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Dedico, Ao meu pai e minha mãe, eternas
fontes
inspiração,
admiração
de e
amor. Obrigada por tudo que vocês já fizeram por mim e ainda hão de fazer, vocês são a razão do meu viver.
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³3DUDRLJQRUDQWHDYHOKLFHpRLQYHUQRSDUDRLQVWUXtGRpD HVWDomRGDFROKHLWD´ Provérbio italiano
³3RGHPRVHVFROKHURTXHVHPHDUPDVVRPRVREULJDGRVD FROKHUDTXLORTXHSODQWDPRV´ Provérbio tibetano
³$TXHOHTXHSHUJXQWDSRGHVHUXPWolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar, será um tolo para o resto da YLGD´ Provérbio chinês
ϯ
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por ter me concedido a virtude da vida e por me proporcionar tantas felicidades. Agradeço à Universidade Federal de Mato Grosso pela viabilização de meios para a realização deste trabalho. Ao Prof. Dr. Germano Guarim Neto por ter me dado a honra de ser sua orientada e desenvolvermos este trabalho juntos. Obrigada por toda ajuda, dedicação e sabedoria e pelas palavras de incentivo. Obrigada pela amizade. A CAPES pelo financiamento da bolsa de estudo. Ao Grupo de Estudos da Flora, Vegetação e Etnobotânica (FLOVET). À Banca Examinadora da dissertação, Prof. Dr. Rogério B.S. Añez, Prof. Dr. Tami Mott, Prof. Dr. Vera L.M.S. Guarim e Prof. Dr. Maria Corette Pasa. Agradeço a comunidade de Passagem da Conceição, pela acolhida, principalmente aos moradores que foram entrevistados. Agradeço a Dona Dirce por ter facilitado meu contato com a comunidade. Agradeço a Dona Maria do Carmo (in memorian) por ter me apresentado a comunidade e por ter sido a minha primeira entrevistada. Aos meus pais, Manoel e Márcia pessoas mais que presentes em minha vida, sempre me apoiando e me incentivando. Essa vitória também é de vocês. Se existe algo maior que amor é o que sinto por vocês. Obrigada por tudo, eu amo muito vocês.
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Aos meus irmãos Rodrigo e Renata, que sempre de alguma forma contribuíram para o meu aprendizado. Amo vocês. A toda minha família, avós, tios, tias, primos e primas cada um de vocês de alguma forma contribuiu com o meu crescimento. Em especial à minha Vózinha, que sempre foi à melhor professora que eu já pude ter e sempre contribuiu no meu aprendizado. Você é muito especial na minha vida! Aos meus avós, Nelson e Neco que infelizmente não estão fisicamente ao meu lado para comemorar essa conquista, mas sempre estarão presentes em meu pensamento e em meu coração. Em especial ao meu Vô Neco, o senhor sempre será o meu herói! Ao Vinícius, Isadora, Samuel, Vitor e Ana Júlia por tornarem meus dias mais alegres e cheios de vida e agitação. Vocês são simplesmente essenciais em minha vida. Agradeço a todas as pessoas que me acompanharam durante as coletas de dados na comunidade de Passagem da Conceição, em especial Simoni Ziober, Mariana Pagotto, André Pansonato, Edson Ramos e Natacha Queiroz. Agradeço aos amigos, mais que especiais, que se fazem presentes mesmo quando estamos distantes e que sempre estão ao meu lado e me incentivam para que eu prossiga nessa caminhada: Adriana, Marcela, Suzana, Talita, Laura, Camila, Márcia, Simoni, Bruno, Paulinho, Vander, Stefano. Agradeço aos eternos companheiros de faculdade que se tornaram grandes amigos da vida: Fabrícia, Zaryf, Juliana,
ϱ
Patrícia, Karen, Mônica, Natacha, Elyerson, Marina, Fernanda, Ana Paula. Agradeço a todos as pessoas que fazem parte da minha vida, obrigada por cada uma sua maneira, contribuir para o meu crescimento.
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Sumário Lista de Figuras e Tabelas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϳ RESUMO͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϴ ABSTRACT͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϭϬ 1. INTRODUÇÃO͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϭϮ 1.1 Breve histórico da etnoecologia, etnobiologia e disciplinas correlatas͘͘͘͘͘͘ϭϮ 1.2 Comunidades ribeirinhas e quintais͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϭϵ 2. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA COMUNIDADE RIBEIRINHA PASSAGEM DA CONCEIÇÃO͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘Ϯϴ 3. HISTÓRICO DA COMUNIDADE RIBEIRINHA DE PASSAGEM DA CONCEIÇÃO͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘Ϯϵ 4. O RIO CUIABÁ E SUA LIGAÇÃO COM PASSAGEM DA CONCEIÇÃO͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϰϬ 5. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϰϰ 5.1 ± Técnicas Qualitativas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϰϳ 5.2 ± Técnicas Quantitativas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϬ 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϯ 5.1 5.1.1
Dados Socioeconômicos͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϯ Faixas etárias dos informantes͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϯ
5.1.2 Origem dos entrevistados͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϲ 5.1.3 Grau de escolaridade dos entrevistados͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϳ 5.1.4 Profissões dos informantes͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϴ 5.2 Dados sobre uso dos recursos vegetais͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϵ 5.2.1 Famílias Botânicas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϲϬ 5.2.2 Hábito das espécies͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϲϮ 5.2.3 Categorias de Uso͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϲϲ 5.2.5 Plantas Alimentícias͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϴϲ 5.2.6 Plantas ornamentais e utilizadas no sombreamento͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϴϴ 5.2.7 Plantas místicas e religiosas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϴϵ 5.2.8 Plantas tóxicas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϵϭ 5.3 Análises quantitativas͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϵϯ 6. REFLEXÕES FINAIS͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϵϲ 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϭϬϲ
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Lista de Figuras e Tabelas Tabela 1. Cadastro dos quintais estudados na Comunidade Ribeirinha de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT.͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϱϰ Tabela 2. Total de espécies das famílias botânicas.͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϲϬ Tabela 3. Espécies vegetais e seus hábitos. Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. Legenda: Arb = Arbustivo, Arv=Arbóreo, Cac= Cacto, Epi= Epífita, Her=Herbácea, Pal=Palmeira, Sab=Subarbustivo e Trep=Trepadeira.͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϲϮ Tabela 4.Espécies vegetais e suas categorias de uso. Legenda: Al=Alimentação,͘ϲϴ Tabela 5. Indicação Terapêutica das Plantas Utilizadas em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϳϲ Tabela 6. Espécies utilizadas para fins alimentícios pela comunidade de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϴϴ Tabela 7. Espécies utilizadas para fins ornamentais e de sombreamento pela comunidade de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϴϵ Tabela 8. Espécies utilizadas para fins místicos e religiosos pela comunidade de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϵϬ Tabela 9. Nível de Fidelidade (NF), Fator de Correção (FC) e Concordância de Uso das Espécies (CUP).͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘͘ϵϰ
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RESUMO Os estudos etnobotânicos nos possibilitam analisar as relações entre os seres humanos e os recursos vegetais. Os quintais por possuírem características únicas que são definidas por condições socioculturais, religiões, crenças e costumes que influenciam na composição e diversidade de espécies presentes nestes, permitem que haja uma preocupação futura com a manutenção e conservação dessa biodiversidade através do registro da cultura adquirida ao longo dos anos pelas famílias. O presente estudo foi desenvolvido na Comunidade Ribeirinha de Passagem da Conceição em Várzea Grande-MT. Os dados deste pesquisa foram coletados no período de setembro de 2008 a setembro de 2009, através da técnica da bola-de-neve (Snowball). Foram utilizadas técnicas qualitativas por meio de entrevistas estruturadas e semiestruturadas. Os objetivos principais foram os de catalogar e identificar as espécies vegetais e discutir a relação do ser humano com os recursos vegetais. Foram entrevistados 26 informantes sendo 65% do sexo feminino e 35% do sexo masculino, a faixa etária variou entre 29 a 74 anos. A maioria dos entrevistados (22) nasceu em Mato Grosso e apenas quatro nasceram em outros Estados. Foram registradas 107 espécies agrupadas em 52 famílias botânicas, sendo Asteraceae e Lamiaceae as mais representativas. O boldo (Coleus barbatus (Andrews) Benth.)
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obteve o maior número de citações (17). Seis categorias de uso puderam ser definidas: medicinal (Phyllanthus niruri L.), alimentar (Caryocar brasiliense Camb.), místico/religioso (Licania parviflora Benth.),
ornamental
(Pteridium
aquilinum
(L.)
Kuhn.,
sombreamento (Terminalia cattapa L.) e tóxica (Dieffenbachia picta Schott.). Para uso terapêutico foram citadas 89 espécies, como paratudo (Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex. S. Moore), arnica (Lychnophora ericoides Mart.) e hortelã (Hyptis goyazensis A.St.-Hil. Ex Benth.). As principais partes usadas foram folhas, casca, fruto, etc. Com relação às formas de uso o chá foi o mais citado com 60%, seguido de banho com 8%. Observa-se o uso das plantas no tratamento de doenças relacionadas à patologias do aparelho circulatório, respiratório e digestório. Plantas como espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata Hort.) são utilizadas como amuletos protetores. A transmissão do conhecimento ocorre de forma oral transgeracional e horizontal. Desmatamento, pastagens e poluição são apontados como impactos sócioambientais. Este estudo revela o conhecimento do potencial florístico, formas alternativas de uso e manejo dos fitorecursos e os valores culturais contidos neste comunidade ribeirinha. Palavras-chave: Passagem da Conceição, Recursos Vegetais, Quintais.
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ABSTRACT Ethnobotanical studies enable us to analyze the relationship between humans and plant resources. The yards have unique characteristics that are defined by cultural conditions, religions, beliefs and customs that influence the composition and diversity of species present in these, they permit a further concern with the maintenance and conservation of biodiversity through the existing culture built up over the years by families. This study was conducted in Riverside Comunity, Passagem da Conceição, Várzea Grande, state of Mato Grosso. The data from this study were collected from September 2008 to September 2009 using Snowball techniques. Qualitative techniques using both structured and semi-structured interviews were employed. The main objectives were to catalog and to identify the plant species and to discuss the relationship between human beings and plant resources. Twenty-six people were interviewed, 65% female and 35% male, age ranged from 29 to 74 years. The majority of people (22) were born in Mato Grosso State, only four were born in other Brazilian States. One hundred and seven species of plants in 52 families were registered; Asteraceae and Lamiaceae families were the most representatives. The Boldo (Coleus barbatus (Andrews) Benth.) was the plant with the highest number of citations (17). Six categories of plant usage could be
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defined: medical (Phyllanthus niruri L.), food (Caryocar brasiliense Camb.) Mystical / religious (Licania parviflora Benth.), Ornamental (Pteridium aquilinum (L.) Kuhn., Shading (Terminalia cattapa L .) and toxic (Dieffenbachia picta Schott). For therapeutic usage, 89 species were cited as paratudo (Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex. S. Moore), arnica (Lychnophora ericoides Mart.), and mint (Hyptis goyazensis A.St.Hil. Ex Benth.). The main parts used were leaves, bark, fruit, etc. Regarding the ways for using the plants, the tea was the most cited, 60%, followed by a bath with 8%. There is the usage of plants to treat diseases related to circulatory, respiratory and digestive tracts. Plants such as espada-de-sãojorge (Sansevieria trifasciata Hort.) are used as protective amulets. The transmission of knowledge occurs verbally, either through generations and horizontally. Deforestation, grazing and pollution were highlighted as environmental and social impacts. This study revealed the knowledge of the botanic potential, alternative forms of usage and management of plant resources and cultural values contained in this riverside community. Keywords: Passagem da Conceição, plant resources, yards.
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Breve histórico da etnoecologia, etnobiologia e disciplinas correlatas A história do conhecimento científico aborda ao longo do tempo a ligação entre populações humanas e recursos vegetais, porém o termo etnobotânica só passou a ser abordado há pouco mais de um século, originalmente acometia o estudo das plantas usadas por povos primitivos e aborígenes (Harshberger, 1896). Os conceitos de etnoecologia, etnobiologia e etnobotânica estão intimamente ligados, na maioria das vezes são utilizados com a mesma definição, pois derivam do mesmo campo de pesquisa. Etnobiologia é definida de maneira geral como a relação entre seres humanos com o ambiente, isto é, a relação humana com os recursos florísticos e faunísticos através das gerações (Berlin, 1992). Ford (1978) trata etnobotânica como o estudo das interrelações diretas entre os homens e as plantas, priorizando a relação da sociedade com a natureza. De acordo com Xolocotzi (1983) a etnobotânica aborda o campo científico das inter-relações estabelecidas entre o homem e as plantas ao longo do tempo e em diferentes ambientes. O elemento das inter-relações é motivo de estudo da Etnobotânica e está determinado por dois fatores: condições ecológicas (meio) e pela cultura. A etnobotânica tem função primordial de gerar conhecimentos.
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Para Barrera (1983) o principal foco dos estudos botânicos tradicionais é ser capaz de compreender a interpretação e conhecimento cultural e uso tradicional dos elementos da flora. Qualquer conceito desenvolvido por qualquer sociedade acerca do conhecimento biológico é considerado como definição de etnobiologia e etnoecologia por Posey (1987). Já Clement (1990) afirma que a etnobiologia é o estudo das interações entre homem e a biosfera. A etnoecologia auxilia no desenvolvimento de um paradigma sustentável, investigando o conhecimento ecológico, classificação, interpretação e também o manejo da natureza uma vez que não são restritos ou originários apenas do saber sistematizado, mas científico (Toledo, 1992). Segundo Begossi (1993), a área de etnobotânica é aquela onde se encontram mais estudos de etnobiologia e espera-se que no futuro a etnobotância possa ter um papel cada vez mais importante no desenvolvimento sustentável e na conservação da biodiversidade. A etnobiologia é originada a partir da antropologia cognitiva, peculiar da etnociência, em busca do entendimento de como o mundo é percebido, conhecido e classificado por diversas culturas humanas. O objetivo da etnobiologia é analisar a classificação das comunidades humanas sobre a natureza. Consequentemente, as disciplinas de botânica, ecologia e zoologia são importantes quando não apresentam apenas uma abordagem êmica (Begossi, 1993). Adans (1994) afirma que técnicas simples de manejo são capazes de fazer com que populações tradicionais convivam de maneira sustentável e a longo prazo com o meio ambiente que
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habitam. O mesmo autor considera que é dada pouca importância ao conhecimento acumulado por séculos de coexistência com a natureza e pertencente às populações indígenas e tradicionais dos países do Terceiro Mundo. Os estudos que descrevem a interação das pessoas e o meio ambiente tem sido cada vez mais utilizado com o termo etnoecologia, termo esse que se subdivide como etnobiologia, etnobotânica, entnoentomologia, etnozoologia, etc. (Martin, 1995; Haverroth, 1997). Para o mesmo autor, a etnobotânica é o ramo da etnoecologia que trata a relação dos seres humanos com os recursos vegetais (Martin, 1995). A etnobotânica aborda as sociedades humanas do passado e do presente e todos os tipos de inter-relações: ecológicas, evolucionárias e simbólicas (Alexiades, 1996; Beck e Ortiz, 1997). A realização de pesquisas etnobotânicas favorecem práticas de manejo da vegetação, pois usam os conhecimentos tradicionais obtidos para resolver problemas comunitários ou para fins conservacionistas. Roué (2000) ressalta que a etnociência estuda as categorias semânticas dos objetos e fenômenos naturais. Aborda as classificações e taxonomias populares mantidas pela relação das plantas, animais com cada cultura social. O conhecimento de diferentes sociedades sobre os processos naturais busca entender o conhecimento humano sobre a natureza, taxonomias e classificações através da etnociência (Diegues, 2000). A etnobotânica é uma disciplina interdisciplinar botânica que é aliada da antropologia no estudo dos usos tradicionais de plantas
ϭϱ
nativas (Prance, 2000). Sendo assim, a etnobotânica vem sendo usada para buscar o conhecimento e o resgate do saber botânico tradicional. O uso dos recursos vegetais está fortemente presente na cultura popular que é transmitida de geração para geração no decorrer da existência humana (Guarim Neto et al.,2000). As
comunidades
tradicionais
são
caracterizadas
pelo
conhecimento ecológico tradicional que as torna grupos humanos diferenciados sob a ótica cultural, pois historicamente repassam seu modo de vida mais ou menos isolado com base na cooperação social e nas relações peculiares com a natureza (Diegues e Arruda, 2001). Almeida (2001) define a etnoecologia como o estudo das interações entre os seres humanos e o ambiente natural, que incluem plantas, animais e solos, entre outros, enfatizando a noção de que o manejo de ecossistemas implica na relação do conhecimento entre as populações e o seu ambiente, por meio de processos adaptativos pelos quais as populações humanas passam, baseado nas experiências passadas. Através de estudos etnobotânicos creditamos à intervenção humana tanto as alterações negativas como na estrutura de comunidades vegetais e paisagens, a evolução de espécies individuais, a biologia de determinadas populações de plantas de interesse como a promoção e os benefícios dos recursos manejados (Albuquerque e Andrade, 2002). Segundo Amorozo (2002-a), a etnobotânica nada mais é do que uma interação entre grupos humanos com a vegetação, o que torna o interesse tanto pelo uso e manejo dos recursos vegetais quanto pela percepção e classificação dada pelas comunidades
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locais. Ainda de acordo com o mesmo autor, a etnociência passou a despertar a atenção de cientistas e da sociedade para o potencial que os povos tradicionais possuem. O ser humano vem atuando como agente modificador da natureza há muito tempo, desde os primórdios quando se retirava o sustento dos recursos naturais, tanto como caçador como coletor ou agricultor. A manipulação e o manejo dos ambientes busca aproveitar os recursos presentes na natureza. Através da etnoecologia, investiga-se, linguisticamente, o ambiente percebido pelo homem (Maciel, 2004). A etnobiologia estuda cientificamente e humanisticamente o conjunto de relações da biota com o presente e o passado das sociedades humanas. Essa vertente contribui para as técnicas de e métodos de investigação nas ciências sociais. Divide-se o campo de atuação em três: econômicos (como as pessoas usam as plantas e animais), cognitivas (como as pessoas sabem e conceituam as plantas e animais), e ecológicos (como as pessoas interagem com plantas e animais, especialmente em uma estrutura evolutiva e coevolutiva) (Stepp, 2005). Em 1895, o americano J.W. Harshberger apresentou formalmente uma definição aceitável para o termo etnobotânica. Harshberger em artigo publicado em 1896 (The purposes of ethnobotany), afirma que a etnobotânica contribui para a posição cultural ds tribos para o uso das plantas tanto para alimentação quanto para abrigo ou vestuário e que através dessas investigações podem esclarecer problemas na distribuição das plantas no passado (Albuquerque, 2005).
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Pasa et al. (2005) ressaltam a importância dos povos tradicionais na exploração dos ambientes naturais, de maneira que fornecem informações sobre as diferentes formas de manejo do seu dia-a-dia e também de como usufruem dessa exploração para a manutenção desses povos. O conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é imenso e na maioria dos casos, é o recurso disponível para a população rural de países em desenvolvimento. Nos resultados das investigações etnobotânicas, predomina-se o uso das plantas com cunho medicinal. (Pasa et al., 2005). A etnobiologia atualmente é considerada prioritariamente o estudo de como os povos, e de qualquer tradição cultural interpretam,
conceituam,
representam,
gerem,
utilizam
e
geralmente tratam o seu conhecimento dos domínios de experiências ambientais que englobam os organismos vivos do qual no estudo científico demarcamos como botânica, zoologia e ecologia (Ellen, 2006). Particularmente, a etnobotânica é um campo interdisciplinar que engloba estudos e interpretações dos conhecimentos com significado cultural, manejo e uso tradicional da flora. Seu principal objeto é o estudo das sabedorias botânicas tradicionais, compreendendo o estudo das interpretações e conhecimento, o significado cultural, manejo e uso tradicional dos elementos da flora (Maciel e Guarim Neto, 2006; Guarim Neto e Maciel, 2008). A discussão em torno do etnoconhecimento ocorre há muitos anos e está fundamentado no que o homem tem de mais valoroso, o saber experimentado na prática cotidiana das suas atividades e na pluralidade cultural das populações humanas que habitam e se
ϭϴ
adaptam à ambientes dos mais diversificados. O etnoconhecimento é mostrado através do saber tradicional e do saber local (Guarim Neto e Carniello, 2007). De acordo com o artigo 3º, do Decreto nº 6,040, de 08/02/2007,
instituiu-se
a
Política
Nacional
de
Povos
e
Comunidades Tradicionais, onde se define que ³povos e comunidades tradicionais são tidos como grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição´ (Brasil, 2007). Estudos baseados nos preceitos do etnoconhecimento pressupõem uma sensibilidade para entender e compreender que em comunidades/populações informações
humanas,
as
diferentes
perpassam de geração para geração e que seus
membros detêm um conhecimento fundamental acerca do ambiente do qual fazem parte e não são distanciados da realidade e do cotidiano dos espaços de ocupação e manejo dos recursos disponíveis. Esses estudos vêm sendo intensificados nas últimas décadas, como base fundamental para a definição de estratégias que permitam a conservação biológica e cultural (Guarim Neto, 2008). De acordo com Lacerda (2008), a
etnobotânica foi
influenciada predominantemente de metodologias qualitativas tidas em Antropologia Cultural e Botânica Econômica, onde as pesquisas etnobotânicas era limitadas apenas a listagens de plantas úteis.
ϭϵ
Através do desenvolvimento de estudos etnobotânicos, foram incorporadas metodologias quantitativas. O Brasil é um país rico em quantidade e diversidade de povos e comunidades tradicionais, como exemplos o bioma do Pantanal Matogrossense e a bacia do Alto Paraguai, área de captação das águas dos rios que alimentam o Pantanal, devido à grande quantidade de comunidades tradicionais que aí vivem em decorrência do processo histórico de sua ocupação (Morais, 2008). Estudos etnobotânicos tem por objetivo compreender a utilização do ambiente pela população que nele reside, através de ferramentas que definam e identifiquem determinado grupo social, como o estudo dos aspectos históricos, econômicos e culturais (Amaral, 2008). A pesquisa Etnobotânica fornece informações sobre o relacionamento do passado e do presente entre plantas e as sociedades tradicionais (Reddy, 2008).
1.2 Comunidades ribeirinhas e quintais Todo grupo social necessita de um equilíbrio relativo entre suas necessidades e os recursos do meio físico, postulando soluções maios ou menos adequadas e completas que dependeram da eficácia e da própria natureza para esse equilíbrio. (Cândido, 1987). 2 WHUPR ³FRPXQLGDGH´ UHPHWH D ideia de que determinada localidade possui como elementos fundamentais a cultura e a natureza, que possuem peculiaridades que a difere dos outros lugares.
ϮϬ
A ideia obtida através do XVRGRFRQFHLWRGH³FRPXQLGDGH´é de que ela deve se manter sem a entrada de novos moradores, apenas apresentando crescimento vegetativo interno. Dessa forma, o pensamento é de que ela deve ser mantida numa relação de isolamento (Aguiar et al., 2007). As comunidades tradicionais são caracterizadas pelo seu conhecimento ecológico tradicional, o que as torna grupos humanos diferenciados da ótica cultural, reproduzindo historicamente seu modo de vida diferenciado, com diferentes graus de isolamento baseados na cooperação social e na relação peculiar com a biota (Diegues e Arruda, 2001). O conhecimento tradicional apresenta informações únicas sobre o papel desempenhado pelas espécies nesses sistemas ecológicos sustentáveis (Gadgil et al., 1993), esse conhecimento ecológico local tem sido foco de diversos estudos, pois relaciona-se a diversidade cultural com a diversidade biológica, principalmente com plantas cultivadas e manipuladas pelas sociedades tradicionais (Brook e Mclachlan, 2008; Hanzaki et al., 2008). Grande parte das técnicas e práticas de manuseio utilizadas pelas populações tradicionais são consideradas ecologicamente sustentáveis (Albuquerque, 1999). O
saber
tradicional
engloba
os
conhecimentos
transgeracionais sobre as plantas e seus usos, os animais e o rio. Esse saber é demonstrado pela percepção do domínio dos moradores sobre a natureza e seu manejo. Apesar do desenvolvimento que as regiões sofrem, as comunidades que permanecem, são consideradas testemunhas das alterações sofridos nesse locais (Farias et al., 2007). A
Ϯϭ
configuração de regras e normas na tradição de uma comunidade possibilitam que a mesma continue a se perpetuar no tempo e no espaço (Ribeiro, 1998). 2V ³FRPXQLWiULRV´ GHL[DP FODUR TXH D LGHQWLILFDomR TXH possuem com o local que moram deve ser compreendida como uma forma de ser e de viver sem negar os direitos de ser diferente, nem o acesso aos serviços, inerentes à vida em sociedade. Guarim (2005) afirma que as comunidades ribeirinhas desempenham
fundamental
papel
na
conservação
da
biodiversidade do rio Cuiabá, principalmente se considerarmos as constantes alterações que são decorrentes da ação de grupos econômicos, fazendeiros, industriais e mesmo do próprio turismo. Uma comunidade ribeirinha é caracterizada por se tratar de um núcleo populacional que se fixou há alguns ou muitos anos e ainda permanece situada nas orlas fluviais de um determinado rio. Nessas comunidades, as famílias se concentram e fazem do rio e da mata a sua razão de existir, tendo assim, um estreito relacionamento com o meio natural em que estão instalados. Os conhecimentos das comunidades ribeirinhas sobre os aspectos ecológicos são frequentemente negligenciados. É preciso reconhecer a existência, entre as sociedades tradicionais, de outras formas, igualmente racionais de se perceber a biodiversidade, além das oferecidas pela ciência moderna (Diegues 2000). As comunidades ribeirinhas retratam a importância da sustentabilidade ambiental para o entendimento das condições socioculturais
manifestadas
no
cotidiano
das
comunidades
tradicionais. Essas comunidades são tidas como referência a ser seguida com relação ao funcionamento de apropriação, uso e
ϮϮ
gestão dos recursos naturais podem ser adotados como referência. O uso sustentável dos recursos favorecem o aumento das margens de sustentabilidade da comunidade (Diegues, 1994). Ming (2006) ressalta que as comunidades tradicionais e indígenas são detentoras de um vasto conhecimento sobre as plantas e seu ambiente. Saber respeitá-las, conhecê-las e estudálas serão fundamentais para que no futuro, as florestas não sejam mais ameaçadas, a diversidade vegetal possa ser conservada, a comunidades respeitadas em seu modo de vida e que nossos filhos ainda possam fazer atividades lúdicas e que eles tenham também outras estórias para contar para seus filhos. O saber local das comunidades pode servir de base para o saber científico. Esse conhecimento tem sido utilizado na busca de novos produtos naturais a partir do saber local (Albuquerque e Andrade, 2002). As populações locais caracterizam-se também pelo seu modo próprio de trabalhar o meio a sua volta. Ainda existem muitas informações desconhecidas pelo meio científico, informações essas que poderiam contribuir para atividades menos perturbadoras sobre o meio (Amorozo, 2002-a). O termo ribeirinho é definido pela estreita relação entre os seres humanos instalados às margens dos rios com o ambiente e marcado pela economia de subsistência (Neuburger, 1994, Guarim, 2005). Essa relação de subsistência se revela nos aspectos do diaa-dia em relação à conservação do solo, da água, da fauna e da flora que caracterizam a condição sociocultural das comunidades tradicionais (Guarim,2005).
Ϯϯ
Silva (1999) aponta que tradicionalmente as regiões ribeirinhas forneciam a produção agrícola e se deslocavam para o porto geral, em Cuiabá, para revenda nos mercados e feiras. Aos poucos as áreas tradicionais ribeirinhas vão se moldando e se integrando a um processo econômico mais dependente. As condições de vida da comunidade ribeirinha apontam uma determinada situação socioeconômica e de acesso às políticas públicas, o que desencadeou o surgimento de alguns problemas referentes à educação, saúde, meio ambiente etc. (Guarim, 2005). É comum que os moradores das comunidades ribeirinhas possuam o hábito de manter quintais tanto para cultivo de espécies vegetais e animais como também para espaço de vivência. O quintal é tido como o local onde o ribeirinho passa a maior parte do seu tempo realizando as atividades do cotidiano ou simplesmente descansando sob a sombra das árvores (Januário, 2006). No Brasil, quintal é definido como a área ao redor da casa, sendo na maioria das vezes uma porção de terra de fácil acesso próxima à residência. Nesse local, normalmente as pessoas cultivam
espécies que complementem parte das necessidades
nutricionais da família, bem como outros produtos, como lenha e plantas medicinais (Brito e Coelho, 2000). Os quintais também podem ser classificados como sistemas agroflorestais, pois atuam como depósito de diversidade de espécies de diferentes espécies de plantas situados e manejados em área residencial (Fernandes e Nair, 1986; McConnell, 1992; Nair, 1993; Oakley, 2004). De acordo com Martins et al. (2003), o quintal também recebe outros termos como ³KRPH JDUGHQ´ VtWLR
Ϯϰ
pomar caseiro ou terreiro. A proximidade entre plantas e animais nos quintais está entrelaçada com a história cultural dos lugares e das decisões de manejo dos proprietários individuais (Blanckaert et al., 2004). Quintais em comunidades tradicionais e também pequenos agricultores em geral, são parte de um sistema amplo de produção para subsistência, incluindo roças e pastos ativos e/ ou em pousio e também ambientes naturais explorados em menor intensidade (Amorozo, 2008). O mesmo autor ainda atenta para a importância dos quintais na conservação in situ do germoplasma de espécies e variedades de plantas úteis que não são cultivadas na agricultura convencional, os mesmos ainda podem cumprir o papel de viveiros de mudas de culturas agrícolas de ciclo curto, durante a entressafra. O cultivo de plantas e árvores nos quintais em zonas urbanas contribui para a melhora na qualidade de vida nas cidades, uma vez que passam a compor outros espaços plantados como praças e parques, ilhas de vegetação. Esse tipo de cultivo contribui para a conservação do patrimônio genético e cultural das populações associadas a este (Carniello e Pedroga, 2008). A prática do cultivo de plantas e criação de animais em quintais existe há vários anos (Amorozo, 2008). O quintal é considerado como uma extensão da residência do grupo familiar, sendo um espaço de usos múltiplos. Sua fisionomia e composição florística são muito diversificadas e refletem influências em vários níveis. Os quintais também refletem influências mais circunscritas e imediatas, determinadas tanto pela trajetória de vida da família, como pelas características pessoais, necessidades e interesses dos proprietários.
Ϯϱ
O quintal desempenha importante função na alimentação humana, na complementação da renda familiar, na preparação de medicamentos e constitui um espaço privilegiado de socialização do grupo familiar (Cabral et al., 2002). Castro (1995) atenta para o fato de que a presença de quintais não se restringe apenas as áreas rurais, embora pouco estudado, o quintal é extremamente comum nas áreas brasileiras. Além da mudança no microclima que proporciona ao local da moradia, o quintal tem uma importância fundamental para complementar a dieta das famílias de baixa renda e ser uma garantia de alimentação em épocas de crise. Em grande parte das culturas, a mulher é a responsável pela manutenção dos quintais, pois é a responsável em preservar a biodiversidade através de plantações em alta densidade de espécies subutilizadas de forma que seus quintais são utilizados para
experimentar
e
adaptar
variedades
locais
e
não-
domesticadas.. A realização dessa tarefa diariamente possibilita o acesso das famílias a uma dieta mais saudável e adequada ao gosto e as tradições locais (Oakley, 2004). Plantas alimentícias como hortaliças e condimentos, árvores frutíferas e outros são cultivadas nos quintais e contribuem para uma melhora na dieta das famílias. Os quintais não são tidos apenas como área para plantio e criação de animais, mas também como áreas de extensão da residência familiar, voltadas para a convivência e socialização. A parte mais carente da população também destina os quintais para a produção de alimentos e remédios.
Ϯϲ
Segundo Amaral (2008), os quintais representam muito mais do que sistema de produção, uma vez que a maioria das atividades domésticas acontece fora da residência, e neste local, a reprodução de um saber local é exercitada cotidianamente nas mais diferentes situações. Os quintais se caracterizam e se particularizam por apresentarem condições únicas tanto socioculturais como religiões, crenças e costumes que atuam na formação e diversidade de espécies tanto vegetais quanto animais presentes nestes locais. Quando se perde esse espaço, não perde-se apenas o sistema ecologicamente estável e geneticamente rico, mas também perdese a inestimável herança cultural interligada a ele (Nair e Krishnankutty, 1985). Vários
quintais
possuem
tamanhos
grandes
e
são
arborizados, sombreados por inúmeras espécies de árvores frutíferas que tornam esses ambientes aprazíveis, relaxantes e valorizados (Silva, 1999). Quintais urbanos além da contribuição com recursos alimentares e medicinais, também possuem função estética (Amaral, 2008). As plantas cultivadas nos quintais também contribuem para a manutenção das relações de vizinhança e parentesco na medida em que fornecem seus elementos que circulam pela rede social juntamente com informações sobre seus empregos e significados, contribuindo tanto para manter vivas tradições locais como para disseminar germoplasma de interesse para a população (Amorozo, 2008). Os quintais tropicais, apesar de apresentarem grande uso humano, funções ecológicas e importância socioeconômica, ainda
Ϯϳ
apresentam literatura escassa sobre o assunto (Albuquerque et al., 2005). De acordo com Florentino et al. (2007), especialmente o Brasil não valoriza à prática dos quintais; já na Ásia, até a década de 1990, 40% das publicações relacionadas com sistemas agroecológicos tinham os quintais como objeto de estudo, a maioria qualitativa, descrevendo o ambiente, sua composição florística e função. México, América Central e Oeste da África também se destacam pelo grande número de publicações sobre quintais (Kumar e Nair, 2004). No Brasil, a maioria das publicações etnobotânicas com quintais é realizada em comunidades indígenas amazônicas (Winklerprins, 2002; Vogl et al., 2004). Existem alguns trabalhos realizados com comunidades rurais na Caatinga pernambucana (Albuquerque et al. 2005; Florentino et al. 2007). Dessa forma, estudos etnobiológicos se fazem importantes não só para complementar a relevância dos quintais e sistemas agroflorestais bem como alternativas às monoculturas e por ser fonte de sustentabilidade local e de recursos genéticos, e ainda proteger o solo. O estudo dos quintais mato-grossenses tem sido bastante explorado nos últimos anos, visando uma preocupação futura com a manutenção e conservação dessa biodiversidade através do registro da cultura que as famílias carregam ao longo de sua existência e permanência em um determinado local, trazendo consigo valiosos conhecimentos a respeito da flora contida nesse contexto (Silva, 2009). É de conhecimento geral que os recursos vegetais possuem importância fundamental para povos tradicionais ou não. Justificase a escolha da Comunidade Ribeirinha de Passagem da
Ϯϴ
Conceição por se tratar de uma comunidade tradicional, de fácil acesso e que vem sofrendo o impacto da vida citadina. Com base nestes conhecimentos, buscou-se a verificação de tais importâncias e adaptações humanas ao ambiente, sendo assim, foi possível a realização deste estudo etnoecológico,
na
comunidade de Passagem da Conceição, com os seguintes objetivos: - Catalogar e identificar as espécies vegetais conhecidas e utilizadas pela população local (dados). - Sistematizar as plantas identificadas em etnocategorais (dados êmicos). - Discutir a relação do ser humano com os recursos vegetais, abordando aspectos culturais, sociais e biológicos. - Ressaltar a importância da manutenção de comunidades ribeirinhas como a de Passagem da Conceição.
2. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA COMUNIDADE RIBEIRINHA PASSAGEM DA CONCEIÇÃO Cuiabá deu origem ao município de Várzea Grande (Figura 1). O município tem como limites os municípios de Cuiabá, Santo Antônio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento, Jangada e Acorizal. /RFDOL]DGDQDVFRRUGHQDGDVGH¶¶¶ODWLWXGHVXOH¶¶¶ longitude oeste. Possui uma extensão territorial de 949,53 km². O clima é classificado como tropical quente e sub-úmido com precipitações de 1.750 mm, com maior intensidade em janeiro, fevereiro e março. Temperatura média anual de 24ºC, sendo maior máxima 42ºC, e menor mínima 0ºC. Destaca-se a indústria de
ϯϯ
costumeira a presença de tropeiros na comunidade em meados de 1916 (Boreggio et al., 2007). Neste ano já existia o povoado de Guarita, com poucas casas e uma pequena escola. João Francisco Campos, já falecido, foi coletor de Passagem da Conceição por muitos anos. João Francisco deixou numerosos descendentes, com destaque ao progressista Manoel da Silva Campos, conhecido como Fiote da Passagem, que tanto lutou pelo surgimento daquela vila, embora residindo em Cuiabá; já seu irmão Plácido, conhecido por ser pacato e operoso, foi um dos últimos fabricantes de chinelos da comunidade (Fundação Júlio Campos, 1991; Boreggio et al., 2007). Na década de 1920- 1930, a Passagem teve seu telefone, utilizado para comunicações mais urgentes para Cuiabá. Aparelhos antigos, do tipo grande, alongado, pendentes das paredes, e seu uso na vila teve sua curta duração (Fundação Júlio Campos, 1991). O Cartório de Paz foi instalado em Passagem da Conceição em 1923 após esforços de Atanagildo Clodoaldo Barreto, que buscou projeção para a comunidade. O auge de Passagem da Conceição foi durante o Império, quando um senhor de escravos possuía ali um sobrado (atualmente desaparecido) e os negros após a Abolição da Escravatura construíram ranchos nessa região. Neste local localiza-se a sesmaria da Passagem (Boreggio et al., 2007). Em 1942 uma enchente atingiu a comunidade e com ela muitas mudanças aconteceram e acabaram por estagnar o local. As famílias persistentes resistiram às adversidades preservando seus hábitos e costumes, tornando o local conhecido por seus hábitos e costumes, suas festas religiosas tradicionais, praias, e pela pescaria (Fundação Júlio Campos, 1991; Boreggio et al., 2007).
ϯϳ
as principais comunidades como o do Capão do Pequi (atualmente integrado ao Capão Grande), a Fazendinha (agora pertence à Passagem da Conceição), Bom Sucesso e o São Gonçalo. Já neste século, outras comunidades firmaram-se, exceWRD³&RO{QLD8QLmR´ cujos núcleos já populosos, apegados à sede, se transformaram em bairro. (Boreggio Neto et al., 2007). Passagem da Conceição é popularmente conhecida pelas suas tradicionais festas religiosas, pela boa gente acolhedora, por suas praias de água doce, pela pescaria, pelos passeios de canoa, pela tranqüilidade. O Restaurante Porto da Conceição é uma das referências de Passagem
da
Conceição,
oferecendo
pratos
regionais,
principalmente aqueles feitos com peixes. Localizado a beira do Rio Cuiabá e é hoje um cartão postal que convive diariamente com toda riqueza natural de Passagem da Conceição. Todos os anos, no dia 08 de dezembro, é realizada uma festa em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da comunidade (Figura 9, Figura 10, Figura 11, Figura 12 e Figura 13).
ϰϬ
4.
O RIO CUIABÁ E SUA LIGAÇÃO COM PASSAGEM DA
CONCEIÇÃO O rio Cuiabá tem em torno de 850 km de extensão e drena uma bacia de aproximadamente 100.000 km2. É um dos afluentes do Rio Paraguai que, juntamente, com os rios São Lourenço, Piquiri, Taquari, Miranda e Negro transbordam e inundam sazonalmente uma área de aproximadamente 150.000 km2 (Brasil, 2001), sendo, portanto um dos principais formadores do Pantanal (Carvalho, 1986). Suas nascentes localizam-se no município de Rosário Oeste, MT, nas encostas da Serra Azul, tendo como principais formadores os rios Cuiabá da Larga e Cuiabá do Bonito. Após a confluência destes rios, recebe o nome de rio Cuiabazinho e somente após o encontro com o rio Manso passa a se chamar rio Cuiabá (Cavinatto, 1995). A bacia do rio Cuiabá pode ser subdividida em Alto Cuiabá, que compreende a região de planalto, apresentando diferença de nível considerável, com diversas corredeiras e declividade diminuindo gradualmente, e Médio Cuiabá na área de planície, com baixa declividade até o Pantanal. (Cavinatto, 1995). O rio Cuiabá em seu percurso passa pelas sedes municipais de Nobres, Rosário Oeste, Acorizal, Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antônio do Leverger e Barão do Melgaço (Figura 14). (Mato Grosso, 2006).
ϰϮ
altitude, com estrato herbáceo bem desenvolvido e contínuo (Mato Grosso, 2006). A importância histórica do rio Cuiabá para a sociedade matogrossense e brasileira é secular. O rio é retratado historicamente como fonte de vida e de recursos para a cidade. Através dele que se obtêm o alimento, que se combate a sede da população e que ainda, ajuda a amenizar o calor. É considerado pela população como o rio que banha e purifica a alma e o coração do seu povo (UFMT, 2009). No começo da ocupação de Cuiabá, o rio Cuiabá foi à principal via de comunicação da capital para o centro-sul brasileiro, por ele os bandeirantes paulistas, seguindo a denominada via das monções, saíam de São Paulo e aportavam em Cuiabá (UFMT, 2009). Por esse rio os habilidosos índios canoeiros, os Paiaguá enfrentavam as correntezas com agilidade e destreza. Esses índios também obtiveram fama pelos ataques que empreendiam as monções (UFMT, 2009). Igarités, pequenos barcos à vela, eram utilizados na navegação fluvial nos primórdios, eram utilizados ora o remo ora eram impulsionadas pelo vento; desciam o rio com seus passageiros, famílias inteiras e suas bagagens. Havia ainda, outros barcos menores, só a remo, como as canoas, canoões, pranchas, chalanas. Contudo, o primeiro navio a vapor que adentrou águasmato-grossenses foi o Waterwitch, da marinha norte - americana, em 1853 (UFMT, 2009). À extração do azeite de peixe oriundo do rio Cuiabá, possibilitou a produção de energia para as comunidades ribeirinhas
ϰϯ
e este combustível era necessário para a iluminação das residências e de alguns poucos pontos de ruas principais da capital (UFMT, 2009). O rio abaixo e o rio acima atendia a toda a comunidade cuiabana,
às
comunidades
ribeirinhas,
aos
embarques
e
desembarques de pessoas, autoridades, profissionais liberais, trabalhadores,
escravos,
máquinas,
comerciantes,
roupas,
remédios, rapadura, açúcar, água-ardente, ferramentas, além de alimentos variados como o sal, indispensável ao bem-estar da população (UFMT, 2009). O rio Cuiabá foi e ainda é fonte cultural para a população mato-grossense. Graças ao rio, a modernidade chegou ao território do extremo oeste através das máquinas a vapor, a imprensa, o telégrafo, os maquinários das usinas, pianos, grupos culturais, encanamento de água e a luz elétrica. Através do rio a Cuiabá Antiga recebeu grande parte dos avanços que o mundo já conhecia (UFMT, 2009). Passagem da Conceição está situada no trecho mais encachoeirado do rio Cuiabá acima, (Figura 15) nos extremos dos limites cuiabanos com Várzea Grande, é hoje o segundo Distrito de Paz do município, tendo como limites ao Sul e leste o rio Pari e ao norte e oeste parte das linhas divisórias do município de Nossa Senhora do Livramento e, na íntegra, as de Acorizal, abrangendo esse distrito as áreas lavradias da região da margem do rio Pari, a Fazendinha, o Engenho, o Esmeril e a povoação do Espinheiro. Na comunidade destacam-se, então, o ambiente do cerrado e da mata de galeria do rio Cuiabá.
ϰϱ
A abordagem etnoecológica sobre o uso dos recursos vegetais pela comunidade estudada resulta de uma pesquisa de caráter descritivo ± qualitativo e quantitativo. Por meio dos pressupostos da etnobotânica (Martin, 1995; Alexiades, 1996), foram analisadas as relações entre os seres humanos e os recursos vegetais, procurando responder a questões como: quais plantas são disponíveis, quais plantas são reconhecidas como recurso, como está distribuído o conhecimento etnobotânico na população, como os indivíduos diferenciam e classificam a vegetação, como esta é utilizada e manejada e quais os benefícios econômicos e financeiros derivados das plantas. A pesquisa em Etnobotânica baseia-se em dois pontos principais; a coleta de plantas e a coleta de informações sobre o uso destas plantas. Quanto mais detalhadas forem as informações, maiores as chances da pesquisa oferecer subsídios interessantes para se avaliar a eficácia e a segurança do uso de plantas para os diversos fins (Amorozo, 1996). Os dados desta pesquisa foram coletados no período de setembro de 2008 a setembro de 2009 no distrito de Passagem da Conceição no município de Várzea Grande, estado de Mato Grosso. Nos primeiros seis meses as visitas foram mensais e bimestrais nos seis meses seguintes. No contato inicial com a população, foram realizadas visitas estratégicas e depois de forma aleatória, aos domicílios, que ocorreram no período da manhã. A coleta desses dados foi realizada com base nas orientações de Alexíades (1996) e Bernard (2002). De acordo com Thiollent (1994), em pesquisa convencional, ao planejarem amostras de pessoas informantes, os pesquisadores
ϰϲ
costumam recorrer às amostras intencionais. Elas tratam de um pequeno número de pessoas escolhidas intencionalmente,devido à sua função relevante em relação a um determinado tema, técnica também empregada neste estudo. Seguindo a proposição de Thiollent (1994), esta pesquisa foi desenvolvida através de uma amostragem da população local, cujo universo de estudo foi dividido em dois grupos denominados µLQIRUPDQWHVSDUFHLURVGDSHVTXLVD¶ Grupo 1: informantes específicos: pessoas escolhidas intencionalmente em função da relevância que apresentam ao assunto e em função da sua representatividade social dentro da situação considerada. Grupo 2: informantes gerais: as pessoas tiveram a mesma oportunidade de participação, sendo a amostra populacional representada por pessoas de diferentes sexos, idades, estado civil, procedências, atividades profissionais e grau de escolarização. O informante foi a pessoa da casa que se dispunha a fornecer as informações. Primeiramente as visitas foram realizadas através de uma moradora que intermediou o contato inicial com a população e posteriormente, as visitas ocorreram de foram aleatória aos domicílios. Foi atingido o total de 26 entrevistados, distribuídos em 26 residências. A comunidade possui cerca de 60 famílias. Tudo se iniciou com a Dona Dirce, conhecida do Prof. Dr. Germano Guarim Neto e que possui uma chácara nas imediações
ϰϳ
de Passagem da Conceição. Ela nos levou à Dona Maria do Carmo que na ocasião era a presidente da Associação dos Moradores de Passagem da Conceição. Com a Dona Dirce e a Dona Maria do Carmo e a partir delas, usamos a técnica da bola-de-neve (Snowball) assim denominada por Bernard (2002), que ocorre quando um informante indica outro e assim se segue. Este tipo de amostragem facilita o acesso do entrevistador com os informantes, pois os mesmos adquirem confiabilidade no mesmo. Albuquerque e Lucena (2004) afirmam que esta é uma técnica de amostragem e seleção de informantes cada vez mais usada.
5.1 ± Técnicas Qualitativas Existem várias modalidades de técnicas de pesquisa das falas, técnicas estas mais ou menos flexíveis ou abertas às opiniões, representações, idéias ou concepções dos informantes ou VHUHV KXPDQRV SHVTXLVDGRV WHFQLFDPHQWH GHVLJQDGRV ³GDGRV rPLFRV´9LHUWOHU06). O ético será sempre uma interpretação do êmico da cultura e não a própria cultura (Campos, 2002). Para a realização desta pesquisa, foi utilizada a técnica qualitativa de entrevista (Richardson, 1999; Viertler, 2002; Bernard 2002). A entrevista é uma técnica importante que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas que fazem parte do trabalho. É uma forma de comunicação no qual determinada informação é transmitida de um indivíduo a outro (Richardson, 1999).
ϰϴ
A aplicação de entrevistas tem por objetivo aprender a importância ambiental cultural e social dos fenômenos locais, através das informações a respeito de conhecimentos sobre o ambiente e o cotidiano emitido pelo informante (Pasa, 2004). A entrevista é uma das formas mais básicas de obtenção de dados em estudos etnobotânicos. Apesar da entrevista parecer um processo simples, encontra-se envolvida por sutilezas e detalhes que devem estar sob o controle do pesquisador (Albuquerque e Lucena, 2004). $VHQWUHYLVWDVSRGHPVHU³LQWHLUDPHQWH´HVWUXWXUDGDVTXDQGR os tópicos são fixados de antemão, antes do contato com o LQIRUPDQWH³SDUFLDOPHQWH´HVWUXWXUDGDVTXDQGRDOJXQVWySLFRVVmR fixos e outros redefinidos conforme o andamento da entrevista visando canalizar o diálogo para as questões a serem investigadas; H ³QmR-HVWUXWXUDGDV´ TXDQGR DV HQWUHYLVWDV VHJXHP XP GLiORJR livre entre pesquisador e pesquisado (Viertler, 2002). Foram
realizadas
entrevistas
estruturadas
e
semi-
estruturadas com perguntas fechadas e/ou abertas, abordando aspectos do uso dos quintais. As entrevistas foram realizadas sempre individualmente e nos locais de moradia dos participantes. Foram dadas explicações a respeito da pesquisa proposta, de maneira informal e para cada participante, explicitando o motivo das visitas ao local e das entrevistas. Segundo Corrêa (1978), a história oral é a transmissão de fatos de geração em geração que, por suas características, não são transmitidos intencionalmente para a própria preservação e sim, objetivam apenas o seu conhecimento imediato.
ϰϵ
As entrevistas, quando autorizadas pelos informantes, foram gravadas em fita magnética e fotografadas, sempre esclarecendo o objetivo da pesquisa, abordando aspectos do uso dos vegetais em quintais. Foram
realizadas
caminhadas
pelos
quintais
dos
entrevistados. Durante as caminhadas foram apontadas plantas e foram indicadas de acordo com o nome vulgar da espécie, as suas formas de uso e outras informações que o entrevistado repassava. As imagens foram feitas com uma máquina fotográfica digital Canon Powershot S5ls. Para a gravação das entrevistas foi utilizado um Mini Cassette Recorder National. A caderneta de campo foi utilizada contemplar inclusive a história da comunidade, relatada pelos informantes. Viertler (2002) afirma que a caderneta de campo é indispensável, pois nela o pesquisador anota observações feitas até as impressões subjetivas tidas pelo mesmo com relação a fatos ocorridos na comunidade em que desenvolve o trabalho. Posey (1987) aponta que abordando os viézes da etnobiologia onde estão incluídos os fundamentos práticos do conhecimento ecológico tradicional e o conhecimento ecológico científico e adentrando na etnobotânica presencia-se que a população local classifica as plantas conforme o sentido que lhes atribuem, porque foram construídas a partir das práticas sociais. As doenças e sintomas referidas pela população local foram agrupadas e classficadas em categorias de doenças de acordo com o Código Internacional de Doenças (CID-10) elaborado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (1999).
ϱϬ
5.2 ± Técnicas Quantitativas
O uso de técnicas quantitativas tem se tornado cada vez mais popular entre os etnobotânicos (Silva e Albuquerque, 2004) Métodos quantitativos são ferramentas importantes para uma visão aplicada porque dão ênfase à coleta de dados possibilitando, dessa maneira, a comparação de estudos que são independentes (Morán, 1994), proporcionando assim, uma garantia de consistência entre os estudos permitindo análises temporais comparativas. Os dados coletados em campo foram analisados no sentido de alcançar um padrão máximo de clareza metodológica. A aplicação de técnicas quantitativas oferece importantes contribuições, com efeitos benéficos para a Etnobotânica, possibilitando comparações e avaliações do significado das plantas para determinados grupos, e fornece ainda dados para a conservação dos recursos naturais (Albuquerque, 2002). O etnobotânico precisa estar atento para os pressupostos que assume, ao adotar uma determinada técnica quantitativa para analisar os seus dados. Phillips (1996) revisou técnicas usadas em diferentes pesquisas etnobotânicas e dividiu-as em três tipos principais de acordo com o nível de subjetividade: 1- Consenso do informante: baseado na concordância entre as respostas dos informantes, coletadas através de entrevistas individuais, permitindo analisar a ³LPSRUWkQFLDUHODWLYDGHFDGDXVR porque é calculado diretamente do grau de consenso das respostas GRVLQIRUPDQWHV´3KLOOLSV
ϱϭ
2- Alocação subjetiva: ³DLPSRUWkQFLDUHODWLYDGHFada espécie é DVVLQDODGDSHORSHVTXLVDGRU´3KLOOLSV (VWDWpFQLFDDJUHJD valores pré-determinados às espécies de acordo, principalmente, com a categoria de uso. 3- Totalização de usos: Os usos são simplesmente totalizados por categorias. Esta técnica é muito utilizada por ser rápida e prática, sendo bastante útil numa fase inicial ou exploratória da análise dos dados (Phillips, 1996). No geral, essas técnicas visam estimar a importância relativa de uma planta para uma determinada cultura. Para este estudo, os dados coletados também foram analisados conforme métodos quantitativos. Para a análise dos dados foram aplicados os seguintes cálculos: 1- Consenso do informante: Nível de Fidelidade (FL): Proposto por Friedman et al. (1986), consiste em quantificar a importância das espécies para uma finalidade particular, onde, para cada espécie foi calculado o FL como razão entre o número de informantes que sugeriram o uso de uma espécie para a finalidade maior (Ip) e o número total de informantes que mencionaram a planta para algum uso (Iu). FL=(Ip)/(Iu) x 100% 2- Alocação Subjetiva:
ϱϮ
Turner (1988) propõe que para a análise da importância relativa de uma planta quanto ao número de informantes que a citou e a concordância dos usos citados, fosse estabelecido a porcentagem de concordância quanto aos principais tipos de usos (CUP). CUP = FL X FCs Onde o FC = (fator de correção) é o número de informantes que citaram a espécie sobre o número de informantes que citaram a espécie mais citada. 3- Totalização de usos: Foi estabelecido para cada família botânica: Freqüência de citação da família (Fcf) - determinado pelo número total de citações de diferentes espécies que pertencem à mesma família por diferentes informantes. Representatividade de cada família (Rr) - é a razão entre o número de espécies da família citadas pelos informantes e o número total de espécies da família por cem. R= nº espécie da família citada pelos informantes x 100 nº total de espécies da família Freqüência de indicação das espécies no uso medicinal popular (Fsp) - determinado como o valor absoluto do número de citações da espécie no uso medicinal popular. Para utilização das diferentes partes da planta:
ϱϯ
Freqüência da parte utilizada (Fpu) - determinada pelo número de citações das diversas partes da planta para algum uso. Freqüência de formas de uso (Ffu) - determinada pela freqüência de citações para as diferentes formas de uso. Freqüência do hábito (Fh) - determinada pela freqüência de distribuição quanto ao hábito da planta. Para o uso das espécies conforme as etnocategorias: Freqüência relativa das etnocategorias (FRetc) - determinada pelo número total de ocorrência para a determinada pela categoria de uso. As plantas constantes deste trabalho estão agrupadas de acordo com o sistema de Classificação de Cronquist (1988), com exceção da Pteridophyta catalagoda.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1
Dados Socioeconômicos
5.1.1 Faixas etárias dos informantes O número de pessoas que compõem a família, em média, é de cinco membros, usualmente o casal e três filhos (Tabela 1). Na totalidade foram entrevistadas 26 pessoas, sendo 65% mulheres e 35% homens (Figura 16). Acredita-se que devido ao horário de realização das entrevistas observou-se o alto índice de mulheres
ϱϰ
entrevistadas. Informantes acima de 50 anos de idade representam 62%, sendo que a proporção de idosos é de 42% acima de 60 anos. Tabela 1. Cadastro dos quintais estudados na Comunidade Ribeirinha de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. Quintal
Nº
Origem
Residentes
01
3
02
2
03
1
04
8
05
7
06
9
07
12
08
8
09
2
10
4
11
8
12
1
13
5
14
4
Idade
do
Informante Várzea Grande ± MT Rosário Oeste ± MT Cáceres ± MT Várzea Grande ± MT Cuiabá ± MT Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT Cuiabá ± MT Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT
Tempo
de
Residência
62 anos
62 anos
58 anos
5 anos
59 anos
5 anos
69 anos
69 anos
60 anos
10 anos
29 anos
29 anos
62 anos
62 anos
47 anos
47 anos
56 anos
35 anos
35 anos
30 anos
63 anos
63 anos
65 anos
65 anos
64 anos
64 anos
30 anos
30 anos
ϱϱ
15
4
16
5
17
4
18
6
19
5
20 21
2 6
22
5
23
6
24
5
25
4
26
6
Corumbá ± MS Várzea Grande ± MT Várzea Grande MT Várzea Grande ± MT Cuiabá ± MT Corumbá ± MS Jataí ± GO Várzea Grande ± MT Várzea Grande ± MT Campo Grande MS Várzea Grande ± MT Várzea Grande MT
54 anos
40 anos
66 anos
39 anos
72 anos
72 anos
45 anos
45 anos
71 anos
71 anos
73 anos 74 anos
50 anos 55 anos
42 anos
42 anos
34 anos
34 anos
43 anos
28 anos
44 anos
44 anos
33 anos
33 anos
Figura 16. Distribuição dos entrevistados nas diferentes faixas etárias. Passagem da Conceição, Várzea Grande, Mato Grosso, 2009.
ϱϲ
5.1.2 Origem dos entrevistados A maioria dos entrevistados (22) nasceu no estado de Mato Grosso (Figura 17) e destes 61% residem na comunidade desde que nasceram, enquanto que 39% residem na comunidade há menos tempo (Figura 18). Esses 39% afirmaram se deslocar para Passagem da Conceição em busca de tranquilidade ou para ficar próximo a parentes que já moravam na comunidade.
Figura 17. Origem dos entrevistados de Passagem da Conceição, Várzea Grande, Mato Grosso, 2009.
ϱϳ
Figura 18. Tempo de residência em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.
A conclusão de Pasa e Guarim Neto (2000) em que mostram TXH³RPDLRUFRQKHFLPHQWRHWQRELROyJLFRpPDLVFRQVLVWHQWHQDV classes entre 51 e 79 anos, contrastando com as classes mais jovens, que demonstraram certa diluição dos conhecimentos, provavelmente em função do menor tempo de residência no local e a influência dos meios de comunicação nesta faixa da SRSXODomR´WDPEpPSRGHVHUVHQWLGRQDUHDOL]DomRGHVWHHVWXGR
5.1.3 Grau de escolaridade dos entrevistados O grau de escolaridade dos entrevistados teve uma variação de não-escolarizados ao ensino superior completo. Em relação ao nível de escolaridade, notou-se que apenas 4% dos entrevistados são não-escolarizados, enquanto 46% dos entrevistados estudaram até o 5º ano do Ensino Fundamental e 27% estudaram até o 9º ano do Ensino Fundamental, 19% dos
ϱϴ
entrevistados completaram o Ensino Médio, enquanto 4% completaram o Ensino Médio Técnico. Somente 4% dos entrevistados possuem Ensino Superior (Figura 19).
Figura 19. Grau de escolaridade dos entrevistados. Passagem da Conceição, Várzea Grande, Mato Grosso, 2009.
5.1.4 Profissões dos informantes Com
relação
às
profissões
declaradas
pelos
entrevistados apareceram auxiliar de indústria, contadora, autônomo, cozinheira, serviços gerais, doméstica, aposentado, barqueiro, pescador profissional e professor. Sendo que algumas pessoas classificaram dona-de-casa ou do lar como profissão e assim foi acrescida ao quadro de profissões (Figura 20).
ϱϵ
Figura 20. Profissões dos entrevistados em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009
5.2 Dados sobre uso dos recursos vegetais Entre os entrevistados, 86% afirmam utilizar bastante as plantas de diversas formas, enquanto a minoria (14%) utiliza pouco ou muito pouco as plantas. Todos os entrevistados ressaltam que as plantas são importantes, pois fazem parte de suas vidas. Percebe-se que as plantas estão presentes diariamente na vida dos entrevistados, das quais eles se valem de vários usos das mesmas. Todos os entrevistados afirmaram que quando utilizam alguma planta apenas retiram a parte que irão usar. Nota-se que os entrevistados demonstram uma percepção de conservação. A maioria dos entrevistados (69,23%) relatam ter aprendido a usar as plantas com a mãe. Já 15,38% relatam que quem os ensinou foi a sogra. Enquanto a minoria afirma ter aprendido com algum vizinho (7,69%) ou com algum amigo (7,69%). Esse dado reforça a ideia de que o conhecimento é transmitido na família de
ϲϬ
geração para geração. Normalmente são os homens quem buscam e retiram as SODQWDVQR³PDWR´
5.2.1 Famílias Botânicas Foram encontradas 107 espécies vegetais distribuídas em 52 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram Asteraceae (9), Lamiaceae (8), Fabaceae (7) Euphorbiaceae (5), Myrtaceae (5), Anacardiaceae (4), Bignoniaceae (4), Moraceae (4), Rutaceae (4), Arecaceae (3), Liliaceae (3), além de 10 famílias com duas espécies e 31 famílias com uma espécie (Tabela 2; Figura 21).
Tabela 2. Total de espécies das famílias botânicas. Família Asteraceae Lamiaceae Fabaceae Euphorbiaceae Myrtaceae Anacardiaceae Bignoniaceae Rutaceae Moraceae Arecaceae Liliaceae Sterculiaceae Amaranthaceae Annonaceae Apiaceae Boraginaceae Caesalpiniaceae Malpighiaceae Poaceae Sapindaceae Zingiberaceae Acanthaceae
Total de espécie 9 8 7 5 5 4 4 4 4 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1
ϲϭ
Alismataceae Apocynaceae Araceae Bixaceae Bromeliaceae Burseraceae Cactaceae Caricaceae Caryocaraceae Chenopodiaceae Chrysobalanaceae Combretaceae Convolvulaceae Dennstaedtiaceae Lauraceae Dilleniaceae Lecythidaceae Loganiaceae Malvaceae Musaceae Orchidaceae Oxalidaceae Passifloraceae Phytolaccaceae Piperaceae Polygonaceae Punicaceae Rubiaceae Santalaceae Verbenaceae
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
ϲϮ
Figura 21. Representatividade das famílias botânicas conforme número de espécies indicadas. (Passagem da Conceição, Várzea Grande, Mato Grosso. 2009.).
5.2.2 Hábito das espécies As espécies também foram classificadas quanto ao hábito, conforme apresentado na Tabela 3. Tabela 3. Espécies vegetais e seus hábitos. Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. Legenda: Arb = Arbustivo, Arv=Arbóreo, Cac= Cacto, Epi= Epífita, Her=Herbácea, Pal=Palmeira, Sab=Subarbustivo e Trep=Trepadeira. Família Acanthaceae Alismataceae Amaranthaceae
Anacardiaceae
Annonaceae Apiaceae
Nome Científico Justicia pectoralis Jacq. Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze Althernatera macrophyllus Miq. Anacardium occidentale L. Mangifera indica L. Myracrodruon urundeuva Fr. All. Spondias lutea L. Annona muricata L. Annona squamosa L. Coriandrum sativum L.
Nome Popular Anador Chapéu-de-couro
Hábitos Her Her
Terramicina
Her
Penicilina
Her
Caju Manga Aroeira
Arv Arv Arv
Cajá Graviola Ata Coentro
Arv Arv Arv Her
ϲϯ
Apocynaceae Araceae Arecaceae Asteraceae
Bignoniaceae
Bixaceae Boraginaceae Bromeliaceae Burseraceae Cactaceae Caesalpiniaceae
Caricaceae Caryocaraceae Chenopodiaceae Chrysobalanaceae Combretaceae Convolvulaceae Dennstaedtiaceae Dilleniaceae
Foehiculum vulgare Gaertn. Macrosiphonia longiflora (Desf.) M. Arg. Dieffenbachia picta Schott Cocos nucifera L. Euterpe oleracea Mart. Orbignya oleifera Burret. Achyrocline satureoides (Lam.) DC. Artemisia absinthium L. Artemísia annua L. Baccharis genisteloides L. Bidens gardnerii Baker Chamomilla recutita (L.) Rauschert Lychnophora ericoides Mart. Vernonia polyanthes Less. Vernonia cf. condensada Baker Anemopaegma arvense (Vell.) Stelf. Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore Tabebuia caraiba (Mart.) Bureau Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo Bixa orellana L. Cordia alliodora Cham. Symphytum officinale L. Ananas comosus (L) Merril Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Cactus sp. Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip Dimorphandra mollis Benth. Carica papaya L. Caryocar brasiliense Camb. Chenopodium ambrosioides L. Licania parviflora Benth. Terminalia cattapa L. Ipomoea batatas (L.) Lam. Pteridium aquilinum (L.) Kuhn. Curatella americana L.
Erva-doce
Her
Velame
Sab
Comigo-ninguém-pode Coco-da-Bahia Açaí Babaçu Macela
Her Pal Pal Pal Sab
Losna Artemísia Carqueja Picão Camomila
Her Her Her Her Her
Arnica
Sab
Caferana Figatil
Sab Arv
Alecrim
Her
Paratudo
Arv
Ipê-Amarelo
Arv
Ipê-Roxo
Arv
Colorau Chá de frade Confrei Abacaxi Amescla
Arv Arv Her Her Arv
Cacto Sene
Cac Sab
Barbatimão
Sab
Mamão Pequi
Arv Arb
Erva-de-santa-maria
Her
Pimenteira Sete-copas Batata-doce Samambaia
Her Arv Her Epi
Lixeira
Arv
ϲϰ
Euphorbiaceae
Fabaceae
Lamiaceae
Lauraceae Lecythidaceae Liliaceae
Loganiaceae Malpighiaceae Malvaceae Moraceae
Musaceae Myrtaceae
Chamaesyce caecorum (Boiss.) Croizat Croton urucurana Baill. Croton antisiphiliticus Mart. ex M. Arg. Manihot esculenta Crantz Phyllanthus niruri L. Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith Bauhinia macrostachya Benth.. Caesalpinia ferrea Mart. Cajanus cajan (L.) Millsp. Eriosema platycarpon Micheli Hymenaea courbaril L. Senna hirsuta (L.) Irwin & Barneby Coleus barbatus (Andrews) Benth. Hyptis goyazensis A.St.Hil. Ex Benth. Leonurus sibiricus L. Mentha arvensis V.C. Holmes Mentha longifolia (L.) Huds Mentha piperita L. Mentha spicata L. Ocimum basilicum L. Cinnamomum zeylanicum Breyn. Cariniana domestica (Mart.) Miers. Allium schoenoprasum L. Alloe vera L. Sansevieria trifasciata Hort. Strychnos pseudoquina A.St.-Hil. Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. Malpighia glabra L. Gossypium herbaceum L. Arthocarpus integrifolia L. Morus nigra L. Brosimum gaudichaudii Tréc. Siparuna guianensis Aubl. Musa paradisiaca L. Eugenia uniflora L.
Sete-sangria
Her
Sangra-G¶iJXD Erva molá
Arb Arb
Mandioca Quebra pedra Cerejeira
Arb Her Arv
Pata-de-vaca
Her
Jucá Feijão andu Bálsamo
Arv Arb Sab
Jatobá Fedegoso
Arv Her
Boldo
Her
Hortelã
Her
Macaé Vick
Her Her
Poejo
Her
Hortelãzinho Levante Alfavaca Canela
Her Her Her Arv
Jequitibá
Arv
Cebolinha Babosa Espada-de-São-Jorge
Her Her Her
Quina
Arv
Nó-de-cachorro
Sab
Acerola Algodão Jaca Amoreira Algodãozinho/MamaCadela Negramina Bananeira Pitanga
Arb Arb Arv Arv Arb Arv Arb Arb
ϲϱ
Orchidaceae Oxalidaceae Passifloraceae Phytolaccaceae Piperaceae Poaceae Polygonaceae Punicaceae Rutaceae
Rubiaceae Santalaceae Sapindaceae
Sterculiaceae Verbenaceae Zingiberaceae
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg. Psidium guajava L. Syzygium jambolanum (Lam.) DC. Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M. Perry. Vanilla planifolia Andr. Averrhoa carambola L. Passiflora edulis Sins. Petiveria alliacea L. Capsium SP. Cymbopogon densiflorus (Steud.) Stapf. Zea mays Kuntze Polygonum acre H.B.K. Punica granatum L. Citrus aurantium L. Citrus limonum Risso Citrus sinensis (L.) Osbeck. Ruta graveolens L. Palicourea coriacea (Cham.) K. Schum. Santalum album L. Magonia pubescens A.St.Hil. Talisia esculenta (A.St.Hil.) Radlk. Byttneria melastomifolia A.St.-Hil. Guazuma ulmifolia Lam. Lippia alba N. E. Brown ex Britton & Wilson Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt & R.M. Sm. Costus spiralis (Jacq.) Roscoe
Jaboticaba
Arb
Goiabeira Jambolão
Arv Arv
Jambo
Arv
Orquídea Carambola Maracujá Guiné Pimenta Capim santo
Epf Arb Ter Her Her Her
Milho Erva-de-bicho Romã Laranja azeda Limão Laranjeira Arruda Douradinha
Arb Her Arb Arv Arv Arv Arb Sab
Sândalo Timbó
Her Arv
Pitombeira
Arv
Raiz de bugre
Sab
Chico-magro Erva-cidreira
Arv Her
Colônia
Arb
Caninha-do-brejo
Her
Dentre essas 107 espécies, 37% apresentaram hábito herbáceo, 32% apresentaram hábito arbóreo, 15% apresentaram hábito arbustivo, 9% apresentaram subarbustivo, 3% apresentaram hábito de palmeira, 2% apresentaram hábito epífito e tanto cacto como trepadeira apresentaram 1% cada (Figura 22).
ϲϲ
Figura 22. Representação do hábito das espécies utilizadas em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT.
Assim como Maciel (2004), o percentual elevado de espécies de hábito herbáceo pode ser justificado pelo fato de ser comum as pessoas cultivarem plantas para fins medicinais ou condimentares, resultado também observado em Albuquerque e Andrade (2002) e Pasa (2007).
5.2.3 Categorias de Uso Etnocategorias são as diferentes formas de uso das espécies vegetais empregadas pelos seres humanos, que os posicionam conforme suas finalidades. As seis categorias éticas decodificam as finalidades êmicas das espécies citadas pelos entrevistados: Alimentação, Medicinal, Místico/Religioso, Ornamental, Sombreamento e Tóxica (Tabela 4). As etnocategorias citadas foram: para alimentação - comida,
ϲϳ
doce, suco, comer; para medicinal ± UHPpGLR³SUDFXUDU´³SUDGRU´ para místico/religioso ± ³HVSDQWDU PDX ROKDGR´ ³SUD SURWHJHU´ ³TXHEUDQWH´ ³ROKR JRUGR´ SDUD RUQDPHQWDO ± ³SUD ILFDU ERQLWR´ beleza, para enfeitar; para sombreamento ± ³SUDGDUVRPEUD´³SUD QmRILFDUPXLWRVRO´HSDUDWy[LFD± ³ID]PDO´SHULJRVRPDWD As categorias com maior número de citações foram alimentação e medicinal, resultado este também encontrado na maioria dos estudos, como por exemplo, nos realizados por Pasa (1999) na região do Vale do Aricá, Albuquerque e Andrade (2002) na região da Caatinga, Maciel (2004) na região da Amazônia, Amaral (2008) na região de Cerrado, entre outros. Entre as espécies, 89 foram apontadas para uso medicinal, 35 para uso na alimentação, 12 para uso ornamental, oito para uso místico/religioso e duas como plantas tóxicas ou contendo partes tóxicas (Figura 23).
ϲϴ
Figura 23. Freqüência das categorias de uso dos recursos vegetais em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT.
As plantas usadas para fins medicinais representam 60% dos usos Indicados pelos informantes (Tabela 4 e Figura 24).
Tabela 4.Espécies vegetais e suas categorias de uso. Legenda: Al=Alimentação, Md=Medicinal, Mr=Místico/Religioso, Or=Ornamental, Sb=Sombreamento, To=Tóxica Família Nome Científico Nome Popular Categorias de Uso Acanthaceae Justicia pectoralis Anador Md Jacq. Alismataceae Echinodorus Chapéu-de-couro Md,Mr Macrophyllus (Kunth) Micheli Amaranthaceae Alternanthera Terramicina Md brasiliana (L.) Kuntze Althernatera Penicilina Md macrophyllus Miq. Anacardiaceae Anacardium Caju Al, Md occidentale L. Mangifera indica L. Manga Md, Al, Or, Sb Myracrodruon Aroeira Md urundeuva Fr. All.
ϲϵ
Annonaceae Apiaceae
Apocynaceae Araceae Arecaceae
Asteraceae
Bignoniaceae
Bixaceae Boraginaceae
Spondias lutea L. Annona muricata L. Annona squamosa L. Coriandrum sativum L. Foehiculum vulgare Gaertn. Macrosiphonia longiflora (Desf.) M. Arg. Dieffenbachia picta Schott. Cocos nucifera L. Euterpe oleracea Mart. Orbignya oleifera Burret. Achyrocline satureoides (Lam.) DC. Artemisia absinthium L. Artemísia annua L. Baccharis genisteloides L. Bidens gardnerii Baker Chamomilla recutita (L.) Rauschert Lychnophora ericoides Mart. Vernonia polyanthes Less. Vernonia cf. condensada Baker Anemopaegma arvense (Vell.) Stelf. Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore Tabebuia caraiba (Mart.) Bureau Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo Bixa orellana L. Cordia alliodora Cham. Symphytum officinale L.
Cajá Graviola Ata Coentro
Al Md, Al Al, To Al
Erva-doce
Md
Velame
Md
Comigo-ninguém- Or, Mr, To Pode Coco-da-Bahia Md, Al, Or Açaí Al Babaçu
Md
Macela
Md
Losna
Md
Artemísia Carqueja
Md Md
Picão
Md
Camomila
Md
Arnica
Md
Caferana
Md
Figatil
Md
Alecrim
Md
Paratudo
Md
Ipê-Amarelo
Md, Sb, Or
Ipê-Roxo
Md, Sb, Or
Colorau Chá-de-frade
Md, Al Md
Confrei
Md
ϳϬ Bromeliaceae
Ananas comosus (L) Merril Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Cactaceae Cactus SP. Caesalpiniaceae Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip Dimorphandra mollis Benth. Caricaceae Carica papaya L. Caryocar brasiliense Caryocaraceae Camb. Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides L. Chrysobalanaceae Licania parviflora Benth. Combretaceae Terminalia cattapa L. Ipomoea batatas (L.) Convolvulaceae Lam. Dennstaedtiaceae Pteridium aquilinum (L.) Kuhn. Dilleniaceae Curatella americana L. Euphorbiaceae Chamaesyce caecorum (Boiss.) Croizat Croton urucurana Baill. Croton antisiphiliticus Mart. ex M. Arg. Manihot esculenta Crantz Phyllanthus niruri L. Amburana cearensis Fabaceae (Fr. All.) A.C. Smith Caesalpina ferrea Mart. Bauhinia macrostachya Benth.. Cajanus cajan (L.) Millsp. Eriosema platycarpon Micheli Hymenaea courbaril L.
Abacaxi
Md, Al
Amescla
Md
Cacto Sene
Or Md
Barbatimão
Md
Mamão Pequi
Al, Md Md, Al, Or
Erva-de-santa-maria Md, Mr Pimenteira
Md, Mr
Sete-copas
Or, Sb
Batata-doce
Al
Samambaia
Or
Lixeira
Md
Sete-sangrias
Md
Sangra-G¶iJXD
Md
Erva-molá
Md
Mandioca
Al
Quebra-pedra Cerejeira
Md Al
Jucá
Md
Pata-de-vaca
Md
Feijão-andu
Al, Md
Bálsamo
Md
Jatobá
Md
ϳϭ
Lamiaceae
Lauraceae Lecythidaceae Liliaceae
Loganiaceae Malpighiaceae
Malvaceae Moraceae
Musaceae Myrtaceae
Senna hirsuta (L.) Irwin & Barneby Coleus barbatus (Andrews) Benth. Hyptis goyazensis A. St.-Hil. Ex Benth. Leonurus sibiricus L. Mentha arvensis V.C. Holmes Mentha longifolia (L.) Huds Mentha piperita Mentha spicata L. Ocimum basilicum L. Cinnamomum zeylanicum Breyn. Cariniana domestica (Mart.) Miers. Allium schoenoprasum L. Alloe vera L. Sansevieria trifasciata Hort. Strychnos pseudoquina A. St.Hil. Heteropterys aphrodisiaca O. Mach. Malpighia glabra L. Gossypium herbaceum L. Arthocarpus integrifolia L. Morus nigra L. Brosimum gaudichaudii Trec. Siparuna guianensis Aubl. Musa paradisiaca L. Eugenia uniflora L. Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg. Psidium guajava L. Syzygium jambolanum (Lam.) DC. Syzygium malaccense (L.)
Fedegoso
Md
Boldo
Md
Hortelã
Md, Al
Macaé Vick
Md Md
Poejo
Md
Hortelãzinho Levante Alfavaca
Md Md Md
Canela
Md, Al
Jequitibá
Md
Cebolinha
Al
Babosa Md Espada-de-São-Jorge Or, Mr Quina
Md
Nó-de-cachorro
Md
Acerola Algodão
Md, Al Md
Jaca
Al
Amoreira Al, Md Algodãozinho/Mama- Md Cadela Negramina Md Bananeira Pitanga Jaboticaba
Al, Md Al, Md Al, Md
Goiabeira Jambolão
Al, Md Md
Jambo
Al
ϳϮ
Orchidaceae Oxalidaceae Passifloraceae Phytolaccaceae Piperaceae Poaceae
Polygonaceae Punicaceae Rutaceae
Rubiaceae Santalaceae Sapindaceae
Sterculiaceae
Verbenaceae Zingiberaceae
Merr. & L.M. Perry. Vanilla planifolia Andr. Averrhoa carambola L. Passiflora edulis Sins. Petiveria alliacea L. Capsium sp. Cymbopogon densiflorus (Steud.) Stapf. Zea mays Kuntze Polygonum acre H.B.K. Punica granatum L. Citrus aurantium L. Citrus limonum Risso Citrus sinensis (L.) Osbeck. Ruta graveolens L. Palicourea coriacea (Cham.) K. Schum. Santalum album L. Magonia pubescens A.St.-Hil. Talisia esculenta (A.St.-Hil.) Radlk. Byttneria melastomifolia A.St.Hil. Guazuma ulmifolia Lam. Lippia alba N. E. Brown ex Britton & Wilson Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt & R.M. Sm. Costus spiralis (Jacq.) Roscoe
Orquídea
Or
Carambola
Md, Al
Maracujá
Md, Al
Guiné Pimenta Capim-santo
Md, Mr Md, Or, Mr Md
Milho Erva-de-bicho
Al Md
Romã Laranja-azeda Limão
Al, Md Al, Md Al, Md
Laranjeira
Al, Md
Arruda Douradinha
Md, Mr Md
Sândalo Timbó
Md Md
Pitombeira
Al
Raiz-de-bugre
Md
Chico-magro
Md
Erva-cidreira
Md
Colônia
Md
Caninha-do-brejo
Md
ϳϯ
Figura 24. Representação dos usos dos recursos vegetais em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT.
Uma mesma espécie muitas vezes pertence a mais de uma categoria. Entre estas podemos citar Mangifera indica L. (Manga), Dieffenbachia picta (Comigo-ninguém-pode), Cocos nucifera L. (Coco-da-Bahia), Tabebuia caraiba (Ipê-Amarelo), Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo (Ipê-roxo), Caryocar brasiliense Camb. (Pequi), entre outros, mostrando assim uma multiplicidade de usos e maximização do recurso.
5.2.4 Plantas medicinais Os primeiros europeus que no Brasil chegaram depararam-se com uma grande quantidade de plantas medicinais em uso pelas inúmeras tribos que aqui viviam. Por intermédio dos pajés, o conhecimento das ervas locais e seus usos eram transmitidos e aprimorados de geração em geração. Além disso, muitas plantas conhecidas no Velho Mundo por suas propriedades medicinais induziram os europeus a testarem usos similares
ϳϰ
para as espécies nativas proximamente relacionadas. Os escravos africanos deram sua contribuição com o uso de plantas trazidas da África, muitas
delas
originalmente
utilizadas
por
suas
propriedades
farmacológicas empiricamente descobertas (Lorenzi, 2002). Como afirma Maciel (2004), a humanidade busca alívio para seus males corporais ou espirituais nas plantas já há muito tempo, seja através dos chás, banhos, ungüentos ou tinturas caseiras. Lorenzi (2002) afirma que o emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído ao longo dos tempos desde as formas mais simples de tratamento local, provavelmente utilizada pelo homem das cavernas até as formas tecnologicamente sofisticadas da fabricação industrial utilizada pelo homem moderno. Normalmente o conhecimento dos usos das plantas é transmitido de geração para geração, por meio da oralidade. As pessoas guardam consigo RV VHJUHGRV GD FXUD DWUDYpV GH VXDV ³PH]LQKDV´ VmR DV DYyV WLDV comadres, benzedeiras, rezadores e xamãs, que mantêm esse milenar hábito de uso das plantas na medicina não oficial da cultura brasileira (Maciel,2004). Foram catalogadas 89 espécies vegetais para fins medicinais, o que representa 60% das espécies citadas pelos informantes. Este é um dado comumente encontrado em pesquisas etnoecológicas realizadas nos diferentes biomas do estado de Mato Grosso como as de Van den Berg (1980), Guarim Neto, 1984; 1987; 1996), Duarte (2001), Morais (2003), Xavier (2005), Pasa et al. (2005); Silva e Andrade (2005); Santos et al. (2007); Novais (2008); Luíza-Moreira e Guarim Neto (2009). As plantas medicinais são amplamente estudadas em Mato Grosso como podemos observar em Mota e Guarim Neto (1996), Souza et al.
ϳϱ
(1999), Souza e Guarim Neto (1999), Sales et al. (2000), Amorozo (2002a), Felfili et al. (2002), Guarim Neto e Morais (2003-a,b), Guarim Neto (1984; 1989; 1997; 2001; 2006), Guarim Neto e Pasa (2005), Pasa e Guarim Neto (2005), Santos e Guarim Neto (2005), Maciel e Guarim Neto (2006), Souza (2007), Guarim Neto et al. (2008), Luíza-Moreira e Guarim Neto (2009), entre outros. Na tabela 5 encontram-se as famílias botânicas, os nomes científicos, os nomes populares, parte usada, preparo, indicação e Código Internacional de Doenças (1999). A planta mais citada pelos entrevistados foi o Boldo (Coleus barbatus (Andrews) Benth.), seguida por Paratudo (Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore), Arnica (Solidago chilensis Meyen) e Hortelã (Hyptis goyazensis A.St.-Hil. ex Benth.). Boldo também foi a planta mais citada nos estudos de Guarim Neto (1996), Pasa et al. (2005) e Amaral (2008). Várias partes da planta são usadas para fins medicinais. A parte que REWHYHRPDLRUSHUFHQWXDOGHXVRIRL³IROKDV´FRPVHJXLGDGH³FDVFD´ FRPH³IUXWR´FRP7DEHOD)LJXUD Luíza-Moreira e Guarim Neto (2009) afirmam que ao longo do tempo foi desenvolvido um conhecimento que permitiu ao ser humano conhecer quais partes são mais úteis para uma dada finalidade. Pode-se concluir que a utilização das folhas como remédio pode ser vista como uma estratégia de manejo, coletando um órgão que não comprometerá o desenvolvimento da planta. As principais partes das plantas citadas foram: folhas (57), casca (20), fruto (12) entre outros (Tabela 5, Figura 25). As plantas medicinais podem ser usadas, conforme o caso, em preparações diversas para serem ingeridas, ditas de uso interno (chá
ϳϲ
infuso, cozimentos ou decoctos, maceração, etc.) e em outras preparações para uso na pele ou nas mucosas das cavidades naturais, ditas de uso externo (Lorenzi, 2002). Foram citadas várias formas de uso das plantas como: chá, banho, ³LQ QDWXUD´ JDUUDIDGD HQWUH RXWUDV IRUPDV )LJXUD $ PDLRULD GRV entrevistados na comunidade faz uso das folhas para preparo de chás medicinais. O chá foi à forma mais citada com 60% das citações e o mesmo pode ser preparado por infusão ou fervido, banho foi a segunda forma mais FLWDGD FRP GDV FLWDo}HV VHJXLGR SHOR XVR ³LQ QDWXUD´ FRP $V garrafadas (4%) normalmente são preparadas com aguardente. Como visto, a comunidade de Passagem da Conceição trata diversas doenças com as plantas medicinais, citadas neste estudo. Essas doenças foram agrupadas em categorias, de acordo com a tabela do Código Internacional de Doenças ± CID 10 (1999). O uso das plantas para tratamento de doenças do aparelho circulatório foram os mais frequentes com 19%, seguido de doenças do aparelho respiratório com 17% e doenças do aparelho digestório com 15% (Figura 27). Tabela 5. Indicação Terapêutica das Plantas Utilizadas em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009. Famílias Acanthaceae
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Justicia pectoralis Jacq.
Anador
Folhas
Chá
Dores em geral
ϳϳ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Alismataceae
Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli
Chapéu-de-couro
Folhas
Chá
Infecção
Amaranthaceae
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze
Terramicina
Folhas
Chá/Ban ho
Antiinflamatóri o
Althernatera macrophyllus Miq.
Penicilina
Planta inteira
Chá
Infecção
Anacardium occidentale L.
Caju
Casca
Chá
Gripe
Mangifera indica L.
Manga
Folhas
Chá
Gripe
Myracrodruon urundeuva Fr. All.
Aroeira
Casca
Chá
Inflamaçã o/Antibióti co
Annonaceae
Annona muricata L.
Graviola
Folhas
Chá
Diabetes
Apiaceae
Foehiculum vulgare Gaertn. Macrosiphonia longiflora (Desf.) M. Arg.
Erva-doce
Folhas
Chá
Pedras nos rins
Velame
Folhas
Chá
Depurativ o
Cocos nucifera L.
Coco-da-Bahia
Água da Chá fruta
Tireoide
Orbignya oleifera Burret.
Babaçu
Polpa da Chá/In fruta Natura
Úlcera
Achyrocline satureoides (Lam.) DC.
Macela
Folhas
Chá
Indigestão /Azia
Artemisia absinthium L.
Losna
Folhas
Chá
Problema s disgestivo s
Artemísia annua L.
Artemísia
Folha/Pl anta inteira
Chá
Dor de barriga
Anacardiaceae
Apocynaceae
Arecaceae
Asteraceae
ϳϴ Famílias
Bignoniaceae
Bixaceae
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Baccharis genisteloides L.
Carqueja
Folhas
Chá
Diabetes
Bidens Picão gardnerii Baker
Folhas
Chá
Anemia/H epatite/Ict erícia
Chamomilla recutita (L.) Rauschert
Camomila
Folhas
Chá
Calmante/ Febre/Cóli ca
Lychnophora ericoides Mart.
Arnica
Planta inteira
no Chá/Mac Dor erado/E corpo/Infe mplastro cção /Tintura/ Garrafad a
Vernonia polyanthes Less.
Caferana
Folhas
Chá
Problema s estomacai s
Vernonia cf. condensada Baker
Figatil
Folhas
Chá
Fígado
Folhas
Chá
Pressão Alta
Anemopaegma Alecrim arvense (Vell.) Stelf. Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore
Paratudo
Casca
Xarope
Anemia/Fr aqueza/V ermes
Tabebuia caraiba (Mart.) Bureau
Ipê-Amarelo
Casca
Chá
Câncer
Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo
Ipê-Roxo
Casca
Chá
Inflamaçã o
Bixa orellana L.
Colorau
Folhas
Chá
Colesterol /Desintoxi cante
ϳϵ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Cordia alliodora Cham.
Chá-de-frade
Folhas
Chá
Anemia
Symphytum officinale L.
Confrei
Folhas secas
Chá
Emagrece r ou engordar/ Cicatrizan te
Bromeliaceae
Ananas comosus (L) Merril
Abacaxi
Fruto
Suco
Diurético
Burseraceae
Protium heptaphyllum (Aubl.) March.
Amescla
Casca
Chá
Tosse/Gri pe/Diarrei a
Caesalpiniaceae
Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip
Sene
Folhas
Chá
Emagrece r
Dimorphandra mollis Benth.
Barbatimão
Casca
Chá/Ban ho
Corriment o/Úlcera
Caricaceae
Carica papaya L.
Mamão
Folhas/S eiva/Flor
Chá
Verminos e/Bronquit e
Caryocaraceae
Caryocar brasiliense Camb.
Pequi
Fruto/Se mente
Garrafad a/Óleo
Afrodisíac o/Problem as Respiratór ios
Chenopodiaceae
Chenopodium ambrosioides L.
Erva-de-santamaria
Folhas/P lanta Inteira
Sumo/E mplastro
Verme/Mi cose
Chrysobalanacea e
Licania parviflora Benth.
Pimenteira
Fruto
In natura
Depressã o/Afrodisí aco
Dilleniaceae
Curatella americana L.
Lixeira
Folhas/ Casca
Chá/Em plastro
Diabetes/ Pressão alta/Artrite /Feridas
Euphorbiaceae
Chamaesyce caecorum
Sete-sangrias
Folhas
Chá
Diarreia
Boraginaceae
ϴϬ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Croton urucurana Baill.
Sangra-G¶iJXD
Casca
Chá
Hepatite
Croton antisiphiliticus Mart. ex M. Arg.
Erva-molá
Folhas
Chá
Urina
Phyllanthus niruri L.
Quebra-pedra
Folhas
Chá
Rim
Caesalpina ferrea Mart.
Jucá
Fruto
Garrafad a
Inflamaçã o
Bauhinia macrostachy Benth.
Pata-de-vaca
Folhas
Chá
Pressão Alta/Diabe tes
Cajanus cajan (L.) Millsp.
Feijão-andu
Folhas
Chá
Gases
Eriosema platycarpon Micheli
Bálsamo
Casca
Tintura
Dor de ouvido
Hymenaea courbaril L.
Jatobá
Casca
Xarope
Antiinflamatóri o/Anemia/ Fortificant e
Senna hirsuta (L.) Irwin & Barneby
Fedegoso
Raiz
Macerad a
Diabetes/ Problema s estomacai s
Coleus barbatus (Andrews) Benth.
Boldo
Folhas
Chá
Problema s estomacai s/Fígado
Hyptis goyazensis A.
Hortelã
Folhas
Chá
Gripe/Cal mante/Fe bre
(Boiss.) Croizat
Fabaceae
Fabaceae
Lamiaceae
ϴϭ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Leonurus sibiricus L.
Macaé
Emplastr o/Chá/Ti ntura/Po mada
Mentha arvensis V.C. Holmes
Vick
Folhas
Chá/Inal ação
Gripe/Feb re
Mentha longifolia (L.) Huds
Poejo
Folhas
Chá
Gripe/Cóli ca
Mentha piperita L.
Hortelãzinho
Folhas
Chá
Gripe
Mentha spicata Levante L.
Folhas
Chá
Gases
Ocimum basilicum L.
Alfavaca
Folhas
Chá
Tosse/Gri pe
Lauraceae
Cinnamomum zeylanicum Breyn.
Canela
Casca
Garrafad a/Chá
Gripe
Lecythidaceae
Cariniana rubra Gardner ex Miers.
Jequitibá
Casca
Chá
Inflamaçã o
Liliaceae
Alloe vera L.
Babosa
Folhas
Chá
Câncer
Loganiaceae
Strychnos pseudoquina A. St.-Hil.
Quina
Folhas
Banho de assento/ Chá
Inflamaçã o/Anemia
Malpighiaceae
Heteropterys aphrodisiaca O. Mach.
Nó-de-cachorro
Raiz
Chá
Depurativ o/Estimul ante Sexual
Malpighia glabra L.
Acerola
Folhas
Chá
Bronquite
Gossypium herbaceum L.
Algodão
Flor
Chá
Inflamaçã o
St.-Hil. Ex Benth.
Malvaceae
Estômago /Machuca dura/Panc ada
ϴϮ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Morus nigra L.
Amoreira
Folhas
Chá
Menopau sa
Brosimum gaudichaudii Trec.
Algodãozinho/Mam a-Cadela
Casca/R aiz/Folh as/Plant a Inteira
Chá/Gar rafada/E mplastro
Inflamaçã o/Depurati vo/Gripe/ Bronquite
Siparuna guianensis Aubl.
Negramina
Folhas
Banho
Dor de cabeça/Fr aqueza
Musaceae
Musa paradisiaca L.
Bananeira
Fruto/Fo lhas/Cau le
In natura/C há/Farin ha/Xaro pe/Banh o
Úlcera/Di arréia/Tos se/Gripe
Myrtaceae
Eugenia uniflo ra L.
Pitanga
Folhas
Chá
Rim
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg.
Jaboticaba
Casca/F ruto
Chá/In Natura
Diarreia/G ripe
Psidium guajava L.
Goiabeira
Casca/B roto
Sumo
Estômago
Syzygium jambolanum (Lam.) DC.
Jambolão
Folhas
Chá
Diabetes
Oxalidaceae
Averrhoa carambola L.
Carambola
Fruto
Suco
Obesidad e
Passifloraceae
Passiflora edulis Sins.
Maracujá
Fruto
Suco
Calmante
Phytolaccaceae
Petiveria alliacea L.
Guiné
Folhas
Banho/M Problema aceraçã s respiratóri o os
Piperaceae
Capsium sp.
Pimenta
Fruto
In natura
Moraceae
Depressã o/Afrodisi áco
ϴϯ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Poaceae
Cymbopogon densiflorus (Steud.) Stapf.
Capim-santo
Folhas
Chá
Calmante
Polygonaceae
Polygonum acre H.B.K.
Erva-de-bicho
Folhas
Banho
Gripe
Punicaceae
Punica granatum L.
Romã
Casca/F ruto/Rai z
Chá/In Natura
Dor de garganta
Rutaceae
Citrus aurantium L.
Laranja-azeda
Folhas/ Raiz/Ca sca
Chá
Diabetes/ Dente
Citrus limonum Risso
Limão
Sumo
Suco
Gripe/Dor es em geral
Citrus sinensis (L.) Osbeck.
Laranjeira
Folhas/ Casca
Chá
Gripe
Ruta graveolens L.
Arruda
Folhas
Banho/M Sangue aceraçã na cabeça/ o/ Chá Dor no corpo
Rubiaceae
Palicourea coriacea (Cham.) K. Schum.
Douradinha
Folhas
Chá
Rim
Santalaceae
Santalum album L.
Sândalo
Raiz
Chá
Rim
Magonia pubescens A.St.-Hil.
Timbó
Sement e
Óleo
Reumatis mo
Bytteneria melastomifolia A.St.-Hil.
Raiz-de-bugre
Raiz
Chá
Depurativ o
Guazuma ulmifolia Lam.
Chico-magro
Casca
Banho
Alergia
Lippia alba N. E. Brown ex
Erva-cidreira
Folhas
Chá
Calmante
Sapindaceae Sterculiaceae
Verbenaceae
ϴϰ Famílias
Nomes científicos
Nomes populares
Parte Usada
Preparo
Indicação
Alpinia zerumbet (Pers.) B.L. Burtt & R.M. Sm.
Colônia
Folhas
Chá
Pressão/ Calmante
Costus spiralis (Jacq.) Roscoe
Caninha-do-brejo
Folhas
Chá
Diurético/ Rim
Britton & Wilson Zingiberaceae
ϴϱ
Figura 25. Representação da citação das partes utilizadas para fins medicinais em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.
Figura 26. Principais formas de usos das plantas em Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.
ϴϲ
Figura 27. Freqüência das doenças de acordo com o CID-10 (1999), tratadas pelos informantes de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009.
Os entrevistados, através das diferenças práticas do cotidiano, demonstraram um vasto conhecimento por plantas medicinais. Foi possível notar que o uso das plantas com potencial medicinal é algo muito antigo e integra a cultura local de forma que é mantida e transmitida entre seus membros para gerações seguintes. As plantas medicinais possuem uma importância muito grande dentro desta comunidade, pois
dela se extraem
subprodutos que são usados de diferentes formas nos tratamentos de cura de doenças de acordo com o conhecimento medicinal popular contido nesta comunidade. A medicina oficial não é muito bem aceita pelos moradores desta comunidade, muitos afirmam que ela não funciona e assim se valem e confiam no uso das plantas como remédio.
5.2.5 Plantas Alimentícias
ϴϳ
Foram citadas 35 espécies para fins alimentícios, sendo que a maioria é encontrada nos quintais dos informantes (Tabela 6). Essas espécies são utilizadas para complementar a dieta alimentar das famílias da comunidade. Pasa (2007) afirma que esta categoria se caracteriza pela condição de ser um recurso alimentar para os homens e para os animais. Pode se apresentar nas suas diferentes formas de uso, enquanto categoria complementar, isto é, quando o fruto é consumido ao natural ou quando processado e transformado em doces, geleias, bolos. Os entrevistados citaram plantas frutíferas que são utilizadas ³LQQDWXUD´HRXSDUDIDEULFDomRGHGRFHVHFRPSRWDVHRXVXFRV naturais. Muitas dessas espécies são cultivadas nos próprios quintais. De acordo com Pasa (2004), a produção nos quintais, especialmente a hortifrutífera, permite à população manter uma baixa dependência de produtos adquiridos externamente, ocasiona impactos mínimos sobre o ambiente, conserva os recursos vegetais e a riqueza cultural, fundamentada no saber e na cultura dos moradores locais. O pequi (Caryocar brasilienses Camb.) é utilizado tanto no preparo de comidas como também na fabricação de licor; o colorau (Bixa orellana L.) é utilizado como um item condimentar; a mandioca (Manihot esculenta Crantz) é utilizada cozida, frita ou
ϴϴ
transformada em farinha.
Tabela 6. Espécies utilizadas para fins alimentícios pela comunidade de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009 Família Nome Científico Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Mangifera indica L. Spondias lutea L. Annonaceae Annona muricata L. Annona squamosa L. Apiaceae Coriandrum sativum L. Arecaceae Cocos nucifera L. Euterpe oleracea Mart. Bixaceae Bixa orellana L. Bromeliaceae Ananas comosus (L) Merril Caricaceae Carica papaya L. Caryocaraceae Caryocar brasiliense Camb. Convolvulaceae Ipomoea batatas (L.) Lam. Euphorbiaceae Manihot esculenta Crantz Fabaceae Amburana cearensis (Fr. All.) A.C. Smith Cajanus cajan (L.) Millsp. Lamiaceae Hyptis goyazensis A.St.-Hil. Ex Benth. Lauraceae Cinnamomum zeylanicum Breyn. Liliaceae Allium schoenoprasum L. Malpighiaceae Malpighia glabra L. Moraceae Arthocarpus integrifólia L. Morus nigra L. Musaceae Musa paradisiaca L. Myrtaceae Eugenia uniflora L. Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg. Psidium guajava L. Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M. Perry. Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Passifloraceae Passiflora edulis Sins. Rutaceae Citrus aurantium L. Citrus limonum Risso Citrus sinensis (L.) Osbeck. Sapindaceae Talisia esculenta (A.St.-Hil.) Radlk.
Nome Popular Caju Manga Cajá Graviola Ata Coentro Coco-da-Bahia Açaí Colorau Abacaxi Mamão Pequi Batata-doce Mandioca Cerejeira Feijão-andu Hortelã Canela Cebolinha Acerola Jaca Amoreira Bananeira Pitanga Jaboticaba Goiabeira Jambo Carambola Maracujá Laranja-azeda Limão Laranjeira Pitombeira
5.2.6 Plantas ornamentais e utilizadas no sombreamento As plantas ornamentais são amplamente utilizadas para
ϴϵ
efeito de estética e beleza. Foram citadas 12 espécies para fins ornamentais e quatro espécies para fins de sombreamento (Tabela 7). É muito comum as pessoas cultivarem plantas apenas para embelezar sua moradia e também para terem uma área com sombra onde possam relaxar, organizar festas, conversar, etc.
Tabela 7. Espécies utilizadas para fins ornamentais e de sombreamento pela comunidade de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009. Família Anacardiaceae Araceae Arecaceae Bignoniaceae
Cactaceae Caryocaraceae Combretaceae
Dennstaedtiaceae Liliaceae Orchidaceae Piperaceae
Nome Científico Nome Popular Mangifera indica Manga L. Dieffenbachia Comigopicta Schott. ninguémpode Cocos nucifera L. Coco-daBahia Tabebuia caraiba Ipê-Amarelo (Mart.) Bureau Tabebuia Ipê-Roxo heptaphylla (Vell.) Toledo Cactus sp. Cacto Caryocar Pequi brasiliense Camb. Terminalia Sete-copas cattapa L. Pteridium Samambaia aquilinum (L.) Kuhn. Sansevieria Espada-detrifasciata Hort. São-Jorge Vanilla planifolia Orquídea Andr. Capsium sp. Pimenta
5.2.7 Plantas místicas e religiosas
Hábitos Etnocategorias de Uso Arv Or, Sb Her
Or
Pal
Or
Arv
Sb, Or
Arv
Sb, Or
Cac Arb
Or Or
Arv
Or, Sb
Epi
Or
Her
Or
Epi
Or
Her
Or
ϵϬ
Foram citadas oito espécies utilizadas para fins místicos e religiosos (Tabela 8). Estas espécies são conservadas pelas pessoas por acreditarem que as mesmas são sagradas e funcionam como amuletos protetores para a casa e as pessoas que nela habitam. Normalmente essas espécies são encontradas na entrada das residências para que assim o mal seja bloqueado e não adentre ao lar, por exemplo: pimentas (Licania parviflora Benth e Capsium sp.), espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata Hort.), arruda (Ruta graveolens
L.),
comigo-ninguém-pode
(Dieffenbachia
picta
Schott.). A informante 12 cita o guiné como uma planta que protege contra o mau olhado. Algumas plantas são utilizadas para banhos de limpeza ou descarrego dentre elas, arruda (Ruta graveolens L.), guiné (Petiveria alliaceae L.), comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta Schott.). Essas espécies estão ligadas
a crenças populares,
tradicionalmente relacionadas a conotações místico-religiosas, geralmente ligadas a práticas utilitaristas de etnias africanas, como apontado por Albuquerque (1999). Tabela 8. Espécies utilizadas para fins místicos e religiosos pela comunidade de Passagem da Conceição, Várzea Grande, MT. 2009. Família Alismataceae Araceae Chenopodiaceae Chrysobalanaceae Liliaceae Phytolaccaceae
Nome Científico Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli Dieffenbachia picta Schott. Chenopodium ambrosioides L. Licania parviflora Benth. Sansevieria trifasciata Hort. Petiveria alliacea L.
Nome Popular Chapéu-de-couro Comigo-ninguém-pode Erva-de-santa-maria Pimenteira Espada-de-São-Jorge Guiné
ϵϭ
Piperaceae Rutaceae
Capsium sp. Ruta graveolens L.
Pimenta Arruda
5.2.8 Plantas tóxicas
Foram citadas duas espécies com esta finalidade, sendo a ata
(Annona
squamosa
L.)
e
Comigo-Ninguém-Pode
(Dieffenbachia picta Schott.). Os moradores afirmam que a folha da ata é venenosa e que a planta comigo-ninguém-SRGH³TXHLPDDERFD´ ³Comigo-ninguém-pode é venenosa, se põe na boca queima a boca, eu tinha em casa, mas joguei fora.´ 0XOKHU anos). Comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta Schott.) é uma planta herbácea que leva caule parecido com cana-de-açúcar, ornamental pela bonita folhagem, já que as flores passam despercebidas (raramente surgem). As folhas exibem máculas brancas ou amareladas. Em condições ótimas, podem alcançar até 3 metros, mas quando envasadas, crescem lentamente. A propagação faz-se por estacas, pois os vegetais cortados não murcham e enraízam com a maior facilidade. Qualquer fragmento de caule brota, deita raízes e reconstitui a planta inteira (Rizzini e Mors, 1976). Schvartsman (1992) explica que as propriedades tóxicas de Dieffenbachia picta Schott., bem como de outras espécies deste
ϵϮ
gênero e da família, decorrem principalmente da existência em todas suas partes, particularmente no caule, folhas e no látex, de ráfides de oxalato de cálcio, que agiriam por uma ação mecânica irritativa. Como o quadro clínico apresentado pelo intoxicado ultrapassa os efeitos da simples irritação produzida pelas ráfides, considera-se também a existência de um princípio ativo hipersensibilizante. A ingestão de qualquer parte da planta ou o simples ato de mastigá-lo são seguidos rapidamente por intensas manifestações de irritação das mucosas; edema nos lábios, língua e palato com dor em queimação, sialorréia, disfagia, cólicas abdominais, náuseas e vômitos. Em virtude do grande edema, o doente fica impossibilitado de falar. A afonia pode ser devida também ao edema de faringe ou de cordas vocais, para os quais contribui a ação hipersensibilizante da planta. A causa desta nocividade deve-se à ação conjugada de um fator mecânico aliado a uma proteína tóxica. O primeiro está presente sob a forma de miríades de finíssimas agulhas de oxalato de cálcio depositadas no interior das células; estes cristais penetram na mucosa buco-faríngea, causando, já por si, grande irritação. A par disto, abrem caminho para a atuação da toxalbumina, esta muito ativa, gerando constrição da glote e asfixia mortal, se não houver socorro (Rizzini e Mors, 1976). Muitos moradores relataram que quando se tem a planta em
ϵϯ
casa ela deve ser mantida longe de crianças e animais. 5.3 Análises quantitativas Através da análise de importância relativa das plantas quanto ao número de informantes que citaram a espécie e a concordância dos usos, estabeleceu-se a porcentagem de concordância quanto aos principais tipos de usos (CUP). Para o cálculo do Nível de Fidelidade e Concordância de Uso, foram consideradas apenas aquelas que tiveram acima de três citações para um determinado fim específico e 107 espécies foram citadas para vários fins. A planta utilizada para o cálculo de CUP foi o boldo (Coleus barbatus (Andrews) Benth.) que obteve 17 citações. As espécies que alcançaram os maiores índices foram: Acerola (Malpighia glabra L.) com 87,7%, Manga (Mangifera indica L.) com 87,5%, Espada-de-São-Jorge (Sansevieria trifasciata Hort.) com 87%, Barbatimão (Dimorphandra mollis Benth.), Canela (Cinnamomum zeylanicum Breyn.), Guiné (Petiveria alliacea L.), Jaboticaba (Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg.), Pimenteira (Licania parviflora Benth.), Sete Copas (Terminalia cattapa L.) com 86,67% cada (Tabela 9). O resultado encontrado através dessas análises ressalta também a importância das plantas alimentícias para a comunidade. Amorozo e Gély (1988) afirmam que o nível de fidelidade (NF) e Concordância de Uso (CUP) elevada para espécies medicinais,
ϵϰ
demonstra a importância de se considerar esse tipo de dado em pesquisas farmacológicas. O nível de fidelidade igual a 100% indica que existe uma consistência cultural do uso da espécie na comunidade em estudo (Jorge, 2001). A comunidade ribeirinha de Passagem da Conceição apresenta uma ampla utilização dos recursos vegetais disponíveis em seus quintais, em especial pelas plantas medicinais. Tabela 9. Nível de Fidelidade (NF), Fator de Correção (FC) e Concordância de Uso das Espécies (CUP).
ϵϱ
ϵϲ
6. REFLEXÕES FINAIS A riqueza cultural contida dentro de uma comunidade tradicional é reflexo da transmissão de conhecimentos de geração para geração. Essa herança cultural mostra a confiança que povos e etnias possuem nas experiências que lhes foram repassadas. Muitas peculiaridades podem ser registradas em cada comunidade como crenças, lendas, religiosidade, fé no potencial de cura, manuseio de animais, usos das plantas, entre outros. Peculiaridades
essas
que
acabam
tornando
única
cada
comunidade. Atualmente vários estudos com comunidades tradicionais estão sendo desenvolvidos e divulgados e através dessa interlocução os conhecimentos antes mantidos localmente vêm sendo difundidos globalmente, o que mostra que o saber local dessas comunidades pode servir como recurso para a conservação da biodiversidade, pois elas possuem um conhecimento empírico muito além do que qualquer livro pode oferecer. Inicialmente, os moradores entrevistados na Comunidade Ribeirinha de Passagem da Conceição se mostraram desconfiados FRPDSUHVHQoDGHXP³HVWUDQKR´QRFDVRRHQWUHYLVWDGRU PDV adquiriram confiança e se sentiram à vontade para contribuir com a pesquisa. Os moradores são pessoas humildes, receptivas, de fala simples, porém detêm um vasto conhecimento não só sobre o uso dos recursos vegetais, mas também sobre o local em que vivem.
ϵϳ
A comunidade recebe um grande fluxo de pessoas durante os finais de semana. Muitas vão até a comunidade para apreciar a comida típica servida no restaurante Porto da Conceição, outras vão para pescar e se divertir à beira do rio Cuiabá. Durante a semana, o movimento de pessoas é muito inferior ao apresentado no final de semana. Pode-se perceber que a comunidade utiliza de forma consciente os recursos vegetais disponíveis no Cerrado e na Mata de Galeria. Percebe-se ainda que os recursos vegetais são de fundamental importância medicinal e alimentar para a comunidade. Os moradores se valem mais da utilização desses recursos para fins medicinais e alimentícios. O cerrado (lato sensu) ainda tem sua paisagem conservada pela população. Os moradores ressaltam que no cerrado eles encontram plantas que não cultivam nos seus quintais e que têm finalidades múltiplas. Ainda ressaltam a importância em não se fazer queimadas, pois afirmam que o fogo se alastra rapidamente e pode acabar com toda a vegetação e com todos os animais que ali vivem. Com relação aos animais, os entrevistados ressaltam que apesar de se encontrar muitas espécies no cerrado, não podem caçar, pois é proibido devido à fiscalização e às multas aplicadas. Entretanto, um grande problema encontrado nas áreas de cerrado é que algumas pessoas devastam para implementar o pasto. A mata de galeria é tida como importante pela comunidade, pois
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por causa da sua vegetação ela ajuda a refrescar a comunidade e assim eles não sofrem tanto com o calor. Além de ser abrigo de muitos animais e possuir inúmeras espécies vegetais que a comunidade utiliza. É comum encontrar grupos de pessoas sentados próximos a essas matas conversando, crianças brincando. Também é uma área de lazer da comunidade. A importância e os benefícios do rio Cuiabá são ressaltados como fator contribuinte na manutenção da comunidade, tanto para fornecer alimento como para fornecer água para as necessidades básicas e afirmam que deve ser mantido e conservado pela população para que eles possuam qualidade e quantidade de água suficiente para consumo da comunidade e também para sobrevivência de espécies da fauna e flora. ³2V SHVFDGRUHV GHSHQGHP PXLWR GR ULR´ (Homem, 35 anos). ³2 ULR p ERP SHOD iJXD SHL[H 7HP PXLWD gente que quando não tem condições de comprar carne, pesca. Muita gente depende VyGRSHL[H´(Mulher, 30 anos). O rio Cuiabá é tido pelos moradores como componente fundamental da comunidade, pois é dele que é retirada a água que abastece a comunidade.
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³2ULRDMXGDEDVWDQWH4XDQGRIDOWDiJXD a gente pega. Torce roupa lá, SHVFD´(Mulher, 56 anos). Antigamente a maioria dos homens da comunidade retirava do rio o sustento da casa através da pescaria. O peixe era utilizado tanto na dieta alimentar quanto como fonte de renda. Ainda hoje os homens praticam a pesca, porém ressaltam que não se é mais possível sobreviver dela devido a diminuição da oferta de peixes. ³O rio tem muitas coisas erradas, draga, tira areia da beira do rio, ai o barranco vai embora. Antes o rio dava sobrevivência para nós, depois da barragem do Manso ele não enche mais e nós ficamos no prejuízo. Na EDUUDJHP WHP PDLV SHL[H TXH QR ULR´ (Homem, 64 anos). A comunidade possui uma mini-estação de tratamento de água. As águas do rio Cuiabá próximas à comunidade são motivo de orgulho para a comunidade, pois neste trecho elas ainda são consideradas limpas. ³2ULR&XLDEipQRVVRULRHQmRWHPSROXLomR nessa região, pois a própria UFMT analisa a água e diz que a água ta limpa. O rio é
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muito importante por conta da água e dos peixes, pois a comunidade sobrevive disso. Só não tem grande quantidade de peixes FRPRDQWLJDPHQWH´ (Mulher, 62 anos). Há uma preocupação eminente com relação ao perigo das águas nesse trecho, pois como é considerado o trecho mais encachoeirado do rio, muitos casos de afogamento acabam acontecendo, sendo que a maioria infelizmente resulta em óbito. Os moradores pedem uma maior atenção do Corpo de Bombeiros e das autoridades responsáveis. ³2 ULR p PXLWR ERP Vy SUHFLVD WHU XPD atenção maior do corpo de bombeiros. A prefeitura deveria manter uma fiscalização. Poderia ter a travessia todos os dias, só que QRGRPLQJRQmRWHP´(Mulher, 58 anos). Os moradores ainda demonstraram ter consciência com relação ao desmatamento nas margens do rio. ³1mRVHGHYHGHVPDWDUDEHLUDGRULR SRUTXHVHQmRGHVEDUUDQFDRULR´ (Mulher, 65 anos).
ϭϬϭ
O rio é também fonte de lazer para os moradores. Local onde as pessoas aproveitam as margens para descansar, ler, conversar, se reunir, brincar, etc. ³$ WXUPD JRVWD GR ULR VHPSUH WD QD EHLUD dele conversando, atravessando de FDQRDSDVVHDQGRPHVPR´ (Homem, 59 anos). Os
moradores
lembram
que
antigamente
existiam
assombrações e lobisomens que rondavam a comunidade, mas que hoje em dia já não existem mais. Nota-se a presença de mitos e crenças presentes na comunidade. ³'HXQVWHPSRVSUDFiQXPWHPPDLV aparecido assombração aqui. Mas DQWHV R ORELVRPHP DSDUHFLD VHPSUH´ (Homem, 69 anos). Contudo, houve uma reclamação por parte dos entrevistados com relação ao descaso do governo. ³$
FRPXQLGDGH
FXLGD
GDTXL
FRP
dificuldade, pois não tem ajuda do JRYHUQR´(Mulher, 63 anos). Existe um posto de saúde na comunidade, mas atualmente
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encontra-se fechado. Os entrevistados afirmam que quando precisam de auxílio médico, necessitam se deslocar para a cidade. ³O que falta na Passagem da Conceição é a prefeitura e o governo dar incentivo pra nós. Ta feio o negócio aqui. O Posto de Saúde ta desativado desde o ano passado. Se precisa de um remédio pra dor de FDEHoD WHP TXH LU QD FLGDGH EXVFDU´ (Homem, 64 anos). Algumas reclamações fora feitas sobre a empresa de sebo na estrada de acesso à comunidade. Os mesmos alegam que a empresa está poluindo muito a comunidade. ³Tem uma empresa que ta poluindo muito, o cheiro é muito forte. E ta contaminando a FRPXQLGDGH´(Mulher, 52 anos). As atividades desenvolvidas na comunidade são a pesca de subsitência e o turismo. Hoje em dia os moradores já não vivem exclusivamente da renda gerada pela venda de peixes do rio Cuiabá, pois afirmam que não se encontra tantos peixes como antigamente. Além dos atrativos naturais, Passagem da Conceição conta com o restaurante Porto da Conceição, pois durante os finais de semana muitas famílias das cidades vizinhas e turistas vão até a
ϭϬϯ
comunidade
apreciar
comidas
típicas
mato-grossenses,
principalmente a famosa peixada que é o grande atrativo do restaurante. O restaurante além de ser atrativo turístico, é o único local gerador de emprego em Passagem da Conceição. Quem não trabalha nele se desloca para as cidades vizinhas ou para a empresa de sebo na estrada de acesso à comunidade. Os moradores possuem o hábito de criar animais em seus quintais, sendo que a maioria cria cachorros para fins domésticos e galinhas para fins alimentícios, pois as mesmas lhes fornecem carne e ovos. Apenas um morador disse criar um cavalo, que o mesmo utiliza para puxar charrete. É perceptível que os moradores mais antigos não gostam de ir ao médico e não acreditam nos remédios por eles receitados, FRQILDPPXLWRPDLVQRTXHHOHVFKDPDPGH³UHPpGLRGDSODQWD´ ³4XDQGRXVRUHPpGLRGHIDUPiFLDPDVQmR GHL[RGHWRPDURUHPpGLRGDSODQWD´ (Mulher, 58 anos). ³(QTXDQWR QmR DWHQGHP D JHQWH QR posto, a gente vai tomando o chá do PDWR´(Mulher, 65 anos). A relação dos moradores com as plantas é algo intensamente percebido na comunidade. A importância das plantas medicinais nas suas vidas é algo que carregam desde o nascimento e sempre transmitido para as novas gerações.
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Os quintais são tidos pelos moradores como espaços de usos múltiplos como lazer, rituais religiosos, criação de animais, reuniões familiares e de amigos, realização de festividades entre outros. É no quintal que os moradores obtêm grande parte dos recursos vegetais que utilizam. É também neste este espaço que as famílias desenvolvem atividades múltiplas como festivas, reuniões, estudos, entre outros. A utilização dos recursos vegetais por parte dos entrevistados pode ser considerada alta, uma vez que apresenta uma diversidade de usos dos mesmos. A maioria dos moradores utiliza os recursos disponíveis em seus quintais para incremento da dieta DOLPHQWDUIDPLOLDUREWHQomRGH³UHPpGLRV´SDUDGHL[DUDFDVDPDLV bonita e protegida, além de sombrear áreas para que os moradores possam se reunir e receber visitas. Entretanto, há uma preocupação com o destino do conhecimento
tradicional
da
Comunidade
estudada,
pois
atualmente os moradores estão se afastando da mesma, procurando espaços na área urbana de Cuiabá, principalmente. É muito comum observar que na Comunidade há residentes temporários, os quais a freqüentam nos finais de semana e/ou nos feriados. Contudo, o conhecimento tradicional na Comunidade ainda é muito aparente. Lugares como o rio, o cerrado, a mata de galeria e os quintais ainda são recorrentes entre os moradores que participaram desta pesquisa. Dessa forma, mesmo a Comunidade de Passagem da Conceição, tradicionalmente instalada às margens do rio Cuiabá,
ϭϬϱ
ter uma forte influência das áreas urbanas de Várzea Grande e Cuiabá, o conhecimento tradicional se manifesta, aliando-se a conhecimentos outros oriundos da modernidade. Esperamos que a Comunidade, levando em consideração os aspectos apontados, continue com seu ritmo ribeirinho de ser, cuja adaptação se processou ao longo de um tempo e da ocupação de um espaço ao sabor das águas do rio Cuiabá. Que a Comunidade de Passagem da Conceição se adapte aos novos acontecimentos oriundos desta modernidade sem necessariamente perder sua ligação histórico-cultural perpassada ao longo das gerações. Em uma conectividade que a movimenta e impulsiona.
Uma
Comunidade
mantenedora
adquiridos na prática cotidiana das suas atividades.
dos
saberes
ϭϬϲ
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