Rádio para surdos? Notas de um relatório europeu sobre possibilidades tecnológicas para tornar o discurso radiofónico mais visual e legível

June 15, 2017 | Autor: Fábio Ribeiro | Categoria: Deaf studies, Media Education, Radio, Social Inclusion, Education of the Deaf and hard of Hearing
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Rádio para surdos? Notas de um relatório europeu sobre possibilidades tecnológicas para tornar o discurso radiofónico mais visual e legível

Fábio Ribeiro Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) Universidade do Minho

Rádio para surdos um estudo exploratório

Questões exploradas

Metodologia

• Que experiências existem de inclusão dos surdos na rádio?

• Observação das práticas do serviço público português e britânico: RDP e BBC

• Como é que o serviço público de rádio inclui cidadãos com necessidades especiais?

• Entrevista a responsáveis pela dinamização de atividades em comunidades com surdos

• Que recomendações podem ser sugeridas?

• Como é que os jornalistas veem uma possível integração dos surdos? • Que lugar têm os surdos para a rádio?

• Inquérito por questionário a alunos de Ciências da Comunicação

Para quê uma rádio para surdos? Surdos, a contínua exclusão? A inacessibilidade dos surdos à rádio parece um dos factos mais básicos da vida humana. Pouca discussão tem sido promovida para sugerir a integração deste público no universo sonoro.

Terreno pouco explorado A primeira emissão de rádio traduzida para Língua Gestual Portuguesa - TSF (2005): 14 horas transmissão, incluindo noticiários, o “Fórum TSF” e um relato de futebol (cf. Diário de Notícias, 06-04-2005).

Referencial EpM (2014) Uma questão física e social Reino Unido: 8 milhões de pessoas com dificuldades auditivas. 700 mil são surdos. Portugal: 150 mil pessoas com surdez profunda ou severa. Os números podem aumentar a partir dos 60 anos

torna-se necessário olhar e compreender o ecossistema informativo e mediático também a partir dos grupos sociais desfavorecidos, das periferias e áreas de pobreza e das zonas em que o acesso aos media e às redes se torna mais difícil. (p. 9)

Viver e trabalhar com surdos

Ken Carter | Fundador da Deafax e Decibels

Karen Goulding | Learning Hub, Universidade de Reading

A qualidade da gravação, a correta pronúncia e dicção das palavras, ajuda muito na compreensão auditiva.

Quando perguntei à minha mãe – que sofre de surdez profunda – se gostaria de aceder à informação transmitida pelos microfones da rádio, ela reagiu bastante incrédula à minha pergunta. Ela disse que nunca pensou que isso lhe poderia ser possível.

A integração dos surdos na rádio: 1) a população envelhece até mais tarde; 2) a partir dos 60 anos a perda de audição é factual; 3) Uso crescente de headphones; 4) diluir possíveis decréscimos nas audiências.

AVERIL – Academy for Virtual Education Research & Inclusive Learning

A perspetiva dos jornalistas

Inquérito online: 5 respostas de jornalistas

Entrevista: John Baish, editor-assistente BBC Berkshire

Iniciativas de inclusão dos surdos? Emissão especial da Antena 1 no Dia da Linguagem Gestual, a 15 de novembro de 2013; 'Portugal em Directo’ - tradução simultânea;

Programas mais regulares sobre surdos: Ultrapassar barreiras e viver em comunidade; Reportagens na Mary Hare School for the deaf, em West Berkshire.

Antena 1 perante a inclusão dos surdos? “alguma preocupação” [maioria das respostas]

A rádio tem feito esforços consideráveis para promover a inclusão de pessoas com limitações físicas. Como todos os desafios colocados às minorias, os produtores devem estar atentos às experiências inspiradoras, de sucessos pessoais, para que depois as possam pôr no ar.

Necessidade destas políticas? necessária (3), interessante (1) e surpreendente (1). “É absolutamente necessária a integração dos surdos nestes contexto digital. Não estou certo de quais as iniciativas que poderiam ser implementadas, no entanto gostaria que isto se tornasse numa prioridade para a sociedade civil e para os média. Talvez a existência de mais intérpretes em formatos jornalísticos pudesse ajudar”.

A perspetiva de alunos: representações sociais sobre rádio e surdos

AMOSTRA Nº: 38 estudantes da Licenciatura em Ciências da Comunicação (Universidade do Minho) Data de implementação: fevereiro de 2014 Média de idades: 21 anos Conhecimento de iniciativas inclusivas: 7 em 38 Exemplos mais citados: ‘Linguagem gestual’ e ‘descrição áudio’ foram os exemplos mais citados.

Postura pessoal perante políticas de integração de públicos com necessidades especiais Permanentemente preocupado

1

Muito preocupado

12

Moderadamente preocupado

23

Nem muito, nem pouco preocupado

0

Pouco preocupado

2

A perspetiva de alunos: representações sociais sobre rádio e surdos

Como qualificar a ideia de uma rádio para surdos? Surpreendente

12

Impossível de concretizar

1

Necessário

1

Nunca pensei nisso até agora

10

Não sei o que pensar

12

Estratégias a implementar? (30/38) Tradução simultânea no online

7

Adotar estratégias online: vídeos, infografias, apps, experiências sensoriais, etc.

7

Criação de webrádios

5

Necessito de mais pesquisa sobre o assunto

3

Abrir as portas da rádio para os alunos

3

Utilizar as redes sociais como complemento dos programas

1

Transcrever os conteúdos da emissão para o site

1

Boas práticas e soluções tecnológicas My web my way home

Boas práticas e soluções tecnológicas Acessibilidades

Boas práticas e soluções tecnológicas Deafradio Project Nova Zelândia

A nossa frequência é a inovação, a criatividade a nossa pulsação, a linguagem gestual o nosso coração. • Propriedade da empresa Diversityworks Trust; www.deafradio.co.nz www.facebook.com/deafradioHQ @deafradioHQ

• arquivo online sobre a história da comunidade surda no país; • Utilização da plataforma Seeflow, um serviço de tradução simultânea online, apenas disponível em Linguagem Gestual inglesa e neozelandesa; • promotores acreditam que através deste site os surdos reforçam a sua independência.

Boas práticas e soluções tecnológicas Sign Language Ring Red Hot / Universidade da Ásia – Tóquio (Japão) Dispositivo em forma de bracelete, com anéis. Quando usados, os anéis detetam os movimentos dos dedos e convertem-no em sinal legível, através de um ecrã.

http://radiomaosaconversa.uphero.com

Projeto jornalístico destinado à comunidade surda desenvolvido na Escola Superior de Portalegre; Todos os conteúdos disponíveis são traduzidos para Língua Gestual Portuguesa; Conteúdos sobre a atualidade e com rubricas típicas da rádio clássica: Curiosidades, Concursos.

Recomendações

Redes sociais como ambientes propícios à integração • Espaços abertos online, de relativa simplicidade de manuseamento, criação de conteúdos, dinamização de agendas comuns de interesses, partilha de gostos e inteligência coletiva (Verdegem, 2011); • Fórmulas económicas de contato com o público – auscultação popular; • Retroalimentação do discurso mediático.

Envolver a comunidade surda no processo de criação radiofónica • Promover mais conteúdos sobre a realidade da comunidade surda; • Criar fórmulas de tradução simultânea do conteúdo emitido no éter; • Visitas aos espaços das rádios – desconstruir a ideia de um mundo inevitavelmente apartado dos surdos; • Recurso ao vídeo como captação de audiências.

Recomendações

À sociedade civil e ativistas sociais • Criação de softwares ou apps de tradução automática de voz para texto (já existe o Skype Translator para Espanhol); • Incentivar a pesquisa sobre futuras estratégias a implementar para integrar nos média comunidades com debilidades físicas; •Alertar os estudantes e jovens para possibilidades de integração de comunidades específicas (surdos, invisuais, etc.); •Contribuir para um debate alargado sobre a utilização das tecnologias para a inclusão.

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