador da República, Julio José Araujo Junior, re em entrevista sobre como a justiça vê os povos indíge e cita os maiores problemas encontrados no Amazon
Apresentação 7 Luiz Antonio Machado da Silva Introdução ‐ Tramas e dispositivos urbanos nas cidades contemporâneas 15 Patrícia Birman, Márcia Pereira Leite, Carly Machado e Sandra de Sá Carneiro Parte I ‐ Das tramas e dos dispositivos urbanos 31 Seguir por e‐mail
Capítulo 1 ‐ Do refúgio nasce o gueto: antropologia urbana e política dos espaços precários 33 Michel Agier
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Capítulo 2 ‐ Fronteiras da lei como campo de disputa: notas inconclusas a partir de um percurso de pesquisa 55 Vera Telles Capítulo 3 ‐ Sujeição criminal: quando o crime constitui o ser do sujeito 77 Michel Misse Parte II ‐ Entre o legal e o ilegal: práticas e discursos sobre o urbano 93 Capítulo 4 ‐ Comércio ambulante no Rio de Janeiro e em São Paulo: grupos de poder e instrumentos contemporâneos de governo 95 Daniel Hirata Capítulo 5 ‐ “Saindo do crime”: igrejas pentecostais, ONGs e os signifiados da “ressocialização” 121 César Teixeira Capítulo 6 ‐ Favelas cariocas, acesso a direitos e políticas urbanas: práticas e discursos 141 Rafael Soares Gonçalves Capítulo 7 ‐ Ocupações: territórios em disputa, gêneros e a construção de espaços comuns 163 Patrícia Birman Capítulo 8 ‐ Governamentalidade e mobilização da pobreza urbana no Brasil e na África do Sul: favelas e townships como atrações turísticas 187 Bianca Freire‐Medeiros Parte III ‐ Presos do lado de fora: periferias, quilombos, favelas e ocupações 199 Capítulo 9 ‐ Regimes de diferenciação, registros de identifiação: identidades, territórios, direitos e exclusão social 201 Véronique Boyer Capítulo 10 ‐ Quilombos e cidades: breve ensaio sobre processos e dicotomias 217 José Maurício Arruti Capítulo 11 ‐ O quilombo como metáfora: espaços sociais de resistência na região portuária carioca 239 Jérôme Souty Capítulo 12 ‐ Dois agenciamentos e uma ocupação de moradia 271 Adriana Fernandes Capítulo 13 ‐ Favelas, campos de refugiados e os “intelectuais das margens” 303 Amanda S. A. Dias Capítulo 14 ‐ O “repertório dos projetos sociais”: política, mercado e controle social nas favelas cariocas 319 Lia de Mattos Rocha Capítulo 15 ‐ Sociabilidade de grades e cadeados e ordem de tranquilidade: da cidadania dos adimplentes à “violência urbana” em condomínios fechados da Zona Oeste do Rio de Janeiro 343
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jm arruti: Quilombos e cidades: breve ensaio sobre processos e dicotomias Jussara Freire Capítulo 16 ‐ De territórios da pobreza a territórios de negócios: dispositivos de gestão das favelas cariocas em contexto de “pacifiação” 377 Márcia Pereira Leite Parte IV experiências de terror: revelação e ocultamento 403 Capítulo 17 ‐ Tempos, dores e corpos: considerações sobre a “espera” entre familiares de vítimas de violência policial no Rio de Janeiro 405 Adriana Vianna Capítulo 18 ‐ Da capa de revista ao laudo cadavérico: pesquisando casos de violência policial em favelas cariocas 419 Juliana Farias Capítulo 19 ‐ Morte, perdão e esperança de vida eterna: “ex‐bandidos”, policiais, pentecostalismo e criminalidade no Rio de Janeiro 451 Carly Machado Capítulo 20 ‐ O espetáculo da destruição e a manutenção do sistema 473 Myrian Sepúlveda dos Santos Postado por José Maurício Arruti às 14:57
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