QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

June 5, 2017 | Autor: Fernando Brito | Categoria: Genealogia
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QUINTA DE MINHÃOS

INTRODUÇÃO AOS ESCOBAR DE BARROS

pedra na fachada da casa testemunha da união (não necessariamente nesta data) de Escobar de Barros Pinto da Fonseca b. 1635 de Cecília, em Carvalho do Algar filha de Maria Leite e Domingos da Fonseca família transferida depois para Minhãos

Já a manhã clara dava nos outeiros Por onde o Ganges murmurando soa, Quando da celsa gávea os marinheiros Enxergaram terra alta, pela proa. Já fora de tormenta e dos primeiros Mares, o temor vão do peito voa. Disse alegre o piloto Melindano: «Terra é de Calecu, se não me engano...».

Os Lusíadas, VI, 92

IIIVIIIXII QUINTA DE MINHÃOS Introdução aos Escobar de Barros

QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

O vale de Arouca e as suas Casas QUINTA DE MINHÃOS

Fernando Brito

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

QUINTA DE MINHÃOS - Índice

O vale de Arouca e as suas Casas, localização da QUINTA DE MINHÃOS Introdução aos Escobar de Barros QUINTA DE MINHÃOS I I. Apresentação II. Os Escobar de Barros nos registos paroquiais III. Alguns Escobar e alguns Barros em fontes impressas IV. Os Escobar de Barros nos prazos do Mosteiro V. Os Escobar de Barros, uma tentativa de genealogia Conclusão QUINTA DE MINHÃOS II Exposição genealógica e esquemas Adenda

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QUINTA DE MINHÃOS I Introdução aos Escobar de Barros

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LES BONDETT AVAIENT SU, AU COURS DU XV.e SIÈCLE, S´ELEVER PEU A PEU DANS LA SOCIÉTÉ DU VILLAGE, CELÁ SANS DOUTE PAR LES VOIES TRADITIONELLES, C´EST-À-DIRE EM PASSANT PAR CETTE FAMEUSE

PROFESSION

DE

MARCHAND

QUI

SEMBLE

ÊTRE

DAVANTAGE UN ÉTAT Q´UN MÉTIER. LE MARCHAND RURAL EN VENDANT PROBABLEMENT LES PRODUITS LES PLUS ÉCLECTIQUES PROVENANT DE SES TERRES, PUIS DU BÉTAIL, ETAIT, LE MAILLON CORRESPONDANT AU DECOLLAGE DE L´ASCENSION SOCIALE. DE LÁ, ON POUVAIT AVOIR ACCÉS AUX GÉNÉRATIONS SUIVANTES, AU PROFESSIONS DE JUGE, D´AVOCAT, DE PROCUREUR E DE NOTAIRE.

Jean-Louis Beaucarnot, Drôle d´ancêtres, Ed. Trévise, 1981

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

QUINTA DE MINHÃOS I Introdução aos Escobar de Barros

I. Apresentação As casas de João de Escovar serviam de limite (“ ... e dahy ao longuo do dito Lameiro e vai ter á Caza e Eira de João de estovar [sic] que he Cazal de João de Estovar”), delimitavam, dizia, algumas das terras foreiras à igreja do Salvador do Burgo, conforme o inventário lavrado pelo escudeiro e Tab. Gonçalo Teixeira, a 13 de Dezembro de 14961. O mesmo João de Escovar firma, com outros, o referido auto (“...testemunhas que prezentes estavão [...] João De Escovar mercador”2). Era pessoa principal, sem dúvida. Escoba...: é nome "espanhol" que significa vassoura e em mirandês quer dizer giesta. Quem se não lembra das vassouras de giesta das nossas aldeias? Mas "os genealogistas portugueses atingiram o absurdo, ao traduzirem o hespanhol escoba pelo português escova em vez de "vassoura", e ao representarem no escudo nobiliárquico [três ou] cinco escovas"3.

1

SIMÕES JÚNIOR - Couto de Arouca…, p. 313. Julgo, por evidente, que a Caza e Eira de João de Escovar coincidia com a actual quinta de Romariz (Ver QUINTA DE ROMARIZ).

2

Idem, ibidem, p. 320. Igualmente, PEREIRA - Portugal. O Império Urgente..., p. 171, quadro n.º 83, menção relativa a Afonso Anes e João Descobar [mercador], Arouca, periodo 1496-1508.

3

VASCONCELOS - Lições de Filologia… O autor apresenta e compara dois escudos na p. 262: o campo com 3 vassouras, espanhol; o campo com 3 escovas, português. O exemplar da Biblioteca Pública Municipal do Porto, desta mesma 2.ª edição, tem, a pp. 261, uma nota manuscrita relativa a «giesta» que diz: Em mirandês - Escoba = giesta. Recorde-se – mera coincidência? – que uma das personalidades desta estirpe de Arouca é dito Escobar de Miranda (Manuel Escobar de Miranda).

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A grafia em português ficou, de má sorte, Escovar ..., como aparece, aliás, nos documentos de Arouca do séc. XV, mas logo passa a, quase invariavelmente, Escobar, de Escobar, ou simplesmente Descobar (aqui, por contração da preposição), vindo o próprio escrivão dos prazos do Mosteiro, na 2.ª metade para o 3.º quartel de quinhentos, a assinar deste modo: Ant.º descobar. O apelido, um dos mais interessantes que atravessaram a Arouca quinhentista, começa, pois, por figurar no auto de inventário das propriedades de São Salvador do Burgo, em 1496, e vou mostrar que se finaliza, 200 anos após, com o decesso de Jerónimo Descobar, na QUINTA DO BOCO. A sobredita escritura exibe apenas 4 sobrenomes de sabor moderno – Teixeira, Mota, Mendes, Escovar: “Gonçalo Teixeira escudeiro e Tabalião, por nosso Senhor El Rey, na dita villa e Couto; o onrrado João da Mota, Abbade da Igreja de Sam Salvador estatuada no dito valle de Arouca e Vigário padoano na dita terra; Duarte Mendes [provavelmente, Mendes de Vasconcelos] Abbade da Igreja de Sam Miguel da Jonqueira” [Cambra]; e, por fim,

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“João De Escovar mercador” [p. 320]. Todos os demais, aí referenciados, trazem meros qualificativos derivados de nomes próprios (Anes, Fernandes, Gonçalves, etc)4 que mais não fazem que empolar os quatro apelidos. As grandes fontes de informação disponíveis – os assentos paroquiais e os prazos do Mosteiro – registram a prossecução do apelido Escobar em numerosas personalidades da vila. Escobar andava associado a Barros – Escobar de Barros, os dois enlaçados, habitualmente, desde há tempos, bem como no decurso das subsequentes gerações. Mas acaba por desaparecer, por completo, em Arouca. Os homónimos são muitos: Pedro Escobar de Barros e sua m.er Isabel de Barros; Pedro de Barros e também Pedro de Escobar, casado com Isabel Fernandes; Pedro de Escobar e sua m.er Maria Freire; António Escobar, o Velho (ou Escobar de Barros) e António Escoba,r o Novo (ou Escobar Vieira); outros do apelido: Henrique Descobar, bem documentado e Jácome de Barros, referenciado inúmeras vezes, tal como o mencionado António Escoba,r o Novo, etc. Mais perto de nós, Antónia de Escobar, da QUINTA DE SÃO PEDRO, Ana Descobar, da QUINTA DE ROMARIZ, Jerónimo Descobar, da QUINTA DO BOCO... Por fim, o apelido extingue-se. Como entendê-los? Que idade tinha João de Escovar em 1496? Donde lhe provinha o sobrenome? Como arrumar os Escobares de Barros? Quem seguiu a quem? Porquê António Descobar, o Velho e António Descobar, o Novo? Por que razão se extingue o apelido? Vamos lá ver: Tentarei encontrar resposta tão correcta quanto possível! Na casa dos Tavares de Cambra casou Maria Escobar de Barros, de Arouca, que os tratadistas fazem filha de Pedro Escobar de Barros e de sua m.er Isabel de Barros: àqueles, o Mosteiro concede o prazo do casal de Romariz, em 1537, que partia com [outro] casal de Ana Descobar; esta, renuncia ao [seu] casal de Romariz, em 1559, para que o convento das freiras o pudesse outorgar, de novo, a seu filho Henrique Descobar (O que indicia que toda a família 4

Documento a apresentar em CASA DA PORTA, introdução aos Teixeira, de Arouca.

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detinha o Romariz), valendo o primeiro casal 500 reis/ano e o segundo, 22 anos depois, 800 reis/ano, ou seja, mais pequeno este, considerada a inflação. António Descobar ou Escobar de Barros trazia, em 1537, o casal aforado a Maria Escobar de Barros e volta a aparecer, concerteza o mesmo, designado escudeiro-fidalgo, em 1544 e 1548; Beatriz de Barros, orfã em 1523, recebe o prazo do casal de Minhãos – que fora de seu pai Pedro de Barros, da vila – para si e mantença de sua irmazita Filipa; poucos anos depois, 1529, Filipa Descobar – moça orfã, filha que foi de Pedro de Barros e de Isabel Fernandes, mor.s na villa – colhe o prazo de Melareses e, caminho andado, aquela Beatriz de Barros vem por filha de Pedro Descobar ... E tantas mais figuras do apelido! Gregório, que nasceu na vila em 1571, de Jácome de Barros e sua m.er Joana Descobar (aliás, segundo parece, filho de uma outra m.er, como veremos, chamada Maria de Azevedo de Abreu), casa em Esgueira e aí grava epitáfio onde assina Gregório de Barros de Azevedo e coloca as armas destas duas famílias, Azevedos e Barros, de águia e estrelas: Um neto seu, nas diligências de familiatura para o Santo Ofício, faz o avô, Jácome de Barros de Escobar, casado com Maria de Azevedo de Abreu (alusão deixada acima), conquanto o respectivo assento de Esgueira volta a insistir em Jácome de Barros e Joana Descobar!... Voltarei a todos eles, debitando as dificuldades do percurso, e veremos o que me foi dado entender. II. Os Escobar de Barros nos registos paroquiais Descobar é, também, a primeira palavra que se vê no topo das linhas deterioradas do livro mais antigo dos registos paroquiais da vila de Arouca5: Tratava-se, aí, do sobrenome do padrinho de um qualquer recém-nascido, acabado o verão de 1565, quase 70 anos após a demarcação de São Salvador do Burgo. 5

Livro Antigo, a referir, adiante, no corpo do texto.

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descobar na primeira linha salva (provavelmente, o padrinho Anrique Descobar que surge no verso da folha, 3º registo) logo acima do assento de um João, f.º natural de Diogo de Almeida, f.º de Duarte de Almeida, e af.º de Sebastião Teixeira e sua sogra Filipa Henriques

No livro de registos de São Bartolomeu de Arouca, dos anos de 1581 a 1596, os apelidos são já muitos, mas de entre eles voltam a ser relevantes, Escobar, Barros e Escobar de Barros. Parece que os Escobar e os Barros estavam ligados, desde as primeiras individualidades de Arouca: Isabel de Barros c.c. Pedro Escobar de Barros, nascidos pelos finais de quatrocentos, afigura-se a mesma Isabel, viúva de Pedro de Barros, em 1575, então anunciada como Isabel de Escobar6; Gonçalo de Barros de São Pedro, f.º de Pedro de Escobar7; Filipa Descobar, f.ª de Pedro de Barros8; Guiomar Descobar, mãe de Úrsula Descobar, aparece uma vez chamada Guiomar de Barros9. Um António de Escobar e um Jácome de Barros emparceiram, solicitados insistentemente à pia de baptismo de uma pequena multidão de neófitos da vila10: Dir-se-ía que quase todos os recém-nascidos passaram a ser afilhados ora de um, ora de outro, ora de ambos. Seriam figuras muito notadas na vila de Arouca e freg. de São Bartolomeu, ambos pelos seus 50 anos de idade, nas últimas décadas de quinhentos. Jácome de Barros (que depois se conhece também por Jácome de Barros de Escobar e até por Jácome de Escobar Pereira) e António 6

Livro Antigo.

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PRAZOS de 1543, a ver adiante.

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Prazo de 1529.

9

Livro Antigo.

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VILA, livro 1 B. 1581-1596.

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de Escobar (ou António de Escobar, o Novo, ou António de Escobar Vieira) são citados continuamente nos nascimentos da vila, nada menos do que 17 vezes o primeiro (de 1581 a 1595) e 16 vezes o segundo (de 1582 a 1595) e se, aos apadrinhados por Jácome de Barrros, somarmos os amadrinhados por sua m.er (2) e os afilhados de seus filhos (Gregório com 2, Maria de Azevedo com 1 e Luísa de Azevedo, também com 1) perfaz 23 neófitos!; e se, aos de António de Escobar, adicionarmos os afilhados de seus filhos, Ana de Escobar com 6, João de Escobar com 2 e Paula de Escobar com 1, teremos 25 afilhados! O mesmo livro, e logo em 1581, nos informa que Henrique de Escobar era casado com Milícia Vieira, ele, pad. em 1584, ela, viúva em 1587 mas parece que ainda não no ano anterior. Jácome de Barros estava casado com Joana Descobar e era pai de Gregório de Barros e de Maria de Azevedo, pad.s em 1587, e também de Luísa de Azevedo, mad. em 1591. Pedro de Barros de Minhãos11 apadrinha em 1582. António de Escobar Vieira, ou António de Escobar o Novo, era pai de Paula, mad. em 1588, ou Paula de Escobar, em 1591 (também chamada Paula Teixeira, a ver) e de Ana de Escobar, em 1587, 1590 e 1593; e ainda de João de Escobar, pad. em 1587 e 1591. António Escobar de Barros, ou António de Escoba,r o Velho, era pai de Ana de Barros, que amadrinha em 1582 e fora pai também, pois tinha já falecido, de Catarina de Barros, mad. em 1593 (e, a seu tempo, mostrarei que o fazem pai do dito Jácome de Barros); Filipa de Escobar, filha de Maria Fernandes, viúva, amadrinha em 1582; Úrsula de Escobar, desta vila, leva outros recém-nascidos em 1593 e 1595. Como alinhá-los?! António Escobar, o Velho e António Escobar, o Novo eram da mesma geração? Com quem casaram? Obviamente que, por ora, a informação é escassa. Umas folhas antigas, que andavam na cúria diocesana de Lamego (em vez de reunidas ao acervo do Arquivo Distrital de Aveiro), mostram-nos alguns assentos anteriores a 1581 (1579 e 1580) em péssimo estado de conservação; e, logo de seguida, decorrem os anos de 1596 e 1597 e de 1599 a 11

Ver a prosopografia neste caderno.

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1612. Pelos primeiros, ficamos a saber que Jácome de Barros vive em 1579 na rua dos Currais; segue-se António Descobar Vieira, também neste ano; em 1580, nasce Teresa, f.ª de Úrsula Descobar e de seu marido Diogo Pinto; de novo, Jácome [ou Jacobe] de Barros (por três vezes) e Henrique Descobar, todos no mesmo ano. Uma folha solta, anos 1596 e 1597, não traz notícia de qualquer Escobar, além de João de Barros, pad. neste ano. Nas folhas subsequentes, que abrangem os milésimos de 1599 a 1612, comparece à fonte do baptismo Ana Descobar, moça solt.ª, logo no primeiro daqueles; e, no seguinte, Jácome de Barros e Ana Descobar f.ª de António Descobar. O último registo de Jácome de Barros é do ano de 1605, continuando a figurar António Descobar Vieira, até ao de 1609. Ressalve-se qualquer falha de referência, já que o caderno está muito deteriorado, mas note-se, ainda, que em 1600 nascia Francisca, f.ª natural de António Descobar; que em 1601 e 1602 voltava a ser mad. Maria de Azevedo f.ª de Jácome de Barros; que também amadrinhava Catarina de Barros, em 1601 e em 1607, e Ana de Azevedo, em 1603. O Licenciado Gregório de Barros é padrinho em 1601 e [o mesmo] Gregório de Barros, em 1607; João de Barros aparece em 1602, 1603, 1607 e 1608; também Bernardo f.º de Gabriel de Barros, em 1608 e, finalmente, Jerónima des [cobar] (a palavra está truncada), mad. em 1611. Entretanto, no período de 1602 a 1607, nasceram 4 crianças, filhas de Beatriz de Barros e de Martim Vaz do Amaral: Feliciano (1602), Paulo (1603), Maria (1605) e Francisco (1607: neste ano, chamaram a mãe por Isabel de Barros). Principiando a situá-los, até aqui e em suma, ficámos a saber: Henrique Descobar c.c. Milícia Vieira, vivia em 1581 e em 1584, e teria falecido por 1586/87: A que geração pertencia? António Descobar, o Velho, ou António Escobar de Barros, pai de Ana e de Catarina, faleceu antes de 1593: Que idade teriam suas filhas para que possamos situar o pai? António Descobar, o Novo, ou António Descobar Vieira, pai de Ana Descobar, de Paula Descobar e de João Descobar, continua vivo em 1609. São

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contemporâneos, sem dúvida, mas seriam da mesma geração? Jácome de Barros, mor. nos Currais, pai de Maria de Azevedo e de Luísa de Azevedo (e não sei se, também, de uma Ana de Azevedo que foi nora do conhecido escudeiro-fidalgo Gonçalo Teixeira), sobrevivia em 1605. Úrsula Descobar, c.c. Diogo Pinto antes de 1580, viria a morrer a 30.11.161612. Filipa Descobar, mad. em 1582, era f.ª de Maria Fernandes, viúva. E pouco mais do que isto! Como prosseguir? Foi preciso que se tivesse salvo o Livro Antigo [1565-1579], também na cúria de Lamego – um caderno precioso e muito bem tratado – para que viesse a ser possível colmatar as falhas nos Escobar de Barros. Vejamos, então, aí. Henrique Descobar vinha a apadrinhar há 16 anos, desde os primeiros assentos do caderno (1565) e era pai de António Descobar [António Escobar Vireira, que, deste modo, completa a sua biografia] e de Manuel Descobar, ambos presentes em 1567 e este último também em 1571, 1575, 1576 e 1578; entrementes, fora pad. Gonçalo de Barros, em 1566 e 1570; António Descobar o velho comparece só em 1571 e duas vezes em 1578; a António Descobar o novo (assim nomeado, quase invariavelmente, e já casado em 1567), deu-lhe sua m.er – Maria de Beça (identificada pela primeira vez) – Madalena (1569), Maria (1569), João (1571), António (1572), outra Maria (1574) e, por fim, as nossas já conhecidas Paula (1576) e Ana (1578); morava nos Currais em 1579(?) e teria nascido pelos anos de 1530/40. Jácome de Barros surge em 1569, mas com eloquente frequência a partir da década de 70; estava casado com Joana Descobar, era pai de Luísa (1569), de Gregório (1571), de António (1573) e de João (1577, talvez o João de Barros de 1602 a 1608): Tal como António Descobar Vieira, teria vivido longos anos, o primeiro sobrevive a 1609 (com 70 ou mais anos) e este Jácome, vivia ainda em 1605; os apadrinhamentos a que foi chamada a casa de Jácome de Barros totalizam 60; e as vezes de António de Escobar, o Novo, são 57! Úrsula Descobar confirma-se f.ª de Guiomar Descobar, assim qualificada em 1566, 1569 e 1572 (neste último assento, a 12

VILA, livro 20 O. 1613-1690.

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mãe diz-se Guiomar de Barros, já viúva em 1571) e foi mãe por sua vez de João, b. em 1577 e de Manuel, b. em 1578, além de Teresa, 1580, que vimos acima; outra Joana Descobar (talvez irmã de Úrsula Descobar) estava casada com Sebastião Gonçalves, alfaiate (que assinava vários actos com a tesoura do ofício), e moravam na rua d´Arca onde tiveram João, b. em 1566; Gonçalo de Barros é pad. em 1570 e Isabel Descobar, viúva de Pedro de Barros, vai amadrinhar em 1575. Henrique Descobar está documentado em 1572, 1576 e 1577, neste último apadrinha o primogénito de Úrsula Descobar. Progride, deste modo, a teia da família que parece relacionada com João Descobar, mercador, na Arouca de quatrocentos. Dos cinco indivíduos que foquei na segunda metade do quinhentos – Henrique, Jácome, Pedro de Minhãos, António, o Velho, e António, o Novo – o mais enigmático é Jácome de Barros, pois – embora insistentemente referenciado – se diz casado com uma Escobar e com filhos do apelido Azevedo: Maria de Azevedo, mad. desde 1582 e Luísa de Azevedo, em 1591: o que inculca, segundo o costume do tempo, que a m.er de Jácome de Barros era uma Azevedo...: e há onde venha, com efeito, chamada por Maria de Azevedo de Abreu! Estaremos perante dois indivíduos do mesmo nome? Não é crível, já que os assentos nomeiam apenas um, sem distinção alguma. Estaremos perante dois casamentos do mesmo Jácome de Barros? Também não encontro qualquer prova da afirmativa. Adiante, adirei mais informação.

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Foto de Alberto de Pinho Gonçalves

NON SINE INVIDIA ANNO 1686 na Casa da Ribeira, da vila de Arouca, dos descendentes destes Barros. Ver, adiante, menção a Pedro da Fonseca de Miranda e sua m.er Bernarda Pessoa

III. Alguns Escobar e alguns Barros em fontes impressas Maria Escobar de Barros, f.ª de Pedro Escobar de Barros e de sua m.er Isabel de Barros, veyo de gente fidalga dos bons escovares e barros deste reino e c.c. Aires Tavares, dos Tavares de Cambra com rol nos genealogistas13. São conhecidas algumas personalidades do apelido Escobar nos finais do séc. XV e nas duas centúrias seguintes, avultando a de Pero Escobar, que toda a gente conhece, "moço-fidalgo da câmara do rei" D. Afonso V: Recebeu bens confiscados em 145014; descobriu, na companhia de João de Santarém, as Ilhas de São Tomé e do Príncipe em 1471; e no mítico 1500, pilotou a Berrio15. Igualmente é 13

Ver QUINTA DE TERÇOSO.

14

MORENO - A Batalha de Alfarrobeira...

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SERRÃO - História de Portugal, vol II, p. 177, nota 249, onde: "Um «Pêro Escobar», residente em Setúbal, esteve em 1471 na tomada de

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conhecido Pedro de Escobar, ou Pedro do Porto, compositor, n. no Porto entre 1465-70 e, provavelmente, fal. entre 1535-5416. Para seguir os destes apelidos devemos contar com as resenhas nobiliárquicas. Os armoriais, os nobiliários e genealogias de vária procedência, admitem que mais de um ramo tivesse, de Castela, passado a Portugal, mas nada nos adiantam dos Escobar, de Arouca - os nossos Escobar de Barros. O ramo recolhido por Alão, Manso de Lima, Gayo, ..., é o de uns Escobar Coronel, de Santarém, cujos pais integraram o séquito de D. Joana a Beltraneja, a vir casar com seu tio D. Afonso V. Numa outra obra genealógica17, lê-se que "os Escobares são de proveniência desconhedida, sabendose todavia que se fixaram em Trujilho pelos meados do séc. XV"18 e prossegue: " a esta família pertenceram Pero Escobar, que passou a Portugal e descobriu a Ilha de São Tomé, e Nuno Gomez de Escobar, que tomou posse na conquista do Perú" e, acrescenta o autor, referindo-se aos Anaascos (outra família presente na tomada de Trujilho) que àqueles "andavam associados os Pizarros, os Escobares, os Tápias e outras casas importantes".

Arzila, o que permite invalidar a sua participação, dois meses depois, no achamento de São Tomé e Príncipe. Mas um seu homónimo, piloto que prestou serviço «nas partes da Guiné» e participou mais tarde na expedição de Vasco da Gama e no achamento do Brasil, pode bem ser o nauta companheiro de João de Santarém". 16

RIEMANN - Dictionnaire de Musique, entrada “Cancionero Musical dos séculos XV e XVI atribuído a Juan dell´ Encina (1469 a 1537)”.

17

MACHADO - Os Pizarros de Espanha aos de Portugal e Brasil, p. 33.

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Onde ainda se conserva, junto à porta de Santo André, a “casa-fuerte de los Escobar”.

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Castelo dos Escobares, colhido da porta de Santo André, das muralhas de Trujillo Foto Jesy, amável e-mail do Ayuntamiento de Trujillo

Em outra leitura, topa-se uma Ana Descobar19, sobrinha do P.e Simão Roiz, ou Rodrigues, ou Rodrigues de Azevedo, companheiro de Santo Inácio20 e irmão de Genebra de Azevedo que c.c. João de Escobar: os pais, segundo parece, da tal Ana Descobar, arriba. Este João de Escobar, como seu cunhado o P.e Simão Roiz, é da geração de 1500/1021: duas gerações após o João de Escobar de Arouca. E aquela Ana Descobar, uma geração posterior, como irão ver, à nossa Ana Descobar, do Romariz, Arouca. Também o avô de um fidalgo de Ferreiros de Tendais22 possuía o "Casal de Ferreiros que foi de João de Escobar que ora traz Alvaro da Mouta, seu neto", e por aí se pode inferir que tivesse nascido, este 19

ALÃO, tomo V, vol I, "Tavares de Arouca", p. 385, onde Ana Descobar se diz mãe de uns Motas-Cabrais.

20

GAYO, “Barros” &13 e “Azevedos” &123.

21

Enciclopédia Luso-Brasileira, entrada “Rodrigues de Azevedo (Simão)”, que o menciona como 1.º Provincial dos Jesuítas em Portugal, 15101579; igualmente, PEREIRA; RODRIGUES - Portugal, Dicionário…, entrada “Rodrigues de Azevedo (Simão)”.

22

REZENDE; REZENDE - Famílias Nobres…, p. 52.

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Alvaro da Mouta, por 1470, e que o dito avô, lá pelos anos de 1410. O autor citado convida aos "Carvalhos de Basto", I, p. 17, onde se referencia um João Pires Escobar, “Cav.º e Fronteiro da Beira”, avô da m.er de Álvaro Roiz, senhor da Honra de Carvalho: alvitrando, o autor em apreço, que o João de Escobar, avô de Álvaro da Mouta, pudesse ser o mesmo João Pires Escobar. Todavia, ponderada a geração de Álvaro Roiz de Carvalho, parece de empurrar o avô de sua m.er – aquele “Fronteiro da Beira” – para um ano de nascimento nunca posterior a 1300. Do nosso João de Escobar de Arouca, está mais perto, obviamente, o avô de Álvaro da Mouta: João de Escobar do ”Casal de Ferreiros”, que pertenceria a uma geração imediactamente anterior à do seu homónimo de Arouca. Terão os de Arouca algo a ver com a vizinha Ferreiros de Tendais e até com o mandante da Beira? Como quer que seja, certo é, o tronco da Beira, ser de gente bem mais antiga do que a dos Escobar radicados em Santarém.

A mesma casa fortificada dos Escobares, foto de Manuel Escobar Garcia no web site castillosnet.org/caceres

No que concerne aos Barros, em idênticas fontes impressas, todos os autores se reportam à linhagem de

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"Gonçalo de Barros Comendatario de Rendufe que viveo pellos anos de 1506 e foi senhor de Castro Dayre e das Terras dentre Homem e Cávado"23; deste Gonçalo de Barros houve larga geração a montante, e pronta a acudir às solicitações de uma qualquer cepa carenciada: Assim, e por exemplo24, "Nos finais do século XV fixou-se em Carrazedo de Montenegro um Francisco de Barros que, segundo alguns genealogistas, seria um dos vinte e dois ou dezoito filhos de D. Filipa de Barros [irmã do supramencionado Gonçalo de Barros, abade comendatário de Rendufe] que «por serem regulos por queixas os mandou el-Rey dividir». D. Filipa [nascida pelos anos dos avós de Pedro de Barros "de Minhãos"] seria filha de Gonçalo Nunes de Barros, um «dos principais fidalgos de seu tempo», neta de Gonçalo Nunes de Barros, comendador da Ordem do Hospital de Jerusalém [dizem (Gayo e outros25): confirmado no “Préstimo de Prozelo” em 1384; senhor de terras de Entre Homem e Cávado e de Castro Daire em 1388; pai de filhos legitimados em 1409], bisneta de Nuno Fernandes de Barros que «foi hu fidalgo honrado em tpo delRei D. P.º e delRei D. Fer.do, teve o prestimo de Peroselo q. he no almoxarifado de Valença q. lhe deu o d.º Rey D. P.º ...»". Nuno Fernandes, dizem também, era f.º de Martim Fernandes de Barros e neto de Fernão Dias de Barros; e, Fernão Dias, f.º bastardo de D. Diogo Lopes de Haro e neto de D. Lopo Dias, senhor de Biscaia: Do que são capazes os genealogistas! Os Barros de Arouca teriam provindo daqueles de Nuno Fernandes? IV. Os Escobar de Barros, nos prazos do Mosteiro Os informes que os prazos nos proporcinam são muito importantes: Por exemplo, de António Escobar, o Velho, ou António Escobar de Barros, as notícias nos paroquiais contam-se a partir de 1571, mas, pelos prazos, sabemo-lo 23

MENEZES - Ninharias…, p. 44.

24

BORGES - Barros de Carrazedo de Montenegro «Revista Armas e Troféus» [1981], p. 79.

25

MOUTA - Dos Barros & Vasconcelos.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

escudeiro-fidalgo em 1548: referenciado, pois, a 23 anos de distância!; Henrique Descobar vinha apadrinhando desde os primeiros assentos (1565), é certo, mas pelos aforamentos do Mosteiro vê-mo-lo já casado em 1533: notícia, portanto, mais antiga 32 anos!: São exemplos que permitem situar duas individualidades numa geração anterior ao, inicialmente, esperado; ou, o mesmo é dizer, que o cartónio nos oferece uma geração a mais! JOÃO DESCOBAR, casado, recebe em 1473 uma caza que forão da Carneira26 e outro prazo na Rua Mourisca, em Julho do ano seguinte27; possuía, ainda em 1496, como vimos atrás, um casal nas terras foreiras à igreja do Burgo. O nome da m.er vem grafado por abreviatura ligeiramente diferente em cada documento: m + a sobscrito, por Maria; a + l + u + a sobscrito + til, ou, a + l + u + r + z com til [talvez o til devesse estar sobre o u] por Álvares? Talvez, Maria Álvares, quem sabe se f.ª de Álvaro Gonçalves28? HENRIQUE DESCOBAR, designado escudeiro, mor. na vila, estava casado com Milícia Vieira29 quando lhe concedem humas cazas nesta villa e hum casal cito em fontão de abades de Santa Marinha, a 13.08.153330; testemunha num auto de 1551 lavrado pelo Tab. Gonçalo Teixeira, a 11 de Fevereiro31; a 8.03.1557, outorga um aforamento a Jaques Descobar32 e, no mesmo dia, o convento das freiras contempla-o com umas casas na vila, mediante instrumento do escrivão Romão de Beça33 (Este Romão de Beça, pai do conhecido licenciado Gonçalo de Beça e, provavelmente, de Maria de Beça m.er de António de Escobar Vieira, sucedera a Gonçalo Anes e precedera João Viegas, este, casado com outra Beça, Antónia, f.ª do 26

PRAZOS, livro 1, fl. 261v.

27

PRAZOS, livro 1, fl. 279v.

28

Ver CASA DA PORTA, introdução aos Teixeira, de Arouca.

29

A ver, esta, em CASA DA PORTA, introdução aos Teixeira, de Arouca.

30

PRAZOS, livro 8, fl. 180.

31

PRAZOS, livro 9, fl. 317.

32

PRAZOS, livro 11, fl. 18 v.

33

PRAZOS, livro 8, fl. 180.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

mesmo Romão de Beça): Lê-se, no instrumento, que as cazas na parada da villa partiam com Jorge de Pynho (o tutor de Beatriz de Barros, adiante), entre outros, e q. tendo ellas ho my.to seryco q. tynha feyto ao S. m.º anrique descobar mor. nesta vylla darouca e querendo lhe hagallardoar seu servyço dyceram q. ellas em prazavã os ditos chãos casas e hollyvaes ao dyto anryque descobar e a sua molher mellycya Vyeyra; a 12.01.155934, outra enfiteuse a amrique descovar, escudeiro-fidalgo, mor. na vila e a sua m.er millycia vieira, do casall de romariz e mais um campo q. foi de João Anes de Novais – confrontando com o casall de Aires Tavares35 e outro de Duarte de Almeida [Cabral36] – mediante apresentação de hua renhunciação que do dito casall fez ana descobar mãe do dito amrique descovar, feita pelo Tab. António Jusarte [de Almeida], a 11.01.155937, e visto e apeguado por o bacharell guoncallo de beça feitor do most.ro que também serviu de testemunha. BERNARDO, FILHO DE HENRIQUE DESCOBAR, com prazo de 3.05.1550: A tinta transpassada apenas deixa ler a epígrafe38. JAQUE DE ESCOBAR, na vila, em 155239 e em 8.03.155740, onde testemunha Henrique Descoba,r e em Santa Euláçia, hum casal cito em Novais, a 3.07.1568, concedido a JÁCOME DE BARROS c.c. Joana Descobar41. O prazo do

Cazal de Novais42 que o Mosteiro concede, em 15.05.1636, a João Escobar de Azevedo, f.º de Jerónimo Teixeira de Quadros e de Maria de Azevedo, da QUINTA DE SÃO 34 35 36 37 38 39 40 41 42

PRAZOS, livro 8, fl. 429 v. Aires Tavares Pereira, marido de Maria Escobar de Barros, abaixo. Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os ALMEIDAS. O Tab. estava casado com Filipa Henriques [de Quadros], pais de Maria Henriques que era m.er de Sebastião Teixeira, de SÃO PEDRO. PRAZOS, livro 7, fl. 193. PRAZOS, livro 7, fl. 517, não encontrado. PRAZOS, livro 11, fl. 18 v. PRAZOS, livro 12, fl. 67. PRAZOS, livro 25, fl. 415.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

PEDRO, menciona seu avô materno, JÁCOME DE BARROS, senhor que fora do mesmo prazo43. PEDRO ESCOBAR DE BARROS e sua m.er ISABEL DE BARROS foram os pais de MARIA ESCOBAR DE BARROS c.c. Aires Tavares, do Ramalhal e meirinho de Cambra, e o Mosteiro concede-lhes, a 28.04.1542, um baçelo em Moldes44. Em 1540, o prazo a Pedro de Escobar, cavaleiro, partia com terras de Isabel de Barros; ainda em 1551, um dos emprazamentos a Gonçalo Teixeira, escudeiro-fidalgo, cita a orta de Isabel de Barros e o casado de Isabel de Barros junto a casas arribadas em São Pedro.

Armorial Lusitano Brasão de Escobares com as vassouras trocadas por escovas

ANTÓNIO ESCOBAR DE BARROS (António Escobar, o Velho, nos registos paroquiais), chamado por António Descobar, escudeiro-fidalgo, obtém, a 6.02.1544, um casal em Fonte Deiro [Fonte d´Eiro45], Santa Marinha46; de novo, a 43

Conforme atrás inventariado: livro 12, fl. 67.

44

PRAZOS, livro 9, fl. 241 v.

45

FERNANDES; SILVA - Toponímia Arouquense, onde se pode achar a identificação dos topónimos.

46

PRAZOS, livro 6, fl. 168 v.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

7.08.1548, a António Descobar, escudeiro-fidalgo, mor. na vila, f.º de Isabel de Barros47 – por consequência, irmão de Maria Escobar de Barros, filhos de Pedro Escobar de Barros e de sua m.er Isabel de Barros –; e ainda, a António Escobar de Barros, o emprazamento de um casal cito em Santo Estevão, a 7.06.1559, então casado com Isabel Tavares48. Num aforamento a Gonçalo Teixeira, em 2.11.1573, colhe-se que António Escobar de Barros lhe vendera a metade da povoa de Cerquydello (Cerquidelo)49. ANDRÉ DE ESCOBAR e JOÃO DE ESCOBAR, ambos da vila, parecem da mesma geração dos dois precedentes: As freiras outorgam-lhes aforamentos de 1534 (23 de Novembro)50. PEDRO DE ESCOBAR DE MADUREIRA, cavaleiro, c.c. Maria Freire(?), alcança a 13 de Março de 1540, um casal na aldea de Sam Pedro, onde se diz: f.º de Gonçalo Fernandes q. já o possuhia51; foi pai de GONÇALO DE BARROS, a encontrar adiante. MANUEL ESCOBAR DE MIRANDA teve instrumento de aforamento de Fevereiro de 1550 (queimado por completo pela tinta, salvo apenas o título52). BEATRIZ DE BARROS, órfã em 1523, era f.ª de PEDRO DE BARROS que possuira o casal de Minhãos na freg. de Santa Eulália do vale de Arouca; nesse ano, aos 23 de Julho, representada pelo seu tutor Jorge de Pinho53, o Mosteiro, dizia, proporciona-lhe por prazo o referido casal na condição de servir também de mantença a sua irmãzita Filipa enquanto aquela Beatriz não fosse casada54; um 47

PRAZOS, livro 7, fl. 79.

48

PRAZOS, livro 8, fl. 462 v.

49

PRAZOS, livro 32, fl. 18.

50

PRAZOS, livro 4, respectivamente, fls. 374 e 376.

51

PRAZOS, livro 9, fl, 222.

52

PRAZOS, livro 7, fl. 169 v.

53

Ver, este, em QUINTA DA LAMEIRA, introdução aos Pinho, de Arouca; e ver, acima, com propriedades que vizinhavam em 1557 com casas de Henrique Descobar. Adiante, no esquema 3, se verá a razão da presença de Jorge de Pinho.

54

PRAZOS, livro 9, fl. 160 v.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

prazo a Brites de Barros desta villa, m.er solteira f.ª q. ficou de Pedro Descobar, constava de hu cazal em Cancello (Burgo)55 e ainda à mesma Brites de Barros de hum campo em Sub Ribas (Burgo)56, ambos em 1543, respectivamente, 27 de Junho e 12 de Julho. FILIPA DESCOBAR, moça orfã em 7.09.1529, f.ª que foi de Pedro de Barros e de Isabel Fernandes, mor.s na vila, obtém um casal cito em Melareses (Burgo)57. (Uma devesa, da mesma Isabel Fernandes, é mencionada ainda em 1551 num aforamento ao escudeiro-fidalgo Gonçalo Teixeira). GONÇALO DE BARROS, homem solt.º, f.º q. foy de Pedro Descobar, recebe um casal cito no logar de San Pedro a 21.07.154358 e, neste dia, ao mesmo Gonçalo de Barros, desta vila darouca f.º de Pedro Descobar, de huas casas pomar e horta nesta villa59. JOÃO DE BARROS DO BURGO detinha um ollyvall que partia com propriedades aforadas a Gonçalo Teixeira, em 9.07.157460. ANTÓNIO DESCOBAR VIEIRA (ou António Descobar, o Novo, nos registos paroquiais) comparece à grade do Mosteiro uma só vez, a 3.12.1603, por força de huas propriedades citas na freg.ª do Salvador61 que vizinhavam com campos em Sub Ribas: um deles fora de Diogo Pinto e outro fora de João de Barros. Em uma nota final ao livro 32 de prazos, que vai de 8.06.1573 até 26.04.1579, o juiz Pantaleão Roiz Malafaia esclarece: Este livro he de an.to descobar o novo escrivão dos prazos do mosteiro desta villa da Rouqua e tem sei centas E tres folhas sem embarguo do ero q. se fez no numerar q. se pasarã de seis centas e trinta e seis centas E corenta diguo de quinhentas E trinta a quinhentas E corenta E todas vam asinadas persima das folhas com 55

PRAZOS, livro 6, fl. 105.

56

PRAZOS, livro 6, fl. 107.

57

PRAZOS, livro 4, fl. 78.

58

PRAZOS, livro 6, fl. 109.

59

PRAZOS, livro 6, fl. 111.

60

PRAZOS, livro 32, fl. 42.

61

PRAZOS, livro 15, fl. 19 v.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

Malafaya o qual eu pantaleão Roiz malafaya Juiz q. são este prente anno de 1575 anos nesta vila da Rouq.ª E seu termo E por asi ser verdadeiro asinei oje doze dias de março de 1578 annos. E he este livro das notas dos prazos do dito mosteiro [segue-se assinatura]. V. Os Escobar de Barros, uma tentativa de genealogia Cumprido o pequeno esforço prosopográfico e tanto quanto pude entender as fontes disponíveis, tentarei agrupar as gerações desta estirpe da forma seguinte. i. João de Escovar, casado, vem mencionado em dois emprazamentos quase seguidos, 1473 e 1474; mercador, possuia, 23 anos depois, em 1496, Caza e Eira nas extremas de terras foreiras à igreja do Salvador do Burgo e testemunha o próprio auto de demarcação das propriedades desta. É de admitir que os primeiros anos, acima, correspondessem, sensivelmente, ao tempo do seu matrimónio, sendo então enquadrável na geração dos nascidos por 1440/50. Deste modo, estabeleço a primeira data-padrão. Com efeito, os Escobar que se seguem – Ana Descobar, Pedro Escobar de Barros e Pedro de Barros62 – teriam pertencido à geração seguinte, alguns trinta anos mais novos, ou seja, aos anos de 1470/80: Os factos corroboram a asserção. Mais um salto, e estamos nos nascidos por 1500. Também é possível que João de Escobar fosse um dos Barros: Daqui o apelido composto de seu presumível filho, Pedro Escobar de Barros63, a seguir, e entende-se bem que tivesse usado um sobrenome composto para se distinguir do outro Pedro de Barros. Se assim foi, os Escobar de Barros eram já uma família na geração precedente à de João de Escovar, vindos a Arouca na passagem de trezentos para a centúria seguinte. Presumíveis filhos (ou filha e sobrinho): 62

Se é que, estes últimos, se distinguem.

63

Adiante se colocará outra hipótese de filiação.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

ii. Ana Descobar, no & 1; ii. Pedro Escobar de Barros, no & 2; e um provavel sobrinho, como abaixo se discutirá: ii. Pedro de Barros, posto no & 3; bem como um neto ou sobrinho-neto, iii. Jácome de Barros, tratado no & 4. §1 ANA DESCOBAR esquema 1 Ana Descobar ____________________________ : I Pedro Escobar, cavaleiro Henrique Descobar c.c. Milícia Vieira _________________________________________________ I I I Bernardo Descobar António Descobar Vieira Manuel Descobar ou António Descobar, o Novo c.c. Maria de Beça I QUINTA DE ROMARIZ

ii. Ana Descobar detinha um casal foreiro em Romariz, designado Cazal de Romariz, ao qual renuncia, teria para 80 anos, por escritura pública de 11.05.1559 para que as freiras o pudessem aforar de novo a seu filho Henrique Descobar. Já em 1537, o mesmo casal partia com outro casal de Romariz emprazado nesse ano a Maria Escobar de Barros, e, esse casal, dizendo-se de Ana Descobar, indicia que ela estivesse viúva, nessa data: Teria pertencido, como propus, à geração de 1470/80. Sabe-se, também, que Pedro Escobar, cavaleiro, da geração seguinte, recebeu um prazo na vizinha Aldeia de São Pedro, em 1540, que fora de seu pai Gonçalo Fernandes: Este Gonçalo Fernandes teria sido o escudeiro e Tab. de Fermedo, morador em Arouca, nomeado em 1500?64. 64

AZEVEDO; MOREIRA - Fermedo…, p. 56. Igualmnete, CASA DA PORTA, introdução aos Teixeira, de Arouca onde um Gonçalo Fernandes (Mendes) aparece casado com Beatriz Vieira.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

Admitamos, por enquanto, que Ana Descobar houvesse tido também esse filho. Foi mãe, então, de: iii. Pedro Escobar, cavaleiro, ou Pedro Escobar de Madureira (apelativo que não sei explicar) casado com Maria Freire(?), contemplados, em 1540, com um casal na vizinha Aldeia de São Pedro; iii. Henrique Descobar, que segue; Consta ainda Guiomar Descobar (uma vez chamada Guiomar de Barros) que parece caber na geração dos filhos de Ana Descobar, mas que, embora relacionada em amadrinhamentos mútuos com Henrique Descobar, prefiro colocar, até melhor fortuna, no rol dos filhos de Pedro Escobar de Barros, no & 2.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

Grafia de Henrique de Escobar, na sétima linha: ... foram padrinhos Anrique descobar...

iii. Henrique Descobar, escudeiro-fidalgo, proclamado filho de Ana Descobar no aforamento do casal de Romariz em 1559, estava casado com Milícia Vieira65; a primeira notícia de si é de 13.08.1533, escudeiro, mor. na vila, já então matrimoniado com aquela senhora. Tal data permite admiti-lo na geração dos nascidos por 1500, atirando a de sua mãe para 1470/80, e a de seu presumível avô, João de Escovar, para 1440/50, como disse atrás: datas-padrões que se ajustam a qualquer das notícias relativas àquelas figuras. Henrique Descobar volta a aparecer em 1551 e em 1557 e, neste último ano, noutro emprazamento em que as freiras reconhecem o muito serviço que lhes tinha prestado e declaram querer premiálo com o referido aforamento. Henrique Descobar está presente desde os primeiros assentos do Livro Antigo (1565); foi pad. de Antónia em 1572 (a futura senhora da CASA GRANDE DOS MALAFAIAS), em 1576, de um f.º de Sebastião Teixeira, de SÃO PEDRO, e do primogénito de Úrsula Descobar em 1577; volta a comparecer na qualidade de padrinho em 1580, 1581 e 1584, ainda casado com Milícia Vieira, mas que, aliás, deixa viúva pouco depois, em 1587. Henrique Descobar e sua m.er Milícia Vieira tiveram: iv. Bernardo Descobar, com um prazo de 1550; iv. António Descobar o Novo, ou António de Escobar Vieira, que segue; iv. Manuel Descobar, pad. em 1567 com seu irmão, declarados filhos de Henrique Descobar e, de novo, em 1571, 1575, 1576 e 1578. iv. António Descobar o novo, ou António de Escobar Vieira, foi o Escrivão dos Prazos do Mosteiro na segunda metade 65

Ver, para esta, CASA DA PORTA, introdução aos Teixeira, de Arouca.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

e terceiro quartel de quinhentos. Teria nascido por 1530/40 e ainda vivia em 1609. Casou com Maria de Beça (filha presumível de Romão de Beça e de sua m.er Violante Lopes) de quem teve numerosos filhos identificados, vindo o mais novo, uma rapariga, do mesmo nome de sua bisavó Ana Descobar, a continuar a Casa. António Descobar, que Gayo chama, com exagero nobiliárquico, "morgado do Romaris e F.C.R.", segue na QUINTA DE ROMARIZ onde ficam mais informações sobre a personagem, seus filhos e continuadores. Os da QUINTA DE ROMARIZ adoptam o sobrenome Teles de Meneses advindo do casamento de sua filha D. Ana Descobar com o capitão-mor de Arouca, Francisco Teles [de Meneses], ou de Melo, oriundo dos destes apelidos, ou Silvas, senhores de Unhão. O apelido Escobar é prosternado até que uma neta de D. Ana, D. Joana de Melo, casa com um parente, Jerónimo de Escobar, da QUINTA DO BOCO. Mas o Romariz ficará sempre, na verdade, com Teles de Meneses.

§2 PEDRO ESCOBAR DE BARROS esquema 2 Pedro Escobar de Barros c.c. Isabel de Barros __________________________________________________________________________ I I : Maria Escobar de Barros António Escobar de Barros Guiomar Descobar c.c. Aires Tavares Pereira c.c. Isabel Tavares ou Guiomar de Barros _________________________________________________ I I I I Sebastião Ana de Barros Catarina de Barros Jácome de Barros Úrsula Descobar c.c. Diogo Pinto _____________________________ I I I João, 1577 Manuel 1578 Teresa, 1580

ii. Pedro Escobar de Barros – que tenho por filho ou sobrinho de João de Escovar e, se assim foi, com ambos os apelidos procedentes do lado paterno – foi casado com Isabel de Barros, possivelmente muito mais nova que ele e sua sobrinha. Isabel de Barros é citada, por diversas vezes, em escrituras de aforamento do Mosteiro de Arouca:

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

Vizinhava, em 1540, com o casal da Aldeia de São Pedro, de Pedro Escobar de Madureira; em 1551, tinha orta em Silvares e casado junto a casas arribadas em Sam Pedro; em 1575, ainda era tida como a viúva de Pedro de Barros. O genealogista Alão de Morais faz Pedro Escobar de Barros e Isabel de Barros pais de Maria Escobar de Barros, filiação confirmada pelas diligências para a familiatura do neto desta última, o Dr. Miguel Soares Pereira66; Maria Escobar de Barros c.c. Aires Pereira, que se situa na geração de 1500, como se vê em QUINTA DE TERÇOSO, CASAS DE SELA, introdução aos Tavares, de Arouca, e assim, a geração de seus pais e sogros irá para os anos de 1470/80. Filhos: iii. Maria Escobar de Barros, casada com Aires Tavares Pereira, dos Tavares do Ramalhal, foram viver para Cambra aonde este foi meirinho. Tiveram geração; iii. António Escobar de Barros, escudeiro-fidalgo, que os registos paroquiais designam por António Descobar, o Velho, foreiro do casal de Fonte Deiro [Fonte de Eiro, Tropeço], em 1544, de outro prazo, em 1548, onde se diz f.º de Isabel de Barros (já viúva, por certo) e ainda de um casal em Santo Estêvão, em 1559, então, casado com Isabel Tavares (provavelmente, irmã ou f.ª de Aires Pereira, dos Tavares Pereira do Porto: donde o apelido Pereira na descendência de Jácome de Barros, em SÃO PEDRO). No ano de 1554, testemunhara a tomada de posse de Gonçalo de Beça da igreja de São Miguel de Urrô que vagara por falecimento de Bento Roiz [Malafaia]67; em 1558, fora pad. do segundo filho de Úrsula Descobar. É de admitir ter nascido na primeira ou segunda década de quinhentos e foi pai de:

66

IANTT - Habilitações do Santo Ofício, Maço 1, Dil. 2.

67

AUC, MSMA, Livro 2.º de Colações, fl. 15.

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VILA, livro 16, primeiras folhas: trecho de uma folha de crismas

iv. Sebastião, declarado f.º de António Descobar o Velho, pad. de crisma em 1576; iv. Ana de Barros, mad. em 1582, filha declarada de António Descobar; iv. Catarina de Barros, mad., conforme assento de 1593 onde se diz que seu pai tinha já falecido; (iv). Jácome de Barros Pereira, também Jácome de Barros ou Jácome de Escobar68. (iii). Guiomar Descobar (e, pontualmente, Guiomar de Barros) não parece filha de António Escobar de Barros, mas da mesma geração deste, pois se declina mãe de Úrsula Descobar, esta já casada e com filhos na década de setenta, razão pela qual faço recuar esta Guiomar Descobar para a geração do nascidos por 1500/1520. Estava viúva em 1571; foi mad. de António, 1573, f.º de Jácome de Barros. Filha, acima referida: iv. Úrsula Descobar, casada com Diogo Pinto, este, irmão, segundo parece, de Cecília Pinta m.er de João Roiz de Carvalho69, e pais de: 68

Segundo “Portugal Diccionario...”

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

v. João, b. a 1.12.1577, af.º de Henrique Descobar e de Doroteia Henriques, f.ª de Filipa Henriques70; v. Manuel, b. 31.01.1578, af.º de [seu tio] António Descobar, o Velho; v. Teresa, b. a

6.03.1580, af.ª de Gaspar Homem, de Ronde, freg. de Santa Ovaia [Eulália]71, e de [sua tia] Cecília Pinta m.er de João Roiz Carvalho. Com duvidas, Guiomar Descobar, teria sido mãe de: (iv). Joana Descobar, m.er de Jácome de Barros, adiante.

§3 PEDRO DE BARROS esquema 3 ………………………………………………………………… Pedro de Barros Antónia Descobar ou Pedro Descobar c.c. c.c. Isabel Fernandes Jorge de Pinho, tutor de Beatriz em 1523 __________________ I I Beatriz de Barros Filipa Descobar I QUINTA DE MINHÃOS

ii. Pedro de Barros – presumível sobrinho de João de Escovar – mor. na vila, deteve o prazo do casal de Minhãos. Este Pedro de Barros não pode caber na geração dos filhos de Pedro Escobar de Barros, que se situa entre 1500 e 1520, ou seja, data-padrão que engloba a dos filhos do, aqui, biografado: Beatriz, orfã em 1523, nascida, em consequência, por 1510. No ano de 1523, tendo já faleci69

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os CARVALHOS; Os PINTOS.

70

Filipa Henriques foi m.er do Tab. António Zuzarte de Almeida, pais também de Maria Henriques que casou com Sebastião Teixeira, da QUINTA SÃO PEDRO.

71

Ver CASAS DE RONDE, QUINTA DE RONDE.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

do, o convento renova Minhãos em sua f.ª menor Beatriz de Barros, deixando a esta o encargo de prever ao sustento de sua irmazita Filipa. Esta última, é, segundo parece, Filipa Descobar, solteira em 1529, f.ª de Pedro de Barros e de Isabel Fernandes moradora na vila de Arouca. Deste modo, Pedro de Barros, mor. na vila, seria também um Escobar, teria falecido cedo, e fora, então, casado com Isabel Fernandes, ainda viva em 1551 [cf. atrás, ano em que detinha uma devesa]. Teve: iii. Beatriz de Barros, orfã em 1523, recebe o prazo do casal de Minhãos a 23 de Julho, representada por seu tutor Jorge de Pinho (que acima vimos em 1557, vizinho das casas de Henrique Descoba,r na Parada da vila)72; [a mesma] Beatriz desta vila solt.ª f.ª que ficou de Pedro Descobar, obtém um casal no Burgo e ainda outro, também no Burgo, ambos em 1543. Faleceu em Minhãos, a 8.04.1589, onde lhe sucede seu filho, outro Pedro de Barros, até 1599, e, depois, sua neta e homónima, mais uma Beatriz de Barros, tudo como mostrarei neste caderno; iii. Filipa Descobar, moça orfã em 1529, f.ª que foi de Pedro de Barros e de Isabel Fernandes, mor.s na Vila, alcança um prazo em Melareses, a 7 de Setembro deste ano. §4 JÁCOME DE BARROS esquema 4 Maria de Azevedo de Abreu c.c. Jácome de Barros c.c. Joana Descobar 1ºX 2º X ______________________________________ ________________________________ I I I I I I I Luísa de Gregório de Barros de Maria de Azevedo Luísa Gregório António João Azevedo de Azevedo c.c. I 1568 1571 1573 1577 Joana da Silveira I mor.s na Esgueira QUINTA DE SÃO PEDRO I _____________________________________________________________________________ I I I I I I I Jácome João José Manuel, 1697 Gregório, 1609 Joana, 1611 Ângela, 1614 de Barros da Silveira no esquema 5

72

PRAZOS, Livro com o n.º 5 contendo traslados de escrituras de 15361542, III,1ªD,13,2,2, fl. 466v. Por uma enfiteuse – a este Jorge de Pino, tutor das filhas de Pedro de Barros ou de Escobar, de 26.11.1542 - se vê que era casado com uma Escobar, Antónia Descobar e, assim, parece, tio das orfãs.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

iii. Jácome de Barros, mor. na rua dos Currais, citado nos registos paroquiais 60 vezes em 36 anos (1569 - 1605), nem por uma vez só nos disse de quem nascera! Estava casado com Joana Descobar que lhe deu alguns filhos. Comparessem, marido e m.er, na qualidade de padrinhos em 1586. Apurámos o baptismo de 4 crianças: Luísa em 1569, Gregório em 1571, António em 1573 e João em 1577; sabe-se de mais uma irmã destes, Maria de Azevedo, que casou na QUINTA DE SÃO PEDRO, pois um filho da Casa, João Descobar de Azevedo, virá a receber o casal de Novais que fora de seu avô Jácome de Barros. Uns prazos mais antigos a um Jaque Descobar, em 1552 e em 1557, poderiam supor-se concedidos a uma pessoa diferente: e tendo outorgado juntos – Jaque e Henrique Descobar – perguntar-se-ia, à primeira ideia, se Jaque Descobar seria irmão de Henrique. Todavia, não consta, nesses emprazamentos, m.er de Jaque (porque fosse ainda solteiro?); nem nos registos paroquiais há qualquer indício de que de duas pessoas se tratasse. Por que melindre não admitir que Jaque Descobar nascera cerca de 1530 e casara por 1567, chamado, então, Jácome de Barros? Note-se, todavia, que esteve vivo até 1605, o que lhe confere a idade de 75 anos, ao tempo do seu decesso: Nenhuma das datas inviabiliza a hipótese de se tratar da mesma figura, habituados que estamos à dança de opções por qualquer dos apelidos. Jácome de Barros emparceira inumeráveis vezes, junto à fonte baptismal, com António de Escobar Vieira e seriam ambos sensivelmente da mesma idade, isto é, dos nados no milésimo de 1530 ou no início de 1540. Uma curiosa fonte impressa73 proporciona a sua filiação: Jácome de Barros Pereira teria nascido de António de Escobar de Barros e de sua m.er Isabel Tavares, sobrinho, portanto, de Maria Escobar de Barros, m.er de Aires Tavares Pereira (do Ramalhal de Cambra), podendo aquela, acima dita, Isabel Tavares ter sido irmã de Aires Pereira, hipótese que explicaria o apelido Pereira em Jácome de Barros. 73

“Portugal Diccionario...”, vol. VI (1912), entrada “Quadros, da Quinta de São Pedro”.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

Veremos adiante, em caixa, o que se me oferece dizer deste Jácome de Barros. Filhos encontrados: iv. Luísa de Azevedo que amadrinha em 1591, com Gregório de Barros, filhos de Jacome de Barros, Clara, f.ª de Sebastião Pereira de Santo Estêvão; Luísa, f.ª de Jacome de Barros e Joana Descobar, b. a 18.10.1569, af.ª de Bernardo de Crastro médico e de D. Branca f.ª de Martim Afonso de Sousa74: provavelmente, duas do mesmo nome, a primeira f.ª de Maria de Azevedo de Abreu e a segunda – a quem respeita o registo – f.ª de Joana Descobar; iv. Maria de Azevedo que amadrinha com seu irmão Gregório de Barros, infra, declinados filhos de Jácome de Barros; também, com seu pai Jácome de Barros, em 1601, amadrinha Luísa, f.ª de Martim Vaz do Amaral e sua m.er Beatriz de Barros e, igualmente, com seu pai em 1603, um f.º de Inácio Tavares e Isabel de Aguiar75. A filiação confirma-se, uma vez mais, num aforamento do casal de Novais a João Descobar de Azevedo, como referi, f.º desta Maria de Azevedo e de seu marido Jerónimo Teixeira de Quadros, da QUINTA DE SÃO PEDRO, neto materno de Jácome de Barros, primeiro possuidor do mesmo prazo do casal de Novais com sua m.er Joana Descobar. A geração de Maria de Azevedo e de Jerónimo Teixeira de Quadros fica na QUINTA DE SÃO PEDRO; iv. Gregório de Barros, que apadrinha em 1587 com sua irmã Maria de Azevedo, acima, e em 1591 com sua irmã Luísa de Azevedo, também acima; e Gregório, b. a 18.03.1571 (crismado em 1596), f.º de Jacome de Barros e Joana Descobar, e af.º de Gonçalo de Beça, abade, e de Antónia de Beça76: provavelmente, dois do mesmo nome, 74

Apenas sabemos que foi meirinho.

75

Ver para estes ABERTURA nomes e sobrenomes, Os FONSECAS FURTADOS.

76

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os BEÇAS Os BARBOSAS; igualmente, QUINTA DE ROMARIZ.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

o primeiro f.º de Maria de Azevedo de Abreu (pelas razões que aduzirei adiante) e o segundo – a quem respeita o registo – f.º de Joana Descobar; de novo, em 1601, designado aqui Licenciado Gregório de Barros; em 1607, Gregório de Barros foi pad. de Jacinto, f.º de [sua irmã] Maria de Azevedo, da QUINTA DE ROMARIZ; ainda, como o Licenciado Gregório de Barros, no B. de sua f.ª Ângela, 1614, em Esgueira. Desde 27 de Maio de 1602, estava casado com Joana da Silveira: sendo ele, como sabemos, f.º de Jácome de Barros e de sua m.er Joana Descobar; ela, Joana da Silveira, f.ª também de naturais de Arouca, mas moradores em Esgueira77. Ora, é com a pessoa de Gregório de Barros de Azevedo que se vai gerar uma trapalhada, talvez impossível de resolver. Explico: Duas familiaturas para servir o Santo Ofício de um neto e de um terceiro-neto de Jácome de Barros78 – José de Barros da Silveira I e José de Barros da Silveira II – sugerem uma incursão mais, por estes Barros: esquema 5 Jácome de Barros de Escobar Nicolau da Silv.ra Bulhão, + 1607 [ESGUEIRA] c.c. c.c. Maria de Azevedo de Abreu [sic] Maria Moreira Barbosa, + 1604 [ESGUEIRA] nat.s de Arouca nat.s de Arouca; mor.s em Esgueira I ________________________________________ Gregório de Barrros de Azevedo c.27.05.1602c. Joana da Silv.ra Bulhão P.e Simão Varela b. 18.03.1571 [VILA] [ESGUEIRA] que os casou; + 1603 Licenciado (Ass.to de Ângela) mor.s em Esgueira ________________________________________________________________________________ I I I I I I I Bento Jácome José de Barros da Silveira I Manuel Gregório Joana Ângela f.º 9.06.1603 nat. Esgueira; FSO, 1662 23.06 13.03 24.03 Mª Ramos c.c.Helena Cardoso Pacheco 1607 1609 1611 1614 I Maria de Barros da Silveira, ou de Azevedo c.c. António Resende de Paiva I José de Barros da Silveira II; FSO, 15.10.1708 c.1710 c. D. Francisca da Silveira d´Eça de Almeida, nat. de Esgueira, f.ª de Manuel Sequeira Coutinho e de D. Angélica de Almeida d´Eça; pat. de António de Moura Coutinho e de Mécia Nunes Cardoso da Gama e mat. de Henrique de Almeida Homem e de D. Violante Botelho da Silveira.

77

ESGUEIRA; bem como para os filhos nascidos do matrimónio, cf. os dois primeiros livros: livro 1 M 1594-1632, 1594-1632, 1594-1696 e livro 2 M 1630-1633…

78

Revista Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XV (1949), p. 219, e vol. XXXV (1969), p. 142.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

Ora, para o Santo Ofício, Gregório de Barros era filho de Jácome de Barros de Escobar e de sua m.er Maria de Azevedo de Abreu, mas os registos paroquiais79 trazem o assento de casamento de Gregório de Barros com Joana da Silveira, em 1602, f.º de Jácome de Barros e sua m.er Joana Descobar. E, como se viu atrás, assim consta também nos papéis de Arouca, sabendo-se que Gregório fora b. em 1571 e pad. – o licenciado Gregório de Barros – em 1601. O licenciado Gregório de Barros, f.º de Jácome de Barros, frequentou Leis em Coimbra, de 1592 a 1597, fez o bacharelato em 1596 e, por fim, formatura em 1598. Como é possível o erro – atinente aos avós de José de Barros da Silveira I – nas inquirições do Santo Ofício? As consequências, a ter havido lapso, não vão parar: como provam os trabalhos do genealogista Francisco de Moura Coutinho que recorreu, obviamente, a tais processos de familiatura80. Note-se que, por vezes, a madrasta, 2.ª m.er do pai, passa por mãe das primeiras crianças do marido. A mudança de Gregório e de Joana, ambos de Arouca, para Esgueira, deveu-se aos pais de Joana – Nicolau da Silveira e Maria Moreira – terem ido residir aí. Gregório de Barros apadrinha em Arouca alguns recém-nascidos na vila e parece ter permanecido em Arouca, pelo menos, até 1607; mas veio para Esgueira onde manda fazer sepultura na igreja paroquial de Esgueira, armigerada de Azevedos e Barros: "Desapareceram as campas antigas. Em obras recentes do pavimento, além de fragmentos, encontramos uma, avulsa, com brasão e letreiro. Diz este: S(E)P(VLTVR)A DE GREGORIO DE BARROS D AZE VEDO E DE SVA MOLHER JOANA DA SILV(EI)RA NOVAIS E DE SEVS ERDEI ROS.1636. ANN OS 79

ESGUEIRA, livro 1, cit.

80

COUTINHO - Pachecos e Cardosos..., p. 123.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

O esquema só respeita ao varão: partido; a primeira pala com dois quarteis de Azevedos, no 1.º a águia, no 2.º cinco estrelas, com bordadura carregada de aspas; a segunda pala com três faixas e cada uma carregada de três estrelas má representação de Barros" [em lugar de 3 bandas carregadas de estrelas postas 1; 3; 3; 2]; "timbre, o destes, aspa com cinco estrelas"81. iv. António, b. a 22.07.1573, e, por padrinhos, Pedro Aranha82 e Guiomar Descobar; crisma em 1596, aos 22 anos; iv. João, b. a 16.12.1577, foi af.º do L.do Rodrigo Malafaia83 Conego de Viseu e de Filipa Vieira, m.er de [o escudeirofidalgo] Gonçalo Teixeira84; é, possivelmente, o mesmo João de Barros que apareceu no baptistério da vila, de 1597 a 1608. Um João de Barros, em 1603, tivera um campo em Sub Ribas, vizinho das propriedades de António Descobar Vieira.

81

NOGUEIRA - Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro, Zona Norte., p. 168. Ver também Informações Paroquiais do Distrito de Aveiro, 1721 «Revista Arquivo do Distrito de Aveiro», vol.VIII (1942), p. 193.

82

Ver CASAS DE RONDE, IIB introdução aos Aranha, de Arouca, esquema 14, onde Pedro Aranha seria “Pedro Aranha mor. no Burgo”, f.º de Catarina Aranha e de seu marido Pedro Fernandes da Cavada de Roças.

83

AUC, Ficheiro de Matrículas na UC onde está Rodrigo Malafaia de Arouca, grau de licenciado em 19.03.1570, frequência de Cânones de 1565-1570; igualmente AUC, IV, 1ªD, 1, 1, 8, fls., 45v, Autos e Graos, 1565-1568.

84

Ver CASA DA PORTA, introdução aos Teixeira, de Arouca.

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

JAQUE DE ESCOBAR, na vila, em 1552 (sem se mencionar m.er: provavelmente solteiro) e em 1557 (também provavelmente ainda solteiro), num acto onde serve de testemunha Henrique Descobar (que sabemos f.º de Ana Descobar); JÁCOME DE BARROS e sua m.er Joana Descobar com um casal em Novais (Santa Eulália) em 1568; JÁCOME DE BARROS, avô de João Descobar de Azevedo, da QUINTA DE SÃO PEDRO, e daquele a este passou o casal de Novais; JÁCOME DE BARROS DE ESCOBAR e sua m.er Maria de Azevedo de Abreu, avós de José de Barros da Silveira, da Esgueira, este, familiar do Santo Ofício em 1662; JÁCOME DE BARROS DE ESCOBAR e sua m.er Maria de Azevedo de Abreu, pais de Gregório de Barros de Azevedo, segundo a mesma fonte; mas JÁCOME DE BARROS DE ESCOBAR e sua m.er Joana Descobar, pais de Gregório de Barros de Azevedo, segundo o respectivo assento de casamento na Esgueira; JÁCOME DE BARROS, pai de Maria de Azevedo, de Gregório de Barros e de Luísa de Azevedo que apadrinham na vila de Arouca; JÁCOME DE BARROS, mor. na rua dos Currais com sua m.er Joana Descobar, pais de Luísa, 1569, Gregório 1571, António 1573 e João 1577. JÁCOME DE BARROS PEREIRA, f.º de António Escobar de Barros e de Isabel Tavares, segundo fonte mencionada (e que, a ser dos Tavares Pereira, do Ramalhal, de Castelões de Cambra, ficaria explicado o apelido Pereira em Maria de Azevedo Pereira, f.ª de JÁCOME DE BARROS, casada na QUINTA DE SÃO PEDRO, onde vai parar o mencionado casal de Novais).

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

Não é fácil destrinçar o JÁCOME de Maria de Azevedo do JÁCOME de Joana Descobar. Duas mulheres do mesmo homem? E tendo-lhe cabido Joana Descobar pelos anos seguintes ao de 1568? E Gregório de Barros e sua irmã Maria de Azevedo, filhos de JÁCOME DE BARROS, pad.s em 1587, seriam filhos do 1.º matrimónio? (Este enlace explica a passagem do casal de Novais à descendência de SÃO PEDRO). Do mesmo matrimónio teria nascido Luísa de Azevedo, f.ª de JÁCOME DE BARROS, que amadrinha em 1591? Mas Luísa fora b. em 1569, f.ª de Joana Descobar! Outra Luísa? O mesmo acontece com Gregório, que nasce de Joana Descobar em 1571! O mesmo, o licenciado Gregório de Barros que apadrinha em 1607 e 1614? O licenciado Gregório de Barros que casara na Esgueira em 1602 e pai de 1603 a 1614, f.º de JÁCOME DE BARROS DE ESCOBAR e Maria de Azevedo de Abreu. Outro? O apelido Azevedo nos filhos de Joana Descobar, bem se poderia admitir, pois não sabemos se Joana seria também uma Azevedo: Mas a hipótese nada resolve aqui, pois Gregório de Barros de Azevedo é dito expressamente filho de Maria de Azevedo de Abreu; também se poderia admitir que, onde se disse mãe, se quis dizer madrasta, mas neste caso também nada resolve pois as crianças são b. claramente ao tempo de Joana Descobar... Teria, então, tal como para as Luísas, havidos dois Gregórios, um nascido de Maria de Azevedo (1.ª m.er de JÁCOME) e outro nascido de Joana Descobar (2.ª m.er de JÁCOME)? E este último teria desaparecido logo após 1571, porque o assento seguinte, 1587, com sua irmã Maria de Azevedo, diria respeito ao outro Gregório, f.º de Maria de Azevedo? (Neste caso, não obrigatoriamente, pois a irmã podia querer dizer meia-irmã). Se tais hipótese se confirmassem – duas Luísas e dois Gregórios – teríamos encontrado uma situação interessante que, aliás, não é inédita: Crianças de dois matrimónios do mesmo pai recebem nomes de baptismo iguais.

Fernando Brito

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

De tudo isto, o que parece insolúvel é: Gregório de Barros de Azevedo passar por filho de JÁCOME DE BARROS DE ESCOBAR e sua m.er Maria de Azevedo de Abreu – segundo a familiatura para o Santo Ofício de José de Barros da Silveira, da Esgueira – e o mesmo Gregório de Barros de Azevedo ser visto por filho de JÁCOME DE BARROS DE ESCOBAR e sua m.er Joana Descobar – segundo o respectivo assento de casamento na Esgueira. Todavia, a situação também não é única, pois os filhos de um 1.º matrimónio são tidos por filhos da 2ª m.er ou, por outras palavras, a madrasta é considerada mãe carnal das crianças. Do modo exposto, se resolveria a aparente contradição das fontes...

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobar de Barros

Conclusão

Escobar e Barros teriam vindo a Arouca pelo menos uma criação atrás à da geração de João de Escovar que, segundo parece, era também Barros. Um dos presumíveis filhos de João assina-se Escobar de Barros e aparece casado com uma Barros; o ramo "de Minhãos", também Barros, produz um rebento chamado Filipa Descobar e, igualmente, o pai aparece como Pedro Descobar. Sendo assim, tais famílias, enquanto em ou de Arouca, não precisam do determinativo "de Arouca" – Escobares de Arouca, nem Barros de Arouca – pois são, simplesmente, os Escobar de Barros. A geração dos netos do mercador é já de escudeiros-fidalgos e de cavaleiros (o que vai repetir-se mais tarde no péripto de outros principais: os Tavares da QUINTA DE TERÇOSO: Francisco Tavares chegado a Arouca / seu filho Jerónimo Tavares mercador muito rico / seu neto Francisco Tavares de Pinho familiar do Santo Ofício e oficial das milícias de Arouca: AVAIENT SU, (...) S´ELEVER PEU A PEU DANS LA SOCIÉTÉ DU VILLAGE, (...) EM PASSANT PAR CETTE (...) PROFESSION DE MARCHAND. (...) DE LÁ, ON POUVAIT AVOIR ACCÉS AUX GÉNÉRATIONS SUIVANTES, AU PROFESSIONS DE JUGE, D´AVOCAT, DE PROCUREUR E DE NOTAIRE. A 4.ª geração de Escobar e de Barros – netos e sobrinhos-netos de João de Escovar – nasce a partir de 1500. Definitivamente implantados na vila, vestem aqueles títulos, contraem matrimónio com outros notáveis da região – por exemplo, com os Vieira-Teixeira – e exercem ofícios próprios de principais. Depois, os Escobar de Barros vão rareando, lentamente, e não suscitam, já, especial interesse no séc. XVII. As QUINTA DE SÃO PEDRO, QUINTA DE ROMARIZ e QUINTA DO BOCO trazem a representação por esta centúria, é verdade; contudo, porque no cadern que lhes dedico, outros troncos se impôs tratar, pareceu-me aceitável introduzir os Escobar de Barros nos Barros de Minhãos, que eram Escobar, também: o primeiro apelido de Arouca na companhia dos Teixeira, dos Mendes de Vasconcelos e dos Malafaias.

Fernando Brito

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AS DOZE PORTAS DE GERAÇÕES DE AROUCA

O mais curioso, todavia, é o completo desaparecimento deles em Arouca – ao arrepio do que acontece aos Teixeira – cumpridas sete gerações. Vejamos o destino dos nascidos em quinhentos e figurados no quadro: Jácome de Barros, além dos Barros de Azevedo em Esgueira deixou, por sua filha Maria de Azevedo, que entra na QUINTA DE SÃO PEDRO, descendência continuada de Teixeira de Quadros; por sua neta, também Maria de Azevedo, que vai para o BOCO, descendência de Teles de Meneses; Henrique Descobar foi pai de António de Escobar Vieira e avô de Ana Descobar, mas esta, pelo seu casamento com um Teles de Meneses, quase delia o apelido do Romariz; Maria Escobar de Barros sai de Arouca para viver na casa dos Tavares Pereira do Ramalhal e, naturalmente, com estes apelidos prosseguem os de Cambra; António Escobar de Barros teve duas filhas do apelido Barros ...(Uma delas, Ana, para não se confundir com Ana Descobar, de Romariz?); os própios Barros de Minhãos, após 1600 com Martim Vaz do Amaral, prosternam o velho apelido (Por uma vez, derradeira, no reconhecimento da quinta de Minhãos a Jacinto Pereira do Amaral, se recorda que Pedro de Barros dela fora 1.º foreiro). Adiantado ia o cortejo de gerações quando ressurge na pessoa de Jerónimo de Escobar, do BOCO: casou em 1661 e teve filhos, mas todos eles foram Teles de Meneses ou de Melo, de sua m.er D. Joana de Melo, da QUINTA DE ROMARIZ. Foi, assim, que os Escobar deram sete gerações e duraram 200 anos. Por fim, o apelido – um pouco bárbaro às Luzes ... –, vitimou-se nos próprios casamentos selectos que fez.

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QUINTA DE MINHÃOS II

F | [Subtítulo do documento]

As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

MOLDURA VERGÍLIO FERREIRA, Conta- corrente, 3

Trouxe de Melo um retrato da minha avó materna. O retrato da minha avó fui eu que lho tirei. Está sentada nos degraus da cozinha da casa a fazer renda. Os óculos na ponta do nariz, as saias até aos pés e um chinelo visível com a biqueira rota. Lembrome de lhe tirar este retrato. Disse-lhe: "Faça de conta que está a fazer renda, mas não se mexa". Ficou bem na sua pose de lavrar. De cabeça inclinada para o trabalho, o lenço da cabeça um pouco puxado atrás, vê-se-lhe o risco largo do pouco cabelo. Tento ouvir-lhe ainda a voz, já é difícil - há quantos anos? Cinquenta talvez. Está ainda viva ali, mas já sem voz audível na memória. Estava sol naquele dia de há 50 anos. As escadas da cozinha ainda lá estão. Ela só lá está na memória que é minha e no retrato que está ali na parede. Um dia estará só o retrato. Um dia alguém perguntará de quem é este retrato. E um dia não estará o retrato. Até que se não saberá que esteve. transcrito de Fotobiografia; Bertrand, 1993

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

QUINTA DE MINHÃOS II O topónimo Minhãos é muito antigo1 supondo-se lugar de assento de um grupo de emigrantes, ou de retornados das margens do Minho, ao tempo da Reconquista; conhecem-se, depois, vários possessores na quintana, que a herdaram, escambaram, doaram,2 acabando por cair no cabaz dos bens de raiz do mosteio de Arouca3. Nos finais de quatrocentos, o casal na Aldeia de Minhãos foi concedido de aforamento a um dos BARROS de Arouca, residente na vila, e não em Minhãos; segue-se uma filha, órfã em 1523, que veio morar aí, pois faleceu em Minhãos, em 1589; mais duas gerações – ao todo quatro – em que a última, volta, por força do seu casamento, a viver na vila, na área designada Ribeira que ficava nas margens do rio Marialva, e por lá morre em 1632. A primeira particularidade a destacar é o uso dum apelido – BARROS – e não um simples patronímico, um dos muito raros que figuram nos documentos anteriores ao séc. XVI. As gerações desses BARROS mostram outra particularidade: ou seja, a alternância dos nomes de baptismo de geração em geração – Pedro / Beatriz / Pedro / Beatriz – procedimento frequente desde os tempos pré-nacionais até aos séculos modernos, e em todo o território europeu4. A partir do séc. XVI, o apelido foi refrescado por mais dois chegados a Arouca – AMARAL e CUNHA. Ao tempo destes CUNHAS designa-se quinta e os mesmos voltam a residir em Minhãos. O matrimónio com um FONSECA (aliás PINTO DA FONSECA) não conduz à prossecução do apelido. Os padrinhos escolhidos ao longo dos tempos não exprimem qualquer constante, com certeza pelas muitas quebras de varonia, o que concede, a cada geração, 1

FERNANDES - Arouca na Idade Média Pré-Nacional, Parte I, II – Determinação de algumas «villas» do vale de Arouca. 6. Outras «villas» do vale de Arouca [Minhãos, Franca e Moção], pp. 66-67.

2

COELHO - O Mosteiro de Arouca do Século X ao Século XIII, pp. 40, 303, 329, 352 e os resumos de 7 doc.s nas pp. 377 e seguintes, especialmente.

3

Idem, fl.64 doc 67 e fl.63v doc 64, onde se vê que o Mosteiro possuía a quintana de Minhãos em 1229 e 1233.

4

Ver HIGOUNET-NADAL, Arlette - Familles Patriciennes de Périgueux a la fim du Moyen Age. Paris: C.N.R.S., 1983, um interessante e paradigmático trabalho.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

novas relações familiares. Por último, um casamento na região de Aveiro (Angeja, 1698) traz para Arouca o apelido BRITO5, que vai parar, com a Quinta de Minhãos, à Casa da Porta. O novo apelido será preferido pela PORTA, e os seus muitos filhos o virão a estender a todo o extenso vale de Arouca. Uma última particularidade a destacar é o facto do prazo de vidas se perpetuar na mesma família, desde sempre. Uma viagem moderna de Angeja para Arouca, primeiro seguindo a ria, depois sempre para norte mas fletindo ligeiramente para nascente até às terras de Cambra, e depois atravessando a serra até Chave e Roças

É provável que a caminhada tivesse sido por Albergaria e pela Bemposta, antes de afeitos à serra6.

5

Outra gente deste apelido existia por aqui desde o séc. XVI, oriunda de Lamego.

6

Ver CASTRO - Trajecto da via militar Romana, pp. 47-52, nomeadamente o traçado a pp. 48.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

A existência de uma lápide sepulcral epigrafada, na Casa do Soto, de São Salvador do Burgo7 – pedra que, embora truncada, mostra bem os apelidos DESCOBAR (aliás por duas vezes) reportados às primeiras décadas de quinhentos – leva-me a algumas reflexões complementares. 1. Maria Escobar de Barros, m.er de Aires Tavares Pereira, ela de Arouca, e ele do Ramalhal, de Cambra, figuram em vários prazos do Mosteiro, sendo o primeiro de 1537. Maria Descobar de Barros era f.ª de Pedro Escobar de Barros e de sua m.er Isabel de Barros (parentes, por certo) que teriam casado por volta de 1500 e n. por 1470. Assim, o esquema 2, que ficou muito lá para trás: §2 PEDRO ESCOBAR DE BARROS Pedro Escobar de Barros c.c. Isabel de Barros _____________________________________________________________________ I i : Maria Escobar de Barros António Escobar de Barros Guiomar Descobar c.c. Aires Tavares Pereira c.c. Isabel Tavares ___________________________________________ I I I I Sebastião Ana de Barros Catarina de Barros Jácome de Barros Úrsula Descobar c.c. Diogo Pinto ____________________________________ João, 1577 Manuel 1578 Teresa, 1580

2. Ora, uma outra MARIA DESCO[BAR] (mais qualquer coisa, a avaliar pela presumível extensão da laje) – chamemos-lhe MARIA DESCO[BAR] Beltrano –, falecida em 1532 e o marido desta, N… Fulano, falecido em 1513, parecem da mesma geração de Pedro Escobar de Barros c.c. Isabel de Barros, acima, e pais da Maria Descobar de Barros, também acima. 3. Precedendo MARIA DESCO[BAR] Beltrano – que teria casado por 1500, data embora vizinha das datas dos decessos que a sepultura ostenta – está: N... Cicrano DESCOBAR, no início da lápide epigrafada. 4. Ainda no âmbito conjectural, dir-se-á que MARIA DESCO[BAR] Beltrano seria filha ou sobrinha de João Descobar, mercador, com Caza e Eira nos limites de São 7

Peça recentemente inventariada: «Memórias da Terra», CM Arouca, 2004, p. 369.

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Salvador do Burgo, em 1496, mas já casado aquando de dois prazos, de 1473 e de 1474; João teria casado naquele ano, ou pouco antes, e n. por 1440/50, podendo ser o DESCOBAR que figura na laje em 1513 ou um irmão seu. 5. Mas não sabemos tanto! Se fosse daquele modo, MARIA DESCO[BAR] da 2ª linha, falecida em 1532, seria sua filha ou sobrinha, como atrás se disse. Vejamos então em esquema: João Descobar c.c. Maria Alvares(?) ~1440/50 Prazos, a ambos, de 1473 e de 1474 * ................................................................................................ Isabel de Barros c..c. Pedro Escobar de Barros MARIA DESCO[bar de Barros] c.c. N... ~1470/80 ~1500 + 1532 + 1513 _________________________________________________ António Descobar de Barros Maria Descobar de Barros c. a. 1535 c. Aires Tavares Pereira ~1500/10 escudeiro-fidalgo Prazo de 1537 (que partia com Ana Descobar) Prazo de 1542

* Por estes tempos, fazia-se o “casamento” de D. Afonso V com D. Joana, “a Beltraneja”. As datas mostram que os Escobares já estavam em Arouca antes da chegada de Álvaro Rodrigues de Escobar na comitiva da “Excelente Senhora”. Os genealogistas repetem que passou a Portugal “Álvaro Rodrigues de Escobar, partidário da Rainha D. Joana, a Excelente Senhora, que após a batalha de Toro [1476] se viu obrigado a exilar-se no nosso país, onde casou e deixou descendência que lhe continuou o nome, aportuguesado para Escovar” [Távora, D. Luiz de Lencastre e. Lisboa: Quetzal Editores, 1999]; mais avisado, o “Armorial Lusitano” acrescenta: “é possível que nem todos os que existem em Portugal provenham de Álvaro Rodrigues de Escobar, pois devem ter vindo mais ramos de Espanha”.

Como se percebe, os Escobares já estavam em Arouca!... ao tempo de Álvaro Rodrigues de Escobar. Todavia, seriam dos mesmos, pois aqui se repete Pedro de Escobar, como naqueles um Pedro de Escobar Coronel, de Santarém, e o Pêro Escobar, Moço fidalgo da Casa de D. Afonso V, consagrado navegador desde 1471, na costa da Guiné, e depois na companhia de Vasco da Gama, como piloto da Berrio e, ainda, em 1500, com Pedro Alvares Cabral. Não esquecer que esta família está reportada ao Romariz, de São Salvador do Burgo, desde, pelo menos, o nomeado João Descobar, mercador, em 1496, senhor dos prazos de 1473 e 1474. Daqui, o poder inferir-se que a

Fernando Brito

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lápide epigrafada, que comentei, tivesse provindo da própria paroquial de São Salvador do Burgo. (Curiosamente, anda ainda por lá, reaproveitada, uma pedra com letreiro SA DE JOÃO LUCAS: um homónimo, bem como uma irmã deste com filhos, que surgem, ele e ela, na vila, nos anos setenta de 1500).

Foto de Filomeno Silva

Que dimensão teria a pedra? Ao comprido, obviamente. Que comprimento mínimo? Será que, a dimensão total da laje nos dará a leitura da totalidade do letreiro? Proponho, temporariamente, para comprimento mínimo da laje completa qualquer coisa como 1,60 M, e, se assim, falta outro tanto do que existe. O termo da 1.ª linha em: E DE não permite conjecturar o início da mesma linha em AQUI JAZ, mas sim em: SEPULTURA (ou S.A; ou S.RA) DE……………………………....... E DE A Se déssemos por completo o nome de M DESCO[BAR], a lápide teria apenas 1,45 metros de comprido. Ora, na 1ª linha, seria de admitir que um nome curto e abreviado preenchesse o pequeno espaço disponível; todavia, já na 2ª linha, não se vê como, o respectivo espaço, pudesse albergar nome + apelido. É notoriamente insuficiente.

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f.ab

Parece, então, que devemos admitir um maior comprimento da pedra:

No desenho acima e 1ª linha, poderá conjecturar-se: S.A DE + nome de 4 maiúsculas (ou 2 a 3 máiúsculas + separador), mas já na 2.ª linha, o espaço parece exíguo para outro figurante (nome + apelido); Fernando Brito

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f.ab

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do mesmo modo, M DESCO do termo da 2.ª linha parece continuado na 3.ª linha com BAR + outro pequeno apelido, preenchendo o espaço, afigurando-se, uma vez mais, demasiado escasso. É certo que, um nome, podia ter apenas uma maiúscula e um expoente; todavia, correndo já o século XVI, julgo que o mínimo seria de 2 maiúsculas como IO ou JO (para João) ou DIº (para Diogo); quanto ao apelido, contaria um mínimo de 3 maiúsculas como nos patronímicos, FRZ, GLZ, MTZ e PIZ (Fernandes, Gonçalves, Martins e Pires). Concluo, deste modo, que seria necessário espaço para 6 maiúsculas na 2ª linha (sem contar E I 5, que completa: em 1513). Por hipótese académica, podemos ainda admitir um terceiro comprimento de 1,80 M (pelo menos), disponibilizando de modo mais credível, espaços confortáveis para: nome + apelido na 2.ª linha e, especialmente, para um segundo apelido na 3.ª linha. Simultaneamente, possibilitaria um nome ligeiramente mais comprido na 1.ª linha: nome de 5 letras + 1 ou 2 separadores. Fiquemos, pois, que a pedra media 0.58 X 1.80 (at least), hipótese desenhada acima. Ver leitura Maria Descobar. Prosseguindo nas suposições, sabe-se de Pedro de Escobar de Madureira, cavaleiro, senhor dum prazo na Aldeia de São Pedro, em 1540 (duma mesma geração de Maria Escobar de Barros, 1500/10), já então casado com Maria Freire(?), foi pai de Gonçalo de Barros. Ora, este último, Gonçalo, poderá ter sido neto de Maria Descobar [de Barros] da 2.ª linha e de seu marido (ele fal. em 1513 e ela fal. em 1532); e aquele, Pedro, seu pai, do prazo de São Pedro, é dito: filho de Gonçalo Fernandes que já o possuhia. Assim, o marido de Maria Descobar, que figuraria no início da 2.ª linha (parte da laje perdida), seria de nome Gonçalo Fernandes, grafado Go FRZ. Sabe-se, por igual, que um prazo de 1534 menciona João e André de Escobar, da vila, por certo irmãos e nascidos por 1500/10, isto é, netos do sujeito da primeira geração, no início do letreiro. Não tentarei preencher a primeira linha. Seria atrevido e delirante! Todavia – é um facto – um Revisão Abril de 2016

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dos nomes da geração dos netos de João Descobar é André Descobar que faz lembrar outros Andrés que se vão somando na estirpe de Trujillo; e a porta da muralha que a “torre” defendia é chamada “– também é um facto – a porta de Santo André”: “Defendendo la puerta de San Andrés se halla la casa fuerte de los Escobar” http://www.turismotrujillo.com/Trujillo/ciudad-ymonumentos/24-casa-fuerte-de-los-escobar Apenas, isto. Terá havido um outro André de Escobar e uma qualquer Barros (Filipa ou Isabel de Barros?), pais de Pedro Escobar de Barros e de Maria Descobar [de Barros], da geração seguinte? Reformulando o esquema acima, seria assim:

João Descobar c.c. Maria Alvares(?) [André Descobar c.c. Filipa ou Isabel de Barros] ~1440/50 Prazos, a ambos, de 1473 e de 1474 ______________________________I : : Isabel de Barros c.c. Pedro Escobar de Barros MARIA DESCO[bar de Barros] c.c. [Go Frs] ~1470/80 ou Escobar ou Fernandes + 1532 + 1513 ________________________________ ____________________________________ António Descobar Maria Descobar P.º de Escobar João e André de Escobar * ~1500/10 de Barros de Barros de Madureira Prazo de 1534 escudeiro-fidalgo c. a. de 1535 c I Aires Tav.s P.ra G.º de Barros

A negro, os nomes que pretendo evidenciar; entre parêntesis rectos, as suposições

Finalizando, sugiro uma possível leitura do letreiro completo: letras e espaços

SA

SA

DE : ANDRÉ DESCOBAR : E DE

Go FRZ :Ê I5I3 E DE M :DESCO BAR DE BR

S

DE : ANDRE

Go FRZ : E 15

SUA MOLhR :Ê I532

BAR DE BR

S

= 12 = 11 = 10

Ver leitura Maria Descobar. [André de Escobar] era da mesma idade de Pêro Escobar, moço-fidalgo de D. Afonso V, presente na costa da Guiné em 1471 e na armada de Pedro Alvares Cabral em 1500.

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O interesse desta hipótese de trabalho tem pouco a ver com a leitura, em si, da laje epigrafada, mas “resolve” admiravelmente uma situação difícil que acompanhava Pedro de Barros, “de Minhãos” (aliás, da vila) – com quem vamos entrar nesta QUINTA DE MINHÃOS –, também dito Pedro de Escobar, casado com Isabel Fernandes, também dita Isabel de Escobar, e pai de Beatriz e Filipa, órfãs em 1523.

Modo de conciliar o aparentemente inconciliável: Pedro de Barros, casado com Isabel Fernandes; Pedro de Barros, casado com Isabel de Escobar (sic); Pedro de Escobar (sic), casado com Isabel Fernandes; Pedro Escobar de Barros, casado com Isabel de Barros (sic); Beatriz de Barros, orfã em 1523, prazo do casal de Minhãos – que fora de seu pai Pedro de Barros, da vila – para si e mantença de sua irmãzita Filipa enquanto não fosse casada; Beatriz de Barros, solteira em 1543, filha que ficou de Pedro de Escobar (sic); Filipa de Escobar, em 1529, moça orfã, filha que foi de Pedro de Barros e de Isabel Fernandes, mor.s na villa;

Pedro de Barros ou Pedro de Escobar, teria sido Pedro Escobar de Barros casado com Isabel de Barros e pai também de Maria Escobar de Barros (que viria a ser m.er de Aires Tavares Pereira) e de António Escobar de Barros (escudeiro-fidalgo)? É possível considerarmos Pedro Escobar de Barros distinto de Pedro Escobar ou de Barros? Se assim fosse, estranharíamos a falta de determinativo (como nas gerações seguintes: “de Madureira” e “de Miranda”, “o Velho” e “o Novo”). Além disso, teríamos de colocar, na geração de João de Escobar, mercador, mais dois irmãos Escobar casados com duas Barros – convenhamos que, Revisão Abril de 2016

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um pouco forçado! – pais, um dos casais, de Pedro Escobar de Barros e o outro dos casais, de Pedro Escobar ou de Barros! Aliás, dois Escobares são suficientes (João de Escobar e um outro do mesmo apelido) como gerarcas das figuras subsequentes. Portanto, não me perece deste modo.

Pedro de Barros – pai de Beatriz de Barros e de Filipa de Escobar – também se chamava Pedro de Escobar. Isto é irrefutável. Mais: Pedro Escobar de Barros – nome completo do pai de Maria Escobar de Barros e de António Escobar de Barros – é de supor coincidir com “o outro”. Quero dizer que Pedro de Escobar, nascido na geração de 1470/80, é um só, ora chamado Pedro Escobar, ora Pedro de Barros, ora Pedro Escobar de Barros. Acresce que uma das fontes de informação – os processos para familiar do Santo Ofício – difere normalmente dos paroquiais no modo do tratamento dos nomes das figuras, pois naquela são mais completos que nesta. O Santo Ofício informa sobre Pedro Escobar de Barros; os paroquiais informam sobre Pedro de Barros e Pedro de Escobar. Todavia, os nomes das duas mulheres, Isabel Fernandes ou de Escobar e Isabel de Barros, são duas? Correspondem a dois matrimónios de Pedro Escobar? Também não parece, pois mantinham-se vivas muitos anos depois do falecimento do marido. Teremos de aceitar tratar-se da mesma mulher, bastante mais nova que Pedro Escobar, ora Fernandes, ora Escobar, ora de Barros. Desconhecemos os anos de nascimento das crianças quer “de São Pedro” (Maria e António), quer “de Minhãos” (Beatriz e Filipa), mas podiam ter nascido entre 1495 e 1523 (datas do matrimónio e do falecimento de Pedro de Escobar). Ou seja, a mãe Isabel Fernandes, Escobar ou de Barros teria ficado viúva pelos seus 28 ou 30 anos, coisa perfeitamente possível. (Isabel de Barros vivia em 1540, e em 1551 com alguns 56 anos, afastada 28 anos do falecimento de seu marido) e ainda em 1575, Isabel de Escobar, vª de Pedro de Barros (já com alguns 80 anos). Se foi assim, tivemos Pedro Escobar de Barros, ou Pedro Escobar ou de Barros, casado com Isabel Fernandes, Escobar ou de Barros. Isabel Fernandes, Escobar ou de Barros não sabemos quem fosse. Filha de algum Fernandes e de alguma Fernando Brito

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Escobar de Barros? Teria sido f.ª da epigrafada Maria Descobar [de Barros] e de seu marido [Gonçalo Fernandes]..., e sobrinha, portanto, de seu marido? É o que parece!

O tronco que vai iniciar MINHÃOS é de Escobares de Barros.

Venha Pedro de Escobar! – que é da idade de PEDRO DE BARROS – e nos conduza no tempo ao som dos acordes de seus villancicos…

Ou, mais solenemente, com o magnífico Requiem aeternam, que também é dele, Pedro de Escobar, composto pela morte de Isabel, a Católica (1474-1507), rainha, da idade de PEDRO DE BARROS I, que principia MINHÃOS.

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1. PEDRO DE BARROS I, foreiro do Cazal da Aldea de Minhãos da Freg. de Santa Ovaya (Eulália), terá nascido por 1470 e foi pai de Beatriz e de Filipa; foi avô de Pedro de Barros II; foi bisavô de Beatriz de Barros II: família que se manterá por gerações sucessivas no mesmo Minhãos. Arvorada em Quinta, virão outros do mesmo sangue colher-lhe os frutos, até ao reverendo Jacinto Soares de Brito, da CASA DA PORTA; mas já antes, esta porta abrira a de Minhãos, e ambas cultivaram laços de família que a proximidade geográfica consolidou. O aforamento da mesma propriedade consecutivamente renovado nos descendentes do primeiro enfiteuta, é situação corrente nos prazos concedidos pelo Mosteiro de Arouca. O casal de Minhãos fora de PEDRO DE BARROS, pai de Beatriz, órfã em 1523. A esta Beatriz de Barros o Mosteiro outorga o referido casal por Pz. de três vidas, sendo ela a 1.ª vida; sabe-se de um filho desta última, outro Pedro de Barros e de sua m.er chamada Helena da Cunha que terão sido as 2.ª e 3.ª vidas do mesmo prazo. Verdade é que, ainda o mesmo, será renovado por mais uma vez, em 1623, na pessoa da neta de Beatriz I, outra Beatriz de Barros, então viúva de Martim Vaz do Amaral; a 2.ª vida, falecido Martim Vaz antes de sua m.er, teria passado a caber à filha destes, Maria do Amaral de Minhãos, casada com Domingos da Fonseca: Esta teria nomeado para 3.ª vida sua filha Francisca da Cunha; sabe-se, com efeito, que Francisca da Cunha fez testamento a favor de seu filho Jacinto: mas o prazo andava extinto e, em consequência disso, o Mosteiro manda fazer o reconhecimento das propriedades em 1707. Renova-se o emprazamento no início de 1708: Jacinto preenche a 1.ª vida e sua m.er Serafina Soares de Brito, a 2.ª vida, vindo o casal, depois, a fazer dele dote a uma filha, Joana, para casar com Manuel José Teixeira, da CASA DA PORTA. Efectivamente, Joana Maria do Amaral, já então casada, é 3.ª vida do prazo de Minhãos. Mais uma vez extinto, vê-se pelos livros de cobrança de foros do Mosteiro quem passou a cumpri-lo perante as freiras: António Teixeira, f.º de Joana Maria, e sua m.er Paula Barbosa, radicados em Minhãos; seguem-se, por sua vez, dois filhos deles, primeiro Joaquim, a quem caberia a quinta que he de prazo em tercejra vida, e que depois faleceu (1798); e logo sua irmã – Maria Barbosa – casada Fernando Brito

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com um f.º do primeiro marido de Anterronde. Mais tarde, o P.e Jacinto Soares de Brito da Porta (que era neto de Joana Maria do Amaral) declara, no seu testamento de 1837, que recebera uma quinta de sua prima Maria Barbosa, de Minhãos: Efectivamente, consta o prazo de Minhãos renovado ao P.e Jacinto, da Porta, logo em 1809. Falecido em 1837, com 66 anos feitos, e deixando Minhãos a seu irmão Caetano, assistira ao desmantelar do velho senhorio das freiras, mas os foros virão a ser, embora, só definitivamente extintos lá pelos últimos anos do século. Em suma, quase quatrocentos anos de vidas do mesmo aforamento de Minhãos, a partir, pelo menos, do velho PEDRO DE BARROS. Não é líquido dizer-se quem é PEDRO DE BARROS: O apelido BARROS anda enlaçado com o de ESCOVAR à data dos primeiros assentos paroquiais da vila de Arouca, e, antes desta, no acervo dos prazos do Mosteiro. João de Escovar, mercador, com casas nos limites de São Salvador do Burgo – quiçá em Romariz, lugar de referência a Ana de Escobar e seu f.º Henrique de Escobar, do Romariz; e também a outros, os Escobar de Barros – era vivo aquando da demarcação das pertenças daquela igreja, em 1496, e parece caber-lhe a geração dos nados por 1440. Da geração seguinte, constam dois homónimos, ou quase homónimos – PEDRO DE BARROS e Pedro Escobar de Barros – ambos moradores na vila e com geração que será a dos nascidos por 1500. Um daqueles vem mencionado nas resenhas nobiliárquicas que respeitam aos Tavares, de Castelões de Cambra: Pedro Escobar de Barros c.c. Isabel de Barros, pais, entre outros, de Maria Escobar de Barros, natural de Arouca, dos bons escovares e barros deste reino, que viria a casar com Aires Tavares Pereira, senhor do Ramalhal, de Castelões de Cambra, e também, por sua m.er, proprietário no Romariz, de Arouca, como se viu n´ OS ESCOBAR DE BARROS. Outro PEDRO DE BARROS – o tal que teve o casal de Minhãos – foi também mor. na vila e deixará órfãs e menores, em 1523, uma filha Beatriz e outra de nome Filipa, ainda muito pequena. Morrera, pois, antes de 1523. Mas, um outro prazo, desta feita, de 1529, em Melareses (Salvador)8, é concedido a Filipa Descobar, moça órfã de PEDRO DE BARROS e de sua m.er Isabel 8

PRAZOS, livro 4, fl. 78.

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Fernandes. O mesmo PEDRO DE BARROS? Ainda um outro prazo a Beatriz de Barros – desta vila, m.er solteira f.ª q. ficou de Pedro Descobar – agora, de um casal em Cancelo e de um campo em Sub Ribas9. Julgo que Pedro de Barros casado c. Isabel Fernandes é o mesmo Pedro Escobar de Barros casado c. Isabel de Barros (primeiro, c.c. Isabel de Barros e depois c.c. Isabel Fernandes?), pai (em 2.º matrimónio) de Filipa Descobar que se diz órfã em 1529, o PEDRO DE BARROS da vila que detinha o casal de Minhãos – mas lá não residia – pai de Beatriz de Barros e daquela sua irmazita Filipa. Seja deste modo, ou de outro ligeiramente diferente, teremos mais BARROS nos ESCOBAR, onde se vê descendentes imediatos seus designados, simplesmente, por BARROS; e, ao invés, mais ESCOBAR nos BARROS10. De PEDRO DE BARROS, da vila, senhor do prazo de Minhãos, foi sua m.er ISABEL FERNANDES11. Filhos: 2. BEATRIZ DE BARROS, que segue; 2. Filipa Descobar moça orfã em 1529, f.ª que foi de Pedro de Barros e de Isabel Fernandes mor.s na vila, alcança um prazo em Melareses a 7 de Setembro deste ano12. 2. BEATRIZ DE BARROS I, órfã em 1523, era f.ª de Pedro de Barros, mor. na vila, que tivera o casal de Minhãos na freg. de Santa Eulália do vale de Arouca. Aos 23 de Julho daquele ano, o Mosteiro concede-lhe prazo do mesmo casal pelo foro de 300 reais brancos em 1.ª vida e de 400 reais nas 2.ª e 3.ª vidas seguintes, na condição de servir também ao sustento [mantença] de sua irmazita Filipa, enquanto Beatriz não fosse casada13. Em 1523, era então Beatriz órfã de seu pai Pedro de Barros, e era menor [moça 9

PRAZOS, livro 6, fls. 105 e 107.

10

Atrás deixei hipótese mas corajosa (ou situação documentada?): a de Pedro de Barros ou de Escobar coincidir com Pedro Escobar de Barros; e, Isabel Fernandes ou de Escobar, coincidir com Isabel de Barros.

11

Esta Isabel Fernandes encaixa bem como f.ª de Maria Descobar [de Barros] e de seu marido [Gonçalo Fernandes] – que vimos noutro ponto –, embora pertença a uma geração posterior à de Pedro de Barros, de Minhãos. Sua sobrinha e segunda m.er, pelos vistos.

12

PRAZOS, livro 4, fl 78

13

PRAZOS, Lº 9, fl. 160v.º - em que ficou o Prazo de Bratyz orfã fª q foy de Pedro de Barros desta Villa do casal de Minhãos, a 23 Julho 1523.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

órfã], e por isso se nomeara tutor [seu tio] Jorge de Pinho14, parecendo ter nascido depois de 1500. [A mesma] Beatriz, desta vila solt.ª f.ª que ficou de Pedro Descobar, obtém um casal no Burgo e ainda outro, também no Burgo, ambos em 154315. Faleceu em Minhãos a 8.14.1589 – a primeira, da estirpe, que aqui veio morar – tendo por testamenteiro seu f.º Pedro de Barros II16. Desconheço com quem casou. Filho, por certo, nascido em Minhãos: 3. PEDRO DE BARROS II, que segue. 3. PEDRO DE BARROS II, servindo de testemunha de matrimónio em 158517, e já, então, casado, fora padrinho de baptismo em 1582, dito de Minhãos18 e, outra vez, no ano seguinte, em Urrô19; em 1586, apadrinha um matrimónio na companhia de sua m.er HELENA DA CUNHA, também em Urrô; em 1589, é testamenteiro de sua mãe Beatriz; era ainda casado em 159220; logo no seguinte, volta a servir de padrinho em Urrô, e, em 1598, realiza-se o casamento da f.ª do caseiro de Pedro de Barros de Minhãos21. Morre em Minhãos em 11.02.1599 e sua m.er, HELENA DA CUNHA, em 26 de Junho do mesmo ano22. Filha: 4. BEATRIZ DE BARROS, que prossegue: 4. BEATRIZ DE BARROS II foi 2.ª m.er, em 1600, de MARTIM VAZ DO AMARAL23 que se diz escrivão dos orfãos em 1603 14

Ver, atrás, § Pedro de Barros, esquema 3; igualmente, QUINTA DA LAMEIRA, introdução aos Pinho, de Arouca; igualmente, atrás, § Pedro de Barros.

15

PRAZOS, livro 6, fls 105 e 107.

16

SANTA EULÁLIA, livro 1 M. 1602-1636;1578-1635; 1564-1632.

17

SANTA EULÁLIA, livro 1, cit.

18

VILA, livro 1 B. 1581-1596.

19

URRÔ, livro 1 M 1564-1642, 1576-1639, 1564-1596.

20

URRÔ, cit., onde se vê Helena da Cunha, m.er de Pedro de Barros, mad. nesta freg. e ano.

21

SANTA EULÁLIA, livro 1, cit.

22

Idem, ibidem.

23

Idem ibidem.

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e em 1611 e, naquele ano, Escrivão da villa e termo de Arouca e era já falecido em 162224. Teria sido, anos pretéritos, o MARTIM VAZ DO AMARAL Tab. da escritura da Quintã do Aro, em 159225, e Tabelião do Público Judicial e Notas em a Vila de Arouca, em 1597 e 1599. No Livro Antigo da vila (1565-1580)26, não consta tal personagem, mas sim no livro 1 que se inicia com assentos de 1581: Só então, e nos adiantados de 1593, aparece pela primeira vez, na qualidade de padrinho; igual, no ano seguinte; também naquele mesmo ano, então casado em primeiras núpcias com Maria de Almeida, é b. Maria, f.ª de ambos, escolhendo para pad. seu irmão Domingos Rebelo; em 1595, nasce Isabel, também sua filha, e, em 1603, é madrinha a mesma Isabel, f.ª de Martim Vaz Escrivão; pad. em 1604; em 1611, é mad. uma filha de MARTIM VAZ DO AMARAL, e o próprio neste ano; em 1617, apresenta-se Catarina Rebelo, filha de MARTIM VAZ DO AMARAL, mad. de um neófito. Entretanto, a 20.05.1600, anotara-se o casamento de MARTIM VAZ DO AMARAL com BEATRIZ DE BARROS, de Minhãos, testemunhando o enlace, João Roiz Carvalho27; ao matrimónio sucedem-se os registos de baptismo de 5 filhos, em 1601, 1602, 1603, 1605 e 1607. Já dos 28.09.1601 guarda-se um prazo feito a MARTIM VAZ DO AMARAL, morador na vila, de duas propriedades sitas nesta vila e seu limite28, provavelmente os bens de que virá a ser herdeira sua viúva, conforme se diz no primeiro de Março de 162229. Em 1602, nasceu Feliciano, f.º de Martim Vaz do Amaral e sua m.er Beatriz de Barros, af.º de Bernardo Pereira, f.º do licenciado Manuel Moreira, e de Filipa Mendes, m.er de Martim Correia. Seguiu-se Paulo, 1603, af.º do Dr. Amador Ribeiro e sua f.ª Jerónima Ribeira. No mesmo de 1603, a 11 de Julho, é madrinha Biatriz de Barros m.er de Martim Vaz escrivão desta villa e termo. Voltamos a encontrá-lo no livro 2 (1603 a 1640); logo em 1603, é madrinha Isabel, f.ª [do 1.º C.] de Martim Vas 24

Faleceu em 1621, como se verá adiante.

25

BRITO - A Casa do Aro em Arouca.

26

Não está incorporado no ADA e ainda se encontra no ACEL, bem como uns cadernos mais, atrás referenciados.

27

SANTA EULÁLIA, livro 1, cit.

28

PRAZOS, Livro Índice Geral dos Prazos da Freg. de Santa Eulália, livro 10, fl. 459.

29

Idem, da Freg.ª da Vila, que inventaria o livro 18 [III, 1ªD, 13, 2, 16], fl. 223.

Fernando Brito

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escrivão. (Adiante vem Ana, f.ª de Martim Vaz e de sua m.er Ana Francisco, mor.s em Friães, Moldes: obviamente, outro, que talvez fosse mais um dos nascidos de Martim Vaz do Amaral – ou melhor, seu sobrinho –, a reencontrar com descendência, adiante). Apadrinha em 1604. Em 1605, nasceu a segunda Maria (f.ª do 2.º X), af.ª do licenciado Domingos Brandão (Ver CASA GRANDE DOS MALAFAIAS), e, em 1607(?), Francisco, af.º de António Descobar Vieira e Antónia de Beça (a ver em QUINTA DE ROMARIZ). Toda a “principalidade” da vila acorre ao B. de seus filhos, nomeadamente os letrados em Arouca. Em 1611 Maria, f.ª de Martim Vaz do Amaral, amadrina também em São Bartolomeu e o próprio neste mesmo ano (mas também Martim Vaz, de Friães, que faz baptizar sua f.ª Maria, af.ª de M.el seu irmã e M.ª dias m.er de M.el). Apadrinha em 1614 e 1615. (Neste, foi b. Jerónima, f.ª de Martim Vaz, de Friães). Voltara pois com notícia em 1614 e 1615, apadrinhando dois neófitos da vila, um deles f.º de Gaspar de Pina e outro, de Jerónimo Teixeira; em 1617, Martim Vaz do Amaral da vila do Mosteiro, apadrinha outro de Urrô e, no mesmo ano, na vila, com hua sua filha; e também Cat.na Rabello, f.ª [do 1.º C.] de Martim Vas, onde mais uma vez se mostra que Vaz do Amaral era também Rebelo. (Em 1618, b. Catarina, f.ª de Martim Vaz e sua m.er Ana Francisco, mor.s no lugar de Friães). Também em 1618, desta feita acompanhado de sua f.ª Maria do Amaral, e talvez ainda a 9.08.1620, com uma filha cujo nome se omite. Feliciano Rabello apadrinha em 1619; o mesmo, em 1628, testemunhará o C. de [sua sobrinha] Maria do Amaral de Almeida. Chega a vez de outra, Isabel, que amadrinha em 14.04.1621; e, sozinho, no mesmo ano. Depois, no 8.12.1621, outro diferente Martim Vaz, pois já era falecido nesta data. Em 1622, como vimos, diz-se BEATRIZ DE BARROS herdeira de seu marido MARTIM VAZ DO AMARAL. Tinha falecido, efectivamente, aos 13.11.1621, deixando por testamenteiros sua m.er e seu genro Francisco Novais30. Certificara, em 12 de Novembro Era de 1597, um tratado da história do Mosteiro e da sua Padroeira31 e é dele, também, uma escritura lavrada aos 7.01.1599, precisamente o acto da fundação de capela 30

VILA, livro 20 O. 1613-1690.

31

Memórias para a Vida de Beata Mafalda, p. 144.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

de João Roiz Carvalho32, personagem que logo depois viria a ser padrinho do seu casamento em MINHÃOS33. Antes de ambas as datas, é o Tab. de escritura da Quintã do Aro, em 1592, como mencionado. Parece poder concluir-se, pela análise dos livros, que surge na vila só em 1592, provavelmente recém-casado com Maria de Almeida. Não fora a existência de irmãos, também radicados em Arouca, dir-se-ía chegado à vila por força da nomeação para tabelião. Deixando de aparecer com a referida sua m.er34, assistimos em 1600 ao casamento em Santa Eulália com BEATRIZ DE BARROS e ao baptismo de seus filhos nos anos subsequentes: nascidos, porém, na vila e aí continuados a residir, como o declara o próprio MARTIM VAZ no assento de 1617 e ainda noutro de 1621; entretanto, obtivera o ofício de escrivão dos orfãos, qualidade em que está já empossado em 1603, até que morre no ano de 1621: Parece que todas as crianças, quer do 1.º, quer do 2.º matrimónio, viveram consigo na vila, na Ribeira da vila de Arouca. Deste modo, e muito embora no casamento de 20.05.1600 não se decline viúvo, nem BEATRIZ DE BARROS se diga sua 2.ª m.er, nada indicia que de duas personalidades distintas se tivesse tratado, já que os assentos não lhe atribuem qualquer diferença ou determinativo em qualquer dos registos de 1592 a 1621. Era irmão – muito provavelmente: a avaliar pelos nomes e pelos apelidos – de Isabel do Amaral, mad. em 1581 (14.04) de uma sobrinha, também Isabel, f.ª de Maria do Amaral e de Paulo de Magalhães; ambas irmãs de Feliciano Rebelo, pad. também da recém-nascida Isabel: todos irmãos, portanto, de MARTIM VAZ DO AMARAL, e este igualmente irmão declarado de Domingos Rebelo, pad. de sua sobrinha Maria, em 1593, abaixo. 32

IAN-TT, Cabido e Sé de Lamego, livro 34, fls. 255-256v, cortesia de P.e António Vaz Pinto, S.J..

33

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS. Igualmente, a revista Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. XVII, pp. 298299, documenta um outro exactamente do mesmo nome e também tabelião público do judicial e notas em a vila de Arouca que lançou em 1476 um traslado de privilégios do Mosteiro; ver ainda PRAZOS, livro 1, fl. 29, onde igualmente figura; como também PRAZOS, livro 9, fl. 397, Martim Vaz e sua m.er, em 1481, foram senhores de um prazo, cuja respectiva escritura veio a ser queimada por tinta trespassada.

34

VILA, livro 20, cit.. O primeiro assento de óbito na vila de Arouca é daquele ano.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

Brasão de Gil de Rebelo Cardoso – Rebelos e Cardosos – cf. atrás, nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS. O brasão foi desenhado para os apelidos Rebelo e Cardoso, mencionados por Baena35.

35

O original da carta de brasão de armas, idêntica às suas congéneres, conserva-se em casa de descendentes de Gil de Rebelo do Amaral.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

Dando por adquirido o que deixei em ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS, reproduzo aqui, em caixa, a provável relação de Martim Vaz do Amaral com os Rebelos Cardozos, de Vouzela (antes: de Lamego), e com os Leites, do Porto, ambos, entretanto, em Castelões de Cambra.

Utilizo o esquema recentemente saído em "Cadernos Barão de Arêde" (N.º 4).

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

Foram filhos do matrimónio com Maria de Almeida, obviamente nascidos na vila: 5. João de Almeida, f.º de Martim Vaz do Amaral, falecido em 11.09.161536; 5. Maria, b. a 4.04.1593, af.ª de seu tio Domingos Rebelo, ou Maria f.ª de Martim Vaz crismada em 159637; parece tratar-se de Maria do Amaral c.c. Francisco Novais Mascarenhas, pois este foi testamenteiro de seu sogro Martim Vaz do Amaral, como vimos atrás. Ambos, pais de Martinho, b. a 11.07.1621. Com o nome de Maria do 36

VILA, livro 20, cit. Este João de Almeida será o escrivão das contendas da Casa do Aro.

37

VILA, livro 16 C. 1619-1670, primeiras folhas de Rol dos Crismados.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

Amaral de Almeida voltou a casar com gente de Arouca: seu primo coirmão Paulo de Magalhães Pereira II, em 2.01.162838, f.º de outro Paulo de Magalhães e de outra Maria do Amaral, sua tia39; 5. Isabel, b. a 2.04.1595, af.ª de Diogo Pinto [que estava casado com Úrsula de Escobar40] e de Maria Correia f.ª de Martim Correia [de Vasconcelos]41; comparece designada f.ª de Martim Vaz Escrivão, como mad. em 1603, e volta a amadrinhar em 1621; 5. Catarina Rebelo, mad. em 1617 (onde se vê, uma vez mais, que o apelido Rebelo cabia a Martim Vaz do Amaral; e a aproxima de uma outra Catarina Rebelo em 1614, estava em Vouzela, cc Manuel Girão); (5). Domingos do Amaral que foi pai de outra 6. Maria do Amaral e esta obteve, a 4.06.1653, Carta de Juiz dos Orfãos de Arouca, para se verificar em Francisco Vaz, que casou com a agraciada42; (6). o P.e Manuel do Amaral de Minhãos primo de Francisca da Cunha; apadrinhou Pedro f.º de Pedro Soares Teles, da Porta, em 1671, e oficiou o casamento de sua prima Francisca da Cunha, em 1680.

De BEATRIZ DE BARROS, de Minhãos, e de seu marido MARTIM VAZ DO AMARAL, constam cinco filhos nascidos 38

SÃO CRISTÓVÃO DE NOGUEIRA, Cinfães, livro C. 1653-1684, casados em a vila de Arouca.

39

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os MAGALHÃES PEREIRAS.

40 41

F.ª de Guiomar Descobar ou de Barros, atrás. Ver CASAS DE RONDE IIB introdução aos Correia, de Arouca.

42

IAN-TT - Registo Geral de Mercês, livro 19, fl. 409. Mão amiga trouxeme a mencionada informação. Domingos do Amaral, embora não identificado, possue o mesmo nome (Domingos) de [seu tio] Domingos Rebelo e o mesmo apelido (Amaral) de [seu pai] Martim Vaz; este, aliás, também oficial dos orfãos (escrivão, 1603-1621). Ver QUINTA DA LAMEIRA introdução aos Pinho de Arouca, Outros Pinhos do Burgo; igualmente, CASAS DE RONDE IIB introdução aos Aranha, de Arouca: para Francisco Vaz ou Francisco Vaz Aranha, escudeiro por alvará de 1647, f.º de Sebastião Vaz de Miranda.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

na Ribeira43 da vila de Arouca; e ainda, logo após o falecimento de Martim Vaz, escassos dois meses decorridos, conta-se, em 9.01.1622, a perda de um menino f.º de Beatriz de Barros da Ribeira: 5. Luísa, b. a 4.03.1601, af.ª de Jácome de Barros e sua f.ª Maria de Azevedo [esta, pouco depois, m.er de Jerónimo Teixeira de Quadros, da QUINTA DE SÃO PEDRO]; 5. Feliciano, b. a 27.03.1602, af.º de Bernardo Pereira f.º do licenciado Manuel Moreira44, e de Filipa Mendes, m.er de Martim Correia [de Vasconcelos]45; aparece na qualidade de pad. em 18.11.1619; 5. Paulo, b. a 21.12.1603, af.º do Dr. Amador Ribeiro e de sua f.ª Jerónima Ribeira; 5. Maria que foi b. em Janeiro de 1606 e af.ª do licenciado Domingos Brandão46; mad. em 1618, juntamente com seu pai Martim Vaz do Amaral, de um neófito de Urrô; MARIA DO AMARAL, que segue; mad. em 30.06.1624 – Maria f.ª de Brites de Barros de Minhãos – de uma criança de Santa Eulália; 5. Francisco, b. a 9.11.1607, af.º de António Descobar Vieira e de Antónia de Beça47 – sem dúvida o P.e Francisco Rebelo da Cunha, vigário de Souselas desde 2.07.164748, que precede neste múnus seu sobrinho, abaixo, o P.e Manuel do Amaral e Cunha.

43

BRANDÃO; LOUREIRO - Arouca. Notas Monográficas, p. 65, onde se pode ver que Ribeira era o lugar servido pela ponte "de pé e de pau" sobre o rio que passava também na Lavandeira com uma ponte idêntica, além de outras mais: aquela, estava no sítio "hindo para a Ribeira sita ao direito da cadeia desta villa".

44

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os PEREIRAS.

45

Acima identificado.

46

Fls. 124v. Ver CASA GRANDE DOS MALAFAIAS.

47

Vejam-se, estes, aqui e QUINTA DE ROMARIZ.

48

SOUSELAS, Coimbra.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

BEATRIZ DE BARROS de Minhãos falece a 18.01.1632, moradora na Ribeira da vila de Arouca49. O apelido BARROS também acaba, pelo menos em Minhãos, apesar de [Maria Escobar de Barros50] vir de gente fidalga dos bons escovares e barros deste reino51.

esquema 8

Pedro de Barros I I falecido a.1523, na vila I foreiro do casal da Aldeia de Minhãos Beatriz de Barros I I falecida 1589, em Minhãos Pedro de Barros II c.c. Helena da Cunha I falecidos em 1599, em Minhãos Martim Vaz do Amaral c. 2.ª vez em 1600 c. Beatriz de Barros II + 1621 + 1632, moradora na Ribeira _____________________________________________________________________ I I I I I I Luísa Feliciano Paulo MARIA P.e Francisco Rebelo da Cunha um menino 1601 1602 1603 1605 1607; vigário de Souselas em 1647 + 1622 f.º de Beatriz MARIA DO AMARAL de Barros que segue: da Ribeira

esquema 9 MARIA DO AMARAL solteira em 1632 test.ª de sua mãe Beatriz de Barros c. ~ 1635 c. Domingos da Fonseca mor.s em Minhãos ou MARIA LEITE, do Carvalho, no nascimento do primogénito _______________________________________________ I I I Cecília, 1635(?) P.e Manuel do Amaral e Cunha FRANCISCA DA CUNHA n. no lugar vigário de Souselas, 1673 Sra. da quinta de Minhãos do Carvalho c. 1680 c. António P.ra Mendes, + 1695 ela, + 1697 ___________________________________________ I I JACINTO PEREIRA DO AMARAL E CUNHA rev. licenciado Bernardo do Amaral e Cunha sr. da quinta de Minhãos vigário de Souselas, 1713 a 1740 c. 1698 c. Serafina Soares de Brito

49 50

VILA, livro 20, cit.. Ver neste caderno, introdução aos Escobar de Barros.

51

IAN-TT - Habilitações do Santo Ofício, Dr. Miguel Soares Pereira, Maço 1, Dil. 2.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

5. MARIA DO AMARAL é sem dúvida a criança b. em 1605. No registo de óbito de Beatriz de Barros, diz-se que esta nomeara sua f.ª por testamenteira: por certo, MARIA DO AMARAL, o que parece significar que seria esta filha a única em casa com a velha mãe, e ainda solteira em 1632. Fora mad., em 1618, juntamente com seu pai Martim Vaz do Amaral, de um neófito de Urro e em 1624 em Santa Eulália, atrás; virá a casar, entre 1633 e 163752, com DOMINGOS DA FONSECA, nat. de Roças53; pad. em 1638, diz-se morador em Minhãos54. DOMINGOS, sem grandes dúvidas, era um FONSECA VARELA, mor. no Carvalho (Santa Eulália) aquando do nascimento do primeiro f.º (Cecília) – dos velhos VARELAS da quintã do Carvalho, bem como dos FONSECAS, PINTOS DA FONSECA e PINTOS DE CARVALHO, do Carvalho (Carvalho d´Algar) – e no mencionado Carvalho falecera aos 7.08.1608 [sua mãe] Catarina Varella do Carvalho, com testamento a seu marido, Diogo Pinto [de Carvalho] e onde também falecera Maria Varella do Carvalho, solteira em 1612; MARIA DO AMARAL e seu filho o P.e Manuel do Amaral (abaixo), mor.s na quinta de Minhãos, foram testemunhas do casamento de D. Maria do Amaral com Henrique Teles de Melo, do Romariz, aos 17.04.166255. Como ela, MARIA DO AMARAL, fora tambem testemunha do C de José João c Isabel Fernandes, de Vinhas, em 1661.

52

Conserva-se, na parede sul da casa da Quinta de Minhãos, uma pedra datada de 1637, ano pouco adiante ao do matrimónio de MARIA DO AMARAL com DOMINGOS DA FONSECA: Estes, os avós do reverendo licenciado Bernardo do Amaral e Cunha, infra, segundo as respectivas Diligências para Ordens Menores.

53

Não consta o registo de casamento em SANTA EULÁLIA, não existem registos de casamento de ROSSAS e os BB. começam em 1678: Daí, o recurso às diligências do P.e João Bernardo, adiante. Ver QUINTA DA LAMEIRA, para Domingos da Fonseca; igualmente, ABERTURA nomes e sobrenomes, Os FONSECAS VARELAS.

54

Pad. de Isabel f.ª de Maria Furtada moradora na Praça, QUINTA DO BOCO, onde está.

55

Ver QUINTA DE ROMARIZ.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

Foto de Pedro Avelar

Pedra datada, inserida em um paramento da casa, testemunha do enlace de Domingos da Fonseca e Maria Leite

esquema 9A – Os Varelas e Os Fonseca Varelas André Varela, escº, mor. em Roças - L.º 3. fl. 260 p.zo da Quintã do Carvalho : Isabel Godinha [I] c.c. Pedro Varela de Roças ________________________________________________________ I I : : Uma filha Antónia Godinha Mª Varela Catarina Varela c.c. Diogo Pinto [da Fonseca] * mor. na Sinja, de Roças + solt.a 1612 mor.s em Roças?; depois, mor.s no Carvalho + 7.08.1608 __________________________ _________________________ I I I I I I I Isabel Godinha [II] Catarina António c. 1613 c. Is. de Pinho Is. de Pinho c.c. António Catarina Luís da DOMINGOS c.c. Nicolau Vieira solt.ª em Varela Fons.ª da Fons.ª Fons.ª DA FONSECA de Sela, mors. em 1606 mors. em Lourosa de Matos da LAMEIRA de Roças Varela de Roças Nogueiró (Urrô) I I c. e mor c. e mor. I I no ROMARIZ em MINHÃOS _________________________ I _________________________ I____ ______________ : Pedro, 1612 Isabel, 1617 An.to Luís Maria Isabel Cecília Catarina, Lourenço da da da Godinha (III) 1635 mad. da da Fons.ª Fons.ª Fons.ª da LAMEIRA LAMEIRA Fonseca Varela c.c. M.ª Reimoa I Filhos, mor.s em Vilar I afilhados de I M.el 1650 afº de Briolanja Leite MINHÃOS Mª Reimoa, 1676 * Ver Catarina Varela c.c. Diogo Pinto em QUINTA DE MINHÃOS

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

Como iremos ver em QUINTA DA LAMEIRA, António da Fonseca (provável primo coirmão de António Varela, de Lourosa de Matos) foi irmão, por certo, de Luís da Fonseca Varela (homónimo de seu sobrinho Luís da Fonseca Varela, abaixo, f.º de António da Fonseca), casado com D. Maria Leite do Amaral (ou Maria Rebelo do Amaral), f.ª de Briolanja Leite56 e também irmão de Domingos da Fonseca casado em MINHÃOS com outra Amaral, Maria do Amaral57, podendo somar-se eventualmente, ao rol destes irmãos, Lourenço da Fonseca, casado com Maria Reimoa IV, mor.s em Vilar58.

Também aqui, dando por achado o que ficou em ABERTURA nomes e sobrenomes, Os CARVALHOS, Os FONSECA VARELAS, Os PINTOS, recordarei os Pintos [da Fonseca] de DOMINGOS DA FONSECA. Ver igualmente ABERTURA nomes e sobrenomes, Os FONSECA VARELAS, esquema de André Varela do prazo do Carvalhal ou Quintã do Carvalho.

56

Ver QUINTA DE ROMARIZ. Igualmente, ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS.

57

Ver QUINTA DE MINHÃÕS.

58

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os Velhos Reimões; igualmente, CASAS DE RONDE, CASAL DE RONDE, Reimões do casal de Ronde e de Vilar.

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João Pinto CBA de 1538 João Roiz Carvalho I c.c. Maria Dias c.c. Beatriz Machada I ________________________________________________________________ I I I I Isabel c.c. Bernardo de Carvalho * João Roiz Carvalho II Maria Dias * da Fonseca c. ~1555 c. Cecília Pinta c.c. Roque Brandão ____________________________________________________ I I I I I I I Inácio Diogo An.to Aires Bernardo Maria João 1561 1566 1568 1571 1573

____________________________________________________ I I ** I ** I ** I I ** I P.e João Pedro Fr.co Diogo Manuel Joana Beatriz no crisma em 1576 1585 1567 1578 ______________________________________________________ P.e João Pinto Manuel Pinto de Carvalho abade de Santa Eulália Inst. da Misericórdia 1610 Instituidor da Pai de Cecília Pinta que capela de Santo António c. em 1624 c. o médico Pedro Tavares

________________________________________________________________ Inácio Pinto de Carvalho c.c. Isabel Vieira (Teixeira) com geração de Teixeiras _____________________________________________________ Diogo Pinto de Carvalho Pai de um f.º nat. em Urrô em 1581 Instituidor da Misericórdia 1610 Pai de DOMINGOS DA FONSECA. E, este, pai de uma Cecília, 1635, QUINTA DE MINHÃOS _________________________________________ António Carvalho, familiar do Santo Ofício em 1606 mor. na Casa dos Bicos, Lisboa _________________________________ Aires da Fonseca ou Aires Pinto da QUINTA DO BOCO

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca * **

Testemunha no processo de António Carvalho, dona viuva e madrinha deste No crisma , em 1576, declinados filhos dos pais acima: Joanna he seu padrinho iorie de Paiva mor. em Fermedo trr.º da Feira; Pedro, o mesmo padrinho; Francisco, he padrinho D.º Frz de Fermedo terr.º da Feira; Diogo, he padrinho o licenciado Gonçalo de Beça. NOTAR O NOME DE CECÍLIA EM GERAÇÕES DE DOIS RAMOS, O DE CECÍLIA PINTO E O DE [SUA IRMÃ] ISABEL DA FONSECA

Viveram em MINHÃOS e tiveram filhos nados em Santa Eulália (onde faltam os assentos de B. dos anos de 1633 a 1644):

6. Cecília, b. a 20.11.1635(?), f.ª de Domingos da Fonseca e de Maria Leite do Carvalho, af.ª de Lourenço Teixeira59 e de Gil Rebelo, de Cambra60;

6. o P.e Manuel do Amaral e Cunha ou Manuel, f.º de Maria do Amaral, que na companhia de Maria Rebelo do Amaral, todos do lugar de Minhãos, apadrinhou em 1662, Martinho, um f.º nat. do P.e Paulo de Magalhães61; pad. juntamente com sua irmã Francisca, em 166662; é vigário de Souselas desde 1673, cujo múnus transmitirá a seu sobrinho, o P.e João Bernardo, infra, pois renunciou pouco antes de 1713 pellos seus muitos annos, e pella grande molestia de gota que lhe tem maltratado os pes e mãos de sorte que quase todo o anno jás em hua cama doente63; em 12.07.1698, fora o oficiante do casamento de seu sobrinho Jacinto Pereira do Amaral com Serafina Soares de Brito, em Angeja (a ver adiante);

59

Ver QUINTA DE SÃO PEDRO, onde Lourenço Teixeira [de Quadros] casara com uma Soares de Leão, de Cambra; ver igualmente, ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS, esquema de Tavares, de Soares e de Amarais, de Castelões de Cambra.

60

ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS: Ver o contributo deste assento de baptismo para o entendimento da estirpe, quer do lado AMARAL, quer do lado FONSECA.

61

Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os MAGALHÃES PEREIRA. Tal registo – que junta e distingue duas homónimas de Minhãos, Maria do Amaral e Maria Rebelo do Amaral – coloca a hipótese da segunda (Maria Rebelo do Amaral) ter sido a m.er de Luís da Fonseca Varela, de Arouca, chamada (também) Maria Leite do Amaral, ou uma f.ª destes, D. Maria do Amaral que viria a casar no ano seguinte em ROMARIZ: como se pode ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS e, igualmente, QUINTA DE ROMARIZ. A razão da permanência de Maria Rebelo do Amaral em Minhãos (fosse ela Maria Leite do Amaral ou sua f.ª D. Maria do Amaral) estaria a dever-se ao facto de as duas Maria do Amaral de Minhãos, além de primas, serem cunhadas (ou tia e sobrinha) por seus maridos Domingos da Fonseca e Luís da Fonseca Varela.

62

URRÔ, livro 2 B. 1642-1677.

63

AUC, Ordenações Sacerdotais, DIII, S1ªE, E6, T5, N11; caixa. 301, n.º 11: Souzellas, Titullo da vigararia da Igreja de Souzellas deste Bispado a favor do reverendo licenciado Bernardo do Amaral e Cunha pello qual pretende ser promovido às Ordens Sacras (diligências efectuadas em 1705 e 1706).

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

6. Isabel b. a 1.11.1645?, fª de Domingos da Fonseca e [Maria de] Amaral, pad.s Isabel de Pinho e Manuel Aranha; 6. José do Amaral de Minhãos, que faleceu, solteiro, a 15.12.1702, faco do juizo e não fez manda seu sobrinho Hyacintho preira obrigado; 6. FRANCISCA DA CUNHA, que continua. 6. FRANCISCA DA CUNHA, ou Francisca do Amaral e Cunha, foi senhora da quinta de Minhãos de que fez testamento a seu filho Jacinto64. Casou aos 25.01.168065 com ANTÓNIO PEREIRA MENDES, ouvidor de Arouca66, que viera de Santo Irício de Nespereira67, matrimónio celebrado pelo P.e Manuel do Amaral, de Minhãos, em cujo registo este se declina primo de Francisca68. ANTÓNIO PEREIRA MENDES era filho de António Pereira, b. a 23.04.1611 em Santa Maria de Oliveira (Mesão Frio), f.º de Pascoal Pereira e de Domingas de Oliveira, da referida freg.69, e casara em Unhão (Felgueiras), aos 9.09.1637, com Antónia Mendes, b. a 14.01.1610 em casa de sua avó em Revinhade (Felgueiras), f.ª de Belchior Gonçalves e de sua 2.ª m.er Antónia Mendes, do lugar da Sé, em Unhão70.

64

Ver, adiante, JACINTO PEREIRA DO AMARAL E CUNHA.

65

SANTA EULÁLIA, livro 3 M. 1675-1705, 1674-1705, 1674-1705.

66

AUC, Ordenações Sacerdotais... Souzellas…, cit.: Note-se que em 1688 já era Ouvidor Jacinto de Quadros Teixeira da QUINTA DE SÃO PEDRO.

67

Segundo o próprio assento de SANTA EULÁLIA. Santo Irício, era antiga freguesia, hoje unida, com São Miguel, a Santa Marinha de Nespereira.

68

Vê-se que o matrimónio não foi celebrado pelo irmão de FRANCISCA, outro padre Manuel, talvez por este estar já meio incapacitado por grande molestia de gota.

69

AUC, Ordenações Sacerdotais... Souzellas…, cit.: Note-se que os paroquiais de Oliveira (Arquivo Distrital de Vila Real) são posteriores a 1685.

70

AUC, Ordenações Sacerdotais... Souzellas…, cit.: informações conjugadas com Arquivo Distrital do Porto, Registos Paroquiais de UNHÃO, Felgueiras. Foram irmãos mais velhos de Antónia Mendes, b. em UNHÃO: Pedro, 1589; Belchior, 1591; João,? (estudante em 1617 e 1621); Maria, 1596; Catarina, 1601; António, 1604 e Jerónimo, 1608; e mais novos, Marta, 1612 e Cristovão, 1614.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

esquema 10 Pascoal Pereira c.c. Domingas de Oliveira _____________________________________________________________________ I I I I Manuel Pereira António Pereira Pedro Guedes Francisco Guedes 25.10.1605 23.04.1611 c. c. c. em Unhão c. Luísa do Couto Antónia Mendes _____________ __________________________ I I I I M.el Pereira Bernardo P.e João Mendes Pereira António Pereira Mendes Reitor de Pereira do Couto * reitor de Santo Erício c. em Minhãos c. Fênzeres cónego da Sé de Nespereira FRANCISCA DA CUNHA de Lamego I _________ I I I D. Maria Jacinto rev. licenciado João Bernardo Pereira de Jesus, legitimada **

*

Arquivo Municipal do Porto, Cabido, Habilitações de Genere, n.º 1635, 12.04.1673, Bernardo Pereira do Couto, f.º de Manuel Pereira e de sua mulher Luísa do Couto, neto paterno de Pascoal Pereira e Domingas de Oliveira e mat. de António Ferreira e Maria do Couto. O pai diz-se nat. de Oliveira e a mãe, nat. de São Romão de Mouriz.

** REZENDE; REZENDE, cit.

António Pereira, pai de ANTÓNIO PEREIRA MENDES, era irmão de Manuel Pereira, b. em 25.10.1605, também em Santa Maria de Oliveira e casado com Luísa do Couto, pais do reitor de Fânzeres (Gondomar) Manuel Pereira e do cónego Bernardo Pereira do Couto, visitador da Diocese em 166671 e cónego da Sé de Lamego em 166972, e irmão, ainda, de Pedro Guedes e Francisco Guedes73, todos, pois, de uma geração de Pereiras e Guedes, naturais de Santa Maria de Oliveira (Mesão Frio), tendo João de Mesquita de Mansilha homem casado e nobre dito, em 1706 – nas mencionadas inquirições – ser parente de António Pereira, avô do habilitante. Sabe-se que ANTÓNIO PEREIRA MENDES veio a Mesão Frio, talvez entre 1670 e 1700, cobrar a herança que lhe deram de seu tio o Padre Domingos de Aguiar74. 71

VILA, livro 16, cit., onde se apontou que Bernardo Pereira do Couto estava na vila de Arouca, em 1666, na qualidade de visitador. Quiçá, o casamento de seu sobrinho António Pereira Mendes com Francisca da Cunha, de Minhãos, embora 24 anos depois, não lhe terá sido alheio.

72

AUC, Ordenações Sacerdotais... Souzellas…, cit.; igualmente, AZEVEDO, D. Joaquim - História Ecclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, p. 272.

73

AUC, Ordenações Sacerdotais... Souzellas…, cit.

74

Idem.

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

António Pereira houve de sua m.er, Antónia Mendes, além de ANTÓNIO PEREIRA MENDES75, ao P.e João Mendes Pereira, reitor de Santo Irício de Nespereira: e, daí, a razão por que seu irmão veio de lá para casar em Minhãos; do P.e João ficou uma filha natural, D. Maria Pereira de Jesus, legitimada, com descendência em Cinfães76; outro P.e João Mendes, irmão de Antónia, fora o celebrante do casamento em Unhão, de Antónia Mendes com António Pereira. FRANCISCA DA CUNHA viria a falecer a 17.04.1697 com testamento e nelle deixou certos encargos que ainda não estão tirados das notas a que me reporto, diz o respectivo registo; o marido ANTÓNIO PEREIRA MENDES tinha falecido a 8.01.169577. Filhos nascidos na QUINTA DE MINHÃOS, da freg. de Santa Eulália: 7. JACINTO PEREIRA DO AMARAL E CUNHA, que segue: 7. o reverendo licenciado João Bernardo do Amaral e Cunha que foi b. em Santa Eulália, a 22.07.1681, af.º de Francisco Tavares, f.º de Jerónimo Tavares, da freg. de São Miguel78; por volta dos seus 28 anos, diz-se morador em Souselas (13.07.1710); será vigário collado de Santiago de Souselas em 1.07.1713 e manter-se-á vigário até 174079, em sucessão de seu tio o P.e Manuel do Amaral e Cunha que aí estava desde 167380. Mais para o fim da vida, mas adentro do vicariato, teve duas bastardas de Josefa de Campos, f.ª de Manuel de Campos Tavares – provavelmente antiga serviçal em Souselas, e depois recolhida em MINHÃOS, e com quem viveria maritalmente. Efectivamente, a Josefa, declara-se assistente ao presente em a quinta de Minhãos. Foram pad.s de suas filhas, gente da CASA DA PORTA: da primeira (Sebastiana, 8.03.1733), além do próprio tio Jacinto Pereira do Amaral, Sebastiana, 75

Constam Maria, 1638; Jerónima, 1640; João, 1641 (o futuro P.e João Mendes Pereira); Isabel, 1643; Luís, 1645; Bernardo, 1649; ...

76

REZENDE; REZENDE, ob. cit., p.188.

77 78

SANTA EULÁLIA, livro 3, cit. Ver QUINTA DE TERÇOSO CASAS DE SELA, QUINTA DE SELA.

79

COSTA - Corografia Portuguesa: em 1708 era a abadessa cisterciense do Convento de Lorvão que apresentava o vigário, ao qual cabia 80.000 réis de renda.

80

AUC, Ordenações Sacerdotais... Souzellas…, cit.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

da PORTA [f.ª de Maria Tavares Teixeira]; da segunda (Antónia, 17.01.1739), o reverendo Ricardo José [f.º de Manuel Pereira Burgos de Moção e ROMARIZ] e a m.er de Jacinto Teixeira, da PORTA81, anos, ambos (1733 e 1739), em que paroquiava Souselas.

7. JACINTO PEREIRA DO AMARAL E CUNHA foi b. em Santa Eulália a 20.08.167982. Surge como padrinho em dois assentos de 169383; casou em Angeja, aos 12.06.1698, com SERAFINA SOARES DE BRITO84, nat. daí, f.ª de Marcos Ferreira de Azevedo, nat. do lugar do Carvalhal, de São Cristovão de Macinhata do Vouga85 e de sua m.er Juliana Soares86, nat. do lugar da Graciosa ou Quinta da Graciosa 81

Por estes anos, a proximidade com a PORTA era meramente geográfica, pois a proximidade sacramental estava ainda para acontecer.

82

O assento está intercalado nos similares respeitantes ao ano de 1682, mas parece ser de 1679. Todavia, nas diligências em Coimbra, 1709, de seu irmão, declara-se nascido no dia de São Bernardo pelo mês de Agosto de 1683.

83

SANTA EULÁLIA, livro 3, cit.

84

ANGEJA, livro 12 C. e O, fl. 9.

85

LIMA - O Distrito de Aveiro nas Habilitações do Santo Ofício, p. 62, transcreve em resumo a carta para familiar do Santo Ofício, 17.05.1720 [aliás, 4.05.173, cortesia de meu Amigo Delfim Bismarck], do bacharel Manuel de Almeida Matoso “ajustado para casar em 1734” com uma filha de Marcos Ferreira de Azevedo Soares, neta pat. de Marcos Ferreira de Azevedo.

86

Juliana Soares teria sido b. entre 1630 e 1635 (este último ano é o dos primeiros assentos de LOUREIRO, e fal. pela década de 80. Em anterior versão deste caderno, admiti que Juliana Soares tivesse nascido de uma Francisca Soares e seu marido Gaspar Dias [LOUREIRO, B. 1640, 1643, 1646], gente igualmente da quinta da Graciosa de São João do Loureiro, como o tinham sido pai e avós de outra Juliana Soares, mãe de um fidalgo da Esgueira chamado Bento Pacheco Soares, conhecido dos genealogistas: Todavia, um apontamento fidedigno do arquivo da Casa de meu parente Dr. Delfim Bismarck (Casa do Agro, Albergaria-a-Velha), sustenta que a Juliana Soares que nos ocupa, foi, primeiro, m.er de António Pacheco Henriques (pais do mencionado Bento Pacheco Soares e mais dois irmãos) e, depois, voltando a casar-se, foi m.er de Marcos Ferreira de Azevedo, de Frossos (Ver BISMARCK, Delfim - Um Inédito Manuscrito…) Admitira eu que Juliana Soares tivesse sido sobrinha (quando afinal foi f.ª) de Diogo Soares da Fonseca, também nat. da Graciosa, dado que as gerações de Francisca Soares e de Diogo Soares da Fonseca se mostravam intimamente ligadas por numerosos apadrinhamentos. Diogo Soares da Fonseca era f.º de Diogo Soares Velho, da Graciosa, neto de Miguel da Fonseca e bisneto de João Rodrigues da Fonseca, fidalgo de cota d´armas por carta de 1574, e de sua m.er Francisca Soares, moradores na Quinta da Graciosa da vila da Bemposta [cf. MACHADO - Brasões Inéditos, resp. n.ºs 406/407, n.º 422 e n.º 91, Cartas de brasão de armas de 1627 a Mateus da Fonseca; de 1643 a Miguel Rebelo da Fonseca e de 1688 (26.10) a Bento Pacheco Soares e BAENA - Archivo Heraldico-Genealogico, n.º

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de São João do Loureiro (Oliveira de Azeméis, da antiga vila da Bemposta), mor.s em Angeja. Marcos Ferreira de Azevedo teria nascido por 1627 ou 28, vem pequenino com os pais para Frossos – f.º de Marcos Ferreira de Almeida, b. em Macinhata do Vouga a 10.10.1600, f.º de António Ferreira de Almeida e de Isabel Ferreira, mor.s no Carvalhal de Macinhata do Vouga87, proprietário dos ofícios de escrivão dos orfãos e público da vila do Pinheiro, e de sua m.er Serafina de Brito de Azevedo88, segundo Manso de Lima, Família de Laborinhos, quando trata do casamento de Maria de Magalhães e Mendonça (irmã de Marcos), enlace aos 6.11.1658 com António Pinheiro de Mariz89, dos senhores do morgado da Capela de Santa Catarina na demolida lgreja de São Miguel de Aveiro –; designado Marcos Ferreira, de Frossos enquanto pad. de um b. de Angeja em 165690, escrivão e Tab. da vila de Frossos (1658)91; foreiro da comenda do mesmo nome; casa-se em Angeja (a.1660) com Juliana Soares: filhos em Angeja de 1660 a 1685; escrivão dos direitos reais no morgado de D. Juliana de Noronha e depois de [seu marido] D. Pedro de Noronha, conde de Vila Verde, já em 1672 e ainda em 169092; pad. de um neófito de Angeja em 1679; “Procurador Eleito” pela vila de Angeja em 168593; na mesma vila, por uma última vez em 1690, assina uma petição, com muitos outros, na qualidade de “moradores na Vila de Aveiro”94; outorga vários actos notariais da Casa de Angeja testemunhados por seu filho João de Azevedo Soares, depois padre, e por seu filho Marcos, então solteiro95; morre em Angeja, a 19.11.1695, e é 2180, Carta de brasão de armas de 1757 a Pedro Leitão Pinto Pacheco da Fonseca. O brasão de Bento Pacheco Soares – meioirmão de Serafina Soares de Brito – é de Fonsecas e Soares, apelidos constantes nas numerosas cartas de armas acima. 87

MACINHATA DO VOUGA, livro 1, fl. 49.

88

O supracitado meu Amigo Delfim Bismarck deverá apresentar a ascendência de Serafina de Brito de Azevedo, de Frossos, num trabalho que tem em preparação sobre “Os Soares de Angeja e Esgueira” ou “Os Soares da Quinta da Graciosa”.

89

FROSSOS, livro 1 C. 1656-1673.

90

ANGEJA, livro 2 M. 1648-1657, 1651-1667, 1651-1665.

91

Milenário de Aveiro, Colectânea de Documentos…, pp. 162, 163 e 164.

92

AUC, Casa do Marquês de Angeja, livros de prazos, n.º 1 (1672-1680), n.º 2 (1680-1682), n.º 3 (1685-1686) e outros PRAZOS soltos, 1690...

93

Milenário de Aveiro..., ob. cit., pp. 268, 272, 273, 279 e 299.

94

Idem, p. 385.

95

AUC, Casa do Marquês de Angeja, cit., de 1682 até 1690.

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

inumado na ermida do Espírito Santo96. Uma filha de Marcos Ferreira e de Juliana Soares, do nome de sua mãe Juliana Soares, amadrinha alguns neófitos de Angeja em 1698, 1699, 1701 e 170397.

f.ab

Brasão de Bento (carta de 1688), irmão de Serafina Soares de Brito, com os apelidos Soares-de-Albergaria e Fonseca

SERAFINA SOARES DE BRITO, de alguns 28 anos de idade, então recém-casada com JACINTO PEREIRA DO AMARAL, veio residir na QUINTA DE MINHÃOS onde lhes nasceram cinco filhas, de 1702 a 1708. Em 1704 consta um criado da casa chamado Domingos que teve uma f.ª natural, Ana, havida em Maria Pereira, viúva e moradora em Ronde, b. a 31 de Julho e amadrinhada por Mateus Guedes e Maria 96

ANGEJA, livro 12, cit., fl. 60v.

97

Além dos filhos mencionados – o P.e João, Marcos e esta Juliana (que depois casou na igreja de Angeja com o morgado de Tentúgal, s.g.), e de Serafina casada em Arouca – tiveram ainda Florência: D. Florência Soares de Magalháes que casou em Angeja com o capitão Manuel de Pinho Godinho Valente, de Avanca, ascendentes do meu Amigo Delfim Bismarck, segundo informação prestada pelo próprio.

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Guedes, do lugar de Anterronde98. Ao 27 de Março de 1707, o Mosteiro manda fazer o reconhecimento das propriedades pertencentes ao Prazo de Minhãos que está extinto e foi de Pedro de Barros – o interessado apresentou, pela ocasião, o testamento que o fazia herdeiro de sua mãe Francisca da Cunha – e o prazo foi concedido a si e a sua m.er SERAFINA SOARES DE BRITO em 18.01.170899. Enquanto testemunha nas “diligências” de seu irmão o licenciado Bernardo do Amaral e Cunha, em 1709, era juiz ordinario nesta villa de Arouca e seus termos. Dele, JACINTO PEREIRA DO AMARAL, ficaram também diversas notícias nos cartórios notariais, tais como o arrendamento da quinta de Minhãos em 1.10.1732100; procurações várias, 1733101 e 1738102; um contrato de 1734103, e finalmente, em Maio de 1739104, o dote a sua filha Joana Maria e a Manuel José Teixeira seu futuro genro, tendo servido de procurador de sua sobrinha, Bernardo do Amaral e Cunha, vigário da igreja de Souselas: Descreve-se a quinta e as suas produções de vinho, azeite, castanha, feijão e fruta; assinam – além de Manuel Teixeira e de Bernardo do Amaral e Cunha – Henrique Teles [de Meneses, do ROMARIZ], Jacinto Teixeira e Bernardo Tavares [ambos da PORTA]. JACINTO PEREIRA DO AMARAL, corria 20 de Abril de 1750, morreu de repente tendo andado nese dia mesmo com mostras de valentia não fes testamento105.

Assento do recebimento de Serafina Soares de Brito

98

SANTA EULÁLIA, livro 3, cit. Ver CASAS DE RONDE, QUINTA DE ANTERONDE, para estes Guedes.

99

AUC, MSMA, Livro Tombo 2 da Freg.ª de Santa Eulália, III,1ª D,13,4,41 (antido n.º ordem 262), fl. 236v; Livro Índice Geral dos Prazos da Freg.ª da Vila, III,1ªD, 13, 3, 11 (antigo n.º ordem 232), livro com o n.º 46 contendo traslados de escrituras, III,1ªD, 13, 2, 38 (antigo n.º ordem 166), fl. 334 e Livro Índice Geral dos Foros do concelho de Arouca, III,1ª D, 13, 3, 10 (antigo n.º ordem 230), Santa Eulália, fl. 177: traslados onde também consta JACINTO PEREIRA DO AMARAL.

100

AUC, Notariais de Arouca, Tab. António José Teixeira, livro 268-3, fl. 51v.

101

Idem, ibidem, livro 269-2, fl. 147.

102

Idem, Tab. António Tavares, livro 273-101, fl. 67v.

103

Idem, ibidem, livro 270-5, fl. 67.

104

Idem, Tab. António José Teixeira, livro 275-102, fl. 23.

105

SANTA EULÁLIA, livro 10 O. 1729-1797.

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

JACINTO PEREIRA DO AMARAL E CUNHA teve, de sua m.er SERAFINA SOARES DE BRITO, filhas: 8. Francisca, b. a 7.04.1702, af.ª de Marcos Ferreira [de Azevedo Soares, seu tio mat.]106 e de Francisco Tavares [de Távora]107 de Sela; 106

AUC, MSMA, Tombo da Comenda da Vila de Frossos, fl. 397. Irmão de Serafina Soares de Brito, foi herdeiro em 1727, já então viúvo, de certas propriedades da Comenda de Frossos concedidas a seu pai. Ver ABERTURA nomes e sobrenomes, Os REBELOS AMARAIS, onde se posiciona casado também com gente de Arouca; residiu em Angeja; sua m.er foi Teresa Aurélia Soares de Jesus, ou D. Aurélia de Jesus Teresa de Magalhães de Miranda, f.ª de Bernarda Pessoa de Magalhães (f.ª de Paulo de Magalhães e de sua m.er Maria Ana Soares de Albergaria, da Ribeira da vila de Arouca), e de seu marido Pedro d´Afonseca de Miranda da Quinta de Paço de Fornelos e dos senhores das Quintas de Vilar Maior e de Travanca (Feira), descendente dos de Fermedo, dos da Lagariça, etc, segundo GAYO “Pintos” &30 N15. Ver Beatificationis, & Canonizationis...; igualmente, ABERTURA nomes e sobrenomes, Os MAGALHÃES PEREIRA: Pedro d´Afonseca de Miranda veio para Arouca onde o vemos notário

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

8. JOANA MAFALDA, que segue; 8. Justiniana, b. a 23.12.1705, af.ª de Diogo Malafaia, capitão-mor da vila de Arouca108; 8. Lionarda Teresa, b. aos 3.01.1708, af.ª do Reverendo Abade de Santa Marinha de Tropeço, viria a casar-se em Minhãos aos 15.06.1745 com João Ferreira Vaz, f.º de Manuel Mendes e de sua m.er Maria Vaz mor.s na Corujeira; conhece-se o assento de óbito, lançado pelo abade de Santa Eulália, José Soares de Albergaria e Albuquerque, aos 6.10.1759, da molher que foi de Joam Ferrejra Vas do lugar da Crugeira; entende-se que não tinham filhos (pelo menos, vivos) pois fizeram entre si Duaçãm hum a outro em as notas do escrivão Joze Lopes de Souza em a coal se encarregaram os bens de alma de cada hum; tinham de seu, como também se depreende do mesmo assento que, referindo as obrigação de bens de alma, os diz com bastante larguesa, e de que ficou obrigado o dito seu marido109; 8. Silvéria, b. em 12.07.1710 e af.ª, por procuração, de [seu tio] João Bernardo do Amaral e Cunha, morador em do público, e como testemunha, com 50 anos, em 1679, no processo de beatificação da Rainha Mafalda, de 1694. 107

QUINTA DE TERÇOSO, CASAS DE SELA, onde o sabemos filho de Jerónimo Tavares Teixeira da QUINTA DE SELA.

108

CASA GRANDE DOS MALAFAIAS, filho de Maria Teixeira Tavares, neto mat. de Francisco Tavares de Pinho, de Terçoso-Roças. Registo

109

SANTA EULÁLIA, livro 10, cit.

de O. de Lionarda Teresa do Amaral

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

Souselas, da cidade de Coimbra, e de Álvaro de Magalhães110 mor. em Serem, do bispado de Coimbra. Teve, fora do matrimónio, em Domingas Fernandes, do lugar de Murça, a 8. Manuel Pereira do Amaral que casou em Santa Eulália, a 31 de Outubro de 1735, com Joana de Pinho, f.ª de Domingos de Pinho e de sua m.er Maria Gomes, do lugar do Arieiro111. 8. JOANA MARIA DO AMARAL E CUNHA, ou Joana Mafalda segundo o assento de baptismo de 26.05.1703, af.ª de Manuel de Barros112 e de Jacinto de Quadros113 por comissão de hua Religiosa que chamão Dona Catarina de Vasconcellos monga deste Comvento de Arouca114, foi terceira vida do prazo de Minhãos feito a 18 de Janeiro de 1708115 e veio a falecer, viúva, a 1.12.1779116. Casara, depois de Maio de 1739, com MANUEL JOSÉ TEIXEIRA, f.º de Maria Tavares Teixeira, senhora da CASA DA PORTA, e de José Vaz, e ambos viveram em MINHÃOS. Consta mor. na sua Quinta de Minhãos em 1757, enquanto testemunha de C de Manuel Pereira c Maria Teixeira, de Vinhas.

Filhos:

110

Irmão de Bernarda Pessoa de Magalhães que foi sogra de Marcos, irmão de Serafina Soares de Brito, e ainda parente desta pelos Soares de Albergaria, pois se afigura Maria Ana Soares de Albergaria (mãe de Bernarda Pessoa e de Álvaro de Magalhães), irmã de Juliana Soares (mãe de Marcos Ferreira de Azevedo Soares e de Serafina Soares de Brito).

111

SANTA EULÁLIA, livro 8 C. 1727-1770.

112

Posssivelmente, também, dos antigos Barros, e, se assim foi, um dos mais tardios portadores deste velho apelido.

113

Da QUINTA DE SÃO PEDRO, filho de Manuel Teixeira Tavares e de sua m.er Antónia Teixeira de Quadros, dos Teixeiras do futuro marido de JOANA MARIA.

114

Livro dos Obitos…, por onde o decesso de Dona Catarina de Vasconcelos se verificou a 23.10.1722.

115

AUC, MSMA, Livro de Cobrança das Freguesias de Arouca..., III, 1ª D, 13,1,10 (antigo n.º ordem 10), fl. 141v.

116

SANTA EULÁLIA, livro 10, cit.

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9. ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA, abaixo; 9. o bacharel Jacinto Soares de Brito, b. a 21.06.1744 e c. a 26.04.1770, que segue em CASA DA PORTA.

Registo de B. de Joana Mafalda À margem, Joanna Mª e no texto, Joanna Mafalda. esquema 11 Francisca da Cunha Maria Tavares Teixeira Sra. da QUINTA DE MINHÃOS Sra. da CASA DA PORTA c.c. António Pereira Mendes c.c. Pêro Soares Teles I I Jacinto P.ra do Amaral e Cunha Maria Tavares Teixeira c.c. c.c. Serafina Soares de Brito José Vaz I __________________________ I I I Joana Maria do Amaral e Cunha c.c. Manuel José Teixeira Jacinto Teixeira ____________________________________________ c.c. António José Teixeira Bacharel Jacinto Soares de Brito Antónia de Pinho Vieira de São José c.c. c.c. Paula Maria Barbosa Ana Angélica de São José de Pinho Vieira I I QUINTA DE MINHÃOS CASA DA PORTA

9. ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA foi b. com o nome de António de São Francisco a 11 de Fevereiro de 1743, e o irmão Jacinto, a 21 de Junho do ano seguinte: O primeiro optou pelo sobrenome paterno – António José Teixeira, ou simplesmente António Teixeira – e o segundo preferiu os apelidos da avó Serafina, de Aveiro, Jacinto Soares de Brito. Porém, antes de assim consagrados, declinaram Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

outros nomes em 1757 – António Soares do Amaral e Jacinto Teixeira do Amaral – quando em Coimbra, com alguns 13 e 14 anos, se apresentam a requerer ordens menores117. Voltaram a Arouca e aí casaram. ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA contrai matrimónio aos 21 anos, em 1764, seis anos antes de seu irmão Jacinto que, em Outubro desse mesmo ano volta a Coimbra a matricular-se em Instituta, seguindo mais cinco de Cânones. ANTÓNIO JOSÉ casou a 10 de Maio com PAULA MARIA BARBOSA CERQUEIRA, filha de João Rodrigues Cerqueira e de sua m.er Francisca Barbosa, do lugar da Laranjeira, de São Pedro do Souto, Arcos de Valdevez118. Fica na Casa. O Mosteiro renovalhes o velho prazo de Minhãos que caducara em sua mãe e sogra Joana Maria, terceira vida. Deste enlace vieram dois filhos, Joaquim Teixeira e Maria Barbosa.

esquema 12 Pascoal Cerqueira c.c. Maria Gonçalves

P.e Gaspar Barbosa Malheiro nat. de Cendufe, Arcos de Valdevez, e sua amiga Inês Cerqueira, nat. de São Paio do Souto ………………………….. I I I I João Rodrigues c.c. [N. Cerqueira] (1) João Cerqueira c. 30.06.1686 c. Leonor Barbosa, do lugar da Portela do lugar da Laranjeira (2) ______________________________________________________________________________________________ I I I I I I I I João Rodrigues Cerqueira c. 7.06.1724 c. Fr.ca Barbosa Gaspar Benta Fr.co Catarina Josefa Luísa Teresa Mais Dois lugar da Laranjeira 6.01.1689 Barbosa 24.02 19.10 mad. 1731(4), mad. 1734(5) irmãos de São Pedro do Souto Malheiro 1693 1695 16.02.1699(6) 16.12.1700(7) do P.e Arcos de Valdevez b. 5.06.1687 Gaspar (8) I Ab. desde 1731(3) I I_______________________________________________ I I I I Joana PAULA [M.ª BARBOSA] P.e António P.e José Barbosa solt.ª c. 1764 Barbosa Malheiro I 2.08.1729 Malheiro 30.07.1726, b. 4.08 I test. e + 1788 coadjuctor de s/ tio P.e de Santa Eulália, 1758 José M.el em 1760(3) + em 1799, meo tio e mestre, no testamento do P.e Jacinto Soares de Brito 21.04.1744

117

AUC, Ordenações Sacerdotais, caixa. 577, n.º 3; DIII, S1ªE, E9, T2, N3.

118

SANTA EULÁLIA, livro 8, cit.

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PAULA MARIA BARBOSA teria vindo para Arouca por intercessão de seu tio Gaspar Barbosa Malheiro, abade de Santa Eulália, em 1731 e seguintes, contando 77 anos quando do casamento de sua sobrinha PAULA MARIA e teria sido irmã do P.e António Barbosa Malheiro, sobrinho e coadjuctor do anterior em 1760, além de irmã, como sabemos, do P.e José Barbosa Malheiro. Pelo esquema, o apelido Cerqueira e o apelido Malheiro são dos progenitores de PAULA MARIA, nomes, por certo, das mesmas famílias de Malheiros e Cerqueiras destas áreas do Minho, conhecida dos tratadistas. A habilitação de genere do P.e Gaspar Barbosa Malheiro, de 8.04.1710, está no Arquivo Distrital de Braga, pasta 1205, processo 27492 e, por ela, se vê neto de outro P.e Gaspar Barbosa Malheiro. Foram irmãos de PAULA MARIA BARBOSA: Joana, solteira, que teve uma criança Manuel José, b. em Santa Eulália, aos 21.04.1744; o P.e António Barbosa Malheiro acima mencionado, que foi coadjuctor em 1760 de seu tio Gaspar Barbosa Malheiro; e o P.e José Barbosa Malheiro – n. em 30.07.1728 e b. em 4.08, padre de Santa Eulália em 1758 – amparo de sua sobrinha, viúva, e tio e mestre do P.e Jacinto Soares de Brito e que faleceu em 1799, aos 73 de idade. O abade Gaspar, tio de PAULA MARIA e irmão de sua mãe Francisca Barbosa, teve, por irmãos, Benta (24.02.1693), Francisco (19.10.1695 e b. a 14); Catarina Josefa (16.02.1699), af.ª do P.e M.el Barbosa com licença do cura João Barbosa, comparece como madrinha aqui, em 1734; e Luísa Teresa (16.12.1700), também mad., esta no ano de 1734. Parte destes irmãos, pelos vistos, e os sobrinhos do P.e Gaspar vieram para Arouca com ele, e, passados 33 anos, PAULA MARIA casa na QUINTA DE MINHÃOS, onde os padres Barbosa Malheiro também residem. (1) Ambos os ramos parecem ser de Cerqueiras, embora o parentesco não venha traduzido por qualquer dispensa. (2) Arquivo Distrital de Braga, Registos Paroquiais da Freguesia de São Pedro do Souto, Arcos de Valdevez (microfilme). (3) SIMÕES JÚNIOR - Notas esparsas, colecção de fotocópias da “Associação da Defesa do Património Arouquense”, Arouca. (4) De um f.º de Francisco e de D. Catarina de Sena, de Moção. (5) De Bernardo Correia de Azevedo e Melo do CASAL DE RONDE. (6) B. pelo P.e M.el Barbosa com licença do cura João Barbosa. (7) Af.ª do P.e cura João Barbosa. (8) ...para amparo de sua mãe viúva e de septe orphãos irmãos do suplicante.; e demais se acha com algua destreza na muzica...

Autógrafo do abade Gaspar Barbosa Malheiro (tio de PAULA MARIA) no assento de O. de Jacinto Pereira do Amaral

Entretanto, a fartura dos bons anos de MINHÃOS tinha minguado, pois sabe-se que a Casa, com graves dívidas, subsistiu graças apenas ao empenho e ajuda de um irmão Fernando Brito

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de PAULA MARIA, o padre José Barbosa Malheiro; e que o próprio ANTÓNIO TEIXEIRA, por volta de 1778, partira para as partes da América, com certeza no encalço de fortuna que o equilibrasse. Efectivamente, pelo testamento (adiante transcrito) de PAULA MARIA BARBOSA, feito a 6.03.1788, ficou a saber-se que ela detinha uma procuração de seu marido, ausente, datada dos idos de 1778 (31.03): dez anos já passados, portanto. Ainda o tinham visto, por MINHÃOS, em 1775, porque compareceu no baptismo de sua sobrinha Margarida Rosa, da CASA DA PORTA119 (que virá a ser mãe do comendador Dr. António Teixeira de Brito, da Casa da Lavandeira120). PAULA MARIA, doente em huma cama e sentindo a morte por perto – diz o testamento: por se ver emferma e temer a morte – não esconde as muitas dificuldades de dinheiro sofridas, e o quanto sua Casa devia ao irmão, o padre José. Como se depreende – do brilhante tempo e fortuna do avô de seu marido, Jacinto Pereira do Amaral e Cunha – a Quinta caíra em desgraça. Seria interessante poder fazer o cômputo de duas crianças em Coimbra, para ordens menores, e avaliar o custo do bacharelato de um destes filhos, que se lhe seguiu. (Muito embora, seja provável que a formatura de Jacinto tivesse sido custeada por seu tio homónimo e padrinho, da CASA DA PORTA). O novo casal de 1764 – ANTÓNIO JOSÉ e PAULA MARIA – teriam recebido a QUINTA DE MINHÃOS com dívidas por solver, situação que se teria sensivelmente agravado, fosse pelo que fosse, enquanto a vida sorria ao mano Jacinto, afilhado e herdeiro do supracitado tio, Jacinto Teixeira. O testamento de MINHÃOS patenteia a angústia de mãe, já porque os filhos eram menores, já pelas dificuldades materiais vividas e pelas que deixava: a avaliar pela modéstia dos legados da testadora. Os filhos eram menores de 25 anos, como aí se declara. Joaquim teria 22 para 23, e sua irmã poderia andar nos 20 ou menos um pouco. Mais tarde, vai saber-se que Joaquim morrera e que Maria só virá a casar – curiosamente com um dos filhos do próprio Tab. que lançou o testamento de sua mãe – uns longos 11 anos depois, talvez já trintona. 119 120

SANTA EULÁLIA, livro 6 B. 1749-1770. Ver CASAS DE RONDE, QUINTA DE RONDE, PARÁGRAFO SEGUNDO.

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Proveniencia do Baixo Vouga (mapa elaborado em 2004)

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Eis o testamento: Aos seis dias do mês de Março de 1788, o Tab. Fernando José Tavares veio com testemunhas, à Quinta de Minhãos, para lançar em nota a última vontade de PAULA MARIA BARBOSA. (O Tab. era filho de António Tavares e de sua m.er Maria de São José da rua da Gualva, ou Agualva, na vila; casara em 1767 com Ana Joaquina de Morais Sarmento, do lugar da Porta e moraram na rua da Lavandeira onde estavam em 1788, no B. de Joaquim, mas também na QUINTA DE RONDE121 onde nasceu Umbelina, em 1783, e ainda na dita QUINTA em 1792, 1796 e 1799, aquando do casamento de três de seus filhos. O Tab. faziase acompanhar de um grupo de testemunhas que, já pelo número, já pela qualidade, corrobora a importância do acto e a deferência e compaixão que a testadora lhes merecia). Presentes estavam: O próprio abade de Santa Eulália, Manuel José da Costa e Silva; o bacharel Jacinto Soares de Brito, seu cunhado da PORTA; José Caetano Cerveira, que era o inquiridor do concelho e casado com D. Josefa Matilde de Almeida Ferraz Bravo, da CASA DA QUINTA DE SELA122; o boticário Francisco Xavier da Silva, de Moção, descendente dos Malafaias da CASA GRANDE; José Luís Barbosa, que era cunhado do Tab., pois casado com Angélica Rita de Morais Sarmento; e ainda outros. Apareceu a dita Paula Maria Barboza doente em huma cama e referiu uma procuração de seu marido António Teixeira ausente nas partes da América, passada aos 31.03.1778. Por se ver enferma e temer a morte queria dispor de seus bens espirituais e temporais; e, disse, então: que o seo corpo fosse amortalhado em huma cogulla de Sam Bernardo e enterrada dentro da Igreja de Santa Eulália, e que dessem aos pobres tres alqueires de pam cozido e dous almudes de vinho, e que lhe mandassem dizer sincoenta missas rezadas de esmola de cem reis cada huma, além de que lhe fizessem hum ofício de corpo prezente com o mínimo de dez padres. (A título de comparação, recorde-se que a QUINTA DE VALDASNA estipulara 300 missas por cada um dos 3 irmãos testadores a uma sobrinha, em 1786, e que, frequentemente, as 121

Ver CASAS DE RONDE, QUINTA DE RONDE.

122

Ver QUINTA DE TERÇOZO, CASAS DE SELA, CASA DA QUINTA DE SELA.

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esmolas em pão estipulavam 16 alqueires, e de vinho, 5 almudes; e que tinham sido de 600 missas as opulentas disposições de D. Francisca, da QUINTA DE TERÇOSO). PAULA MARIA declarou que era legitimamente cazada com o dito António Tejxejra e que de entre elles havião dous filhos que prezentemente vivião, que são Joaquim e Maria, ambos soltejros e menores de vinte e cinco annos aos quais instituhia por seos universais herdeiros. Ao Joaquim caberia a quinta que he de prazo que está em tercejra vida ficando obrigado a dar a sua irmã Maria 230.000 réis por hua so vez em desconto de legitimas e heranças que por via Materna lhe tocarem e livre de qualquer herança [...] do dito seo paj ou de outra qualquer pessoa. Todavia, tanto a nomeação feita a seu filho como a sua filha era com a regorozissima obrigação de, querendo tomar estado, casarem com pessoas iguais às suas seguindo a ileição de seo Thio o Reverendo Joze Barboza Malhejro e de seo Thio Paterno o Bacharel Jacinto Soares de Brito. Não procedendo assim, isto é, se Joaquim não fizesse um casamento do agrado dos seus, então a quinta passaria para sua irmã; e se fosse, Maria, a fazer um mau casamento, receberia apenas 115$000, ou seja, metade dos 230$000 previstos. Do Joaquim, sabe-se que, ainda solteiro em 1793, foi pai de Joaquina, b. a 13.01, f.ª de Jacinta, solteira, do lugar de Urrô e neta de Angelina, também solteira, do mesmo lugar123 e que veio a falecer, pouco depois, a 13.10.1798, com alguns 33 anos.

do dito seo thio o Reverendo Jozé Barboza Malheiro e de seu thio Paterno o Soares de Britto

Bacharel

E mais declarou ella testadora que pois o dito seo Irmão o Reverendo Joze Barboza Malhejro havia gasto e consumido nesta Caza muntos dinhejros como hera publico e notorio com cuja contribuição não so a tinha remido de varias execuções e vexames publicos e particulares [...] mas também como alimentar todas as 123

URRÔ, livro 7 B. 1760-1807.

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Jacinto

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pesoas e família [...], sem o que necessariamente se deplorariam os bens da mesma Caza: que por todos estes motivos em piquena remuneração [...] ficasse o dito seo sobrinho rigorosamente obrigado a dar lhe anualmente vinte alqueires de pão e hua pipa de vinho e um cantaro de azeite. PAULA MARIA BARBOSA iria falecer sete dias depois, no dito mês de Março de 1788124, longe de seu marido que continuava ausente no Brasil. Ou já morto. Um livro de cobrança das freiras do Mosteiro esclarece que Joaquim Teixeira detivera o prazo da QUINTA, e que o mesmo passara depois a sua Irmã, por falecimento daquele, que ocorreu em 10.10.1798125. Maria Barbosa casará no ano seguinte, em 1799, com Jerónimo José Morais, filho do Tab. Fernando José Tavares e de sua m.er Ana Joaquina de Morais Sarmento, neto mat. de Caetano José de Gouveia de Morais Sarmento e de Clara Josefa Furtada, do lugar da Porta126. O tio, reverendo José Barbosa Malheiro, faleceu também em 1799, a 26 de Abril127; o tio paterno, Jacinto Soares de Brito, da PORTA, sobreviveu-lhes até princípios de 1821, contando quase 77 anos de idade. Pouco tempo terá vivido casada MARIA BARBOSA; a mesma, deixa a Quinta de Minhãos a seu primo coirmão o padre Jacinto, tal como o próprio o declara no seu testamento de 27.01.1837, aditado em 6.03 do mesmo ano (talvez por sugestão de seu tio Jacinto Soares de Brito da CASA DA PORTA): O livro de cobrança supracitado traz como última nota relativa a MINHÃOS a indicação do foreiro, o reverendo P.e Jacinto Soares de Brito, da QUINTA DA PORTA, com o prazo de Minhãos renovado a 6 de Março de 1809128. Sabe-se pelo testamento que, o P.e Jacinto, dispusera da QUINTA DE MINHÃOS, por escritura de dote para casamento, a favor de seu irmão Caetano Pereira Teles, acto ratificado pelo mesmo testamento129. 124

SANTA EULÁLIA, livro 10, cit.

125 126

SANTA EULÁLIA, livro 46 O. 1797-1841. Ver CASAS DE RONDE, QUINTA DE RONDE.

127

SANTA EULÁLIA, livro 46, cit.

128

AUC, MSMA, Livro de Cobrança, acima, fls 141v , e Livro de Cobrança das Freg.ª de Santa Eulália..., III, 1ª D,13,1,11 (antigo n.º ordem 11), fls 241v.

129

Arquivo particular da CASA DE POUSADA.

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Caetano e sua m.er Angelina Joaquina e seus filhos viveram na QUINTA DE MINHÃOS.

CAETANO TEIXEIRA TELES TEVE, DE SUA M.ER, ANA JOAQUINA QUE CASOU (8.07.1845) COM SEU PRIMO COIRMÃO MANUEL FERREIRA DE BRITO, FILHO DE MANUEL FERREIRA, DA QUINTA DA FELGUEIRA, E DE SUA M.ER MARGARIDA ROSA TEIXEIRA, DA CASA DA PORTA; TEVE, TAMBÉM, JACINTO TEIXEIRA TELES, DEPOIS CHAMADO JACINTO SOARES DE BRITO, QUE FICOU NA QUINTA DE MINHÃOS E CASOU DUAS VEZES: A 1.ª COM ANTÓNIA DE PINHO, FILHA DE JOSÉ FERNANDES E DE ANTÓNIA DE PINHO, DO CRASTO (AROUCA) E A 2.ª COM ANA ENGRÁCIA DE PINHO, VIÚVA DE MANUEL TEIXEIRA, DE AROUCA, E FILHA DE JOÃO DO VALE QUARESMA E DE MARIA GOMES, TAMBÉM DE AROUCA, ELE DE 50 ANOS E ELA DE 54. DO 1.º MATRIMÓNIO, FOI BAPTIZADA (12.12.1850) MARIA, DEPOIS CHAMADA MARIA EMÍLIA, QUE CASOU EM SÃO MIGUEL DE URRÔ A 23.12.1867 COM JOAQUIM DE PINHO BRANDÃO (ELA, "VIÚVA DE MANUEL TEIXEIRA DE SANTA EULÁLIA", ELE DE 25 ANOS) FILHO DE JOSÉ MANUEL DE PINHO [DA “CASA DOS CIPRIANOS” DE URRO130] E DE SUA M.ER D. GUIOMAR CAROLINA DE SOUSA BRANDÃO (SOBRINHA DE D. LEONARDO BRANDÃO, DA CASA DA TULHA, SOBRAL DA VÁRZEA, QUE FOI BISPO DE PINHEL), DESTINADA À ARCA DE GRANITO QUE AINDA SE VÊ JUNTO AO FLANCO SUL DA IGREJA131.

130

Informação de D. Maria Antónia Brandão Avelar.

131

Idem.

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João de Pinho cc F.ca de Pinho D.gos Brandão cc Cat.na João ~1620(30 mor.s em Várzea nat.s e mor.s no Souto, de Roças I I Manuel de Pinho António Brandão, nat. da Vinha do Souto ~1650/70 c.c. Maria Tavares, da Várzea c.c. Maria Fernandes, mor.s nas Eiras, Burgo I I Cipriano de Pinho ou da Silva Manuel Brandão, ~1680/90 c.c. Maria Ferreira nat. da Vinha do Souto, familiar do Santo Ofício, 20.04.1725, mor.s em UJrrô c.c. Maria de Almeida, da Vinha do Souto I I José Manuel da Silva ~1710/20 Manuel de Almeida dos Santos Brandão, da Vinha do Souto, FSO 20.04.1752 c.c. Maria Rosa Brandoa c. por 1757 c. Angélica Margarida de Almeida e Sousa Brandão i irmã do licenciado António Bernardo de Sousa, do Enxido, vila de Arouca *** _____________________________________________________________________________________________________ Manuel José de Pinho o capitão Manuel Joaquim Brandão Dâmaso de Sousa Brandão D. Leonardo de Sousa Brandão + 30.03.1852 familiar do SO, 20.04.1752 da Casa da Tulha c.c. Bispo de Pinhel c.c. Ana Maria de Oliveira Marcelina Cândida da Mota, da Feira I I ___________________________________ __________________________________________ Maria Joaquina c.c. Victorino de Pinho José Manuel de Pinho c.c. Guiomar de Sousa Brandão Delfina P.e Luís avós do Dr. Joaquim27.02.1805 24.05.1796 15.08.1793 de Pinho Brandão da Casa dos Ciprianos com arca tumular no adro de Urrô que comprou MINHÃOS I a Angelina, de MINHÃOS, abaixo Joaquim de Pinho Brandão c.1867 c Mª Emília, fª de Jacinto Teixeira Teles este, neto de Caetano Teixeira Teles da PORTA e de MINHÃOS e também neto de Margarida Rosa Teixeira da PORTA I ___________________________ Angelina, de MINHÃOS Outros *** Ver Brito, F. Abrunhosa - A Casa do Aro, em Arouca. (com a gratidão do autor, esquema acima revisto pelo contributo de Alberto de Pinho Gonçalves)

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JOAQUIM DE PINHO BRANDÃO E SUA M.ER MARIA EMÍLIA VIVERAM NA QUINTA DE MINHÃOS132 E TIVERAM: ...; JOSÉ, 1875 (N. 27.08, B. 5.09); ANTÓNIO, 1878 (N. 6.02, B. 17.02); MANUEL, 1881 (N. 18.02, B. 9.03); AUGUSTO, 1883 (N. 27.02, B. 8.03); ANGELINA, 1875 (N. 29.05, B. 7.06) E JOAQUIM, 1887 (N. 18.05, B. 30.05). ESTE ÚLTIMO FALECEU A 22.10.1934 E SUA IRMÃ ANGELINA SOBREVIVEU-LHE ATÉ 31.08.1950. A QUINTA VEIO A PERTENCER A "ANGELINA DE MINHÃOS" QUE A VENDEU A SEU PARENTE (PRIMOSEGUNDO), O DR. JOAQUIM DE PINHO BRANDÃO133 E A SUA M.ER D. MARIA ANTÓNIA SOARES DOS REIS BRANDÃO, E DAQUI PASSOU A SUA FILHA D. MARIA ANTÓNIA CASADA COM PEDRO AVELAR. ESTES ÚLTIMOS, MUITO RECENTEMENTE, RECUPERARAM A VELHA CASA COM EXTREMO CARINHO.

132

Prova-o uma escritura outorgada por Joaquim de Pinho Brandão, de Minhãos, e sua irmã e cunhado, adiante transcrita.

133

Neto de Maria Joaquina, irmã do acima mencionado Joaquim de Pinho Brandão da Casa dos Ciprianos.

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Adenda ADA, Notariais de Arouca, Tab. Fernando José Tavares, livro 338, fl. 113 e seguintes.

Testamento que faz Paula Maria Barboza do lugar de Minhãons da freg.a de Santa Eulalia deste termo

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Em nome de Deos Amem. Saibam quantos este publico instro tromento de escritura de testamento ou como em direito milhor lugar haja e dizer se possa virem que no anno do nascimento de nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos e oitenta e oito annos aos seis dias do mes de Março do dito anno nesta quinta de Minhãons e moradas de Paulla Maria Barboza que he da freg. de Santa Eulalia deste termo de Arou ca aonde eu Tabalião ao diante nomiado vim e ahi peran te mim e das testemunhas tudo ao diante nomiado e no fim escritas e asignadas apareseu a dita Paula Maria Barboza ca zada com Antonio Tejxejra abzente nas partes da America doente em huma cama mas em seo natural e prefeito juizo ao meu pareser e das mesmas testemunhas do que eu tabalião dou fé e de ser a propria de que faço menção pela qual me foi dito perante as mesmas testemunhas que ella por se ver emferma e temer a morte que ria dispor de seos bens espirituais e temporais o que fes na forma seguinte; primejramente dize que como verdadeira catholica cria em tudo quanto cré tem e ensina a Santa Madre Igreja

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de Roma e nos misterios da Redempção do genero humano e que implorava o patrocinio de Maria Santizima e de todos os Santos da Corte do Ceo para que todos sejam seos intrese sores e que sendo Deos servido levela da vida prezente que ria que seo corpo fosse amortalhado em huma cogulla de Sam Bernardo e enterrada dentro da Igreja desta sua freguezia dandosse aos pobres no dia do seo enterro três alquejres de pam cozido e dous almudes de vinho; e ao Reve rendo Parocho as ofertas do costume, e que nela sua // sua alma se lhe mandem dizer sincoenta missas rezadas desmo lla de cem reis cada huma tudo por huma ves somente e que pela su a alma se lhe mande fazer hum oficio de corpo prezente sendo dia dezempedido e não o sendo sera no primejro dia que houver e não asistirão nelle menos de des padres e desta forma dise tinha dis posto de seos bens espirituais comforme podia e entendia, e que dispondo de seos bens temporais o fazia na manejra e forma se guinte: dise que ella era legitimamente cazada com o dito Anto nio Tejxejra e que de entre elles havião dous filhos que prezente

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mente vivião que são Joaquim e Maria ambos soltejros e menores de vinte e sinco annos aos quiais instetuhia por seos u niversais herdeiro, e que quando o dito seo marido se abzentara lhe fizera huma procuração bastante pelo Tabalião que então era Joze Ignacio Perejra de Castro em trinta e hum de Março do ano de mil e setecentos e setenta e oito no qual lhe deu to dos os poderes sem lemitação alguma tanto para vender e em pinhar como para administrar todos os bens pertensentes a hum e outro cuja procuração substabalecia intejramente com todos os poderes concedidos nella a seu Irmão digo em seu Irmão o Reverendo Joze Barboza Malhejro não so pa ra admenistrar todos os bens e seos rendimentos mas igual mente para uzar do mesmo pleno poder concedido na dita pro curação e admenistrar as pesoas dos ditos seos filhos durando a sua menoridade; e que como o dito seo marido pela sua abzem cia tinha emposiblidade para dispor dos seus bens e como es ta quinta he de prazo que esta em tersejra vida sendo cazo que o dito seo marido não venha a este Rejno e falesça

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sem nomiação ella testadora uzando dos poderes da dita procuração nomiava o dito prazo e quinta em seu filho o dito Joaquim soltejro para por morte della o dito seo // seo marido seguir a vida que lhe toca sendo porem o di to seo filho Joaquim obrigado rigorozamente a dar a sua Irman a dita Maria duzentos e trinta mil reis por hu ma so ves em desconto de legitimas e herenças que por via mater na lhe tocarem com declaração que esta quantia sera livre e endene de qualquer herença que vinha do dito seo Paj ou de outra qu alquer pesoa, e para maihor obrigação dos ditos dozentos e trinta mil reis asignava ella testadora não so os seos tersos mas toda e qualquer acção com que os possa sigurar cuja quantia sera dada tanto que houver noticia do falecimento do dito seo marido da hi a hum anno porem se dentro delle a dita Irman estiver de zo ciedade com o mesmo Irmão sustentando a ella e vestindo a e calçandoa como emthegora não correra juros a dita quantia porem faltando estes alimentos e não vivendo em união ou não vivendo também o dito substabalecido procurador correra juros

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a dita quantia e que tanto a nomiação feita ao dito seo filho co mo a referida filha he com a regorozisima obregação de cazarem hum e outro querendo tomar este estado com pesoas iguais as suas seguindo a ileição do dito e seo thio o Reverendo Jozé Barboza Malhejro e de seu thio paterno o Bacharel Jacinto Soares de Britto; e mais declarou ella testadora que pois o di to seo Irmão o Reverendo Joze Barboza Malhejro havia gasto e consumido nesta caza muntos dinhejros como hera publico e notorio com cuja contrebuição não so a tinha remido de varias execuções e vexames publicos e particulares mas tambem como alimentar todas as pesoas e familia desta caza sem o que nese seriamente se deplorarião os bens da mesma caza por todos estes motivos em piquena remuneração da grande obrigação em que lhe esta seja o dito seo sobrinho rigorosamente obrigado a dar lhe anualmente vinte alqueires de pão e huma pipa de vinho e hum canta // e hum cantaro de azeite anualmente tudo limpo e são e posto na caza da rezidencia do mesmo padre e esta obrigação lhe fas como rezerva por descargo de sua conciencia emquanto o dito

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padre vivo for e ultimamente declarou a mesma testadora que as nomeaçõens que neste testamento fazia tanto por forsa do direito que lhe pertencia como por menisterio da dita procu ração; era tambem com a rigoroza condição e obrigação de que havendo de cazar o dito filho Joaquim seja a ileição dos referi dos thios materno e paterno; e sendo elles falescidos o fara com pesoa sua igual e não o fazendo asim paçara a nomiação da quinta e prazo a filha Maria e não cazando tambem esta pe lla sobredita manejra não sera o Irmão Joaquim obrigado a dar lhe mais do que cento e quinze mil reis porem qucomo pode haver espaço na dita ileição de espaço digo ileição de estado se acazo antes dizo se verificar a condição de bom ca zamento podera hum ao outro repetir por via desta condi ção o direito que lhe fica rezervado: o que desta forma ha via por bem feito este seu testamento que queria vallece como nelle se contem e que anulava outros quaisquer que havia feitos; em fé e testemunho de verdade asim o dize e outorgou e a seo rogo lhe fis este imstromento que lhe

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recebi e aseitei em seu nome e de quem competir e pela testadora não poder asignar asignou a seo rogo e por seu mandado o Reverendo Abbade desta dita freguezia Ma noel Jozé da Costa e Silva sendo a tudo testemunhas pre zentes Jozé Manoel de Sousa Lobo da Vª de Arouca e o Ba charel Jacinto Soares de Brito da Porta, e o Reveren digo de Arouca e o Reverendo Manoel Jozé Gonsalves doMoção e Francisco Xavier da Silva boticario do mesmo // do mesmo lugar e Joze Caetano Cervejra Inque redor deste Concelho do lugar de uro e da freguezia de San Miguel e Joze Luis Barboza do lugar da Porta e Jozé soltejro filho de Antonio Perejra deste mesmo lugar e todos desta freguezia e de mim conhecidos, do que dou fé e eu Fernando Jozé Tavares Tabalião que o escrevi e asignej e perante a mesma testadora e teste munhas asi na forma da Lej

Fernando Jozé Tavares

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A rogo da testadora o Abb.e Manoel Jozé da Costa e Sª P.e Manoel Joze gonsalves

Fran.co Xer da Sª

Caetº Cer.ra Joze Luis Barboza

joze Soltr.o Joze M.el de Sza Lobo

Fernando Brito

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Je

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Foto do autor

Arca tumular de D. Guiomar de Sousa Brandão, no adro da paroquial de Urrô, mediante identificação de D. Maria Antónia Brandão Avelar

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ADA, Notariais de Arouca, livro 1020-26, Tab. José Pinto, fls. 16 e 16v.

[fl. 16] Escriptura de paga e quitação que fazem Miguel Maria de Paiva e sua molher Luciana Carolina de Souza Brandão do lugar de Cerquedello a seu irmão e cunhado Joaqui m de Pinho Brandão do lugar de Menhãos freguezia de Santa Eulallia

Saibão quantos este publico instrumento de Escriptura de paga e quitasão virem que sendo o Anno do Nasçimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito sentos setenta e quatro an nos aos vinte e tres dias do mês de Abril do ditto anno nesta Villa de Arouca e meu Escriptorio aparecerão partes prezentes i outorgantes a saber de uma parte Miguel Maria de Paiva e sua molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão moradores no lugar de Cerquedello freguezia da Espiunca [fl.16v] Espiunca, e da outra parte seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão do lugar de Menhãos Freguezia de Santa Eulalia todos deste Julgado e Comarca de Arouca reconheçidos de mim Tabellião e testemunhas ao diante nomeadas e no fim deste instrumento escriptas e asignadas e estas de mim Tabellião de que dou fé - E logo pellos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão cuja edentidade reconheço foi ditto na minha prezença e das mesmas teste munhas de que igualmente dou fé que seus pais e sogros Joze Manuel de Pinho e sua molher Dona Guio

Fernando Brito

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

mar Carolina de Souza Brandão, do lugar de Urro, na escriptura de seu cazamento com data de vinte e sette

ADA, Notariais de Arouca, livro 1020-26, Tab. José Pinto, fls. 16 e 16v.

[fl. 16] Escriptura de paga e quitação que fazem Miguel Maria de Paiva e sua molher Luciana Carolina de Souza Brandão do lugar de Cerquedello a seu irmão e cunhado Joaqui m de Pinho Brandão do lugar de Menhãos freguezia de Santa Eulallia

Saibão quantos este publico instrumento de Escriptura de paga e quitasão virem que sendo o Anno do Nasçimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito sentos setenta e quatro an nos aos vinte e tres dias do mês de Abril do ditto anno nesta Villa de Arouca e meu Escriptorio aparecerão partes prezentes i outorgantes a saber de uma parte Miguel Maria de Paiva e sua molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão moradores no lugar de Cerquedello freguezia da Espiunca [fl.16v] Espiunca, e da outra parte seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão do lugar de Menhãos Freguezia de Santa Eulalia todos deste Julgado e Comarca de Arouca reconheçidos de mim Tabellião e testemunhas ao diante nomeadas e no fim deste instrumento escriptas e asignadas e estas de mim Tabellião de que dou fé - E logo pellos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão cuja edentidade reconheço foi ditto na minha prezença e das mesmas teste munhas de que igualmente dou fé que seus pais e sogros Joze Manuel de Pinho e sua molher Dona Guio

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As Doze Portas de Gerações de Arouca 1500-1800

mar Carolina de Souza Brandão, do lugar de Urro, na escriptura de seu cazamento com data de vinte e sette

ADA, Notariais de Arouca, livro 1020-26, Tab. José Pinto, fls. 16 e 16v.

[fl. 16] Escriptura de paga e quitação que fazem Miguel Maria de Paiva e sua molher Luciana Carolina de Souza Brandão do lugar de Cerquedello a seu irmão e cunhado Joaqui m de Pinho Brandão do lugar de Menhãos freguezia de Santa Eulallia

Saibão quantos este publico instrumento de Escriptura de paga e quitasão virem que sendo o Anno do Nasçimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito sentos setenta e quatro an nos aos vinte e tres dias do mês de Abril do ditto anno nesta Villa de Arouca e meu Escriptorio aparecerão partes prezentes i outorgantes a saber de uma parte Miguel Maria de Paiva e sua molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão moradores no lugar de Cerquedello freguezia da Espiunca [fl.16v] Espiunca, e da outra parte seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão do lugar de Menhãos Freguezia de Santa Eulalia todos deste Julgado e Comarca de Arouca reconheçidos de mim Tabellião e testemunhas ao diante nomeadas e no fim deste instrumento escriptas e asignadas e estas de mim Tabellião de que dou fé - E logo pellos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão cuja edentidade reconheço foi ditto na minha prezença e das mesmas teste munhas de que igualmente dou fé que seus pais e sogros Joze Manuel de Pinho e sua molher Dona Guio

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mar Carolina de Souza Brandão, do lugar de Urro, na escriptura de seu cazamento com data de vinte e sette de Janeiro de Janeiro [sic] de mil oito sentos e sesenta e quatro e labradas nas nottas de mim Tabelião lhe ter[?] .....nomiado a quanttia de quatro sentos mil reis passando esta obrigação para o segundo outorgante seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão, E como elles mesmos outorgantes já tinham recebido dos dittos seus pais e sogros a quanttia de cem mil reis i outra igual quanttia de mão do mesmo segundo outor gante e estava somente a restarlhe, duzentos mil reis cuja quanttia de duzentos mil em oiro e prata foi aprezentada e contada em sima da mesa onde eu Tabelião esta escrevi pello segundo outorgante Joaquim de Pinho Brandão, na minha prezença e das mesmas testemunhas cuja quanttia sendo contada e recon toda pelos mesmos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e sua molher e acharam serta em sij a embolcarão[embolsaram] de que dou fé ouvindo elles mesmos primeiros outorgantes que por este mesmo publico instrumento pago i quitação e uzo milhor de direito que valler possa davão ao mesmo segundo outorgante seu irmão e cunhado da mençionada quanttia de quatro sentos mil reis i juros, para já mais em tempo algum lhe tornar a ser pedida coiza alguma que diga respeito a mesma quanttia de quatro sentos mil reis e juros em deveda e cuja firmeza e seguran ça da prezente escriptura de paga e quitação i obrigão suas todos os seus bens e terços e E logo pelo mesmo seg undo outorgante Joaquim de Pinho Brandão foi também ditto na minha prezença e das mesmas tes temunhas de que igualmente dou fé que aceitava a prezente escriptura de paga e quitação na forma em que se acha feita, Em fe e testemunho de verdade assim o decerão a quezerão, outorgarão revogarão amim Ta bellião nesta notta lhe escreveçe este instrumento i o que eu fiz outorguei a aseitei em nome de partes prezentes ia

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bzentes[ e ausentes] a quem tocar e pertençer provar ficando eu obrigado a ratribuição da mesma vai[?] ficar sellada esta escriptura com o sello de uma só Estampilla com vallor de çem reis e a qual vai ser collada no fim deste instrumento, e por mim Tabellião foj enuctilizada em conformidade da Leij do sello de que forão testemunhas prezentes Joaquim Moreira, casado, labrador do lugar e freguezia de Canellas e António de Miranda, solteiro labrador do lugar de Souto Redondo e Antonio Roque solteiro e que vem de sua algurçia[?] desta villa, este asig nou arrogo da outorgante por ella não saber ler nem escrever i para iço[isso?] erogar que asignarão como outor gantes depois de lida por mim em voz alta Joze Pinto Tabellião que a escrevi e asignei em publico e ra zo de que uzo. Reçalvo a entrelinha que dis = pago e quitação tudo he[?] dito Tabelião o escrevi e reconheci

ADA, Notariais de Arouca, livro 1020-26, Tab. José Pinto, fls. 16 e 16v.

[fl. 16] Escriptura de paga e quitação que fazem Miguel Maria de Paiva e sua molher Luciana Carolina de Souza Brandão do lugar de Cerquedello a seu irmão e cunhado Joaqui m de Pinho Brandão do lugar de Menhãos freguezia de Santa Eulallia

Saibão quantos este publico instrumento de Escriptura de paga e quitasão virem que sendo o Anno do Nasçimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito sentos setenta e quatro an nos aos vinte e tres dias do mês de Abril do ditto anno nesta Villa de Arouca e meu Escriptorio aparecerão partes prezentes i outorgantes a saber de uma parte Miguel Maria de Paiva e sua molher

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Dona Luciana Carolina de Souza Brandão moradores no lugar de Cerquedello freguezia da Espiunca [fl.16v] Espiunca, e da outra parte seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão do lugar de Menhãos Freguezia de Santa Eulalia todos deste Julgado e Comarca de Arouca reconheçidos de mim Tabellião e testemunhas ao diante nomeadas e no fim deste instrumento escriptas e asignadas e estas de mim Tabellião de que dou fé - E logo pellos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão cuja edentidade reconheço foi ditto na minha prezença e das mesmas teste munhas de que igualmente dou fé que seus pais e sogros Joze Manuel de Pinho e sua molher Dona Guio mar Carolina de Souza Brandão, do lugar de Urro, na escriptura de seu cazamento com data de vinte e sette de Janeiro de Janeiro [sic] de mil oito sentos e sesenta e quatro e labradas nas nottas de mim Tabelião lhe ter[?] .....nomiado a quanttia de quatro sentos mil reis passando esta obrigação para o segundo outorgante seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão, E como elles mesmos outorgantes já tinham recebido dos dittos seus pais e sogros a quanttia de cem mil reis i outra igual quanttia de mão do mesmo segundo outor gante e estava somente a restarlhe, duzentos mil reis cuja quanttia de duzentos mil em oiro e prata foi aprezentada e contada em sima da mesa onde eu Tabelião esta escrevi pello segundo outorgante Joaquim de Pinho Brandão, na minha prezença e das mesmas testemunhas cuja quanttia sendo contada e recon toda pelos mesmos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e sua molher e acharam serta em sij a embolcarão[embolsaram] de que dou fé ouvindo elles mesmos primeiros outorgantes que por este mesmo publico instrumento pago i quitação e uzo milhor de direito que valler possa davão ao mesmo segundo outorgante seu irmão e cunhado da

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mençionada quanttia de quatro sentos mil reis i juros, para já mais em tempo algum lhe tornar a ser pedida coiza alguma que diga respeito a mesma quanttia de quatro sentos mil reis e juros em deveda e cuja firmeza e seguran ça da prezente escriptura de paga e quitação i obrigão suas todos os seus bens e terços e E logo pelo mesmo seg undo outorgante Joaquim de Pinho Brandão foi também ditto na minha prezença e das mesmas tes temunhas de que igualmente dou fé que aceitava a prezente escriptura de paga e quitação na forma em que se acha feita, Em fe e testemunho de verdade assim o decerão a quezerão, outorgarão revogarão amim Ta bellião nesta notta lhe escreveçe este instrumento i o que eu fiz outorguei a aseitei em nome de partes prezentes ia bzentes[ e ausentes] a quem tocar e pertençer provar ficando eu obrigado a ratribuição da mesma vai[?] ficar sellada esta escriptura com o sello de uma só Estampilla com vallor de çem reis e a qual vai ser collada no fim deste instrumento, e por mim Tabellião foj enuctilizada em conformidade da Leij do sello de que forão testemunhas prezentes Joaquim Moreira, casado, labrador do lugar e freguezia de Canellas e António de Miranda, solteiro labrador do lugar de Souto Redondo e Antonio Roque solteiro e que vem de sua algurçia[?] desta villa, este asig nou arrogo da outorgante por ella não saber ler nem escrever i para iço[isso?] erogar que asignarão como outor gantes depois de lida por mim em voz alta Joze Pinto Tabellião que a escrevi e asignei em publico e ra zo de que uzo. Reçalvo a entrelinha que dis = pago e quitação tudo he[?] dito Tabelião o escrevi e reconheci

ADA, Notariais de Arouca, livro 1020-26, Tab. José Pinto, fls. 16 e 16v.

[fl. 16] Escriptura de paga e quitação que fazem Miguel Maria de

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Paiva e sua molher Luciana Carolina de Souza Brandão do lugar de Cerquedello a seu irmão e cunhado Joaqui m de Pinho Brandão do lugar de Menhãos freguezia de Santa Eulallia

Saibão quantos este publico instrumento de Escriptura de paga e quitasão virem que sendo o Anno do Nasçimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito sentos setenta e quatro an nos aos vinte e tres dias do mês de Abril do ditto anno nesta Villa de Arouca e meu Escriptorio aparecerão partes prezentes i outorgantes a saber de uma parte Miguel Maria de Paiva e sua molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão moradores no lugar de Cerquedello freguezia da Espiunca [fl.16v] Espiunca, e da outra parte seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão do lugar de Menhãos Freguezia de Santa Eulalia todos deste Julgado e Comarca de Arouca reconheçidos de mim Tabellião e testemunhas ao diante nomeadas e no fim deste instrumento escriptas e asignadas e estas de mim Tabellião de que dou fé - E logo pellos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e molher Dona Luciana Carolina de Souza Brandão cuja edentidade reconheço foi ditto na minha prezença e das mesmas teste munhas de que igualmente dou fé que seus pais e sogros Joze Manuel de Pinho e sua molher Dona Guio mar Carolina de Souza Brandão, do lugar de Urro, na escriptura de seu cazamento com data de vinte e sette de Janeiro de Janeiro [sic] de mil oito sentos e sesenta e quatro e labradas nas nottas de mim Tabelião lhe ter[?] .....nomiado a quanttia de quatro sentos mil reis passando esta obrigação para o segundo outorgante seu irmão e cunhado Joaquim de Pinho Brandão, E como elles mesmos outorgantes já tinham recebido dos

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dittos seus pais e sogros a quanttia de cem mil reis i outra igual quanttia de mão do mesmo segundo outor gante e estava somente a restarlhe, duzentos mil reis cuja quanttia de duzentos mil em oiro e prata foi aprezentada e contada em sima da mesa onde eu Tabelião esta escrevi pello segundo outorgante Joaquim de Pinho Brandão, na minha prezença e das mesmas testemunhas cuja quanttia sendo contada e recon toda pelos mesmos primeiros outorgantes Miguel Maria de Paiva e sua molher e acharam serta em sij a embolcarão[embolsaram] de que dou fé ouvindo elles mesmos primeiros outorgantes que por este mesmo publico instrumento pago i quitação e uzo milhor de direito que valler possa davão ao mesmo segundo outorgante seu irmão e cunhado da mençionada quanttia de quatro sentos mil reis i juros, para já mais em tempo algum lhe tornar a ser pedida coiza alguma que diga respeito a mesma quanttia de quatro sentos mil reis e juros em deveda e cuja firmeza e seguran ça da prezente escriptura de paga e quitação i obrigão suas todos os seus bens e terços e E logo pelo mesmo seg undo outorgante Joaquim de Pinho Brandão foi também ditto na minha prezença e das mesmas tes temunhas de que igualmente dou fé que aceitava a prezente escriptura de paga e quitação na forma em que se acha feita, Em fe e testemunho de verdade assim o decerão a quezerão, outorgarão revogarão amim Ta bellião nesta notta lhe escreveçe este instrumento i o que eu fiz outorguei a aseitei em nome de partes prezentes ia bzentes[ e ausentes] a quem tocar e pertençer provar ficando eu obrigado a ratribuição da mesma vai[?] ficar sellada esta escriptura com o sello de uma só Estampilla com vallor de çem reis e a qual vai ser collada no fim deste instrumento, e por mim Tabellião foj enuctilizada em conformidade da Leij do sello de que forão testemunhas prezentes Joaquim Moreira, casado, labrador do lugar e freguezia de Canellas e António de Miranda, solteiro

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labrador do lugar de Souto Redondo e Antonio Roque solteiro e que vem de sua algurçia[?] desta villa, este asig nou arrogo da outorgante por ella não saber ler nem escrever i para iço[isso?] erogar que asignarão como outor gantes depois de lida por mim em voz alta Joze Pinto Tabellião que a escrevi e asignei em publico e ra zo de que uzo. Reçalvo a entrelinha que dis = pago e quitação tudo he[?] dito Tabelião o escrevi e reconheci

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QUINTA DE MINHÃOS. Introdução aos Escobares de Arouca

Reprodução da parte final da escritura de quitação transcrita.

Em ttutto de verde [verdade]

Joze Pinto Miguel Maria de Paiva

A Rogo Antonio Roque

Joaquim de Pinho Brandão

Joaquim Moreira

Antonio de Almeida

Joze Pinto

A escriptura de seu cazamento, mencionada na linha 17 do texto tanscito acima, encontra-se no: Livro 1012-18, Tab. José Pinto, fls. 8v-9v: Dote e Doação de Ana Soares, viúva, a seu f.º Miguel Maria de Paiva, de Cerquedelo, para casar com D. Luciana Carolina Brandão, f.ª de José Manuel de Pinho e sua m.er D. Guiomar Carolina de Sousa Brandão, do lugar de Urrô.

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Carta Geográfica MINHÃOS e PORTA

QUINTA DE MINHÃOS CASA DA PORTA

trecho da “carta militar”

Fernando Brito

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